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PARECER JURÍDICO 
Parecer nº. 201910081
1. Endereçamento
 Gabriel Lucas Moura de Souza 
2. Ementa 
 AÇÃO PENAL. DIREITO PROCESSUAL – ARQUIVAMENTO INQUÉRITO POLICIAL – COMPETENCIA JURIDICA - MINISTÉRIO PÚBLICO. DIREITO CONSTITUCIONAL – DEVIDO PROCESSOA LEGAL – COISA JULGADA. PACOTE ANTICRIME.
3. Relatório:
Inquérito policial procedimento administrativo inquisitivo quando é o caso, ou seja, esse instrumento é administrativo por ser conduzido e presidido por um delegado por portaria ou a requisição do Ministério Público. Inquisitivo quando for obrigatório, ou seja, para ser descobrir sobre o autor e autoria de um delito ou crime, sendo dispensado quando esses elementos são conclusos e definidos, conforme art.24, III da lei.3.689/41. Constando com a devidas alterações ao advento da Lei 13.964/19, e em especial ao arquivamento do Inquérito Policial ordenado pelo Ministério Público ao juiz. Do qual antes, o juiz não era obrigado conforme quadro comparativo:
	ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL 
	ANTES DA LEI 13.964/19
	DEPOIS DA LEI 13.964/19
	MP requeria o arquivamento o juiz, que homologava ou não.
	MP ordena o arquivamento e remete os autos à instancia de revisão ministerial para fins de homologação
	Arquivamento realizado na justiça
	Arquivamento realizado no âmbito do MP
Segue;
O arquivamento do inquérito policial após a Lei 13.964/2019 (Lei Anticrime) Em obediência ao princípio acusatório, o arquivamento de inquéritos policiais e procedimentos investigatórios criminais (PIC) deve ocorrer internamente (intra muros), ou seja, dentro do Ministério Público, sem ingerência judicial.
4. Fundamentação:
Um magistrado tem o direito de fazer perguntas visando transparecer os assuntos. Mas se interfere constante e virtualmente, assumindo a condução de um caso civil ou o papel de persecução em um caso penal, e usa os resultados de seu próprio questionamento para chegar a uma conclusão no julgamento do caso, o juiz se torna advogado, testemunha e juiz ao mesmo tempo, e o litigante não recebe um julgamento justo.
O direito ao instituto do devido processo legal e a julgamentos justos funda-se na existência de seus vários componentes estruturais, como se pode analisar no art. 8º da Convenção América de Direitos Humanos, de 1969, que institui os direitos a um julgamento por um juiz competente, independente e imparcial.
Em em analises de uma decisão ministerial do Supremo Tribunal Federal, sobretudo a partir da ADI 1570, julgada em 2004, percebe-se que o princípio acusatório é uma matriz estruturante do processo penal brasileiro. Disso é exemplo o INQ 2913/MT AgR, relatado pelo min. Luiz Fux, no qual ficou vencido o relator original, o min. Dias Toffoli
INQUÉRITO. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. PARLAMENTAR. (…) ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO DE OFÍCIO, SEM OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO ACUSATÓRIO. DOUTRINA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. O sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, reclama deva ser o juiz apenas um “magistrado de garantias”, mercê̂ da inércia que se exige do Judiciário enquanto ainda não formada a opino delicti do Ministério Público. 2. A doutrina do tema é uníssona no sentido de que, verbis: “Um processo penal justo (ou seja, um due process of law processual penal), instrumento garantístico que é, deve promover a separação entre as funções de acusar, defender e julgar, como forma de respeito à condição humana do sujeito passivo, e este mandado de otimização é não só o fator que dá unidade aos princípios hierarquicamente inferiores do microssistema (contraditório, isonomia, imparcialidade, inércia), como também informa e vincula a interpretação das regras infraconstitucionais.” (BODART, Bruno Vinícius Da Rós. Inquérito Policial, Democracia e Constituição: Modificando Paradigmas. Revista eletrônica de direito processual, v. 3, p. 125-136, 2009). 3. Deveras, mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por prerrogativa de função, é do Ministério Público o mister de conduzir o procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu convencimento a respeito da autoria e materialidade do delito, atuando o Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades manifestas. O trancamento do inquérito policial deve ser reservado apenas para situações excepcionalíssimas, nas quais não seja possível, sequer em tese, vislumbrar a ocorrência de delito a partir dos fatos investigados.
5. Conclusão:
Diante com contexto, a nova redação do art. 28 do CPP consolidou o modelo acusatório na tramitação de inquéritos policiais, restringindo a participação do juiz criminal nesta etapa chamado de juiz de garantias a decisões marcadas por cláusula de reserva de jurisdição.
O juiz criminal não participa mais do procedimento de arquivamento ou de desarquivamento de inquéritos policiais. No entanto deve ser informado da instauração do inquérito, de seu arquivamento e de eventual desarquivamento.
O procedimento a ser adotado pelo Ministério Público para o arquivamento continua substancialmente o mesmo, cabendo ao Procurador-Geral ou a órgão delegado homologar, ou não, a decisão proferida pelo promotor natural.
Infelizmente, a afoiteza do processo legislativo promoveu alterações que não foram bem pensadas acentuando-se a assistematicidade do CPP, que se já se aproxima do seu octogésimo aniversário. Todavia, a leitura do art. 28 do CPP, com o apoio analógico dos arts. 357, §1º, do Código Eleitoral, e do art. 397, §1º, do CPPM, em conjunto com os artigos pertinentes da Lei Complementar 75/1993 e da Lei 8.625/1993, permitirá ao CNMP, sem criar direito novo, aclarar o procedimento interno do Ministério Público no arquivamento e desarquivamento de inquéritos policiais. Regras adicionais podem ser estabelecidas pelos regimentos internos dos Ministérios Públicos.
Parte dos problemas logísticos decorrentes do art. 28 do CPP poderão ser solucionados com a adoção de tramitação eletrônica dos inquéritos e dos recursos e diretrizes uniformes.
Nosso esforço neste texto consistiu em tentar contribuir para revelar algumas soluções possíveis para o novo modelo, suas bases legislativas e as linhas principiológicas nas quais se apoiariam. Certo que se espera a formulação de regulamentação pelo CNMP ou o aperfeiçoamento da legislação pelo Congresso Nacional ou a formação de jurisprudência supletiva neste campo novo.
Mossoró (RN), 19 de outubro de 2020.
Gaueme Alves de Oliveira	
 Advogado
 OAB/RN nº 201910081

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