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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842e Educação ambiental / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 
2012. 
 285p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-274-9 
 1. Educação ambiental. 2. Meio ambiente - Educação. I. Portal Educação. 
II. Título. 
 CDD 372.387 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 
1 ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
2 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO BRASIL 
2.1 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO MEC 
3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
4 EVENTOS IMPORTANTES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E 
DOCUMENTOS GERADOS 
4.1 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE 
4.2 AGENDA 21 
4.3 DIMENSÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS 
4.4 CONSERVAÇÃO E QUESTÃO DOS RECURSOS PARA O 
DESENVOLVIMENTO 
4.5 REVISÃO DOS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO 
DAS AÇÕES PROPOSTAS 
4.6 A ACEITAÇÃO DO FORMATO E CONTEÚDO DA AGENDA 21 
4.7 MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 
4.8 OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO DE KYOTO 
4.9 SUMIDOUROS DE CARBONO 
4.10 OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO 
4.11 SEQUESTRO DE CARBONO 
4.12 O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 
5 GLOSSÁRIO DE SIGLAS 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
6 ECOLOGIA 
6.1 HISTÓRICO DA ECOLOGIA 
6.1.1 Conceito unificador 
6.2 CONCEITOS IMPORTANTÍSSIMOS NA ECOLOGIA 
6.2.1 Espécies Pioneiras 
6.2.2 Conceito de Microclima 
6.2.3 A insolação do Planeta 
6.2.4 A circulação de energia na atmosfera 
6.2.5 Intemperismo 
6.2.6 Lençol Freático 
6.2.7 Aquífero Guarani 
6.2.8 Os biomas brasileiros 
6.2.9 Amazônia 
6.2.10 Caatinga 
6.2.11 Campos do Sul (Pampas) 
6.2.12 Cerrado 
6.2.13 Mata Atlântica (Floresta Pluvial Costeira) 
6.2.14 Pantanal 
6.2.15 Zona Costeira 
6.2.16 Zonas de Transição 
6.3 HUMANIDADE E AMBIENTE 
6.3.1 Poluição Ambiental 
 
 
4 
6.3.2 Os problemas ambientais dos grandes centros 
7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 
8 BIOCOMBUSTÍVEL 
8.1 TIPOS DE BIOCOMBUSTÍVEL 
8.2 CRISE AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA 
9 CAMINHOS E PERSPECTIVAS 
INTRODUÇÃO 
10 O QUE É SUSTENTABILIDADE? 
10.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 
10.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
10.3 TRIPLE BOTTOM LINE OU TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE 
10.4 COMO MEDIR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
10.5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL 
11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 
12 PROTEÇÃO AMBIENTAL 
13 SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE 
14 EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
15 MEIO AMBIENTE E OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS 
16 MEIO AMBIENTE E AGROPECUÁRIA 
17 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
17.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE 
17.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE 
17.3 PERÍODO DE DESFECHO 
18 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL, EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
19 OCUPAÇÃO EXISTENCIAL DO MUNDO: UMA PROPOSTA ECOSSISTÊMICA 
DA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
5 
19.1 QUALIDADE DE VIDA E CIDADES SAUDÁVEIS 
20 PROMOÇÃO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE 
21 PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
22 SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E A AMAZÔNIA 
23 SUDAM 
INTRODUÇÃO 
24 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL 
25 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 
(PCNS) 
25.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR 
25.2 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
25.3 ELABORANDO A AGENDA 21 NA ESCOLA 
INTRODUÇÃO 
26 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL 
27 ESFERAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 
28 ESTRATÉGIAS PARA AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
29 PLANEJAMENTO DE PROJETOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
30 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS 
31 EMPRESAS COM POLÍTICAS AMBIENTAIS 
32 INSTITUTO AKATU 
33 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO 
33.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ECOTURISMO 
33.1.1 Trilhas ecológicas interpretativas 
34 EDUCAÇÃO AMBIENTAL INSERIDA NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
35 REDES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
36 AÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AGENDA 21 
37 PROTOCOLO VERDE 
 
 
6 
38 CONSELHOS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE (COMDEMAS) 
39 A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 
40 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
INTRODUÇÃO 
 
