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METODOLOGIA CIENTIFICA

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METODOLOGIA 
CIENTÍFICA
Gisele Lozada 
Leitura, interpretação e 
análise de textos científicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar as características e propriedades de textos científicos.
  Reconhecer os principais elementos para interpretar textos científicos.
  Desenvolver leitura de textos científicos.
Introdução
Todo texto possui um propósito central, que é a transmissão de uma 
mensagem. Tal transmissão corresponde a uma interação entre dois 
personagens centrais, o autor e o leitor. Contudo, existem diversos tipos 
de texto, cada um com características e propriedades particulares. Um 
desses tipos é o texto científico.
Neste capítulo, você vai estudar as características e propriedades dos 
textos científicos. Além disso, vai verificar os impactos dessas particulari-
dades sobre a leitura e a interpretação de textos científicos. Por fim, você 
vai conhecer os elementos principais desses textos e ver como realizar 
uma leitura adequada.
Características e propriedades 
de textos científicos
Um texto científi co é uma produção textual que possui características únicas 
que a distinguem das demais. Uma dessas características é o fato de a produção 
ser específi ca e ter como objetivo aprofundar algum tema, abordando conceitos 
e teorias com base no conhecimento científi co e utilizando linguagem científi ca 
(que é naturalmente mais complexa). Além disso, o texto científi co é produzido 
por um pesquisador. Diferentemente de um escritor, um pesquisador não busca 
ser remunerado por sua produção. Ele deseja descobrir novos conhecimentos, 
almejando que suas descobertas sejam reconhecidas, estudadas e citadas por 
outros pesquisadores.
Um texto científico sobre o aquecimento global aborda esse fenômeno de uma forma 
científica, apresentando dados e conceitos bem definidos, podendo revelar dados 
concretos de pesquisas científicas. Tal texto serve como base para se chegar a alguma 
conclusão sobre o tema em questão.
Outra característica relevante é que o texto científico possui compromisso 
com a veracidade dos fatos que relata. Ele também possui uma linguagem 
neutra, sóbria, sem vieses ou direcionamentos que não estejam solidamente 
respaldados na argumentação ou que não decorram logicamente dos fatos 
observados. Assim, a produção de um texto científico requer alguns cuidados. 
Há, por exemplo, a necessidade de se realizar uma pesquisa consequente, com 
seriedade e dedicação, e a recomendação de que o texto científico seja escrito 
em linguagem científica. Assim, ele é capaz de oferecer um avanço, solida-
mente construído, no conhecimento à disposição da humanidade (KOLLER; 
COUTO; HOHENDORFF, 2014).
Existem diversos tipos de textos científicos. Por isso, a escrita científica 
pode ser lida em diferentes formatos, como resumos, capítulos de livros, livros, 
projetos e painéis, ou ainda resumos expandidos, folhetos, relatórios, cartilhas, 
boletins técnicos, circulares técnicas e tantos outros. Contudo, entre todos 
esses formatos, um se destaca: o artigo científico. Isso pode ser justificado 
pelo fato de que o artigo científico (completo) garante uma maior pontuação 
em concursos e é importante para a ascensão profissional em ambientes como 
universidades e institutos de pesquisa, o que o torna uma peça fundamental 
no currículo de todo cientista (AQUINO, 2010).
Artigos científicos podem ser definidos como “[...] pequenos estudos, porém 
completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não 
se constituem em matéria de um livro [...]” (MARCONI; LAKATOS, 2017a, 
p. 286). Você também deve notar que um artigo científico pode fazer apenas 
dois tipos de afirmativas: as que se sustentam na pesquisa desenvolvida pelos 
autores e as que são embasadas por referências a fontes com validade científica, 
Leitura, interpretação e análise de textos científicos2
devidamente fundamentadas. Isso leva a dois importantes aspectos no contexto da 
pesquisa: a qualidade e a pertinência de suas referências. A qualidade diz respeito 
à validade científica de uma referência, que está diretamente relacionada à sua 
capacidade de atender aos critérios de confiabilidade, atualidade, acessibilidade 
e perenidade. Já a pertinência de uma referência está relacionada à recomen-
dação de que o autor do texto faça uso adequado das referências, sem incorrer 
em excessos ou faltas, buscando (KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014):
  invocar uma parte substancial das ideias, propostas e argumentos do 
trabalho de outros pesquisadores para incorporá-las em seu próprio 
trabalho ou para refutá-las circunstancialmente;
  espelhar diretamente o pensamento dos pesquisadores referenciados, 
citando sempre as pesquisas originais;
  problematizar, reescrever, parafrasear, endossar ou refutar, ou seja, 
discutir com o trabalho referenciado.
