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Cafeicultura UFLA

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1. HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA DA
CAFEICULTURA
Antônio Nazareno Guimarães Mendes1, Rubens José
Guimarães1 e Carlos Alberto Spaggiari Souza1.
(1) Professores Doutores do Departamento de Agricultura da Universidade
Federal de Lavras.
O cafeeiro é uma planta originária do continente Africano, das
regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária), podendo ser a região de Cafa
responsável pela origem do nome café. É uma planta de sub-bosque, de nome
café, o qual também é dado ao fruto, à semente, à bebida e aos
estabelecimentos que a comercializam(Graner e Godoy Junior, 1967).
Não se tem nenhum documento ou indício histórico sobre o
conhecimento do café antes do século XV, nem sequer na própria pátria do
cafeeiro, onde, quando muito, a bebida existia ainda de forma oculta, em
algum povo nativo do interior daquele país (Drenkpol, 1927 citado por Romero
e Romero, 1997).
O mais antigo manuscrito sobre o café, de Abd-alkader, data de
1559. Embora existam alguns comentários de que o uso do café é bem
anterior a essa data, não há, até então, nenhum documento histórico que o
comprove (Drenkpol, 1927 citado por Romero e Romero, 1997).
Lendas da descoberta do cafeeiro pelo homem
Uma dessas lendas conta que um pastor da Etiópia, de nome
Kaldi, tomava conta de dois rebanhos e notou que as cabras de um deles se
tornavam mais vivas, saltitantes e tinham uma aparência mais saudável, após
comerem folhas e frutos de uma planta ali existente. O pastor intuitivamentete
resolveu fazer uma experiência: trouxe para o mesmo local as cabras do outro
rebanho e notou que em pouco tempo elas se modificaram, apresentando
comportamento similar ao do outro grupo. Vendo isto, o próprio pastor, por
curiosidade, passou a comer folhas dessas plantas, observando seu efeito
1
estimulante e tornando-se o pastor mais esperto, inteligente e comunicativo da
região. Um monge, vendo o efeito das folhas nas cabras e no pastor, preparou
uma infusão das folhas que, após ingerida, o ajudava a se manter acordado
durante as vigílias, lutando contra o sono pesado. Assim, outros monges
passaram a fazer uso dessa infusão para suportar melhor as longas vigílias,
mas mantiveram o segredo nos conventos por muito tempo; até que este
chegou ao conhecimento de mercadores que o levaram aos poderosos
palacianos, dai difundindo-se junto aos nobres(Graner e Godoy Junior, 1967).
Outra lenda conta que o profeta Maomé encontrava-se com uma
enfermidade que o mantinha em constante estado de sonolência, recebeu a
visita do Anjo Gabriel, que lhe ofereceu uma bebida de cor preta e gosto
amargo e, após bebê-la por algum tempo, voltou a ficar lúcido e disposto
(Graner e Godoy Junior, 1967).
O café como estimulante e alimento
Conta a história que, antigamente, o povo etíope, em suas
peregrinações através dos desertos, costumavam levar, em bolsas de couro,
como seu único alimento, bolos esféricos, do tamanho de bolas de bilhar, que
eram assados em braseiros feitos no chão e preparados com café, misturados
com óleos e gorduras.
Da Etiópia, o café foi levado para a Arábia por mercadores, onde
a planta e o produto foram grandemente difundidos. Ali foi chamado de Kahwa
(vinho na linguagem árabe), podendo também ser esta a origem do nome café.
Na medicina árabe a bebida era indicada como preventivo de
sonolência, para cura de dores de cabeça e tosse e estimulante do cérebro.
Tinha indicação também como moderadora de beberrões, auxiliar da digestão,
para aliviar incômodos periódicos das mulheres árabes, combater vermes das
crianças, entre outras indicações (Graner e Godoy Junior, 1967).
Até hoje a bebida café tem sido indicada para muitas dessas
finalidades. Pesquisas têm sido realizadas, como a do Prof. Dr. Darcy Roberto
2
Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LIMA, D. R.1995), que
concluem que o café, que contém cafeína e lactonas, atua no sistema nervoso
central, sistema cardiovascular, trato gastrointestinal, rim e fígado da seguinte
forma:
- Estimula o cérebro;
- Diminui a apatia e depressão;
- Estimula a memória, atenção e concentração;
- Ajuda a prevenir o consumo de drogas e álcool.
- Diminui a incidência de cirrose em alcoólatras
Foi criado, recentemente, o Centro de Estudo do Café, na
Universidade de Vanderbilt, nos EUA, com o objetivo de buscar informações
sobre as propriedades da bebida café.
Os árabes tentaram manter o privilégio, pois foram os primeiros a
cultivar a planta, mas a descoberta por poderosos palacianos foi difundida
pelas nobrezas do ocidente.
O café entrou na Europa levado pelos orientais, no século XVII,
através da Itália e Inglaterra por volta de 1670. Na Inglaterra, sofreu a
concorrência de cervejeiros e vendedores de bebidas alcoólicas, instalando-se
em casas comerciais com o nome de "Virgia Coffee-House". Em 1671 chegou
à França, onde foi aberto o primeiro estabelecimento em Marselha, depois
Lyon e Paris. Ficaram famosos os Cafés parisienses que eram freqüentados
por intelectuais da época. Voltaire por exemplo, quando alguém lhe afirmava
que café era veneno, dizia: -"Veneno lento, sem dúvida, pois a 50 anos que o
bebo sem que ele tenha produzido efeito". Voltaire morreu com 84 anos de
idade (Graner e Godoy Junior, 1967).
Depois o café foi levado para a Alemanha, Suíça, Dinamarca e
Holanda. Da Holanda, foi levada uma planta para a Guiana Holandesa (hoje
Suriname), daí para a Guiana Francesa, de onde o Sargento Mor Francisco de
Melo Palheta transportou para o Brasil (Belém do Pará), em 1727, mil e tantos
frutos e cinco plantas(Graner e Godoy Junior, 1967).
3
Em Belém do Pará, a cultura não foi muito difundida, foi levada
para o Maranhão e Bahia e em 1770 chegou ao Rio de Janeiro, quando foi
plantada na chácara dos Frades Barbadinos, espalhando-se pela Serra do Mar
e Vale do Paraíba. Depois foi para São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo
Paraná e, mais recentemente, para Mato Grosso e Rondônia.
No Rio de Janeiro, ficaram famosos os cafés "Nice" e "Lamas";
em São Paulo o "Café Guarani".
Algumas datas importantes na evolução do café no Brasil (MENDES e
GUIMARÃES, 1997)
1820- Somente a partir daí o Brasil passou a ser considerado exportador de
café;
1845- O Brasil produzia 45% do café do mundo;
1932- Queima de estoques devido a superprodução;
1945/54- Melhoria dos preços após a Segunda Guerra, incentivando plantios;
1955- Superprodução de 22 milhões de sacas;
1962/67- Erradicação de 2 bilhões de covas;
1970- Plano de renovação e revigoramento de cafezais;
1975- Ocorrência de geadas no Paraná;
1979/81- Ocorrência de geadas em São Paulo e Minas Gerais;
1989- Término do acordo Internacional do café;
1990 – Fim do IBC (Instituto Brasileiro do Café);
1994- Geada nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais;
1996- Criação do CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café) Decreto
nº 2.047;
1997- Criação do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do
Café (CBP&D/Café);
1999- Criação do Serviço de Apoio ao Programa Café – SAPC (EMBRAPA-
Café);
2000- Geada nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
4
Diante do exposto nota-se que a cafeicultura brasileira apresenta
um comportamento cíclico, com fases de expansão e retração, como a seguir:
- 1960 a 1970  Retração
- 1970 a 1989  Expansão
- 1989 a 1994  Retração
- 1995 a 2000  Expansão
- 2001 a ????  Retração
No Quadro 1 é apresentada a distribuição histórica da produção
cafeeira do Brasil.
Quadro 1: Distribuição Histórica da Produção Cafeeira no Brasil 
Período Distribuição
1859 Rio de Janeiro........................................................78,40%
São Paulo...............................................................12,13%
Minas Gerais............................................................7,18%
Espírito Santo..........................................................1,39%
Bahia........................................................................0,26%
1961 a 1975 Paraná assume a liderança da produção nacional em
função da colonização agrícola, com 46.0%.
A partir de 1975 Direcionamento do plantio para o Estado de Minas
Gerais através do Plano de Renovação e Revigoramento
de Cafezais (PRRC).
De 1980 até hoje Minas Gerais assume a liderança nacional.
Fonte: MENDES e GUIMARÃES, (1997)
No Quadro 2 são apresentadas a evolução do parque cafeeiro
nacional.
5
Quadro 2: Evolução do Parque Cafeeiro Nacional
Ano No de pls. de café (em bilhões)
1970 2,30
1980 3,20
1986 / 87 3,90
1989 4,20
1994 3,20
1999 5,05
Fonte: MENDES e GUIMARÃES, 1997.
No Brasil 80% a 85% do parque cafeeiro é arábica e 15% a 20%
canephora. Dentro dos arábicas 60% são Catuaí, 35% Mundo Novo e 3 a 5 %
de outras cultivares.
Quanto à densidade de plantio, a média nacional se aproxima de
2.000 plantas por hectare, enquanto a tendência atual de plantio se encontra
entre 2.500 e 10.000 plantas/ha, conforme o sistema de plantio: 
 Renque – 2.500 a 5.000 plantas por ha ; 
 Semi adensamento – 3.000 a 5.000 plantas por ha ;
 Adensamento – 5.000 a 10.000 plantas por ha.
Importância sócio-econômica da cafeicultura
Até 1820, o Brasil não era considerado exportador de café,
embora em 1800 o café tenha sido exportado pela primeira vez, quando
apenas treze sacas foram embarcadas no porto do Rio de Janeiro. 
Antes da independência, consta que algumas outras partidas de
café foram realizadas, tendo como destino Lisboa, oriundas principalmente dos
Estados do Norte, mas em pequenas quantidades que nem sequer foram
anotadas.
O Brasil iniciou realmente a era do café após a independência e,
em 1845, já colhia 45% da produção mundial, sendo já a partir dessa data o
maior produtor de café do planeta.
 A produção média anual de café no Brasil nos últimos 35 anos, é
de 24,3 milhões de sacas de 60Kg de café beneficiado, e seu consumo interno
6
tem aumentado nos últimos anos, sendo a meta de consumo, para o ano
2003, de 15 milhões de sacas.
