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Info 520 STJ

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www.dizerodireito.com.br 
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a1
 
INFORMATIVO esquematizado 
 
Informativo 520 – STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos 
públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse 
conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: REsp 1.150.429-CE; REsp 1.220.934-RS; RMS 38.359-SE; 
REsp 1.357.139-DF; AgRg no REsp 1.090.784-DF; REsp 1.331.548-RJ; REsp 1.124.133-RJ; REsp 1.133.338-SP. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Concurso público (teste físico e candidata grávida) 
 
O STF e o STJ possuíam posição consolidada no sentido de que era permitida a remarcação de teste 
de aptidão física em concurso público com o objetivo de proporcionar a participação de candidata 
comprovadamente grávida, ainda que o edital não contivesse previsão nesse sentido. 
 
Ocorre que, no dia 15/5/2013, o Plenário do STF, ao julgar o RE 630733/DF (rel. Min. Gilmar 
Mendes), em regime de repercussão geral, decidiu, de forma genérica, que os candidatos em 
concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em 
razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se 
houver previsão no edital permitindo essa possibilidade. 
 
No RE 630733/DF não foi discutido especificamente o caso de uma candidata gestante, mas sim 
o de um candidato que apresentava problema de saúde. Após este acórdão, nem o STF nem o 
STJ tiveram a oportunidade de decidir novamente um processo envolvendo concurso público e 
remarcação da prova por conta de gravidez. Assim, será necessário aguardar para saber se a 
gestante continua ou não tendo direito de remarcação da prova física. 
Comentários Se, na data marcada para o teste físico do concurso público, a candidata estiver gestante e, 
com isso, impossibilitada de participar, ela terá direito de fazer prova em outro dia, mesmo 
que não haja previsão no edital autorizando? 
 
Posição tradicional do STF e STJ: 
SIM. No caso de gravidez, tanto o STF como o STJ entendiam, de forma tranquila, que era 
possível a remarcação de teste de aptidão física em concurso público com o objetivo de 
proporcionar a participação de candidata comprovadamente grávida, ainda que o edital não 
contivesse previsão nesse sentido. 
Precedentes: STJ. 6ª Turma. RMS 31.505-CE, julgado em 16/8/2012; STF. 1ª Turma. AI 825545 
AgR, julgado em 13/04/2011. 
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INFORMATIVO esquematizado 
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a2
 
Possível mudança de entendimento: 
No dia 15/5/2013, o Plenário do STF, ao julgar o RE 630733/DF (rel. Min. Gilmar Mendes), 
em regime de repercussão geral, decidiu que os candidatos em concurso público NÃO têm 
direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física em razão de circunstâncias 
pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previsão no 
edital permitindo essa possibilidade. 
 
Houve, portanto, uma alteração na jurisprudência do STF? 
Sim. Foi uma guinada na jurisprudência do STF, o que, por certo, irá também influenciar no 
entendimento do STJ: 
 
Antes Atualmente 
STF entendia ser possível a remarcação do 
teste físico do candidato no concurso, 
desde que devidamente comprovado 
motivo de força maior que afetasse a sua 
higidez física. Isso seria permitido mesmo 
que o edital do certame proibisse 
expressamente. 
Os candidatos em concurso público NÃO 
têm direito à prova de segunda chamada 
nos testes de aptidão física em razão de 
circunstâncias pessoais, ainda que de 
caráter fisiológico ou de força maior, salvo 
se houver previsão no edital permitindo 
essa possibilidade. 
 
Mesmo no caso da candidata grávida? 
Acredito que sim. Como já explicado acima, há precedentes recentes do STF e do STJ permitindo 
a remarcação das provas físicas para os casos de candidata grávida, mas penso que, com esta 
nova decisão do Pleno (em sede de repercussão geral), está superado o entendimento já que 
não foi feita qualquer ressalva no julgamento para situações de gravidez. 
Assim, em minha opinião, o STF e o STJ não irão mais admitir remarcação de teste físico para 
candidatos em concurso público, incluindo gestantes. 
 
No caso concreto noticiado neste informativo, o STJ afirmou que “é possível a remarcação de 
teste de aptidão física em concurso público com o objetivo de proporcionar a participação de 
candidata comprovadamente grávida, ainda que o edital não contenha previsão nesse sentido”. 
Ocorre que esta decisão do STJ foi proferida em 21/3/2013, antes, portanto, do novo 
entendimento do Plenário do STF construído no RE 630733/DF, de 15/5/2013. 
Após a decisão do STF, nem o STF nem o STJ tiveram a oportunidade de decidir novamente 
um processo envolvendo concurso público e remarcação da prova por conta de gravidez. 
Dessa forma, será necessário aguardar para se ter certeza se a gestante continua ou não 
tendo direito de remarcação da prova física, mas penso que não. 
Ação judicial 
pleiteando a 
remarcação 
do teste 
físico não é 
pedido 
jurídica-
mente 
impossível 
Como vimos acima, o entendimento majoritário atualmente é o de que os candidatos em 
concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física 
em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, 
salvo se houver previsão no edital permitindo essa possibilidade. 
 
Se, mesmo com esta posição jurisprudencial contrária, a pessoa decidir ajuizar uma ação 
pleiteando a remarcação de seu teste físico em concurso público, o juiz poderá deixar de 
apreciar este pedido, extinguindo o processo sem resolução do mérito, sob o argumento de 
que se trata de pedido juridicamente impossível? 
NÃO. Não é possível a extinção do processo sem resolução do mérito por impossibilidade 
jurídica do pedido (art. 267, VI, do CPC), tendo em vista que, a partir da análise da pretensão 
deduzida e independentemente de qualquer juízo de valor acerca do enquadramento da 
situação narrada como apta a caracterizar a alegada força maior, deve-se concluir que se 
trata, efetivamente, de pedido passível de apreciação pelo Poder Judiciário (STJ. 2ª Turma. 
REsp 1.293.721-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/4/2013). 
Processo STJ. 2ª Turma. RMS 37.328-AP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21/3/2013. 
 
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Responsabilidade civil do Estado no caso de suicídio de preso é objetiva 
 
A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por danos 
morais no caso de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional 
mantido pelo Estado. 
Nessas hipóteses, não é necessário perquirir eventual culpa da Administração Pública. 
Na verdade, a responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é OBJETIVA. 
Comentários Caso uma pessoa que esteja presa cometa suicídio, o Estado terá o dever de indenizar seus 
familiares? Em caso positivo, qual seria o tipo de responsabilidade? 
SIM. O Estado tem o dever de indenizar os familiares do preso que cometeu suicídio dentro 
de uma unidade prisional. 
 
Para a jurisprudência do STF e do STJ, trata-se de responsabilidade civil OBJETIVA. 
 
Assim, os familiares do preso, para serem indenizados, não precisarão provar eventual 
culpa/omissão da Administração Pública em caso de suicídio de detento, já que a 
responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é objetiva em face dos riscos 
inerentes ao meio em que eles estão inseridos por uma conduta do próprio Estado. 
 
Há precedente recente do STF no mesmo sentido: ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, Segunda Turma, julgado em 28/08/2012. 
 
O Min. Gilmar Mendes, em seu voto, foi bastante claro: 
“o Estado tem o dever objetivo de zelar pela integridade física e moral do preso sob sua 
custódia, atraindo, então, a responsabilidade civil objetiva, em razão de sua conduta 
omissiva, motivo pelo qual é devida aindenização decorrente da morte do detento, ainda 
que em caso de suicídio.” 
 
Este tema é bastante explorado nos concursos públicos, tendo sido cobrado este ano na 
prova do CESPE de Juiz Federal do TRF da 3ª Região. Confira: 
Conforme jurisprudência do STF, no caso de suicídio de detento que esteja sob a custódia do 
sistema prisional, configurar-se-á a responsabilidade do Estado na modalidade objetiva, 
devido a conduta omissiva estatal. (alternativa CORRETA) 
Processo STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.305.259-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/4/2013. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO/EDUCACIONAL 
Revalidação de diploma estrangeiro 
 
É legal a exigência feita por universidade, com base em resolução por ela editada, de prévia 
aprovação em processo seletivo como condição para apreciar pedido de revalidação de 
diploma obtido em instituição de ensino estrangeira. 
Comentários O registro de diploma estrangeiro no Brasil está submetido a prévio processo de 
revalidação, segundo o regime previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira 
(art. 48, § 2º, da Lei 9.394/1996). 
Não existe qualquer dispositivo legal que proíba a universidade de exigir um processo 
seletivo para aceitar o pedido de revalidação de diploma, além do que isso está inserido na 
autonomia didático-científica e administrativa da Instituição (art. 53, V, da Lei 9.394/1996 e 
art. 207 da CF/88). 
Portanto, desde que observados os requisitos legais e os princípios constitucionais, deve-se 
garantir às universidades a liberdade para editar regras específicas acerca do procedimento 
destinado à revalidação de diplomas expedidos por universidades estrangeiras. 
Processo STJ. 1ª Seção. REsp 1.349.445-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/5/2013. 
ATENÇÃO 
 
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DIREITO CIVIL 
 
Responsabilidade civil dos bancos por compensação de cheque adulterado 
 
O banco responde objetivamente pelos danos causados ao correntista por conta da compensação 
de cheque falsificado (sem culpa do cliente), ainda que a falsificação seja sofisticada. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética (baseada no caso concreto): 
João comprou uma mercadoria na loja e pagou com um cheque de 50 reais. 
No mês seguinte, o consumidor foi surpreendido com a compensação do cheque em sua 
conta no valor de 5.000 reais. 
Ficou comprovado que a loja, para obter capital de giro, cedeu o cheque a um terceiro. 
Este, sem que a loja soubesse, foi o responsável pela adulteração do valor do cheque e por 
sua apresentação. 
Vale ressaltar que ficou demonstrado que a falsificação do cheque foi sofisticada e somente 
poderia ter sido percebida por aparelhos especializados de grafotécnica (é o chamado “falso 
hábil”). 
 
João ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra o banco. 
 
O banco possui responsabilidade civil sobre o prejuízo causado a João? 
SIM. 
 
O parágrafo único do art. 39 da Lei n. 7.357/85 (Lei do Cheque) estabelece que: “o banco 
sacado responde pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou alterado, salvo dolo ou 
culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário, dos quais poderá o sacado, no todo 
ou em parte, reaver a que pagou”. 
 
Assim, doutrina e o STJ afirmam que os bancos possuem responsabilidade OBJETIVA pelo 
pagamento de cheque falso, falsificado ou alterado, a qual somente é elidida pela culpa 
exclusiva do próprio correntista, do endossante ou do beneficiário. 
 
Com base neste dispositivo e no CDC, podemos assim sintetizar a responsabilidade dos 
bancos no caso de cheque falso ou falsificado: 
 
 
RESPONSABILIDADE DOS BANCOS NO CASO DE CHEQUE FALSO OU FALSIFICADO 
1 
Inexistindo 
culpa do 
correntista 
(cliente) 
O banco faz o pagamento do 
cheque habilmente falsificado 
sem que o correntista tenha 
qualquer parcela de culpa no 
evento danoso. 
 
Ex: cheque falsificado por 
terceiros sem a participação do 
correntista (situação de João). 
Aplica-se a súmula 479-STJ: 
As instituições financeiras respondem 
objetivamente pelos danos gerados por 
fortuito interno relativo a fraudes e 
delitos praticados por terceiros no 
âmbito de operações bancárias. 
 
A falsificação promovida por terceiro é 
considerada fortuito interno (fato 
ligado aos riscos da atividade 
desenvolvida pelo fornecedor). Isso 
porque o banco tem o dever contratual 
de gerir com segurança as 
movimentações bancárias dos clientes. 
 
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2 
Culpa 
exclusiva do 
cliente 
A conduta do cliente foi a causa 
eficiente da ocorrência do dano. 
Ex: o cheque foi falsificado pelo 
próprio correntista ou por 
terceiro a seu mando. 
A responsabilidade do banco é 
excluída (art. 39, da Lei 7.357/1985 
c/c o art. 14, § 3º, II, do CDC). 
Cabe ao banco o ônus de provar a 
culpa exclusiva do correntista. 
3 
Culpa 
concorrente 
Ocorre quando a conduta do 
cliente foi uma concausa do 
evento danoso. 
O cliente contribuiu, de alguma 
forma, para que a falsidade 
existisse. 
O banco continua tendo 
responsabilidade pelo dano, no 
entanto, a culpa do cliente servirá 
para compensar (atenuar) o valor a 
ser pago pela instituição financeira. 
Cabe ao banco alegar e provar a 
concorrência de culpa. 
 
As conclusões expostas no quadro acima a atual “leitura” que deve ser feita da Súmula 28 
do STF: O estabelecimento bancário é responsável pelo pagamento de cheque falso, 
ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista. 
 
Na época em que a Súmula 28 foi editada (década de 60), o entendimento era o de que a 
culpa concorrente do cliente possibilitava o afastamento da responsabilidade bancária. Tal 
posição, atualmente, não é mais aceita, servindo a culpa concorrente, no máximo, como 
fator de atenuação do montante indenizatório. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.093.440-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/4/2013. 
 
 
Cooperativa (responsabilidade dos cooperados) 
 
A distribuição aos cooperados dos eventuais prejuízos da cooperativa deve ocorrer de forma 
proporcional à fruição, por cada um deles, dos serviços prestados pela entidade, ainda que 
haja alteração do estatuto por deliberação da Assembleia Geral Ordinária determinando que a 
distribuição dos prejuízos seja realizada de forma igualitária. 
Comentários Imagine a seguinte situação: 
Determinada cooperativa de médicos teve prejuízo em dois anos seguidos (2003 e 2005). 
A Assembleia Geral Ordinária (AGO) da cooperativa decidiu alterar o estatuto social e 
efetuar o rateio desse prejuízo de forma igualitária entre todos os cooperados, e não de 
modo proporcional aos serviços por eles usufruídos. 
 
A AGO poderia ter alterado o estatuto social da cooperativa? 
NÃO. A alteração do estatuto social de uma sociedade cooperativa é de competência 
exclusiva da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) e não da Assembleia Geral Ordinária 
(AGO), nos termos do art. 46, I, da Lei 5.764/71 (Lei das Cooperativas): 
Art. 46. É da competência exclusiva da Assembleia Geral Extraordinária deliberar sobre os 
seguintes assuntos: 
I - reforma do estatuto; 
 
Ainda que a alteração do estatuto tivesse sido feita pela AGE, seria legítima esta mudança 
para que os prejuízos fossem divididos igualitariamente? 
NÃO. Esta mudança no estatuto contraria o disposto no art. 89 da Lei n. 5.764/71: 
Art. 89. Os prejuízos verificados no decorrer do exercício serão cobertos com recursos 
provenientes do Fundo de Reserva e, se insuficiente este, mediante rateio, entre os 
associados, na razão direta dos serviços usufruídos, ressalvada a opção prevista no 
parágrafo único do artigo 80. 
 
INFORMATIVO esquematizado 
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a6
 
 
A ressalva contida no art. 80, parágrafo único, da Lei trata apenas da possibilidade do 
estatuto prever o rateio igualitário das despesas gerais da sociedade, as quais não se 
confundem necessariamente com os prejuízos. 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.303.150-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/3/2013. 
 
 
DIREITODO CONSUMIDOR 
 
Interpretação de cláusula mais favorável à parte aderente 
 
No caso de relação de consumo instrumentalizada por contrato de adesão, as cláusulas 
contratuais que foram redigidas pela própria seguradora devem ser interpretadas da forma 
mais favorável à parte que apenas aderiu ao contrato (consumidora aderente), de acordo com 
o que dispõe o art. 47 do CDC. 
 
Assim, em um determinado contrato de seguro de saúde, havia uma cláusula prevendo que os 
tratamentos de saúde necessários ao filho da segurada também seriam cobertos, desde que 
este tivesse nascido durante a vigência do pacto. O filho de uma segurada dependente precisou 
de tratamento e a seguradora negou, afirmando que a cobertura restringe-se ao filho da 
“segurada titular” e que, no caso concreto, o indivíduo era filho da “segurada dependente”, 
razão pela qual não teria direito ao tratamento. 
 
O STJ deu razão à consumidora e afirmou que, caso a seguradora pretendesse restringir o 
campo de abrangência da cláusula contratual, deveria ter especificado serem elas aplicáveis 
apenas à titular do seguro. 
Comentários No caso de relação de consumo instrumentalizada por contrato de adesão, as cláusulas 
contratuais que foram redigidas pela própria seguradora devem ser interpretadas da forma 
mais favorável à parte que apenas aderiu ao contrato (consumidora aderente), de acordo 
com o que dispõe o art. 47 do CDC: 
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor. 
 
Sérgio Cavalieri Filho, citado pelo Ministro Relator, afirma que: 
“(...) essa é a sábia regra do art. 47 do CDC: quem escreve não tem a seu favor o que 
escreveu. E não somente as cláusulas ambíguas dos contratos de adesão se interpretam em 
favor do aderente, contra o estipulador, mas o contrato de consumo como um todo. A regra 
geral, assevera Cláudia Lima Marques, é que se interprete o contrato de adesão, 
especialmente as suas cláusulas dúbias, contra aquele que redigiu o instrumento. É a 
famosa interpretação contra proferente (ob. cit., p. 75).” (CAVALIERI FILHO, Sérgio. 
Programa de Direito do Consumidor. 2ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010, p. 143). 
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.133.338-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 2/4/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMATIVO esquematizado 
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a7
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
Contrato de abertura de crédito rotativo não é título executivo 
 
O contrato de abertura de crédito rotativo, ainda que acompanhado dos extratos relativos à 
movimentação bancária do cliente, não constitui título executivo. 
Aplica-se a Súmula 233 do STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de 
extrato da conta-corrente, não é título executivo. 
Comentários É comum que os bancos, ao oferecerem seus serviços, façam um contrato de abertura de 
crédito rotativo com seus clientes. 
Por meio deste contrato de abertura de crédito rotativo, o banco se compromete a 
disponibilizar determinada quantia (chamada comumente de “limite”) ao seu cliente, que 
poderá, ou não, utilizar-se desse valor a título de empréstimo. É vulgarmente conhecimento 
como “cheque especial”. 
Ex: João abre uma conta corrente no Banco “B”. No meio de todos os papeis que ele é 
“convidado” a assinar estará um contrato de abertura de crédito rotativo por meio do qual, 
mesmo que João não tenha dinheiro em sua conta, ele terá disponível 1 mil reais para sacar 
sempre que quiser. Este valor, se sacado, constitui-se em um empréstimo, devendo ser 
devolvido com juros e correção monetária ao banco. 
 
