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Estudo da balística forense na odontologia legal

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Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DA BALÍSTICA FORENSE NA 
ODONTOLOGIA LEGAL 
 
JENNIFER MATOS MENDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Curso de Graduação em Odontologia 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
Jennifer Matos Mendes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DA BALÍSTICA FORENSE NA ODONTOLOGIA 
LEGAL 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à Universidade 
Federal de Santa Catarina, como 
requisito para a conclusão do Curso de 
Graduação em Odontologia 
Profa. Dra. Beatriz Álvares Cabral de 
Barros 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jennifer Matos Mendes 
 
 
 
 
 
ESTUDO DA BALÍSTICA FORENSE NA ODONTOLOGIA 
LEGAL 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado, adequado para 
obtenção do título de cirurgião-dentista e aprovado em sua forma final 
pelo Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa 
Catarina. 
 
 
Florianópolis, 22 de maio de 2019. 
 
Banca Examinadora: 
 
________________________ 
Prof.ª, Dr.ª Beatriz Álvares Cabral de Barros, UFSC 
Orientadora 
 
 
________________________ 
Prof.ª, Dr.ª Alessandra Rodrigues de Camargo, UFSC 
Membro 
 
________________________ 
Prof., Dr.ª Ana Paula Marzagão Casadei, UFSC 
Membro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedico a aqueles que tão cedo tiveram 
sua voz calada, seus olhos cerrados, 
sonhos interrompidos. Dedico a 
aqueles que aqui ficam, com a dor, com 
a saudade, com a esperança na justiça. 
Dedico a aqueles que se dedicam a 
tornar o mundo mais justo e pacífico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço a Deus e a todos meus Guias, por iluminar o meu 
caminho, com saúde e força para continuar através dos dias difíceis. 
 
Aos meus pais Dionisia e Rony, meu amor incondicional e 
gratidão. Obrigada por todo o esforço e sacrifício feito em prol de nossa 
educação por todos esses anos. O amor, dedicação, estrutura, educação e 
compreensão são o bem mais precioso que vocês nos deram. Obrigada 
por sempre apoiar meus sonhos. Obrigada por tudo. 
 
Ao meu irmão Ryan, por todas as conversas e parceria. Tenho o 
maior orgulho do ser humano que você está se tornando. 
 
Ao meu companheiro Igor, por todo o amor, dedicação e 
confiança. Sem você este trabalho seria inimaginável de ser realizado. 
Todo o conhecimento, ajuda, amparo, ideias, generosidade, não tenho 
palavras para expressar tamanha gratidão. Muito obrigada. 
 
A minha dupla Corine , por ser amiga, companheira, confidente e 
se um anjo na minha vida durante essa longa jornada. Obrigada por toda 
nossa convivência durante esses anos. 
 
À minha orientadora Profª. Drª Beatriz Alvares Cabral de 
Barros, que acreditou na ideia mais louca e seguiu comigo nessa jornada. 
Agradeço por aceitar a orientação e por todo o comprometimento, 
disponibilidade, ensinamentos e dedicação para com este trabalho. Muito 
obrigada por acreditar no meu sonho em trilhar meu caminho na 
odontologia legal. 
 
À Prof.ª . Drª. Alessandra Rodrigues de Camargo, pela gentileza 
em ser parte da minha banca. Admiro muito o ser humano e profissional 
incrível que você é. Como eu sempre digo “quero ser você quando 
crescer”. 
 
A toda a família do COMBAT, em especial Vitorino, por toda a 
ajuda, suporte, estrutura, conhecimento e dedicação. Muito obrigada por 
acreditar neste trabalho, vocês são parte fundamental para a realização 
deste. 
 
 
As meus colegas e funcionários da UFSC, por tornarem meus dias 
mais leves e felizes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Elementar; meu caro Watson.” 
 
 
(Sherlock Holmes - Sir Arthur Conan Doyle) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A odontologia legal se apresenta como área do conhecimento que capacita 
profissionais para a atuação em perícia criminal, sendo uma disciplina que 
exige profissionais capazes de trabalhar com diversas áreas da ciência, 
exercendo uma atividade multidisciplinar. O odontolegista deve possuir 
afinidade pelo estudo contínuo e diversificado acerca das áreas de 
atuação, ao passo de possuir a chamada mentalidade clínico-jurídica. Este 
artigo propõe o estudo da balística forense, através de revisão de literatura 
e ilustração das lesões causadas por diferentes calibres e projéteis 
comumente mais usados no Brasil. Assim o presente estudo busca dar 
subsídios a estes profissionais à luz dos novos conhecimentos, 
desmistificando conceitos pré-estabelecidos, por hora obsoletos, tendo 
como objetivo empregar os conceitos de balística no entendimento da 
produção de lesões e suas características. Conclui-se estabelecendo a 
importância do estudo da balística forense acompanhando o 
desenvolvimento da indústria bélica e sua aplicabilidade no trabalho do 
odontolegista e perito criminal. 
 