Um texto científico tem como foco principal o próprio conhecimento. Por 
esse motivo, ele deve apresentar uma série de elementos, como você pode ver 
a seguir (KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014).
  Inovações científicas: modelos novos que permitem controlar processos 
ainda não dominados, ou que sejam superiores em qualidade aos já 
conhecidos para um processo específico.
  Inovações tecnológicas: emprego inédito e bem-sucedido para um 
modelo existente (como descobrir que um medicamento desenvolvido 
para dada patologia é também eficaz para outra).
  Aperfeiçoamentos científicos e tecnológicos: melhoria da qualidade 
com que as condições finais do modelo representam a situação final 
do universo, ou criação de modelo tecnologicamente mais eficaz para 
a solução de determinado problema.
Além de possuir características e propriedades específicas, os textos cien-
tíficos naturalmente demandam alguns cuidados e o atendimento a recomen-
dações. Só assim a sua leitura pode ser feita adequadamente, o que permite 
que a mensagem do autor chegue ao leitor da forma pretendida. A seguir, você 
vai aprender mais a respeito disso.
3Leitura, interpretação e análise de textos científicos
Um texto científico possui linguagem científica, que é neutra e sóbria. Além disso, ele 
tem compromisso com a veracidade do que relata, o que exige sólido respaldo na 
argumentação e/ou nos fatos observados.
Interpretação de textos científicos
Um texto pode ser defi nido como um conjunto articulado de frases que possui 
a intenção de transmitir uma mensagem por meio da conexão entre seus 
elementos constituintes. Além disso, um texto implica sujeitos — o autor e o 
leitor — que buscam construir um sentido, envolvendo objetivos e conheci-
mentos com propósito interacional. Assim, você deve ter em mente que existem 
propósitos partindo de ambos os sujeitos. Tais propósitos são complementares 
e conectam o autor e o leitor, cada um em seu papel.
A partir da intencionalidade do autor na escrita, é estabelecido um processo 
que, embora inclua o conjunto de propriedades do texto, possui como centro 
focal a textualidade. Isso permite ao texto ser mais do que um simples aglome-
rado de frases (MARCONI; LAKATOS, 2017a). Assim, alguns aspectos são 
fundamentais ao texto, correspondendo aos seus elementos de textualidade. 
São eles: coesão, coerência, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade 
e intertextualidade.
A seguir, você pode ver os principais elementos dos textos científicos. Esses 
elementos são fundamentais para a interpretação de tais textos.
  Intencionalidade: é o empenho do autor em construir um texto coe-
rente, coeso e que atinja o objetivo que ele tem em mente, permitindo 
a transmissão do que pretende comunicar.
  Coerência: é a capacidade do texto de fazer sentido para que seja 
adequadamente interpretado. Isso envolve tanto o autor como o leitor: 
a mensagem pretendida pelo autor é recebida pelo leitor, que, por sua 
vez, utiliza seus conhecimentos para atribuir sentido ao texto.
  Coesão: engloba os recursos da língua utilizados para a construção do texto. 
Tais recursossão os mecanismos gramaticais e lexicais (como concordância, 
tempos e modos verbais, conjunções, artigos e outros). Eles precisam ser 
utilizados de forma correta para expressar tanto relações dentro de uma 
frase quanto relações entre frases e sequências de frases dentro do texto.
Leitura, interpretação e análise de textos científicos4
  Aceitabilidade: é a expectativa do leitor de que o texto tenha coerência 
e coesão, além de ser útil e relevante. Se o texto possuir tais aspectos, 
será melhor aceito pelo leitor, que terá mais interesse na leitura.
  Informatividade: corresponde à capacidade do texto de ter o que 
dizer e de fazer sentido, permitindo que o autor entregue informação 
ao leitor. Ou seja, consiste no grau de expectativa e de conhecimentos 
oferecido por meio do texto, o que inclui novidade e imprevisibilidade. 
