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Café orgânico

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REVISTA CIENTÍFICA
CULTIVO DO CAFÉ (Coffea arabica L.) 
ORGÂNICO SOMBREADO PARA PRODUÇÃO 
DE GRÃOS DE ALTA QUALIDADE
 
 
 
CULTIVO DO CAFÉ (Coffea arabica L.) ORGÂNICO 
SOMBREADO PARA PRODUÇÃO DE GRÃOS DE ALTA 
QUALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO 
 
LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA 
Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito 
 
VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO 
Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito 
 
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE 
Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB 
CNPJ 12.955.187/0001-66 
Acesse: www.abarriguda.org.br 
 
 
 
 
 
CONSELHO EDITORIAL 
 
Adilson Rodrigues Pires 
André Karam Trindade 
Alessandra Correia Lima Macedo Franca 
Alexandre Coutinho Pagliarini 
Arali da Silva Oliveira 
Bartira Macedo de Miranda Santos 
Belinda Pereira da Cunha 
Carina Barbosa Gouvêa 
Carlos Aranguéz Sanchéz 
Dyego da Costa Santos 
Elionora Nazaré Cardoso 
Fabiana Faxina 
Gisela Bester 
Glauber Salomão Leite 
Gustavo Rabay Guerra 
Ignacio Berdugo Gómes de la Torre 
Jaime José da Silveira Barros Neto 
Javier Valls Prieto, Universidad de Granada 
José Ernesto Pimentel Filho 
Juliana Gomes de Brito 
Ludmila Albuquerque Douettes Araújo 
Lusia Pereira Ribeiro 
Marcelo Alves Pereira Eufrasio 
Marcelo Weick Pogliese 
Marcílio Toscano Franca Filho 
Olard Hasani 
Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha 
Raymundo Juliano Rego Feitosa 
Ricardo Maurício Freire Soares 
Talden Queiroz Farias 
Valfredo de Andrade Aguiar 
Vincenzo Carbone 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VICENTE DE PAULA QUEIROGA 
JOSIVANDA PALMEIRA GOMES 
BRUNO ADELINO DE MELO 
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE 
(Editores Técnicos) 
 
 
 
 
 
CULTIVO DO CAFÉ (Coffea arabica L.) ORGÂNICO 
SOMBREADO PARA PRODUÇÃO DE GRÃOS DE ALTA 
QUALIDADE 
 
 
 
 
 
1ª EDIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
©Copyright 2021 by 
 
 
Organização do Livro 
VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, BRUNO ADELINO DE 
MELO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE 
 
Capa 
DIEGO ANTÔNIO NÓBREGA QUEIROGA 
 
Editoração 
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE 
 
Diagramação 
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE 
 
O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. 
 
 
 
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. 
Foi feito o depósito legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data de fechamento da edição: 29-01-2021 
 
Q3c Queiroga, Vicente de Paula. 
 Cultivo do café (Coffea arábica L.) orgânico sombreado para produção 
de grãos de alta qualidade. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula 
Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Bruno Adelino de Melo, Esther 
Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2021. 
 279 f. : il. color. 
 
ISBN 978-65-87070-05-6 
 
1. Café. 2. Coffea arabica. 3. Café sombreado. 4. Colheita seletiva. 5. 
Orgânico. 6. Café especial. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gomes, 
Josivanda Palmeira. III. Melo, Bruno Adelino de. IV. Albuquerque, Esther 
Maria Barros de. IV. Título. 
CDU 631.5 
https://servicos.cbl.org.br/servicos/meus-livros/visualizar/?id=0c319bd9-c8db-ea11-a813-00224836022c
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, 
responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de 
Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira 
de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito. 
 
 A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno 
da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de 
maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, 
posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais. 
 
 Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e 
nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para 
construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu 
como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como 
interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural. 
 
 Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a 
consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa. 
 
 
 
 
 
 
Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br 
 
 
EDITORES TÉCNICOS 
 
Vicente de Paula Queiroga (Dr) 
Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA 
Campina Grande, PB (Brasil) 
 
Josivanda Palmeira Gomes (Drª) 
Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola 
Universidade Federal de Campina Grande 
Campina Grande, PB (Brasil) 
 
 Bruno Adelino de Melo (Dr) 
Pesquisador do CNPQ / UFCG 
Universidade Federal de Campina Grande 
Campina Grande, PB (Brasil) 
 
Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) 
Doutora em Engenharia de Processos 
Universidade Federal de Campina Grande 
Campina Grande, PB (Brasil) 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
No Brasil existem poucos trabalhos associando o cafezal orgânico sombreado com a sua 
produção. Diversos trabalhos mostram que o cafeeiro sombreado pode influenciar ou 
afetar a sua floração, taxa de fotossíntese, produção, maturação, tamanho dos frutos e 
qualidade da bebida. Aparentemente a quantidade ótima de radiação depende do manejo 
das árvores sombreadas (espécie, poda e arranjo), pois em algumas experiências, os 
cafeeiros sombreados apresentam produções comparáveis, e inclusive maiores que as do 
café a pleno sol. Em outras, as produções do café sombreado são extremamente baixas, 
mesmo assim de grande valia para a produção de cafés especiais. Isto depende de uma 
série de fatores que incluem o clima, intensidade de radiação solar do local, tipo de solo 
e as práticas de manejo do sistema. 
Portanto, este livro descreve as principais tecnologias para a produção de café (Coffea 
arabica) orgânico com sustentabilidade, abordando os seguintes aspectos: variedades 
indicadas para o sombreamento, morfologia, fenolologia, produção de mudas, plantio em 
sistema de agroflorestal, conservação do solo, adubação orgânica, controle de plantas 
daninhas, poda de produção, pragas-doenças, colheita, secagem, processamento, 
beneficiamento e qualidade. Além disso, os autores desta publicação, preocupados em 
fortalecer a participação de cafeicultores brasileiros na produção de café orgânico 
sombreado, trazem a comunidade acadêmica e extensionistas, as informações básicas 
copiladas de bibliografias existentes sobre Cultivo do café (Coffea arabica L.) orgânico 
sombreado para produção de grãos de qualidade. 
 
Os autores 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
CAPÍTULO I – SISTEMA PRODUTIVO DO CAFÉ (Coffea arabica L.) ORGÂNICO 
SOMBREADO – Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Bruno Adelino de 
Melo, Esther Maria Barros de Albuquerque, Eduardo Gonçalves de Oliveira .......................... 10 
 
CAPÍTULO II – MATURAÇÃO, COLHEITA, BENEFICIAMENTO E 
ARMAZENAMENTO DO CAFÉ - Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, 
Bruno Adelino de Melo, Esther Maria Barros de Albuquerque, Eduardo Gonçalves de Oliveira 
 .................................................................................................................................................181 
 
CAPÍTULO III - DEFINIÇÕES DE AGRICULTURA ORGÂNICA E NORMAS DE 
CERTIFICAÇÃO - Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Bruno Adelino de 
Melo, Esther Maria Barros de Albuquerque ............................................................................ 221 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS ................................................................................. 240 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C a p í t u l o I | 10 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
 
 
SISTEMA PRODUTIVO DO CAFÉ (COFFEA ARABICA L.) 
ORGÂNICO SOMBREADO 
 
 
Vicente de Paula Queiroga 
Josivanda Palmeira Gomes 
Bruno Adelino de Melo 
Esther Maria Barros de Albuquerque 
Eduardo Gonçalves de Oliveira 
 (Editores) 
 
 
 
 
 
 
 
 
C a p í t u l o I | 11 
 
 
INTRODUÇÃO 
O Brasil é o maior produtor mundial de café; contudo, em 2003, foi o 6º produtor mundial 
de café orgânico, com uma produção de 80 mil sacas, o que representou 0,2% de sua 
produção total (MOREIRA, 2003). O cultivo orgânico do café em associação com árvores 
vem sendo estimulado pelas certificadoras, porém não constitui uma condição limitante 
para a conversão de cafezais convencionais em orgânicos. 
As informações existentes na literatura, sobre o efeito do sombreamento na produção de 
café, são escassas e variam de acordo com as condições regionais (altitude, temperatura, 
radiação fotossinteticamente ativa e fertilidade do solo) e com a espécie utilizada 
(ESTÍVARIZ-COCA, 1997). Em muitos estudos conduzidos sobre arborização de 
cafezais, a sombra reduziu a produção (HERNÁNDEZ et al., 1997). Entretanto, a maioria 
desses estudos foi conduzida sob sombra muito densa. 
No Brasil, existe uma grande demanda de conhecimento sobre esses sistemas de produção 
em termos agronômicos e econômicos. Entretanto, há pouca informação qualificada sobre 
as práticas de manejo que permitem um desempenho razoável desses sistemas de 
produção e a informação existente geralmente é superficial. Existem muitas dúvidas sobre 
a escolha das espécies arbóreas adequadas, seu espaçamento, a frequência da poda, a 
nutrição dos cafeeiros e a seleção de cultivares mais adaptadas a estas condições. Não são 
claras as condições edafoclimáticas ou a escala e sistema de produção em que o uso de 
cafeeiros sombreados permitiria sua inserção bem-sucedida nos agroecossistemas e 
cadeias produtivas locais. 
Nesse sentido, Haarer (1977) argumenta que existem muitos aspectos sobre o cultivo do 
café sombreado que necessitam ser esclarecidos. Primeiramente, deve-se questionar se o 
cafeeiro requer absolutamente, em qualquer localidade, sombra, e em caso afirmativo, em 
que intensidade. Deve-se também definir quais as espécies arbóreas que crescem melhor 
numa plantação ou tipo de solo em particular, qual o espaçamento mais adequado, tanto 
entre as árvores como entre os cafeeiros, e saber se as espécies utilizadas não competem 
de forma significativa pela umidade e nutrientes do solo, bem como pela luminosidade. 
Outro aspecto importante é definir o manejo adequado para a formação do cafezal e das 
espécies sombreadoras e assegurar-se de que as espécies utilizadas sejam de uso múltiplo 
e que não favoreçam o incremento de pragas e doenças no cafeeiro. 
Segundo Fernandes (1986), o sombreamento com espécies e espaçamentos adequados 
pode apresentar resultados satisfatórios, quando comparado ao cultivo a pleno sol. 
C a p í t u l o I | 12 
 
