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DIARREIA AGUDA NO ADULTO Dr. Adérson Omar Mourão Cintra Damião - CRM/SP: 39.270 • Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Grupo de Doenças Intestinais da Divisão de Gastroenterologia & Hepatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP • Membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) e do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal no Brasil (GEDIIB) DIARREIA AGUDA NA CRIANÇA Dra. Vera Lucia Sdepanian - CRM/SP: 50.807 • Professora adjunta da disciplina de Gastroenterologia Pediátrica na Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) • Vice-chefe da disciplina de Gastroenterologia Pediátrica da EPM-UNIFESP • Mestre em Pediatria pela EPM-UNIFESP • Mestre em Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição pela Universidade Internacional de Andaluzia, Espanha • Doutora em Medicina pela EPM-UNIFESP • Pós-doutorado no Departamento de Gastroenterologia Pediátrica da Universidade de Maryland, Baltimore, EUA • Orientadora do Programa de Pós-graduação em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria EPM-UNIFESP • Supervisora do Programa Residência Médica em Gastroenterologia Pediátrica EPM-UNIFESP • Presidente do Departamento de Gastroenterologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo • Presidente da Associação Paulista Pediátrica de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Adulto e infantil DIARREIA AGUDA GUIA DA A diarreia aguda é definida como uma situação abrupta de redução na consistência das fezes (ou aumento da liquidez), acompanhada pelos aumentos no volume e na frequência das evacuações, frequentemente com urgência (por vezes incontinência) e com duração menor que 14 dias1-4. Em ge- ral, consideram-se três ou mais evacuações líquidas acima do habitual para aquele determinado indivíduo em um período de 24 horas1,2. A diarreia aguda pode ser de origem infecciosa (virais, bac- terianas, parasitárias) e não infecciosa. A infecciosa frequente- mente associa-se a outros dados clínicos, como náusea, vô- mitos, dor abdominal (cólica), distensão, flatulência e febre1,2. Além disso, podem ocorrer disenteria (sangue, muco e pus nas fezes) e tenesmo, aspectos que sugerem agente invasi- vo bacteriano (ex., Salmonella, Shigella, Campylobacter, E. coli enteroinvasiva - EIEC) e gravidade da doença5-9. Já a diarreia não infecciosa pode ser causada por uso de medicamentos (ex., laxantes, antibióticos, anti-inflamatórios não hormonais etc.), intolerâncias e alergias alimentares e o início de uma do- ença crônica (ex., doença celíaca, síndrome do intestino irritá- vel, doença inflamatória intestinal)3 (Figura 1). Diarreia persistente é aquela que se prolonga por 14 a 30 dias e, se durar mais de 30 dias, a diarreia é considerada crônica1-5. A diarreia aguda causa importante impacto na saúde e na economia1-5. As infecções constituem a principal causa, acarre- tando cerca de dois milhões de mortes por ano, especialmen- te em países em desenvolvimento e em crianças com menos de cinco anos de idade1-5. Nos EUA, a estimativa anual de ca- sos de diarreia aguda infecciosa é de 48 milhões, gerando um gasto anual de 150 milhões de dólares1. No mundo são estimados um bilhão de casos anuais de diarreia aguda infec- ciosa, sendo a segunda causa de morte, só perdendo para as situações cardiovasculares5. São poucos os “guidelines” de sociedades médicas para a diarreia aguda infecciosa nos adultos, destacando-se os se- guintes: 1. Colégio Americano de Gastroenterologia (ACG), 20161; 2. Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO), 201310; 3. Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA), 200111. DIARREIA AGUDA NO ADULTO INTRODUÇÃO Dr. Adérson Omar Mourão Cintra Damião - CRM/SP: 39.270 Figura 1. Causas da diarreia aguda (adaptado da referência 3). DIARREIA AGUDA MEDICAMENTOS INTOLERÂNCIAS E ALERGIAS INÍCIO DA DOENÇA CRÔNICA INFECCIOSA NÃOINFECCIOSA PARASITÁRIAS SALMONELLA SHIGELLA CAMPYLOBACTER E. COLI VIRAIS BACTERIANAS ALGORITMO DE DIAGNÓSTICO DE DIARREIA AGUDA EM ADULTOS DIARREIA AGUDA (ATÉ 14 DIAS) HISTÓRIA: VIAGENS, ALIMENTOS, CASAS DE REPOUSO, CRECHES, MEDICAMENTOS (EX., ANTIBIÓTICOS), HOSPITALIZAÇÃO RECENTE, HÁBITOS SEXUAIS, COMORBIDADES, IMUNOSSUPRESSÃO, ESTAÇÕES, SURTOS, ETC. PROVAVELMENTE INFECCIOSA PROVAVELMENTE NÃO INFECCIOSA NÃO SIM ALTA SEM MELHORA COM MELHORA • HIDRATAÇÃO • SINTOMÁTICOS (VER TEXTO) • REAVALIAR 48/72H • HIDRATAÇÃO • ANTIBIÓTICOS SE NECESSÁRIO • IDADE, ESTADO NUTRICIONAL • FEBRE • DESIDRATAÇÃO GRAVE (FC,PA,DIURESE) • DOR ABDOMINAL INTENSA, PERITONISMO • SANGUE NAS FEZES/ DISENTERIA • TENESMO IMPORTANTE • IMUNOCOMPROMETIMENTO • SINTOMAS PERSISTEM E SE AGRAVAM >48-72H • LEUCÓCITOS FECAIS, CALPROTECTINA • COPROCULTURA (HEMOCULTURA) • PARASITOLÓGICO • TOXINAS A E B DO C. DIFFICILE • CONSIDERAR RTS IDENTIFICAR E TRATAR A CAUSA Figura 2. Sugestão de algoritmo na abordagem do paciente com diarreia aguda (adaptado da referência 3). ASPECTO DIARREIA AGUDA ‘ALTA’: INTESTINO DELGADO DIARREIA AGUDA ‘BAIXA’: INTESTINO GROSSO Agentes Viroses (Rotavírus, Norovírus, Adenovírus), E. coli (ETEC, EPEC), Salmonella, Yersinia, Giardia, Cryptosporidium, Vibrio cholerae Campylobacter, Salmonella, Shigella, Yersinia, E. coli (EIEC, EHEC), C.difficile, Entamoeba histolytica, CMV Localização da dor Mesogastro ou difusa Hipogastro, baixo ventre Volume de fezes Grande Pequeno Tipo de diarreia Alta, tipo “delgado”, aquosa, sem sangue Baixa, tipo “colônica”, disenteria (sangue, muco, pus) Leucócitos fecais Raros Comum Outros dados Febre baixa, náuseas, vômitos, desidratação (mecanismo secretor predomina); em geral casos