O contrato de abertura de crédito rotativo é título executivo? 
NÃO. O contrato de abertura de crédito rotativo não possui liquidez e certeza, considerando 
que o ajuste menciona apenas que o correntista poderá sacar, como empréstimo, 
determinado valor até um certo limite (ex: 1 mil reais). Isso não significa, necessariamente, 
que a pessoa tenha decidido usar este valor e que efetivamente tenha sacado todo o limite, 
podendo ter se utilizado de apenas parte da quantia. 
Quando ocorre a assinatura do contrato de abertura de crédito pelo consumidor, ocasião 
em que a obrigação nasce para a instituição financeira de disponibilizar determinada 
quantia ao seu cliente, não há dívida líquida e certa, sendo que os valores eventualmente 
utilizados são documentados unilateralmente pela própria instituição, sem qualquer 
participação, muito menos consentimento, do cliente. 
 
O contrato de abertura de crédito fixo é título de crédito? 
SIM. O contrato de abertura de crédito rotativo é diferente do contrato de abertura de 
crédito fixo. No caso de crédito fixo, o cliente celebra um contrato com o banco, por meio 
do qual a instituição financeira empresta um valor certo ao cliente, sendo esta quantia 
creditada na conta do correntista após a assinatura do termo. Trata-se de um mútuo 
feneratício (empréstimo de valor). 
 
Como explica o Min. Luis Felipe Salomão: 
“O contrato de crédito fixo, como a própria nomenclatura evidencia, consiste na concessão, 
por parte da instituição financeira ao seu cliente, de valor certo, com termo e encargos pré-
definidos, sendo que, no momento da assinatura do contrato, o contratante sabe de 
antemão o valor da dívida, com ela assentindo mediante firma.” 
 
Resumindo: 
O contrato de abertura de crédito fixo é título executivo. 
O contrato de abertura de crédito rotativo NÃO é título executivo (aplica-se a súmula 233-STJ). 
 
A súmula 233 do STJ refere-se ao contrato de abertura de crédito rotativo: 
Súmula 233 do STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato 
da conta-corrente, não é título executivo. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.022.034-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/3/2013. 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Competência para ação de indenização em que os fatos que geraram o dano 
ocorreram durante a relação de trabalho e em decorrência dela 
 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de execução por quantia certa, proposta 
por empregador em face de seu ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a 
contrato de mútuo celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo 
automotor particular destinado ao exercício das atividades laborais. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética: 
João (empregado da empresa B) queria comprar um carro, mas não possuía recursos 
suficientes para isso. 
A empresa também tinha interesse que João comprasse o automóvel porque isso ajudaria 
em seu trabalho, considerando que ele era vendedor externo. 
Diante disso, ficou acertado que a empresa faria o empréstimo do dinheiro (contrato de 
mútuo) para João, a fim de que ele adquirisse o veículo. As parcelas do empréstimo seriam 
descontadas do pagamento mensal do funcionário. 
O empregado saiu da empresa e deixou de pagar as prestações. 
 
A empresa deseja ajuizar uma execução por quantia certa contra o ex-empregado. Qual é o 
juízo competente para esta ação? 
JUSTIÇA DO TRABALHO. 
 
Segundo decidiu o STJ, a formalização do contrato de empréstimo somente ocorreu porque 
o ex-empregado prestava serviços à empresa. Dessa forma, as peculiaridades do 
financiamento, como, por exemplo, as condições mais favoráveis do empréstimo, aliado a 
seu propósito específico, qual seja a aquisição de automóvel inicialmente destinado ao 
exercício da função assumida na empresa, apontam, necessariamente, para um pacto 
acessório ao contrato de trabalho. 
 
A contratação, assim, relaciona-se com o fornecimento de utilidade ínsita ao trabalho 
desenvolvido, destinada a viabilizar a própria prestação dos serviços. 
 
Desse modo, verifica-se que a ação de execução possui como causa de pedir pacto 
acessório à relação de trabalho e somente assumido em função dela, sendo manifesta a 
competência da Justiça Laboral, nos termos do art. 114, I e IX, da CF/88. 
Processo STJ. 2ª Seção. CC 124.894-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/4/2013.Competência da Justiça comum para ação de indenização proposta por pastor contra sua antiga 
igreja baseada em outros fundamentos que não na relação de trabalho 
 
Determinado pastor ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a igreja que 
pertencia, alegando que foi desligado sem um justo motivo e em desacordo com as regras da igreja. 
Na petição inicial afirma expressamente que não era empregado da igreja. 
Quem irá julgar esta demanda é á Justiça comum estadual, considerando que a controvérsia 
posta na demanda deriva de relação jurídica de cunho eminentemente religioso e civil. 
A causa de pedir e o pedido deduzidos na exordial não se referem à existência de relação de 
trabalho entre as partes. Logo, é incompetente a Justiça do Trabalho. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Samuel era pastor de determinada igreja evangélica, tendo sido desligado da congregação 
 
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por decisão de um pastor hierarquicamente superior. 
Diante disso, Samuel ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a 
igreja, afirmando que somente poderia ter sido expulso por deliberação da Assembleia, 
conforme estatuto da congregação. Alegou, ainda, que seu afastamento foi "ilegal", 
motivado, provavelmente, pelo término da relação conjugal com sua esposa e que tal fato 
seria inaceitável, pois se trataria de episódio relacionado exclusivamente à sua vida íntima. 
 
Quem será competente para julgar esta demanda? Justiça comum ou Justiça do Trabalho? 
JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. 
 
Segundo o STJ, a competência para o julgamento de uma ação é fixada em razão da 
natureza da causa. 
 
E como se define a natureza de uma causa? 
A natureza da causa é definida pelo pedido e pela causa de pedir que foram apresentados 
pelo autor na petição inicial. 
Desse modo, a competência é definida pelo que o autor alega e pede na ação. 
 
No caso concreto, o pedido e a causa de pedir deduzidos pelo autor relacionam-se com 
aspectos ligados à política interna da igreja na relação com seus ministros, envolvendo 
direitos e garantias constitucionais de liberdade e exercício de culto e de crença religiosos 
(CF, art. 5º, VI e VIII). Logo, a competência para processar e julgar a lide é da Justiça 
Comum. 
 
Como se observa na petição inicial do autor, a ação proposta não tem causa de pedir e 
pedidos fundados em eventual relação de trabalho entre as partes. Em momento algum da 
exordial o autor afirma ter relação de trabalho com a ré, assim como não postula o 
pagamento de nenhuma verba de natureza trabalhista. 
 
Na verdade, o autor afirma justamente o contrário. Na réplica apresentada à contestação 
atesta peremptoriamente que: “não pleiteia direitos trabalhistas, como reza as 
jurisprudências apostas na Contestação; se os pleiteasse com certeza seria na Justiça do 
Trabalho; mas como busca indenização pelos danos sofridos moralmente e materialmente o 
faz através da Justiça comum.” 
 
Ora, se a parte autora alega que o pedido deduzido na exordial não decorre de nenhum 
vínculo de natureza trabalhista com a entidade religiosa ré, a competência para julgamento 
do pedido de indenização por danos morais e materiais não pode ser da Justiça do 
Trabalho, que somente julga danos morais e materiais decorrentes de relação de trabalho. 
 
Não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demanda em que a causa de pedir e o 
pedido deduzidos na inicial não guardam relação com as matérias de competência da 
Justiça Laboral elencadas no art. 114 da CF/88. 
Processo STJ. 2ª Seção. CC 125.472-BA, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/4/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apelação e causa madura 
 
O tribunal, ao apreciar apelação interposta em face de sentença que tenha reconhecido a 
prescrição da pretensão veiculada em ação monitória fundada em cheques prescritos que não 
circularam, não pode desde logo julgar a lide, mediante a aplicação do procedimento previsto 
no § 3º do art. 515 do CPC (teoria da causa madura), na hipótese em que, existindo dúvida 
plausível acerca da entrega da mercadoria que dera origem à emissão dos cheques, não tenha 
havido, em 1ª instância, a produção e análise das provas. 
Havia dúvida sobre a entrega ou não das mercadorias que deram origem à emissão dos 
cheques. Dessa forma, a resolução do mérito da causa dependia da produção de provas, sendo 
que as partes não tiveram esta oportunidade em virtude da extinção precipitada do processo. 
Por essa razão, o STJ determinou o retorno dos autos à 1ª instância para que abra a 
oportunidade de produção de provas. 
Comentários O § 3º do art. 515 do CPC estabelece o seguinte: 
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal 
pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver 
em condições de imediato julgamento. 
 
Este dispositivo permite que o TJ ou o TRF, ao julgar a apelação interposta contra sentença 
terminativa, julgue ele próprio (o Tribunal) o mérito da ação caso entenda que o juiz não 
deveria ter extinguido o processo sem resolução do mérito. 
 
Ex: “A” ajuíza uma ação contra “B” e o magistrado profere sentença extinguindo o processo 
sem resolução do mérito por entender que o autor seria parte ilegítima (art. 267, VI, do 
CPC). “A” interpõe apelação ao TJ. O Tribunal analisa o recurso e entende que “A” é sim 
parte legítima, ou seja, não havia razão jurídica para o magistrado ter extinguido o processo 
sem examinar o mérito. Ao invés de mandar o processo de volta à 1ª instância para analisar 
o mérito, o próprio TJ poderá julgar o mérito da demanda. Para isso, no entanto, a causa 
tem que versar exclusivamente sobre matéria de direito e deve estar em condições de 
imediato julgamento. 
 