Palavras-chave: Balística forense. Odontologia legal. Ferimentos por 
arma de fogo. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Legal dentistry presents itself as an area of knowledge that enables 
professionals to act in criminal expertise, being a discipline that requires 
professionals capable of working with several areas of science, exercising 
a multidisciplinary activity. The forensic dentist must possess affinity for 
the continuous and diversified study about the areas of action, while 
possessing the so-called legal-clinical mentality. This article proposes the 
study of forensic ballistics, through literature review and illustration of 
the injuries caused by different calibers and projectiles commonly used. 
Thus, the present study seeks to give subsidies to these professionals in 
the light of new knowledge, demystifying pre-established, hourly 
obsolete concepts, aiming to use ballistic concepts in the understanding 
of injury production and its characteristics. It concludes by establishing 
the importance of the study of forensic ballistics accompanying the 
development of the war industry and its applicability in the work of 
forensic dentist and criminal expert. 
 
Keywords: Forensic ballistics. Forensic dentistry. Wounds gunshot. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Imagem das armas longas Espingarda Boito Pump Standard 
Cal.12 7+1 Cano 24" 5’’ (Boito®, Rio Grande do Sul, Brasil), 
Rifle .22 Semiautomático 7022 Way CBC (CBC®, Rio Grande 
do Sul, Brasil). 
 
Figura 2 - Imagem das armas curtas Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP 
(Taurus®, Rio Grande do Sul, Brasil), Revólver Taurus 627 .357 
Magnum com compensador de recuo 4’’ (Taurus®, Rio Grande 
do Sul, Brasil), Revólver Taurus 838 .38 SPL 6.5’’ (Taurus®, 
Rio Grande do Sul, Brasil) 
 
Figura 3 - Imagem dos diferentes tipos de munições de rifle, pistola, 
revolvel e rifle de caça cano liso. 
 
Figura 4 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Espingarda Boito Pump Standard Cal.12 7+1 Cano 24" 5’’ 
(Boito®, Rio Grande do Sul, Brasil) com munição balote, tiro 
perpendicular á distância de 1,60 metros 
 
Figura 5 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Revólver Taurus 838 .38 SPL 6.5’’ (Taurus®, Rio Grande do 
Sul, Brasil) com munição SPL, tiro perpendicular á distância de 
1,60 metros 
 
Figura 6 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP (Taurus®, Rio Grande do 
Sul, Brasil) com munição ogival, tiro perpendicular encostado 
no alvo 
 
Figura 7 - Imagem da cavidade efetuada em argila por Rifle .22 
Semiautomático 7022 Way CBC (CBC®, Rio Grande do Sul, 
Brasil) com munição LR Standart, tiro perpendicular á distância 
de 4,40 metros 
 
Figura 8 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP (Taurus®,Rio Grande do 
Sul, Brasil) com munição ogival, tiro perpendicular á distância 
de 1,60 metros 
 
 
 
Figura 9 - Imagem da lesão de saída causada em espécime suíno por 
Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP (Taurus®, Rio Grande do 
Sul, Brasil) com munição ogival, tiro perpendicular á distância 
de 1,60 metros 
 
Figura 10 - Imagem da lesão de entrada causada em calota craniana em 
espécime suíno por Espingarda Boito Pump Standard Cal.12 7+1 
Cano 24" 5’’ (Boito®, Rio Grande do Sul, Brasil) com munição 
balote, tiro perpendicular á distância de 1,60 metros 
 
Figura 11 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Revólver Taurus 627 .357 Magnum com compensador de recuo 
4’’ (Taurus®, Rio Grande do Sul, Brasil) com munição ogival, 
tiro perpendicular encostado no alvo 
 
Figura 12 - Imagem da lesão de entrada causada em espécime suíno por 
Revólver Taurus 627 .357 Magnum com compensador de recuo 
4’’ (Taurus®, Rio Grande do Sul, Brasil) com munição ogival, 
tiro perpendicular á distância de 1,60 metros 
 
Figura 13 - Residuograma de entrada em tecido de algodão por Pistola 
Taurus 58 HC Plus .380 ACP (Taurus®, Rio Grande do Sul, 
Brasil) com munição ogival, a) tiro perpendicular á distância de 
1,60 metros b) tiro perpendicular encostado 
 
