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Livro-Texto - Unidade II tópicos de atuação profissional - sociologia unip

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37
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Unidade II
5 AUTOFORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA
Algumas questões devem ser discutidas quando se fala em autoformação continuada: idealmente 
o professor de Sociologia é um sociólogo, o que significa que ele concluiu sua formação acadêmica, fez 
seu registro profissional, concluiu a licenciatura, prestou e foi aprovado em algum concurso e finalmente 
está exercendo a profissão à qual dedicou parte de sua juventude com os estudos e trabalhos exigidos.
Dentre várias possibilidades, duas aparecem de pronto: a) ele pretende continuar na docência e 
pesquisa, partindo para o Ensino Superior, com pós‑graduação, mestrado, doutorado etc; b) ele pretende 
continuar no Ensino Médio, eventualmente assumindo aulas em mais de uma escola, ou mais aulas na 
mesma escola.
O risco dessa segunda opção reside na rotina empobrecedora, que se torna medíocre com o tempo, 
e não com muito tempo. Logo esse professor estará procurando meios para se motivar no trabalho, para 
se atualizar, aperfeiçoar suas práticas pedagógicas etc.
É nesse momento que se colocam questões relacionadas aos programas de autoformação continuada. 
Todavia, quais recursos estão disponíveis ao professor para que ele se comprometa com um programa de 
autoformação continuada? Mas, antes de tudo, o que se pode entender por autoformação continuada?
Primeiramente a expressão “formação continuada” aparece na bibliografia associada à pedagogia das 
competências, reflexo da política neoliberal. Vários trabalhos apresentados no VIII Congresso Estadual 
Paulista sobre Formação de Educadores, realizado em 2005 pela Unesp, em Marília, apontaram nessa 
direção, ou como afirmava Brabo (2005), reportando‑se a Santos Filho, as contradições existentes entre 
um discurso democrático e uma prática pedagógica discriminadora persistem no sistema educacional, 
mas a solução não se encontra na formação dos professores, porque
[...] tais contradições, que ainda persistem, resultam da pretensão das 
sociedades democráticas capitalistas de criar um sistema de igualdade política, 
a democracia, num sistema de desigualdade econômica, o capitalismo, 
marcado pela desigualdade social, cultural e política (BRABO, 2005).
A articulação entre a política neoliberal, a pedagogia das competências e a formação continuada dos 
professores, segundo Silva (2005), fez‑se notar ainda mais nítida:
A partir da década de [19]90, a denominada “década da educação”, [quando] 
houve um aprofundamento das políticas neoliberais[,] que passaram a usar 
outras estratégias de regulação como a pedagogia das competências, [o] 
38
Unidade II
professor reflexivo, a formação continuada, a fim de continuar sustentando o 
capitalismo que se baseia no acúmulo e no lucro imediato (SILVA, 2005, p. 188).
Em outros termos, a formação continuada “entraria para reparar lacunas na formação inicial, 
contribuindo ainda mais para o aligeiramento dos cursos e justificando a criação de cursos curtos 
que teriam como alicerce a experiência prática profissional (SILVA, 2005, p. 190)”. Enfim, a formação 
continuada permitiria aperfeiçoar e adaptar às novas condições instaladas com um eventual “avanço 
das tecnologias” um conteúdo que a formação inicial, para não dizer básica, não pode proporcionar.
A reflexão de Ghedin (apud Silva, 2005, p. 190) é particularmente significativa quando se tem por 
tema a formação continuada de professores de Sociologia. Para Ghedin, “o trabalho docente implica 
fazer uma tarefa intelectual, um saber fazer”. Ele define o professor “como um intelectual transformador, 
aquele que é capaz de desvendar o oculto que nos é apresentado como natural”. Praticamente são essas 
as palavras empregadas para descrever a desnaturalização do mundo, elemento da metodologia do 
ensino de Sociologia, conforme Moraes (2010). Nesses termos, a formação do professor de Sociologia 
não corresponde ao esperado pela pedagogia da competência, na medida em que ela, segundo Silva 
(2005, p. 190), “quer transformar o professor naquele que deve apenas ensinar o que as crianças 
precisam aprender (habilidades, técnicas, capacidades)”, reduzindo o processo de ensino à instrução. 
Enfim, completa Silva (2005, p. 190‑1):
O papel do professor, na visão neoliberal, restringe‑se em o que, e como 
ensinar. Essa visão restrita de educação difundida por Schon (1997) e seus 
seguidores alastrou‑se na Formação continuada de professores na década 
de [19]90 e salienta uma prática reflexiva, pois considera que o professor 
precisa é dominar e inventar métodos para responder às necessidades de 
cada aluno, tendo assim uma habilidosa prática de ensino.
Desse modo, essa concepção neoliberal se torna incompatível com a formação e papel do professor de 
Sociologia no Ensino Médio, embora seja importante a atualização de conhecimentos, a busca por recursos mais 
adequados para ensino, e a formação continuada, nesse caso, pressupõe reflexão e práxis consciente do sujeito.
Observando o quadro a seguir, retirado da publicação O olhar do professor para a formação contínua 
em um cenário de projetos, de Ishihara e Diniz (2005), pode‑se concluir que, no caso do professor de 
Sociologia, o perfil de seu fazer corresponde a duas das perspectivas apontadas: a acadêmica e a da 
reflexão prática para reconstrução social.
Quadro 2 
Perspectiva Ensino Professor Formação dos professores
Acadêmica
Processo de transmissão de 
conhecimentos e de aquisição da 
cultura acumulada
Especialista numa ou em 
várias áreas disciplinares
Proporcionar domínio no 
conteúdo da disciplina
Técnica Ciência aplicada Técnico Aquisição de princípios e práticas decorrentes da investigação
39
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Prática
Atividade complexa, singular, 
imprevisível e conflituosas, que 
demanda opções éticas e políticas
Artesão, artista ou 
profissional clínico
Aprendizagem da prática, para a 
prática e a partir da prática
Reflexão na 
Prática para 
Reconstrução 
Social
Atividade crítica, uma prática social 
impregnada de opções de caráter 
ético
Profissional autônomo que 
reflete criticamente sobre 
a prática cotidiana
Desenvolvimento de: capacidades 
de refletir criticamente sobre a 
prática, de atitudes de busca, 
crítica, trabalho solidário, iniciativa 
(compromisso político)
Adaptado de: Diniz (2005, p. 270).
Consequentemente o ensino implica atividade crítica, marcada pelo caráter ético, e empregada no 
processo de transmissão e aquisição de conhecimentos. Esse professor‑sociólogo é especialista na sua 
disciplina, mas também trafega com relativa facilidade nas disciplinas conexas; sempre afeito à prática 
social no cotidiano da sociedade brasileira, ele mantém o compromisso político com a democracia e, 
pode‑se dizer, com uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
As autoras comentam, concluindo o texto da pesquisa, que “os dados reforçaram a ideia do professor 
como autor do seu projeto de formação, pois [...] percebe‑se a individualidade na construção ou não 
construção de projetos individuais pelas professoras (ISHIHARA; DINIZ, 2005).” Isso significa que 
professores não são submissos aos projetos de formação, mas à existência anterior de projetos pessoais 
de formação. Isso significa que:
A ação do formador pode influenciar, interferir e ajudar no estabelecimento 
de projetos dos professores. Estabelece‑se assim uma nova dimensão para 
o trabalho dos formadores: ajudar os professores a enxergarem novas 
possibilidades, a ganharem força para cruzarem fronteiras e a definirem seus 
projetos de formação. Para isso, o formador precisa estar atento aos possíveis 
projetos pessoais de formação dos professores, focalizando encaixes e zonas de 
interferência, ou seja, cabe a ele se perceber em um cenário repleto de projetos, 
[os] seus e de cada um dos professores, para posicionar‑se de modo a perceber o 
olhar do professor para a formação contínua (ISHIHARA; DINIZ, 2005).
Essas conclusões são convergentes com os resultados parciais de estudos desenvolvidos por Loss 
(2015),relacionados à autoformação no processo de formação do profissional de educação. A autora 
levanta uma série de questões instigantes e pertinentes sobre a relação entre formação inicial no curso 
superior e a autoformação continuada. Para a autora (2015, p. 5):
A autoformação é um processo significativo para despertar os sujeitos à 
ampliação da consciência, ou seja, à tomada de decisões frente a maneira 
de ser e de se relacionar consigo mesmo e com o outro. Ela possibilita o 
autoconhecimento das subjetividades humanas para a constituição da 
sensibilização e da autotransformação do eu individual e coletivo.
Dessas colocações, decorre que a autoformação é concebida como dimensão do processo de 
subjetivação, ou, de construção do sujeito, em campo ético, envolvendo não somente a racionalidade, 
40
Unidade II
mas também as emoções. Essa complexidade combinada entre razão e emoção é sintetizada por Morin 
(2007, p. 122): “A vida humana necessita da verificação empírica, da correção lógica, do exercício racional 
da argumentação. Mas precisa ser nutrida de sensibilidade e de imaginário”. Assim, conclui Loss (2015, p. 
18): “[...] a autoformação instiga o educador à autonomia intelectual, ao compromisso científico e social, 
como expressão de um profissional que pensa e tem o que dizer a partir da reflexão coletiva”.
 Observação
Deve‑se notar que, em relação ao professor‑sociólogo, a autoformação 
corresponde mais a um projeto pessoal de formação que a um modelo de 
desempenho de algum protocolo de atividades.
Partindo de todos esses elementos, quais seriam os recursos disponíveis para o professor‑sociólogo 
delinear seu projeto de autoformação continuada?
5.1 Recursos para autoformação continuada do professor de Sociologia
Não são muitos recursos para uma autoformação continuada, mas vale a pena explorar algumas 
indicações, como a participação em organizações científicas, no Brasil, segundo o site da Sociedade 
Brasileira de Sociologia:
A SBS tem duas categorias de sócios: efetivo e graduado.