A produção média anual de café no mundo, nos últimos 10 anos,
foi de 97,53 milhões de sacas, conforme exposto no Quadro 3 a seguir:
Quadro 3: Produção e consumo de café no mundo nos últimos 10
anos, em milhões de sacas de 60 Kg. 
Anos Produção Consumo
1989/90 97,00 104,14
1990/91 100,30 98,10
1991/92 103,96 103,09
1992/93 92,89 98,39
1993/94 93,30 98,92
1994/95 98,28 92,10
1995/96 89,16 97,89
1996/97 100,72 100,83
1997/98 94,48 101,83
1998/99 105,20 100,00
Média de 10 anos 97,53 99,53
Fonte: USDA, 1999, citado por Floriani, 2.000
Quanto à receita cambial do Brasil, o café contribui com cerca de
2,50 bilhões de dólares, como exposto no Quadro 4 a seguir: 
Quadro 4: Levantamento das exportações brasileiras de 1992 a 1999 em
milhões de sacas.
 Ano Conillon Arábica Total 
verde
Solúvel Total Receita cambial
(em US$1.000)
1992 2,06 14,35 16,42 2,40 18,82 1.098.090
1993 2,82 12,32 15,14 2,70 17,84 1.215.722
1994 2,13 12,44 14,58 2,69 17,27 2.538.008
1995 1,29 10,64 11,94 2,61 14,55 2.429.280
1996 0,96 11,80 12,77 2,51 15,29 2.093.683
1997 0,54 13,89 14,43 2,33 16,77 3.094.693
1998 0,94 15,61 16,56 1,66 18,22 2.596.116
1999 2,30 18,74 21,05 1,96 23,01 2.444.254
Maio/2000 0,03 1,16 1,19 0,13 1,32 149.731
7
Fonte: Adaptado de Cecafé in: Coffee Business (2000-2001)
Na região Sul do Estado de Minas Gerais, a cultura do café
representa cerca de 40% da arrecadação de ICM, comparável a da indústria e
a do comércio juntos.
As riquezas geradas pela cafeicultura possibilitaram o
desenvolvimento e industrialização de muitas regiões. Como exemplo citam-se
a criação de rede ferroviário, asfaltamento de estradas, o advento da energia
elétrica e industrialização, nos Estados de São Paulo (Campinas e Ribeirão
Preto) e Paraná (Londrina).
Como metas de produtividade na cafeicultura mineira têm-se de
15 a 30 scs./ha na cafeicultura familiar e 30 a 50 scs./ha na cafeicultura
empresarial, sendo que a meta de custo de produção gira em torno de
US$70,00 a US$80,00 por saca de 60 Kg de café beneficiado.
Em relação ao custo de produção em cada sistema de plantio,
tem-se a projeção a seguir, Quadro 5, sugerida pelo IMA,2001:
Quadro 5: Produtividade, custo por ha e
custo por saca de 60 Kg de café
beneficiado em três sistemas de plantio
de café:
Sistema de Plantio Produti.
(scs./ha)
Custo/ha (US$) Custo / sc.
(60.5Kg)
Tradicional 20 30 1.569,75 2.106,53 78,48 70,21
Renque 40 50 2.715,25 3.191,63 67,88 63,83
Adensado 40 50 2.645,72 3.157,89 66,14 63,15
Fonte: Floriani, 2000.
Em relação à participação das principais práticas culturais no
custo de produção tem-se:
 Tratos culturais.............................................................20 a 25%
 Controle de pragas e doenças.....................................10 a 12%
8
 Adubação e calagem...................................................20 a 25%
 Colheita e preparo........................................................25 a 35%
 Outras...........................................................................10 a 12%
No Quadro 6, são apresentados os percentuais de exportação de
café brasileiro em relação às exportações mundiais.
Quadro 6: Exportações de café brasileiro, em mil sacas de 60 Kg.
Ano Arabica Conillon
1992/93 14.336 2.055
1993/94 12.312 2.825
1994/95 12.438 2.133
1995/96 10.636 1.263
1996/97 11.829 945
1997/98 13.890 540
1998/99 15.620 940
1999/00 18.740 2.300
2000/01 15.340 680
Fonte: USDA – EMBRAPAC. Citado In: Cafés de Minas – Floriani - 2000
O Brasil é o maior produtor mundial, maior exportador mundial e o
segundo maior consumidor mundial de café.
Mercados internacional e nacional. Principais países produtores de café
e suas características de produção. Principais países importadores de
café. Regiões produtoras de café no Brasil.
O café é o segundo maior gerador de divisas no mundo, perdendo
apenas para o mercado do petróleo. Gera anualmente de 12 a 13 bilhões de
dólares com a exportação de cerca de 60 milhões de sacas. 
Diversas firmas com finalidades diferentes negociam com café:
são exportadores, firmas agrícolas, cooperativas, torrefações e cafeicultores
diretamente ou através de corretoras ou de alguma das organizações citadas
acima.
9
As cooperativas de cafeicultores operam em nome dos seus
cooperados, tanto no comércio interno quanto externo, fazendo também o
beneficiamento, rebeneficiamento e padronização do produto.
Para que seja vendido, o café é classificado por tipo (2 a 8) e por
qualidade de bebida (estritamente mole a rio zona).
Bolsas internacionais de café
O café é cotado em diversas bolsas de expressão internacional.
As principais são a de Nova Iorque (onde são cotados preços de café arábica)
e a de Londres (cotação de robusta).
Bolsa de Nova Iorque: O funcionamento dessa bolsa é
semelhante às brasileiras com algumas diferenças. estabelece-se um
escalonamento de pontos para as cotações. Cada 100 pontos equivalem a um
centavo de dólar por libra/peso. Assim uma baixa de 100 pontos representa
uma queda de preço de US$1,32 por saca de 60Kg, isto porque, uma saca
pesa 132 libras/peso.
O café no mundo
Nota-se pelo Quadro 7 que 83,08% da produção mundial são de
responsabilidade dos 10 maiores produtores de café.
Quadro 7: Produção mundial de café (em mil sacas de café beneficiado).
País 96/97 97/98 98/99 99/00 2000/01 2001/02
Brasil 28.000 23.500 35.600 30.800 34.100 33.700
Vietnã 5.750 7.000 7.500 11.010 13.333 12.500
Colômbia 10.779 12.043 10.868 9.512 11.500 11.400
Indonésia 7.900 7.000 6.950 6.660 6.495 6.280
México 5.300 4.950 5.010 6.193 5.300 5.500
Índia 3.417 3.805 4.415 4.870 5.020 5.425
Guatemala 4.141 4.200 4.300 4.364 4.494 4.976
Costa
Marfim 5.333 4.080 2.217 5.700 4.333 4.700
10
Etiópia 3.800 3.833 3.867 3.833 3.683 3.800
Uganda 4.297 3.032 3.640 3.097 3.100 3.200Honduras 2.279 2.905 2.494 3.067 2.900 2.961
Costa Rica 2.376 2.455 2.459 2.688 2.489 2.560
Peru 1.583 1.820 1.980 2.571 2.500 2.550
El Salvador 2.498 2.040 1.860 2.612 1.603 1.895
Camarões 1.432 889 1.114 1.370 1.505 1.550
Nicarágua 831 1.083 1.079 1.514 1.243 1.350
Tailândia 1.403 1.293 916 1.397 1.200 1.300
Papua-Nova
Guiné 1.089 1.076 1.351 1.387 1.034 1.200
Equador 1.815 1.230 1.322 1.295 1.081 1.166
Venezuela 843 1.380 1.250 880 1.125 1.135
Kênia 1.138 1.028 1.148 1.685 1.019 969
Outros 7.784 6.771 7.092 7.218 7.944 7.622
Total 103.788 97.413 108.432 113.723 117.001 117.739
Fonte: Adaptado de USDA, citado por Agrianual 2002.
Na evolução da produção de café nos 20 países de maior
produção de 1996 a 2001, mostrada no quadro anterior, nota-se a rápida
ascensão de alguns Países, especialmente o Vietnã, que partiu, em 1996/97,
de uma produção de 5,75 milhões de sacas, chegando à safra de 2001/2002
com uma produção de 12,5 milhões de sacas, registrando um crescimento de
117,4% em apenas seis anos. Portanto, hoje o Vietnãn é o segundo maior
produtor de café do mundo (considerando arábica e canephora).
A maioria dos países produtores de café também são
consumidores como se pode ver a seguir pelo Quadro 8:
Quadro 8: Consumo doméstico de Países exportadores de café (em mil
sacas)
País 1998 1999 Variação em %
Brasil 12.100 12.750 +5,37
Colômbia 1.600 1.400 -12,50
Indonésia 2.000 1.250 -37,50
México 1.108 1.200 +8,30
Índia 833 834 +0,12
Venezuela 613 690 +12,56
11
Vietnã 250 350 +40,00
Tailândia 433 333 -23,09
Haiti 330 330 0,00
Guatemala 300 300 0,00
Costa Rica 223 247 +10,76
Peru 192 200 +4,17
El Salvador 192 192 0,00
Honduras 138 168 +21,74
Nicarágua 127 130 +2,36
Total 24.751 24.576 -0,71
Fonte: USDA/EMBRAPA/FEBEC citados por Floriani, 2000
Quanto à exportação de café pelos principais países produtores, a
situação até 1999 é mostrada no Quadro 9 a seguir:
Quadro 9: Principais países exportadores de café (em milhões de sacas
de 60 Kg de café beneficiado)
Países 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 Total Média %
Brasil 17,3 14,4 15,3 16,6 18,0 81,6 16,3 22,2
Colômbia 11,6 11,5 9,3 9,2 9,4 51,0 10,2 13,9
Indonésia 4,4 3,8 5,8 4,9 4,6 23,5 4,7 6,4
Vietnã 3,3 3,7 5,5 5,2 5,5 23,2 4,6 6,3
México 3,0 4,3 4,5 4,4 4,6 20,8 4,2 5,7
C. Marfim 3,7 2,9 5,3 4,0 4,0 19,9 4,0 5,4
Uganda 3,0 4,1 4,3 3,2 3,7 18,3 3,7 5,0
Guatemala 3,2 3,5 3,9 3,2 2,8 16,6 3,3 4,5
Índia 2,3 2,8 2,6 2,9 2,6 13,2 2,6 3,6
Etiópia 2,3 2,3 2,6 1,9 2,1 11,2 2,2 3,0
Subtotal 54,1 53,3 58,8 55,5 57,3 279,0 55,8 75,9
Outros 16,2 13,5 21,1 18,7 19,1 88,6 17,7 24,1
Total 70,3 66,8 79,9 74,2 76,4 367,6 73,5 100,0
Fonte: FEBEC/OIC/USDA, citados por Floriani,2000
Quanto ao consumo de café por Países não produtores, a
situação atual é mostrada através do Quadro 10 a seguir:
Quadro 10: Principais Países consumidores de café (em milhões de sacas)Quadro 10: Principais Países consumidores de café (em milhões de sacas)
12
Países 95/96 96/97 97/98 Total Média %
EUA 18,3 18,5 18,4 55,2 18,4 18,3
Brasil 10,2 10,7 11,7 32,6 10,9 10,8
Alemanha 9,9 10,0 10,0 29,9 10,0 9,9
Japão 5,9 6,0 6,0 17,9 6,0 5,9
França 5,0 5,0 5,0 15,0 5,0 5,0
Itália 4,3 4,2 4,5 13,0 4,3 4,3
Subtotal 53,6 54,4 55,6 163,6 54,5 54,4
Outros 44,4 46,6 46,4 137,4 45,8 45,6
Total 98,0 101,0 102,0 301,0 100,3 100,0
Fonte: FEBEC/OIC/ABIC, citados por Floriani, 2000.