leves, moderados e eventualmente moderados/graves) Febre alta, tenesmo, em geral casos mais graves (mecanismo invasivo predomina) Tabela 1. Aspectos clínicos da diarreia aguda de acordo com a localização intestinal (intestino delgado versus intestino grosso) – (adaptado da referência 5). * alguns agentes podem comprometer tanto o intestino delgado quanto o cólon; ETEC=enterotoxigênica; EPEC=enteropatogênica; EIEC= enteroinvasiva; EHEC= enterohemorrágica; CMV= citomegalovírus O primeiro passo na abordagem do paciente com diarreia aguda é obter uma boa história clínica (Figura 2)1-4,9. A ca- racterização da diarreia (alta x baixa) confi gura importante auxílio na tomada de decisões (Tabela 1)3,5-9. No caso da diar- reia aguda “alta” ou de intestino delgado, que corresponde à maioria dos casos, a diarreia é, em geral, aquosa, de grande volume, frequentemente acompanhada de náuseas, vômi- tos, febre baixa. Habitualmente não há sangue, muco, pus, tenesmo (disenteria) e o mecanismo secretor predomina3,5-9. Os casos costumam ser leves e moderados e autolimitados (exceção feita à cólera). Já na diarreia baixa ou tipo “colônica”, o quadro refl ete um componente invasivo (exsudativo), com disenteria (sangue, muco, pus) e tenesmo quando o reto é afetado. O paciente pode evacuar várias vezes ao dia, em pe- queno volume e, por vezes, somente sangue. Febre alta pode ocorrer. São casos classifi cados como graves e merecerão, na maioria das vezes, tratamento antibiótico1,2,5-9. Os períodos de incubação são bem variáveis, desde 1 hora (no caso de conta- minação alimentar por Staphylococcus aureus) até 10 dias (no caso do adenovírus)3,6,7. Dados como ingestão de alimento(s) suspeito(s), a presença de diarreia em outras pessoas que ingeriram o mesmo alimen- to, apontam para contaminação alimentar em que vírus (ex., Norovírus), bactérias (ex., Salmonella não tifoide, Clostridium perfringens, Campylobacter, Staphylococcus aureus, Shigella) e parasitas (ex., Giardia lamblia, Cryptosporidium) podem ser o agente etiológico1-3,5-9. No cenário da diarreia aguda infeccio- sa, na população adulta, os vírus (ex., geralmente Norovírus no adulto, Rotavírus na criança) e bactérias (ex., Escherichia coli enterotoxigênica nos viajantes) são os agentes mais co- muns1-3,5-9. A história deviagem recente, em especial para países da América Latina, África, Sul e Sudeste da Ásia, levanta a pos- sibilidade da diarreia do viajante. Estudos têm revelado que o principal agente etiológico da diarreia do viajante é a Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC). Outras cepas de E.coli (ex., enteropatogênica [EPEC], enteroinvasiva [EIEC], enteroa- gregante [EAEC], difusamente enteroaderente [DAEC], ente- rohemorrágica [EHEC]) podem provocar diarreia do viajante além de viroses (ex., Norovírus em especial) e parasitas (ex., Giardia, Cryptosporidium, Entamoeba hystolitica)1,6,7. Os agen- tes etiológicos podem variar a depender da região, como a preponderância de infecção pelo Campylobacter no sudeste da Ásia, a infecção viral na América Latina e África e as pa- rasitoses na Ásia em geral1,2,6,7. Surtos de diarreia aguda, com caráter endêmico têm sido descritos como no caso da infec- ção por E.coli O157:H7 (um tipo de EHEC), nos EUA, por con- taminação de carne de vaca (diarreia do “hamburguer”)1-3,5-7. A disseminação é rápida e fácil, uma vez que menos de 100 microrganismos conseguem provocar a doença. Há produção de uma toxina semelhante à produzida pela Shigella (toxina “Shiga-like” ou verotoxina, razão pela qual é conhecida como “Shiga Toxin-Producing E.coli [STEC] ou VTEC) responsável por complicações tais como síndrome hemolítico-urêmica (SHU) e púrpura trombocitopênica trombótica1-3,5-7. Curiosamente, os antibióticos são inefi cazes e podem inclusive precipitar a SHU, devendo ser evitados. Apenas medidas de suporte (hidratação em especial) são recomendadas1-3. Outros dados relevantes da história clínica incluem uso de medicamentos (ex., antibióticos no caso do Clostridium diffi cile, anti-infl amatórios, laxantes), hábitos sexuais e doen- ças associadas que comprometem o sistema imune (ex., HIV, doenças autoimunes, doença infl amatória intestinal, colage- noses, etc.)1-3,5. O exame físico confere as informações obtidas na história, ratifi cando a intensidade do surto agudo e o grau de compro- metimento do paciente (ex., doença mais grave, com diarreia/ disenteria profusa, desidratação, febre alta, distensão abdomi- nal [com ou sem megacólon tóxico], sinais de peritonite, etc.)3. Boa parte dos casos de diarreia aguda, como salientado aci- ma, é autolimitada e não requer investigação laboratorial, re- solvendo-se em 48-72 horas, antes dos resultados da copro- cultura1-5. No entanto, nas situações de surtos, nos casos mais graves (incapacidade de exercer suas atividades), invasivos (febre alta persistente, disenteria), nos imunocomprometidos e naqueles que não melhoram em 48-72 horas com medidas de suporte, especialmente a hidratação, é recomendável uma investigação mais profunda que pode incluir, além do hemo- grama e dosagem de eletrólitos, a pesquisa de leucócitos, cal- protectina/lactoferrina nas fezes, a coprocultura (e hemocultu- ras, se necessárias), as pesquisas de parasitas, de toxinas para o Clostridium diffi cile e, eventualmente, a retossigmoidoscopia (RTS) e os exames de imagem1-5. A RTS pode auxiliar nos casos de disenteria mais prolongada (de três a quatro dias) em que as biópsias podem contribuir para a distinção entre infecção e doença infl amatória intestinal ou colite isquêmica, identifi car pseudomembranas na colite pseudomembranosa (C. diffi cile) ou amebíase e detectar