Para ser sócio efetivo na SBS, você deve (a) ser portador da titulação 
mínima de mestre na área de Ciências Sociais ou em áreas de interface, (b) 
exercer atividades de ensino e pesquisa no campo das Ciências Sociais em 
instituições de ensino superior ou institutos de pesquisa, ou ainda (c) ter 
uma produção científica considerada relevante em Sociologia.
Para ser sócio graduado na SBS, você deve ser graduado em Ciências 
Sociais, Sociologia, Antropologia, Ciência Política ou áreas afins, a critério da 
Comissão de Admissão, e não ter obtido título de mestre ou doutor numa 
das áreas especificadas.
A admissão aos quadros sociais como associado far‑se‑á mediante proposta 
apresentada à Diretoria e a aprovação da Comissão de Admissão, que se 
reúne durante os encontros anuais da ANPOCS e durante os Congressos 
Brasileiros de Sociologia. Aceito o pedido de ingresso, sua filiação será 
efetivada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA, [s.d.]).
41
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
 Saiba mais
A Sociedade Brasileira de Sociologia edita a tradicional Revista Brasileira 
de Sociologia (RBS), consulte o link a seguir:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA (SBS). Revista brasileira de 
sociologia. [s.d.]c. Disponível em: <http://www.sbsociologia.com.br/
revista/index.php/RBS/>. Acesso em: 15 set. 2016.
A Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS) surgiu das precárias e difíceis condições 
que se apresentavam para bacharéis e licenciados em Ciências Sociais em relação ao ensino de Ciências 
Sociais, notadamente Sociologia. É interessante ressaltar que, no histórico da fundação da entidade, 
as questões relacionadas ao ensino de Ciências Sociais foram centrais. Conforme relato da Associação:
[...] Ainda que contasse com o trabalho sério e dedicado de um grupo de 
professores universitários da área de ciências sociais, a realidade apontava 
para certa “invisibilidade” do debate sobre o ensino de sociologia na escola 
nos departamentos de sociologia, antropologia e ciência política [...]. Mesmo 
com alguns avanços provenientes da luta de setores universitários no âmbito 
de entidades acadêmicas, como a Sociedade Brasileira de Sociologia, os 
espaços de discussão e produção de conhecimento sobre didática, currículo 
e formação docente[,] ainda se encontravam marginalizados na maioria 
de nossas universidades e em eventos acadêmicos científicos das áreas de 
ciências sociais e educação (ABECS, 2012b).
A situação se agravou, compartilhada por professores universitários ligados à licenciatura, indicando 
a oportunidade de criação de um espaço acadêmico e profissional.
Foi assim que, em 2011, de um e‑mail‑convite de Flávio Sarandy a cerca de 20 colegas, ocorreu um 
manifesto a favor da criação da Sociedade Brasileira de Ensino de Ciências Sociais:
[...] provocado por um e‑mail‑convite sugerindo que se lançasse a proposta 
pública de uma nova associação [...] [o manifesto deu origem a um] grupo 
virtual com a participação de mais de 350 pessoas (com cerca de 80 bastante 
atuantes em trocas de mensagens diárias), onde as bases da associação 
foram erigidas, inclusive o seu estatuto e nome. Nesse sentido, apostando 
na utilização da internet como espaço de comunicação e interação, tendo 
em vista as proporções continentais do Brasil e a intensificação do trabalho 
docente em todos os níveis, foi construída uma lista virtual de discussão 
com professores e estudantes de graduação e pós‑graduação de todo o país 
(ABECS, 2012b).
42
Unidade II
A partir da crescente adesão de colegas dos mais diferentes cantos do Brasil, foi construída a 
assembleia de fundação da nova entidade, no dia 11 de maio de 2012, na Unidade Humaitá do Colégio 
Pedro II, um dos primeiros estabelecimentos do país a ofertar Sociologia escolar; na cidade do Rio de 
Janeiro, foi fundada a Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS). Conforme o Art. 3º 
dos Estatutos, a ABECS tem como finalidades e objetivos:
I – Congregar os profissionais que atuem no magistério ou pesquisem 
sobre o ensino da Sociologia/Ciências Sociais, em todos os níveis e 
segmentos, a saber: educação básica, graduação e pós‑graduação, lato 
sensu e stricto sensu;
II – Apoiar a expansão da disciplina Sociologia/Ciências Sociais na Educação 
Básica, que deve ser ministrada exclusivamente por licenciados em 
Sociologia/Ciências Sociais;
III – Denunciar e combater ações e políticas públicas que direcionem ou 
estimulem os licenciados em Sociologia/Ciências Sociais à docência na 
Educação Básica em outras áreas do conhecimento (tais como História, 
Geografia, Filosofia, Pedagogia, etc.);
IV – Denunciar e combater ações e políticas públicas que direcionem ou 
estimulem os licenciados em outras áreas do conhecimento (tais como 
História, Geografia, Filosofia, Pedagogia, etc.) à docência de Sociologia/
Ciências Sociais na Educação Básica;
V – Apoiar eventos dedicados às atividades de ensino, pesquisa e extensão 
relacionadas direta ou indiretamente ao ensino da Sociologia/Ciências 
Sociais em todo território nacional;
VI – Discutir a formulação, implementação, execução e avaliação de políticas 
públicas de educação, sobretudo, as voltadas ao ensino da Sociologia/
Ciências Sociais, e posicionar–se em relação a elas;
VII – Promover o diálogo entre as ciências de referência da área das Ciências 
Sociais, (Antropologia, Ciência Política e Sociologia), a Educação e áreas 
afins, com vistas ao desenvolvimento do ensino da Sociologia/Ciências 
Sociais, estimulando os seus membros a participarem e contribuírem em 
diferentes fóruns, associações científicas e demais eventos que tratem de 
assuntos relativos ao ensino da Sociologia/Ciências Sociais;
VIII – Zelar pelos interesses comuns de seus associados no que 
concerne às atividades do ensino de Sociologia/Ciências Sociais nas 
suas variadas dimensões;
43
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
IX – Atuar na obtenção de recursos para o suplemento de atividades 
relevantes para a área, em especialnos âmbitos do ensino, da pesquisa, 
desenvolvimento teórico metodológico e formação;
X – Apoiar e dispor de veículos de divulgação da produção didático–científica 
da área;
XI – Apoiar e promover a formação dos profissionais que atuam no ensino 
de Sociologia/Ciências Sociais em todos os níveis, modalidades e segmentos 
de ensino;
XII – Apoiar e promover a pesquisa acerca do ensino da Sociologia/Ciências 
Sociais, em todas as temáticas, abordagens e paradigmas de interesse de 
seus membros;
XIII – Estimular a parceria, o diálogo local, regional, nacional e internacional, 
bem como a solidariedade entre os diferentes segmentos sociais, participando 
com outras organizações de atividades que visem a interesses comuns;
XIV – Subsidiar e divulgar a pesquisa educacional vinculada ao ensino da 
Sociologia/Ciências Sociais no âmbito das Instituições de Ensino Superior 
(IES), instituições de pesquisa, e outras congêneres;
XV – Atuar como fórum de debates, contribuindo para uma avaliação 
sistemática e fundamentada das ações realizadas no setor e posicionar–se 
em defesa do interesse público[,] encaminhando propostas e sugestões a 
órgãos que efetivam políticas públicas ou ações de formação, pesquisa e 
ensino da Sociologia/Ciências Sociais;
XVI – Promover o contato entre as (IES) e as de ensino fundamental e médio 
visando à troca de experiências educacionais entre elas;
XVII – Apoiar o desenvolvimento da educação em geral na sociedade brasileira, 
contribuindo para o seu aprimoramento democrático (ABECS, 2012a).
Embora a participação em associações profissionais seja decididamente importante para vinculação ao 
grupo de sociólogos‑professores, é evidente que apenas a participação em associações científicas não assegura 
uma “formação continuada”, para isso é necessário cursar uma pós‑graduação, de preferência, stricto sensu.
Outra forma importante reside na participação, via cadastro, em Laboratórios de Ciências Sociais ou 
de ensino de Sociologia. A seguir, são apresentadas algumas sugestões:
• Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes (LabES), na Faculdade de Educação da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
44
Unidade II
 Saiba mais
Para consultar o site do LabES, acesse:
<http://www.labes.fe.ufrj.br/>.
O LabES é um espaço para professores, estudantes e pesquisadores terem acesso ao material 
disponível sobre o ensino de Sociologia na Educação Básica. Legislação, artigos, teses, dissertações, 
materiais didáticos, conteúdos programáticos, experiências didáticas estão à disposição, fazendo com 
que o LabES se constitua em uma importante ferramenta de trabalho a todos os interessados na história, 
no ensino e na formação do professor de Sociologia.
No site, há conteúdos sobre Didática e Prática de Ensino em Ciências Sociais, registro dos temas 
tratados nos Encontros Estaduais de Ensino de Sociologia (Ensocs) de 2010 e 2014; além de artigos e 
teses sobre o ensino de Ciências Sociais no nível médio.
• Laboratório de Ensino de Sociologia (LES) – Departamento de Sociologia da USP
 Saiba mais
Acesse o site do Laboratório de Ensino de Sociologia:
<http://ensinosociologia.fflch.usp.br/>.
O LES foi criado por meio de subsídios da Pró‑Reitoria de Graduação e Departamento de Sociologia 
da USP. Tem como objetivo contribuir para a formação continuada de professores de Sociologia do 
Ensino Médio, tanto os licenciados e bacharéis em Ciências Sociais como os oriundos de outras áreas de 
conhecimento. A iniciativa parte do entendimento de que as Ciências Sociais contribuem decisivamente 
para a reflexão cotidiana, desde os problemas macrossociais até os infinitamente pequenos.