Figura 14 - Residuograma de entrada em tecido de algodão por Revólver 
Taurus 627 .357 Magnum com compensador de recuo 4’’ 
(Taurus®, Rio Grande do Sul, Brasil), com munição ogival, 
a)tiro perpendicular á distância de 1,60 metros b) tiro 
perpendicular encostado 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Armas e Munições ........................................................... 21 
Tabela 2 - Alvos e Distâncias ........................................................... 22 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 19 
1.1 OBJETIVOS ......................................................................................... 20 
1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................... 20 
1.1.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 20 
2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................... 21 
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................ 23 
4 DISCUSSÃO ........................................................................................... 32 
5 CONCLUSÃO ......................................................................................... 40 
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 41 
ANEXO A - Ata de apresentação.................................................................44 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Segundo o World Health Statistics 2017, no ano de 2015 estima-se 
o número de 468 mil homicídios, sendo que 32,9 % destes se concentram 
nas Américas. O Brasil teve 7 pessoas assassinadas por hora em 2016, 
ocorrendo 61.283 mortes violentas intencionais, maior número já 
registrado no Brasil, um crescimento de 4,0% em relação a 2015. Apesar 
disso, 80% dos crimes de homicídio nos estados não são solucionados 
pelo poder público (FBSP, 2017). Entre 1980 e 2016 cerca de 910 mil 
pessoas foram mortas por perfuração de armas de fogo no país 
(CERQUEIRA et al., 2018). 
 De acordo com o relatório Onde Mora a Impunidade?, publicado 
pelo Instituto Sou da Paz, a baixa resolutividade destes casos de 
homicídios tem dentre os fatores causais a escassez de servidores nas 
polícias civis e técnico-científicas. Logo verifica-se a necessidade 
investimento na contratação e capacitação de profissionais que atuem na 
área de perícia criminal. 
Há também, o amplo uso de armas de fogo nestes homicídios e 
cabe á balística o estudo dos efeitos, sendo a balística a parte da mecânica 
que estuda o movimento dos projéteis e as forças envolvidas na sua 
impulsão, trajetória e efeitos finais. No caso particular dos projéteis de 
arma de fogo, abrange o conhecimento dos propelentes e do mecanismo 
das armas (balística interna), o trajeto e a trajetória do projétil (balística 
externa) e dos efeitos produzidos no alvo (balística dos efeitos) 
(HÉRCULES 2005). 
A Resolução do CFO-63, de 08 de abril de 2005 (publicada no 
Diário Oficial da União de 14 de maio de 2005), na sua Seção VIII, 
estabelece a área de atuação da Odontologia Legal, definindo que esta é a 
especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, 
físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, 
vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando 
lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis. Dentre as áreas de 
competência para atuação do especialista incluem perícia criminal e 
balística forense. Tão logo o objetivo deste trabalho é, por meio da 
revisão da literatura e documentação da contestação prática realizada, 
investigar a relação entre a arma, o tipo de munição e as lesões em cabeça 
de espécime suíno e a elaboração do presente trabalho abordando os 
conceitos acerca da balística na área de atuação do odontolegista. 
 
 
20 
 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
 
1.1.1 Objetivo Geral 
 
 
- Apresentar os conceitos de balística no entendimento da 
produção de lesões, suas características e sua aplicabilidade no 
trabalho do odontolegista e perito criminal. 
 
1.1.2 Objetivos Específicos 
 
 
- Elucidar os conceitos inerentes a balística 
- Referenciar o papel do odontolegista na perícia criminal 
- Ilustrar a correlação dos diferentes calibres de arma de fogo, 
diferentes projéteis e as particularidades das lesões produzidas 
por estes 
 
21 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 Esta revisão de literatura ilustrada foi realizada sem necessidade 
de tramitação Comissão de Ética no Uso de Animais, amparada pelo Art. 
3o da Lei 11.794 que define experimentos para animais. 
 Todas as práticas e procedimentos envolvendo armas de fogo 
foram realizadas em ambiente controlado, no COMBAT Clube e Escola 
de Caça e Tiro Esportivo, localizado na Ponte do Imaruim, Palhoça – 
Santa Catarina, por profissionais capacitados em instrução de tiro. 
 Cinco tipos de armas de fogo e diferentes munições foram usadas 
no presente trabalho (Tabela 1). 
 