 
Nesse módulo vamos fazer uma retrospectiva histórica das conquistas da 
educação ambiental. 
Ano após ano o ser humano percebeu a importância de um ambiente 
saudável para sua total sobrevivência. Sentimos que esse despertar tenha ocorrido 
após o ambiente sofrer várias degradações e, também, após vários biomas serem 
quase que totalmente devastados. 
Mas ainda há esperança, depois da Conferência de Tbilisi e da Rio-92 houve 
um resgate na sensibilização ambiental da humanidade. Os governantes passaram a 
olhar o meio ambiente não como uma imensa fábrica prestes a explorar, mas sim 
como um viveiro ameaçado e que precisa urgentemente de cuidados especiais. 
Com esse despertar surge o protocolo de Kyoto, em que governantes de 
vários locais do planeta selam um compromisso de reduzir a emissão de gás 
carbônico, revertendo seu efeito agressivo no meio ambiente. 
Espero que vocês tenham um ótimo estudo e se contaminem com esse vasto 
mundo que a educação ambiental nos proporciona. 
 
 
1. ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
Cronografia (40.000 a.C. a 3.500.000.000) 
 
Ano 2000 do calendário cristão. 
Ano 5760 do calendário judaico. 
Ano 5108 do calendário hindu. 
 
 
8 
Ano 1377 do calendário mulçumano. 
 
Mesmo com toda a sua capacidade científica e tecnológica disponível, o ser 
humano ainda tem fortes limitações para previsões. Os prognósticos, em sua maioria, 
falham. O desenvolvimento de armas químicas e nucleares, o surgimento de ameaças 
globais à estabilidade dos sistemas que asseguram a vida na Terra e um bilhão de 
pessoas excluídas das benesses alcançadas pela humanidade não foram previstos 
por ninguém. 
Nessa escala, a História revela momentos de lucidez e brilhantismo da 
espécie humana, ao lado de episódios desastrosos, bisonhos, inusitados, outros 
revestidos de uma estupidez absoluta. 
A presente cronografia reúne uma sequência de ocorrências que contribuíram 
para moldar, de alguma forma, as nossas notícias, os nossos paradigmas, e esses, a 
realidade socioambiental vigente. Reúne ainda um conjunto de projeções, formuladas 
por diversas instituições, em um exercício de reflexão. 
 
40.000 a.C. 
Marcado pela proliferação de ferramentas para a caça, cozinha e outras 
tarefas, acelera-se o desenvolvimento de tecnologia entre os 4 milhões de seres 
humanos que se distribuíam pela Ásia e África. 
 
10.000 a.C. 
Desenvolvimento da agricultura, implantada primeiramente no “crescente 
fértil” ao leste do Mediterrâneo (norte da Turquia ao sul do Egito). 
 
6.000 a.C. 
Os colonos da Mesopotâmia (Sumérios) iniciam uma nova forma de cultivar 
alimentos. Cavam uma vala e desviam água do Rio Eufrates, dando início à prática da 
irrigação. 
 
 
9 
 
400 a.C. 
Platão observa: “Qualquer cidade, por menor que seja, divide-se de fato em 
duas, uma dos pobres, a outra dos ricos”. 
 
 
 
469 a.C. 
Nasce, no subúrbio de Alopeke, em Atenas, Grécia, Sócrates, um marco na 
história do pensamento humano. “Penso que não ter necessidade é coisa divina, e ter 
as menores necessidades possíveis é o que mais se aproxima do divino”. OPai da 
Democracia, por suas ideias, foi condenado à morte em 399 a.C. 
 
0 
Chegada de Cristo. Éramos 100 milhões de seres humanos. 
 
550 
Tomás de Aquino enriquece o conhecimento humano com suas observações. 
 
1500 
Em 22 de abril, os portugueses chegam ao litoral brasileiro – cerca de 1.100 
homens em doze naus. Em 23 de abril, invadem o Brasil. São gentilmente recebidos 
pelos indígenas. 
No dia 1º de maio, para realizar a segunda missa, faz-se uma gigantesca cruz 
de madeira e abre-se uma clareira – prenúncio da devastação das nossas florestas 
por meio da exploração predatória. Os indígenas são levados a participar do culto – 
prenúncio da sua aculturação pelos colonizadores europeus. A população indígena é 
de 4 milhões. 
 