citomegalovírus (CMV) ou herpes nos imunossuprimidos; a endoscopia alta pode ajudar, por meio de biópsias e aspirado duodenal, no diagnóstico de giardíase, criptosporidiose, Cystoisospora e estrongiloidíase3. Exames de imagem (ex., raio-X simples de abdome, ultrassom, tomogra- fi a computadorizada) são raramente necessários, exceto nos casos graves com megacólon tóxico e suspeita de perfuração e/ou abscesso abdominal3,5. ABORDAGEM DO PACIENTE COM DIARREIA AGUDA HIDRATAÇÃO E CORREÇÃO HIDRELETROLÍTICA A base do tratamento da diarreia aguda infecciosa é a hidra- tação do paciente e a correção do distúrbio hidreletrolítico que pode ser leve ou grave1-3. Os casos leves e moderados consti- tuem a maior parte das situações1-5. Casos leves são defi nidos em linhas gerais como aqueles em que o quadro clínico não chega a impactar as atividades habituais do paciente. No outro extremo, os casos graves provocam total incapacidade no pa- ciente, por vezes sendo necessária a internação. Os casos mo- derados são as situações intermediárias em que há interrupção parcial das atividades1. Se possível, a hidratação deve ser feita por via oral, com água, sucos (ex., suco de maçã), água de coco, canja e sopas salgadas, “crackers” (este último para fornecimen- to adequado de sódio)1,2. Soluções orais de hidratação prontas ou formuladas (OMS: 1 litro de água fi ltrada e fervida, 2,6 g de clore- to de sódio, 2,5 g de bicarbonato de sódio ou 2,9 g de ci- trato trissódico, 1,5 g de cloreto de potássio e 13,5 g de gli- cose ou 27 g de sacarose) podem ser usadas em casos moderados3. Correção hidreletrolítica por via intravenosa está indicada nos casos em que a ingestão oral não for possível (ex., vômitos incoercíveis), em casos graves, particularmente nos idosos e crianças1-5. Antieméticos como a ondansetrona podem ser utilizados para minimizar a náusea e vômitos5. TRATAMENTO DA DIARREIA AGUDA NO ADULTO Figura 3: Mapa de suscetibilidade dos probióticos aos antibióticos (adaptado da referência 20). Antibiotic susceptibility Penicillins Cephalosporins Macrolides Fluoroqui-nolones Other Pe ni cil lin O xa cil lin Am ox io llin Am ox io llin Cl av ul an ic ac id Ce fu ro xim e Ce fp od ox im e Ce fi x im e Az ith ro m yc in Cl ar ith ro m yc in Cl in da m yc in Pr ist in am yc in Ci pr ofl o xa cin Le vo fl o xa cin Do xy cy cli ne Co tri m ox az ol e M et ro ni da zo le Lactobacillus reuteri protectis DSM17938 L. casei var rhamnosus Lcr35 Lactobacillus acidophilus LA-5 Bifi dobacterium lactis BB12/DSM 15954 Bifi dobacterium longum LA 101 Lactobacillus helveticus LA 102 Lactobacillus lactis LA 103 Streptococcus thermophilus LA 104 Lactobacillus rhamnosus LA 801 Bacillus clausii OC Unknown strain Bacillus clausii NR Unknown strain Bacillus clausii SIN Unknown strain Bacillus clausii T Unknown strain Lactobacillus paracasei Unknown strain Lactobacillus acidophilus Unknown strain Bifi dobacterium bifi dum Unknown strain L. casei var rhamnosus GG ATCC 5303/LGM 18243 Saccharomyces boulardii CNCM I-745 A diarreia aguda infecciosa constitui um sério problema de saúde pública com relevante morbimortalidade, prin- cipalmente na população pediátrica e em países em desenvolvimento. Em adultos, as viroses são responsáveis pela maior parte dos casos, ao lado das bactérias, especialmente quando consideramos a diarreia do viajante. A maior parte dos casos é leve/moderada, autolimitada, não requerendo internação. A hidratação e a correção hidreletrolítica constituem a base do tratamento. Sintomáticos (ex., antidiarreicos, antissecretores) podem ser usados para reduzir o tempo e a intensidade da diarreia. Probióticos podem reduzir o tempo e a intensidade da diarreia, com resultados positivos nas populações pediátrica e adulta. Antibióticos (ex., azitromicina, entre outros) estão indicados por profi s- sionais da saúde nos casos graves. Medidas preventivas incluem orientações de higiene e educação alimentar. Na prevenção da diarreia do viajante, probióticos foram testados em adultos com resultados iniciais encorajadores. Rifaximina pode prevenir a diarreia do viajante em casos selecionados. Referências bibliográfi cas: 1. Riddle MS, DuPont HL, Connor BA. 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Nas últimas recomen- dações publicadas (ACG, 2016)1, os autores salientam a neces- sidade de mais trabalhos nessa área para uma recomendação formal dos probióticos, todavia reconhecem seu valor na preven- ção da diarreia associada ao uso de antibióticos, em especial o Sacharomyces boulardii CNCM I-745que é resistente aos antibi- óticos habitualmente utilizados (Figura 3)1,2,19,20. Além disso, os autores ressaltam que a síndrome do intestino irritável pós-infecção (SII-PI) pode ocorrer em até 30% dos pa- cientes após a diarreia aguda infecciosa1, e que quanto mais du- radoura e grave for a infecção tanto maior será o risco da SII-PI1,2. Assim, medidas que reduzem a intensidade e a duração da diarreia aguda potencialmente poderiam diminuir essa sequela da afecção2. ANTIDIARREICOS E ANTISSECRETORES Antidiarreicos como a loperamida, que inibe a motilidade e a secreção intestinal (4 mg inicialmente via oral, seguidos de 2 mg a cada 4-6 horas se necessário, sem ultrapassar 16 mg/ dia) podem ser usados para reduzir o tempo e a magnitude da diarreia1-3. Nos casos graves podem inclusive ser utilizados, desde que o tratamento antibiótico seja feito concomitante- mente. Uma complicação desse tipo de droga é a constipação pós-tratamento em virtude da forte redução da motilidade in- testinal, o que pode ser minimizado com o uso parcimonioso da loperamida1,2. Medicamentos puramente antissecretores, como o