O § 3º do art. 515 é denominado por alguns doutrinadores e julgados de “teoria da causa 
madura”. 
 
Requisitos para aplicação do § 3º do art. 515: 
 
a) O juiz deve ter extinguido o 
processo sem julgamento do 
mérito, nos termos do art. 
267 do CPC (exceção no caso 
de prescrição e decadência). 
Em regra, para que seja aplicado o § 3º do art. 515, a 
sentença examinada pelo Tribunal deve ter sido 
terminativa, ou seja, fundada em um dos incisos do 
art. 267 do CPC. 
Vale ressaltar, no entanto, que, se a apelação for 
interposta contra sentença que reconheceu a 
prescrição ou a decadência, caso o Tribunal discorde 
do juiz, também será possível aplicar a teoria da 
causa madura. mesmo se tratando de matérias 
elencadas no inciso IV do art. 269 do CPC (neste 
sentido: REsp 274.736/DF). 
b) A parte deve ter interposto 
recurso de apelação. 
O § 3º está ligado ao art. 515, que trata sobre a 
apelação. Por conta disso, o entendimento majoritário 
no STJ e STF é o de que a teoria da causa madura 
somente se aplica quando o Tribunal estiver julgando 
uma apelação. 
 
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 Assim, por exemplo, para a maioria dos julgados do STJ 
e STF, o § 3º do art. 515 NÃO pode ser adotado pelo 
Tribunal no julgamento de recurso ordinário contra 
sentença em mandado de segurança (posição a ser 
adotada nos concursos). 
 
Vale mencionar que o tema é polêmico e que a doutrina 
critica esta posição, afirmando que a regra deste § 3º 
pode ser aplicada, por analogia, a outros recursos, como 
é o caso do recurso ordinário (há decisões da 1ª Turma 
do STJ neste sentido). 
c) A causa em análise deve 
tratar sobre questão 
exclusivamente de direito 
(poderá também ser aplicada 
se a questão for de direito e 
de fato, mas não houver 
necessidade de se 
produzirem provas). 
Cuidado: a redação literal do § 3º exige que a causa 
verse sobre questão exclusivamente de direito. No 
entanto, o STJ amplia esta possibilidade e afirma que o 
mencionado dispositivo deve ser interpretado em 
conjunto com o art. 330, o qual permite ao magistrado 
julgar antecipadamente a lide se esta versar unicamente 
sobre questões de direito ou, "sendo de direito e defato, 
não houver necessidade de produzir prova em 
audiência": 
 
“A regra do art. 515, § 3º, do CPC deve ser interpretada 
em consonância com a preconizada pelo art. 330, I, do 
CPC, razão pela qual, ainda que a questão seja de direito 
e de fato, não havendo necessidade de produzir prova 
(causa madura), poderá o Tribunal julgar desde logo a 
lide, no exame da apelação interposta contra a sentença 
que julgara extinto o processo sem resolução de 
mérito.” (EREsp 874.507/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves 
Lima, Corte Especial, julgado em 19/06/2013) 
d) A causa deve estar em 
condições de imediato 
julgamento. 
A causa deve estar madura, ou seja, pronta para 
julgamento imediato, sem que o Tribunal precise tomar 
qualquer outra providência. Se ainda for necessária 
qualquer outra providência por parte do Tribunal, não se 
aplica o § 3º do art. 515 do CPC. 
 
Para que se aplique o § 3º do art. 515 é necessário que a parte recorrente tenha requerido 
expressamente esta providência quando interpôs o recurso ou o Tribunal poderá aplicar a 
teoria da causa madura de ofício? 
A regra prevista no § 3º do art. 515 do CPC pode ser aplicada de ofício pelo Tribunal, ou 
seja, mesmo que o recorrente não tenha requerido esta providência em seu recurso. 
Assim, conforme a jurisprudência do STJ, ainda que não exista pedido expresso da parte 
recorrente, afastada a extinção do processo sem exame do mérito, pode o Tribunal, de 
imediato, julgar o feito, aplicando-se a teoria da causa madura, nos termos do art. 515, § 3º, 
do CPC (AgRg no AREsp 93.707/SP, Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, julgado em 05/02/2013). 
 
Caso concreto: 
No caso concreto, a empresa “E” manejou uma ação monitória contra “W” fundada em 
cheques prescritos. 
O juiz extinguiu o processo sem resolução do mérito, afirmando que já havia passado o 
prazo para o ajuizamento da ação monitória (estava prescrita). 
 
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A empresa “E” interpôs apelação e demonstrou que o magistrado contou errado o prazo 
prescricional. 
Assim, o Tribunal de Justiça afirmou que realmente a ação monitória não estava prescrita. 
 
Indaga-se: o TJ poderia aplicar o § 3º do art. 515 do CPC e julgar o mérito da ação monitória? 
Em tese sim, considerando que os dois primeiros requisitos estariam presentes (juiz 
extinguiu o processo por conta de prescrição e a parte interpôs apelação). 
Ocorre que, no caso concreto, o TJ não poderia desde logo julgar a lide, mediante a 
aplicação do § 3º do art. 515 do CPC porque a causa não estava madura e havia uma 
discussão ainda pendente sobre a existência ou não do negócio jurídico subjacente que deu 
ensejo à emissão dos cheques. 
Havia dúvida sobre a entrega ou não das mercadorias que deram origem à emissão dos 
cheques e, em primeira instância, não houve o exercício de contraditório e ampla defesa 
sobre este tema, já que o magistrado extinguiu o processo pela prescrição. 
Dessa forma, a resolução do mérito da causa dependia da produção de provas, sendo que 
as partes não tiveram esta oportunidade em virtude da extinção precipitada do processo. 
Por essa razão, o STJ determinou o retorno dos autos à 1ª instância para que abra a 
oportunidade de produção de provas. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.082.964-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/3/2013. 
 
 
Embargos de divergência 
 
Não é possível a utilização de decisão monocrática como paradigma em embargos de 
divergência para comprovação do dissídio jurisprudencial, ainda que naquela decisão se tenha 
analisado o mérito da questão controvertida. 
Comentários Os embargos de divergência são um recurso previsto nos arts. 496, VIII e 546 do CPC, bem 
como nos regimentos internos do STF e do STJ. 
 
Este recurso possui dois objetivos: 
1) Obter a reforma ou anulação do acórdão embargado; 
2) Uniformizar a jurisprudência interna do STF e do STJ, evitando que prevaleçam decisões 
conflitantes. 
 
Só cabem os embargos de divergência contra decisão de: 
 turma do STJ em julgamento de Recurso especial; 
 turma do STF em julgamento de Recurso extraordinário. 
 
A decisão da turma do STJ deve ter sido divergente em relação ao julgamento de outra 
turma, da seção ou do órgão especial do STJ. 
 
A decisão da turma do STF deve ter sido divergente em relação ao julgamento de outra 
turma ou do plenário do STF. 
 
Ao propor este recurso, o recorrente deverá realizar uma comparação entre o acórdão 
recorrido e um acórdão paradigma do mesmo Tribunal, provando que o acórdão recorrido 
foi divergente do acórdão paradigma. 
 
Não é possível a utilização de decisão monocrática (quando o Relator decide sozinho) como 
paradigma em embargos de divergência para comprovação do dissídio jurisprudencial, 
ainda que naquela decisão se tenha analisado o mérito da questão controvertida. Isso 
 
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porque o acórdão paradigma deve ter sido proferido por turma, seção ou órgão especial. 
 
No caso concreto julgado, a parte queria opor embargos de divergência utilizando como 
paradigma uma decisão proferida monocraticamente pelo Ministro Relator (sem 
participação da Turma, Seção ou Corte Especial), razão pela qual não foi admitido pelo STJ. 
Processo STJ. 3ª Seção. AgRg nos EAREsp 154.021-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/3/2013. 
 
 
Continência no caso de ações coletivas propostas por entidades distintas 
 
No caso em que duas ações coletivas tenham sido propostas perante juízos de competência 
territorial distinta contra o mesmo réu e com a mesma causa de pedir e, além disso, o objeto de 
uma, por ser mais amplo, abranja o da outra, competirá ao juízo da ação de objeto mais amplo 
o processamento e julgamento das duas demandas, ainda que ambas tenham sido propostas 
por entidades associativas distintas. 
Comentários Em 2009, houve um derramamento de óleo causado pela Petrobrás no litoral da Bahia. 
Diante disso, foram propostas duas ações de indenização: 
 a primeira delas, pela Colônia de Pescadores de São Francisco do Conde/BA, na vara da 
comarca de São Francisco do Conde/BA, pedindo indenização para os pescadores deste 
município; 
 a segunda, ajuizada pela Federação dos Pescadores e Aquicultores da Bahia na Vara 
Cível de Salvador/BA, pleiteando indenização para os pescadores de diversos 
municípios, dentre eles os de São Francisco do Conde/BA. 
 
Existe continência ou conexão neste caso? 
 
A conexão está prevista no art. 103 do CPC: 
Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a 
causa de pedir. 
 
A continência, por seu turno, está descrita no art. 104: 
Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às 
partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. 
 
