Aula 04 - Memoriais - 02 09 2020

Prévia do material em texto

prática PENAL
Profa. Débora Cerqueira
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Pesquisadora do Grupo Asa Branca de Criminologia.
Professora de Direito Penal, Processo Penal e Prática Penal da ESTÁCIO, FICR, AESGA e ESMATRA6. 
Advogada.
COMO IDENTIFICAR A PEÇA?
PONTO 03 - MEMORIAIS 
	 	Parte a ser representada	Momento processual	Dados importantes do problema
	Memoriais	Réu, vítima, representante legal ou sucessores	Ação Penal	Já houve instrução criminal. Existe menção a provas. Pode haver menção à decisão do juiz que substitui os debates orais. Se forem memoriais da defesa, pode haver menção aos memoriais da acusação. Verificar a fluência do prazo: de 5 dias
	Previsão legal	Artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal;
Artigo 404, parágrafo único, do Código de Processo Penal.
	Prazo	5 dias.
	Formato da peça	Petição única, dirigida ao juiz da causa. É a última oportunidade que as partes têm para se manifestar, antes da sentença, em regra.
	Competência/Atribuição	Juízo da causa. Ainda que uma das teses seja a de incompetência do juízo, devem os memoriais ser apresentados àquele no qual a ação foi proposta e tramita. A tese relativa a incompetência do juízo deve ser alegada em sede de preliminar.
	Legitimidade	As partes devem apresentar memoriais (acusação e defesa). O assistente da acusação também possui legitimidade, e se manifesta logo após o Ministério Público.
	Verbo e denominação das partes	No preâmbulo, utilize o verbo “apresentar”. Na redação da petição, empregue “Acusação” (ou ainda “Ministério Público”, no caso de ação penal pública, ou “Querelante”, se for ação penal de iniciativa privada) e “Acusado” ou “Réu” (no caso de ação penal privada, utilizar “Querelado”), para denominar as partes.
	Hipóteses de cabimento	Os memoriais são previstos principalmente no procedimento ordinário. No procedimento sumário e no procedimento do júri não existe previsão legal expressa, embora seja possível o emprego dos memoriais, por analogia, em substituição aos debates orais.
Esta substituição ocorre, em todos os casos, nas seguintes situações:
Necessidade de realização de novas diligências, requeridas pelas partes e deferidas pelo magistrado ou determinada de ofício por estes;
Na hipótese de caso complexo ou se o número de acusados for alto.
	Conteúdo	Os memoriais devem ser divididos em três partes:
Dos fatos;
Do direito; e
Do pedido.
	Pedido genérico	Depende do caso concreto.
Geralmente, o pedido principal é a absolvição, com fundamento no artigo 386, do Código de Processo Penal. Mas somente diante do caso concreto é possível estabelecer com precisão quais pedidos devem ser formulados.
	Particularidades	É obrigatória a apresentação de memoriais pela defesa, sob pena de nulidade, em razão de cerceamento de defesa. Caso não seja apresentada pelo defensor que patrocina os interesses do acusado, o juiz deve nomear advogado ad hoc.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...
(ou)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...º VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...
(Crimes de competência da Justiça Federal – art. 109, CF)
(ou)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO JÚRI DA COMARCA DE ...
(Crimes dolosos contra a vida)
Modelo – MEMORIAIS
(Espaço de dez linhas)
Autos nº ...
(Espaço de uma linha)
					“A”, já qualificado nos autos em epígrafe a folhas ..., por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar seus MEMORIAIS, com fundamento legal no artigo 403, §3º (ou artigo 404, parágrafo único) do Código de Processo Penal, nos termos a seguir aduzidos.
(Espaço de duas linhas)
					I – DOS FATOS
(Espaço de uma linha)
(Narrar os fatos de acordo com os dados apresentados no problema)
(Sugere-se que ao final, após trabalhar com todos os dados fornecidos no enunciado, sejam redigidos os seguintes parágrafos)
					Ao término da Audiência de Instrução, Vossa Excelência permitiu que se manifestassem as partes por escrito nos termos do §3º do artigo 403 do Código de Processo Penal.
					Ou (verifique o fundamento legal que ensejou a substituição dos debates orais por memoriais)
					