Nota-se pelo Quadro 10, um crescimento da ordem de 14,70% no
consumo de café no Brasil no período de 3 anos. 
Alguns países no entanto, são exportadores de café, sem contudo
possuírem produção, ou seja, são importadores de café para consumo e para
exportação, como é o caso da Alemanha. No Quadro 11 são mostrados os
principais países importadores de café do mundo.
Também pelo Quadro 11, pode-se notar que apenas os 7 maiores
importadores de café do mundo são responsáveis por cerca de 80% das
importações mundiais de café, ou seja, apenas 3% do número total de países
do mundo.
Quadro 12: Principais Países importadores de café (em milhões de sacas)
Países 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 Total Média %
EUA 16,2 17,1 19,4 20,4 21,0 94,1 18,8 26,2
Alemanha 13,6 12,9 13,5 13,8 13,8 67,6 13,5 18,8
França 6,4 6,2 6,7 6,8 6,8 32,9 6,6 9,2
Japão 6,3 5,6 6,1 6,1 6,1 30,1 6,0 8,4
Itália 5,6 5,4 5,6 5,8 5,9 28,3 5,7 7,9
Espanha 3,0 3,1 3,5 3,8 3,8 17,2 3,4 4,8
Reino Unido 3,4 2,8 2,9 3,0 3,2 15,3 3,1 4,3
Subtotal 4,8 47,2 51,3 59,6 60,6 285,5 57,1 79,4
Outros 22,2 19,6 21,0 15,1 14,8 74,0 14,8 20,6
Total 70,3 66,8 72,3 74,7 75,4 359,5 71,9 100,0
Fonte: FEBEC/OIC/USDA, citados por Floriani,2000.
13
Portanto, conclui-se que há um mercado imenso a espera de um
trabalho agressivo de “marketing” que insentive o aumento do consumo
mundial de café. No Quadro seguinte (Quadro 12), podemos verificar o
consumo “per capta” dos principais países consumidores de café.
Estes dados indicam um consumo “per capta” mundial de apenas
1,0 Kg/habitante/ano, com grandes possibilidades de elevação. Essa
possibilidade de elevação do consumo “per capta” pode ser visualizada pelo
cálculo da disponibilidade “per capta”, ou seja, do café produzido menos o café
exportado. Dividindo-se este valor pela população, encontra-se o consumo
“per capta” necessário para não haver sobras (ou estoques) de café, ou seja, a
disponibilidade “per capita”. Assim, no Quadro 12 são apresentadas as
populações o consumo interno e o consumo por habitante/ano dos principais
países importadores de café.
Quadro 12: Principais Países importadores de café, suas populações e
seus consumos.
Países Pop.
(Habitantes)
Consumo
sacas/60Kg.
Cons.
Kg/Hab./ano
Alemanha 82.087.000 10.000.000 7,31
França 58.978.000 5.000.000 5,09
Espanha 39.167.744 3.200.000 4,90
Itália 56.725.000 4.300.000 4,55
Brasil 171.853.000 13.000.000 4,54
EUA 274.111.056 18.400.000 4,03
Reino Unido 59.113.439 2.900.000 2,95
Japão 126.182.000 6.000.000 2,85
Subtotal 868.217.239 62.800.000 4,34
Outros 5.131.792.761 37.400.000 0,44
Total 6.000.000.000 100.200.000 1,0
Fonte: US Bureau Of-USDA e National Trade Statistic – Census International –
Data Base – Citados por Floriani, 2000.
No Quadro 13, são apresentados os dados de disponibilidade “per
capta” de alguns países.
14
Quadro 13: Disponibilidade “per capita” de alguns países 
Países População Disponibilidade “per capta”
Vietnã 77.311.000 0,57 Kg/hab./ano
México 100.394.000 0,24 Kg/hab./ano 
Indonésia 216.108.000 0,56 Kg/hab./ano
Costa do Marfim 15.818.068 0,08 Kg/hab./ano
Uganda 22.804.973 0,37 Kg/hab./ano
Guatemala 12.336.000 1,36 Kg/hab./ano
Etiópia 59.680.383 1,53 Kg/hab./ano
Fonte: US Bureau Of-USDA e National Trade Statistic – Census International –
Data Base – Citados por Floriani, 2000.
Características dos principais países produtores:
1. Colômbia 
-primeiro produtor mundial de café suave e segundo no geral;
- Produtividade de 16 scs. de café beneficiado por hectare;
- Produção 100% C. arabica L.;
- Regiões produtoras: 80% dos cafezais se encontram na parte central, nas
encostas da Cordilheira Andina entre 1000 e 2000 metros de altitude;
- Temperatura média anual de 17 a 23oC;
- Densidade de plantio de 4.000 plantas por hectare;
- Café despolpado;
- Supervisão feita pela Federação Nacional dos Cafeicultores (compra até 24
hs. após colheita, sendo utilizado o “quintá” para medida do café cereja,
correspondendo a 47,5 Kg de café beneficiado);
- 12 a 15 floradas e 8 a 9 colheitas (concentração em dezembro);
- Pequenos produtores, famílias envolvidas;
- Solos férteis de origem vulcânica;
- Grandes altitudes, chuva todo o ano, adensamento é regra;
15
- Broca como problema;
- Convivência com a ferrugem;
- Lavouras sombreadas e a pleno sol;
- Cultivares: Caturra, Catuaí, Colômbia (Catimor).
2. Indonésia 
- Até 1900 só cultivava café arábica; porém, por causa da ferrugem do cafeeiro
hoje tem mais de 90% são de café robusta;
- É o terceiro produtor e exportador mundial de café (considerando arábica+
robusta);
- Produção de cerca de 7 milhões de sacas anualmente, dos quais 80% são
exportados;
- Solos vulcânicos; temperatura média anual de 18 a 26oC, e precipitação de
mais de 1.500 mm anuais;
- Lavouras sombreadas na maioria, com colheita de maio a dezembro.
3. México 
- Terceiro maior produtor de café arábica e quarto considerando
arábica + robusta;
- Vizinho dos EUA, maior consumidor e importador de café do
mundo;
- Solos vulcânicos;
- Temperatura média anual de 20 a 25 oC com precipitação de
1.000 a 3.000 mm de chuva anuais;
- Sombreamento com Ingá e outras espécies.
- Café despolpado na própria fazenda;
- Cultivares: Bourbon e Caturra;
- Apoio: Instituto Mexicano do Café.
16
4. Costa do Marfim 
- Segundo maior produtor mundial de robusta e quinto lugar na
produção de arábica + robusta;
- Altitude de 800 a 1.000 metros;
- 40% da receita cambial do País são devidos ao café (Coffea
canephora);
- Precipitação de mais de 1.200 mm anuais.
5. Costa RIca 
- Produtividade de 22,7 sacas de café beneficiado por hectare;
- Regiões altas e solos vulcânicos;
- Produção organizada e café de excelente qualidade;
- Primeiro país da America Central a cultivar café;
- Cultivares: Caturra, Mundo Novo e Vila Sarchi (Catuaí sendo
implantado- 45% mais produtivo que Caturra).
Brasil: Principais regiões produtoras
Maior produtor e exportador de café do mundo a mais de 150
anos. Já em 1945 produzia cerca de 45% do café do mundo, sendo a partir daí
o maior produtor. 
- Possiu 2.195 plantas por hectare em média;
- Produzui 11,2 sacas por ha em 1994/95 e 12,5 sacas por Ha em
1996/97;
- Distribuição geográfica do café em 11 Estados e 1.850
municípios, em 220.000 propriedades cafeeiras;
- Geração de empregos diretos: 3 milhões; 
-Geração de empregos diretos e indiretos: 10 milhões.
17
Dados Gerais da Cafeicultura Nacional:
 Parque cafeeiro......................................5,050 bilhões de covas
 Área ocupada........................................2,3 milhões de hectares
 Distribuição Geográfica..............11 Estados e 1.850 municípios
 Número de propriedades cafeeiras................................220.000
 Mão de obra empregada........... 3 milhões de empregos diretos
 Área média de café das propriedades................10,45 hectares
Quadro 14: Área e cafeeiros nas safras 1999/2000 e 2000/2001
(levantamento feito em nov./dez. de 1999).
Estado 1999/2000 2000/2001 Variação %
Área
(ha)
Cafeeiros
(1000 pés)
Área
(ha)
Cafeeiros
(1000 pés)
Área
(ha)
Cafeei
ros
MG 781.900 1.813.000 829.000 2.039.000 6,0 12,5
E S 480.000 687.900 508.700 984.000 6,0 43,0
SP 187.000 329.300 200.400 374.000 7,2 13,6
PR 131.500 207.800 145.200 298.000 10,4 43,4
RO 157.000 185.000 160.000 187.000 1,9 1,1
BA 87.000 135.000 89.000 145.000 2,3 0,4
Outros 46.000 79.000 48.000 83.000 4,3 5,1
Total 1.870.100 3.437.000 1.980.300 4.110.000 5,9 19,6
Fonte: Adaptado de EMBRAPA-Gov. Brasileiro in: Coffee Business (2000-
2001).
18
Estruturação de propriedades cafeeiras
A grande maioria dos cafeicultores brasileiros (70%) se
enquadram como pequenos produtores, com áreas de café com no máximo 20
hectares, sendo que detêm cerca de 30% do parque cafeeiro nacional.
A cafeicultura nacional tem grande potencial para expansão,
como podemos comprovar com os dados apresentadoa no Quadro 15.