Toda continência é também uma conexão. Isso porque em toda continência a causa de 
pedir é igual e isso já é conexão. Mas, tecnicamente, houve mera conexão ou efetivamente 
ocorreu continência? 
 
No caso concreto, ficou reconhecida a existência de CONTINÊNCIA (art. 104 do CPC). 
 
Requisitos da continência: 
Os requisitos da continência são os seguintes: 
 Duas ou mais ações; 
 Partes iguais nas ações; 
 Causas de pedir iguais nas ações; 
 O pedido de uma ação abrange o da outra. 
 
O polo ativo da segunda ação (proposta em Salvador) é mais amplo e abrange não apenas 
os pescadores de São Francisco do Conde/BA, mas também de outros municípios. 
O aspecto subjetivo da litispendência nas ações coletivas deve ser visto sob a ótica dos 
beneficiários atingidos pelos efeitos da decisão, e não pelo simples exame das partes que 
 
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figuram no polo ativo da demanda. Assim, considera-se que há partes iguais porque os 
moradores de São Francisco do Conde/BA serão atingidos pelo resultado das duas 
demandas. Não se considera como partes, para fins de continência, a Colônia e a Federação 
de pescadores. 
 
O objeto (pedido) da segunda ação (propostaem Salvador) é mais amplo que o da primeira, 
pois abrange indenização não apenas para os pescadores de São Francisco do Conde/BA 
como também de outros municípios. 
 
Quem irá julgar a causa? 
Competirá ao juízo da ação de objeto mais amplo o processamento e julgamento das duas 
demandas. Logo, a competência será da Vara de Salvador. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.318.917-BA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/3/2013. 
 
 
Execução provisória em ação coletiva 
 
No âmbito de execução provisória em processo coletivo, para a aplicação da regra constante do 
art. 475-O, § 2º, I, do CPC (que admite a dispensa de caução para o levantamento de depósito 
em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa 
resultar grave dano ao executado), deve o magistrado considerar a situação individual de cada 
um dos beneficiários. 
Comentários Em 2009, houve um derramamento de óleo causado pela Petrobrás no litoral da Bahia. 
Diante disso, a Federação dos Pescadores da Bahia ajuizou ação coletiva pleiteando, dentre 
outros pedidos, liminarmente, o pagamento a pescadores de uma quantia de 500 reais a 
título de "salário", diante dos prejuízos decorrentes da impossibilidade de exercício da 
atividade pesqueira. 
A antecipação de tutela foi deferida, com a determinação do pagamento da pensão mensal 
de 500 reais para cada substituído. 
 
É cabível execução provisória em processo coletivo? 
SIM. É possível execução provisória em processo coletivo, que deverá obedecer as regras 
previstas no CPC (art. 475-O). 
 
Os pescadores poderão sacar este dinheiro depositado pela Petrobrás por força da decisão 
que concedeu a tutela antecipada? 
SIM, no entanto, como se trata de uma forma de execução provisória (irão se beneficiar da 
decisão antes do trânsito em julgado) deverão observar as regras da execução provisória 
trazidas pelo art. 475-O. 
 
No caso de execução provisória de quantia, em regra, a pessoa beneficiada somente poderá 
levantar o dinheiro depositado pelo executado se prestar uma caução suficiente e idônea, 
arbitrada de plano pelo juiz. Isso porque, se ao final, a decisão for revertida, o executado 
terá como ser ressarcido do valor que depositou e foi sacado. Esta previsão está no 475-O, 
III, do CPC: 
Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo 
que a definitiva, observadas as seguintes normas: 
III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de 
propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução 
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. 
 
 
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Existe alguma hipótese em que esta caução pode ser dispensada? 
SIM. A caução poderá ser dispensada nas hipóteses previstas nos incisos do § 2º do art. 475-O: 
I – na execução provisória de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, se o 
valor não exceder 60 salários-mínimos e desde que o exequente demonstre situação de 
necessidade; ou 
II – quando estiver pendente apenas agravo de instrumento contra a decisão que não 
admitiu recurso especial ou extraordinário, salvo se da dispensa puder resultar risco de 
grave dano, de difícil ou incerta reparação. 
 
Voltando ao caso concreto. Os pescadores poderão sacar o dinheiro depositado pela 
Petrobrás sem ter que prestar caução? Em outras palavras, poderão executar 
provisoriamente a decisão sem oferecer caução? 
SIM. A situação se enquadra no inciso I do § 2º do art. 475-O do CPC, tendo em vista que o 
valor que cada um irá receber é inferior a 60 salários-mínimos, enquadra-se como verba 
alimentar e os exequentes são pessoas que passam por situação de necessidade. 
 
No âmbito de execução provisória em processo coletivo, para a aplicação da regra 
constante do art. 475-O, § 2º, I, do CPC, o magistrado deve considerar a situação individual 
de cada um dos beneficiários. 
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.318.917-BA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/3/2013. 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Princípio da insignificância e existência de outras ações penais em curso 
 
O STJ decidiu que, mesmo sendo o acusado reincidente ou portador de maus antecedentes, 
deveria ser aplicado o princípio da insignificância no caso da subtração de 11 latas de leite em 
pó avaliadas em R$ 76,89 pertencentes a um supermercado. 
Comentários Princípio da insignificância e outras ações penais 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que 
respondam a outros inquéritos ou ações penais? 
Trata-se de tema ainda polêmico na jurisprudência do STF e do STJ, havendo decisões 
recentes nos dois sentidos. 
Não deveria, portanto, ser cobrado em provas objetivas. No entanto, em se tratando de 
concursos, tudo é possível. 
Posição que penso ser a mais segura para as provas (até o presente momento): 
Em regra, a existência de circunstâncias de caráter pessoal desfavoráveis, tais como o 
registro de processos criminais em andamento, a existência de antecedentes criminais ou 
mesmo eventual reincidência NÃO SÃO óbices, por si só, ao reconhecimento do princípio da 
insignificância. 
 
Assim, em tese, é possível aplicar o princípio da insignificância para réus reincidentes ou 
que respondam a inquéritos ou ações penais. No entanto, existem muitos julgados do STF e 
do STJ que, no caso concreto, afastam esse princípio pelo fato do réu ser reincidente ou 
possuir diversos antecedentes de práticas delituosas, o que, segundo alguns Ministros, dá 
claras demonstrações de ser ele um infrator contumaz e com personalidade voltada à 
prática delitiva. 
Nesses casos, aplicar o princípio da insignificância seria um verdadeiro incentivo ao 
descumprimento da norma legal, especialmente tendo em conta aqueles que fazem da 
criminalidade um meio de vida. 
 
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Desse modo, de acordo com as peculiaridades do caso concreto, a existência de 
antecedentes pode demonstrar a reprovabilidade e ofensividade da conduta, o que 
afastaria o princípio da bagatela. 
 
Caso concreto 
No caso julgado pelo STJ e noticiado neste Informativo, o paciente havia sido condenado 
pelo furto de 11 latas de leite em pó avaliadas em R$ 76,89 pertencentes a um 
supermercado. Mesmo sendo o réu reincidente, o STJ entendeu que deveria ser aplicado o 
princípio da insignificância. 
Processo STJ. 6ª Turma. HC 250.122-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 2/4/2013. 
 
 
Homicídio culposo cometido por médico e causa de aumento do art. 121, § 4º do CP 
 
É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no caso de 
homicídio culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento de regra técnica no 
exercício da profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. 
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética (adaptada em relação ao caso concreto): 
Dr. M, médico, estava realizando uma cirurgia, no entanto, agiu com desídia (negligência) 
ao deixar de observar um procedimento médico indispensável ao caso. 
Em virtude disso, o paciente veio a óbito. 
 
Acusação 
Dr. M foi denunciado pela prática de homicídio culposo (§ 3º do art. 121 do CP), tendo o 
Ministério Público imputado também a causa de aumento prevista no § 4º do art. 121: 
 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para 
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
 
Defesa 
A defesa argumentou que não se pode utilizar a alegação de que o médico foi negligentepara enquadrar sua conduta como homicídio culposo (art. 121, § 3º) e valer-se da mesma 
alegação (negligência) para dizer que ele não observou regra técnica de profissão, aplicando 
a causa de aumento do § 4º. 
Para a defesa, houve bis in idem, tendo em vista que um mesmo fato (“deixar de observar 
determinado procedimento médico”) foi utilizado para enquadrar a conduta como 
homicídio culposo e também para fazer incidir a causa de aumento. 
 
Em um caso análogo a este, o que decidiu o STJ? 
A 5ª Turma do STJ, por maioria, decidiu que é possível a aplicação da causa de aumento de 
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e 
decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. 
 
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Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. 
Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância especial de aumento de pena 
prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade à 
conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de 
sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma 
culposa, sem a devida observância das regras técnicas de sua profissão. 
De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que concluir que 
essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em 
pelo menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e 
a outra para a majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal. 
Processo STJ. 5ª Turma. HC 181.847-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. para acórdão Min. Campos Marques 
(Desembargador convocado do TJ/PR), julgado em 4/4/2013. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Competência no caso de pessoa que “baixa” conteúdo pedófilo da internet 
 
Pessoa que “baixa” da internet e armazena, em computador da escola, vídeos pornográficos 
envolvendo crianças e adolescentes pratica o delito do art. 241-A, § 1º, I, do ECA, sendo esta 
conduta, neste caso concreto, crime de competência da Justiça Estadual. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
Adriano, funcionário de uma escola municipal, “baixou” da internet, no computador do 
trabalho, diversas imagens e vídeos pornográficos envolvendo crianças e adolescentes. 
 