 
Em relação ao solo, a presença de árvores aumenta o aporte de matéria orgânica em 
virtude da queda de folhas, conserva a umidade, reduz as perdas de N, aumenta a 
capacidade de absorção e infiltração de água, reduz o risco de erosão e a emergência de 
plantas invasoras, e estimula a atividade biológica (MUSCHLER, 2000; BARBERA-
CASTILLO, 2001). Adicionalmente, as árvores contribuem para melhorar a fertilidade 
do solo (MUÑOZ; ALVARADO, 1997), funcionam como banco de estoque de carbono 
no solo e na vegetação, removendo quantidades significativas de CO2 da atmosfera 
(ANDRADE; IBRAHIM, 2003), e servem como refúgio para a biodiversidade animal 
(PERFECTO et al., 1996; GORMLEY; SINCLAIR, 2003). 
A existência de maior biodiversidade possibilita a autorregulação dos sistemas (DUBOIS, 
2004) e proporciona condições desfavoráveis ao estabelecimento de pragas e doenças 
(GUHARAY et al., 2001), como por exemplo, a cercosporiose (Cercospora coffeicola), 
a antracnose (Colletotrichum spp.) (BOULAY et al., 2000) e o bicho-mineiro 
(Leucoptera coffeella), que preferem ambientes ensolarados e mais secos (HAGGAR 
et al., 2001). 
A produção orgânica é baseada em princípios de diversificação, reciclagem, processos 
biológicos e imitação de habitats naturais (IFOAM, 1996) e pode ser uma alternativa 
interessante sob os aspectos ambiental, social e econômico, pois não contamina o meio 
ambiente nem as pessoas direta e indiretamente envolvidas, além de agregar mais valor 
ao produto final. 
Por outro lado, o café sombreado é um dos sistemas mais antigos de produção de café 
(Coffea arabica L.) no mundo, particularmente difundido na Colômbia, Costa Rica, 
Guatemala, El Salvador e México. No norte da América Latina, antes da década de 
setenta, o café era produzido predominantemente em sistemas sombreados, altamente 
diversificados, caracterizados pelo baixo impacto ecológico e a baixa produtividade 
(PERFECTO et al., 1996). 
As regiões cafeeiras do mundo apresentam condições ecológicas muito distintas, 
sugerindo que o comportamento desta rubiácea não é idêntico em todas as áreas 
produtoras e os resultados experimentais frequentemente não concordam entre si ou são 
diametralmente opostos. As espécies do gênero Coffea mostram uma ampla margem de 
adaptabilidade a diferentes condições edafoclimáticas (CARVAJAL, 1984). 
Em grande parte das regiões produtoras de café, predominam condições edafoclimáticas 
adversas como: déficit hídrico anual; presença de solos rasos, de texturas arenosas, com 
C a p í t u l o I | 13 
 
 
baixa fertilidade natural, e que apresentam baixa capacidade de retenção da água; 
ocorrência de ventos fortes e elevada taxa evapotranspiratória. Essas condições, somadas 
às frequentes oscilações do preço do café e à pressão da sociedade por uma cafeicultura 
mais sustentável, têm redirecionado a visão do cafeicultor para a utilização de espécies 
perenes que possam ser consorciadas com o café, visando o aumento da rentabilidade por 
área cultivada e à minimização dos efeitos adversos do clima. Ou seja, a diversificação 
da produção é uma importante estratégia para manter o equilibro econômico da 
propriedade e os sistemas agroflorestais podem ser uma alternativa. 
No Brasil, o sombreamento dos cafeeiros era uma prática comum na região Norte e 
Nordeste até os anos sessenta. No começo desta década foram eliminadas grandes áreas 
de café com o objetivo de diminuir a superprodução e posteriormente, na década de 
setenta, algumas destas áreas foram substituídas por café a pleno sol. Estes cafeeiros 
rapidamente se converteram em improdutivos devido às condições climáticas, e, enquanto 
muitos agricultores desistiram da cultura, outros voltaram a cultivar o café sombreado 
(MATSUMOTO; VIANA, 2004). 
Mesmo assim, o café sombreado ainda se encontra mais difundido no Norte e Nordeste 
do País. Nas regiões Sul e Sudeste o sombreamento é menos frequente, sendo as árvores 
geralmente utilizadas para proteger a cultura das geadas ou cultivadas pelo seu alto valor 
econômico. No caso do Nordeste é comum seu cultivo em associação com diversas 
espécies sombreadoras, onde essa prática tem se mostrado promissora. Os maiores 
benefícios fisiológicos que o cafeeiro recebe das árvores de sombra estão associados com 
a redução do estresse da planta, pela melhoria do microclima e do solo (BEER, 1997; 
BEER et al., 1998). Essas modificações microclimáticas interferem no comportamento 
da planta de cafeeiro, alterando astrocas gasosas, a anatomia, a morfologia, o crescimento 
e o desenvolvimento produtivo, refletindo consequentemente em sua produtividade. 
SOTO-PINTO et al. (2000), verificaram em estudos realizados em cafezais comerciais 
sombreados que a cultivar, idade do cafeeiro, número de espécies e densidade de árvores 
que promoviam o sombreamento não foram fatores que influenciaram a produção dos 
frutos de café. Entretanto, foi verificada uma relação positiva entre níveis de 
sombreamento de 23 a 38% e produção de frutos. No Sudoeste da Bahia, o sombreamento 
com grevilhas tem sido empregado para amenizar a limitação hídrica, uma das principais 
restrições à produtividade dos cafezais nessa região. 
C a p í t u l o I | 14 
 
 
Matiello et al. (1989), trabalhando com cinco níveis de sombra variando de 0 a 100%, em 
áreas com período seco acentuado no Nordeste brasileiro (Brejão, PE), verificaram que o 
sombreamento tem resultado em melhor enfolhamento e maior produtividade dos 
cafeeiros, sendo os melhores resultados obtidos com os níveis de 50 a 75% de sombra. 
Para que a cultura cafeeira no país tenha uma colocação de sucesso no mercado mundial, 
é necessário se desenvolver sistemas que venham minimizar os riscos causados pelas 
Mudanças Climáticas Globais (MCG) previstas para os próximos anos ao qual a cultura 
esta sujeita. A arborização na agricultura é uma técnica muito utilizada em países 
equatoriais para a proteção de cafezais contra as adversidades climáticas e promover a 
sustentação da cultura. Este método visa melhorar o ambiente, mantendo uma insolação 
necessária aos cafeeiros de forma a permitir a fotossíntese normal (CAMARGO; 
GONÇALVES, 2004). 
O sombreamento de cafezais no Brasil é uma tecnologia que vem ganhado importância 
nos últimos tempos. O ponto chave da expansão desse sistema de produção é a capacidade 
de satisfazer megatendências mundiais como: competividade, internacionalização, 
mudanças nos padrões de consumo e conscientização ecológica. Além disso, o 
sombreamento de cafeeiros pode contribuir para viabilizar o cultivo no sistema orgânico, 
minimizar gastos com insumos, promover melhor qualidade de bebida, gerar fonte de 
renda adicional para o produtor, promover a manutenção de sistemas equilibrados, com 
preservação da biodiversidade, solo, qualidade de recursos hídricos e sequestro de 
carbono e amenizar adversidades climáticas como geadas, secas e altas temperaturas. 
É importante destacar que os plantios de café sombreado no Nordeste do Brasil são 
frequentemente citados como exemplos de sucesso, em razão de diversificar a fonte de 
renda do agricultor ao produzir o cafeeiro em sistemas agroflorestais; também podem 
apresentar outros benefícios, entre eles, melhoria da qualidade do café, agregando mais 
valor ao produto, tendo como exemplo o café orgânico produzido pela empresa Yaguara 
Ecológica em Taquaritinga do Norte, PE. A exigência por cafés especiais ou de qualidade, 
tanto no mercado nacional como internacional, é cada vez mais intensa. Portanto, a 
qualidade transformou-se num fator imprescindível para a manutenção do cafezal 
orgânico sombreado e a conquista de novos mercados. 
Registros no CONDEPE apontam que este município apresenta à altitude de 774 m acima 
do nível do mar. A temperatura média anual é de 20,9ºC e a vegetação predominante é a 
caatinga hiperxerófila. Porém, o bioma onde o café da variedade Typica (Coffea arábica) 
C a p í t u l o I | 15 
 
 
é produzido esta localizada em uma área de microclima onde prevalece a mata atlântica, 
a qual cultivada a sombra no meio das árvores, apesar de que não foi encontrado registro 
que confirme a chegada do café em Taquaritinga do Norte. 
É importante destacar que o café orgânico de Taquaritinga do Norte é cultivado dentro 
do conceito da agroecologia, o qual garante sua produção dentro das boas práticas 
agrícolas. Além disso, a empresa Yaguara adota o sistema consorciado com outras 
culturas (policultivos) e utiliza, para fertilizar o solo, a matéria orgânica como adubos 
verdes e cobertura morta. Na atualidade a busca por uma melhor qualidade de vida 
despertou no consumidor uma maior preocupação com a saúde e com a segurança do 
produto, aumentando assim aos poucos a procura por alimentos orgânicos. 
Além disso, alguns cafeicultores passaram a tentar diferenciar seus grãos com base na 
origem, qualidade ou sustentabilidade, tentado, de alguma forma, agregar valor ao café. 
Foi percebida a pré-disposição dos consumidores internacionais em pagar um ágio por 
um produto com qualidade diferenciada, valorizando atributos como a sustentabilidade 
(SAES et al., 1997; SAES; NUNES, 2001). 
Para Souza (2006), a qualidade do café tem relação direta com as condições 
agroecológicas e as decisões tomadas do produtor, tais como as terras escolhidas para o 
plantio, o sistema de cultivo (em pleno sol ou a sombra), colheita com uso intensivo de 
mão de obra ou mecanizado, a forma de beneficiamento via seca (café natural) ou via 
úmida (cereja descascado e café despolpado) e, por fim, a separação em lotes 
homogêneos. 
 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 
Agroecossistema - O Brasil ocupa o primeiro lugar a nível mundial em biodiversidade, 
a qual tem entre suas principais ameaças o desflorestamento e a mudança climática. A 
agricultura segue sendo o fator mais importante do desflorestamento no mundo, tornando 
urgente promover interações positivas entre esse setor e a atividade florestal 
(ORGANIZACION DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA 
ALIMENTACION, 2016). Em esse sentido, os sistemas agroflorestais (SAF) consistem 
na introdução ou retenção de árvores nas fazendas para aumentar, diversificar e sustentar 
a produção e, ao mesmo tempo, melhorar os benefícios sociais, econômicos e ambientais, 
sendo importante para a transformação da agricultura convencional em agricultura 
climaticamente inteligente, uma vez que fornecem aos agricultores rurais fontes 
C a p í t u l o I | 16 
 