Entre os projetos do LES[,] está o site USP ensina Sociologia, por meio do 
qual pretende‑se:
• fornecer bibliografia orientada para aprofundamento de estudos em 
Antropologia, Ciência Política e Sociologia;
• fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de materiais didáticos para 
utilização em sala de aula;
45
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
• estimular a troca de informações e experiências entre professores do 
Ensino Médio e alunos da Licenciatura em Ciências Sociais;
• possibilitar aos professores formados em outras áreas maior contato 
com os conteúdos específicos das Ciências Sociais (USP ENSINA 
SOCIOLOGIA, [s.d.]).
Os textos didáticos disponíveis cobrem os assuntos que integram a programação do ensino, como: 
Arqueologia, Ciência Política, Classes Sociais e conceitos sociológicos fundamentais como consumo, 
corpo e sexualidade, corrupção, cultura indígena, democracia, diversidade cultural, estudos rurais e 
urbanos, folclore, formação cultural brasileira, gênero, ideologia, industrialização, juventude, literatura 
e sociedade, massa, migrações, movimentos sociais, populismo, raça e identidade, redes sociais, relações 
internacionais, religião, socialização, sociedade civil, trabalho, violência.
 Saiba mais
Consulte o trabalho acadêmico a seguir:
LEODORO, S. A. P. A disciplina Sociologia no ensino médio: perspectivas 
de mediação pedagógica. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) – 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
• Unifesp – Ensino de Sociologia:
O site “Ensino de Sociologia” é uma iniciativa experimental e colaborativa 
realizada no âmbito das disciplinas de Estágio Supervisionado da Licenciatura 
do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo.
Trata‑se de um recurso de coprodução (entre professores e estudantes), 
sistematização e compartilhamento de informações, metodologias, recursos 
educacionais, notícias, projetos e relatórios de pesquisa, relacionados ao 
ensino‑pesquisa de Ciências Sociais na Educação Básica (SOBRE..., 2016).
 Saiba mais
Acesse o site:
SOBRE o site. Ensino de Sociologia, 2016. Disponível em: <https://
ensinosociologia.milharal.org/sobre‑o‑site/>. Acesso em: 19 set. 2016.
46
Unidade II
• Grupo de Apoio ao Ensino de Sociologia (Gaes) da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
 Saiba mais
O link do Gaes sobre o ensino de Sociologia:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. O ensino de Sociologia. 
Londrina, [s.d.]. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo‑estudo/gaes/
pages/o‑ensino‑da‑sociologia.php>. Acesso em: 20 set. 2016.
O Gaes, em sua versão digital, disponibiliza materiais para aulas de Sociologia no Ensino Médio com 
a finalidade de colaborar com os professores e alunos em suas experiências de ensino‑aprendizagem.
O material é produzido por professores do Departamento de Ciências Sociais da UEL que integram, 
ou integraram, este projeto de extensão que se desenvolve desde o início dos anos 1990.
• Laboratório de Ensino de Sociologia (Lesoc) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
 Saiba mais
Acesse o Lesoc pelo site a seguir:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU). Laboratório de Ensino 
de Sociologia. Uberlândia, 2012 Disponível em: <http://www.lesoc.incis.
ufu.br/>. Acesso em: 20 set. 2016.
O Lesoc do Instituto de Ciências Sociais (Incis) foi criado em 2000 para atender às recomendações 
do MEC relacionadas à licenciatura em Ciências Sociais. Seu funcionamento, desde então, esteve 
diretamente associado às atividades das disciplinas pedagógicas, em especial àquelas oferecidas pelo 
Incis. A proposta do Lesoc é contribuir com a prática docente das Ciências Humanas, de uma maneira 
geral, e de Sociologia no nível médio, em particular, uma vez que é objetivo da licenciatura formar 
professores para essa etapa da Educação Básica.
• Laboratório Virtual e Interativo de Ensino de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul
47
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
 Saiba mais
Acesse o site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS). 
Laboratório Virtual e Interativo de ensino de Ciências Sociais (Laviecs). 
Porto Alegre, [s.d.]. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/laviecs2/>. 
Acesso em: 20 set. 2016.
 Observação
Os endereços eletrônicos aapresntados têm em comum o trabalho de 
profissionais, de sociologia e disciplinas afins,voltado para a formação 
do sociólogo e, em especial, visando à atuação do sociólogo‑professor de 
Sociologia. Trata‑se de uma colaboração significativa que não deve ser 
desprezada pelos estudantes de Sociologia.
5.2 A integração do professor de Sociologia na comunidade científica 
nacional e internacional
Anteriormente, tratou‑se, de forma geral, a questão da integração do professor de Sociologia na 
comunidade científica. Importante acrescentar alguns aspectos, tendo em vista que eles dizem respeito às 
condições sociológicas e culturais do processo de integração a algum grupo, e os sociólogos não são diferentes.
5.2.1 A comunidade científica nacional
A rigor, comunidade científica é uma expressão vaga: cientistas são químicos, físicos, assim como 
também sociólogos, antropólogos etc. Qual comunidade científica que, no Brasil, reúne a todos? A 
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Especificamente de Ciências Sociais, além da SBS, há a Associação Nacional de Pós‑Graduação e 
Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), fundada em 1977. Conforme o site da entidade:
Diferentemente de outras associações científicas, a Anpocs é composta por 
sócios institucionais[,] e não por pesquisadores individuais. Nossos afiliados 
contam com mais de 1200 professores universitários e pesquisadores, 
profissionais de alto nível, além de milhares de estudantes de mestrado e 
doutorado em centros localizados de norte a sul do país. [...] A associação 
mantém o mais importante periódico de sua área no Brasil – Revista Brasileira 
de Ciências Sociais (RBCS) –, contando também com números especiais em 
inglês (ANPOCS, [s.d.]).
48
Unidade II
Outras associações importantes no ambiente científico de ciências sociais são: Associação Brasileira 
de Antropologia (ABA) e a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP).
 Saiba mais
CNPq e Capes oferecem no site a seguir a avaliação dos livros publicados 
em Sociologia e Ciências Sociais:
COMISSÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DO NÍVEL SUPERIOR 
(CAPES). Classificação de livros. [s.d.]. Disponível em: <http://www.avaliacao 
trienal2013.capes.gov.br/classificacao‑de‑livros>. Acesso em: 20 set. 2016.
5.2.2 A comunidade científica internacional
Em princípio, será necessário o domínio de uma língua, de preferência, o inglês ou o espanhol. 
Contudo será mais adequado estar familiarizado com os temas e assuntos que estão sendo discutidos, e 
uma forma de obter informações será o levantamento das publicações internacionais em Sociologia (a 
maioria delas está disponível na internet).
 Saiba mais
Algumas publicações internacionais sobre Sociologia podem ser 
acessadas:
THE AMERICAN JOURNAL OF SOCIOLOGY. Chicago: The University of 
Chicago Press. jul. 1904/maio 1905. Disponível em: <https://archive.org/
details/americanjournalo10chicuoft>. Acesso em: 20 set. 2016.
<http://www.thesociologicalreview.com/>.
Uma publicação francesa sobre Sociologia é a Revue Française 
de Sociologie:
<http://www.rfs‑revue.com/>.
Enfim, pensar em integração à comunidade científica, seja nacional ou não, implica dispor tempo 
e recursos financeiros para se inscrever em uma pós‑graduação, fazer o mestrado para, finalmente, ser 
considerado um “dos pares” daquele grupo. Evidentemente que a integração na comunidade científica 
implica ser cientista ou pelo menos pretender sê‑lo.
49
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
6 A ÉTICA PROFISSIONAL DO SOCIÓLOGO
Pode‑se perguntar: qual é a razão de discutir Código de Ética? Mas o fato é que o sociólogo se 
vê, muitas vezes, durante uma pesquisa, com situações que envolvam práticas de comportamento, 
informações que não devem ser divulgadas e, principalmente, com algumas questões: o que fazer com 
os arquivos de entrevistas que fundamentaram um trabalho? Nas fichas do arquivo, constam nomes, 
datas, eventualmente imagens, fotos. Assim, esse material pode ser passado para outro pesquisador? 
Será que os entrevistados autorizaram a divulgação, ou as informações tiveram caráter de exclusividade? 
Para dirimir essas dúvidas, e normatizar corretamente as práticas profissionais, são apresentadas duas 
versões das normas que regem, ou deverão reger, o comportamento profissional do sociólogo.
A primeira é mais formal, visa ao exercício da profissão: direitos, deveres, regras de conduta em relação 
aos demais integrantes da categoria profissional etc. O segundo código privilegia questões relacionadas 
à condução de pesquisa de campo, utilização de fontes primárias, documentais e bibliográficas e, em 
especial, utilização de imagens e de sons. Nunca é demais sublinhar que, para utilização de imagem 
do entrevistado ou informante, deve ser obtido consentimento por escrito. Os dois documentos foram 
obtidos de fontes virtuais.
Código de ética do sociólogo
Título I
Disposições gerais
Art. 1 – O Sociólogo na sua atuação profissional está obrigado à observância do presente 
Código, bem como a fazê‑lo cumprir.
Art. 2 – Compete aos Sociólogos, Sindicatos, Associações Profissionais e à Federação 
Nacional zelar pelo seu cumprimento e sua divulgação.
Título II
Dos Princípios Éticos e Fundamentais
Art. 3 – O compromisso fundamental do Sociólogo é o de interpretar a realidade dos fatos 
e das relações sociais através da aplicação de métodos científicos e técnicas sociológicas, 
buscando contribuir, a partir desses estudos, sua aplicação e divulgação para melhorar a 
qualidade de vida socioambiental da humanidade.
Art. 4 – O compromisso com a produção de informações com base científica a respeito da 
realidade social e sua divulgação pública precisa e correta é um direito inerente à condição 
atual de vida em sociedade, é um direito do cidadão que não pode ser impedido por nenhum 
tipo de interesse, é uma obrigação social que o Sociólogo deve assumir e defender.
