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Tratamentos fisioterapêuticos em crianças portadoras de Síndrome de Down Physiotherapeutic treatments in children with Down Syndrome Brenda Lorrayne Linhares Fernandes [a] , Gabriela Caroline Ferreira Barbosa [b] , Hiara Cristina Morais Oliveira [c] , Paula Carolaine de Andrade [d] , Nívia Maria Santiago [e] , Regina A. Beluco Carvalho Lima [f] a Graduanda, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Piedade dos Gerais, MG-Brasil, e- mail: brendalinharesfernandes@hotmail.com b Graduanda, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Pequi, MG-Brasil, email: gbarbosa028@yahoo.com.br c Graduanda, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Bonfim, MG-Brasil, email: hiara.morais@hotmail.com d Graduanda, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Piedade dos Gerais, MG-Brasil, email: paulacarolaine4570@gmail.com e Doutora, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Itaúna, MG-Brasil, e-mail: nivia.santiago@gmail.com f Mestre, Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI), Itaúna, MG-Brasil, e-mail: reginabeluco@gmail.com RESUMO Introdução: A Síndrome de Down é uma das principais síndromes genéticas caracterizada por um desequilíbrio na distribuição dos cromossomos durante a divisão celular. Indivíduos com Sínndrome Down apresentam alterações que afetam vários sistemas provocando atraso no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Objetivo: Revisar os tratamentos fisioterapêuticos mais comuns relacionados à Síndrome de Down. Métodos: Foram revisadas fontes de literatura através das ferramentas de busca: Scielo, Pubmed, PEDro e BVS (Medline e Lilacs) usando as seguintes palavras chaves: “Síndrome de Down”, “Fisioterapia”, “Tratamento”, “Crianças” e “Adolescentes”. Resultados: Foram encontrados 19 artigos com os tratamentos fisioterapêuticos relacionados à Cinesioterapia, Hidroterapia e Equoterapia que promoveram ganho de força, diminuição da obesidade, ganho de massa muscular, melhora da capacidade respiratória, equilíbrio, melhora na participação e socialização em crianças e adolescentes com Síndrome de Down. Conclusão: O presente estudo de revisão concluiu que crianças e adolescentes com Síndrome de Down que realizam cinesioterapia, equoterapia e hidroterapia apresentam mudanças significativas em seu desenvolvimento. A Hidroterapia, Equoterapia e Cinesioterapia foram as modalidades terapêuticas mais frequentemente utilizadas em crianças e adolescentes com Síndrome de Down. Palavras-chave: Síndrome de Down, Fisioterapia, Tratamento, Crianças, Adolescentes ABSTRACT Abstract: The Down Syndrome is one of the mainly genetic syndromes characterized by a disequilibrium in the distribution of the chromosomes during the cell division. Individuals with Down Syndrome present changes which afect various systems causing retardation in children and adolescents growing. Objective: The objective of this study was review the most common physiotherapeutic treatments related to the Down Syndrome. Methods: Sources of literature were reviewed, through the following search tools: Scielo, Pubmed, PEDro e BVS (Medline e Lilacs) using the following key words: Down Syndrome, Physiotherapy, Treatment, Children and Adolescents. Outcome: It was possible to verify that the physiotherapeutic treatments related to Kinesiotherapy, Hydrotherapy and Equine Therapy,promoved strengh gain, decrease in obesity, gain of muscle mass, improvement of respiratory capacity, equilibrium, improvement in participation and socialization. Conclusion: The present reviewing study concludes that children and adolescents who perform the physiotherapeutic modalities presented satisfactory changes in their development. Key words: Down Syndrome, Physiotherapy, Treatment, Children, Adolescents 3 INTRODUÇÃO No mundo a cada minuto nascem 18 bebês com algum tipo de síndrome, o que significa uma incidência de 9,8 milhões de bebês ao ano. A Síndrome de Down é uma das principais síndromes genéticas com maior incidência no mundo, com 91% dos casos. A Síndrome de Down é a causa mais comum de deficiência mental, com uma prevalência de aproximadamente um em cada 1000 nascidos vivos na