 
adicionais de renda e maiores estratégias de resiliência para se adaptar aos impactos do 
mercado ou do clima, reduzindo sua exposição aos riscos (ATANGANA et al., 2014; 
LASCO et al., 2014; MONTAGNINI, 2015; REED et al., 2017). 
Segundo Masera et al., (1999), o café como um agro-sistema, desempenha um efeito 
positivo na regulação da água, uma vez que a sombra reduz a evaporação, promovendo 
maior infiltração da chuva no solo. As árvores mantêm uma cobertura natural permanente 
formada com folhas secas; contribuem para a redução da erosão hídrica, melhora o 
microclima; assimilam e fixam o carbono; conservam ou melhoram a fertilidade do solo 
e constituem em habitat para a biodiversidade (Figura 1). Também preserva os processos 
de reciclagem de nutrientes e cria o ambiente ideal para o paisagismo e a promoção do 
turismo. 
 
Figura 1. Ciclo de nutrientes de Coffea arabica. Foto: José Laércio Favarin e Paulo 
Mazzafera (2017). 
 
No Brasil, apesar de predominar o cultivo a pleno sol, a técnica de sombreamento de 
cafezais tem se expandido em virtude da necessidade de se produzir com menor uso de 
insumos, como no sistema orgânico. Outra razão é a possibilidade de renda adicional para 
o agricultor e manutenção do sistema equilibrado, com preservação da biodiversidade, 
solo, qualidade dos recursos hídricos e sequestro de carbono. Para o cafeeiro, o 
C a p í t u l o I | 17 
 
 
sombreamento protege contra as temperaturas extremas, reduz a bienalidade de produção, 
a incidência de seca dos ponteiros e melhora a qualidade do café (RENA; MAESTRI, 
1985; VAAST et al., 2005). 
Além disso, a produção de café tem atraído uma atenção considerável em todo o mundo, 
devido à sua importância econômica, social e ecológica, onde os sistemas agroflorestais 
(SAFs) foram propostos como uma maneira de conciliar a conservação da biodiversidade, 
a produção de alimentos e a prestação de outros serviços dos ecossistemas 
(HERNÁNDEZet al., 2009; GOODALL et al., 2015; DE BEENHOUWER et al., 2016). 
No Norte da América Latina a recuperação da antiga prática do sombreamento começou 
nos anos noventa, quando a crise do preço internacional do grão forçou os países 
produtores a desenhar estratégias de recuperação econômica. Uma das propostas foi 
incentivar a expansão do café sombreado com o objetivo de reduzir a produção e os custos 
(LYNGBÆK et al., 2001). Também foram consideradas outras vantagens como a geração 
de serviços ambientais, particularmente o aumento da biodiversidade regional e o 
melhoramento das condições socioeconômicas dos agricultores, através da produção de 
cafés especiais que têm preços diferenciados dos mercados de comoddities. 
O café (Coffea arabica L.) é uma espécie originária do sub-bosque e de baixa estatura 
que cresce em nível abaixo do dossel florestal, por isso os cafeeiros possuem capacidades 
fotossintéticas adaptadas a ambientes sombreados. No entanto, plantações a pleno sol 
permitem produtividades mais elevadas se as condições de temperatura e de manejo 
forem adequadas (RAPIDEL et al., 2015). É por isso que no sistema agroflorestal (SAF) 
o estudo das interações entre as plantas lenhosas perenes e o cultivo consorciado é 
relevante, uma vez que o equilíbrio entre elas determina o efeito total dentro do sistema; 
as interações podem ser positivas, neutras ou negativas; uma interação positiva é a 
complementaridade entre os componentes na aquisição de recursos, enquanto a 
competição por água, nutrientes e luz é um exemplo de interações negativas. Uma 
compreensão de onde e como as interações ocorrem indica domínios de possíveis 
modificações do sistema que se podem empreender mediante as atividades de manejo 
(ATANGANA et al., 2014). 
Usos – Os grãos de café são usados principalmente para produzir a bebida estimulante 
com o mesmo nome, mas também podem ser usados como biofertilizantes, 
biocombustíveis, biomassa e para fins medicinais, por exemplo, para o tratamento da 
malária na América Latina (MANSFELD WORLD DATABASE, 2014; ZUORRO; 
LAVECCHIA, 2012; MACHADO et al., 2010; PANDEY et al., 2000). 
C a p í t u l o I | 18 
 
 
Propriedades - Considerando as propriedades da bebida, o café arábico é profundo e 
penetrante, de sabor ácido e com baixo teor em cafeína. O café das variedades Robusta é 
mais forte e apresenta um sabor mais amargo. Além disso, o seu alto teor em cafeína faz 
com que o seu consumo seja realizado principalmente na forma de mescla. Existem vários 
termos para descrever as características organolépticas dos cafés. Começando com o 
sabor, o café pode apresentar gostos ácidos, amargos, doces, salgados ou azedos, 
dependendo da composição química, do grau de torrefação, da variedade utilizada e do 
tempo de fermentação. Em geral, os gostos excessivamente azedos e amargos são 
considerados indesejáveis. Em relação à textura, o café pode ter mais ou menos corpo, e 
pode ser ou não ser adstringente, uma característica considerada indesejável. Terminando 
com o aroma, este pode ser classificado em animal, cinza, queimado/defumado, 
químico/medicinal, chocolate, caramelo, cereal/ malte/pão torrado, terra, floral, 
frutas/cítrico, erva/folhagem, noz, ranço/podre, borracha, especiarias, tabaco, vinho e 
madeira (OIC, 2014). 
Tendo em conta as propriedades da cafeína, este composto é um estimulante do sistema 
nervoso central, que aumenta o estado de vigília, estimula as contrações cardíacas, 
promove a vasodilatação periférica e a vasoconstrição a nível craniano. Também é 
responsável por estimular a musculatura esquelética, diurese e secreção e motilidade 
gástrica. A cafeína também é utilizada como adjuvante no tratamento de enxaquecas e de 
sobrepeso, uma vez que está associada a medicamentos com efeitos colaterais sedativos 
(ARVY et al., 2007; VANACLOCHA; FOLCARA, 2003; CLARKE; MACRAE, 1988). 
Considerando os efeitos fisiológicos da bebida, o café parece produzir um ligeiro aumento 
da pressão arterial e dos níveis de homocisteína em soro. O consumo de determinados 
cafés com altas concentrações de diterpenos também parece levar a um aumento nos 
níveis séricos de colesterol. No entanto, a relação entre o consumo de café e o 
desenvolvimento de doenças cardiovasculares não é tão clara, porque outros fatores 
exógenos que podem influenciar não são levados em consideração, como são a dieta e os 
hábitos de vida. Por outro lado, alguns estudos associam o consumo de café a um possível 
desenvolvimento de câncer. Em concreto, estudos in vitro revelam que altas doses de café 
induzem efeitos mutagênicos em bactérias, fungos e células de mamíferos. No entanto, 
outros testes mostram que esses efeitos são abolidos quando são adicionadas enzimas 
hepáticas que exercem um efeito desintoxicador e bioprotetor. Portanto, pode-se concluir 
que os testes in vitro não são muito confiáveis quando as condições fisiológicas reais não 
são exatamente reproduzidas em condições reais. Além disso, numerosos componentes 
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do café parecem exercer um efeito quimioprotetor devido às suas propriedades 
antioxidantes. De forma concreta, vários estudos mostram que o consumo de café previne 
o desenvolvimento de câncer de cólon e fígado, diminui a incidência de diabetes e reduz 
o risco de sofrer dano hepático e distúrbios neurológicos (HAMID AKASH et al., 2014; 
CANO-MARQUINA et al., 2013; MURIEL; ARAUZ, 2010; NKONDJOCK, 2009; 
CLARK; VITZTHUM, 2008; BONITA et al., 2007; SOFI et al., 2007). 
 
ORIGEM E HISTÓRIA 
O cafeeiro é uma planta perene do gênero botânico Coffea da família Rubiaceae, que 
contém cerca de 500 gêneros e mais de 6000 espécies, a maioria árvores e arbustos 
encontrados nos sub-bosques das florestas tropicais. A primeira denominação botânica 
do café foi Jasminum arabicum laurifolia, incluindo na família Oleaceae por Antoine de 
Jussieu em 1714. Linnaeus descreveu o gênero Coffea em 1737 e a espécie Coffea arabica 
L. em 1753, nome que perdura até hoje (WRIGLEY, 1988). 
As florestas montanas latifoliadas das regiões de Jimma e Kaffa, na Etiópia e no platô de 
Boma, no Sudão, são consideradas o centro de origem da espécie Coffea arabica. Estas 
regiões, situadas aproximadamente entre 6 e 9º de latitude Norte e 34 e 40º de longitude 
Leste, apresentam clima ameno em função da altitude que varia de 1.600 a 2.000 m. A 
temperatura do ar oscila entre 17 e 20 ºC e as chuvas anuais variam entre 1500 e 1800 
mm, bem distribuídas, com um período seco definido de quatro a cinco meses 
(CARVALHO, 1988; WRIGLEY, 1988). 
Das diversas espécies de Coffea descritas, apenas duas possuem importância econômica, 
Coffea arabica (café arábica) e Coffea canephora Pierre (café robusta). Cerca de 70% do 
café comercializado no mundo é o arábica, que no Brasil corresponde a aproximadamente 
80% do café plantado (BARROS et al., 1995; MATIELLO et al., 2002). 
 