 
10 
Em 2 de maio, Gaspar de Lemos volta a Portugal levando a carta de Pero 
Vaz de Caminha, que relatava a D. Manuel I, rei de Portugal, a exuberância da “nova” 
terra. 
Inaugurando o contrabando dos nossos recursos naturais, são levados 
também exemplares da nossa flora, principalmente toras de pau-brasil, e da nossa 
fauna, especialmente papagaios. 
 
 
1503 
Fernão de Noronha inicia a comercialização do pau-brasil, no início um 
monopólio da coroa portuguesa. Em seguida, participam Inglaterra, França, Espanha e 
Holanda. Atualmente, a pilhagem continua (Japão, Inglaterra e EUA, principalmente). 
Dos 200 mil quilômetros originais da Mata Atlântica, restam apenas 7%, que 
continuam ameaçados. 
 
1531 
Martim Afonso de Souza, durante uma expedição, manda queimar a 
vegetação de uma ilha inteira, acreditando que com isso possa evitar que o seu grupo 
contraia febre. 
 
1542 
A primeira Carta Régia do Brasil estabelece normas disciplinares para o corte 
de madeira e determina punições para os abusos que vêm sendo cometidos. 
 
1543 
Copérnico publica Sobre a revolução dos orbes celestes. Prova 
matematicamente que a terra gira em torno do Sol (acreditava-se que a Terra fosse o 
centro do universo, teoria heliocêntrica). 
 
 
 
11 
1557 
Publicado na Alemanha o livro de Hans Staden. Ele descreve sua viagem 
pelo Brasil e responsabiliza os índios brasileiros pela devastação da natureza, citando 
os manejos adotados – derrubada da mata, uso de fogo, práticas agrícolas, caça, 
pesca. 
 
1667 
Grassa, na Inglaterra, uma epidemia de peste bubônica mata um terço da 
população. Enquanto a Universidade de Cambridge está fechada, Isaac Newton, 24 
anos, desenvolve as suas ideias sobre a Gravitação Universal, as leis básicas da 
Mecânica, da Ótica e os métodos de cálculo integral e diferencial. Publica os Principia. 
O ser humano, após milênios de existência, inicia o seu período de percepção de que 
existem leis que regem o universo. 
 
1794 
Joseph Priestley descobre o oxigênio. O ser humano demorou milênios para 
identificar o elemento-chave das interligações dos sistemas vivos na Terra. 
 
1822 
José Bonifácio de Andrada e Silva, ao tempo das lutas contra a repressão 
portuguesa nos movimentos de Independência do Brasil (o Patriarca da 
Independência), como ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros e como político 
de impressionante visão, era também um naturalista. A ele se atribuem as primeiras 
observações, de cunho ecológico, feitas por um brasileiro, em nosso país. 
 
1825 
A população humana sobre a Terra chega ao seu primeiro bilhão de 
habitantes. 
 
 
 
12 
1827 
Carta de Lei de Outubro, do império, delega poderes aos juízes de paz das 
províncias para a fiscalização das florestas. 
 
1840 
Um fungo infesta as plantações de batata, na Irlanda, e devasta os seus 
campos geneticamente uniformes, cerca de 1 milhão de irlandeses morrem de fome. 
 
1849 
Henry Wallace Bates, inglês, percorre a Amazônia e recolhe 8 mil espécies de 
plantas e animais. A coleção, levada para a Inglaterra, subsidia Charles Darwin, em 
seus estudos. Bates foi o naturalista estrangeiro que permaneceu mais tempo nos 
trópicos, de 1849 a 1859. 
 
1850 
D. Pedro II edita a Lei 601, proibindo a exploração florestal em terras 
descobertas e dando poderes às províncias para sua aplicação. A lei é ignorada e 
verifica-se uma grande devastação de florestas (desmatamento pelo fogo) para a 
instalação de monocultura – café – para alimentar as exportações brasileiras. 
O Reino Unido torna-se a primeira nação a ter uma população 
majoritariamente urbana. O exemplo é seguido por dezenas de países em 
industrialização, na Europa, seguidos pela América do Norte e Japão. 
 
1859 
Lançado o livro A origem das espécies, de Charles Darwin. Mostra como 
todas as coisas vivas são produtos do ambiente, trabalhando pelo processo de 
seleção natural. 
 