Quadro 15: Estimativa do Governo para Produção nos Estados
Brasileiros na safra (2000 – 2001).
Estados Produção em mil sacas de 60 Kg
Minas Gerais 14200
Espírito Santo 6200
São Paulo 3400
Paraná 2200
Rondônia 1400
Bahia 1100
Outros 400
Total 28900
Fonte:EMBRAPA-Gov. Brasileiro, Citado In:Anuário Estatístico(2000-2001).
 
Para 2003 a previsão de safra pode bater recorde de produção como
se pode ver pelos dados apresentados no quadro 16.
19
Quadro 16: 1ª PREVISÃO SAFRA - 2002/2003
SACAS DE CAFÉ BENEFICIADAS POR ha
Estados PRODUÇÃO
(Mil Sacas Beneficiadas)
Produtivid.
(sacas /ha)
Arabica Robusta Total
Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup. Inf. Sup.
MG 19.000 20.150 50 50 19.050 20.200 17,94 19,02
ES 2.500 2.600 5.400 5.600 7.900 8.200 14,66 15,21
SP 4.200 4.400 - - 4.200 4.400 18,38 19,25
PR 1.580 1.650 - - 1.580 1.650 13,17 13,75
BA 1.800 1.940 500 520 2.300 2.460 22,67 24,25
RO - - 1.620 1.680 1.620 1.680 7,79 8,08
MT 48 50 310 320 358 \370 9,70 10,03
PA - - 280 290 280 290 14,36 14,87
RJ 170 190 10 20 180 210 14,42 16,83
Outros 55 60 90 100 145 160 7,64 8,43
Brasil 29.353 31.040 8.260 8.580 37.613 39.620 16,03 16,88
Fonte: Adaptado de CONVÊNIO:MAPA –S.P.C./CONAB (2001).
No quadro 17 nota-se que já na safra 2000/2001 havia grande
tendência de novos plantios.
Quadro 17: Previsão de safra cafeeira 2000/2001 (Parque e produtividade
- Levantamento de nov./dez 1999).
Estado Lavoura em Lavoura em 
20
formação produção
Área
(há)
Cafeeiros
(1000 pés)
Área (ha) Cafeeiros
(milhões pés)
Scs./ha
MG 132.000 479.000 829.000 2.039 17,13
ES 36.700 149.000 508.000 984 12,19
SP 14.200 43.700 200.400 374 16,97
PR 19.700 85.300 145.200 298 15,15
RO 42.000 95.000 160.000 187 8,75
BA 16.000 55.000 89.000 145 13,36
Outros 9.000 33.000 48.000 83 8,33
Total 296.600 940.000 1.980.300 4.110 14,59
 Fonte: adaptado de EMBRAPA – Governo Brasileiro citado por Anuário
Estatístico do Café 2000/2001.
Caracterização dos Cafés do Brasil
Minas Gerais (98% de café arábica)
 Sul e Oeste de Minas...................................................Café do Sul de Minas
 Zona da Mata Mineira............................................Café das Matas de Minas
 Triângulo Mineiro..............................................Café dos Cerrados de Minas
 Nordeste de Minas (Capelinha e região)........Café das Chapadas de Minas
Paraná (100% de café arábica)
 Norte (Região do Arenito)
 Região de Londrina
Bahia (80% de café arábica)
 Regiões de Ilhéus e Canavieiras
 Região Caatinga
 Região Oeste
São Paulo (100% de café arábica)
21
 Araraquarense
 Média Paulista
 Alta Mogiana
 Média Sorocabana
Espírito Santo (80% Conilon e 20% Arábica)
Rondônia (90% Conilon)
MINAS GERAIS E SUAS REGIÕES PRODUTORAS
Sul de MG
- A região Sul do estado tem cerca de 50% da produção do
estadual;
- Ë região tradicional;
- Tem boas condições ecológicas e clima com topografia razoável,
boa infra-estrutura e café de boa qualidade, predominando pequenas
propriedades;
Problemas: Escassez de mão-de-obra, (importação do Paraná e
Sul da Bahia e Vale do Jequitinhonha), endividamento, falta de financiamentos
no setor e região sujeito a geadas.
Região do Triângulo e Alto Paranaíba
- cerrado;
- alta tecnologia;
- grandes propriedades (Agroindústrias);
- excelente qualidade;
- CACCER- Conselho das Associações de Cafeicultores do
Cerrado.
Zona da Mata, Rio Doce e Jequitinhonha
- Possui pior qualidade de bebida;
22
- solos pobres;
- topografia acidentada;
- pequena produção;
- transição arábica/robusta.
SÃO PAULO
- Café substituído por cana-de-açúcar e cítrus
- Hoje a produção se concentra nas regiões de Garça e Franca.
ESPÍRITO SANTO
- Produz 62% de café Robusta (pior qualidade);
- Pequena produção- áreas íngremes;
- Arábica no Sul acima de 400 metros de altitude;
- Robusta no Norte abaixo de 400 m de altitude;
PARANÁ
- Já foi o maior produtor do país, mas tem problemas com geadas
(geadas 1975);
- Recentemente plantios adensados;
OUTROS ESTADOS
- Destacam-se, na produção cafeeira nacional, os Estados da
Bahia e de Rondônia, como novas fronteiras em franca expansão. Em
Rondônia, cultiva-se o cafeeiro `Robusta` e na Bahia, tanto o `Arábica` quanto
o `Robusta`.
23
2. Classificação Botânica, ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DO
CAFEEIRO
 Antônio Nazareno Guimarães Mendes(1), Rubens José
Guimarães(1) e Carlos Alberto Spaggiari Souza(1).
(1)Professores Doutores do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras.
A única espécie poliplóidede Coffea já descrita é C. arabica, que
apresenta 2n=4x=44 cromossomos. Todas as outras espécies são diplóides,
com 2n=2x=22 cromossomos. Vários estudos (análises genéticas, citológicas,
estudos de quimiotaxonomia, compatibilidade de cruzamentos e serologia)
realizados com C. arabica conduzem à hipótese de sua origem estar ligada à
hibridação entre espécies diplóides, seguida da duplicação do número de
cromossomos e diferenciação ou mesmo à hibridação de gametas não
reduzidos de espécies diplóides. Acredita-se que C. eugenioides seja uma das
espécies envolvidas na origem de C. arabica. Quanto à outra espécie, ainda
existem dúvidas, mas certamente C. canephora, C. congensis, C. dewevrei e
C. liberica parecem muito relacionadas, podendo qualquer uma estar ligada à
origem de C. arabica.
Os estudos ligados à origem de C. arabica são de grande
importância para o melhoramento genético, porque no caso de hibridação
interespecífica dessa espécie com outra qualquer do gênero, as chances de
sucesso do programa são significativamente maiores quando espécies mais
relacionadas são empregadas. Particularmente na transferência de alelos para
a resistência às pragas e às doenças, essas considerações são de interesse.
A espécie C. arabica é originária do sudoeste da Etiópia, sudeste
do Sudão e norte do Quênia, em região restrita e marginal às demais
espécies. A faixa de altitude correspondente é entre 1000 e 2000 metros.
Atualmente esta espécie distribui-se amplamente em regiões de altitudes mais
elevadas e temperaturas mais amenas, entre 18 e 21ºC, no continente
24
americano e em algumas regiões da África. Seu Centro de Origem ou de
diversidade (Abissínio) é uma área bem limitada, restringindo-se à Abissínia e
algumas regiões limítrofes, entre 8 e 12º de latitude norte e 40 e 42º de
longitude leste.
 A espécie C. canephora tem origem numa extensão geográfica
mais ampla, numa faixa de região ocidental e central-tropical e subtropical do
continente africano, com menores altitudes e temperaturas mais elevadas e
precipitação entre 1500 e 2000 mm anuais. Sua origem e diversidade se
estendem por vasta região da África, desde a Libéria até o Sudão Anglo-
Egípcio, com grande concentração na região do Congo Belga. Atualmente
distribui-se amplamente no continente africano e em algumas regiões na
América, caracterizadas por menores altitudes e temperaturas mais elevadas,
com média anual entre 22 e 26ºC. (MENDES e GUIMARÃES, 1995)
3. Melhoramento Genético do cafeeiro
Antônio Nazareno Guimarães Mendes(1)
(1) Professor Doutor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras.
Os programas de melhoramento genético do cafeeiro não se
limitam à exploração de genes presentes nessas duas espécies de Coffea e
procuram aproveitar caracteres de interesse que se expressam em espécies
consideradas selvagens. A literatura é muito divergente quanto ao número
existente de espécies de café. Aproximadamente 100 espécies de Coffea
arabica já foram descritas (pelo menos 60, considerando algumas
controvérsias existente na literatura, de acordo com a classificação feita por
Chevalier em 1942), embora pouco se saiba sobre seu potencial comercial e
possível aproveitamento em programas de melhoramento. Caracteres de
interesse como resistência às pragas e às doenças, tolerância à seca e à
baixa fertilidade do solo, dentre outros, são intensivamente pesquisados nas
espécies selvagens.
25
Nos países onde o café assume importância econômica,
Instituições de Pesquisa têm enviado esforços nos programas de
melhoramento das espécies mais cultivadas. Algumas destas instuituições
atuam em programas cooperativos, como é o caso do IAC (Instituto
Agronômico de Campinas, em São Paulo, Brasil), que certamente mantêm um
dos mais arrojados e abranjentes programas de melhoramento genético do
cafeeiro no mundo. Outros são o CENICAFÉ (Centro Nacional de Investigação
do Café, em Chinchiná, Colômbia), o IICA (Instituto Interamericano de Ciências
Agrárias, em Turrialba, Costa Rica), e o CIFC (Centro Internacional Das
Ferrugens do Cafeeiro, em Oeiras, Portugal).
É o Brasil o país que soma o maior número de contribuições ao
melhoramento genético do cafeeiro. Atualmente desde o início da década de
1930, a Seção de Genética do IAC vem desenvolvendo um vasto programa de
genética e melhoramento do cafeeiro, tendo realizado quase todos os estudos
de genética de café e lançado as mais importantes cultivares plantadas nas
várias regiões cafeeiras do Brasil e mesmo de outros países; os estudos são
concentrados na espécie Coffea arabica. A partir da década de 1970, outras
instituições de ensino e pesquisa somaram-se ao IAC, nos vários Estados,
num trabalho integrado e cooperativo. São exemplos a Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a Universidade Federal de Lavras
(UFLA) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais; o
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), no Paraná; o Instituto Capixaba de
Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), no Espírito
Santo, dentre outras. Essas Instituições, na sua maioria, passaram a introduzir
material obtido do IAC em gerações avançadas, o que possibilitou a seleção e
multiplicação de materias genéticos superiores nas várias regiões produtoras
em curto espaço de tempo.