Quanto mais informatividade tiver o texto, maior será a aceitação dele 
por parte do leitor.
  Situacionalidade: consiste na capacidade de o texto ser pertinente e 
relevante no contexto em que autor e leitor estão inseridos, permitindo 
adequação à situação sociocomunicativa.
  Intertextualidade: ocorre quando um texto é construído por meio de 
elementos contidos em outros textos. Você deve considerar que um texto 
sempre remete a outros textos. Assim, ele carrega vestígios de textos 
preexistentes, o que pode ser evidenciado por aspectos como citações 
e comentários, entre outros recursos de mesmo propósito.
Nesse contexto, a leitura é o ato de trazer experiência para o texto lido. 
Por meio dela, as palavras adquirem um significado que vai além do que está 
escrito e passam a integrar a experiência do leitor. Isso faz com que a leitura 
extrapole o conhecimento linguístico, envolvendo também aspectos como 
inferência, percepção e conhecimento de mundo. A ideia é que o leitor possa 
não somente ler, mas também analisar e interpretar o que lê.
Aqui, você deve considerar o que Marconi e Lakatos (2017a) alertam: análise 
e interpretação de textos são coisas diferentes, mas que se complementam. A 
análise foca nas partes que compõem o texto. Por sua vez, a interpretação busca 
a mensagem pretendida pelo autor. Então, ao realizar a leitura de um texto 
científico, você deve se preocupar tanto em analisá-lo quanto em interpretá-lo, 
compreendendo em que consistem essas atividades e como são realizadas.
Para interpretar adequadamente um texto, você precisa primeiro realizar 
uma análise do material. Tal análise é realizada em três partes, cada uma fo-
cando em um aspecto do texto, que são os elementos, as relações e a estrutura, 
conforme detalhado a seguir (MARCONI; LAKATOS, 2017a).
  Análise dos elementos: consiste no levantamento dos elementos básicos 
que compõem um texto, visando à sua compreensão. Tais elementos 
podem aparecer de modo explícito, sendo facilmente identificáveis, 
ou de modo implícito, exigindo mais esforço. Tal esforço pode incluir, 
5Leitura, interpretação e análise de textos científicos
por exemplo, uma leitura continuada, uma análise mais profunda, uma 
reflexão e até mesmo pesquisas em outras fontes para melhor entender 
a mensagem do autor.
  Análise das relações: visa a encontrar as principais relações e estabelecer 
conexões entre os diferentes elementos constitutivos do texto. Uma análise 
mais completa exige não só a evidência das partes principais do texto, 
mas também a indicação de quais delas se relacionam com o tema ou a 
hipótese central. Assim, é possível verificar se há ou não coerência entre os 
elementos, entre as diferentes partes do texto e entre elas e a ideia central.
  Análise da estrutura: busca verificar as partes de um todo, eviden-
ciando as relações existentes entre elas. É um tipo de análise mais 
complexa do que as anteriores.
Marconi e Lakatos (2017a) ainda comentam que a análise de um texto con-
siste no processo de conhecimento de determinada realidade, o que demanda 
a decomposição de um todo em partes, permitindo o exame sistemático dos 
elementos. Isso possibilita efetuar um estudo mais completo e encontrar o 
elemento-chave do autor. Além disso, permite determinar as relações existentes 
entre as partes e compreender a maneira como estão organizadas, bem como 
estruturar as ideias de modo hierárquico.
Ou seja, é a análise que permite observar os componentes de um conjunto, 
perceber suas possíveis relações e então passar de uma ideia-chave para um 
conjunto de ideias mais específicas, depois à generalização e, por fim, à crítica. 
Você pode considerar que a análise é composta por três fases. Veja a seguir.
  Decomposição: análise dos elementos essenciais e sua classificação, 
verificando componentes de um conjunto e suas possíveis relações, 
permitindo passar de uma ideia-chave geral para um conjunto de ideias 
mais precisas.
  Generalização: permite formular afirmações aplicáveis ao conjunto. 