PRODUÇÃO DE CAFÉS ESPECIAIS 
Em decorrência do fraco crescimento do mercado mundial do café tradicional, o setor 
cafeeiro no Brasil aumenta os investimentos em plantios alternativos de cafés, atendendo 
ao cenário de segmentação de mercado que se verifica no ambiente externo. Essa 
segmentação significa a produção de cafés com características diferenciadas, com 
qualidade superior e maior valor agregado. A aposta do setor, extremamente voltado para 
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a exportação, é que o consumo de cafés especiais cresça na ordem de 10% ao ano 
(SEBRAE; PENSA, 2001). 
A produção de cafés especiais apresenta boas vantagens aos produtores rurais, uma vez 
que o preço obtido com o café especial é maior que o tradicional (Figura 2). A valorização 
de um produto diferenciado representa o preço-prêmio que o produtor recebe por ter 
investido em um café de alta qualidade com maior custo, porém que agregou valor e foi 
reconhecido pelo comprador (PORTER, 1989). A boa aceitação no mercado externo tem 
influenciadoos produtores a investir na produção com o objetivo de exportar. Essa 
evidência é verificada principalmente nas regiões com pouca tradição em cafeicultura e 
que estão investindo nesse segmento de cafés especiais exclusivamente para exportação, 
como os estados de Pernambuco e Rondônia. No tocante ao mercado interno, a 
diversificação dos canais de distribuição, comercializando o produto diretamente a 
cafeterias e lojas especializadas também é considera uma vantagem, uma vez que diminui 
a dependência dos canais tradicionais dos mercados internos e externos (SEBRAE; 
PENSA, 2001). 
 
Figura 2. Cafés especiais caracterizados por grãos graúdos e homogêneos. 
 
O setor de beneficiamento, torrefação e moagem, responsável pelo processamento dos 
grãos para consumo, notadamente relacionado ao mercado interno, identifica vantagens 
significativas na comercialização dos cafés especiais, com destaque ao diferencial maior 
de preço praticado sobre a agregação de valor ao produto. No entanto, a restrição de 
mercado decorrente da dificuldade do consumidor identificar os atributos superiores do 
C a p í t u l o I | 21 
 
 
café diferenciado, aliado a escassez de encontrar a matéria-prima adequada disponível no 
mercado nacional, são agentes desestimuladores para investir no segmento (SEBRAE; 
PENSA, 2001). 
O primeiro fator que deve ser levado em consideração para se definir a qualidade do café 
é a sua espécie, já que existem diferenças entre as espécies arábica (Coffea arabica) e 
robusta (Coffea caneplora), as duas mais cultivadas em todo o mundo. O arábica é um 
café mais fino, que apresenta uma bebida de qualidade superior, com maior aroma e sabor. 
É o tipo preferido para produção de cafés especiais ou com atributos diferenciados, como 
o orgânico. 
A diversidade climática é outro fator determinante da qualidade do café, pois proporciona 
variações quanto à acidez, corpo, doçura e aroma do café. O Brasil possui uma 
diversidade muito grande de cafés quanto à qualidade da bebida em decorrência da sua 
imensa variedade de solos e climas, associados a diferentes sistemas de manejo da lavoura 
e do fruto colhido (EMBRAPA, 2004). 
Para que um produto seja vendido como orgânico, a propriedade deve passar por um 
período de conversão, que no caso do café pode durar até três anos, criando desse modo 
uma forte barreira de entrada devido à improdutividade durante esse tempo e deixando o 
produtor com poucas alternativas de produção. Há também a preocupação do produto sair 
orgânico da propriedade rural e contamina-se no processo de beneficiamento ou 
comercialização, o que requer forte controle das transações verticais (PORTER, 1989). 
A competividade da cafeicultura orgânica está diretamente ligada à integração dos 
sistemas de produção, minimizando gastos com insumos pelo aproveitamento de resíduos 
e agregando valor ao produto. A cafeicultura orgânica apresenta, também, na análise do 
estado nutricional e da fertilidade do solo das lavouras, alta eficiência deste sistema de 
produção no fornecimento de nitrogênio, elemento essencial às plantas, via compostos 
orgânicos (estercos), adubação verde e roçada de plantas espontâneas como cobertura 
vegetal permanente do solo (EMBRAPA, 2004). 
Nesse conceito diferenciado do café, surgem atributos de qualidade que vão além dos 
aspectos tangíveis (aspectos físicos, sensoriais e locacionais), agregando aspectos 
imateriais relacionados a questões tecnológicas, manutenção de fauna e flora e 
responsabilidade social. Zylberszrtajn e Farina (2001) apresentam o conceito de cafés 
especiais: 
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O conceito de cafés especiais está intimamente ligado ao prazer proporcionado pela 
bebida. Tais cafés destacam-se por algum atributo associado ao produto, ao processo de 
produção ou o serviço a ele relacionado. Diferenciam-se por categorias como qualidade 
superior da bebida, aspectos dos grãos, forma de colheita, tipo de preparo, história, origem 
dos plantios, variedades raras e quantidades limitadas, entre outras. Podem também 
incluir parâmetros de diferenciação que se relacionam a sustentabilidade econômica, 
ambiental e social da produção. 
De acordo com Almeida et al. (2010), os cafés especiais são divididos em quatro 
categorias principais: os de qualidade superior (Gourmet), origem (Estate Coffe), 
sombreado e orgânico. Tais produções, conforme Souza (2006), são ditas como 
sustentáveis quanto aos aspectos ambientais quando se tratam de sombreado e orgânico. 
Para Almeida et al. (2010), o café de qualidade superior está relacionado diretamente aos 
aspectos de homogeneização dos grãos que devem ser selecionados por lotes de produção 
de cafés de grãos maduros, verdes e secos. Os aspectos relacionados à forma do 
beneficiamento também são importantes, com a possibilidade de escolha por parte dos 
produtores. 
Para Souza et al. (2000), a certificação para os cafés de origem se torna primordial porque, 
em comparação com o café “gourmet” que podem ter suas características comprovadas 
ou não, o consumidor busca, nas certificações, a certeza da região de produção do café 
que esta sendo por ele consumido. 
O seguimento de cafés especiais contempla, também, os orgânicos, e os sombreados. Seus 
surgimentos estão ligados diretamente à exigência do mercado consumidor por um 
produto naturalmente sustentável, saudável e que constituam uma alternativa de renda nas 
regiões do país que ainda estão em processo de desenvolvimento (SOUZA, 2006). Para o 
café receber a certificação de “especial” e garantir ao consumidor a melhor experiência 
com a bebida, o produto precisa ser submetido à rigorosa avaliação da Associação 
Brasileira de Cafés Especiais. A entidade julga todo processo de produção, desde o 
cultivo, passando pela colheita e torra até chegar à xícara. As notas variam entre 60 e 100 
pontos e, acima de 80, em várias faixas de valores, o café é classificado como especial. 
Conforme Ponte (2004), o café do tipo sombreado tem como proposito preservar o meio 
ambiente. É uma forma de tentar reproduzir o habitat natural da planta, podendo ser 
produzido em níveis diversos de sombreamento, com poucas espécies de árvores ou com 
uma maior biodiversidade, onde a cobertura florestal preservada se transforma em um 
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habitat perfeito para várias espécies, por isso a denominação “eco friendly” (SOUZA, 
2006). Para Souza (2006), mesmo com a baixa produtividade, os cafés de sombra geram 
uma bebida bastante apreciada por sua qualidade, devido à cobertura vegetal gerar um 
efeito de controle nas oscilações diárias de temperatura. O café sombreado, normalmente, 
tem características inerentes a outro tipo de café especial: o café orgânico. 
 
DISTRIBUÍÇÃO DA PRODUÇÃO DO CAFÉ NO NORDESTE 
No Nordeste, o café é cultivado nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas 
(IBGE, FAO, apud BRASIL, 2014). Embora a região Nordeste seja a segunda produtora 
em volume, no País sua participação é de apenas 7%, sendo o estado da Bahia o maior 
produtor da região com um volume de 97%, ficando 3% para os estados de Alagoas, 
Pernambuco e Ceará (FAO, IBGE, 2009, apud SEBRAE, 2011). 
Em Pernambuco, o cultivo do café teve início desde a época do Brasil Império, na cidade 
de Garanhuns, região do Agreste e se apresentava como o quinto melhor café do País. 
Dados do IBGE (2010) apontam que a área plantada teve crescimento de 2.873 hectares 
no ano de 2010 para 3.892 hectares no ano de 2011 (SEBRAE, 2011). No obstante o 
crescimento da área plantada, a pesquisa Sebrae (2011) registra que, em alguns 
municípios, houve uma descontinuidade da cultura, refletindo uma queda da atividade e 
impacto na economia local. 
Conforme o SEBRAE (2011), embora o município de Garanhuns mantenha a tradição de 
produtor de café no Estado, o destaque foi o município de Taquaritinga do Norte, com 
produção de 630 toneladas, isto é, 1\3 da produção doestado. Na Figura 3, verifica-se o 
mapa de Pernambuco, destacando a localização geográfica do município supracitado do 
Agreste Setentrional. 
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Figura 3. Localização do município de Taquaritinga do Norte no Agreste Setentrional de 
Pernambuco, tendo as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 7° 53' 17'' Sul, 
Longitude: 36° 5' 33'' Oeste. 
 
A cafeicultura em Pernambuco concentra-se nos municípios do Agreste, devido às 
características climáticas e de altitude, principalmente considerando que a espécie 
predominante é a arábica. Essa mesorregião é responsável por 92% do total estadual, 
como pode se observar na Figura 4. Com mais de 1/3 do café produzido no Estado, 
Taquaritinga do Norte aparece na liderança do ranking de municípios produtores. 
Garanhuns e Brejão ocupam a segunda e terceira posições, respectivamente, com volumes 
parecidos. Mesmo com a supremacia das cidades do Agreste, há registros, segundo o 
IBGE (2009), de produção em Triunfo, Exu, Santa Cruz da Baixa Verde e Moreilândia, 
localizadas no Sertão. 
 