3.1 - Espécies mais importantes
1. Coffea arabica L.
26
 É sem dúvida a espécie mais importante do gênero. Trata-se de
um arbusto polimorfo, havendo numerosas variedades e cultivares nos países
produtores. A variedade Arábica ou Típica foi a primeira observada, sendo a
base para a descrição da espécie.
 O arbusto pode atingir 4 metros ou mais de altura, apresenta
sistema radicular profundo e amplamente ramificado nas primeiras camadas
do solo. Os ramos primários são longos e flexíveis, havendo abundante
ramificação secundária e terciária. Há tendência para a planta ser multicaule,
embora em plantios comerciais, com desbrotas controladas, consegue-se
manter apenas uma haste por planta. As folhas são de cor verde escura,
opostas, elípticas, lâmina brilhante e domácias visíveis. As flores são
agrupadas em inflorescências axilares protegidas por calículo formado por dois
pares de bractéolas. O número de flores varia de 2 a 20 por axila, dependendo
do vigor da planta e das condições de ambiente. Os lobos da corola são em
número de 5 e têm os estames aderidos à sua base. O ovário é ínfero, com
duas lojas, cada uma geralmente com apenas um único óvulo. O estilo é
simples, bífido (2 lobos estigmáticos). O nectário é discóide. Os grãos de pólen
são numerosos, globosos, com exina grossa e lisa. Os frutos são do tipo
drupa, de cor vermelha ou amarela, de acordo com a variedade. Têm
superfície lisa e brilhante, exocarpo delgado (casca), mesocarpo carnoso
(muscilagem) e endocarpo fibroso (pergaminho). As sementes são oblongas,
plano-convexas, esverdeadas, cobertas com uma película prateada, que
corresponde aos vestígios do tegumento do óvulo. O endosperma é duro e
resistente, sendo a hemicelulose um dos principais materiais de reserva.
Encerra proteínas, cafeína, óleo, açúcares, dextrina, celulose, ácido
clorogênico e várias outras substâncias minerais. O embrião é pequeno e se
localiza na base do endosperma. Encerra duas folhas cotiledonares
cordiformes e justapostas, com eixo hipocotiledonar curto e plúmula reduzida.
Em vista do reduzido tamanho do embrião as sementes demoram
mais de um mês para germinar, mesmo em condições ótimas de ambiente (em
média, a germinação ocorre em dois meses). Apenas a camada interna do
27
endosperma é consumida durante o processo de germinação.
 Naaxila das folhas cotiledonares ocorrem várias gemas que
podem originar ramos ortotrópicos (verticais) caso a haste principal seja
destruída. Também nas axilas das folhas verdadeiras, até o nono ou décimo
par, somente ocorrem gemas vegetativas que originam ramos ortotrópicos. A
partir do décimo ou décimo primeiro par de folhas, surge apenas uma única
gema maior por axila, que originará o ramo plagiotrópico e várias gemas
menos desenvolvidas, que darão origem aos ramos ortotrópicos. Quando a
planta "perde" um ramo plagiotrópico, não é capaz de regenerá-lo, e sim
produz ramos ortotrópicos na axila do ramo perdido (comumente denominados
"ramos ladrões"). 
Nos ramos plagiotrópicos somente surgem gemas produtoras de
ramos plagiotrópicos de ordem superior ou de inflorescências, nas axilas de
suas folhas. Essa característica define o dimorfismo de ramos que ocorre no
cafeeiro, em razão de não se recuperar um ramo ortotrópico a partir de
fragmentos de ramos plagiotrópicos. Nos trabalhos de melhoramento que
visam a propagação vegetativa através do enraizamento de estacas
(clonagem de híbridos), somente podem ser empregadas partes de ramos
ortotrópicos, que terão crescimento vertical normal, originando uma haste
perfeita como a da planta obtida por semente; plantas obtidas a partir da
clonagem de ramos laterais plagiotrópicos desenvolvem-se irregularmente,
com crescimento rasteiro, apenas na posição horizontal, sendo do tipo "moita".
A espécie C. arabica encerra um grande número de variedades e
de mutantes, alguns amplamente empregados nos programas de
melhoramento genético. É a espécie mais plantada em todo o mundo e a de
maior importância econômica para o Brasil, sendo cultivada em todas as
regiões produtoras do País, onde se obtém um produto de excelente qualidade
de bebida. Citologicamente é a única espécie poliplóide, um alotetraplóide,
com 2n=4x=44 cromossomos. É também a única espécie autógama;
apresenta até 10% de alogamia.
28
2. Coffea canephora Pierre
Em regiões de temperaturas mais elevadas e com abundante
umidade as plantas podem atingir até 5 metros de altura, sendo geralmente
multicaules, mesmo em cultivos comerciais com desbrotas frequentes. É uma
espécie altamente polimorfa, com extensa distribuição geográfica, exibindo
grande capacidade adaptativa a variadas condições de ambiente. As folhas
são características, grandes, elípticas lanceoladas, bordos bem ondulados,
nervuras muito salientes e de coloração verde bem menos intensa que as de
C. arabica. As flores são brancas, em grande número por inflorescência e por
axila foliar, com 5 a 8 lobos na corola, com igual número de estames também
aderidos à sua base. O estilo é longo e o estigma é bífido, sendo o pedicelo
floral incluído no calículo, cujos lobos se prolongam em apêndices foliares. Os
frutos apresentam-se de forma variada entre as diferentes variedades, sendo
nas cultivares comerciais em número de 30 a 60 por verticilo foliar;
apresentam coloração avermelhada quando maduros, superfície lisa, exocarpo
fino, mesocarpo pouco aquoso (pouca muscilagem) e endocarpo delgado. As
sementes são usualmente menores que as de C. arabica, de cor verde clara,
película prateada aderente e endosperma rico em cafeína e menos aromático,
com grande quantidade de sólidos solúveis, frequentemente apresentando
bebida considerada neutra. É comum o seu emprego como lastro, em ligas
com cafés de sabor e aroma mais ativo, provenientes de cultivares de C.
arabica.
O produto comercial recebe a denominação genérica de 'café
robusta', sendo mundialmente conhecido, mesmo concorrendo com o 'café
arábica' em algumas regiões do mundo. Os estudos na espécie C. canephora
tiveram início a partir de 1900, quando técnicos holandeses iniciaram seu
cultivo na Indonésia (em Java) e identificaram plantas resistentes à ferrugem
(Hemileia vastatrix Berk et Br.). Encontra-se hoje difundida em todo o mundo,
graças a grande propaganda que se fez desse material. É de grande
importância econômica para países como Angola, Costa do Marfim, Ceilão,
Congo, Indonésia, Uganda e outros. No Brasil, é cultivada em maior escala no
29
Estado do Espírito Santo (cultivar Conilon, provavelmente derivada da
variedade Kouillou) e na região do Rio Doce, em Minas Gerais. O interesse
comercial nessa espécie deve-se ao elevado teor de sólidos solúveis e
cafeína, de interesse particularmente para a indústria de café solúvel, embora
seu preço de comércio seja comparativamente mais reduzido que o obtido
pelo 'café arábica'. O teor de cafeína é bastante variável entre as espécies de
Coffea, sendo as plantas de C. canephora as mais ricas nesse alcalóide, nas
quais o teor pode atingir até 4% do peso seco da semente (em C. arabica, por
exemplo, o teor médio de cafeína é da ordem de 1,1% apenas, com alguns
mutantes apresentando não mais que 0,6% desse alcalóide). Citologicamente,
a espécie é diplóide, com 2n=2x=22 cromossomos. Apresenta alogamia e
autoincompatibilidade. O cruzamento com C. arabica é possível apenas
quando há a duplicação artificial do número de cromossomos.
3. Coffea eugenioides Moore
Dentre as espécies de Coffea esta é a que mais se assemelha a
C. arabica, sendo considerada um provável ancestral desta espécie. Suas
plantas são arbustivas, com porte e arquitetura semelhantes àos das
variedades ‘laurina’ e ‘mokka’ de C. arabica. As folhas são bem reduzidas,
finas e de cor verde claro. As flores são pequenas, com 5 lobos na corola, 5
estames e estilo simples com estigma bífido. Os frutos são pequenos, de cor
vermelho brilhante e superfície lisa. O pericarpo é aquoso (muscilagem
abundante) e tenro. O endocarpo é pouco espesso, as sementes miúdas, com
cerca de 0,5 cm de comprimento e de cor verde escuro. Exemplares dessa
espécie são encontrados próximo ao centro de diversidade do cafeeiro,
particularmente nas regiões de Uganda, Quênia, Tanzânia e Congo, no
continente africano. Citologicamente é uma espécie diplóide, com 2n=2x=22
cromossomos.
4. Coffea congensis Frochner
É conhecido como cafeeiro do Congo ou cafeeiro dos rios
30
inundados. Trata-se de uma espécie pouco cultivada, porém bastante
estudada, em especial pelos holandeses. Alguns autores admitem a
possibilidade de ser um dos ancestrais de C. arabica. A espécie é mais
semelhante a C. canephora, com altura de aproximadamente 4 metros,
multicaule, com folhas bem desenvolvidas e bastante onduladas, de coloração
verde clara. Os frutos são muito pequenos, ovóides, quando maduros
apresentam a coloração vermelho bem intenso, exocarpo delgado, mesocarpo
pouco desenvolvido, entre C. arabica e C. canephora, com endocarpo pouco
espesso. As sementes são de tamanho médio e de cor verde. Por apresentar
produção semelhante à do 'robusta', híbridos entre essas duas espécies foram
obtidos e seu cultivo tentado na Indonésia. É uma espécie que apresenta
importância para o melhoramento de C. arabica e tentativas de hibridação
entre as duas espécies têm sido realizadas com vistas à transferência de
alelos de interesse para a espécie cultivada. Citologicamente, trata-se de uma
espécie diplóide, com 2n=2x=22 cromossomos.
5. Coffea liberica Bull ex Hiern
É originário da África Ocidental, sendo mais cultivado na Libéria.
Trata-se de uma espécie pouco produtiva, de qualidade inferior à de C.
arabica. Sua introdução no Brasil, no final do século passado, se deu
provavelmente em razão da grande divulgação feita sobre sua possível
resistência à ferrugem.