Para isso, parte de traços comuns dos elementos constitutivos e utiliza 
associação, semelhança e analogia. Também evidencia novas questões, 
partindo do caráter geral e fragmentando-o em partes mais simples e 
concretas, que se transformam em novos aspectos gerais (que podem 
novamente ser fragmentados).
  Análise crítica: utiliza instrumental e processos sistemáticos e con-
troláveis. Demanda objetividade, explicação e justificativa para que se 
possa chegar à validade do trabalho.
Leitura, interpretação e análise de textos científicos6
Agora que você conhece as características de um texto científico, bem como 
os principais elementos necessários para a sua interpretação, pode avançar para 
a próxima etapa. Nela, você vai aprender sobre a leitura de textos científicos. 
A ideia é que você realize tal leitura da forma mais apropriada.
Leitura de textos científicos
Ler signifi ca conhecer, interpretar, decifrar. É por meio da leitura que a maior 
parte dos conhecimentos é obtida, possibilitando a ampliação e o aprofundamento 
do saber em determinado campo cultural ou científi co. Isso faz da leitura um dos 
fatores mais decisivos para o estudo. Ela é imprescindível em todos os tipos de 
investigação científi ca, permitindo a obtenção de informações básicas e específi cas.
Por meio da leitura, é possível obter informações de forma otimizada (sem 
a necessidade de um trabalho de campo ou experimental) e ainda aumentar o 
vocabulário, o que retroalimenta o saber, pois permite compreender melhor 
o conteúdo de outras obras e ampliar cada vez mais o conhecimento (MAR-
CONI; LAKATOS, 2017a). Desse modo, a leitura é o alicerce de todas as 
modalidades de produção científica, o que faz da leitura de textos científicos 
algo tão relevante. Afinal, a ciência disponível nesse tipo de material é de 
extrema valia, promovendo conhecimento e inovação, que, por sua vez, trazem 
inúmeros benefícios à humanidade (AQUINO, 2010).
A leitura varia de acordo com o leitor, que realiza a leitura com finalidades 
e propósitos particulares, além de possuir velocidade de leitura própria. O 
importante é que a leitura seja realizada de maneira que proporcione ao leitor a 
capacidade de entender, avaliar, discutir e aplicar o que lê (MARCONI; LAKA-
TOS, 2017a). Além disso, como existem diferentes tipos de textos, a leitura 
precisa ser conduzida de maneiras distintas de acordo com o tipo de material lido 
(AQUINO, 2010). Isso, logicamente, acontece em relação aos textos científicos: 
assim como a sua escrita demanda cuidados, a sua leitura igualmente os requer.
Como textos científicos são específicos, tendo como objetivo aprofundar 
algum tema, eles requerem muita atenção na leitura, pois apresentam linguagem 
complexa relativa a conceitos e teorias. Além disso, materiais como textos cien-
tíficos correspondem ao resultado de trabalhos de pesquisa que muitas vezes 
duram anos, ainda que a sua leitura seja realizada em minutos ou horas. Tal 
leitura muitas vezes é feita por outros pesquisadores, que buscam naquele texto 
resultante de uma pesquisa a base para a elaboração do seu próprio trabalho. 
7Leitura, interpretaçãoe análise de textos científicos
Ou seja, ainda que um texto seja o resultado ou o fim de um trabalho, pode ao 
mesmo tempo ser o início de outro. Isso possibilita um processo contínuo, por 
meio do qual são estabelecidas novas visões, pesquisas, conhecimentos, etc.
Antes de aprender a escrever textos científicos, você precisa aprender a lê-los de forma 
adequada. Como você pode imaginar, isso é fundamental para o trabalho de pesquisa 
que precede a elaboração de um texto.
Quem pode ler textos científicos?
Muitas pessoas pensam que a leitura de textos científi cos é realizada apenas por 
pesquisadores e cientistas. Essa é, inclusive, a compreensão de alguns autores e 
pensadores da ciência ao considerar que “[...] o texto científi co, em seu conceito 
mais estrito, é escrito por e para pesquisadores de uma área ou subárea, e [que] 
compreendê-lo exige muito esforço por parte de alguém que não trabalhe no 
tema específi co [...]” (KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014, p. 27).