Qual crime praticou Adriano? 
O STJ reconheceu que ele praticou, em tese, o delito previsto no art. 241-A, § 1º, I, do ECA: 
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por 
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, 
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo 
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens 
de que trata o caput deste artigo; 
 
O juiz de direito declinou a competência para a Justiça Federal, alegando que o Brasil é 
signatário da Convenção sobre Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das 
Nações Unidas, aprovada pelo Decreto legislativo 28/90 e pelo Decreto 99.710/90. Logo, a 
competência seria federal, nos termos do art. 109, V, da CF/88: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...) 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução 
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
 
A decisão declinatória do juiz de direito foi acertada? 
NÃO. Para que o delito seja de competência da Justiça Federal com base neste inciso V do 
art. 109 são necessários três requisitos: 
a) Previsão do fato como crime no Brasil; 
b) Compromisso de combater este crime assumido pelo Brasil em tratado ou convenção 
internacional; e 
 
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c) Relação de internacionalidade. 
 
A relação de internacionalidade ocorre quando: 
• iniciada a execução do crime no Brasil, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro; 
• iniciada a execução do crime no estrangeiro, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido 
no Brasil. 
 
Desse modo, não é suficiente que o crime esteja previsto em tratado ou convenção 
internacional para ser julgado pela Justiça Federal. 
 
No caso concreto, o delito do art. 241-A do ECA é um crime que o Brasil, por meio de 
tratado internacional, comprometeu-se a reprimir, considerando que somos signatários da 
Convenção sobre Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, 
aprovada pelo Decreto legislativo 28/90 e pelo Decreto 99.710/90. Logo, estão preenchidos 
os dois primeiros requisitos (letras “a” e “b”). 
 
Por outro lado, não se verifica a existência de relação de internacionalidade. Isso porque o 
agente fez o download das imagens para o computador e não as repassou para nenhum 
destinatário fora do país nem as disponibilizou em uma página da internet onde pudessem 
ser acessadas por quaisquer pessoas do mundo. 
 
Assim, o material de conteúdo pornográfico, após ter sido obtido pelo agente, não 
ultrapassou os limites da escola (ficou restrito àquele computador). 
Apesar da origem das imagens e vídeos ser da Internet, não há indícios de que o investigado 
tenha divulgado ou publicado o material pornográfico além das fronteiras nacionais, 
restringindo-se sua conduta a manter os arquivos no computador da escola. 
 
Em suma, trata-se de delito da competência da JUSTIÇA ESTADUAL. 
Processo STJ. 3ª Seção. CC 103.011-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/3/2013. 
 
 
Execução penal e prisão domiciliar 
 
Se não existir Casa do Albergado na localidade ou se não houver mais vagas, o que acontece com 
o condenado? 
Se não existe Casa do Albergado ou não há mais vagas disponíveis, o condenado deverá 
cumprir a pena em prisão domiciliar. Trata-se de uma hipótese de prisão domiciliar não 
prevista no art. 117 da LEP, mas concedida em homenagem aos princípios da dignidade da 
pessoa humana, da humanidade da pena e da individualização da pena. 
 
Se existir Casa do Albergado na localidade, mas as suas condições forem precárias, além de haver 
superlotação de presos, o condenado poderá ir para prisão domiciliar? 
1ª corrente: SIM. 6ª Turma do STJ. 
2ª corrente: NÃO. 5ª Turma do STJ. 
Comentários Prisão domiciliar do CPP x Prisão domiciliar da LEP 
Vale ressaltar que o tema “prisão domiciliar” é tratado tanto no CPP como na LEP, sendo, 
contudo, institutos diferentes, conforme se passa a demonstrar: 
 
 
 
 
 
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PRISÃO DOMICILIAR DO CPP PRISÃO DOMICILIAR DA LEP 
Arts. 317 e 318 do CPP. Art. 117 da LEP. 
O CPP, ao tratar da prisão domiciliar, está 
se referindo à possibilidade do réu, ao 
invés de ficar em prisão preventiva, 
permanecer recolhido em sua residência. 
A LEP, ao tratar da prisão domiciliar, está 
se referindo à possibilidade da pessoa já 
condenada cumprir a sua pena privativa de 
liberdade na própria residência. 
Trata-se de uma medida cautelar que 
substitui a prisão preventiva pelo 
recolhimento da pessoa em sua residência. 
Trata-se, portanto, da execução penal 
(cumprimento da pena) na própria 
residência. 
Hipóteses (importante): 
O juiz poderá substituir a prisão preventiva 
pela domiciliar quando o agente for: 
 
 
I - maior de 80 anos; 
 
II - extremamente debilitado por motivo de 
doença grave; 
 
III - imprescindível aos cuidados especiais 
de pessoa menor de 6 anos de idade ou 
com deficiência; 
 
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de 
gravidez ou sendo esta de alto risco. 
 
Obs: os magistrados, membros do MP, da 
Defensoria e da advocacia têm direito à 
prisão cautelar em sala de Estado-Maior. 
Caso não exista, devem ficar em prisão 
domiciliar. 
Hipóteses (importante): 
O preso que estiver cumprindo penano 
regime aberto poderá ficar em prisão 
domiciliar quando se tratar de condenado(a): 
 
I - maior de 70 anos; 
 
II - acometido de doença grave; 
 
 
III - com filho menor ou deficiente físico ou 
mental; 
 
 
IV - gestante. 
 
O juiz pode determinar que a pessoa fique 
usando uma monitoração eletrônica. 
O juiz pode determinar que a pessoa fique 
usando uma monitoração eletrônica. 
 
O julgado aqui noticiado refere-se à prisão domiciliar da LEP. 
 
Como vimos, as hipóteses da prisão domiciliar da LEP estão previstas no art. 117, sendo 
destinadas a condenados que estejam cumprindo pena no regime aberto. 
 
Algumas perguntas sobre o tema: 
 
1ª) Onde o condenado cumpre pena no regime aberto? 
Na Casa do Albergado (art. 93 da LEP). 
 
2º) Se não existir Casa do Albergado na localidade ou se não houver mais vagas, o que 
acontece com o condenado? 
A jurisprudência afirma que, se não existe Casa do Albergado ou não há mais vagas 
disponíveis, o condenado deverá cumprir a pena em prisão domiciliar (STF HC 96169). 
Trata-se de uma hipótese de prisão domiciliar não prevista no art. 117 da LEP, mas 
concedida em homenagem aos princípios da dignidade da pessoa humana, da humanidade 
da pena e da individualização da pena. 
 
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O reeducando que esteja no regime aberto deverá cumprir pena em casa de albergado ou 
estabelecimento adequado. 
Caso não exista casa de albergado na cidade ou se existir, mas não houver vagas, este 
condenado deverá cumprir a pena em prisão domiciliar até que surja vaga. 
STJ. 6ª Turma. HC 216.828-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 2/2/2012. 
 
3º) Se existir Casa do Albergado na localidade, mas as suas condições forem precárias, além 
de haver superlotação de presos, o condenado poderá ir para prisão domiciliar? 
1ª corrente: 
SIM. 6ª Turma do STJ. 
2ª corrente: 
NÃO. 5ª Turma do STJ. 
(...) A superlotação e a precariedade do 
estabelecimento penal, é dizer, a ausência 
de condições necessárias ao cumprimento 
da pena em regime aberto, permite ao 
condenado a possibilidade de ser colocado 
em prisão domiciliar, até que solvida a 
pendência (...) 
(HC 248.358/RS, Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, 6ª Turma, j. 11/04/2013) 
Os argumentos de superlotação e de 
precárias condições da casa de albergado 
não permitem, por si sós, a concessão do 
benefício pleiteado. 
(HC 240.715/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª 
Turma, julgado em 23/04/2013) 
 
 
4º) É possível a concessão de prisão domiciliar a pessoa que esteja cumprindo pena em 
regime fechado ou semiaberto? 
Pela literalidade da LEP, somente teria direito à prisão domiciliar a pessoa condenada ao 
regime aberto que se enquadrasse em uma das hipóteses do art. 117 da LEP. No entanto, 
em hipóteses excepcionais, a jurisprudência tem autorizado que condenados que estejam 
no regime fechado ou semiaberto possam ter direito à prisão domiciliar desde que: 
 sejam portadores de doença grave; e 
 fique demonstrada a impossibilidade de receberem o tratamento adequado no 
estabelecimento prisional onde cumprem pena. 
 
(...) A jurisprudência tem admitido a concessão da prisão domiciliar aos condenados que se 
encontram em regime semiaberto e fechado, em situações excepcionalíssimas, como no 
caso de portadores de doença grave, desde que comprovada a impossibilidade da 
assistência médica no estabelecimento prisional em que cumprem sua pena. (...) 
(HC 244.540/GO, Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 21/05/2013) 
 
Processo STJ. 5ª Turma. HC 240.715-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/4/2013. 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
IPTU e unidades autônomas 
 
O Fisco, verificando a divisão do imóvel preexistente em unidades autônomas, pode cobrar o 
IPTU sobre as novas unidades autônomas, mesmo que estas ainda não tenham sido 
previamente registradas no cartório de imóveis. 
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada: 
O imóvel “X”, localizado na zona urbana do Município, medindo 1200m2, possuía matrícula 
e estava devidamente inscrito no Registro de Imóveis. 
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Cartório 
 
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Vale ressaltar que incidia IPTU sobre o referido imóvel. 
O proprietário deste bem decidiu desmembrá-lo em três outros imóveis de 400m2. Para 
isso, ele dividiu fisicamente o imóvel em três, construindo muros separando os terrenos. 
Segundo a Lei de Registros Públicos (Lei n. 6.015/73), o desmembramento tem que ser 
averbado na matrícula do imóvel originário, resultando na abertura de tantas matrículas 
quantos forem os imóveis dele resultantes. Em outras palavras, o proprietário deverá 
requerer o encerramento da matrícula mãe e a instituição de três matrículas novas. 
 