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Figura 4. Produção de café por mesorregião do Agreste do pernambucano. Fonte: IBGE 
– PPM, 2009 (Elaborado por Sebrae/PE, 2011). 
 
No estado de Pernambuco, de acordo com IBGE (2019) no ano de 2018 foram produzidas 
996 toneladas de café em grão verde numa área de aproximadamente 2,08 mil hectares, 
se destacando o município de Taquaritinga do Norte na região Agreste do estado, com 
produção de 800 toneladas em 1,6 mil hectares, resultando em produtividade de 8,3 sacas 
(60 kg) para essa safra, muito aquém da média nacional que está em torno de 25 sacas/ha. 
Fato que pode estar relacionado às condições edafoclimáticas da região (Figura 5), que é 
semiárida, ao sistema sombreado empregado na produção ecológica e também às 
variedades cultivadas Typica e Mundo Novo, que atesta o IAC que esta primeira 
variedade (Typica) é remanescente das primeiras mudas de café aportadas no Brasil no 
ano de 1727. Conforme IAC (2009), trata-se de um verdadeiro patrimônio genético e 
cultural que deve ser preservado e estudado em seu desenvolvimento. Para se entender a 
importância histórica desse grão, o IAC (2009) o trata como uma espécie de coleção, uma 
“verdadeira relíquia”. 
 
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Figura 5. Destaque da Terra do Café - Taquaritinga do Norte, PE. Foto: Adaptação de 
imagens dos arquivos do Café Orgânico Várzea Grande e de Aldo Rocha (2015). 
 
Além do café diferenciado de Pernambuco, os estados da Bahia e do Ceará também 
apresentam potenciais para produzir café orgânico sombreado, sendo que no caso 
cearense existe uma região, o Maciço de Baturité, muito propícia ao cultivo do café 
arábica, de alta qualidade. A experiência da Chapada Diamantina, na Bahia, de altas 
altitudes e baixas temperaturas é conhecida pelo plantio de cafés especiais de alta 
qualidade, utilizando as cultivares Catuaí e Catucaí. 
 
SUSTENTABILIDADE 
O conceito de sustentabilidade implica produção em longo prazo sem causar maiores 
danos ao meio ambiente ou esgotar os recursos naturais (BENZING, 2001). Diz-se que a 
agricultura é sustentável quando é ecologicamente segura, economicamente viável, 
socialmente justa e culturalmente apropriada, onde o meio ambiente e os recursos naturais 
são à base da atividade econômica. A agricultura sustentável preserva a biodiversidade, 
conserva o solo, a água e a energia, valoriza o conhecimento local, minimiza os insumos 
externos que o produtor precisa cultivar, tornando-o mais autossuficiente (LABRADOR; 
ALTIERI, 2001). 
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Uma iniciativa que vem ao encontro da produção sustentável de café é o Código Comum 
para a Comunidade Cafeeira (4C) que visa ampliar a oferta de café verde no mercado 
comum, produzido com critérios ambientais, sociais e econômicos. Esse Código está 
sendo desenvolvido num processo transparente e participativo, aberto a todos que 
integram ativamente o setor do café no mundo, desde organizações de produtores, 
comércio, indústria e sociedade civil organizada. Destaca-se que o investimento 
necessário para adaptação ao 4C não significa necessariamente em prêmio no preço da 
saca comercializada. O que existe é o compromisso das indústrias de comprar, e da rede 
varejista de comercializar, de forma gradativa e ao longo do tempo, volumes crescentes 
de café com padrão 4C (BLISKA et al., 2007). 
 
PRODUÇÃO ORGÂNICA 
A agricultura orgânica é um sistema produtivo que exclui o uso de fertilizantes, pesticidas 
sintéticos (ALTIERI, 1999), hormônios e reguladores de crescimento para a produção 
agrícola (CUCHMAN; RIQUELME, 2000). Segundo a Federação Internacional de 
Movimentos de Agricultura Orgânica, IFOAM (2003), a produção orgânica é "um 
sistema holístico, baseado em uma série de processos que resultam em um ecossistema 
sustentável, alimentos seguros, boa nutrição, bem-estar animal e justiça social". Esta 
definição compreende uma série de princípios como; manter e aumentar a fertilidade e a 
atividade biológica do solo; manter e fortalecer a biodiversidade natural através da 
proteção do habitat; promover o uso responsável e a conservação da água; evitar a 
poluição e o desperdício de recursos renováveis; reconhecer a importância de aprender e 
proteger o conhecimento local e os sistemas tradicionais de produção, entre outros. 
No Brasil, a Instrução Normativa nº 7 do Ministério da Agricultura e Abastecimento, de 
maio de 1999 (BRASIL, 1999), definiu: Considera-se sistema orgânico de produção 
agropecuária e industrial, todo aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso 
de recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por 
objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, 
a minimização da dependência de energias não-renováveis e a eliminação do emprego de 
agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados 
- OGM transgênicos, ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de produção, 
armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiando a preservação da saúde 
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ambiental e humana, assegurando a transparência em todos os estádios da produção e da 
transformação. 
A grande maioria das propriedades em sistemas orgânicos de produção de café é 
certificada de acordo com os princípios dessa Instrução Normativa e segue, portanto, suas 
bases tecnológicas de produção. Neste tipo de agricultura, as práticas mais comuns são 
rotação de culturas, uso de restolho vegetal, esterco animal, associação com leguminosas, 
adubos verdes, rochas minerais e o controle biológico de pragas e doenças, práticas que 
aumentam a fertilidade do solo e eles ajudam no controle de ervas daninhas, doenças e 
pragas na lavoura (ALTIERI, 1999). 
Segundo Cenicafe (2005) define café orgânico como "café produzido e processado em 
um sistema sustentável (ambiental, técnico, social e economicamente viável), sem o uso 
de produtos químicos sintéticos". Deve-se ter em mente que a produção de café orgânico 
não é sinônimo de cultivo abandonado, mas responde a recomendações técnicas sob uma 
consciência orgânica (BOYCE, 1994). 
Há uma série de condições que um cafeicultor com potencial para produzir café orgânico 
certificado deve atender: 1) não usar produtos de síntese química no gerenciamento da 
fazenda; 2) estabelecer práticas de conservação de recursos naturais; 3) possuir bases 
conceituais de produção orgânica (produção e certificação) (OSPINA; FARFÁN, 2003), 
além daquelas exigidas individualmente pelo organismo de certificação. Encontra-se no 
terceiro capítulo mais informações sobre Agricultura Orgânica e Normas de Certificação. 
O que mostra a importância relativa do café cultivado pelos métodos da agricultura 
orgânica não é tanto o volume de café que se vende, mas o enorme esforçodos produtores 
no sentido de adquirir conhecimentos sobre técnicas agrícolas que exigem baixos níveis 
de inversão de capital e que, ao mesmo tempo, atendem aos dois principais objetivos do 
desenvolvimento sustentável: a) proporcionar alternativas menos nocivas para a 
manutenção da fertilidade e da qualidade dos recursos naturais; b) contribuir para que 
pequenos e médios agricultores que operam com base no uso intensivo de mão-de-obra 
organizem-se em sistemas de cooperativas ou associações que lhes garantam acesso ao 
mercado. 
 
 
 
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BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLOGIA 
-Aspecto Botânico 
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae, com centro de origem na Etiópia, onde é 
cultivado em locais predominantemente sombreados, nas regiões montanhosas 
ocidentais, onde as populações se estabelecem no sub-bosque de florestas caducifólias, 
entre 1.000 e 2.500 m de altitude, temperatura média anual entre 18ºC e 21ºC e com uma 
estação seca bem definida, de dois a quatro meses (MIRANDA et al., 1999). No século 
XV foi levado para a Arábia por mercadores, de onde a planta foi difundida. 
A espécie chegou ao Brasil no ano de 1727, mas somente no século XIX que a cafeicultura 
apresentou relevância sobre a economia brasileira, se concretizando como um dos 
principais produtos do agronegócio brasileiro (ALCANTRA, 2012). No Brasil, o café 
entrou pelo Pará, seguindo para o Maranhão, Bahia, Vale do Paraíba, Minas Gerais, São 
Paulo, Paraná e Espírito Santo. Inicialmente, o cultivo ocorria em condições sombreadas, 
porém, a partir da década de 1950, este manejo foi quase completamente abandonado. Na 
Tabela 1, encontra-se a classificação taxonômica do café: 
Tabela 1. Classificação taxonômica do café. 
Reino Plantae 
Tipo Espermatofitas 
Divisão Angiospermae ou Magnoliophyta (planta com flor) 
Classe Dicotiledônea ou Magnoliopsida 
Subclasse Metaclamídeas 
Ordem: Gentianales ou Rubiales 
Família: Rubiaceae 
Tribo Coffeae 
Género: Coffea 
Subgênero Eucoffea 
Espécie: C. arábica; Coffea canéfora; Coffea liberica etc 
Nome binomial Coffea arabica L. 
 