 
 
13 
1863 
Thomas Huxley, no seu ensaio Evidence as to man's place in nature 
(Evidências sobre o lugar do homem na Natureza), trata da interdependência entre os 
seres humanos e os demais seres vivos. 
Eugênio Waming, botânico dinamarquês, desenvolve, em Lagoa Santa, Minas 
Gerais, estudos do ambiente de cerrado, e publica-os em 1892. Seriam os trabalhos 
precursores para o primeiro livro de sua autoria sobre ecologia (1895). 
 
1864 
George Perkin Marsh (1801-1882), diplomata americano, publica o livro Man 
and nature: or physical geography as modified by human action (O homem e a 
Natureza: ou geografia física modificada pela ação do homem), considerado o primeiro 
exame detalhado da agressão humana à natureza. Marsh documenta como os 
recursos do planeta estão sendo degradados e prevê que tal exploração não 
continuaria sem exaurir inevitavelmente a generosidade da natureza; analisa as 
causas do declínio de civilizações antigas e prevê um destino semelhante para as 
civilizações modernas, se não houvesse mudanças. 
 
 
1869 
O biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919) propôs o vocábulo “ecologia” 
para os estudos das relações entre espécies e o seu meio ambiente. Já em 1866, 
esse biólogo sugerira, em sua obra Morfologia geral dos organismos, a criação de uma 
nova disciplina para estudar tais relações. 
 
1872 
Inspirado no livro de Marsh (1864) foi criado nos Estados Unidos o primeiro 
parque nacional do mundo – Yellowstone National Park. No Brasil, a princesa Isabel 
autoriza a operação da primeira empresa privada especializada em corte de madeira. 
O ciclo econômico do pau-brasil encerra-se em 1875 com o abandono das matas 
 
 
14 
exauridas. 
 
1889 
O escocês Patrick Geddes (1854-1933) argúi que “uma criança em contato 
com a realidade do seu ambiente não só aprenderia melhor, mas também 
desenvolveria atitudes criativas em relação ao mundo em sua volta” (Insight into 
environmental education). Geddes é considerado o pai/ fundador da Educação 
Ambiental. 
 
1891 
A Constituição Brasileira promulgada não tratava, nem mesmo 
superficialmente, de alguma questão ligada à preservação das nossas florestas e da 
nossa fauna. 
 
1896 
Criado o primeiro parque no Brasil: Parque Estadual da Cidade de São Paulo. 
 
1903 
Marie Curie e seu marido Pierre Curie dividem com Henri Becquerel o Prêmio 
Nobel da Física pela descoberta da radioatividade. Marie morre de leucemia anos 
depois. A radioatividade, em seus primeiros anos de uso, matou muitas pessoas de 
câncer. No Japão chegou-se a aplicar radiação na boca das pessoas para curar asma. 
 
 
1905 
Albert Einstein formula a Teoria da Relatividade, que viria revolucionar a 
Ciência. 
 
 
 
15 
1914 
Theodore Roosevelt publica o livro Through the Brazilian wilderness (Através 
da selva brasileira). 
 
1920 
O pau-brasil é considerado extinto. O então presidente do Brasil, Epitácio 
Pessoa, observa que, dos países dotados de ricas florestas, o Brasil é o único a não 
possuir um código florestal. Nos Estados Unidos, só 20% das florestas primitivas 
continuavam intocadas. Os madeireiros tinham grande influência no Congresso e 
obtinham a madeira por invasão e fraude. Nesse período, ocorre a maior devastação 
do patrimônioflorestal daquele país. 
 
1923 
Henry Ford adota o conceito de produção em massa (linha de montagem), em 
suas fábricas de automóveis. O modelo T da Ford, que custava 600 dólares em 1912, 
passa a custar 265 dólares nesse ano. Com isso, passa a dominar o mercado de 
automóveis no mundo. A produção total da Ford passa de 4 milhões de veículos, em 
1920, para 12 milhões em 1925. Iniciava-se o culto a um dos grandes símbolos de 
consumo, e de geração de problemas da humanidade. 
 
1930 
C.C Fagg e G. E. Hutchings lançam o livro An introduction to regional 
surveying (Uma introdução a estudos regionais), considerado o protótipo dos trabalhos 
de campo que contribuiu e influenciou o desenvolvimento de estudos ambientais em 
escolas. 
 