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Unidade II
Art. 5 – O Sociólogo tem o compromisso de lutar pelo exercício da soberania popular e 
autodeterminação dos povos em seus aspectos políticos econômicos e sociais.
Art. 6 – O Sociólogo tem o compromisso de opor‑se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, 
bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Título III
Dos Direitos e Deveres do Sociólogo
Capítulo I – Dos Direitos
Art. 7 – São direitos dos Sociólogos:
a) Garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas estabelecidas na Lei de 
Reconhecimento da Profissão e neste Código;
b) Livre exercício das atividades inerentes à profissão;
c) Participar das entidades representativas e sindicais da categoria;
d) Propiciar ou realizar a investigação da realidade social a partir de critérios científicos 
e metodologia adequada que garantam a credibilidade e defesa pública quanto ao resultado 
do trabalho;
e) Propiciar a divulgação de informações resultantes de seus trabalhos e estudos que 
sejam de interesse público e possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida;
f) Garantir que a divulgação pública dos resultados de pesquisas e de outros trabalhos 
se dê de forma precisa sem omissão ou alteração de dados que prejudiquem os resultados 
bem como respeitar normas de citação de fontes, autores e colaboradores;
g) Garantir a devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos sujeitos 
sociais envolvidos;
h) Recusar empregos, tarefas ou atribuições que comprometam a dignidade do exercício 
da profissão bem como recusar substituir colegas exonerados ou demitidos por defender os 
princípios e normas deste Código;
i) Receber remuneração por seu trabalho profissional[,] garantindo o piso salarial da 
categoria, os valores delimitados nos contratos coletivos de trabalho e dissídios coletivos, 
a equivalência com outros profissionais de nível superior nos planos de cargos e salários 
dos órgãos públicos ou, no caso de atividade autônoma, os valores mínimos definidos por 
entidades representativas da categoria;
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
j) Denunciar aos órgãos competentes sempre que leigos estiverem no exercício ilegal 
da profissão oulidem com resultados de pesquisa ou investigações sociológicas sem os 
critérios devidos;
l) Receber desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional;
m) Apoiar as iniciativas e os movimentos de defesa dos interesses da categoria;
n) Denunciar a agressão e abuso de autoridades às organizações da categoria aos órgãos 
competentes;
o) Ter acesso às oportunidades de aprimoramento profissional.
Capítulo II
Dos Deveres
Art. 8 – São deveres do Sociólogo:
a) Desempenhar suas atividades profissionais observando a legislação em vigor;
b) Conhecer, cumprir, divulgar e fazer cumprir este Código;
c) Valorizar e dignificar a profissão bem como defender seu livre exercício;
d) Prestigiar as entidades representativas da categoria na defesa de seus direitos: as 
entidades científicas no aprimoramento das Ciências Sociais e as entidades democráticas 
na defesa da liberdade de expressão e da justiça social;
e) Combater e denunciar formas de corrupção e manipulação de informações, em 
especial quando comprometam o direito público da veracidade dos fatos, as ações políticas 
dos cidadãos e a justiça, e o favorecimento pessoal ou de grupos;
f) Combater a prática da perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, 
raciais ou juízo subjetivo, bem como defender o respeito ao direito à privacidade do cidadão;
g) Recusar e denunciar o desenvolvimento de pesquisas ou divulgação de seus 
resultados, quando houver manipulação nos critérios da metodologia científica e das 
normas internacionais, quando visar interesse ou favorecimento pessoal ou de grupos, com 
vantagens políticas ou econômicas, ou quando forem contrários aos valores humanos;
h) Ao atuar junto às instituições, responsabilizar‑se por suas ações no sentido de 
contribuir para o desenvolvimento de seus objetivos, de acordo com os princípios e normas 
deste Código;
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Unidade II
i) Responder pelas informações resultantes de estudos e pesquisas bem como pelas 
intervenções, assessorias e orientações desenvolvidas, desde que o trabalho em questão não 
tenha sido alterado por terceiros;
j) Não ser conivente com erros, faltas éticas ou morais, crimes ou contravenção de 
serviços profissionais;
l) Na realização de estudos e pesquisas, respeitar a dignidade de pessoas e grupos 
envolvidos nos trabalhos aos quais devem ser informados sobre os riscos e resultados 
previsíveis da sua informação e participação;
m) Procurar viabilizar a devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos 
sujeitos sociais envolvidos;
n) Denunciar às autoridades e órgãos competentes as coações e agressões físicas e 
morais sofridas no exercício da profissão;
o) Aprimorar de forma contínua os seus conhecimentos, colocando‑os a serviço do 
fortalecimento da organização e consciência da sociedade;
p) Pagar regularmente suas obrigações com as entidades profissional às quais for 
associado.
Capítulo III
Do sigilo profissional
Art. 9 – O Sociólogo deve observar o sigilo profissional sobre todas as informações 
confiadas e/ou colhidas no exercício profissional.
Parágrafo 1 – A quebra do sigilo só é admissível quando se tratar de situação cuja 
gravidade possa trazer prejuízo aos direitos humanos.
Parágrafo 2 – A revelação será feita dentro do estritamente necessário, quer em relação 
ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas que dele devem tomar conhecimento.
Art. 10 – É vedado ao Sociólogo revelar sigilo profissional.
Parágrafo único – Intimado a prestar depoimento, deverá o Sociólogo comparecer perante 
a autoridade competente para declarar que está obrigado a guardar sigilo profissional, nos 
termos do Código Civil e deste Código.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Título IV
Das Relações Profissionais
Capítulo I
Das relações profissionais com as instituições
Art. 11 – São direitos dos Sociólogos:
a) Ter condições adequadas de trabalho, respeito à autonomia profissional e dos 
princípios éticos estabelecidos neste Código;
b) Denunciar falhas nos regulamentos, normas e programas de instituições em que 
trabalha quando os mesmos ferirem os princípios e direitos contidos neste Código;
c) Recorrer às entidades representativas da categoria, ao nível estadual e nacional, 
contra decisões ou omissões da instituição diante de denúncias referidas no inciso anterior.
Art. 12 – É vedado ao Sociólogo:
a) Adotar determinação que fira os princípios e diretrizes contidas neste Código, ao 
prestar serviço incompatível com as diretrizes da regulamentação profissional;
b) Emprestar seu nome a firmas, organizações ou empresas que utilizem métodos e 
técnicas das ciências sociais sem seu efetivo exercício profissional;
Capítulo II
Das relações profissionais entre Sociólogos
Art. 13 – Cabe aos Sociólogos manter entre si a solidariedade que consolida e fortalece 
a organização da categoria.
Art. 14 – O Sociólogo, quando solicitado, deverá colaborar com seus colegas, salvo 
impossibilidade real, decorrente de motivos relevantes.
Art. 15 – A crítica pública ao trabalho profissional de outro Sociólogo deverá ser 
sempre comprovável, de inteira responsabilidade de seu autor e fundamentada nos 
preceitos deste Código.
Art. 16 – É vedado ao Sociólogo:
a) Ser conivente com falhas éticas e com erros praticados por outro profissional;
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Unidade II
b) Prejudicar deliberadamente a reputação de outro profissional divulgando 
informações falsas;
c) Prevalecer‑se de posição hierárquica para publicar em seu nome trabalho de 
subordinado, mesmo que executado sob sua orientação, sem citar as fontes e os colaboradores;
d) Deturpar dados quantitativos e qualitativos;
e) Apropriar‑se da produção científica de outro profissional.
Art. 17 – Ao Sociólogo deve ser asseguada a mais ampla liberdade na realização de seus 
estudos e pesquisas.
Capítulo III
Das relações com as entidades da categoria e demais organizações da Sociedade Civil
Art. 18 – O Sociólogo deve defender a profissão através de suas entidades representativas, 
participando das organizações que tenham por finalidade a defesa dos direitos profissionais 
no que se refere à melhoria das condições de trabalho, à fiscalização do exercício profissional 
e ao aprimoramento científico.
Art. 19 – O Sociólogo deverá apoiar as iniciativas e os movimentos de defesa dos 
interesses da categoria e divulgar no seu espaço institucional as informações das suas 
organizações, no sentido de ampliar e fortalecer o seu movimento.
Art. 20 – É vedado ao Sociólogo valer‑se de posição ocupada na direção de entidade da 
categoria para obter vantagens pessoais, diretamente ou através de terceiros.
Art. 21 – O Sociólogo, ao ocupar uma chefia, não deve usar a sua autoridade funcional 
para obstaculizar a liberação total ou parcial da carga horária do profissional que a solicite, 
com base legal, às instâncias superiores.
Título V
Da aplicação e cumprimento do Código de Ética
Art. 22 – A Federação Nacional dos Sociólogos, os Sindicatos e Associações Profissionais 
manterão Comissão de Ética para assessorá‑la na aplicação e observância deste Código.
Art. 23 – A Comissão de Ética será eleita por voto secreto, de forma separada da Diretoria 
da entidade, tendo mandato de igual duração.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Art. 24 – Fica a critério das entidades definir sua composição de acordo com seus 
Estatutos aprovados em Assembleia Geral da categoria.
Art. 25 – O descumprimento do presente Código de Ética fica sujeito a penalidades 
desde a advertência à eliminação dos quadros da entidade, na forma dos dispositivos legais 
e/ou regimentais.
Art. 26 – Constituem infrações disciplinares:
a) Transgredir preceito do Código de Ética;
b) Exercer a profissão quando impedido, ou facilitar o seu exercício por quem não esteja 
devidamente habilitado;
c) Aos que violarem sigilo profissional;
d) Aos que tenham conduta incompatível com o exercício profissional;
Art. 27 – São medidas disciplinares aplicáveis:
a) Advertência em aviso reservado;
b) Advertência pública;c) Eliminação dos quadros da entidade.