Tabela 1 - Armas e Munições 
Arma Modelo Marca Munição 
 
Pistola Taurus 58 HC 
Plus .380 ACP 
Taurus®, Rio 
Grande do Sul, 
Brasil 
Ogival 
Revólver Taurus 627 
.357 Magnum 
com 
compensador 
de recuo 4’’ 
Taurus®, Rio 
Grande do Sul, 
Brasil 
Ogival 
Revólver Taurus 838 .38 
SPL 6.5’’ 
Taurus®, Rio 
Grande do Sul, 
Brasil 
Ogival 
Espingarda Boito Pump 
Standard 
Cal.12 7+1 
Cano 24" 5’’ 
Boito®, Rio 
Grande do Sul, 
Brasil 
Balote 
Rifle .22 
Semiautomáti
co 7022 Way 
CBC 
CBC®, Rio 
Grande do Sul, 
Brasil 
LR Standart 
22 
 
Os tipos de armas de fogo selecionadas foram conforme a 
disponibilidade do clube de tiro, bem como serem armas amplamente 
comercializadas. 
As armas de fogo foram usadas para produzir feridas na cabeça 
de 4 porcos adultos Large White. Estes animais foram utilizados devido 
à semelhança de seus tecidos duros e macios com tecidos humanos. Todos 
os animais foram mortos anteriormente por objetivos comerciais. 
Nenhum animal foi morto durante este estudo, sendo o estado inicial dos 
espécimes suínos congelados e mantidos em refrigeração até seu 
descongelamento e realização dos disparos. 
Também foi utilizado bloco de argila mimetizando didaticamente 
os efeitos do tiro dentro dos tecidos humanos e a produção de 
residuograma sobre tecido de algodão branco com tiros de prova com as 
mesmas armas, munições e distâncias utilizados anteriormente nos 
espécimes suínos. 
Os tiros em espécime suíno, residuograma e argila foram 
efetuadosde modo perpendicular ao alvo e nas distâncias descritas na 
Tabela 2. 
 
Tabela 2 - Alvos e Distâncias 
Alvo Encostado Distância 
Espécime suíno Apoiado no alvo 1,60 metros 
Argila - 4,40 metros 
Residuograma Apoiado no alvo 1,60 metros 
 
As distâncias aplicadas no trabalho foram escolhidas de forma 
experimental, simulando distâncias de real combate e com embasamento 
na descrição da literatura. 
Porém, nos tiros em argila devido a sua baixa resistência, os 
primeiros disparos à distância de 2 metros resultaram na explosão do 
bloco, logo a distância escolhida foi de 4,40 metros para demonstração 
dos efeitos neste material. 
23 
 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
Para a identificação das lesões produzidas por projéteis de arma 
de fogo é de suma importância entender sua estrutura, mecanismo de ação 
e particularidades, uma vez que estes elementos irão produzir subsídios 
para avaliação de ferimentos a projéteis e elucidação de questões técnicas 
relacionadas (REIS et al., 2018; SEGUNDO et al., 2013; SILVA, 2013). 
 
Arma de fogo é uma “máquina termodinâmica apta a lançar à 
distância, com grande velocidade, corpos pesados, chamados projéteis, 
utilizando o impulso resultante da força expansiva dos gases gerados pela 
queima do propelente, com energia suficiente para provocar graves 
ferimentos a pessoas ou danos a material” (ALMEIDA JÚNIOR, 2017). 
 
Tipos de armas 
 
O modo de classificar as armas de fogo é variável, estas são 
categorizadas de acordo com: comprimento do cano (curto ou longo), ao 
acabamento interno do cano (liso ou raiado), ao seu calibre (.380, .22, 
7,65), seu uso (de esporte, caça, defesa), velocidade do projétil (baixa 
energia e alta energia), funcionamento (tiro unitário, não automática, 
automática ou semiautomática) e empunhadura (arma de mão, arma de 
ombro) (PF, 2018; TOCHETTO, 2012; VANRELL, 2012). 
São armas longas (Figura 1) as construídas para operar com 
ambas as mãos do atirador e exigem um apoio, no ombro, para a coronha. 
Dentro desta categoria estão as espingardas e slug guns (armas com cano 
de alma lisa e raiada respectivamente) e rifles (armas com cano de alma 
raiada e diferenciam-se pelo comprimento do cano) e os fuzis (arma de 
cano de alma raiada em calibre potente) (PF, 2018; TOCHETTO, 2012). 
 
24 
 
 
 
Figura 1 – Armas longas: A) Espingarda Boito Pump Standard Cal.12 7+1 Cano 
24" 5’’, B) Rifle .22 Semiautomático 7022 Way CBC 
 
 
As armas curtas (Figura 2) são as destinadas para operar com uma 
ou com as duas mãos, não necessitando do apoio de ombro. São exemplos 
destas últimas as pistolas (armas semi-automáticas ou automáticas) e os 
revólveres (arma não automática, cano único e câmaras de combustão que 
integram o tambor) (PF, 2018; TOCHETTO). 
 