 
 
1934 
 
 
16 
O professor Felix Rawitscher introduz a pesquisa e o ensino de Ecologia no 
Brasil, e suas ideias representam os passos pioneiros do atual movimento 
ambientalista nacional. 
O decreto 23.793 transforma em lei o anteprojeto do Código Florestal de 
1931. Em decorrência, é criada a primeira unidade de conservação do Brasil, o Parque 
Nacional do Itatiaia. 
Realiza-se, no Museu Nacional, a 1ª Conferência Brasileira de Proteção à 
Natureza. 
 
1938 
C.J. Cons e C. Fletcher publicam, na Inglaterra, Actually in the school 
(Realidade na escola), livro considerado crucial no desenvolvimento de estudos 
ambientais. Eles recomendam: “Tragam o bombeiro, o carteiro, o policial para a sala 
de aula e deixem as crianças aprenderem suas vidas”. 
 
1939 
Em 10 de janeiro, por meio do Decreto 1.035/39, é criado o Parque Nacional 
do Iguaçu. Até os dias atuais, é o único Parque Nacional brasileiro realmente 
implantado. Os demais contam com crônicas deficiências de regularização fundiária e 
de recursos para a implantação e manutenção. 
 
1945 
A expressão Environmental studies (Estudos ambientais) entra para o 
vocabulário dos profissionais do ensino na Grã-Bretanha. 
Lançadas pelos Estados Unidos; explodem as bombas atômicas em 
Hiroshima e Nagasaki, no Japão. 
 
1947 
Fundada na Suíça, a União Internacional para a Conservação da Natureza 
 
 
17 
(IUNC); foi a organização conservacionista mais importante até a criação do Programa 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 1972. 
 
1952 
O ar densamente poluído de Londres – conhecido como smog (smoke + fog) 
– provoca a morte de 1.600 pessoas e desencadeia o processo de conscientização a 
respeito da qualidade ambiental, na Inglaterra. Em 1956, o Parlamento aprova a Lei do 
Ar Puro. 
 
1953 
James Watson e Francis Crick decifram a estrutura do DNA. 
 
1958 
Criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). 
 
1960 
Surge o ambientalismo nos Estados Unidos. Ocorrem reformas no ensino de 
ciências. Produzem-se materiais de ensino, voltados à investigação, por parte do 
estudante, porém os objetivos são reducionistas e os instrumentos tendem a ser tubos 
de ensaio. 
 
1961 
O presidente Jânio Quadros aprova o projeto e o envia à Câmara dos 
Deputados, declarando o pau-brasil a “árvore-símbolo nacional”, e o ipê a “flor-símbolo 
nacional”. 
 
1962 
 
 
18 
Rachel Carson, jornalista, lança o livro Silent spring (Primavera silenciosa), 
que viria a se tornar um clássico na história do movimento ambientalista. Suas 44 
edições sucessivas desencadeiam uma grande inquietação internacional sobre a 
perda da qualidade de vida. 
 
1965 
Albert Schweitzer (1875-1965) torna popular a ética ambiental. É agraciado 
com o Prêmio Nobel da Paz. O movimento, em reverência por tudo o que é vivo, 
difunde-se por todo o mundo. 
Em março, a expressão environmental education (educação ambiental) é 
ouvida pela primeira vez na Grã-Bretanha. Na ocasião, aceita-se que a Educação 
Ambiental deva ser uma parte essencial da educação de todos os cidadãos e deixe de 
ser vista essencialmente como conservação ou ecologia aplicada, cujo veículo seria a 
biologia. 
 
1966 
Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU estabelece o Pacto Internacional 
sobre os Direitos Humanos. 
 