Antes que o proprietário fizesse tais alterações no registro do imóvel, o Fisco municipal, 
percebendo a modificação, efetuou o lançamento e cobrança de três IPTU’s, um sobre cada 
imóvel desmembrado. 
 
O proprietário do imóvel se insurgiu contra isso, alegando que somente após o registro 
imobiliário do desmembramento do imóvel é que o IPTU poderia incidir sobre cada área 
individualizada, deixando de recair sobre a área matriz. Em outros termos, argumentou que, 
enquanto houvesse apenas uma matrícula em relação ao imóvel, somente um IPTU deveria 
ser cobrado. 
 
A questão chegou até o STJ. O que foi decidido? 
O STJ decidiu que o Fisco, verificando a divisão do imóvel preexistente em unidades 
autônomas, pode cobrar o IPTU sobre as novas unidades autônomas, mesmo que estas 
ainda não tenham sido previamente registradas no cartório de imóveis. 
 
O art. 32 do CTN estabelece que o fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a 
posse do imóvel: 
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial 
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por 
natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do 
Município. 
 
O art. 34, por sua vez, estabelece que o contribuinte do IPTU é o proprietário, o titular do 
seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. 
 
A partir da análise desses dois dispositivos, o STJ chegou à conclusão de que é dispensável a 
exigência de prévio registro imobiliário das novas unidades para que se proceda ao 
lançamento do IPTU individualizado, uma vez que basta a configuração da posse de bem 
imóvel para dar ensejo à exação. 
 
Para que haja cobrança do IPTU basta que se verifique que foram acrescidas unidades 
autônomas ao imóvel, uma vez que os impostos reais (como é o caso do IPTU e do ITBI 
referem-se aos bens autonomamente considerados (REsp 722.752/RJ, Rel. Min. Herman 
Benjamin, Segunda Turma, DJe 11/11/2009). 
Processo STJ. 1ª Turma. REsp 1.347.693-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11/4/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
Aposentadoria por invalidez 
 
A concessão da aposentadoria por invalidez deve considerar não apenas os elementos 
previstos no art. 42 da Lei nº 8.213/91, mas também aspectos socioeconômicos, profissionais e 
culturais do segurado, ainda que o laudo pericial tenha concluído pela incapacidade somente 
parcial para o trabalho. 
Comentários O que é a aposentadoria por invalidez? 
A aposentadoria por invalidez é concedida à pessoa que for considerada incapaz para o 
trabalho e insusceptível de reabilitação para o exercício de outra atividade que lhe garanta 
a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nesta condição (art. 42 da Lei n. 
8.213/91). 
 
Como é comprovada esta incapacidade? 
A pessoa deverá ser submetida a exame médico-pericial, a cargo da Previdência Social 
(exame feito por médico habilitado e registrado no INSS), podendo o segurado, às suas 
expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança (§ 1º do art. 42). 
No caso da concessão do benefício estar sendo discutida judicialmente, o juiz poderá 
nomear um médico para realizar a perícia.Para que seja concedida esta espécie de aposentadoria, é necessário que a invalidez seja 
total? Em outras palavras, para ter direito à aposentadoria, o segurado deve estar inválido 
para toda e qualquer atividade laboral ou basta que esteja inválido para o trabalho que 
desempenhava anteriormente? 
Para a concessão da aposentadoria por invalidez, é necessário que a invalidez seja total e 
permanente e que não haja possibilidade do segurado ser reabilitado para exercer outra 
atividade laborativa, compatível com sua condição de saúde. 
 
Aposentadoria por invalidez = invalidez total e permanente + impossibilidade de reabilitação 
 
Diante disso, podemos concluir: 
 Se a invalidez for parcial e for possível a reabilitação do segurado em outra atividade, 
não será concedida a aposentadoria por invalidez; 
 Ao contrário, se a invalidez for parcial, mas a reabilitação do segurado se mostrar 
inviável, deverá ser concedida a aposentadoria por invalidez. 
 
A avaliação da invalidez e da (im)possibilidade de reabilitação deverá ser feita com base nas 
peculiaridades do caso concreto, levando-se em consideração os aspectos socioeconômicos, 
profissionais e culturais do segurado. Vejamos: 
 
Situação 1: Vitor, 20 anos de idade, ensino médio completo, era motorista de uma empresa 
privada em uma grande capital. Sofreu um acidente e ficou paraplégico. Trata-se de 
incapacidade parcial. Vitor poderá ser reabilitado para exercer outra atividade remunerada 
(exs: balconista, telefonista, atividades intelectuais etc.). Logo, não terá direito à 
aposentadoria por invalidez porque se mostra viável a sua reabilitação para que 
desempenhe outra profissão. 
 
Invalidez parcial e impossibilidade de reabilitação: 
Situação 2: João, 50 anos de idade, apenas alfabetizado, foi motorista de caminhão durante 
toda a sua vida profissional em uma pequena cidade do interior, nunca tendo tido outra 
 
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ocupação. Sofreu um acidente e ficou paraplégico. Trata-se de incapacidade parcial. Ocorre 
que, analisando os aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do segurado (idade, 
nível de escolaridade e experiência), percebe-se que é inviável a sua reabilitação para 
exercer outra atividade remunerada. Logo, terá direito à aposentadoria por invalidez. 
 
Neste mesmo sentido, podemos citar a Súmula 47 da TNU: 
Súmula 47-TNU: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve 
analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por 
invalidez. 
 
Assim, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o magistrado não está adstrito ao 
laudo, devendo considerar também aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do 
segurado a fim de examinar se será possível, ou não, seu retorno ao trabalho, ou a sua 
inserção no mercado de trabalho, mesmo porque a invalidez laborativa não é meramente o 
resultado de uma disfunção orgânica, mas uma somatória das condições de saúde e 
pessoais de cada indivíduo (AgRg no AREsp 81.329/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
Quinta Turma, julgado em 14/2/2012). 
Processo STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 283.029-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 9/4/2013. 
 
 
Desaposentação 
 
É possível a renúncia à aposentadoria por tempo de serviço (desaposentação) objetivando a 
concessão de novo benefício mais vantajoso da mesma natureza (reaposentação), com o 
cômputo dos salários de contribuição posteriores à aposentadoria anterior, não sendo exigível, 
nesse caso, a devolução dos valores recebidos em razão da aposentadoria anterior. 
Para o STJ, a aposentadoria, assim como os demais benefícios previdenciários, é um direito 
patrimonial disponível e, portanto, suscetível de desistência pelos seus titulares, prescindindo-
se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para 
a concessão de novo e posterior jubilamento. 
Comentários DESAPOSENTAÇÃO 
 
Conceito 
A desaposentação consiste no ato do segurado de renunciar a aposentadoria que recebe a 
fim de que possa requerer uma nova aposentadoria (reaposentação), desta vez mais 
vantajosa, no mesmo regime previdenciário ou em outro. 
 
Hipóteses mais comuns 
O pedido de desaposentação ocorre normalmente nos casos em que a pessoa se aposenta, 
mas continua trabalhando e, portanto, contribuindo. Assim, este tempo de contribuição 
após a primeira aposentadoria, se computado, gerará um provento maior, o que justifica a 
renúncia ao benefício que a pessoa está recebendo para que possa formular novo pedido 
de aposentação. 
É possível também que um aposentado pelo regime geral (INSS) faça um concurso e depois 
de anos trabalhando no cargo público concursado requeira a renúncia do benefício no 
regime geral para requerer uma nova aposentadoria no regime próprio dos servidores 
públicos utilizando o tempo de contribuição anterior. 
 
Mas a pessoa aposentada que estiver trabalhando deve pagar contribuição previdenciária? 
SIM. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que estiver exercendo 
ou que voltar a exercer atividade remunerada é segurado obrigatório em relação a essa 
atividade, ficando sujeito ao pagamento de contribuição previdenciária, para fins de custeio 
da Seguridade Social (§ 3º do art. 11 da Lei n. 8.213/91). 
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O INSS aceita o pedido de desaposentação? 
NÃO. Para o INSS, a desaposentação não possui previsão legal expressa. Ao contrário, 
segundo a autarquia previdenciária, isto seria vedado pelo § 2º do art. 18 da Lei n. 
8.213/91 e pelo art. 181-B do Regulamento da Previdência Social: 
 
Lei n. 8.213/91: 
Art. 18 (...) § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que 
permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação 
alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao 
salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado. 
 
Decreto n. 3.048/99: 
Art. 181-B. As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela 
previdência social, na forma deste Regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis. 
 
Assim, se o segurado formular requerimento administrativo de desaposentação, ele será 
negado. 
 