O que mais caracteriza a espécie é que todas as suas partes são
destacadamente maiores que nas outras espécies do gênero.Seu porte é
muito elevado, entre 6 e 12 metros de altura, com ramificação pouco densa e
folhas mais coriáceas que as das demais espécies do gênero; são ainda mais
brilhantes, maiores e mais largas. As flores são em pequeno número por axila,
sendo a corola muito desenvolvida, com 6 a 8 lobos, com igual número de
estames e apenas um estilo simples e bífido. Os frutos são bem
desenvolvidos, esféricos e achatados, de coloração vermelho claro ou
alaranjada quando maduros; podem levar até um ano para completar o seu
31
desenvolvimento. O pericarpo é espesso e não aquoso (pouca muscilagem),
dificultando o despolpamento. O endocarpo é também espesso e as sementes
são amarelas, de tamanho médio, com película prateada muito aderente.
A espécie é muito atrativa para ornamentação, em função do
elevado porte das plantas, das frequentes floradas, praticamente o ano todo,
com flores grandes e muito perfumosas. Citologicamente, a espécie possui 22
cromossomos, sendo diplóide (2n=2x=22 cromossomos), e o cruzamento com
C. arabica é muito difícil.
6. Coffea dewevrei De Wild et Durand
Cafeeiros dessa espécie são mais conhecidos como cafeeiros
arborescentes, sendo sua forma mais comum o café Excelsa. As plantas são
de porte muito elevado, atingindo facilmente 15 metros de altura, não sendo
rara a ocorrência de exemplares com até 20 metros. As folhas são coriáceas,
elípticas e lanceoladas, com dimensões maiores que as da espécie C. liberica.
As flores apresentam entre 5 e 6 lobos na corola com igual número de
estames, sendo o estilo simples e bífido, bastante desenvolvido. Floresce
várias vezes ao ano, produzindo frutos miúdos que, quando maduros, exibem
coloração vermelho claro. O pericarpo é pouco espesso, pobre em
muscilagem, sendo o endocarpo mais resistente e espesso, com sementes
amareladas, pequenas e afiladas nas extremidades, apresentando película
prateada muito aderente. A bebida obtida é de qualidade inferior, sem valor
comercial. Citologicamente, é uma espécie diplóide, com 2n=2x=22
cromossomos, apresentando problemas no vingamento de frutos quando
usada em cruzamentos com C. arabica.
7. Coffea racemosa Lour.
É uma espécie arbustiva, considerada xerofítica, em razão de sua
ocorrência nas regiões áridas da África Oriental e particularmente de
Moçambique, com características que o distinguem das demais espécies do
gênero. Sua resistência à seca se deve à perda de todas as folhas por ocasião
32
da estiagem, o que induz uma certa dormência nas plantas até o início das
chuvas. Os ramos ortotrópicos e plagiotrópicos apresentam cor acinzentada.
As folhas são pequenas e lustrosas e as flores, em pequeno número por axila,
exibem coloração entre o branco e o rosa, sendo muito grandes e com 6 a 8
lobos na corola, com igual número de estames, apenas um estilo bífido. Os
frutos são bem característicos, muito pequenos, de cor preta quando maduros,
superfície lisa e odor característico. O mesocarpo é muito aquoso e espesso,
enquanto o endocarpo é bastante fino. As sementes são bem pequenas e de
cor amarela, com película prateada aderente. 
Uma das características dessa espécie que interessa ao
melhoramento genético é a resistência ao bicho-mineiro (Leucoptera coffeella),
considerado uma das pragas que mais prejuízos ocasionam ao cafeeiro.
Trabalhos realizados no Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
demonstraram que entre os descendentes de cruzamentos de C. arabica com
C. racemosa, cafeeiros com resistência foram obtidos, os quais vêm sendo
aproveitados em hibridações com plantas selecionadas de cultivares
melhoradas de C. arabica, como a Icatu, Mundo Novo e Catuaí.
Citologicamente, a espécie é diplóide, com 2n=2x=22 cromossomos, o que
dificulta os trabalhos de hibridação com C. arabica. No trabalho mencionado
acima, tem-se verificado elevado número de plantas anormais entre os
descendentes dos cruzamentos, devido, provavelmente, à irregularidade na
meiose.
8. Coffea stenophylla G. Don
O arbusto dessa espécie não é muito desenvolvido, exibindo
folhas longas e estreitas com ápice pontiagudo. A altura geralmente não
excede 5 metros e possui ramos plagiotrópicos muito finos e flexíveis, com
pouca ramificação secundária, uma das causas da baixa produção de frutos.
As flores têm de 8 a 10 lobos na corola, com o correspondente número de
estames, sendo o estilo simples e o estigma bífido ou, raramente, trífido. Os
frutos são esféricos e quando maduros apresentam coloração preta. O
33
pericarpo é pouco espesso e o endocarpo muito duro. As sementes são
pequenas e sem valor comercial. Apresenta-se como uma espécie resistente à
seca e também ao bicho-mineiro. Nos trabalhos realizados no IAC, também a
resistência encontrada nessa espécie vem sendo transferida para C. arabica.
Uma observação interessante verificada nesse trabalho é de que os híbridos
C. arabica x C. stenophylla são suscetíveis ao bicho-mineiro, indicando que a
resistência nessa espécie deve ser recessiva.
3.2 - MUTANTES E VARIEDADES EXÓTICAS
 
A espécie C. arabica é amplamente cultivada no continente
americano, sendo que, no Brasil, a quase totalidade das lavouras são
formadas com cultivares dessa espécie. É uma espécie alotetraplóide do tipo
segmental, o que resulta em maior dificuldade em revelar de imediato
mutantes facilmente analisáveis, tornando, por certo, essa espécie pouco
atraente à realização de estudos genéticos. Outro agravante é o ciclo perene
de 3 a 4 anos de semente a semente, além de pequeno número de óvulos por
fruto (um ou dois, apenas), que leva de 210 a 250 dias para se desenvolver
completamente; outro complicador é o fato de alguns mutantes produzirem
pequeno número de flores por ano, muitas vezes em épocas não coincidentes
entre materiais em estudo. Contudo, apesar das dificuldades, a Seção de
Genética do Instituto Agronômico de Campinas realizou um grande número de
estudos genéticos em mutantes de C. arabica, contribuindo para o
esclarecimento sobre a herança de vários caracteres e seu potencial para
programas de melhoramento genético.
Desde o início dos trabalhos, procurou-se tomar como padrão a
variedade Arábica ou Típica, classificada como C. arabica var. typica, por
tratar-se do café primeiramente introduzido no Brasil em 1727, por Francisco
de Mello Palheta e ser bem conhecida nos países produtores, além de ter sido
usado por Lineu, em 1753, na descrição da espécie.
34
1. Coffea arabica L. var. typica
Esta variedade é também conhecida por vários nomes locais,
como Nacional, Arábica, Crioula, Comum, Brasil e Sumatra. As plantas
apresentam porte médio, entre 2 e 3 metros de altura, exibem arquitetura
cilíndrica, com ramos laterais primários levemente pendentes e os secundários
e terciários pouco abundantes. As folhas, quando novas, são geralmente
bronzeadas e quando completamente desenvolvidas, e têm coloração verde
escura; são elípticas, levemente coriáceas, com lâmina e margem pouco
onduladas. As flores apresentam corola branca, em glomérulos, com cálice
rudimentar denticulado. O ovário é bilocular e, às vezes, trilocular. Os frutos
são oval-elípticos, lisos, brilhantes, com mesocarpo rico em muscilagem e
endocarpo fibroso. As sementes são plano-convexas e de coloração
esverdeada.
Esta variedade foi a primeira a ser plantada no Brasil, ocupando
grandes áreas do norte e nordeste, inclusive no Estado de São Paulo e outros
Estados do Centro-Sul. Atualmente não é mais indicada para o plantio, por ser
pouco produtiva e sem rusticidade. 
Análises genéticas realizadas no IAC indicaram que dois locos
gênicos controlavam o fenótipo typica, quando na condição homozigota
dominante (TT NaNa). Qualquer variaçãona constituição desses locos pode
alterar o fenótipo. Aparentemente, o alelo T é epistático em relação a ‘na’, e Na
apresenta dominância parcial na presença de tt. As possíveis combinações
desses alelos nos dois locos geram os seguintes fenótipos na geração F2 de
plantas Tt Nana, de acordo com Carvalho et al. (1991). Veja a Quadro 19.
A partir desses tipos extremos, relacionados ou não à variedade
Typica, através de testes genéticos foi possível concluir que as mutações
caturra, semperflorens, laurina, dentre outras, são derivadas de Bourbon
Vermelho, enquanto as mutações maragogipe, cera, goiaba e outras, são da
variedade Typica. Convém lembrar que se a variedade Arábica for ancestral de
Bourbon Vermelho (mutação de T para t), essa mutação deve ser considerada
de grande importância econômica, pois a variedade Bourbon Vermelho é muito
35
mais produtiva do que a Arábica, como será visto no Quadro 18 à seguir.
Quadro 18: Análises genéticas dos dois locos gênicos que controlam o
fenótipo Typica.
Genótipo Proporção Fenótipo
TTNaNa 1 Arábica
TTNana 2 Quase Arábica
Ttnana 1 Semelhente a Bourbon
TtNaNA 2 Arábica
TtNana 4 Quase Arábica
Ttnana 2 Murta com folhas maiores
TtNaNa 1 Bourbon 
TtNana 2 Murta
Ttnana 1 Nana
Fonte: Carvalho et al., (1991).
Uma variedade derivada da Arábica que recebeu vários nomes
locais é a forma xanthocarpa, também conhecida como Amarelo de Botucatu,
Café Amarelo e Café de Botucatu. Foi certamente uma das primeiras
mutações ocorridas na variedade Arábica no Brasil, ocorrida na região de
Botucatu-SP, por volta de 1871. Essa variedade difere da typica pela coloração
dos frutos, que é amarela. O controle dessa característica é exercido por
apenas um gene, com dois alelos, havendo dominância incompleta do alelo Xc
sobre o xc. Dessa forma, os genótipos XcXc, Xcxc e xcxc apresentam os
fenótipos frutos vermelhos, alaranjados (vermelho claro) e amarelo,
respectivamente. A mutação na coloração do fruto não altera o potencial
produtivo da variedade, razão da produção da forma xanthocarpa ser
igualmente pequena, comparável à da typica.
2. Coffea arabica L. var. bourbon
A variedade Bourbon é originária da Ilha de Reunião (antigamente
denominada Ilha de Bourbon) e foi introduzida no Brasil em 1859, em
Resende-RJ. Mais tarde, por volta de 1875, foi plantada em São Paulo, na
região de Cravinhos e Ribeirão Preto, expandindo-se daí para outras regiões
36
do Estado de São Paulo e provocando grande progresso na cafeicultura
paulista, por ser mais produtiva que a variedade Typica.