1968 
Na Conferência sobre Educação realizada na College of Education, 
Leichester, Grã-Bretanha, recomenda-se fundar a Society for Environmental Education 
– SEE (Sociedade para a Educação Ambiental). 
Em abril, um grupo de trinta especialistas de várias áreas (economistas, 
industriais, pedagogos, humanistas e outros), liderados pelo industrial Arillio Peccei, 
passa a se reunir em Roma, para discutir a crise atual e futura da humanidade. Assim 
se forma o Clube de Roma. 
Em maio, na capital francesa, ocorrem manifestações estudantis que se 
espalham pelo mundo, em sinal de protesto pelas condições de vida. É uma crise da 
sociedade, uma explosão revolucionária. Segundo Daniel Cohn-Bendit (1968), o que 
 
 
19 
ocorre em maio é a ânsia de viver melhor. As manifestações são feitas pelo povo na 
Europa, Ásia, África e Américas (do Sul, Central e do Norte). 
A delegação da Suécia na ONU chama a atenção da comunidade 
internacional para a crescente crise do ambiente humano, sendo a primeira 
observação oficial da necessidade de uma abordagem global para a busca de 
soluções contra o agravamento dos problemas ambientais. 
 
1969 
Em março, é fundada a SEE, segundo George Martin, “como uma 
contribuição para nossa cultura”. Acentua o que os estudos ambientais podem fazer 
usando o ambiente para a educação e a educação para o ambiente. 
Na BBC de Londres, no Reith Lectures, apresentado por Sir Frank Fraser-
Darling (enologista), o ambiente se tornou um tópico debatido em shows, pronunciado 
por estrelas famosas do mundo artístico. Nos Estados Unidos, Paul Ehrlich populariza 
o termo “ecologia” como a palavra-chave nos debates sobre o ambiente. 
Lançado nos Estados Unidos o primeiro número do Journal of EA (Jornal da 
Educação Ambiental). 
A ONU e a União Internacional pela Preservação da Natureza definem o 
termo “preservação” como “o uso racional do meio ambiente a fim de alcançar a mais 
elevada qualidade de vida para a humanidade”. O termo fora usado, inicialmente, para 
designar os “guardiões” das leis promulgadas em 1970, para proteger o rio Tâmisa, 
Londres (Dictionary of the History of Ideas, I, p. 471). 
Neil Armstrong é o primeiro ser humano a tocar o solo lunar. 
 
1970 
Inicia-se o uso da expressão environmental education (educação ambiental) 
nos Estados Unidos, a primeira nação a aprovar a Lei sobre Educação Ambiental (EA 
Act). 
A expressão environmental education é introduzida na Grã-Bretanha. 
Lançada a revista Ecologist, na Grã-Bretanha, que veio a ser um poderoso 
 
 
20 
meio de contribuição e de fermentação de ideias na área ambiental. 
A National Audubon Society publica A place to live (Um lugar para viver), um 
manual para professores e outro para alunos orientando para a exploração dos 
vestígios da natureza nas cidades. Viria a se tornar um clássico em Educação 
Ambiental. 
Iniciado no Pará o projeto Grande Carajás, com a construção de 900 km de 
ferrovia (Pará-Maranhão) e da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, para exploração de 890 
mil Km² de região Amazônica. Graves problemas ambientais decorreram daqueles 
empreendimentos mal planejados e continuam até os dias atuais. 
 
1971 
Criada a Associação Gaúcha de Proteção ao ambiente Natural (Agapan). 
Os países desenvolvidos, por ocasião da XXVI Assembleia Geral das Nações 
Unidas, propõem que os recursos naturais do planeta sejam colocados sob a 
administração de um fundo mundial (World Trust). 
Apoiada por muitos políticos e cientistas, sai na Grã-Bretanha a publicação A 
blueprint for survival (Um esquema para a sobrevivência), documento histórico que 
propõe medidas para se obter um ambiente ecologicamente saudável. 
O prefixo “eco” é introduzido na língua inglesa para compor novas expressões 
(ecofarming, ecohouse e outros). 
Sai, em maio, o primeiro exemplar do Bulletin of Environmental Education 
(BEE), naGrã-Bretanha. Seus artigos estimulam estudos ambientais, orientados à 
compreensão das relações da comunidade, dentro de um contexto urbano. 
Surgem os European Consevation Year, programas que deram grande 
impulso à EA. Grande contribuição foi dada pelos geógrafos, originando a maioria das 
técnicas de ensino sobre o meio ambiente humano (jogos, simulações). 
 
