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PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL
- A CRFB/88 disciplina, no Título “Da Ordem Econômica e Financeira”, os PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONOMICA, que são normas que servem de interpretação das regras do direito empresarial.
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PARA QUE SERVEM?
- São os princípios elencados na CRFB/88 e os dela decorrentes que vão orientar:
1) toda a atividade econômica desenvolvida pelo empresário;
2) a atividade jurisdicional do Estado-juiz, quando acionado.
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Liberdade individual e responsabilidade social
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente (...); 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
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EXISTEM OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL?
- Estes princípios, por sua força constitucional, são aplicados a todos os ramos do direito empresarial (Teoria Geral, Sociedades, Recuperação e Falência, Títulos de Crédito).
- Isso não quer dizer, contudo, que são os únicos a orientar este ramo do Direito. Cada área específica possui seus princípios específicos.
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PROF. TEM UM EXEMPLO DE PRINCÍPIO ESPECÍFICO?
- Na ramificação do direito empresarial destinada a estudar os títulos de crédito, temos o PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE:
	O crédito deve estar expresso no título e para transferir o primeiro é necessária a transferência do segundo. Além disso, para cobrar o crédito é necessários apresentar o título.
- Na parte que cuida da crise falimentar, mais especificamente da crise da empresa, temos o PRINCÍPIO DO TRATAMENTO PARITÁRIO AOS CREDORES:
	Não podendo todos os credores receber a totalidade de seus créditos, é necessários que eles sejam classificados devido a necessidade (trabalhador tem verba preferencial por ser de natureza alimentar). A divisão dos credores em classes, torna a distribuição dos escassos recursos mais justa.
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CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS
Os princípios do direito empresarial são assim classificados pela doutrina:
	- Hierarquia: pode ser constitucional ou legal.
	- Abrangência: pode ser comum ou específico.
	- Positivação: pode ser implícito ou explícito.
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PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE INICIATIVA
- Positivado no Art. 170 caput, da CRFB/88, o princípio da liberdade de iniciativa consagra que:
Todo cidadão, no gozo de sua capacidade civil, salvo os impedidos por lei, é livre para se estabelecer e exercer a atividade de empresário
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A LIBERDADE DE INICIATIVA POSSUI LIMITES?
- Ao mesmo tempo que este princípio outorga liberdade para todos os cidadãos capazes de exercerem atividade empresarial e dela retirar as condições necessárias para se manter e se desenvolver, ele PROÍBE PRÁTICAS EMPRESARIAIS INCOMPATÍVEIS COM A LIVRE INICIATIVA.
- Por exemplo: é proibida a formação de cartel; é proibida a concorrência desleal.
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PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA
- Previsto no Art. 170, IV da CRFB/88, garante ao empresário o direito de livre empreender, desde que não faça uso de práticas incompatíveis com o exercício da livre iniciativa e da livre concorrência.
- Segue a “regra” do risco do mercado: 
	O “bom” empresário, que toma decisões acertadas, será premiado com o lucro e com a prosperidade.
- Espera-se da livre concorrência e da correta leitura do risco inerente a atividade empresarial que o mercado seja atendido com produtos com qualidade crescente e com preços condizentes.
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A LIVRE CONCORRÊNCIA POSSUI LIMITES?
Coíbe práticas empresariais de concorrência ilícita:
	- Infração à ordem econômica (implica em risco ao funcionamento da economia de livre mercado). Ex.: proibir que um novo empresário se estabeleça;
	- Concorrência desleal (prática anticoncorrencial à lesão dos interesses individuais dos empresários). Ex: baixa exponencial de preços para prejudicar a concorrência.