Austrália, coincidindo com dados de outros países. No Brasil aproximadamente a cada 800 crianças nascidas, uma criança possui Síndrome de Down, independente de sua etnia, gênero, ou classe social [1-4]. O médico inglês John Langdon Haydon Down publicou pela primeira vez em 1866, um relato no qual descrevia um grupo de indivíduos com déficit intelectual e características faciais semelhantes aos da raça mongólica e no ano de 1959 Jérôme Lejéune, pediatra e professor de genética francês, descreveu um cromossomo a mais no par 21. A Síndrome de Down corresponde a uma síndrome genética caracterizada por um desequilíbrio na distribuição dos cromossomos durante a divisão celular e em determinados casos, tem importante relação com a idade materna e a presença de alterações estruturais cromossômicas dos progenitores [2,3]. Uma das formas mais comuns da Síndrome de Down é denominada de Trissomia Livre, caracterizada pela presença de um cromossomo extra no par 21, sendo decorrente da não disjunção cromossômica, geralmente de origem meiótica, cujos indivíduos apresentam um cariótipo com 47 cromossomos em cada célula. Este tipo de Síndrome de Down ocorre em 95% dos casos, sendo de ocorrência casual, ou seja, ocorre por acidente genético. Outro tipo de Síndrome de Down, a Translocação (translocação Robertsoniana) ocorre devido a rearranjos cromossômicos com acréscimo de material genético, sendo responsável por 3% a 4% dos casos de Síndrome de Down, pode ser de ocorrência casual ou herdada de um dos progenitores. A trissomia do cromossomo 21 neste caso é identificada no cariótipo não como um cromossomo livre e sim translocado a outro cromossomo, com maior frequência de envolvimento dos cromossomos 21 e 14. O Mosaicismo presente em 1% a 2% dos indivíduos com Síndrome de Down é também de ocorrência casual e caracteriza-se pela presença de duas linhagens celulares, uma normal com 46 cromossomos e outra trissômica com 47 cromossomos sendo o cromossomo 21 extra livre. E por fim, a duplicação de uma porção do 4 cromossomo 21, sendo uma forma de Síndrome de Down raríssima e de incidência não estimada [2,3,5,6]. O exame de cariótipo é o exame solicitado para diagnóstico laboratorial da Síndrome de Down, sendo fundamental para o aconselhamento genético, tendo em vista que determina a forma casual ou herdada, ou seja, uma trissomia simples, mosaico ou uma trissomia por translocação, para que assim a família tenha conhecimento dos riscos de ocorrência e recorrência da alteração especifica [2]. Clinicamente os portadores de Síndrome de Down têm um fenótipo peculiar apresentando algumas características típicas, como por exemplo, hipotonia generalizada, baixa estatura, cabelos lisos e esparsos, fendas palpebrais oblíquas, base nasal achatada, prega simiesca na palma das mãos, epicantos internos e déficit cognitivo de leve a moderado. A hipotonia gera frouxidão ligamentar e consequentemente leva a alterações musculoesqueléticas com grande impacto no desenvolvimento de habilidades motoras, atraso nas aquisições de marcos motores básicos, sendo esses adquiridos tardiamente em relação aos sujeitos saudáveis. Além disto, destaca-se a irregularidade da densidade óssea, hipoplasia da cartilagem, instabilidade atlanto-axial e atlanto-occipital, luxação de quadril e patela. A hipermobilidade articular decorrente da hipotonia generalizada interfere significativamente para o atraso motor, cognitivo, para as alterações no controle postural e aquisição da linguagem, uma vez que a criança portadora de Síndrome de Down tem dificuldade de explorar e interagir com o meio [2 7,6; 8; 9;10]. Além de um fenótipo marcante, crianças e adolescentes portadores de Síndrome de Down geralmente apresentam algumas anomalias associadas, tais como as cardiopatias congênitas, alterações oftalmológicas, auditivas, alterações intestinais, hormonais, neurológicas, hematológicas e ortodônticas, dentre outras [11]. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) a Síndrome de Down recebe o código Q – 90, estando classificada no capítulo Q00 - Q99 das malformações, deformidades e anomalias cromossômicas. E embora a classificação da Síndrome de Down seja importante sob o ponto de vista da classificação da doença, é imprescindível que aspectos relacionados à função, atividade, incapacidade e participação sejam investigados. Portanto, a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) pode ser utilizada como importante ferramenta de gestão do caso no que tange ao diagnóstico, intervenção, acompanhamento, planejamento de políticas públicas de saúde e de programas educacionais. Segundo o Ministério da Saúde (2013) em indivíduos com Síndrome de Down deve-se 5 utilizar da CIF além da CID para que desta forma seja realizado um deslocamento paradigmático do eixo da doença [12]. O presente estudo buscou, neste contexto, revisar os tratamentos fisioterapêuticos mais frequentes relacionados à Síndrome de Down, uma vez que é de extrema importância que esse tratamento aborde os vários sistemas. MÉTODOS O presente estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura narrativa que buscou analisar o conjunto de publicações relacionadas aos tratamentos fisioterapêuticos mais frequentes para a Síndrome de Down. A busca foi realizada no período de novembro de 2018 a maio de 2019 nas bases de dados SciELO, PubMed, PEDro e BVS (MEDLINE e LILACS) nos idiomas português, inglês e espanhol, através das seguintes palavras chave: “Síndrome de Down”, “Fisioterapia” e “Tratamento” associadas aos termos “Crianças” ou “Adolescentes”. Os trabalhos foram selecionados por dois revisores independentes, de acordo com os títulos, que excluíram os artigos não relacionados com o tema da revisão. Em seguida, os resumos dos títulos foram selecionados de acordo com os objetivos do presente estudo. Foram excluídos os trabalhos em indivíduos exclusivamente adultos com Síndrome de Down, bem como os trabalhos que abordavam tratamentos pouco frequentes para a Síndrome de Down. As discordâncias no processo de seleção dos revisores foram solucionadas por consenso. Figura I: Pesquisa nas bases de dados SciELO, PubMed, PEDro e BVS relacionado aos tratamentos fisioterapêuticos mais frequentes para Síndrome de Down em crianças e adolescentes (2009-2010): 6 RESULTADOS A estratégia de pesquisa descrita analisou 28 artigos sobre Síndrome de Down, sendo selecionados 19 artigos relacionados às modalidades de tratamentos fisioterapêuticos em crianças e adolescentes com a Síndrome de Down, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados no período de 2010 a 2019. A Hidroterapia, Equoterapia e Cinesioterapia foram as modalidades terapêuticas mais frequentemente utilizadas em crianças e adolescentes com Síndrome de Down, representadas no Quadro II. 7 Quadro II: Modalidades de tratamentos Fisioterapêuticos mais frequentes em crianças e adolescentes com Síndrome de Down (2010 – 2019). Modalidade Autor/ Ano Tipo de Estudo Tipo de intervenção Resultados Cinesioterapia Knichala et.al, 2018. Estudo descritivo, observacional transversal Treino de Força Muscular Melhora no desempenho motor. Cinesioterapia Leite et.al, 2018 Estudo transversal Escala AHEMD – IS; Avaliação do Equilíbrio EEP; Teste de Alcance Melhora das reações de equilíbrio e participação Cinesioterapia Paula et.al, 2016 Revisão Teórica Treino de força muscular Melhora do equilíbrio, desempenho da marcha, condic. aeróbico, independência nas AVDS, participação e socialização Cinesioterapia Soares et.al, 2015 Revisão de literatura Exercício Resistidos Ganho da resistência muscular e diminuição da Hipotonia. Cinesioterapia Modesto et.al;2014 Revisão Sistemática Exercício Resistidos Ganha de força e equilibrio Cinesioterapia BORSSA TTI et.al, 2013 Estudo Longitudinal Exercício de fortalecimento/ Investigação da marcha Não ouve melhora do padrão de marcha pós 8 intervenção Cinesioterapia Santos et.al, 2012 Estudo de Caso Treino de ajuste postural durante a tarefa de alcance no teste AIMS Os lactantes não conseguiram realizar ajustes posturais durante a tarefa de alcance Cinesioterapia Neto et.al, 2010 Estudo Experimental Exercício Isométrico Redução da obsidade e aumento de massa muscular Equoterapia Costa et.al; 2017 Estudo Observaciona l Teste de Koperkoordination Furkinder Melhora da cordenação global Equoterapia Ribeiro et.al, 2017 Estudo Transversal Eletromiografia Maior ativação muscular, aprendizagem