 
Figura 2 – Armas curtas: A) Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP, B) Revólver 
Taurus 627 .357 Magnum com compensador de recuo 4’’, C) Revólver Taurus 
838 .38 SPL 6.5’’. 
25 
 
 
 
Calibre e munição 
 
A determinação do calibre de uma arma de fogo varia nos países 
dos diferentes continentes. No Brasil, o calibre é real, medido em 
milímetros diretamente na boca do cano desconsiderando-se a 
profundidade do raiamento (CROCE D e CROCE DJ, 2017). 
Para os americanos a definição do calibre é dada pela medição 
junto à base do estojo do cartucho, sendo esta medida em centésimos de 
polegada e para os ingleses o mesmo método é utilizado, porém a medida 
é em milésimos de polegada. Disto resulta que o calibre 38 americano 
corresponde ao 380 inglês. 
Para as armas de caça de cano liso, o calibre nominal corresponde 
ao número de projéteis contidos na carga, pesando no total uma libra. 
Desse modo, uma arma será de calibre 28 se sua carga constar de 28 
projéteis uniformes, pesando no total uma libra de boticário (CROCE D 
e CROCE DJ, 2017). 
Logo nos deparamos com formas diversas de nomear o calibre de 
cada arma, sendo a munição usada nesta relativa ao seu calibre bem como 
as particularidades de cada tipo que resulta na ampla gama de variantes 
de uma munição (Figura 3) de um dado calibre e sua finalidade, sendo 
composta de forma geral por cápsula, espoleta, carga, bucha e projétil 
(eis). 
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na 
base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na 
ponta (projéteis expansivos). 
Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal 
ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de 
penetração e alcance. 
Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao 
atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, 
obtendo maior capacidade lesiva (BRASIL, 2012). 
 No resultante do disparo tem-se o objetivo deste(s) projétil(eis), 
separando-se dos demais elementos que compõe a munição, atingir o 
alvo, assim as lesões causadas por projétil único em geral caracteriza-se 
por lesão única, já com múltiplos projéteis e dependendo da distância e 
separação das esferas de chumbo pode-se ter uma lesão única ou lesões 
múltiplas e pequenas (LEANDRO, 2016; TOCHETTO, 2012). 
26 
 
 
 
Figura 3 – Imagem dos diferentes tipos de munições de A) Revólver, B) Rifle de 
caça cano liso, C) Rifle, D) Pistola. 
 
Lesões por arma de fogo 
 
Os projéteis de armas de fogo ou instrumentos semelhantes como 
a ponta de um guarda-chuva, são conhecidos comumente por causarem 
lesões perfurocontundentes. Estas feridas são provocadas pela atuação 
sobre o alvo de forma concomitante perfurando-o e contundindo-o 
(CROCE D e CROCE DJ, 2017). 
O estudo das lesões oriundas da ação de uma arma de fogo 
compreende a ferida de entrada, o trajeto, orifício de saída, a forma e a 
dimensão, e os elementos de vizinhança que habitualmente as 
acompanham (CROCE D e CROCE DJ, 2017). 
Os ferimentos perfurocontusos provocados por armas de fogo 
podem ser causados por disparos efetuados em distâncias variáveis. 
O tiro encostado ou á distância zero é aquele tiro que a boca do 
cano da arma se apoia no alvo, possibilitando que a lesão seja produzida 
pela ação do projétil e dos gases resultantes da deflagração da pólvora. 
Tiro a curta distância é aquele desferido contra o alvo dentro dos 
limites da região espacial varrida pela ação dos gases e seus efeitos 
explosivos, pelos resíduos de combustão da pólvora e microprojéteis 
expelidos pelo cano da arma. Quando à mínima distância também é 
denominado de queima-roupa. 
27 
 
Por conseguinte, o tiro à distância é caracterizado quando estão 
presentes apenas os efeitos primários do tiro, isto é, aqueles produzidos 
exclusivamente pela ação do projétil (TOCHETTO, 2012; VANRELL, 
2012). 
 
Efeitos primários 
 
O ferimento de entrada é variável segundo a distância do disparo, 
direção e projétil. Os elementos que são comuns a todo tipo de tiro, a não 
depender da distância entre a arma e o alvo se denomina de efeitos 
primários do tiro, sendo as ações mecânicas do projétil sobre o alvo, 
consequentemente próprios do orifício de entrada (VANRELL, 2012). 
Os efeitos primários do tiro compreendem o ferimento 
perfurocontuso com o ferimento de entrada que apresenta o diâmetro do 
calibre do projétil quando sobre cartilagem e osso, maior diâmetro quando 
encostado ou á curta distância e menor diâmetro a maior distância 
podendo por vezes ter a forma de estrela e as orlas, sendo o conjunto 
destas denominado de anel de Fisch (Figura 4). 
 
 
 
Figura 4 – Imagem da lesão de entrada de tiro a distância em espécime suíno por 
Espingarda Boito Pump Standard Cal.12 7+1 Cano 24" 5’’. 
 