Art. 28 – A pena de advertência, reservada ou pública, será aplicada nos casos previstos 
nas alíneas “a”, “b”, “c” e “d” do Art. 27.
Art. 29 – A pena de eliminação dos quadros da entidade será aplicada:
a) Nos casos em que couber a pena de advertência e o infrator for reincidente;
b) Aos que fizerem falsa prova dos requisitos exigidos para registro profissional;
Art. 30 – Serão considerados na aplicação das penas os antecedentes profissionais do 
infrator e as circunstâncias em que ocorreu a infração.
Art. 31 – Qualquer Sociólogo, cidadão ou instituição poderá dirigir representação escrita 
e identificada aos Sindicatos, Associações Profissionais ou à Federação Nacional para que 
seja apurada a existência de transgressão cometida por Sociólogo.
Art. 32 – Cabe à Comissão de Ética, criada pela entidade referida no artigo anterior, 
analisar as infrações a este Código que cheguem ao seu conhecimento.
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Unidade II
Parágrafo 1 – Decidindo a Comissão pela apuração dos fatos, será notificado o indiciado, 
garantindo‑lhe acesso aos documentos e fatos componentes da acusação e a apresentação 
de defesa em vinte dias úteis.
Parágrafo 2 – Após o encerramento da apuração dos fatos e apresentada a defesa, a 
Comissão decidirá dentro de 10 dias, dando conhecimento da decisão ao Sociólogo.
Parágrafo 3 – A decisão entrará em vigor após a certificação do seu recebimento pelo 
profissional objeto da apuração.
Art. 33 – A não observância pelo Sociólogo à convocação ou prazos definidos no artigo 
precedente implica na aceitação dos termos da representação.
Art. 34 – A partir da data da notificação da decisão da Comissão de Ética, o Sociólogo 
poderá recorrer à Assembleia Geral da categoria convocada para este fim, desde que sejam 
respeitados os Estatutos dos Sindicatos, Associações Profissionais e da Federação para a 
referida convocação.
Art. 35 – Compete à Federação Nacional dos Sociólogos estabelecer procedimentos 
quanto aos casos omissos neste Código.
Art. 36 – O presente Código somente poderá ser alterado em Congresso Nacional da 
categoria, cuja proposta de modificação deverá ser encaminhada às entidades para discussão 
com o prazo mínimo de 90 dias.
Art. 37 – Este Código entra em vigor na data da sua votação e aprovação no X Congresso 
Nacional de Sociólogos do Brasil.1
Fonte: CÓDIGO... (1995).
Código de ética do sociólogo, Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS)
As finalidades primordiais do Código de Ética são: (1) proteger o bem‑estar de grupos e 
indivíduos com quem sociólogos(as) trabalham e que tomam parte no processo de pesquisa; 
(2) fornecer guias de comportamento para sociólogos (as) entre colegas de profissão, na 
interação com membros das instituições onde trabalham, e no relacionamento com equipes 
de pesquisa, e com a sociedade em geral, que pautem as expectativas dos membros da SBS, 
com base em princípios éticos. O sociólogo (a) deve torná‑los conhecidos para que venham 
a serem respeitados.
1 Assinaram o documento: Lejeune Mato Grosso Xavier de Carvalho, Presidente da Federação Nacional dos 
Sociólogos – FNS e Presidente dos Trabalhos da 8ª Reunião Plenária do CD da FNS; e Alcione Prá, Diretor da Federação 
Nacional dos Sociólogos, Regional Sudeste e Secretário dos Trabalhos da 8ª Reunião Plenária Nacional do Conselho 
Deliberativo da FNS.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Cada sociólogo (a) deve suplementar o presente código de ética com base em seus 
próprios valores e experiência, complementando, sem violar, as normas do Código de Ética. 
Constitui responsabilidade individual manter o mais alto padrão de comportamento ético.
Sociólogos devem estar cientes do fato de que seus pressupostos podem causar um 
impacto na sociedade. Por consequência sociólogos (as) devem manter uma atitude destituída 
de vieses ou preconceitos, procurando tornar explícitos, tanto o caráter tentativo de suas 
generalizações com base nos resultados de pesquisas, bem como seus pressupostos e posições 
ideológicas. Nenhum pressuposto sociológico deve ser apresentado como verdade indisputável.
Sociólogos (as) devem proteger os direitos de seus informantes, bem como de estudantes 
e de membros das equipes de trabalho.
Conflito de interesses
Sociólogos(as) orientam‑se pela ética profissional, evitando conflitos de interesse que 
enviesem seu trabalho. Previnem‑se de situações nas quais o interesse pessoal ou financeiro 
possa interferir nas atividades, declinando de realizá‑las.
Plágio
Sociólogos(as) explicitamente fornecem créditos e referências autorais quando eles(as) 
utilizam dados ou materiais de trabalhos escritos por outras pessoas, tenham estes sido 
publicados ou não, estejam impressos ou em meios eletrônicos.
Pareceres
Ao elaborarem pareceres ad hoc, sociólogos(as) não se apropriam de ideias contidas 
nos trabalhos submetidos à apreciação, a não ser que seja identificada a fonte e dados os 
créditos. Os pareceres são sigilosos, seguindo critérios de confidencialidade e de respeito 
aos direitos autorais. Os pareceristas não devem, em hipótese nenhuma, basear‑se em 
posições pessoais ou de opinião política para emiti‑los. Nos casos de conflito de interesses, 
os pareceristas declinam de apreciar o trabalho.
Patrocinadores
Atividades de pesquisa em sociologia geralmente dependem de recursos públicos ou 
privados e, portanto, de patrocínio.
Patrocinadores públicos ou privados podem estar interessados nos resultados da 
investigação. Sociólogos não devem aceitar dotações ou contratos que especifiquem 
condições inconsistentes com o seu julgamento científico ou com os meios apropriados de 
conduzir a pesquisa em questão, ou permitir que patrocinadores censurem ou atrasem a 
publicação dos resultados por não gostarem dos mesmos.
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Unidade II
Patrocinadores devem ser antecipadamente informados sobre as diretrizes gerais 
dos projetos de pesquisa, bem como sobre os métodos que os pesquisadores desejam 
adotar. Patrocinadores devem ser informados do risco de os resultados de pesquisa não se 
conformarem às suas expectativas.
Pesquisadores públicos ou privados podem estar interessados em patrocinar pesquisas 
para as suas finalidades políticas. Sociólogos (as), quer estejam ou não de acordo com esses 
objetivos, não devem a eles se subordinar, preservando a autonomia científica.
Eles devem se abster, ainda, de cooperar com objetivos antidemocráticos e 
discriminatórios.
As condições de trabalho científico estabelecidas entre pesquisadores (as) e patrocinadores 
(as) devem ser preferencialmente efetuadas por escrito.
Consentimento informado:
Na condução de pesquisas, sociólogos (as) devem informar os (as) participantes sobre a 
natureza da pesquisa que está sendo efetuada, a responsabilidade sobre a mesma, fontes de 
patrocínio e de apoio institucional.
Sociólogos e sociólogas devem informar aos participantes em pesquisa sobre o caráter 
voluntário dessa participação, garantindo‑lhes a confidencialidade das informações e 
possibilitando que efetuem perguntas e esclareçam dúvidas sobre a investigação e recebendo 
os esclarecimentos solicitados sobre a mesma.
Sociólogos (as) conduzindo pesquisas necessitam obter o consentimento de 
participantes na investigação ou de seus representantes legais todas as vezes nas quais 
dados forem coletados por meio de qualquer instrumento de comunicação, interação ou 
intervenção. O consentimento de participantes deve ser obtido todas as vezes nas quais 
o comportamento dos mesmos seja apreendido em âmbito privado, e quando estes não 
tenham conhecimento de que seu comportamento esteja sendo observado ou relatado.
Sociólogos podem conduzir pesquisas em locais públicos ou usar informações públicas 
em suas pesquisas, sem necessidade de solicitar o consentimento prévio de participantes 
nesses locais.
Quando for necessário solicitar consentimento informado para conduzir a pesquisa, isto 
será feito oralmente e/ou por escrito.
Ao informar sobre o caráter voluntário da participação na pesquisa,sociólogos (as) 
devem informar aos participantes que nenhuma penalidade ou sanção adversa resultará da 
recusa em participar da investigação.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Sociólogos (as) informarão aos participantes que, uma vez tenham começado a participar 
da pesquisa, poderão desistir a qualquer momento dessa participação.
Quando as pesquisas forem conduzidas na própria instituição onde trabalham, com 
estudantes ou subordinados, sociólogos (as) garantirão que nenhuma consequência 
institucional adversa resultará da recusa em participar como sujeitos da investigação, 
tomando todas as medidas necessárias para viabilizar as garantias oferecidas aos 
participantes das pesquisas.
Sociólogos (as) não empregarão métodos enganosos para engajar a participação em 
pesquisas.
Sociólogos (as) esclarecerão aos participantes, antes de solicitar seu assentimento em 
participar da pesquisa, quando houver riscos de saúde física ou emocional decorrentes 
dessa participação.
Uso de equipamentos para registro da informação
Todas as vezes que sociólogos (as) empregarem equipamentos para registrar informações 
de pesquisa tais como gravadores, filmadoras, câmeras, videocâmeras ou outras formas de 
registro de voz e/ou imagem, será obtido o consentimento informado dos participantes na 
investigação.
Uso de incentivos
Sociólogos (as) conduzindo pesquisas não empregarão incentivos que possam coagir 
os (as) participantes a colaborarem com essas investigações, afetando a confiabilidade 
dos dados.
Confidencialidade
A segurança, anonimato e privacidade de participantes em pesquisas deverão ser 
rigorosamente respeitadas tanto em pesquisas qualitativas quanto quantitativas. A fonte da 
pesquisa deve ser confidencial, a não ser que informantes concordem ou tenham solicitado 
para serem citados. Caso informantes possam ser facilmente identificados, pesquisadores 
(as) devem alertá‑los para consequências que possam advir para os (as) informantes, da 
divulgação dos resultados da pesquisa.