motora e comportamento motor Equoterapia Domingo s et.al, 2016 Estudo Transversal Cardiofrequencimetro Diminuição da frequencia cardíaca Equoterapia Espindula et.al, 2013 Estudo Observarc. Escala de desenvolvimento motor e análise qualitativa por meio de Cluster Estimulação das habilidades motoras básicas com melhora do alinhamento corporal e ajustes posturais Equoterapia Marilyn et.al, 2017 Estudo Transversal Treinamento Resistido Melhora da participação e aumento do 9 fortalecimento muscular Equoterapia Ribeiro et.al, 2017 Estudo Transversal Treinamento Resistido Melhora da participação e aumento do fortalecimento muscular Hidroterapia Braga et.al, 2019 Estudo de Intervenção Bad Ragaz, Hidroterapia Convencional e Halliwick Melhora da capacidade respiratória Hidroterapia Carvalho et.al, 2017 Revisão de Literatura Bad Ragaz/ Flutuação Fortalecimento muscular Hidroterapia Lima et.al, 2015 Revisão Literatura Halliwick Melhora do tônus muscular e ganho de força. Hidroterapia Toble et.al, 2013 Estudo de Caso Hidroterapia Convencional Melhora das habilidades motoras grossas Hidroterapia Castoldi et.al, 2012 Estudo Descritivo, Experimental Longitudinal Band Ragaz Fortalecimento muscular DISCUSSÃO A escolha do tratamento para crianças e adolescentes com Síndrome de Down deve ser criteriosa uma vez que além dos transtornos inerentes à Síndrome, a maioria destes indivíduos apresentam distúrbios associados, tais como instabilidade atlanto-axial, distúrbios 10 tireoidianos, cardiopatias congênitas, luxação de quadril entre outros. Estes distúrbios deverão ser devidamente diagnosticados anteriormente à escolha da modalidade de tratamento fisioterapêutico para que a evolução do paciente com Síndrome de Down seja efetiva, com melhora de seu desenvolvimento global, prevenção de agravos e promoção da saúde e qualidade de vida desses [2,6, 8]. A atuação fisioterapia utilizando das propriedades físicas da água tem sido uma importante modalidade terapêutica no tratamento de crianças e adolescentes com Síndrome de Down. A Hidroterapia apresenta características físicas como a densidade, flutuação e pressão hidrostática, que favorecem a movimentação do corpo. Na Síndrome de Down acontece uma redução da interação do indivíduo com o meio, limitando suas oportunidades de experiência motoras e sensoriais. As atividades realizadas no meio aquático promovem liberdade dos movimentos e favorece o desenvolvimento dos ajustes posturais. Além de haver uma melhora da sensibilidade com estimulação tátil, térmica e proprioceptiva, noçãode esquema corporal noção espacial, facilitação das reações de endireitamento, aquisição de habilidades motoras, ganho de força muscular, melhora das funções respiratórias, além de facilitar a aquisição das reações de equilíbrio e de proteção [14, 27, 28]. Estudos têm destacado importantes efeitos benéficos relacionados ao tratamento de crianças e adolescentes com Síndrome de Down em sessões de Equoterapia, com melhora na participação, socialização, coordenação motora global, especificamente nas tarefas como equilíbrio, salto unipodal e salto lateral, além da coordenação motora global e diminuição da variabilidade da Frequência Cardíaca (FC) nestes indivíduos [1, 29]. Durante as sessões de Equoterapia ocorrem movimentos tridimensionais proporcionados pela andadura do cavalo, que desperta no corpo do praticante uma grande quantidade de estímulos sensoriais e neuromusculares, que vão interferir diretamente no desenvolvimento global e na aquisição de habilidades motoras. A Equoterapia contribui para a melhora da marcha, melhora do equilíbrio e estabilidade da musculatura do tronco, pois seu praticante deve ficar equilibrado no animal, fazendo ajustes de quadril, membros superiores e cabeça [1]. Torquato et al. [30] em um estudo com crianças e adolescentes com Síndrome de Down, onde os autores compararam o tratamento de fisioterapia convencional à Equoterapia, demonstraram uma significativa melhora dos parâmetros de equilíbrio estático e dinâmico nas crianças e adolescentes com Síndrome de Down praticantes de fisioterapia convencional, ou 11 seja, em cinesioterapia, quando comparados às crianças e adolescentes que praticaram