 
O café arábica é o único tetraploide dentre o gênero Coffea, sendo as 5 demais diploides. 
Isso significa que essa espécie apresenta quatro conjuntos do número básico de 
cromossomos (n=11), totalizando 44 cromossomos (SOUZA et al., 2004). Quanto ao 
modo de reprodução, é uma espécie autógama autocompatível e se multiplica 
predominantemente por autofecundação, que ocorre em aproximadamente 90% das flores 
fertilizadas pela junção de pólen e óvulo oriundos da mesma planta (FAZUOLI, 2004). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_(biologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gentianales
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_(biologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rubiaceae
https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9nero_(biologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cafeeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie
C a p í t u l o I | 30 
 
 
Existem mais de 500 gêneros e mais de 8.000 espécies desta família (CARVALHO, 1957; 
PINO; VEGRO, 2008), sendo o gênero Coffea o mais importante, representado por 124 
espécies (DAVIS et al., 2011). Tal gênero é constituído de 66 espécies separadas em 
quatro seções, isto e, Eucoffea, Mascarocoffea, Paracoffea e Argocoffea. A seção mais 
importante, Eucoffea, possui cinco subseções, das quais a Erythrocoffea é a mais 
importante comercialmente, pois abrangem as principais espécies cultivadas, a Coffea 
arabica L. e a Coffea canephora Pierre ex Froehner (Conilon ou Robusta). O Coffea 
arabica L. é a espécie mais plantada no mundo, em mais de 80% dos países cafeicultores, 
tendo sua maior difusão no continente americano. Na Ásia, esta espécie quase se 
extinguiu devido, principalmente, à incidência de ferrugem (Hemileia sp.). Atualmente, 
encontra-se nas partes altas da Índia, com variedades resistentes às raças predominantes 
do fungo, bem como nas Filipinas e no Sudeste da Indonésia. O Coffea canephora 
alcançou o auge de seu cultivo graças à alta resistência à ferrugem das folhas, sendo 
primeiramente cultivada em Java, pelos holandeses. Hoje, encontra-se, exclusivamente, 
em regiões com temperaturas médias anuais entre 21 a 26°C. Mais algumas características 
das espécies de café C. canephora e C. liberica: 
-Coffea canephora é uma árvore robusta com uma raiz pouco profunda que pode alcançar 
10 metros de altura. O fruto é arredondado e leva até 11 meses para amadurecer. Sua 
semente é alargada e menor que a da espécie C. arabica, enquanto as folhas são 
geralmente maiores (Figura 6). O café Robusta é cultivado na África Central e Ocidental, 
em todo o Sudeste Asiático e um pouco no Brasil, onde é conhecido como “Conilon” 
(WALLER et al., 2007). 
 
Figura 6. Semente da Coffea canephora (Robusta) é alargada e menor que a da espécie 
Coffea arabica. 
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-Coffea liberica é uma árvore de grande porte, com até 20 metros de altura, com folhas 
grandes e coriáceas. É cultivado na Malásia e na África Ocidental e é comercializado 
apenas em pequenas quantidades, pois sua demanda é baixa, devido ao fato de que suas 
características de aroma e sabor a tornam menos valorizada (WALLER et al., 2007). 
O café arábica é o mais comercializado no mundo devido à sua superioridade na qualidade 
da bebida e à vasta aceitação no mercado consumidor (SONDAHL; LAURITIS, 1992; 
NEBESNY; BUDRYN, 2006). Apesar dos avanços alcançados na cultura, a 
produtividade média do café arábica ainda é considerada baixa quando comparada com o 
café conilon, especialmente para lavouras mais velhas e com manejo inadequado de 
condução de plantas. 
 
-Aspecto Morfológico 
Planta – Trata-se de uma planta perene, com ciclo bianual, de clima tropical de altitude, 
adaptada a temperaturas amenas e clima úmido, como na região de seu centro de origem 
(Figura 7). Em geral, apresentam ótimo desenvolvimento em temperatura de 23°C diurna 
e 17°C noturna. Temperaturas médias mais altas podem causar problemas como o 
abortamento de flores (ALCANTRA, 2012). 
 
Figura 7. A- Detalhe do ramo plagiotrópico do Coffea arabica L: (1) flor completa; (2) 
estigma formado pelo filete e a antera; (3) ovário seguido pelo estilete e dois pistilos ou 
carpelos; (4) brácteolas; (5) fruto seco; (6) semente; (7) corte transversal do ovário; 
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O cafeeiro da variedade Típica é um arbusto de caule ereto que pode atingir 2- 3 metros 
de altura; os seus ramos são longos, flexíveis e trazem as folhas, que são opostas, 
decussadas e persistentes, e as flores, dispostas em glomérulos axilares. A estrutura 
primária - todos os tecidos do caule, bem como os das folhas, podem ser traçados em 
origem a uma gema apical, de forma cônica, que mede 250-300 micros na sua maior 
altura, e, aproximadamente, 200 micros na sua base (DEDECCA, 1957). 
Diversas cultivares de Coffea arabica têm aspecto mais compacto em relação a cultivar 
Típica, utilizada como referência nas análises genéticas da espécie (CARVALHO; 
MÔNACO, 1972). Trata-se de uma espécie autopolinizada, o que conduz a que as suas 
variedades tendam a permanecer geneticamente estáveis. No entanto, cepas com 
mutações espontâneas foram cultivadas devido às suas características desejáveis. 
"Caturra", por exemplo, é uma forma compacta da cultivar Bourbon; "Maragogipe" que 
é uma cultivar Típica de grãos grandes; "San Ramón" é uma Típica anã e "Purpurascens" 
é uma Típica de folhas roxas. Também tem sido desenvolvidas cultivares adaptadas às 
condições regionais específicas (clima, tipo de solo, doenças etc.) com o objetivo de obter 
o máximo desempenho econômico. É o caso das variedades “Blue Mountain” (derivada 
da Typica jamaicana, cultivada comercialmente no Quênia e é resistente à doença do grão 
de café); “Mundo Novo” (cruzamento de Typica e Bourbon, originalmente cultivada no 
Brasil); "Kent" (desenvolvida na Índia e de folhas de cor bronze, produzcafé de alta 
qualidade e é resistente a várias doenças), SL28 e 34 (desenvolvidas no Quênia, também 
produz café de alta qualidade, embora sensíveis à ferrugem e doença do grão de café) e 
Catuai (híbrido de Mundo Novo e Caturra, cultivado na América do Sul) (OIC, 2014; 
WALLER et al., 2007). 
 
Raiz – O sistema radicular é pivotante, e suas raízes finas localizam-se, em sua maioria, 
entre 30 e 40 cm de profundidade no solo (ALVES, 2008). A raiz primária se desenvolve 
da radícula do embrião. A raiz primária e suas ramificações - as raízes laterais - formam 
a raiz pivotante ou axial, pois a raiz lateral é endógena, acima da zona pilífera, ela possui 
as mesmas partes da raiz principal (Figura 8). 
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Figura 8. Detalhe do sistema radicular da planta de café. Fotos: Arquivo do Manual do 
Café e Carlos Henrique Siqueira de Carvalho. 
 
O sistema radicular do cafeeiro é responsável, em grande parte, pelo sucesso das práticas 
de manejo de uma lavoura. Quando tem início o declínio de um cafezal, marcado pela 
seca de ponteiros, principalmente em decorrência de altas cargas, é necessário, antes de 
qualquer intervenção para contornar o problema, uma avaliação sobre o estado do sistema 
radicular. Em muitas situações, as causas podem ser atribuídas às características do solo, 
associadas ou não à qualidade da muda, preparo do terreno, cuidados no plantio etc. 
Quando os problemas estão relacionados às raízes, qualquer medida que venha a ser 
adotada torna-se ineficiente ou antieconômico, ou, quando muito, de eficácia temporária. 
 
Caule – Caule de espessura média e lenho duro/amarelo. De acordo com Coste (1955), 
as plantas de café arábica são arbustos monocaules (Figura 9), tolerantes ao 
sombreamento e podem chegar a até 4 metros de altura. Elas apresentam crescimento 
contínuo com dimorfismo de ramos (plagiotrópicos e ortotrópicos), sendo os ramos 
plagiotrópicos responsáveis pela produção (THOMAZIELLO; PEREIRA, 2008). Os 
ramos plagiotrópicos se formam ao longo do ramo ortotrópico, e crescem em 
comprimento e número de nós, de onde se originam novas folhas (REIS; CUNHA, 2010). 
Os ramos primários são longos e flexíveis, havendo abundante ramificação secundária e 
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terciária. Há tendência de a planta ser multicaule. Entretanto, em plantios comerciais, com 
desbrotas controladas, consegue-se manter apenas uma haste por planta. Devido à 
alternância do ciclo vegetativo e reprodutivo, as plantas da espécie são podadas com o 
intuito de revigoramento e aumento de produção (THOMAZIELLO et al., 2000). 
 
Figura 9. Presença de unicaule na espécie Coffea arabica e de multicaule na Coffea 
canefora. Foto: José Laércio Favarin (2017). 
 
Ramos – A planta do café tem duas formas de crescimento, uma vertical ou ortotrópica 
que dá origem ao caule ou tronco e outra horizontal ou plagiotrópica, ou seja, para as 
laterais do tronco, a partir dos quais se formam os ramos primários ou bandolas e, por sua 
vez, originam ramos secundários e, em seguida, terciários (AMUSCLAM, 2013). São nas 
axilas das folhas verdadeiras, até o nono ou décimo par, que ocorrem somente gemas 
vegetativas que originam ramos ortotrópicos. A partir do décimo ou décimo primeiro par 
de folhas, surge apenas uma única gema maior por axila, que originará o ramo 
plagiotrópico e várias gemas menos desenvolvidas, as quais darão origem aos ramos 
ortotrópicos. Quando a planta "perde" um ramo plagiotrópico, não é capaz de regenerá-
lo, e sim os ramos ortotrópicos na axila do ramo perdido (comumente denominados 
"ramos ladrões") (Figura 10). A interação entre os padrões de crescimento proporcional 
desses dois tipos de ramos confere ao C. arabica um formato cilíndrico. 
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Figura 10. Tipos de ramos do cafeeiro. Foto: Adaptação de Martinez et al. (2017). 
 
Nos ramos plagiotrópicos, surgem somente gemas produtoras de ramos plagiotrópicos de 
ordem superior ou de inflorescências nas axilas de suas folhas. Essa característica define 
o dimorfismo de ramos que ocorre no cafeeiro, em razão de não se recuperar um ramo 
ortotrópico a partir de fragmentos de ramos plagiotrópicos. Nos trabalhos de 
melhoramento que visam à propagação vegetativa através do enraizamento de estacas 
(clonagem de híbridos), podem ser empregadas somente partes de ramos ortotrópicos, 
que terão crescimento vertical normal, originando uma haste perfeita como a da planta 
obtida por semente. Plantas obtidas a partir da clonagem de ramos laterais plagiotrópicos 
desenvolvem-se irregularmente, com crescimento rasteiro, apenas na posição horizontal, 
sendo do tipo "moita". 
Ou seja, o dimorfismo de ramos é uma diferenciação somática permanente. Pode-se 
prová-la via estaquia de cada tipo de ramo, onde o ramo semelhante ao caule ou ramo 
ladrão origina uma planta normal, enquanto o ramo lateral (plagiotrópicos) forma uma 
planta atípica, a qual não cresce em altura, mas lateralmente. Por outro lado, os descritores 
mínimos das cultivares brasileiras podem apresentar internódios curtos, médios ou longo, 
como é o caso da cultivar Mundo Novo (Figura 11). 
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Figura 11. Internódios curtos (A) e longos (B) apresentados nos ramos. Foto: Oliveiro 
Guerreiro Filho (2007) e Yuliana Duque Garcés. 
 