 
28 
 
 
 
A orla de enxugo (Figura 5) caracteriza-se por ser uma auréola 
escura ao redor do orifício de entrada e é proveniente pela “limpeza” dos 
resíduos de impurezas do cano da arma transportados pelo projétil. A orla 
de escoriação, em volta do orifício de entrada, provém da abrasão da 
epiderme pelo projétile pôr fim a orla equimótica, área de equimose 
resultante da lesão contundente, rompendo pequenos vasos por fim 
extravasando e infiltrando sangue, provocada no momento que o projétil 
atinge o corpo (FRANÇA, 2004; TOCHETTO, 2012; VANRELL, 2012). 
 
 
Figura 5 – Imagem da lesão de entrada de tiro a distância em espécime suíno por 
Revólver Taurus 838 .38 SPL 6.5’’ 
 
 
Efeitos secundários 
 
Logo os efeitos secundários do tiro são aqueles que se relacionam 
com a ação ou com o depósito de produtos residuais da combustão dos 
explosivos, iniciador e propelente, bem como com corpúsculos metálicos 
provenientes da abrasão dos projéteis na alma do cano. Se dividem em 
zonas, sendo estas; Zona de chamuscamento sendo a resultante da 
queimadura do alvo pelo aquecimento dos gases chamuscando os pelos 
presentes no local , queimadura da epiderme de aspecto tostado e 
29 
 
enegrecido com odor característico, Zona de esfumaçamento decorrente 
da deposição de fuligem circunscrita ao ferimento e Zona de tatuagem 
caracterizando-se como pequenos ferimentos puntiformes produzidos 
pelo impacto dos grãos de pólvora ou pequenas partículas do projétil 
(DIMAIO, 1998; FRANÇA, 2004; VANRELL, 2012). 
Alguns tipos de disparos podem apresentar também 
características que recebem nomenclaturas específicas: 
Câmara de mira de Hoffmann tem aspecto de cratera de mina por 
ser um orifício grande, estrelado de borda irregulares evertidas e 
laceradas. 
Sinal de Benassi definido pelo halo de fuligem na lâmina externa 
do osso referente ao orifício de entrada, 
Sinal de Puppe-Wergarten (Figura 6) é quando em disparo 
apoiado tem-se a queimadura pela estampa do cano da arma com a massa 
de mira em volta do orifício de entrada. 
 
 
 
Figura 6 – Imagem da lesão de entrada de tiro encostado no alvo, com Sinal de 
Puppe-Wergartenem espécime suíno por Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP 
 
 
 
 
30 
 
Sinal do funil de Bonnet sendo a escariação da tábua óssea em 
forma de funil e lesão em buraco de fechadura em calota craniana quando 
o projétil a atinge tangencialmente. 
Os efeitos secundários podem ser utilizados para avaliar a 
distância entre a boca de fogo do cano da arma e o alvo, e, eventualmente 
a direção do cano da arma em relação à vítima (DIMAIO, 1998; 
FRANÇA, 2004; VANRELL, 2012). 
 
Trajeto 
 
No trajeto do projétil, forma-se um túnel equimótico e a cavidade 
formada se divide em cavidade temporária e cavidade permanente até o 
ferimento de saída. A cavidade temporária (Figura 7) origina-se da 
expansão da cavidade permanente no momento de passagem do projétil, 
para armas curtas de três até cinco vezes o calibre deste, devido a 
transferência de energia cinética, dependente da constituição dos tecidos 
da área atingida e seu coeficiente de elasticidade. Logo cavidade 
permanente é resultante do rompimento e destruição tecidual proveniente 
da passagem do projétil pelos tecidos, após a penetração no alvo 
(LEANDRO, 2016). 
 
 
 
Figura 7 – Imagem mimetizando a cavidade temporária efetuada em argila por 
tiro á distância por Rifle .22 Semiautomático 7022 Way CBC. 
31 
 
 
 
O orifício de saída do projétil, que independe da distância do 
disparo possui características comuns em geral como orifício maior que o 
de entrada, orifício de forma irregular, bordas evertidas, podendo 
apresentar ou não orla equimótica e de contusão se houver um anteparo 
que não permita a expansão da pele e comprima contra este (FRANÇA, 
2004; LEANDRO, 2016; TOCHETTO, 2012). 
 