Em geral, nota-se dificuldade em separar a variedade Bourbon da
Typica, sendo a diferenciação feita com base em vários caracteres. As
ramificações secundárias dos ramos plagiotrópicos são bem mais densas na
Bourbon, os internódios são mais curtos, os brotos novos são geralmente
verdes, o ângulo entre o limbo foliar e a nervura central é maior, o limbo foliar é
ondulado nos bordos e os frutos são menores. As sementes são mais curtas e
mais arredondadas que as da Typica. A arquitetura da planta também exibe
diferenças, sendo mais cilíndrica. O produto é de excelente qualidade de
bebida.
À semelhança da variação encontrada para coloração do fruto na
cultivar Typica, na Bourbon também ocorre a forma xanthocarpa, que originou
a variedade Bourbon Amarelo. Acredita-se que esta variedade não tenha sido
produto apenas de mutação gênica, mas sim do cruzamento natural entre as
variedades Bourbon Vermelho e Amarelo de Botucatu, pois suas plantas
diferem muito da variedade original e a produção é superior, além de
apresentar maior precocidade da maturação dos frutos, permitindo que a
colheita seja realizada em época bem anterior à das demais variedades.
3. Coffea arabica L. var. caturra
Esta variedade originou-se na divisa dos Estados de Minas Gerais
e Espírito Santo, na Serra do Caparaó, provavelmente como mutante da
variedade Bourbon.
Sua principal característica é o porte reduzido, bem inferior ao das
variedades Arábica e Bourbon, com internódios mais curtos, folhas maiores e
mais largas, bordos ondulados, de coloração verde desde os estádios iniciais
de desenvolvimento. Os frutos se assemelham aos da variedade Bourbon. 
Apresenta elevada capacidade produtiva nas primeiras colheitas,
reduzindo drasticamente esse potencial com o passar dos anos, com
acentuada morte de ramos plagiotrópicos e intenso depauperamento de toda a
37
planta. Acredita-se que esse fato seja consequência da baixa capacidade de
absorção e acúmulo de nutrientes pelas raízes, já que esta variedade se
adapta bem às condições dos solos vulcânicos da Colômbia e da Costa Rica.
Trata-se do primeiro mutante encontrado com porte pequeno e
elevada capacidade produtiva e por esse motivo muito contribuiu para o
programa de melhoramento desenvolvido no IAC, no qual foi então incluída a
transferência desse porte para outras cultivares comerciais. A característica é
controlada por apenas um gene, denominado caturra (Ct), com dominância do
alelo que confere porte baixo sobre o porte alto (CtCt e Ctct: porte baixo; ctct:
porte alto). A distinção das plantas baixas e altas ainda no viveiro, quando
trabalha-se com gerações segregantes para o alelo Ct é um pouco dificultada,
pela variação nas condições do ambiente em que se desenvolvem as mudas;
no campo, contudo, essa distinção é inequívoca logo nos estádios iniciais de
desenvolvimento das plantas.
4. Coffea arabica L. var. maragogipe
Esse mutante surgiu no município baiano de Maragogipe, por
volta de 1870, a partir da variedade Typica. Trata-se de uma variedade que
apresenta a expressão de todos os seus caracteres aumentada em relação à
variedade original. É, contudo, pouco vigoroso e pouco produtivo, razão de
não ter despertado interesse econômico em escala comercial. No geral, as
sementes, os frutos, as folhas e o porte da planta são maiores que os padrões
usuais das variedades de café.
Há também a forma xanthocarpa, denominada maragogipe
amarelo, que surgiu de uma provável hibridação natural entre o Maragogipe
Vermelho e o Amarelo de Botucatu (variedade Typica, forma xanthocarpa).
Embora inicialmente se tenha pensado tratar-se de um poliplóide
em maior grau, as análises citológicas demonstraram que a variedade
Maragogipe possui 44 cromossomos somáticos, como a Arábica. Seu fenótipo
de "gigantismo" para os caracteres morfológicos se deve à ação de apenas um
gene, sendo o alelo dominante responsável pelo referido fenótipo
38
(Maragogipe: MgMg ou Mgmg), caracterizando dominância completa. Várias
tentativas foram feitas no IAC para utilização comercial desse material, todas
sem sucesso. Cruzamentos com outras cultivares comerciais também não
resultaram em material produtivo. Acredita-se que o menor número de flores
por axila foliar e menor porcentagem de "pegamento" dos frutos em relação às
outras variedades sejam as principais causas de sua baixa produtividade.
5. Coffea arabica L. var. erecta
As plantas dessa variedade apresentam todos os ramos laterais
em posição mais vertical, quase paralelos e comprimidos junto à haste
ortotrópica principal. Os ramos plagiotrópicos primários formam, em média,
ângulos de 26º (com variação de 11 a 41º) com a haste principal, enquanto na
variedade Typica esse ângulo é, em média, de 67º (variação de 50 a 85º). As
demais características assemelham-se as da variedade Typica.
Esse fenótipo erecta é controlado por apenas um gene, com
dominância completa do alelo Er sobre o er. Trabalhos desenvolvidos em
Campinas-SP mostraram que o alelo Er tem penetrância completa,
expressividade constante e aparentemente nenhuma ação pleiotrópica,
afetando apenas a direção dos ramos laterais. As plantassão pouco
produtivas, mas devido a direção dos ramos especula-se sobre a possibilidade
de cultivo em maiores densidades, o que de certa forma compensaria esse
defeito. Tentativas foram feitas, inclusive envolvendo o cruzamento de
variedades portadoras do alelo Ct, de porte baixo com plantas erecta, sem que
nenhum resultado de expressivo valor comercial tenha sido obtido. A
produtividade se mantém insatisfatória e, quando a produção é elevada, os
ramos laterais eretos pendem e podem até se quebrar com o peso dos frutos.
A princípio, julgou-se que os ramos laterais plagiotrópicos, por
serem eretos, pudessem substituir os ramos ortotrópicos no crescimento
vertical, não apresentando portanto o característico "dimorfismo" dos ramos
observado em outras variedades. Contudo, através de enxertia ficou
demonstrado que a natureza plagiotrópica dos ramos laterais permanece
39
erecta, que apenas têm um crescimento mais vertical.
6. Coffea arabica L. var. laurina
A variedade Laurina, oriunda da Ilha de Reunião, é conhecida há
muitos anos, sendo também conhecida por Murta, Bourbon Pointu, Leroy e
Smyrna, tendo sido descrita como um provável híbrido entre C. arabica e C.
mauritiana. 
As plantas são arbustos de pequeno porte, geralmente entre 1 e 2
metros de altura, arquitetura cônica, geralmente multicaules, com ramificação
muito densa, internódios curtos e folhagem também bastante densa. As folhas
são menores e mais persistentes do que na variedade Arábica. Os frutos são
pontiagudos na base, as sementes pequenas e afiladas nas extremidades.
Possui menor teor de cafeína nos grãos (0,6%, em média), igual a metade,
quando comparado com outras variedades de C. arabica, o que se constitui no
maior atrativo em termos de melhoramento. O teor de cafeína nas folhas,
contudo, não difere do encontrado em folhas de plantas normais.
O fenótipo laurina é controlado por apenas um gene, na condição
homozigota recessiva (lrlr). Os híbridos F1 são normais e em segregações em
F2 e outras gerações, as frequências observadas indicam dominância
completa do alelo normal sobre o alelo lr. Estudos genéticos demonstraram
que esse mutante pode ter se originado da variedade Bourbon Vermelho, o
que é provável, considerando-se a origem geográfica comum das duas
variedades (Ilha de Reunião).
7. Coffea arabica L. var. mokka
A variedade Mokka, também oriunda da Ilha de Reunião,
caracteriza-se pelo pequeno porte, copa cônica, ramos plagiotrópicos curtos,
internódios curtos e folhas pequenas, com domácias grandes e salientes. As
flores são menores que as da variedade Arábica, os frutos arredondados e
pequenos e as sementes normais quanto ao formato, porém muito pequenas.
O produto obtido é considerado de excelente qualidade. 
40
Convém salientar que a variedade Mokka não se relaciona com o
tipo comercial "sementes moca", formadas quando se desenvolve uma única
semente no fruto; suas sementes são plano-convexas, normais, apenas
menores que o padrão da variedade Typica.
Análises genéticas realizadas no IAC revelaram que a variedade
Mokka possui os alelos tt, sendo, portanto, derivada da Bourbon Vermelho.
Quando as plantas se encontram homozigotas para dois pares de genes, o
laurina (lrlr) na condição recessiva e o mokka (momo), com dominância
parcial, tem-se o genótipo padrão da variedade Mokka, lrlr momo, sendo
portanto relacionada à variedade Laurina. Plantas de constituição LrLr momo e
Lrlr momo, embora de aspecto mokka, quando novas apresentam tipo anormal
de ramificação, com desenvolvimento dos ramos laterais ocorrendo
tardiamente, somente a partir da axila do 20º ao 30º par de folhas, enquanto
na variedade Typica isso ocorre a partir do 8º ao 10º par de folha; as folhas
são também maiores, as domácias bem visíveis e o porte é alto, quando
comparado ao Mokka homozigoto recessivo para os dois locos.
Quando a variedade Mokka possui o alelo laurina na condição
homozigota (lrlr momo), o teor de cafeína é semelhante ao da variedade
Laurina (0,6%), o que não ocorre quando as plantas apresentam porte alto
(LrLr momo), nas quais o teor é o normalmente encontrado em variedades de
C. arabica (1,1%).
8. Coffea arabica L. var. cera
Descrito em 1935, esse mutante apresenta as sementes com
endosperma de coloração amarela após secas e beneficiadas recentemente.
Até então conhecia-se apenas variedades e mutantes de C. arabica com
endosperma de cor esverdeada. É relativamente comum sua ocorrência em
qualquer variedade de café, recebendo as denominações Cera ou Gema.
41
Todas as demais características do mutante original se assemelham à cultivar
Typica, à exceção da cor das sementes.