Quando for garantida a confidencialidade das informações, sociólogos (as) devem 
protegê‑la, inclusive de outros pesquisadores (as). Cuidados especiais devem ser tomados 
na disponibilização dos dados de pesquisas em arquivos públicos, protegendo a identidade 
daqueles (as) que forneceram as informações que constituíram objeto da investigação.
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Unidade II
Precauções devem ser tomadas para assegurar a confidencialidade das informações 
prestadas por participantes, inclusive por outros investigadores, estudantes, entrevistadores, 
supervisores e demais integrantes do processo de levantamento de dados.
Publicação e comunicação de dados de pesquisa
Dados coletados em atividades sociológicas de pesquisa constituem propriedade 
intelectual dos pesquisadores (as) que possuem, em princípio, direitos autorias sobre os 
mesmos. Se os direitos autorais forem do patrocinador ou empregador, os pesquisadores 
(as) têm direito à compensação adequada pela alienação dos direitos autorais.
Em princípio pesquisadores possuem o direito de submeter seu trabalho para publicação, 
ou publicá‑lo às suas próprias expensas.
Pesquisadores têm o direito de garantir que os seus resultados de pesquisa não sejam 
manipulados ou tirados do contexto por seus patrocinadores.
A contribuição de pesquisadores acadêmicos, patrocinadores, técnicos e outros colaboradores 
que fizeram uma contribuição substantiva na elaboração e condução de um projeto de pesquisa 
deve receber crédito explícito em qualquer publicação decorrente do projeto.
Bases de dados tornadas públicas devem conter informações sobre pesquisadores (as) 
responsáveis pela pesquisa, fontes e métodos pelos quais os dados foram obtidos.
Uma vez publicadas as informações de um projeto de pesquisa, ele deverá ser considerado 
como parte do conhecimento público e base do acervo da comunidade científica, aberto a 
críticas e ao debate científico.
Adaptado de: Sociedade... ([s.d.]).
7 TÓPICOS ESPECIAIS SOBRE A SOCIOLOGIA
Serão analisados aspectos e etapas importantes na prática da Sociologia, na condição de pesquisador, 
com objetivo de contribuir na formação dos novos sociólogos e sociólogas. As questões discutidas a seguir 
foram resgatadas de dois momentos da biografia acadêmica da autora: primeiramente, foram abordados 
a metodologia e os procedimentos de pesquisa utilizados na tese de doutoramento, especialmente a 
concepção de objeto de pesquisa, uso de fontes, entrevistas etc.
Um segundo texto provém de pesquisa mais recente, sobre subjetividade e formação social brasileira; 
apoiada em metodologia foucaultiana, a pesquisa utilizou filmes nacionais em substituição às costumeiras 
entrevistas. Embora filmes não permitam o estabelecimento da clássica relação intersubjetiva entre 
pesquisador e “seu objeto de pesquisa”, esse tipo de material faculta ao pesquisador a repetição das 
ações estudadas, mesmo porque o filme se mostra sem reservas ao pesquisador. É verdade que trabalhar 
com filmes suscita outros questionamentos, alguns deles serão comentados adiante.
61
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
7.1 A escolha do objeto de pesquisa
A escolha do objeto de pesquisa e sua concepção são dois elementos fundamentais ao perfil 
profissional do sociólogo, porque ambos dizem respeito à sua individualidade, são itens que antecedem 
a todas as demais escolhas, embora curiosamente a escolha do objeto de pesquisa e sua concepção 
frequentemente sejam etapas consideradas depois da opção de método, o que, em geral, pode preocupar 
o pesquisador iniciante.
O “objeto de pesquisa” (atenção para as aspas) deve ser fruto de uma sincera interrogação, de um 
questionamento, do olhar de estranhamento dirigido a certa faceta da realidade para a qual não se 
encontra respostas, ou ainda, o que é mais frequente, com insatisfação perante as respostas disponíveis. 
Por isso “objeto de pesquisa” foi grafado com aspas, porque esse “objeto” na verdade é um vazio, um 
interrogante, o resultante de um olhar que desconfia da aparência materializada nas práticas sociais 
cotidianas, ou que desconfia da “ordem natural das coisas”.
Ainda sobre o objeto de pesquisa, vale a pena lembrar que, em Sociologia, a dimensão temporal 
(histórica, econômica e cultural) é particularmente significativa; ela responde pela formação do processo 
(ou fenômeno) que se pretende estudar, seja pela descrição, explicação, compreensão ou interpretação, 
ou pelo conjunto de todas essas práticas.
7.2 Poder, metodologia, procedimentos de pesquisa e questões paralelas
Metodologia diz respeito à prática de uma opção de método, enquanto os procedimentos de 
pesquisa, embora associados à metodologia, reflitam outras questões, por assim dizer, mais práticas, tais 
como: a disponibilidade de acesso às fontes, recursos financeiros, equipe de pesquisadores de campo, 
tempo para execução da pesquisa etc.
Nas Ciências Sociais, a metodologia constitui um tema frequente na discussão das práticas 
profissionais e acadêmicas, e sua escolha por parte do pesquisador reflete sua concepção teórica de 
sociedade, portanto das relações sociais que a integram e a conformam em dada cultura e momento 
histórico. Contudo, certas “questões paralelas”, como as que são pertinentes ao campo acadêmico e 
intelectual em que se desenvolve a pesquisa, afetam as escolhas teóricas do pesquisador, refletindo‑se 
na metodologia, ou até mesmo na escolha do próprio “objeto” da pesquisa sociológica.
Por exemplo, na década de 1960 no Brasil, a continuidade de um processo político foi abalada, e 
depois interrompida, instaurando‑se, pela força, mudanças políticas radicais e relevantes na distribuição 
de poder. Desde então, esse processo tem sido alvo de estudos detalhados das Ciências Sociais, 
constituindo capítulo significativo da pesquisa sociológica brasileira.
Essa situação foi vivida no caso em exame, pois foi nessa década, e a partir do golpe de 1964, que a 
complexa rede das relações e interrelações de poder foi escolhida como tema de um projeto de pesquisapor uma socióloga iniciante, que preparava seu projeto de doutoramento.
62
Unidade II
Todavia, ao problematizar as relações envolvidas nessa rede, era possível perceber claramente uma 
tecitura de relações que abrangia as práticas, normas, padrões, expectativas de comportamento e 
valores que as orientavam, e que estavam passando por mudanças radicais. Estava se instalando uma 
dinâmica em rede que, direta ou indiretamente, afetava tanto o sistema organizado das relações de 
poder, portanto do exercício de poder, quanto sua distribuição institucional.
Considerando‑se que a relação fundamental de poder, pelo menos em termos weberianos, ele 
se caracteriza pelo exercício de decisão sobre o outro, apesar da resistência dele. Então, era preciso 
retornar a Weber para esclarecer aspectos das questões apontadas, por exemplo, esclarecer o sentido 
das mudanças em curso e como estava sendo afetado o conjunto tecido das relações de poder. Para 
Weber (1977, p. 42, tradução nossa):
Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de 
uma relação social, ainda que contra toda resistência, e qualquer que 
seja o fundamento dessa probabilidade. Por dominação deve‑se entender 
a probabilidade de encontrar obediência a um mandato de determinado 
conteúdo entre pessoas dadas [...] e só pode significar a probabilidade de 
que um mandato seja obedecido.
Nesses termos, a configuração da dominação emerge da relação social de poder entre quem 
o exerce e aquele (s) sobre quem esse poder é exercido. A relação é assegurada pela obediência 
devida à existência de um mandato; essa relação básica de dominação se reflete na teia de 
relações de poder, ou em outros termos, na tecitura da estrutura do poder em seu conjunto. Em 
princípio, portanto eram esses os aspectos a serem pesquisados, sobretudo a dinâmica que neles 
eram introduzidas mudanças.
Nesse sentido, a investigação empírica da estrutura do poder pressupunha uma análise do sistema 
de dominação, ou conjunto das relações abrangidas na estrutura do poder, explorando as garantias 
de permanência e de irreversibilidade dos termos fundamentais da relação: dominante e dominado. 
Na verdade, pela investigação empírica, podiam‑se observar alterações emergentes de mudanças na 
economia, bem como evidenciar alguns esquemas políticos adaptativos às novas condições emergentes 
na sociedade política, cujo objetivo era basicamente a manutenção do poder.
Todavia, centrar a pesquisa nas relações de poder exigia que o pesquisador decidisse pelo tratamento 
a ser dado a elas: seriam consideradas como uma tensão circunstancial entre duas ou mais forças, ou 
como resultante da superação de uma força (dominante) sobre a resistência de outra (dominada)? 
No primeiro caso, o sistema de dominação afigurava‑se ao investigador como um todo em equilíbrio 
dinâmico; no segundo caso, a dinâmica da estrutura revelava um sentido mais claro de dominação por 
parte do grupo dominante. A dominação deixava de ser compreendida como equilíbrio dinâmico de 
forças, para ser a expressão de uma força, dominante, superando a outra, dominada.
Em geral o pesquisador é conduzido em sua decisão pelo material empírico que analisa ao curso 
de sua investigação. Por isso, nas condições vividas à época, a ênfase do trabalho em foco repousou 
na análise do sistema de dominação a partir da categoria dominante, ou seja, de quem exerce poder, 
63
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
portanto, na análise da trama de relações internas às categorias dominantes, de suas interrelações, e 
consequências no arranjo eleitoral e na estrutura do poder político.
Esse foco permitiu revelar mudanças operadas nas relações e interrelações de poder no sentido 
da manutenção do status quo, portanto as técnicas de manutenção do poder utilizadas pelos grupos 
dominantes, ao longo de um processo de transição parcial de uma economia agrária para industrial, em 
uma cidade do interior paulista (Rio Claro).