32 
 
 
 
4 DISCUSSÃO 
 
A identificação da arma e munição usadas na produção de lesões 
pode ser de forma direta quando o exame é feito na própria arma com 
todas as particularidades que envolvem esta e de forma indireta o qual se 
dá pelo estudo comparativo das características nas deformações 
macroscópicas e microscópicas em elementos da munição (DIMAIO, 
1998), sendo os projéteis ou fragmentos deste os elementos mais 
importantes neste tipo de análise, que por muitas vezes podem estar 
alojados na vítima. 
Porém, quando não há vestígios da arma ou munição usados no 
delito, o estudo da balística forense na produção de lesões em seus 
pormenores fornece subsídios às questões práticas determinantes na 
elucidação acerca das circunstâncias que envolvem os ferimentos por 
arma de fogo. 
Assim pode-se aproximar um suspeito à cena do crime ou excluí-
lo a depender da conjuntura apresentada através do estudo dos efeitos do 
tiro, pesquisáveis junto às lesões estabelecendo em muitos casos o trajeto, 
distância e traços da(s) arma(s) usada(s). 
Para o diagnóstico diferencial entre o orifício de entrada e saída 
em tecidos moles observa-se de forma geral as características descritas. 
Os ferimentos de entrada são bem definidos, bordas invertidas 
(FRANÇA, 2004) e com suas orlas e zonas características a depender da 
distância (Figura 8). 
 
33 
 
 
Figura 8 – Imagem da lesão de entrada com orla de enxugo, tiro á distância em 
espécime suíno por Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP 
 
 
 O orifício de saída apresenta feridas irregulares com bordas 
evertidas, dilaceradas e sem as orlas presentes na entrada (Figura 9) 
(CALABREZ, 1997). A orla equimótica não é visível, uma vez que a 
lesão foi produzida em espécime post-mortem. 
 
 
34 
 
 
Figura 9 – Imagem da lesão de saída tiro a distância em espécime suíno por 
Pistola Taurus 58 HC Plus .380 ACP 
 
 
Descreve-se também a diferenciação de orifício de entrada e 
saída em superfície externa óssea (Figura 10), através do Sinal de Bonnet, 
sendo o menor diâmetro de entrada e maior de saída (VANRELL, 2012). 
Porém, a literatura (VANRELL, 2012; FRANÇA, 2004) não menciona 
suas características para os diferentes tipos de projéteis, encamisados ou 
expansivos, por exemplo. Além disso, quando há fragmentação do 
projétil, pode-se ter dois ou mais orifícios de saída (TOCHETTO, 2012). 
 
35 
 
 
Figura 10 – Imagem da lesão de entrada tiro à distância em calota craniana com 
fratura causada pelo tiro em espécime suíno por Espingarda Boito Pump Standard 
Cal.12 7+1 Cano 24" 5’’ 
 
Infere-se a partir das características da lesão a direção e distância 
da qual foi efetuado o disparo. 
Os tiros perpendiculares formam cavidades circulares com zonas 
de tatuagem concêntricas (TOCHETTO, 2012). 
Já os tiros oblíquos produzem lesões excêntricas e elípticas com 
eixo maior próximo a direção de disparo. Nesta direção, há maior 
concentração de resíduos e zona de tatuagem mais intensa no lado de 
maior inclinação da arma (TOCHETTO, 2012). 
Entretanto, constata-se que o padrão da lesão e deposição de 
resíduos é divergente do descrito na literatura (FRANÇA, 2004; 
HERCULES, 2005; VANRELL, 2012) nos tiros perpendiculares 
utilizando uma arma que possui o mecanismo compensador de recuo. Este 
mecanismo redireciona a saída dos gases pelo cano a fim de diminuir o 
recuo da arma (DIMAIO, 1998; TOCHETTO, 2012). Observa-se em tiros 
perpendiculares com esta arma que os resíduos se concentram em forma 
de leque superior a cavidade de entrada (Figura 11), que por sua vez 
assume a forma oval (Figura 12). 
36 
 
 
 
Figura 11 – Imagem da lesão de entrada tiro perpendicular encostado no alvo 
com zona de chamuscamento e zona de esfumaçamento em forma de leque acima 
do orifício de entrada em espécime suíno por Revólver Taurus 627 .357 Magnum 
com compensador de recuo 4’’. 
 
 
37 
 
Figura 12 – Imagem da lesão de entrada tiro à distância, apresentando A) orla de 
enxugo, B) orla de escoriação, C) forma elíptica em espécime suíno por Revólver 
Taurus 627 .357 Magnum com compensador de recuo 4’’. 
 