Contudo, hoje, a leitura dos textos científicos não está limitada a esses 
agentes da ciência: qualquer pessoa pode ler esse tipo de material. Mesmo 
aqueles que não estão diretamente envolvidos no meio acadêmico ou de pes-
quisa podem (e devem) ler textos científicos. Afinal, os textos científicos 
abordam tantos temas e enfoques, tratando inclusive de assuntos cotidianos, 
que podem ser facilmente compreendidos por todos. Esta, inclusive, é uma 
preocupação que tem sido cada vez mais considerada na produção de textos 
científicos: o desenvolvimento de pesquisas mais populares, que reúnam 
informações importantes para a sociedade.
A ideia é despertar maior interesse das pessoas por esse tipo de leitura, 
tornando os textos científicos cada vez mais acessados, lidos e compreendidos. 
Isso, de certa forma, promove um ciclo virtuoso de geração de conhecimento, 
que qualifica as pessoas, a sociedade e o mundo, tornando-o um lugar cada vez 
melhor. Essa evolução do interesse e do acesso aos textos científicos pode ser 
percebida também historicamente: tempos atrás, a pesquisa era uma atividade 
exclusiva de doutores, depois passou a ser desenvolvida pelos mestres, segui-
dos por especialistas e graduados. Atualmente, a pesquisa é uma realidade 
já cotidiana até mesmo para estudantes do ensino médio (AQUINO, 2010).
Leitura, interpretação e análise de textos científicos8
Por que ler textos científicos?
A constatação que você acabou de ver já é em si uma boa justifi cativa para 
tal questionamento. Afi nal, o texto científi co é um material muito útil a quem 
deseja fazer pesquisa. Um pesquisador ou cientista certamente vai ler muitos 
textos, como monografi as ou outro tipo de texto científi co, até produzir o seu 
próprio trabalho. Além disso, a própria leitura de textos científi cos demanda 
algum conhecimento teórico sobre o que é abordado no texto a ser lido. Isso 
requer leituras prévias sobre o assunto, ou seja, leituras de textos em que o 
pesquisador busca informações sobre o tema em questão. Isso faz da pesquisa 
uma empreitada para a construção do conhecimento. Nessa jornada, a pro-
dução do texto científi co é uma das últimas etapas. Além disso, nela o desejo 
de pesquisar e escrever pode ser considerado o motivo da leitura de textos 
científi cos (KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014).
Além dessa motivação, existem ainda outros aspectos que podem ser des-
tacados como razões da leitura de textos científicos. De acordo com Aquino 
(2010), a leitura de textos científicos:
  apresenta os acontecimentos do mundo científico no momento em que 
o texto foi elaborado;
  permite acesso a referências e dados apresentados para uso do leitor;
  permite que a pesquisa publicada por meio do texto científico seja replicada, 
ou seja, você pode repetir o que está descrito no texto em outro contexto;
  propicia que resultados e discussões sirvam de fundamento para o leitor 
tirar suas próprias conclusões;
  permite ao leitor uma considerável economia de tempo, visto que alguns 
trabalhos levam anos para serem concluídos e publicados e que o leitor, 
em poucos minutos, pode ter acesso a toda informação gerada;
  oferece ao leitor um ganho de vocabulário específico de sua área de 
conhecimento;
  traz mais segurança para o convívio do leitor no mundo da ciência.
Bell (2008) menciona possíveis problemas que um leitor pode encontrar 
ao ler um texto científico. Um desses problemas é a terminologia especí-
fica. Às vezes, os pesquisadores utilizam termos e/ou jargões que podem ser 
provenientes do trabalho de campo, em que é desenvolvida uma linguagem 
especializada para facilitar a comunicação entre os profissionais. Contudo, 
tal linguagem pode não ser facilmente compreendida por outras pessoas. Para 
driblar essa dificuldade, o leitor deve buscar outros materiais que lhe permitam 
9Leitura, interpretação e análise de textos científicos
compreender aquilo que porventura não tenha entendido na leitura anterior. 
Isso acaba aumentando o seu conhecimento a respeito da bibliografia — ou 
seja, um problema se transforma em uma oportunidade.
Onde encontrar textos científicos?