subsalicilato de bismuto (não disponível no Brasil) e o racecadotril, podem reduzir a diarreia1,2. O racecadotril, quando comparado à loperamida, mostrou-se equivalente na melhora da diarreia, porém, gerou menos distensão abdominal, menos constipação e menos efeitos adversos1,2. ANTIBIÓTICOS O tratamento antibiótico está indicado para a minoria dos pacientes, nas circunstâncias mais graves, em geral causadas por bactérias invasivas, com disenteria1-5. Atualmente o antibió- tico de primeira linha é a azitromicina (1g via oral dose única ou 500mg/dia por 3 dias)1,2. Outros antibióticos podem ser usados, como a levofl oxacina (500 mg dose única ou 500 mg/dia por 3 dias), ciprofl oxacina (750 mg dose única ou 500 mg/dia por 3 dias), ofl oxacina (400 mg dose única ou 400 mg/dia por 3 dias), rifaximina (200 mg de 8/8 h por 3 dias)1,2. Os antibió- ticos devem ser usados com cautela, preferencialmente após isolamento do agente etiológico, para se evitar o uso indiscri- minado, a resistência antibiótica e complicações como a colite pseudomembranosa causada pelo Clostridium diffi cile1,2. MEDIDAS PREVENTIVAS As medidas preventivas incluem orientações de higiene e die- téticas, principalmente para os que viajam para regiões de alta prevalência da diarreia do viajante1. Subsalicilato de bismuto (não disponível no Brasil) pode ser utilizado pelos viajantes1,2. Probióticos como o Saccharomyces boulardii CNCM I-745 e o Lactobacillus GG foram úteis na prevenção da diarreia do via- jante, porém os autores das recomendações do ACG concluíram que mais dados são necessários antes de uma recomendação formal dos probióticos na prevenção da diarreia do viajante1. Dentre os antibióticos, somente a rifaximina foi recomendada em casos selecionados (risco alto de infecção no destino, ido- sos) e por um tempo curto (cerca de uma semana)1. EPIDEMIOLOGIA Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença diarrei- ca é a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos e é um dos mais graves problemas de saúde pú- blica global, com aproximadamente 1,7 bilhão de casos de óbi- tos, sendo 525.000 crianças menores de cinco anos de idade. Uma proporção signifi cativa dessa doença poderia ser evitada com água potável, saneamento e higiene adequados1. Desde 2006, quando a vacina oral do rotavírus humano foi inclu- ída no Programa Nacional de Imunização (PNI), uma redução nas taxas de hospitalização para diarreia aguda foi observada em vários estudos. A redução percentual média em comparação com o nível médio no período pré-vacina até o fi nal de 2011 foi de cerca de 50% crianças de até um ano de idade no região Sul do Brasil2. Para algumas localidades, uma queda de mais de 90% foi observada2. DEFINIÇÃO A diarreia aguda é defi nida como síndrome de má-absorção/ secreção, predominantemente de água e eletrólitos, de etiolo- gia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitada, com duração média de quatro a seis dias, no máximo de 14 dias, aumento no volume e/ou na frequência de evacuações com consequente crescimento das perdas de água e eletró li- tos3. Deve-se atentar que essa defi nição não considera certas particularidades relativas à faixa etáriae à condição alimentar como, por exemplo, os neonatos e lactentes em aleitamento materno cuja frequência das evacuações pode ser superior a três vezes ao dia, e a consistência das fezes pode variar entre líquida, semilíquida, pastosa ou semipastosa. FATORES ETIOLÓGICOS A diarreia aguda resulta da ação de diversos patógenos, tais como vírus, bactérias (geralmente gram-negativas) e parasitas4. Vírus - rotavírus coronavírus, adenovírus, valicivírus (em es- pecial o norovírus) e astrovírus. Bactérias - E. coli enterohemorrágica, E. coli enterotoxige- nica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enyteroinvasiva, E. coli enteroagressiva, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio chorelae, Yersinia Parasitas - Entamoeba histolyca, Giardia lamblia, Cryptospo- ridium, Isosopora Fungos - Candida albicans QUADRO CLÍNICO O quadro clínico consiste na mudança da consistência e/ou da frequência das fezes, segundo mencionado na defi nição de diarreia aguda, acompanhada ou não de febre ou vômito5. Durante a anamnese devem-se investigar o número diário de evacuações, a presença de sangue nas fezes, a quantidade de episódios de vômitos, a existência de febre ou outra manifes- tação clínica, as práticas alimentares prévias e vigentes, outros casos de diarreia em casa ou na escola. Devem ser avaliados, também, a oferta e o consumo de líquidos, além do uso de me- dicamentos, como antibióticos, e o histórico de imunizações5. A desidratação é a complicação mais frequente da diarreia aguda5. O estado de hidratação pode ser classifi cado em três categorias: a) a criança apresenta diarreia e não há sinais clíni- cos de desidratação; b) a criança tem sinais de desidratação; c) a criança tem desidratação grave5. O Quadro 1 mostra a classifi cação do estado de hidratação, segundo os critérios pro- postos pela Organização Mundial da Saúde5 e pelo Ministério da Saúde do Brasil6, que são extremamente úteis no manejo da diarreia aguda. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da diarreia aguda é clínico5. A investigação acerca do agente patogênico envolvido pode apresentar maior utilidade no caso de lactente pequeno, desnutrido, imunode- primido ou hospitalizado. Nesses casos, o causador pode ser identifi cado por pesquisa do agente nas fezes, teste de ELISA para vírus, coprocultura com sorotipagem para bactérias, e em- prego de técnicas de biologia molecular com ensaios molecula- res de Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) empregando-se “primers” específi cos para a identifi cação dos enteropatógenos. MANEJO Os objetivos do tratamento da diarreia incluem: evitar a ocor- rência de desidratação (se não houver sinais de tal problema), tratar a desidratação (quando esta estiver presente), evitar dis- túrbios nutricionais a partir da alimentação durante e após a diarreia, reduzir a duração e a gravidade da diarreia e a ocor- rência de novos episódios5. O estado de hidratação pode ser classifi cado segundo a por- centagem de perda de peso, entretanto, para facilitar a ope- racionalização do tratamento da desidratação por diarreia, a Organização Mundial de Saúde5 propôs uma classifi cação simplifi cada da desidratação, também adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil6, descrita no Quadro 1. Essa classifi cação distribui os pacientes portadores da doença diarreica em três categorias: ausência de desidratação, algum grau de desidra- tação e desidratação grave. A partir da defi nição do estado de hidratação do paciente, escolhe-se a modalidade de terapia de reidratação a ser prescrita. Recomenda-se que lactentes e crianças busquem o servi- ço de saúde para avaliação médica quando a frequência das evacuações for elevada ( > oito episódios em 24 horas), vô- mitos persistentes, menores de dois meses de idade, febre alta ( > 39° C), presença de sangue nas fezes, doença de base grave (desnutrição, doença renal, diabetes, imunodefi ciências)5. Assim, o tratamento da diarreia, segundo a Organização Mundial de Saúde5 e o Ministério da Saúde do Brasil6, será des- crito a seguir: 1. Deve ser iniciado no domicílio, que corresponderia ao Plano A - para prevenir a desidratação no domicílio - isto é, a família deve ser orientada a iniciar a terapia de reidratação oral em casa, assim que a diarreia se instalar, independentemente da sua etiologia. A quantidade de soro de reidratação oral, nesse momento, deve ser aproxima- damente de 50 a 100 mL, após cada episódio de diarreia ou vômito, nas crianças menores de um ano de idade; de DIARREIA AGUDA NA CRIANÇA Dra. Vera Lucia Sdepanian - CRM/SP: 50.807 Quadro 1. Classifi cação do estado de hidratação segundo os critérios propostos pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela Organização Mundial de Saúde (adaptado da referência 6). * O examinador comprime, com a própria mão, a mão fechada da criança, durante 15 segundos. O examinador retira sua mão e observa o tempo para a volta da coloração normal da palma da mão da criança. ** A avaliação periférica é muito importante para as crianças, principalmente as desnutridas, em que os outros sinais de desidratação (elasticidade da pele, olhos) são de difícil avaliação. OBSERVE • Condição • Olhos • Lágrimas • Boca e língua • Sede Bem, alerta Normais Presentes Úmidas Bebe normalmente Irritado/intranquilo Fundos Ausentes Secas Sedento, bebe rápido e avidamente Comatoso/hipotônico** Muito fundos Ausentes Muito secas Bebe mal ou não é capaz de beber** EXAMINE • Sinal de prega • Pulso • Enchimento capilar* Desaparece rapidamente Cheio Normal (até 3s) Desaparece lentamente Rápido, débil Prejudicado (de 3s a 5s) Muito lentamente Muito débil ou ausente** Muito prejudicado** (mais de 5s) CONCLUSÃO Não tem sinal de desidratação Se apresentar dois ou mais sinais acima, tem desidratação Se apresentar dois ou mais sinais, incluindo pelo menos um sinal**, tem desidratação grave TRATAMENTO Tratamento domiciliar Terapia de reidratação no serviço de saúde Terapia de reidratação parenteral PLANO A PLANO B PLANO C 100 a 200 mL, após cada episódio de diarreia ou vômito, nas crianças entre um e dez anos de idade; e para aquelas maiores de dez anos de idade o soro pode ser servido à vontade. Deve-se oferecer a maior quantidade de líquidos possível, por exemplo, água, sucos, chás sem cafeína. O leite materno deve ser mantido. Também a alimentação habitual deve ser continuada. 2. Se a criança apresentar dois ou mais sinais de desidra- tação (descritos no Quadro 1), usar o Plano B - tratar a desidratação por via oral com solução de reidratação oral, na unidade de saúde. 3. Se a criança apresentar desidratação grave (descrita no Quadro 1), usar o Plano C - tratar a desidratação grave na unidade hospitalar. Com respeito à composição dos sais de reidratação oral, a Organização Mundial de Saúde recomendava a utilização de uma única solução, com a seguinte composição: 90 mmol/L de sódio, 80 mmol/L de cloro, 10 mmol/L de citrato, 20 mmol/L de potássio, 111 mmol/L de glicose. A partir de 2001, a Organi- zação Mundial da Saúde preconiza o soro de reidratação oral de osmolaridade reduzida que, segundo estudos randomizados controlados e metanálises, associou-se com menor taxa de gasto fecal, menor duração da diarreia e menor frequência de vômi- tos quando comparado com o soro-padrão, até então preconi- zado. A composição do soro de osmolaridade reduzida corres- ponde a: 75 mmol/L de sódio, 65 mmol/L de cloro, 10 mmol/L de citrato, 20 mmol/L de potássio, 75 mmol/L de glicose5. No Brasil, as soluções de reidratação oral comercializadas apresen- tam composições variáveis quanto às concentrações de sódio e glicose, sendo algumas de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde5. VÔMITOS Com respeito aos vômitos, frequentemente eles ocorrem na primeira ou segunda horas de tratamento, especialmente, quan- do a criança ingere o soro rapidamente, mas isso não impede o sucesso da terapia de solução oral. Se a criança vomitar,deve-se esperar de cinco a dez minutos e reiniciar a terapia de reidrata- ção oral, um pouco mais lentamente (uma colher cheia a cada dois ou três minutos). Os antieméticos não devem ser utiliza- dos na abordagem da diarreia aguda porque os vômitos de- vem desaparecer com o tratamento da desidratação. O Minis- tério da Saúde não menciona o uso de antieméticos6. A Diretriz Í bero-Latino-Americana recomenda o emprego da ondansetro- na para os pacientes com diarreia aguda com vômitos frequen- tes7. A dose de ondansetrona é de um comprimido de 4 mg para as crianças de dois a 11 anos; e um comprimido de 8 mg para as maiores de 11 anos de idade. ZINCO A Organização Mundial da Saúde recomenda a administra- ção de zinco nas crianças com diarreia5. Nos países em de- senvolvimento, essa recomendação se associou às reduções da gravidade e da duração da diarreia em menores de cinco anos Referências bibliográfi cas: 1. World Health Organizaton. Diarrhoeal disease. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/diarrhoeal-disease. Acesso em: setembro de 2019. 2. Masukawa ML, Souza EM, Gimenes E, Uchimura NS, Moriwaki AM, Uchimura TT. Time series investigation of changes in seasonality of acute diarrhea hospitalizations before and after rotavirus vaccine in Southern Brazil. Cad Saude Publica. 2016;32(10):e00080515. 3. Brandt KG, Castro Antunes MM, Silva GA. Acute diarrhea: evidence-based. management. J Pediatr (Rio J). 2015 Nov-Dec;91(6 Suppl 1):S36-43. 4. Departamento Cientí fi co de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia Prá tico de Atualizaç ã o. Diarreia aguda: diagnó stico e tratamento. [Internet]. Nº 1. São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fi leadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda.pdf. Acesso em: setembro de 2019. 5. World Health Organization. The treatment of diarrhoea—a manual for physicians and other senior health workers. 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Racecadotril in the treatment of acute diarrhea in children: a systematic, comprehensive review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Pediatr. 2018;18(1):124. 9. Feizizadeh S, Salehi-Abargouei A, Akbari V. Effi cacy and safety of Saccharomyces boulardii for acute diarrhea. Pediatrics. 2014;134(1):e176-91. 10. Szajewska H, Guarino A, Hojsak I, Indrio F, Kolacek S, Shamir R, et al. Use of Probiotics for Management of Acute Gastroenteritis: A Position Paper by the ESPGHAN Working Group for Probiotics and Prebiotics. J Pediatr Gastroenterol Nut. 2014;58(4):531-9. 11. Khanna R, Lakhanpaul M, Burman-Roy S, Murphy MS; Guideline Development Group and the technical team. Diarrhoea and vomiting caused by gastroenteritis in children under 5 years: summary of NICE guidance. BMJ. 2009;338:b1350. 12. Cruchet S, Furnes R, Maruy A, Hebel E, Palacios J, Medina F, et al. 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ANTIMICROBIANOS Quanto aos antimicrobianos, estes não devem ser utilizados rotineiramente nos casos de diarreia aguda, pois, além de não serem efetivos, podem ser prejudiciais, causando desequilíbrio da microbiota intestinal, podendo contribuir para perpetuação do quadro diarreico. Nas crianças com diarreia aguda com san- gue nas fezes (disenteria) está indicada a antibioticoterapia, es- pecialmente quando há febre e comprometimento do estado geral6,7. Nesse caso, devem ser realizados coprocultura e anti- biograma, e, mesmo que não se comprove laboratorialmente, a principal hipótese é a infecção por Shigella5. A primeira escolha para o tratamento da disenteria é o ciprofl oxacino, 15 mg/Kg, duas vezes por dia, por três dias6,7. A criança deve ser reavaliada após dois dias. Os sinais de melhora clínica consistem em de- saparecimento da febre, diminuições de sangue nas fezes e da quantidade das fezes, aumentos do apetite e da atividade física. Se for mantida a presença de sangue nas fezes após dois dias do tratamento, deve-se encaminhar para internação hospita- lar7. Nos casos mais graves, está indicada a ceftriaxona de 50 a 100 mg/kg, intramuscular, uma vez ao dia, por dois a cinco dias7. Essa mesma medicação deve ser realizada por via intravenosa nos casos de hospitalização. RACECADOTRIL O uso do racecadotril, inibidor da encefalinase, que provoca consequente redução da secreção intestinal de água e eletróli- tos que se encontra aumentada nos quadros de diarreia aguda, pode ser considerado na diarreia aguda8. PROBIÓTICOS Com respeito aos probióticos, um estudo de metanálise pu- blicado em 2014 na revista Pediatrics, que incluiu 2.102 crian- ças de 17 estudos randomizados controlados, demonstrou que o Saccharomyces boulardii CNCM I-745 é efi caz e seguro no tratamento da diarreia aguda em crianças9. A Socieda- de Europeia de Gastroenterologia Pediátrica concluiu que os probióticos com grau de recomendação forte na diarreia agu- da são o Lactobacillus GG e o Saccharomyces boulardii CNCM I-745, e, com grau de recomendação fraco, o Lactobacillus reuteri DSM 1793810. As Diretrizes da Sociedade Ibero-latino- americana7 e do NICE11 concluem que o grau de recomen- dação é forte para o uso dos probióticos Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii CNCM I-745 na diarreia aguda em crianças. Uma revisão de literatura de especialistas da Socie- dade Latino-americana de Gastroenterologia Pediátrica indica com grau de recomendação 1A os probióticos Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii CNCM I-745, e grau de reco- mendação 1B, o L. reuteri12. Um estudo de revisão sistemática e metanálise em rede, que comparou os diferentes tratamentos para diarreia aguda na criança, concluiu que, com grau de evidência de moderado a alto, a combinação de tratamento que inclui o probiótico Saccharomyces boulardii CNCM I-745 e zinco, assim como a associação entre esmectita e zinco, foram