 
Meristemas primário e secundário – O meristema primário é o tecido embrionário que 
forma a todo tempo novos órgãos: raiz, caule, folha e ramo. São células semelhantes à 
célula tronco animal (WEIGEL; JÜRGENS, 2002). 
O meristema secundário é formado somente depois do desenvolvimento embrionário. 
Esses meristemas são: axilar, floral e lateral. O meristema axilar (axila foliar) origina 
ramo lateral no tronco ou caule – produtivo (gema cabeça de série) ou ladrão (gemas 
seriadas). 
 
Gemas – A parte aérea da planta de café se desenvolve em uma única haste ortotrópica, 
a partir da retomada do desenvolvimento do eixo embrionário, durante a germinação, até 
que a muda atinja de oito a dez pares de folhas (CARVALHO et al., 2008). As gemas 
localizadas nas axilas foliares, geralmente em número de cinco a seis, são denominadas 
de seriadas e a primeira gema do conjunto é chamada cabeça de série. A presença de 
gemas seriadas é que confere ao cafeeiro a capacidade de formação de novas brotações 
ortotrópicas. As gemas seriadas localizadas nos internódios dos ramos plagiotrópicos 
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(axilas das folhas) originarão ramos e frutos, enquanto as gemas cabeça de série 
originarão apenas ramos plagiotrópicos secundários ou de maior ordem, o que 
influenciará diretamente o potencial produtivo da planta (RENA; MAESTRI, 1986; 
Figura 12). Portanto, maior número de ramos plagiotrópicos, associado ao maior diâmetro 
de copa, contribuirá para maior produção dessas plantas. 
 
Figura 12. Nas axilas das folhas cotiledonares em diante há gemas seriadas. Depois do 
6°, 8° ou 10° par de folhas, além das gemas seriadas, tem a gema cabeça de série. A gema 
cabeça de série é única e origina ramos plagiotrópico/produtivo/lateral. Foto: Cannell 
(1985). 
 
 
Existe somente uma gema cabeça-de-série na axila de cada folha presente no nó ao longo 
da haste principal e, a partir de cada nó, existe apenas um par de ramos plagiotrópicos. 
Os ramos plagiotrópicos de primeira ordem, ou ramificações primárias, se desenvolvem 
na axila das folhas, presentes a partir do oitavo ou do décimo nó do ramo principal. As 
ramificações primárias, assim como as de ordem superior, possuem gemas cabeça-de-
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série com capacidade de se diferenciar em ramificações secundárias e gemas seriadas que 
dão origem a folhas, ramos secundários ou botões florais, a depender do estímulo 
ambiental (ALVES, 2008). 
 
Folhas – A variedade Típica de C. arábica apresenta folhas opostas, decussadas, 
dorsiventrais, curto-pecioladas, de lâmina elípticaou elíptico-lanceolada, atenuada em 
ambas as extremidades, glabras, verde-luzidia na face superior e verde clara na face 
inferior, medindo 9- 18 cm de comprimento e 3-7 cm de largura, nervação reticulada, 
nervura mediana desenvolvida, com 9-12 nervuras secundárias, recurvadas, de ambos os 
lados, salientes na face inferior, bordos inteiros, levemente ondulados. As estípulas 
interpecioladas, de forma triangular ou deltoide e extremidade acuminada, são unidas na 
base, de modo a rodear completamente o caule e livres na maior porção, estruturalmente 
muito se assemelham às folhas. As domácias na cultivar Típica apresentam-se localizadas 
no ângulo formado pelas nervuras secundárias com a nervura principal na face abaxial 
das folhas, as quais são pequenas saliências nos tecidos ou são obstruídas por um turfo de 
pelos que têm por finalidade abrigar determinados parasitas (DEDDECA, 1957; Figura 
13). As folhas, em plantas adultas, normalmente, estão presentes somente nos ramos 
plagiotrópicos, no mesmo plano e em posições opostas. A cor das folhas jovens é um 
importante descritor para as cultivares do grupo Mundo Novo (ALVES, 2008). 
 
Figura 13. Ramo do cafeeiro Coffea arabica (A), destacando a domácia (x4; B) na folha 
junto às nervuras principal e secundária. 
 
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O lançamento de folhas é um processo contínuo durante todo ano, mas a sua taxa varia 
com as condições climáticas, sendo maior no período quente e chuvoso que no período 
seco e frio. A produção de folhas está intimamente associada ao crescimento dos caules, 
especialmente dos ramos laterais, tendo-se em vista que os primórdios foliares resultam 
diretamente da atividade da gema apical. O crescimento relevante, portanto, é aquele 
comprometido com a formação de nós, e não com a extensão dos entrenós, embora os 
dois processos estejam de algum modo relacionados (RENA; MAESTRI, 1987). 
Carelli et al. (2002) verificaram que a área foliar individual do café da cultivar Obatã IAC 
1669-20 decresceu de 35,8; 53,7; 57,6 e 76,4 cm2 com a respectiva redução da radiação 
de 100, 70, 50 e 30%. Contudo, os tratamento com sombreamento intermédiário (50 e 
70% de radiação) não diferiram estatisticamente entre si, mas o tamanho médio da folha 
do café variou de 42,1 a 80,9 cm3 (Figura 14). Esse aumento da folha é uma estratégia 
utilizada pelas plantas para maior captação de luz. 
 
Figura 14. Comparação entre folhas de cafeeiros, aos 38 meses após o plantio, sob 25% 
de irradiação (a) e a pleno sol (b), em Piracicaba, SP. Foto: Aureny Maria Pereira Lunz. 
 
O pecíolo, em cortes transversais praticados quase ao nível de inserção da folha sobre os 
ramos, exibe um contorno em forma de escudo, sendo provido na parte superior de duas 
asas ou aurículas que representam os primeiros estágios da expansão do limbo foliar. O 
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seu sistema vascular está representado por um grande feixe central, em forma de arco 
fechado e que irá constituir-se na nervura mediana da folha. Este grande feixe vascular 
central, faz-se acompanhar de dois feixes menores, na parte superior e ao nível das azas, 
e que igualmente exibem o xilema voltado para a epiderme superior e o floema dirigido 
para a epiderme inferior (DEDDECA, 1957). 
 
Anatomia da folha – A lâmina foliar possui uma ou mais camadas de células externas 
que constituem a epiderme, especializada na absorção de luz. A epiderme é revestida por 
uma camada de cutícula (formada por cutina, ceras e pectinas) que reduz a perda 
espontânea de água e protege contra danos mecânicos. Apresenta grande diversidade 
anatômica e morfológica e, por estar em contato direto com o ambiente, está sujeita a 
modificações estruturais, em decorrência de vários fatores ambientais, entre eles a luz. 
Contém diferentes tipos de células, tais como a dos estômatos, do parênquima paliçádico 
e lacunoso. A transpiração estomática é responsável por mais de 90% da água transpirada 
(CARVALHO et al., 2008). 
A folha do café é dorsiventral - parênquima paliçádico de um lado e lacunoso de outro. 
Os estômatos estão na epiderme abaxial (hipostomática) onde há, em média, 200 
estômatos e 400 estômatos por mm2 em C. arabica e C. canephora, nessa ordem 
(VOLTAN, et al., 1992). A densidade estomática é definida como o número de estômatos 
por unidade de área de uma face foliar, sendo fortemente modificada por fatores 
ambientais. A forma e arranjo das células do paliçádico e os cloroplastos perpendiculares 
à epiderme maximizam o uso da luz. O mesófilo com mais espaço entre as células 
facilitam as trocas gasosas - maior eficiência fotossintética (MENEZES et al., 2012). 
Os fatores ambientais influenciam diretamente a anatomia foliar, sendo a condição hídrica 
um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento foliar (CASTRO et al., 2009) e 
a anatomia foliar se destaca nas relações com a produção vegetal (SILVA et al., 2005). A 
anatomia foliar do cafeeiro demonstra plasticidade para os fatores como as condições de 
radiação, alterando as espessuras do parênquima paliçádico e esponjoso, dimensões 
estomáticas, entre outras (NASCIMENTO et al., 2006; PINHEIRO et al., 2005; RAMIRO 
et al., 2004; Figura 15). 
 
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Figura 15. Estruturas internas das folhas do café desenvolvidas em pleno sol e em plena 
sombra. Foto: José Laércio Favarin; Paulo Mazzafera (2017). 
 
 
O parênquima, em sua morfologia, é relativamente simples, mas complexo em sua 
fisiologia, sendo atribuídas a ele funções como fotossíntese, respiração, trocas gasosas e 
armazenamento de substâncias como carboidratos, lipídios e proteínas, dentre outras 
funções (CASTRO et al., 2009). 
 