“Ação de desaposentação” 
Como o INSS não admite administrativamente, os segurados passaram a ajuizar uma ação 
judicial postulando a desaposentação. 
 
Posições existentes a respeito do tema: 
Há muita polêmica se a desaposentação deve ou não ser aceita, existindo três correntes 
principais sobre o tema: 
1ª) Não se admite a 
desaposentação. 
2ª) Admite-se a 
desaposentação, mas para 
que o segurado tenha direito 
a nova aposentadoria será 
necessário que devolva os 
proventos recebidos 
enquanto esteve aposentado. 
3ª) Admite-se a 
desaposentação e o 
segurado não precisa 
devolver os proventos que 
já recebeu enquanto esteve 
aposentado. 
 
Posição do INSS. Julgado da TNU (Proc. 
2007.83.00.505010-3). 
Posição do STJ. 
 
Recurso repetitivo no STJ 
A fim de que houvesse uma definição quanto ao tema, o STJ, por meio da 1ª Seção (1ª e 2ª 
Turmas), analisou o tema, sob o regime de recurso repetitivo. O que decidiu a Corte? 
 
É POSSÍVEL a renúncia à aposentadoria por tempo de serviço (desaposentação) 
objetivando a concessão de novo benefício mais vantajoso da mesma natureza 
(reaposentação), com o cômputo dos salários de contribuição posteriores à aposentadoria 
anterior, não sendo exigível, nesse caso, a devolução dos valores recebidos em razão da 
aposentadoria anterior. 
Para o STJ, a aposentadoria, assim como os demais benefícios previdenciários, é um direito 
patrimonial disponível e, portanto, suscetível de desistência pelos seus titulares, 
prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado 
deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento. 
(REsp 1334488/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, PrimeiraSeção, julgado em 08/05/2013) 
 
 
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Em suma, o STJ confirmou que adota a 3ª corrente acima exposta. Como a decisão do STJ 
foi tomada em sede de recurso repetitivo, este entendimento terá que ser adotado pela 
TNU (Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais) e pelos Tribunais 
Regionais Federais. 
 
Existe um prazo para que o segurado possa requerer a desaposentação? 
SIM. Segundo a 2ª Turma do STJ, deverá ser aplicado o prazo decadencial de 10 anos, 
previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/91 (AgRg no REsp 1.305.914, julgado em 16/08/2012). 
 
O STF já possui decisões sobre a desaposentação? 
NÃO. O STF começou a analisar o tema, tendo o Min. Marco Aurélio proferido voto 
favorável à desaposentação. O julgamento foi suspenso em virtude de pedido de vista do 
Min. Dias Toffoli (RE 381.367/RS – Informativo 600). 
Processo STJ. 1ª Seção. REsp 1.334.488-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/5/2013 (recurso repetitivo) 
 
 
Necessidade de prévio requerimento administrativo para ajuizamento de ação previdenciária 
 
 
Para que o segurado ajuíze ação pleiteando a concessão de benefício previdenciário é 
indispensável que tenha formulado previamente requerimento administrativo? 
 
 NÃO. É dispensado o prévio requerimento administrativo. É a posição majoritária do 
STF e STJ. 
 
 Obs: para a 2ª Turma do STJ, o prévio requerimento administrativo é indispensável, 
salvo quando se tratar de matéria em que haja resistência notória por parte do INSS ao 
pedido formulado. Trata-se também da tese institucional dos Procuradores do INSS. 
 
Tema 
proposto 
A grande maioria das ações propostas contra o INSS objetivando benefícios previdenciários 
é de competência dos Juizados Especiais Federais (JEF). 
No JEF, o autor não precisa de advogado e não paga custas em 1ª instância. 
Diante disso, é muito comum que o segurado, sem que requeira administrativamente o 
benefício previdenciário em um dos postos do INSS, opte por já ajuizar direto uma ação 
judicial no JEF pedindo a concessão da aposentadoria, por exemplo. 
 
Esta prática é admitida? O segurado ou dependente pode ingressar com a ação judicial 
pleiteando a prestação previdenciária mesmo sem ter feito previamente requerimento 
administrativo no INSS? Haveria neste caso falta de interesse de agir em razão de não ter 
sido negado o pedido na via administrativa? 
Posição 
majoritária 
no STF e STJ 
 
O prévio requerimento administrativo é DISPENSÁVEL. 
 
(...) Conforme a jurisprudência reiterada do STJ, é desnecessário o prévio requerimento 
administrativo para o ajuizamento de ação que vise a implementação ou revisão de 
benefício previdenciário. (...) 
(AgRg no AREsp 119.366/RS, Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 18/04/2013) 
 
(...) é firme a compreensão da Terceira Seção no sentido da desnecessidade de prévio 
requerimento administrativo como condição para a propositura de ação que vise à 
concessão de benefício previdenciário. (...) 
(EDcl no AgRg no REsp 1.137.447/RS, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, DJe de 
07/02/2013). 
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Federais 
 
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(...) 1. A jurisprudência desta nossa Corte firmou-se no sentido de ser desnecessário para o 
ajuizamento de ação previdenciária o prévio requerimento administrativo do benefício à 
autarquia federal. Precedentes. (...) 
(RE 549055 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, julgado em 05/10/2010) 
Posição da 
2ª Turma do 
STJ e do 
INSS 
Regra: 
Para a 2ª Turma do STJ, em regra, o segurado/dependente somente pode ajuizar a ação 
judicial pleiteando a concessão do benefício previdenciário, se anteriormente formulou 
requerimento administrativo junto ao INSS. 
 
Assim, em regra, o ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social 
reclama (exige) que tenha havido prévio requerimento administrativo. 
 
Caso seja proposta a ação sem que tenha havido prévio requerimento administrativo 
deverá o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito por ausência de interesse de 
agir, considerando que havia a possibilidade de seu pedido ter sido atendido pelo INSS na 
via administrativa. 
 
Se o INSS, contudo, contesta o mérito da ação, afirmando que o autor não tem direito, não 
deverá o juiz extinguir o processo porque restou claro que a autarquia previdenciária não 
aceitaria o pedido também na via administrativa. 
 
Exceção: 
A ação pode ser proposta diretamente pelo autor, ou seja, sem a necessidade de prévio 
requerimento administrativo, nas hipóteses em que é notório que o INSS não admite aquele 
tipo de pedido na via administrativa. 
É o caso, por exemplo, da desaposentação. O segurado poderá ajuizar diretamente a ação 
de desaposentação (mesmo que não tenha formulado pedido na via administrativa) porque 
é sabido por todos que o INSS não admite esta tese. Logo, é patente que o autor tem 
interesse na demanda. 
 
Em suma, o prévio requerimento administrativo é indispensável para o ajuizamento da ação 
judicial em que se objetive a concessão de benefício previdenciário quando se tratar de 
matéria em que não haja resistência notória por parte do INSS à pretensão do beneficiário. 
 
(...) A Segunda Turma desta Corte firmou o entendimento de que o interesse processual do 
segurado e a utilidade da prestação jurisdicional concretizam-se nas seguintes hipóteses: 
recusa de recebimento do requerimento; negativa de concessão do benefício 
previdenciário, seja pelo concreto indeferimento do pedido, seja pela notória resistência da 
autarquia à tese jurídica esposada. (...) 
(AgRg no AREsp 283.743/AL, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16/04/2013) 
Processo STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.341.269-PR, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 9/4/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMATIVO esquematizado 
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) (Juiz Federal TRF1 2011 CESPE) O estabelecimento bancário não é responsável pelo pagamento de 
cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista. ( ) 
2) (Juiz TJAC 2012 CESPE) O CDC determina explicitamente que a interpretação das cláusulas contratuais 
seja mais favorável ao consumidor, estando, por isso, em dissonância com o princípio constitucional da 
isonomia. ( ) 
3) (Juiz TJAC 2012 CESPE) Considere a seguinte situação hipotética. Márcio, servidor público estadual, 
inconformado com ato tido por ilegal de secretário de Estado, que, sem justificativa, indeferiu o seu 
pedido de férias, resolveu impetrar, no tribunal de justiça competente, mandado de segurança contra 
essa decisão administrativa. Nesse colegiado, houve acórdão acolhendo a preliminar, de forma que a 
ação mandamental se extinguiu sem resolução de mérito. Inconformado, o impetrante propôs recurso 
ordinário, oportunidade em que o STJ superou a preliminar e adentrou ao mérito do pedido. Nessa 
situação hipotética, agiu acertadamente o STJ, com base em previsão do CPC, segundo a qual, nos casos 
de extinção do processo sem julgamento de mérito, o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa 
versar sobre questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. ( ) 
4) (Juiz TJMG 2012 VUNESP) A Lei n.º 12.403/11 inovou ao prever outra modalidade de medida cautelar, 
que consiste na prisão domiciliar. Com relação às hipóteses de aplicação da prisão domiciliar, como 
substitutiva da prisão preventiva, conforme a lei citada, assinale a alternativa correta. 
A) Para a gestante a partir do 6.º (sexto) mês de gestação, independentemente de risco para a gravidez. 
B) Quando o acusado ou indiciado for paraplégico. 
C) Quando o agente for imprescindível para os cuidados especiais de pessoa menor de 7 (sete) anos de idade. 
D) Quando o indiciado ou acusado for maior de 80 (oitenta) anos de idade. 
 
5) (MP/AL 2012 FCC) o juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for 
imprescindível

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