O tiro encostado caracteriza-se pelo orifício de entrada como amplo e 
irregular, em geral maior que o diâmetro do projétil usado, podendo 
possuir sinal de Werkgaertner próprio desta distância, sinal de Benassi e 
mina de Hofmann quando há plano ósseo subjacente(VANRELL, 2012; 
TOCHETTO, 2012). 
No tiro a curta distância o orifício de entrada tem forma arredondada ou 
ovalar, com bordas invertidas, orla de contusão, enxugo, aréola 
equimótica e, a depender do tipo de pólvora, arma, comprimento do cano, 
encontramos zona de esfumaçamento e tatuagem (VANRELL, 2012; 
TOCHETTO, 2012). 
A zona de esfumaçamento, à medida que a boca do cano se afasta, vai 
diminuindo de diâmetro até ficar mais tênue deixando nítida a orla de 
tatuagem. Quando, apesar de não encostado, a distância for mínima e 
apresentar zona de chamuscamento usa-se o termo tiro à “queima roupa” 
(VANRELL, 2012; TOCHETTO, 2012). 
Por conseguinte, no tiro distante, não se encontrando ao alcance 
e recobrimento dos efeitos secundários do tiro, as orlas estão mais 
evidentes apresentando por via de regra o ferimento de entrada menor ou 
equivalente ao diâmetro do projétil de forma arredondada ou ovalar, 
bordas reviradas para dentro, com orla de escoriação, halo de enxugo, 
auréolas equimóticas (VANRELL, 2012; TOCHETTO, 2012). 
Também para determinação de distância do tiro obtém-se o 
residuograma. Este condiz à secção transversal da região onde os resíduos 
correspondentes aos efeitos secundários se dispõem. 
De forma comparativa o residuograma é realizado com arma e 
munição idêntica à do fato, em alvo análogo, compara-se o cone de 
dispersão dos chumbos até que se obtenha um similar ao examinado 
(Figura 13). 
 
38 
 
 
Figura 13 – Residuograma de entrada em tecido de algodão por Pistola 
Taurus 58 HC Plus .380 ACP com munição ogival, A) à distância B) tiro 
encostado 
 
Os resultados observados no residuograma sugerem que a arma 
que possui compensador de recuo altera o padrão da lesão, que apresenta 
forma oval e depósito de resíduos acima do orifício de entrada (Figura 14) 
(TOCHETTO, 2012). O uso de silenciador influência na menor aderência 
de partículas na superfície do residuograma (DIMAIO, 1998). 
Lembrando também que a mudança na composição química e de 
quantidade dos componentes da munição pode variar o residuograma. 
Portanto há variações em conceitos pré-estabelecidos para determinação 
de distância de tiro somente pelas características das lesões e os testes de 
residuograma, que devem ser os mais fidedignos possível aos elementos 
usados no fato. 
 
 
Figura 14 – Residuograma de entrada em tecido de algodão por Revólver Taurus 
627 .357 Magnum com compensador de recuo 4’’ A) tiro à distância B) tiro 
encostado 
 
39 
 
O trajeto nada mais é do que o segmento da trajetória percorrido pelo 
projétil no interior do corpo (TOCHETTO, 2012). A determinação deste 
deve levar em conta os desvios que ocorrem no interior do corpo e posição 
de necropsia. 
O trajeto do projétil juntamente com as peculiaridades da cena de crime 
apresenta seu valor legal na reconstituição e contestação dos fatos. 
A análise dos elementos correspondentes aos quais determinam-se os 
danos causados pelas lesões devem levar em consideração a 
complexidade fisiológica e a topografia corporal de cada indivíduo, não 
sendo esta uma ciência exata (LEANDRO, 2016). 
A perfuração e a cavidade permanente formada são 
determinantes para qualificar o fator causal incapacitante. A cavidade 
temporária produzida com armas curtas apresenta menor relevância ao 
estudo do fator incapacitante por não ter efeito confiável em tecidos 
elásticos, exceção feita quando envolve órgãos críticos (LEANDRO, 
2016). 
Entretanto, devido a crescente variedade de tipos e adaptações de 
armas, de munições com novas características, a exemplo a expansão e 
fragmentação dos projéteis, projéteis de alta energia e composição 
química do propelente, as lesões apresentam atualmente divergências dos 
conceitos clássicos descritos na literatura. 
 
40 
 
 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Observa-se com o presente trabalho que as lesões apresentam 
variações quanto a distância em que o disparo foi efetuado, ao calibre da 
arma, quanto ao tipo de munição usada dentre outros fatores envolvidos. 
Assim conclui-se que o estudo acerca da balística forense por 
vezes limita-se a antigas tecnologias e definições outrora estabelecidas 
em sua descrição na literatura. Entretanto, este assunto por conta das 
inovações industriais é amplo, mutável. 
Por fim enfatizamos que os estudos devem acompanhar os 
avanços na criação de produtos disponíveis na indústria bélica. Reforça-
se a importância do perito odontolegista nos institutos de perícia, atuando 
em suas áreas de competência, na qual inclui-se a balística forense e a 
importância deste profissional fornecendo aporte na elucidação de casos. 
 
 
 
41 
 
 
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ANEXO A

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