Floração – As flores do cafeeiro de Coffea arabica L. dispõem-se em glomérulos 
axilares, originados de gemas nos ramos laterais denominados pagiotrópicos, crescidas 
na estação anterior, em número variável de 4 a 5 glomérulos por axila, raramente em 
maior número (MOENS, 1968), envolvidas por um calículo formado por dois pares de 
bractéolas, respectivamente lanceoladas e triangulares (Figura 16). 
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Figura 16. Floração e frutificação da planta do café (C. arabica). Foto: Krug, C. A. 
(1950) e Desenho: Beatrice Häsler, Uster, Suíça. A) inflorescência, mostrando o calículo, 
as estipula interpeciolares e bractéolas foliáceos (x2); e B-C) flores, tamanho natural. 
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 O processo de floração no cafeeiro abrange várias etapas como a indução, iniciação, 
diferenciação, crescimento e desenvolvimento, dormência e antese (BARROS et al., 
1978; WORMER; GITUANJA, 1970). Cada uma dessas etapas é influenciada pelas 
condições ambientais e por fatores endógenos da planta. Dentre os fatores ambientais os 
mais importantes são a radiação, a temperatura e a disponibilidade de água e, dependendo 
da fase de desenvolvimento do cafeeiro, um desses fatores atua no controle do ciclo 
vegetativo ou reprodutivo da planta (BARROS et al., 1978; CAMAYO-VÉLEZ et al., 
2003; MAJEROWICZ; SÖNDAHL, 2005; MOENS, 1968; RENA; MAESTRI, 1986; 
WORMER; GITUANJA, 1970). 
Em primeiro lugar, deve-se considerar a fase de indução ou iniciação floral que ocorre, 
possivelmente, entre fevereiro e março, na maioria das regiões. Antes dessa época, os 
tecidos que compõem as gemas não diferenciadas não possuem ainda a sensibilidade e 
não estão aptos ou maduros para perceber o estímulo da floração. Portanto, são incapazes 
de serem induzidos. Condições ideais são a não ocorrência de déficit hídrico severo, que 
os dias sejam quentes e as noites frescas (aqui é preciso lembrar que o zoneamento 
climático para a cultura do cafeeiro define a faixa de 180C a 230C, como ideal para a 
cultura). Essas condições estimulam a indução floral e os tecidos; assim, sensibilizados a 
“perceberem” o sinal, estão aptos à floração (ALVES, 2007). 
A passagem da gema à fase reprodutiva (indução)compreende uma sequência de eventos 
de natureza bioquímica e morfológica que começa com o estímulo indutivo. Em Coffea 
arabica um leve achatamento do meristema e sua elevação acima do nível original são os 
primeiros indícios visuais de transição floral (RENA; MAESTRI, 1985). Na sequência 
são lançadas pequenas gemas que vão crescendo e ficando visivelmente diferenciadas. 
Sua caracterização nas subfases é feita da seguinte maneira: G1 - refere-se aos nós com 
gemas indiferenciadas; G2 – nós com gemas intumescidas; G3 – gemas com até 3 mm de 
comprimento; G4 – gemas medindo 3,1 a 6 mm de comprimento; G5 – gemas de 6,1 a 10 
mm (coloração verde claro); G6 – gema maior que 10 mm (coloração branca). Após o 
G6, normalmente ocorre à abertura das flores nas primeiras horas da manhã, começam a 
murchar no segundo dia e caem no terceiro (Figura 17). 
 
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Figura 17. Desenvolvimento da gema floral (G) e a floração (FL) do cafeeiro, sendo a 
fase G subdividida tendo como variável o tamanho das gemas (G1 a G6). Fotos: Heverly 
Morais (2006). 
 
Em seguida à indução e à diferenciação floral, os primórdios florais se desenvolvem 
continuamente por um período de dois meses, até atingirem um tamanho máximo de 4 a 
6 mm e entrarem em dormência (fase gema dormente), nos dois meses finais, de julho a 
agosto. Nessa etapa, as gemas são reconhecidas pela coloração amarelo-pálida e contêm 
alto conteúdo de ácido abcíssico (ABA). Existem evidências de que, nessa fase, o volume 
do xilema seja bastante reduzido e de que somente o floema faça a conexão vascular do 
pedicelo, ligando o ramo ao botão floral. Essa vascularização imperfeita do pedúnculo 
levou alguns autores a concluírem que a dormência, mesmo com suprimento razoável de 
umidade no solo, seria causada por um déficit interno de água nos botões florais. Em 
termos de ambiente, o período de dormência parece estar associado a um período de 
déficit hídrico e baixa temperatura (ALVES, 2007). 
É importante destacar que o tecido induzido somente conseguirá se diferenciar ou mesmo 
desenvolver as pecas florais (microscópicas) caso haja umidade no solo. Vale lembrar 
que o cafeeiro suporta déficits hídricos de até 150 mm sem maiores prejuízos ao 
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desenvolvimento vegetativo das plantas e sem consequências significativas para a safra 
projetada para o ano seguinte. 
Diversos estudos sugerem que o cultivo do cafeeiro ocorra sob condições intermediárias 
de sombreamento, de modo que a produção seja homogênea ao longo de vários anos 
(BAGGIO et al., 1997; MATIELLO; ALMEIDA, 1991). O conhecimento do efeito de 
diferentes níveis de radiação sobre o desenvolvimento floral do cafeeiro possibilitaria 
definir os níveis de sombreamento ou a densidade de plantio para maximizar o 
desenvolvimento, a produção e a sustentabilidade do cafeeiro. Isso porque a frutificação 
depende de uma floração adequada, e o conhecimento do processo de indução e 
desenvolvimento de estruturas reprodutivas é fundamental para a obtenção de alta 
produtividade. 
 
Flores – Grandes, em glomérulos axilares, 1 a 4 flores por glomérulo (est. 4-A) e 1 a 7 
glomérulos por axila, protegidos por calículos que podem encerrar apenas 1 glomérulo 
ou 1 principal e 2 secundários; calículo constituído por 2 a 3 pares de bractéolas e 2 a 3 
pares de estipulas interpeciolares, deltoides, pouco acuminadas, com ponta de 
comprimento variável; o primeiro par de bractéolas muito reduzido; o par médio, de 
natureza foliar e muito variável em tamanho, e o mais interno, rudimentar ou mesmo 
ausente em alguns casos; pedicelo curto, ovário ínfero constituído de dois carpelos unidos 
(pistilo) e se assentem sobre um disco carnoso nectarífero; cálice rudimentar, formado 
por 5 insignificantes dentículos; nectário discoide, grande; corola branca, 
hipocraterimorfa, de perfume agradável, constituída por 5 pétalas unidas na base, 
formando um tubo; lobos da corola lineares, acuminados, estendidos; estames, em 
número de cinco, epipétalos; com filetes curtos, fixos no tubo da corola juntos aos pontos 
de separação dos seus lobos ou em posição alternada às pétalas; inserção do filete no terço 
inferior da antera; estilo com 2 lobos estigmáticos, por onde entram os grãos de pólen, 
com papilas estigmáticas internas (KRUG, 1950; Figura 18). 
 
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Figura 18. A-B) Flor de café com a corola branca, constituídas por cinco pétalas unidas 
entre si até quase a parte mediana formando um tubo e o estilo se bifurca em dois lobos 
estigmáticos. Os lobos da corola são em número de 5 e têm os 5 estames aderidos à sua 
base; e C) Estame, ligado ao ovário, é formado pelo filete e a antera. Fotos: José Laércio 
Favarin e Paulo Mazzafera (2017). 
 
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O ovário é normalmente bilocular, cada lóculo encerrando um óvulo anátropo, de funículo 
curto e inserido em placentas centrais. A epiderme externa do ovário é representada por 
uma camada de células estreitas e a ela se segue uma extensa região parenquimatosa 
(futuro mesocarpo do fruto), onde se dispões 2-3 series concêntricas de feixes vasculares. 
Grande número de células parenquimatosas exibe um conteúdo escuro, provavelmente 
representado por material tanoide (DEDDECA, 1957). 
 
Fruto – O fruto de Coffea arabica L. variedade Typica Cramer é uma drupa globosa ou 
ovoide, curto-pedicelada, seu maior eixo medindo cerca de 14 mm, inicialmente de cor 
verde e depois avermelhada na maturidade, algumas vezes dividida por um sulco 
longitudinal em duas partes quase iguais, apresentando superiormente uma cicatriz 
circular correspondente à inserção do cálice e do disco (Figura 19). Encerra normalmente 
duas sementes, uma por lóculo, ou excepcionalmente 3 ou mais, seja devido à ocorrência 
de ovários triloculares ou pluriloculares, ou não, no caso de ovários biloculares que 
apresentam mais de um óvulo por loja (falsa poliembrionia). Outras vezes se desenvolve 
apenas uma única semente, arredondada, devido ao aborto de um dos óvulos do ovário. 
Se ocorrer abortamento de um lóculo há formação de semente arredondada, denominada 
moca (DEDDECA, 1957). 
 
Figura 19. Anatomia do fruto do café. 
 
 
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Fruto de café tem o pericarpo bem desenvolvido e a semente. O pericarpo é a parede do 
fruto, a qual possui três camadas: exocarpo (casca), mesocarpo e endocarpo (pergaminho; 
Figura 20). O exocarpo ou epicarpo é representado por uma única camada de células, 
correspondentes à epiderme externa do ovário; estas células são estreitas e muito juntas 
entre si, de paredes delgadas, e entre elas podem ser encontrados estomas. O mesocarpo, 
também chamado de mucilagem, é uma substância gelatinosa e adocicada existente entre 
o exocarpo e o endocarpo. É uma região extensa formada de mais de 20 camadas de 
células parenquimatosas, grandes, frequentemente encerrando um conteúdo de cor escura, 
que é considerado um material tanoide, como o demonstrou Franco (1939). Além dessa 
inclusão, a maioria das células encerra açúcares, gomas e mucilagens diversas, que são 
responsáveis pela consistência suculenta do fruto do cafeeiro no estado de cereja. Por 
entre as células deste parênquima distribuem-se diversos feixes vasculares, dispostas em 
2-3 séries concêntricas, tal como ocorre no ovário. Estes feixes encerram uma 
predominância de fibras e parênquimas lenhosos de paredes celulares ainda pouco 
espessas. 
 
Figura 20. Fruto do café possui três camadas: exocarpo (Exocarp), mesocarpo 
(Mesocarp) e endocarpo (Endorcap), sendo que este último envolve a película prateada 
(Silver skin) e o endosperma (Endosperm) e C-D) frutos e sementes com e sem 
pergaminho, de tamanho natural. Fotos: Yuliana Duque Garcés e Krug, C. A. (1950). 
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Endocarpo, também chamado de “pergaminho”, apesar de ser uma parte do fruto, 
acompanha

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