A localização e o perfil do grupo dominante possibilitaram trabalhar com critérios distintivos 
de posse e influência na economia agrária, mas na medida em que o grupo ou mesmo seus 
descendentes se mantinham no poder à época da pesquisa, apesar das mudanças na economia, foi 
preciso explorar quais outros critérios fundamentavam os novos mecanismos efetivos de controle 
detidos e utilizados pelo grupo.
A análise destes mecanismos efetivos implicou a investigação do comportamento efetivo do grupo 
dominante, no sentido de manter‑se no poder, em dois períodos: 1904 a 1922 (ascensão do Partido 
Republicano Histórico) e de 1962 a 1964 (período inicial da ditadura militar).
Para o primeiro período, a fraude eleitoral foi considerada como mecanismo de controle político, 
como arma de disputa entre coronéis e, gradativamente, como recurso no sentido de assegurar o 
poder em face da oposição eleitoral urbana. Na verdade, a fraude é um comportamento diferenciado 
e mesmo oposto às normas legais, mas cuja característica é a obediência às disposições formais 
do estatuto legal. Caso contrário, a fraude torna‑se crime eleitoral – mesmo durante a primeira 
República, – e como tal caracterizado.
Para o período compreendido entre 1922 e 1962, foram utilizados dados secundários, matérias da 
imprensa local e informações de antigos moradores.
7.2.1 Quando os dados empíricos obrigam à revisão teórica conceptual
Para localização do grupo dominante tradicional, foram utilizadas entrevistas com antigos moradores, 
jornais antigos etc. Esse material sugeria reformulação teórica de algumas questões porque: a) em lugar 
de uma dominação rural típica, exercida pelo coronel do café, a imagem trazida pelo material empírico 
era a de um coronel urbano; b) em lugar do eleitor de cabresto rural, encontrava‑se um eleitorado 
predominantemente urbano, embora considerados “filiados ao Partido do Coronel”; c) em lugar de uma 
economia predominantemente rural, a cidade correspondia à prestação de serviços urbanos, ligados 
diretamente ou indiretamente ao café, tais como transportes, comércio urbano etc., além do mais, o 
café não era a produção principal no setor agrícola; d) um contingente significativo dos eleitores era 
integrado por operários da ferrovia, cujas oficinas estavam localizadas na cidade.
Esses fatos justificavam caracterizar a estrutura de dominação da primeira República como 
tradicional, mas de base urbana, um modelo ao qual corresponde à figura híbrida do coronel da cidade. 
Esse tipo de liderança política está ligado a um momento de transição da dominação política tradicional, 
em realidade conciliatória, entre os interesses do eleitor urbano emergente.
64
Unidade II
Dois aspectos são fundamentais à análise da dominação subjacente ao coronelismo de cidade: de 
um lado, a adaptação das formas patriarcais tradicionais de liderança política às condições urbanas; de 
outro lado, o papel das normas legais institucionais na padronização de comportamento político.
De certa forma, ambos os aspectos vinculam‑se à transferência das relações sociais e econômicas 
entre o homem do campo e o dono da fazenda, para a esfera política: na República, o primeiro é 
cidadão‑eleitor, e o segundo, o candidato à representação política.
As entrevistas realizadas, e a bibliografia sobre o tema, insistiam na transposição de laços de 
dependência, que ligavam o homem do campo ao dono das fazendas de café, para a esfera política, 
condicionando a participação eleitoral do trabalhador rural, sob a forma de estabelecimento de vínculos 
de lealdade pessoal aos coronéis, então chefes políticos. O estabelecimento de tais vínculos se reflete 
também na própria organização partidária da primeira República, dividida em facções locais de Partido 
Republicano, com base nas mesmas relações de fidelidade pessoal ao coronel.
Contudo, não se mostrava adequado considerar tais vínculos de fidelidade pessoal como um tipo 
de obediência ao qual o eleitor rural estivesse obrigado por imposição do coronel. Ao contrário, os 
informantes insistiam quea fidelidade pessoal, e consequente dependência política, surgiam em 
decorrência de mecanismos de aliciamento utilizados pelos coronéis – favores, sob forma de roupas, 
sapatos, empréstimos etc. – no sentido de reforçar os liames tradicionais, passando o voto a ser 
considerado como a retribuição de um favor prestado pelo coronel.
O eleitorado urbano detém expectativas diferentes daquelas do rural, mesmo aqueles eleitores que 
trabalhavam para o fazendeiro, então chefe político. Nessas condições, a política desenvolvida pelo 
coronel de cidade é essencialmente conciliatória, promovendo a unificação dos interesses dos grupos 
de poder, ligados ao mundo rural tradicional, representado pelo coronel e os interesses do eleitorado 
urbano emergente, especialmente, dos setores ligados ao comércio e à indústria.
Quando as campanhas políticas assumiam tom mais pessoal, visando popularizar o líder político, o coronel 
de cidade procurava atrair seu eleitorado facultando‑lhe assistência jurídica em movimentos reivindicatórios 
de classe. Graças a esse ajuste circunstancial entre os interesses opostos de sua base, o coronelismo de cidade 
foi sendo preservado, em que pese o sistema institucional da democracia representativa.
7.2.2 A prática do poder político e a norma legal
Uma análise da legislação eleitoral republicana revela certas contradições, as quais, embora não 
constituíssem obstáculos intransponíveis à manutenção dos coronéis no poder, favoreceram de certa 
forma a manifestação e aliciamento do eleitorado urbano e, nesse caso, especialmente dos estratos 
médios, que desempenharam papel importante na composição e atuação dos núcleos urbanos de 
oposição política.
A análise da legislação eleitoral republicana se destinou a compreendê‑la na intenção de pautar o 
comportamento político do grupo dominante, no caso, dos coronéis, bem como dos eleitores. Com esse 
objetivo, a consulta a fontes primárias (Atas Eleitorais e outros documentos de época) foi decisiva. A 
65
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
fraude eleitoral foi traço predominante no panorama político dessa época, porém a legislação eleitoral 
do período é rica em cuidados visando à moralização dos pleitos, bem como são severas as punições e 
numerosas as sanções para os infratores. Nota‑se que, se de um lado, o legislador procurou padronizar os 
pleitos e conduzi‑los segundo normas legais inequívocas, ao grupo dominante da época, coube a tarefa de 
promover as adaptações necessárias à legislação com vista à defesa dos interesses políticos dominantes.
Esse caráter, à primeira vista, de contradição entre dois setores das classes dominantes no período, 
revela‑se falacioso para utilizá‑lo na compreensão do exercício de poder. Isso porque, na realidade, não 
são dois setores do estrato social dominante, mas sim, dois papéis desempenhados às vezes pelo mesmo 
personagem. E, nesse sentido, não se deve esquecer que a legislação eleitoral do período era formulada 
pela Secretaria dos Negócios do Interior, nos Estados, e aprovada pelas Assembleias Estaduais, no caso de 
São Paulo. Consequentemente, o próprio legislador era eleito graças a certos expedientes que, segundo 
as leis, normas e instruções, eram fraudulentos.
A compreensão da fraude eleitoral deveria partir do resgate das mudanças globais pretendidas pela 
legislação e verificação dos obstáculos estruturais apostos àquelas mudanças. O sentido de legislação 
eleitoral esteve voltado para a racionalização do comportamento político, especialmente no tocante 
ao relacionamento indivíduo‑Estado, e no tocante à ordenação do uso de poder pelo senhor rural, 
pautando‑o segundo normas disciplinadoras.
Precisamente nesse sentido o arcabouço institucional se revelou falacioso, visto que pretendeu alterar 
as relações de dependência então vigentes, criando um eleitor a partir do contingente de trabalhadores, 
principalmente rurais, ligados ao coronel. O mesmo se pode concluir em relação ao poder dos coronéis, 
tradicional e patriarcal, apoiado em vínculos tanto econômicos quanto sentimentais, em relação aos 
seus eleitores.
Dessa forma, os obstáculos existentes à plena aplicação das leis eleitorais resultavam, portanto, 
das próprias condições estruturais fundamentais da estrutura de dominação. Aparentemente havia 
inadequação das condições institucionais legais criadas à realidade política vinculada à economia 
predominantemente agrária do período inicial da República, na medida em que as leis previam a 
existência de um eleitor supostamente desvinculado do complexo tradicional de mando.
A análise das relações de poder evidenciou a estrutura de dominação tradicional do período, enquanto 
as relações de poder permitiram evidenciar mudanças ocorridas a partir de alterações na economia. É 
a partir dessas mudanças, e de seus reflexos nas disposições fundamentais da estrutura de dominação, 
que foi preservado o processo de dominação tradicional, mas de base urbana.
7.3 Os procedimentos de pesquisa
Os procedimentos de pesquisa podem ser assim enumerados:
• Pesquisa bibliográfica: é fundamental que todo processo de investigação, sociológica ou 
não, seja conduzido com propósitos bem definidos, por exemplo: o levantamento da produção 
acadêmica em determinado tema pode e deve ser realizada antes da elaboração definitiva de um 
66
Unidade II
projeto de pesquisa, mas convém organizar um banco de dados considerando as palavras‑chave e 
resumos (no caso de artigos e teses) ou mesmo o sumário (para livros). O Office ensina a organizar 
o banco de dados (não é complicado) e é muito útil.
• Pesquisa de fontes primárias e secundárias: semelhante à pesquisa bibliográfica, as pesquisas 
de fontes também podem ser arquivadas em banco de dados, detalhamento do anterior. As fontes 
primárias são os documentos originais digitalizados, legislação, censos; fontes secundárias são os 
relatórios, mapas, dados extraídos de fontes oficiais etc. Um arquivo especial deve ser reservado 
para as imagens, fotos, filmes, desde que com créditos, registros e autorização (no caso de fotos).
