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Língua, Linguagem, Gramáticas e Variação Linguística Titio Betinho Língua e Linguagem O que é maior? A Língua ou a Linguagem Pois é. A Linguagem não é maior que a Língua apenas em número de letras não, hein? A Linguagem é um conjunto de dispositivos que permite a comunicação. A Língua é apenas um desses mecanismos. Língua é a representação formal da linguagem, são as palavras, os vocábulos, as letras. Perceba que há outras maneiras de se estabelecer uma comunicação senão por palavras: gestos, olhares, toques... Daqui até o fim deste ano, estudaremos a Língua Portuguesa, mas não basta conhecer a língua sem conhecer o que a faz acontecer, não é? As Gramáticas A Gramática não é uma só?! É claro que não. A Gramática não é única em lugar algum - a não ser na “terra dos robôs”. Há, sim, várias gramáticas, mas explicitamos aqui as duas mais relevantes: a normativa e a internalizada. A Gramática Normativa é um conjunto de regras pré-estabelecidas, criadas a fim de sustentar a língua. Imagine só se não houvesse regras? A nossa língua ficaria tão bagunçada, que se poderia dividir em várias. Já pensou? As regras não são apenas regras, elas também sustentam a língua. A Gramática Internalizada é uma construção sociocultural. Cada falante da língua possui sua “gramática interna”, com regras e construções próprias. Vamos lá: suponha que você usa a gíria “pode pá”. Ela é considerada pela norma? Não, né? Mas, é errado usá-la? O que não é Gramática? Cuidado! Você agora sabe que há regras que cada falante cria à medida que constrói seu vocábulo por intermédio da comunicação, da socialização, da leitura e doutros dispositivos afins. Isso não significa que qualquer besteira que você diga é gramatical, certo? Há, sim, estruturas gramaticais e agramaticais. Perceba: dizer “me dá sua mão” é inadequado de acordo com a norma culta (o adequado seria “dê-me sua mão” ou “dá-me tua mão”), mas não de acordo com a Gramática Internalizada. Afinal, se você entendeu, é porque a comunicação foi estabelecida. Mas, e se eu dissesse “*mão dê sua me”, faria sentido? Certamente que não. Essa estrutura rompe com as regras estruturais da Gramática, tornando-a uma sentença agramatical, ou seja, completamente inadequada. Variação Linguística Variação diacrônica “Vossa mercê” “Vosmicê” “Você” “Cê” Lei do mínimo esforço. Variação diatópica “mais” (/m’ays/, /m’ayʃ/) “porta” (/p’ortə/, /p’oRtə/) Variação diastrática [Engenharia]: “Os cálculos apontam que o cálculo da derivada espacial da curva do edifício no sentido dy resultam 32.5, o que supera o esperado pela resistência do material utilizado.” [Pessoas normais]: “Eu acho que vai desabar.” Variação diafásica [Em frente ao juiz]: “Requeiro-lhe, Vossa Excelência, que meu caso seja reavaliado.” [Em frente aos colegas]: “E aí, pô. Cêis foro onde?” Variação diamésica [Fala - pressupõe-se linguagem espontânea]: “Eles foram assaltados no lugar que eu tava” [Escrita formal - pressupõe-se linguagem cuidada]: “Eles foram assaltados no lugar em que eu estava”
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