De nada adianta você estar motivado para ler um texto sobre determinado 
assunto se não consegue encontrá-lo. Então, é preciso que você também esteja 
preparado para buscar textos científi cos. Hoje em dia, a informação está dis-
ponível nos mais variados meios. Porém, quando se fala em textos científi cos, 
é preciso ter cuidado com a busca: tais textos são relativamente fáceis de 
serem encontrados, desde que você saiba onde procurar. A seguir, veja alguns 
exemplos de espaços e plataformas que disponibilizam textos científi cos 
(AQUINO, 2010; KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014).
  Biblioteca: é um dos melhores locais nas instituições de ensino ou de 
pesquisa para se iniciar a busca por textos para leitura. Os profissionais 
que trabalham nas bibliotecas podem ser boas fontes de indicação.
  Internet: o acesso a textos científicos pela internet é quase ilimitado, 
visto que as possibilidades de encontrar textos completos são imensas.
  Portal de periódicos da CAPES: a Coordenação de Aperfeiçoamento 
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) possui um portal de informação 
científica muito interessante.
  Outras revistas eletrônicas: existem várias revistas eletrônicas dis-
poníveis na internet, como a SCIELO (Scientific Library Online), que 
é uma grande biblioteca eletrônica de fácil acesso. Ela disponibiliza 
uma coleção selecionada de periódicos científicos.
Você deve buscar textos científicos em fontes de informação confiáveis. O portal de 
periódicos da CAPES é uma delas. Você pode acessá-lo por meio do link a seguir.
https://goo.gl/86CQQ
Leitura, interpretação e análise de textos científicos10
Como ler textos científicos?
Para começar, é importante que você tenha em mente que ler um texto científi co 
é diferente de ler um texto literário (como um romance). No texto literário, 
que muitas vezes conta uma história, você precisa ler todas as partes na ordem 
em que elas se apresentam, ou corre o risco de “perder o fi o da meada”. Já no 
texto científi co, você pode ler apenas uma parte, focando naquela que mais lhe 
interessa, identifi cando facilmente a seção necessária, já que o texto possui 
uma estrutura que permite essa localização. Assim, você pode ler o que e 
como quiser. Contudo, para tirar o melhor proveito do conteúdo disponível 
no texto científi co, alguns cuidados podem fazer toda a diferença, como você 
pode ver a seguir (AQUINO, 2010).
  Esteja disponível para a leitura, encontrando e aproveitando bem o seu 
tempo e a sua disponibilidade.
  Procure um local propício à leitura, onde você se sinta confortável e 
onde a sua compreensão sobre o texto possa ser facilitada.
  Esteja equipado para grifar partes importantes e fazer anotações. Ao ler 
o texto, muitas ideias podem surgir (canetas marca-texto e um bloquinho 
de anotações são ferramentas muito úteis).
Segundo Marconi e Lakatos (2017a), existem diferentesformas e objetivos 
de leitura. Considere, por exemplo, a leitura de estudo ou informativa, que se 
ocupa da absorção do conteúdo e de seu significado. Tal leitura compreende 
os atos de ler, reler, utilizar o dicionário, marcar ou sublinhar palavras ou 
frases-chave e fazer resumos. Esse tipo de leitura visa a coleta de informações 
para determinado propósito. Ela possui entre seus objetivos:
  verificar o conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os 
dados que apresenta e as informações que oferece;
  correlacionar os dados coletados com o problema em pauta a partir das 
informações do autor;
  verificar a validade das informações.
Além disso, a leitura informativa engloba várias fases ou etapas. A seguir, 
veja como tais fases podem ser sintetizadas (MARCONI; LAKATOS, 2017a).
11Leitura, interpretação e análise de textos científicos
  De reconhecimento ou prévia: leitura rápida, com a intenção de pro-
curar um assunto de interesse, ou verificar a existência de determinadas 
informações. Isso pode ser feito por meio da leitura do sumário, dos 
títulos dos capítulos e de suas subdivisões (seções).
  Exploratória ou pré-leitura: leitura de sondagem, com a intenção de 
localizar determinadas informações quando já se tem conhecimento 
de sua existência. Pode ser feita por meio do exame da página de rosto, 
da introdução, do prefácio, das referências, das notas de rodapé, das 
orelhas e da contracapa.