• Entrevistas, depoimentos e questionários: é importante diferenciar informantes, de 
informantes qualificados, de entrevistados e depoentes – os primeiros são casuais, as informações 
que fornecem devem ser registradas, em um “diário de campo”, e de preferência, com nome, 
local e dia; o informante qualificado, em geral, testemunhou o fato ou processo investigado, e 
eventualmente poderá até ser citado no trabalho (desde que assim o permita), mas não está na 
listagem dos entrevistados, porque essa listagem foi elaborada obedecendo a outros critérios; 
assim o informante qualificado oferece um contraponto ao material fornecido pelo conjunto 
de entrevistados. O depoente é um informante qualificado porque vivenciou o fato ou processo 
estudado, às vezes constituindo um dos atores centrais do acontecimento. Em geral seu depoimento 
deve constar do trabalho sem alteração do que foi dito (é uma boa prática submeter o texto à 
sua apreciação). Quanto aos questionários, eles dizem respeito à faceta quantitativa da pesquisa, 
enquanto entrevistas, depoimentos e informações qualificadas compõem a faceta qualitativa.
 Lembrete
Importante observar que os procedimentos adotados seguem 
recomendações do código de ética.
Para análise do processo de emergência do grupo dominante à época da pesquisa, partiu‑se de uma 
conceituação operacional de poder, nos seguintes termos: o exercício do poder refere‑se basicamente à 
extensão de controle sobre os grupos sociais, através da mediação – pelos indivíduos que o exercem – em 
objetivos visados pelos grupos sociais ou por indivíduos isoladamente. Esse exercício, para ser efetivo, no 
sentido de assegurar à pessoa o poder, deve ser estruturado de acordo com padrões sociais institucionais, 
associativos ou grupais, ou ainda, através dos quadros da autoridade aprovada socialmente.
Com objetivo de localizar “quem era quem”, foram utilizados questionários e um levantamento das 
diretorias das associaçõesem funcionamento na cidade, obtendo dados sobre sistema de eleições etc. 
Com essas informações, foram localizados 111 nomes, dos quais 27 pessoas participavam de mais de 
uma associação ou em todas. Procedimento análogo foi utilizado com os partidos políticos, localizando 
candidatos aos cargos eletivos, participantes das eleições etc. Essas informações foram obtidas por 
consulta ao Cartório Eleitoral e ao Tribunal Regional Eleitoral, para o período 1947 a 1964. Essas listas 
foram submetidas à apreciação de informantes locais, solicitando que indicassem as “pessoas importantes 
na cidade”, “as pessoas de influência” ou “os mandachuvas locais”. Tratava‑se de uma adaptação das 
67
TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
técnicas utilizadas por vários pesquisadores americanos no estudo de estrutura do poder, dentre eles, 
Hunter (1953), em “Regional City”.
Nos resultados obtidos em 1963, contam‑se vários líderes sindicais que gozavam de grande 
popularidade, e foram candidatos e eleitos naquele ano para vereança, inclusive nos partidos 
conservadores; nos resultados obtidos em 1965, esses elementos não mais figuram porque foram 
expurgados pelos representantes locais do Golpe de 1964. Dessa forma, na verdade, o Golpe criou 
condições que favoreceram as relações de dominação.
O grupo tradicional dominante, assim como em 1930 e 1946, não ofereceu resistência às solicitações 
de mudança do momento histórico. Ao contrário, houve, a bem dizer, uma acomodação entre líderes 
políticos que ascendiam na Revolução de 1930 e os que então detinham o poder. A tal ponto que os 
mais expressivos líderes políticos da cidade, em 1965, são ligados diretamente aos antigos coronéis; a 
regra geral foi a permeabilidade do grupo tradicional às mudanças emergentes.
Tal permeabilidade às tensões sociais emergentes foi de fundamental importância na análise das 
relações de dominação emergentes, bem como na manutenção dos elementos tradicionais no poder. A 
estratégia de “mudar para permanecer” tem sido observada, então foram alterados alguns elementos no 
grupo dominante, mantendo‑se, no entanto, as mesmas linhas de ação política anteriores.
Nesse exemplo de utilização de metodologia em pesquisa sociológica, combinaram‑se procedimentos 
de pesquisa de fontes com os procedimentos que envolvem relação direta entre pesquisador e pesquisado, 
uma relação intersubjetiva, típica da pesquisa de campo. Outra pesquisa, realizada muitos anos depois, 
discute a questão da empiricidade, na medida em que a pesquisa trabalhou com filmes.
 Lembrete
O campo de pesquisa “sociologia da imagem” vem se ampliando, no 
Brasil e fora daqui, portanto vale a pena discutir rapidamente algumas das 
questões envolvidas, visando contribuir para os novos sociólogos, esse é o 
objetivo do próximo tópico.
8 EMPIRICIDADES, SOCIOLOGIA E FILMES
Como se entende a “empiricidade” na Sociologia, que serviu de base para sua própria constituição 
como ciência? A questão leva a examinar como vertentes da teoria sociológica situam a relação entre 
fatos da observação e respectiva representação simbólica.
Pode‑se dizer que a vertente durkheimiana remete ambos os termos à sociedade, de modo que, como 
sintetiza Miceli (1982), apresentando Bourdieu: “trata‑se de uma indagação ociosa saber se são as ideias 
que deram origem às sociedades, ou se foram estas que deram existência às representações” (MICELI, 
1982, p. 20). Na verdade, o conceito central à teoria durkheimiana, fato social, é definido como “maneira 
de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior” (DURKHEIM, 1981, 
68
Unidade II
p. 52), e essa coerção tem existência própria, portanto independente das “manifestações” individuais, 
e remete a uma sociedade dada. Contudo, Durkheim reconhece que “existem também maneiras de ser 
coletivas”, as quais também se impõem aos indivíduos, mas que são, em última instância, “modos de 
agir” consolidados.
Sem que se pretenda ampliar a discussão da teoria durkheimiana, dois aspectos devem ser destacados 
em sua conceituação de “fato social”: a) seu caráter empírico associado às práticas observadas, b) a 
relação entre coerção social e indivíduos. Considerando‑se exclusivamente o primeiro aspecto, ter‑se‑ia 
um empirismo radical que o autor francês contesta como insuficiente; no segundo aspecto, na relação 
entre indivíduo e coerção social, se instala a dinâmica entre consciência individual e coletiva, central 
ao caráter moralizante da obra de Durkheim. As representações, que permitem explicar e interpretar 
a sociedade têm para o autor um sentido muito particular, mais amplo e racional, tecido pela própria 
sociedade ao longo das gerações, atuando nos indivíduos.
Nesses termos, na evidência empírica, constituída de práticas observadas, se manifesta a duplicidade 
dos indivíduos, simultaneamente social e individual, enquanto as representações têm sua base constitutiva 
na instância social, resultante da acumulação de experiências; a ela remeteria a prática sociológica de 
descrição e análise da sociedade, tomada em um recorte, como “objeto da ciência”. As observações 
são trabalhadas como dados empíricos em que se manifestam relações necessárias, explicativas dos 
fenômenos sociais. Em síntese, “É à sociedade que tomamos emprestado os fatos para em seguida 
projetá‑los na nossa representação do mundo” (DURKHEIM, 1981, p. 161).
Estabelece‑se desta forma uma relação complexa entre os dados empíricos (fatos) e o sistema de 
ideias que permite classificá‑los, analisá‑los e explicá‑los. Na categoria de fatos, são incluídos os valores 
e julgamentos, de valor e de realidade, uma vez que ambos são construções do espírito, e coletivos, uma 
vez que são constituídos na linguagem, e por ela; ambos têm base no dado, na coisa, e nos ideais, que 
são coletivos. Nessa passagem dos dados para a sua interpretação, dos juízos para as ideias coletivas que 
os sustentam, redefine‑se o sentido geralmente apontado para o empirismo de Durkheim: o estatuto 
de “coisa” atribuído aos fatos sociais perde em opacidade como condição da abordagem, e os ”fatos” 
passam a ser situados em conexão com o plano dos sentidos e ideais em sociedade. Isso fica claro 
quando Durkheim (1981, p. 61) reconhece que:
Os principais fenômenos sociais, religião, moral, direito, economia, 
estética, são apenas sistemas de valores e, portanto, ideais. A sociologia 
coloca‑se, pois, inteira no ideal; ela não chega a ele lentamente, ao fim e 
suas pesquisas; ela parte dele. O ideal é o seu domínio, [...] Entretanto ela 
só trata do ideal para estabelecer a ciência. Ela não cogita de construí‑lo: 
ao contrário, ela o toma como um dado, como um objeto de estudo, e 
tenta analisá‑lo e explicá‑lo.
Nos termos colocados, a tarefa do sociólogo acaba por ser a de estabelecer essa conexão entre 
os dados e seus significados ideais em uma sociedade, todavia não antes de estabelecer hipóteses, 
e de percorrer um caminho de investigação racional e causal. O controle da dimensão subjetiva das 
observações do próprio pesquisador é considerado fundamental no estabelecimento de uma objetividade 
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
científica, porém essa dimensão subjetiva já se tornara presente no recorte do objeto de estudo e na 
eleição dos fatores explicativos. Pode‑se dizer ainda que, aos olhos contemporâneos, o próprio Durkheim 
não escapou da subjetividade: contagiado pelo ambiente cultural europeu, ele se refere a formas 
“primitivas da vida religiosa”, e a “culturas inferiores”, embora não admita uma “sequência evolutiva”, 
como pretendiam outros de seu tempo.
Weber, em texto de 1904, tratando da objetividade cognoscitiva da ciência social, deixava clara sua 
proposta: “A ciência social que queremos promover é uma ciência de realidade. Queremos compreender 
a realidade da vida que nos circunda, e na qual estamos imersos, em sua especificidade” (WEBER, 1958, 
p. 61, tradução nossa). Essa especificidade implica compreender o sentido subjetivo da ação dos sujeitos, 
na sua significação

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