					Realizadas as diligências requeridas conforme possibilita o artigo 404, parágrafo único do Código de Processo Penal, concedeu-se às partes prazo para apresentar alegações finais, por memoriais.
					Em seus Memoriais, o Ministério Público (ou Querelante) pleiteou (expor breve síntese do pedido formulado pela acusação).
					Contudo, em que pese o notório saber jurídico de seu subscritor, este posicionamento não deve prevalecer, pelas razões apontadas a seguir.
(Espaço de duas linhas)
					II – DO DIREITO
(Espaço de uma linha)
(Neste tópico podem ser desenvolvidos três blocos de teses: a) preliminarmente; b) do mérito e c) subsidiariamente. Retire do enunciado as teses e faça a inserção de cada uma delas nos respectivos blocos, seguindo as regras mencionadas abaixo. Não é obrigatório o desenvolvimento de todos os blocos. Pode existir, por exemplo, somente matéria preliminar e de mérito. Neste caso não redige o tópico “subsidiariamente”. Tudo dependerá do enunciado).
					A) PRELIMINARMENTE
(Espaço de uma linha)
(Invocar aqui matérias preliminares, tais como nulidade, causas extintivas de punibilidade, dentre outras)
(Fazer destaques jurídicos, citando legislação e súmulas, se houver pertinência)
(Espaço de duas linhas)
					B) DO MÉRITO
(Espaço de uma linha)
(Se houve pedido preliminar anterior, iniciar da seguinte forma)
					Caso Vossa Excelência não acolha a(s) preliminar(es) arguida(s), o que admitimos aqui apelas pelo dever de argumentar, requer-se a apreciação da matéria de mérito, aqui exposta.
(Invocar aqui argumentos que possam ter como consequência a absolvição, prevista no artigo 386, do CPP)
(Fazer destaques jurídicos, citando legislação e súmulas, se houver pertinência)
Clique para adicionar texto
(Espaço de uma linha)
					C) SUBSIDIARIAMENTE
(Espaço de uma linha)
(Iniciar o tópico do seguinte modo)
					Na remota hipótese de Vossa Excelência rejeitar o pedido formulado no mérito, pede-se o exame das seguintes questões subsidiárias.
(Invocar aqui teses subsidiárias, tais como: fixação da pena no mínimo legal, afastamento de qualificadora, incidência de atenuante, substituição da pena privativa de liberdade por pena alternativa, fixação de regime inicial de cumprimento de pena mais brando, reconhecimento do direito de apelar em liberdade, dentre outros)
(Fazer destaques jurídicos, citando legislação e súmulas, se houver pertinência)
(Espaço de duas linhas)
					III – DO PEDIDO
(Espaço de uma linha)						
(Elaborar pedido de modo articulado. O pedido poderá ser dividido em até três blocos: preliminar, mérito e subsidiário. Tudo dependerá do que foi desenvolvido no tópico relativo ao direito. Caso exista apenas matéria de mérito, por exemplo, faça somente o pedido a ele relacionado. Também faça o pedido considerando primeiro o mais amplo e depois os demais)
					Ante o exposto, requer o quanto segue:
					
					a) Preliminarmente, (inserir o pedido de acordo com o que foi desenvolvido na matéria preliminar);
					b) Na hipótese de rejeição da preliminar, quanto ao mérito se requer (inserir o pedido de acordo com o que foi desenvolvido no mérito), com fundamento legal no artigo 386, (inserir o inciso correspondente à hipótese de absolvição) do Código de Processo Penal;
					c) Se Vossa Excelência entender por bem não acolher o que foi pedido no mérito, pleiteia-se, subsidiariamente, (inserir o pedido de acordo com o que foi desenvolvido no tópico “subsidiariamente”).
(Espaço de uma linha)
					Termos em que,
					pede deferimento.
(Espaço de uma linha)
					Local e Data.
(Espaço de um linha)
					Advogado ...
	ITEM	PONTUAÇÃO
	Endereçamento	0,00 / 0,25
	Dispositivo legal que fundamente a peça	0,00 / 0,20
	Fundamentação jurídica	0,00 / 3,50
	Pedidos0,00 / 0,90
	Estrutura (indicação das partes, local, data, assinatura)	0,00 / 0,15
	TOTAL: 5,00	
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS - OAB
(XIV Exame Unificado) Felipe, com 18 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu Ana, linda jovem, por quem se encantou. Após um bate-papo informal e troca de beijos, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, e Ana, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Felipe.
Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais.
No dia seguinte, Felipe, ao acessar a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 anos de idade, tendo Felipe ficado em choque com essa constatação. 
Problema 03
O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Ana, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato.
Por Ana ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 anos de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Felipe pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da Lei 8.072/1990, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.
O processo teve início e prosseguimento na 20ª Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, local de residência do réu.
Felipe, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade.
Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos.
As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Ana para sair com as amigas.
As testemunhas de defesa, amigos de Felipe, disseram que o comportamento e a vestimenta da Ana eram incompatíveis com uma menina de 13 anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 anos, e que Felipe não estava embriagado quando conheceu Ana.
O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Ana, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente 
pudessem frequentar pessoas maiores de 18 anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos.
A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual.
O Ministério Público pugnou pela condenação de Felipe nos termos da denúncia.
A defesa de Felipe foi intimada no dia 10 de abril de 2014 (quinta-feira).
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade de impetração de habeas corpus, sustentando. Para tanto, as teses jurídicas pertinentes.