  Seletiva: leitura que busca selecionar informações relacionadas com o 
problema que se deseja resolver, eliminando o supérfluo e concentrando 
a atenção nas informações pertinentes ao problema de pesquisa. Cor-
responde ao último passo de localização de material para apreciação e 
o primeiro da leitura mais atenta e profunda.
  Reflexiva: leitura mais profunda do que as anteriores, que busca re-
conhecer e avaliar informações, intenções e propósitos do autor. Pode 
ser feita por meio da identificação das frases-chave para se verificar o 
que o autor afirma e por que o faz.
  Crítica: leitura que busca avaliar as informações do autor, escolhendo 
e diferenciando ideias principais de secundárias, hierarquizando-as. O 
objetivo é obter uma visão global do texto e examinar as intenções do 
autor. Num primeiro momento, essa leitura busca entender o que o autor 
quis transmitir. Depois, com base na compreensão de suas proposições e 
do porquê delas, busca retificar ou ratificar os argumentos e conclusões.
  Interpretativa: leitura que busca relacionar as afirmações do autor com 
os problemas que se está buscando solucionar por meio da leitura de 
textos, realizando a associação de ideias e a comparação de propósitos. O 
objetivo é selecionar o que é pertinente e útil, bem como o que contribui 
para a solução dos problemas de quem efetua a leitura. Ou seja, a leitura 
interpretativa tem a função de provar, retificar ou negar, definir, delimitar 
e dividir conceitos, justificar ou desqualificar e auxiliar a interpretação 
de proposições, questões, métodos, técnicas, resultados ou conclusões.
  Explicativa: leitura que visa a verificar os fundamentos de verdade 
enfocados pelo autor.
Para que isso tudo seja possível, você deve considerar algumas recomen-
dações sobre como proceder com a leitura, com vistas à análise e à interpre-
tação do que é lido. Assim, é importante seguir os passos listados a seguir 
(MARCONI; LAKATOS, 2017a):
Leitura, interpretação e análise de textos científicos12
  proceder à leitura integral do texto com o objetivo de obter uma visão 
do todo e alcançar um sentido completo;
  reler o texto, assinalando ou anotando palavras e expressões desco-
nhecidas e utilizando um dicionário para esclarecer seus significados;
  fazer nova leitura após esclarecidas as dúvidas, visando à compreensão 
do todo;
  tornar a ler, agora procurando a ideia principal ou palavra-chave;
  localizar acontecimentos, ideias e fenômenos, comparando-os entre si, 
procurando semelhanças e diferenças existentes;
  organizar acontecimentos, ideias e fenômenos, agrupando-os com base 
em pelo menos uma semelhança importante e colocando-os em ordem 
hierárquica de importância;
  interpretar acontecimentos, ideias e fenômenos, tentando descobrir e 
compreender as conclusões a que o autor chegou;
  analisar criticamente o material como um todo, em especial as conclusões.
Perceba que caminho interessante você trilhou até aqui. Você partiu da com-
preensão das características e propriedades de textos científicos, passou pelos 
elementos para a interpretação desses textos e chegou às recomendações sobre 
como ler, analisar e interpretar um texto científico. Agora que você tem esse mapa 
à sua disposição, que tal arregaçar as mangas e trilhar novamente o caminho? Você 
poderá se surpreender ao obter uma recompensa maior do que imagina. Afinal, 
o conhecimento é algo de valor inestimável. Então, mãos à obra e bons estudos!
AQUINO, I. S. Como ler textos científicos: da graduação ao doutorado. São Paulo: Saraiva, 
2010.
BELL, J. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e 
ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
KOLLER, S. H.; COUTO, M. C. P. P.; HOHENDORFF, J. V. (org.). Manual de produção científica. 
Porto Alegre: Penso, 2014.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017a.
13Leitura, interpretação e análise de textos científicos
Leituras recomendadas
GOMES, G. K.; LIMA, C. D. V. G. Os fatores da textualidade na produção escrita: um olhar 
sobre os livros didáticos do ensino médio. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 
2., 2015, Campina Grande. Anais [...]. Campina Grande: [s. n.], 2015. Disponível em: http://
www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV045_MD1_SA15_
ID2157_26082015221022.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa, 
pesquisa bibliográfica, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de 
conclusão de curso. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017b.
Leitura, interpretação e análise de textos científicos14

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