as melhores para o tratamento da diarreia aguda nos países em desenvolvimento13. Não dispomos de Lactobacillus GG no Brasil. A dose do Saccharomyces boulardii CNCM I-745 é de 200 mg de duas a três vezes ao dia, durante cinco a sete dias. Deve-se ressaltar que nenhum medicamento substitui a terapia de reidratação oral, que é fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento da desidratação. Por- tanto, o uso de probiótico deve ser realizado em associação com a terapia de reidratação oral. TERAPIA NUTRICIONAL Quanto à terapia nutricional na diarreia aguda, quandonão associada com desidratação grave, o retorno à alimentação é bem tolerado nas primeiras três a quatro horas após a reidra- tação5. A realimentação precoce favorece rápida recuperação da função digestivo-absortiva normal, incluindo habilidades na digestão e na absorção dos variados nutrientes e, dessa forma, garantindo as continuidades do crescimento e do ganho pon- deral. A alimentação mais próxima do usual, desde que nutri- cionalmente adequada, deve ser continuada. Nos lactentes, o aleitamento materno deve, sempre que possível, ser mantido e estimulado. PREVENÇÃO DA DIARREIA AGUDA O UNICEF (United Nations Children´s Fund) e a Organização Mundial da Saúde5 propõem as seguintes medidas para o con- trole da doença diarreica no mundo: reposição de fl uidos para prevenção de desidratação, utilização de zinco, vacinação con- tra sarampo e rotavírus, promoção do aleitamento materno, su- plementação de vitamina A, estímulo à lavagem de mãos com sabão, melhoria do suprimento de água em quantidade e qua- lidade, incluindo estocagem segura das residências e promoção de saneamento básico amplo. Ressalta-se que, no Brasil, a imu- nização contra o rotavírus, iniciada em 2006, causou importante impacto na diminuição da diarreia por rotavírus. Copyright© DDS Comunicação e Serviços Editoriais LTDA, 2019. O texto que está nesta publicação expressa a opinião dos autores que o escreveram e não refl ete necessariamente a opinião do Laboratório Natulab. Material destinado à classe médica. DDS134. DIARREIA AGUDA ANAMNESE: • Número diário de evacuações • Presença de sangue nas fezes • Número de episódios de vômito • Presença de febre ou outra manifestação clínica • Práticas alimentares prévias e vigentes • Outros casos de diarreia em casa ou na escola • Uso de antibióticos PESQUISAR AGENTE PATOGÊNICO: • Pode ter utilidade quando lactente pequeno, desnutrido, imunodeprimido ou hospitalizado. Nesses casos, o agente pode ser identifi cado por pesquisa do agente nas fezes, ELISA para vírus, coprocultura com sorotipagem para bactérias, e emprego de técnicas de biologia molecular FEZES COM SANGUE FEZES SEM SANGUE COM MELHORA CLÍNICA SEM MELHORA CLÍNICA • Se há presença de san- gue nas fezes após 2 dias do tratamento, enca- minhar para internação hospitalar: ceftriaxona de 50 a 100mg/kg, intravenosa • Manter tratamento para hidratação, zinco, e probiótico Saccharomyces boulardii CNCM I-745 e alimentação sem restrições. 1. Coletar coprocultura e antibiograma. 2. Iniciar antibioticoterapia, especialmente quando apresenta febre e comprometi- mento do estado geral: - ciprofl oxacino, 15 mg/Kg, duas vezes por dia, por 3 dias. - casos mais graves, está indicada a ceftriaxona 50 a 100 mg/kg, intramuscular, uma vez ao dia, por 2 a 5 dias. 3. Reavaliar após 2 dias: Os sinais de melhora clínica consistem em desaparecimen- to da febre, diminuição de sangue nas fezes, redução da quantidade das fezes, aumento do apetite e da atividade física. ALGORITMO DE TRATAMENTO DA DIARREIA AGUDA NA CRIANÇA SEM SINAIS DE DESIDRATAÇÃO COM SINAIS DE DESIDRATAÇÃO 2 OU MAIS SINAIS DE DESIDRATAÇ Ã O DESIDRATAÇ Ã O GRAVE 1. Tratar a desidrataç ã o por via oral com soluç ã o de reidrataç ã o oral, na unidade de saú de. 2. TRATAMENTO COADJU- VANTE com probió tico Saccha- romyces boulardii CNCM I-745: 200 mg (1 x 109 cé lulas de Saccharomy- ces boulardii) 2 a 3x/dia, durante 5 a 7 dias. 3. ZINCO POR VIA ORAL: < 6 meses de idade: 10 mg/dia, durante 10 a 14 dias. > 6 meses de idade: 20 mg/dia, durante 10 a 14 dias. 4. TERAPIA NUTRICIONAL: retornar à alimentaç ã o nas primei- ras 3 a 4 horas apó s a reidrataç ã o. A realimentaç ã o precoce favorece rá pida recuperaç ã o da funç ã o di- gestivo-absortiva normal, incluindo habilidade na digestã o e absorç ã o dos variados nutrientes, garantindo a continuidade do crescimento e do ganho ponderal. A alimentaç ã o mais pró xima do usual, desde que nutricionalmente adequada, deve ser continuada. Nos lactentes, o alei- tamento materno deve, sempre que possí vel, ser mantido e estimulado. 1. PREVENIR A DESIDRA- TAÇÃO NO DOMICÍLIO: < 1 ANO DE IDADE: soro de reidratação oral: de 50 a 100 mL, após cada episódio de diarreia ou vômito. Entre 1 e 10 anos de idade: soro de reidratação oral: de 100 a 200 mL, após cada epi- sódio de diarreia ou vômito. >10 anos de idade: soro de reidratação oral à von- tade, pelo menos, de 100 a 200 mL, após cada episódio de diarreia ou vômito. 2. Tratamento coadjuvante com probiótico Saccharomyces boulardii CNCM I-745: 200 mg (1 x 109 células de Saccha- romyces boulardii) 2 a 3x/dia, durante 5 a 7 dias. 3. ZINCO POR VIA ORAL: < 6 meses de idade: 10 mg/ dia, durante 10 a 14 dias > 6 meses de idade: 20 mg/ dia, durante 10 a 14 dias. 4. ALIMENTAÇÃO: deve ser continuada, sem restri- ções. Nos lactentes, o aleita- mento materno deve, sempre que possível, ser mantido e estimulado. 1. Tratar a desidrataç ã o grave na unidade hospitalar. 