Não há nenhum interesse comercial nessa variedade, a não ser
para estudos relacionados à taxa de cruzamentos naturais na espécie C.
arabica. Pela polinização de plantas que normalmente produzem sementes
cera com pólen normal de cafeeiros Arábica, que produzem sementes de
endosperma esverdeado, obtém-se sementes híbridas, também de coloração
esverdeada, fenômeno denominado xenia, ou seja, consiste no efeito direto de
um alelo presente no gameta masculino sobre o fenótipo do endosperma. O
fenótipo cera mostrou-se recessivo, sendo que os endospermas de
constituição Cecece, CeCece e CeCeCe são de cor esverdeada, sendo
amarelos apenas os endospermas de constituição cecece. Análises genéticas
envolvendo mutantes cera de origens distintas resultam apenas em sementes
do tipo cera, mostrando tratar-se do mesmo loco gênico.
Esse mutante deu duas valiosas contribuições ao melhoramento
do cafeeiro. Primeiramente, demonstrou-se geneticamente que o tecido da
semente de café é constituído por um endosperma verdadeiro, visto que até
essa época havia dúvidas quanto à origem ontogenética desse tecido.
Posteriormente, estudos de determinação da taxa de cruzamento natural no
cafeeiro tornaram-se possíveis de serem facilmente realizados, com claras
vantagens sobre outros marcadores genéticos. Usualmente, colocam-se
plantas com genótipo cece (endosperma cecece) rodeadas por plantas de
constituição CeCe e, por ocasião da colheita das plantas do tipo cera, tem-se a
porcentagem direta de fecundação cruzada pela contagem do número de
sementes de endosperma esverdeado (Cecece), produto de cruzamento
natural, colhidas nessas plantas, em relação ao total de sementes colhidas.
Através dessas determinações, evidenciou-se que a taxa média de
cruzamentos naturais em C. arabica varia de 7 a 15%, com média ao redor de
10%.
9. Coffea arabica L. var. goiaba
42
Mutante originário da variedade Typica, apresenta 5 sépalas bem
desenvolvidas e foliáceas nas flores, que persistem até o fruto maduro e seco.
Os frutos assemelham-se a pequenas goiabas (Psidium guajava),
particularmente quando ainda verdes. Nas demais variedades da espécie as
sépalas são bem reduzidas e muito pouco aparentes nos frutos.
No mutante goiaba, as sépalas são em número de cinco. Em
cruzamentos realizados com a variedade Typica, verificou-se em F1 sépalas
bem desenvolvidas, porém menores que a do parental goiaba. Em F2 a
segregação é 1:2:1 de plantas normais, híbridas e goiaba, respectivamente,
indicando que o alelo em questão apresenta dominância incompleta ou
ausência de dominância. O alelo é simbolizado por sd, sendo as plantas com o
fenótipo goiaba sdsd. Algumas plantas dessa variedade apresentam plastídios
anormais e folhas terminais de alguns ramos mal conformadas, retorcidas e
amareladas.
Em trabalhos realizados no IAC, julgou-se que as plantas
portadoras de sépalas nos frutos fossem menos atacadas pela broca do
cafeeiro (Hypotenemus hampei), já que esse inseto praga inicia seu ataque ao
fruto pela regiãoda "coroa", na cicatriz da inserção do tubo da corola.
Verificou-se, contudo, que a presença de sépalas não alterava o
comportamento da praga.
10. Coffea arabica L. var. angustifolia
Esse mutante caracteriza-se por apresentar plantas com folhas
longas e estreitas, sendo pouco vigorosas, frequentemente multicaules, com
baixa capacidade produtiva. O porte é baixo, entre 1 e 2 metros de altura, com
folhas novas bronzeadas ou amareladas, porém verde escuros quando
maduras.
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11. Coffea arabica L. var. semperflorens
As variedades de C. arabica florescem 3 a 4 vezes ao ano, em
geral a partir do início do período chuvoso, em setembro. Um mutante
identificado pelo IAC que floresce quase que continuamente o ano todo foi
denominado semperflorens. Apresenta-se com folhagem densa, folhas pouco
menores que as da variedade Typica, de um verde mais intenso, ramos mais
curtos e aparentemente mais resistentes à seca. Os frutos maduros
distribuem-se por praticamente todo o ano, sendo mais intensa a maturação
em março-abril e outubro-dezembro.
Análises genéticas revelaram ser essa característica controlada
por apenas um gene, com dominância completa do alelo normal (Sf) sobre o
recessivo (sf). Plantas semperflorens são portanto de constituição sfsf. Outras
análises indicaram ainda a presença dos alelos tt indicando ser esse mutante
derivado da variedade Bourbon Vermelho.
OUTROS MUTANTES DE Coffea arabica L. 
São muitos os outros mutantes de C. arabica, a maioria sem
nenhum interesse comercial, contudo são estudados com vistas à avaliação de
caracteres de interesse e do potencial para emprego em programas de
melhoramento do cafeeiro. Entre eles, citam-se:
- anomala: também conhecido por café macho, em razão da
pequena produção de frutos;
- anormalis: arbusto com ramificação densa, porém folhas
completamente anormais, mal formadas, conhecido em algumas regiões por
"pé de pato"; o controle genético é exercido pelo alelo Am, com dominância
incompleta sobre am. As plantas anormalis típicas são homozigotas
dominantes para o referido alelo. 
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- bronze: mutante que apresenta a coloração bronzeada das
folhas quando novas, tornando-se verde normais quando maduras. O controle
genético é exercido pelo alelo Br, que apresenta dominância parcial sobre br
(BrBr: bronze escuro; Brbr: bronze claro; brbr: verde). É encontrado em muitas
variedades e somente apresenta interesse como gene marcador; 
- bullata: esse mutante tem folhas mais largas e mais grossas,
apresenta grande porcentagem de frutos chochos e poucas sementes se
formam. Essas características se manifestam em função de tratar-se de uma
anomalia cromossômica, pois o mutante apresenta 66 ou 88 cromossomos
(hexa ou octaplóide); 
- calycantema: apresenta flores com cálice petalóide, dando a
impressão de dupla corola;
- columnaris: variedade com porte muito elevado, encontrada em
Porto Rico;
- fasciata: trata-se de um mutante com características de
fasciação, tanto dos ramos como dos frutos e outras partes da planta. O
controle genético é exercido por apenas um gene, como dominância parcial
(Fs), sendo que o homozigoto dominante apresenta o fenótipo fasciata, o
heterozigoto é fasciado em menor intensidade e o homozigoto recessivo é
completamente normal, com ausência de fasciação;
- macrodisco: mutante que apresenta brácteas nas inflorescências
exageradamente grandes, afetando o desenvolvimento do cálice e tornando o
disco do fruto muito desenvolvido. As sépalas nos frutos são persistentes, em
número de 10, dispostas em dois círculos concêntricos. O controle genético é
exercido pelo alelo Md, que apresenta dominância parcial sobre o alelo normal
md.
- monosperma: nesse mutante, embora as plantas sejam bem
desenvolvidas, os ramos são finos, as folhas alongadas e de textura delgada.
Raramente produz frutos e, quando estes os produz, exibem uma única
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semente. São plantas consideradas "haplóides", com 22 cromossomos, sendo
comum em todas as variedades; por florescerem abundantemente e
produzirem poucas sementes, os cafeicultores conhecem esse mutante como
"café macho";
- murta: porte menor que a variedade Typica, com sementes e
frutos semelhantes aos da Bourbon; mantido apenas para estudos envolvendo
os alelos t e Na;
- nana: trata-se do café anão verdadeiro, que sobrevive por
apenas 2 a 3 anos. É obtido a partir da autofecundação do mutante. Não
floresce e, portanto, não produz sementes;
- pendula: derivado da Bourbon, apenas apresentando o porte
mais elevado e ramos laterais longos;
- polysperma: apresenta-se com intensa fasciação dos ramos,
com grande número de folhas normais em cada nó. As flores fasciadas
apresentam entre 8 e 17 lobos com igual número de estames. Frutos com 7 a
14 sementes, anormais e em forma de cunha.
- purpurascens: apresenta folhas arroxeadas quando maduras,
produz poucas flores com corola rósea, frutos arroxeados quando ainda
verdes e vermelho arroxeados quando maduros. É interessante apenas para
ornamentação. O controle genético é exercido pelo alelo pr, com dominância
completa do alelo normal Pr sobre o recessivo; somente as plantas
homozigotas recessivas são do tipo purpurascens.
- San Ramon: é um dos mutantes de porte mais reduzido de que
se tem conhecimento; os internódios são muito curtos e as folhas largas e
lisas. Muito difundido na América Central, não apresentando interesse às
outras regiões por existirem variedades de porte baixo mais produtivas.
Muitos outros materiais mutantes são citados na literatura, na sua
maioria sem importância econômica. Como outros mutantes para porte baixo
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têm-se, como exemplos, as variedades Pacas, Vila Sarchi, São Bernardo e
Vila Lobos. Como mutantes morfológicos, com características ainda em estudo
ou sem maior importância, tem-se: variegata, abramulosa, votutifolia,
polyorthotropica, mucronata, minutifolia, crassinervia, diminuta e atenuata,
dentre outros.
3.4 - MÉTODOS DE MELHORAMENTO E TÉCNICAS EMPREGADAS NA
SELEÇÃO DE PROGÊNIES DE CAFEEIROS 
 
Vários métodos de melhoramento apropriados a plantas que se
reproduzem predominantemente por autofecundação são usados em C.
arabica. A seleção individual de plantas matrizes em populações segregantes,
com ou sem o conhecimento prévio de suas produções em colheitas anteriores
foi sempre empregada por várias instituições, com a análise direta de suas
progênies. A hibridação intra ou interespecífica também vem sendo usada em
alguns trabalhos. O controle da polinização nem sempre é realizado na
condução das gerações segregantes por autofecundação, embora se saiba
que o cafeeiro apresenta taxa variável de cruzamento.
De maneira geral, pela natureza predominantemente autógama,
todos os métodos de melhoramento aplicáveis a essas espécies têm potencial
de emprego na espécie C. arabica. Analogamente, todos os métodos
aplicáveis às espécies alógamas podem também ser empregados em C.
canephora, à exceção daqueles métodos que exigem o uso de
autofecundação em alguma etapa de sua execução.
3.4.1 TÉCNICA DE AUTOFECUNDAÇÃO E DE CRUZAMENTO 
 
As autofecundações são realizadas em C. arabica quando se
deseja garantir 100% de autogamia (geralmente em trabalhos de
melhoramento genético). Nem sempre há necessidade de se proceder a
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autofecundação artificial, a menos que materiais muito constrastantes estejam
dispostos muito próximos no campo e se deseje evitar o cruzamento entre
eles. O trabalho tem início quando os botões florais se apresentam bem
desenvolvidos, um ou dois dias antes da antese e consiste em eliminar
inicialmente as flores já abertas e mesmo alguns frutos prematuros em
desenvolvimento

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