Equoterapia. O presente estudo verificou a importância do tratamento relacionado à Equoterapia em crianças e adolescentes com Síndrome de Down. Entretanto é de suma importância observar que esta modalidade terapêutica é contra indicada nos casos de instabilidade atlanto-axial devido ao impacto provocado pela andadura do cavalo sob as articulações cervicais podendo gerar lesões medulares graves [2]. Modesto e Greguol [23] relataram em seu estudo que o treinamento resistido pode ser benéfico para indivíduos com Síndrome de Down, entretanto houve uma escassez de pesquisas relativas aos efeitos de programas de treinamentos com pesos para essa população. Os autores concluíram que há influência benéfica do treinamento resistido, sobre as variáveis força, composição corporal e equilíbrio na população de indivíduos com Síndrome de Down. Entretanto crianças com Síndrome de Down são muito propensas a apresentarem cardiopatias congênitas (40%) [2]. Portanto, a cinesioterapia, principalmente através de isometria deverá ser criteriosamente prescrita e sempre considerar os parâmetros de Frequência Cardíaca (FC), Índice de Saturação (SPO2), Frequência Respiratória (FR) e Pressão Arterial (PA) nesta população. O cansaço, a fadiga e as alterações de comportamento podem estar relacionados á distúrbios tireoidianos. Assim sendo o fisioterapeuta deverá estar atento a estes sintomas para que estes sejam detectados precocemente e encaminhe devidamente as crianças e adolescentes aos especialistas, para que o tratamento fisioterapêutico e a modalidade deste sejam adequados a cada indivíduo com Síndrome de Dow [2]. Leite et al. [22] relataram em seu estudo a necessidade de implementar atividades que favoreçam o desenvolvimento do controle postural, uma vez que este controle interfere no ganho de habilidades motoras, interferindo de forma importante no desenvolvimento neuropsicomotor de crianças e adolescentes com Síndrome de Down, com acréscimo de medidas preventivas quanto ao risco de quedas. Borssatti et al. [24] relataram em seu estudo que os exercícios lúdicos de força muscular não obtiveram efeitos significativos na marcha de indivíduos com Síndrome de Down, sendo necessário, portanto, adequar a atividades propostas à idade cronológica, e como 12 a amostra era constituída de adolescentes com média de idade de 19 anos, provavelmente a atividade lúdica não foi interessante para esta idade. O tratamento precoce na Síndrome de Down tem como objetivo melhorar o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas, senso-perceptivas, estimulação da linguagem e interatividades da vida diária. Dentre os artigos analisados foi observado que a ação precoce da Fisioterapia em crianças com Síndrome de Down é fundamental para auxiliar e alcançar as etapas do desenvolvimento neuropsicomotor de forma mais adequada possível, minimizando atrasos motores, favorecendo o ganho de equilíbrio e marcha, uma vez que a hipotonia global com consequente diminuição da força muscular interfere de forma significativa nos processos de aprendizagem e controle postural, na participação e socialização desta população [24, 28, 30, 31]. CONCLUSÃO O presente estudo de revisão concluiu que as modalidades fisioterapêuticas para o tratamento de crianças com Síndrome de Down mais publicados e mais utilizados atualmente são a Hidroterapia, Cinesioterapia e Equoterapia. Tais modalidades terapêuticas citam o ganho de força muscular com melhora do padrão de hipotonia, melhora de ajustes posturais, das reações de equilíbrio estático e dinâmico, melhora da coordenação motora, diminuição da obesidade, independência nas atividades de vida diária, melhora da interação com o meio, linguagem, cognição, atuando de forma significativa nos processos de participação e socialização de crianças e adolescentes com Síndrome de Down com otimização do desenvolvimento global desta população. REFERÊNCIAS 1. Costa F, Mendes H, Lucena L, Cabral P. Efeito da equoterapia na coordenação motora global em indivíduos com Síndrome de Down. 2017;30(Suppl 1):229–40. 13 2. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down. 1ª. Reimpressão. Brasília-DF, 2013 3. 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