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- Livre concorrência na jurisprudência do TJ/RS:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO OURO. LEI MUNICIPAL PROIBINDO VENDEDOR AMBULANTE NÃO RESIDENTE DE COMERCIALIZAR QUALQUER TIPO DE MERCADORIA EM LOCAL PÚBLICO FORA DO LOCAL ESPECIFICADO. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA LIVRE CONCORRÊNCIA E DA LIBERDADE DO EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS. AFRONTA AO ARTIGOS 1º, INCISO IV, 5º, CAPUT, E 170, INCISO IV, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ARTIGOS 8º, CAPUT, 157, INCISOS II e V E 158, CAPUT, ESSES DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE. UNÂNIME. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 70077085611, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Redator: , Julgado em 13/08/2018)
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PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA
- Não está positivado na CRFB/88, mas decorre de todos os valores coletivos e sociais nela expressados, mais especificamente, da função social da propriedade, esta sim, prevista no Art. 5º, XXIII e Art. 170, III.
A empresa cumpre sua função social:
- Ao gerar empregos, tributos e riqueza;
- Ao contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural da comunidade em que atua;
- Ao adotar práticas empresarias sustentáveis visando à proteção do meio ambiente e ao respeitar os direitos dos consumidores.
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- Função social na jurisprudência do TJ/RS:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. DIVÓRCIO. IMPUGNAÇÃO À GRATUIDADE DE JUSTIÇA. O critério que esta Câmara elegeu como balizador da concessão (ou não) da gratuidade de justiça é o recebimento de, no máximo, cinco salários mínimos, por ser este o patamar razoável atualmente para apontar quem pode ou não arcar com despesas processuais sem comprometer a própria subsistência. Não obstante a apelante seja a proprietária de mais de um veículo de transporte escolar - que, em tese, aponta que seu patrimônio é considerável - não se pode esquecer que se trata de patrimônio imobilizado, pois afeto à atividade empresarial de transporte escolar. Desse modo, não se pode exigir que aliene tais bens unicamente para poder litigar em juízo, sob pena de perder sua fonte de sustento (cortar a árvore ao invés dos frutos) e ocorrer afronta ao princípio da função social da empresa, e também da livre iniciativa. Então, o (...)APELO PROVIDO. UNÃNIME. (Apelação Cível Nº 70067522524, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Redator: , Julgado em 01/12/2016)
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PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA
- Lembrar que empresa não pode ser confundida com o empresário, uma vez que é a ATIVIDADE ECONÔMICA desenvolvida pelo empresário. 
- Assim, ao preservar a empresa, está sendo preservar a fonte de emprego, renda, tributos.
- A preservação da empresa é de interesse do empresário, dos empregados e dos consumidores (interessados diretos e indiretos).
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Preservação da empresa na jurisprudência do TJ/RS:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMPRESA EXECUTADA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. REALIZAÇÃO DE ATOS DE EXPROPRIAÇÃO PATRIMONIAL NO BOJO DA EXECUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃODA EMPRESA. ART. 47 DA LEI Nº 11.101/05. Consoante entendimento jurisprudencial prevalente no eg. STJ, “apesar da execução fiscal não se suspender em face do deferimento do pedido de recuperação judicial (art. 6º, § 7º, da Lei nº 11.105/2005, art. 187 do CTN e art. 29 da Lei n. 6.830/1980), submetem-se ao crivo do juízo universal os atos de alienação voltados contra o patrimônio social das sociedades empresárias em recuperação, em homenagem ao princípioda preservação da empresa.” (“ut” ementa do AgInt no CC 150.650/SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Segunda Seção, j. 22/11/2017). Em se tratando a devedora de empresa em recuperação judicial, afigura-se inviável a realização de atos expropriatórios sobre o seu patrimônio fora do juízo universal da recuperação, sob pena de restar vulnerado o princípio da preservação da empresa (Lei nº 11.101/05, art. 47). RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70076696616, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Redator: , Julgado em 28/06/2018)
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
- Ao determinar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, o Art. 5º, II da CRFB/88 é uma fonte importante para a organização da atividade econômica.
- O empresário será obrigado a fazer o que a lei determina. Ex.: meia entrada aos estudantes.
- O empresário não pode fazer o que a lei proíbe. Ex.: Art. 36 da Lei 12.529/2011.
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