2. TRATAMENTO COADJUVAN- TE com probió tico Saccharomyces boulardii CNCM I-745: 200 mg (1 x 109 cé lulas de Saccharomyces boulardii) 2 a 3x/dia, durante 5 a 7 dias. 3. ZINCO POR VIA ORAL: < 6 meses de idade: 10 mg/dia, du- rante 10 a 14 dias. > 6 meses de idade: 20 mg/dia, du- rante 10 a 14 dias. 4. TERAPIA NUTRICIONAL: re- tornar à alimentaç ã o por via oral depois que o paciente estiver total- mente estabilizado. A realimentaç ã o precoce favorece rá pida recuperaç ã o da funç ã o digestivo-absortiva nor- mal, incluindo habilidade na digestã o e absorç ã o dos variados nutrientes, garantindo a garantia na continuida- de do crescimento e do ganho pon- deral. A alimentaç ã o mais pró xima do usual, desde que nutricionalmen- te adequada, deve ser continuada. Nos lactentes, o aleitamento mater- no deve, sempre que possí vel, ser mantido e estimulado. AVALIAR PRESENÇA DE SINAIS DE DESIDRATAÇÃO Prinect PDF Report 18.00.030 - 1 - 05.11.2019 11:18:50 Resumo documento Nome do arquivo: 50255_SEPARATA_210X280_RM_v2_co39.pdf Título: DDS134_Update Diarreia Adulto e Infantil.indd Aplicação: Adobe InDesign 14.0 (Windows) Criado com: Adobe PDF Library 15.0 Autor: - Criado em: 04.11.2019 15:20:18 Alterado em: 05.11.2019 11:16:07 Tamanho do arquivo: 15.7 MByte / 16065.0 KByte Trapped: Não Output Intent: Coated FOGRA39 (ISO 12647-2:2004) PDF/X Versão: - Versão do PDF: 1.3 Quantidade de páginas: 12 Moldura do meio: 230.00 x 300.00 mm Moldura do formato final: 210.00 x 280.00 mm Resumo Erro Aviso Consertado Info Documento - - - - PDF/X - - - 1 Páginas - 12 - - Tintas - - - - Fontes - - - 281 Imagens - - - - Conteúdo - - - - PDF/X PDF não corresponde aos requisitos PDF/X-4 Páginas Molduras da página não conformes com PDF/X (1-12) Fontes SegoeUI-Bold: Tamanho da fonte 5.5 pt é inferior a 6.0 pt #22 (6,9) SegoeUI-Light: Tamanho da fonte 5.5 pt é inferior a 6.0 pt #22 (6,9) SegoeUI-Light: Tamanho da fonte 5.8 pt é inferior a 6.0 pt #67 (2,4-9) Fonte SegoeUI (11.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #11 (10) Fonte SegoeUI (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (10) Fonte SegoeUI-Bold (5.5 pt) utiliza 4 excertos de cor #22 (6,9) Fonte SegoeUI-Bold (8.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #1 (7) Fonte SegoeUI-Bold (8.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #1 (2) Fonte SegoeUI-Bold (10.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #4 (7) Fonte SegoeUI-Bold (10.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #4 (8) Fonte SegoeUI-Bold (11.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #17 (10-11) Fonte SegoeUI-Bold (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #11 (10-11) Fonte SegoeUI-Bold (14.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #1 (6) Prinect PDF Report 18.00.030 - 2 - 05.11.2019 11:18:50 Fonte SegoeUI-Light (8.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #1 (7) Fonte SegoeUI-Light (8.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #1 (2) Fonte SegoeUIBlack (10.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #3 (7-8) Fonte SegoeUIBlack (10.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #20 (2,5-9) Fonte SegoeUIBlack (15.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #1(10) Fonte SegoeUIBlack (16.2 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (2,4) Fonte SegoeUI-Light (10.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #1 (2) Fonte SegoeUI-Light (10.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (8) Fonte SegoeUI-Light (11.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #13 (10-11) Fonte SegoeUI-Light (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #22 (10-11) Fonte SegoeUI-Light (34.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #1 (1) Fonte SegoeUI-Light (49.2 pt) utiliza 4 excertos de cor #1 (1) Fonte SegoeUI-Italic (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (11) Fonte SegoeUI-Semibold (10.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #2 (3,8) Fonte SegoeUI-Semibold (10.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #3 (2-3,5) Fonte SegoeUI-Semibold (11.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #4 (11) Fonte SegoeUI-Semibold (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #4 (11) Fonte SegoeUIBlack-Italic (9.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (1) Fonte SegoeUI-LightItalic (11.0 pt) utiliza 2 excertos de cor #7 (11) Fonte SegoeUI-LightItalic (11.0 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (10) Fonte SegoeUIBlack-Italic (52.7 pt) utiliza 4 excertos de cor #2 (1) Outras informações Ajustes utilizados: Qualify_CMYK Separações das cores: 4 CMYK Espaços de cores DeviceCMYK / Separation / DeviceN Fontes: 16 MyriadPro-Light Type1 / Custom / subgrupo embutido SegoeMDL2Assets TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido SegoeUI TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido SegoeUI-Bold TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-Bold TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido SegoeUI-Italic TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-Light TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-Light TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido SegoeUI-LightItalic TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-LightItalic TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido SegoeUI-Semibold TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-SemiboldItalic TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUI-SemiboldItalic TrueType (CID) / Identity-H / subgrupo embutido Prinect PDF Report 18.00.030 - 3 - 05.11.2019 11:18:50 SegoeUIBlack TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido SegoeUIBlack-Italic TrueType / WinAnsi / subgrupo embutido
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