1972 
O Clube de Roma publica o relatório The limits of growth (Os limites do 
crescimento). Estabelece modelos globais baseados nas técnicas pioneiras de análise 
 
 
21 
de sistemas, projetados para predizer como seria o futuro se não houvesse 
modificações ou ajustamentos nos modelos de desenvolvimento econômico adotados. 
O documento denuncia a busca incessante do crescimento da sociedade a qualquer 
custo e a meta de se tornar cada vez maior, mais rica e poderosa, sem levar em conta 
o custo final desse crescimento. Os modelos demonstram que o crescente consumo 
geral levaria a humanidade a um limite de crescimento, possivelmente a um colapso. 
Os políticos rejeitam as observações. Entretanto, o livro atinge, em parte, seu objetivo: 
alertar a humanidade para a necessidade de maior prudência nos seus estilos de 
desenvolvimento. 
Cria-se o curso de pós-graduação em Ecologia na Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul. 
De 05 a 16 de junho, na Suécia, representantes de 113 países participam da 
Conferência de Estocolmo/Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano. A 
conferência gera a Declaração sobre o Ambiente Humano, atendendo à necessidade 
de estabelecer uma visão global e princípios comuns que serviriam de inspiração e 
orientação à humanidade, para preservação e melhoria do ambiente humano. Oferece 
orientação aos governos, estabelece o Plano de Ação Mundial, e, em particular, 
recomenda que seja estabelecido um programa internacional de Educação Ambiental, 
com o objetivo de educar o cidadão comum, para que este maneje e controle seu 
ambiente. 
A recomendação nº96 da Conferência reconhece o desenvolvimento da 
Educação Ambiental como o elemento crítico para o combate à crise ambiental do 
mundo. 
Considerada um marco histórico e político internacional, decisivo para o 
surgimento de políticas de gerenciamento do ambiente, a Conferência de Estocolmo, 
além de chamar a atenção do mundo para os problemas ambientais, também gera 
controvérsias. Os representantes dos países em desenvolvimento acusam os países 
industrializados de querer limitar seus programas de desenvolvimento industrial, 
usando a desculpa da poluição, como um meio de inibir a capacidade de competição 
dos países pobres. 
Para espanto do mundo, representantes do Brasil pedem poluição, dizendo 
que o país não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental desde que o 
resultado fosse o aumento do PNB (Produto Nacional Bruto). Um cartaz anuncia: 
“Bem-vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem 
 
 
22 
restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, 
porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso 
desenvolvimento”. 
É um escândalo internacional. Os negociadores políticos representantes do 
Brasil colocam o nosso país na contramão da História. Quando a preocupação com a 
degradação ambiental é o motivo da Conferência, o Brasil externa a abertura de suas 
portas à poluição, estimulando a vinda de multinacionais, submetendo-se a um estilo 
de desenvolvimento econômico predatório, gerador de mazelas socioambientais. 
Noel Mclnnis, pioneiro em Educação Ambiental nos EUA, anuncia que a raiz 
do nosso dilema ambiental está na forma como aprendemos a pensar o mundo: 
dividindo-o em pedaços. 
Primeira avaliação de Impacto Ambiental feita no Brasil, para grandes 
empreendimentos financiados pelo Banco Mundial. A construção da Usina Hidrelétrica 
de Sobradinho, Bahia, é precedida de estudos dos impactos ambientais que seriam 
produzidos. 
Sob a orientação do professor Vasconcelos Sobrinho, é iniciada, na 
Universidade Federal Rural de Pernambuco, uma campanha nacional para 
reintrodução do pau-brasil no nosso patrimônio ambiental. Considerada extinta em 
1920, graças a essa iniciativa a espécie difunde-se, com farta distribuição de mudas 
por todo o país. 
 
1973 
Estabelecido nos EUA o World Directory of Environmental Education 
Programs (Registro mundial de programas em Educação Ambiental), editado por P. W. 
Quigo e publicado por R. R. Bowker, contendo entrada de setenta países e 660 
programas listados com detalhes. 
Em 30 de outubro, o decreto 73.030, da Presidência da República, cria, no 
âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), 
primeiro organismo brasileiro, de ação nacional, orientado para a gestão integrada do 
ambiente. O professor Paulo Nogueira-Neto é o titular da Sema, de 1974 a 1986, e 
deixa as bases das leis ambientais e estruturas que continuam, muitas delas até hoje. 
Estabelece o programa das estações ecológicas (pesquisas e preservação), a 
despeito de a Sema ter sido, originariamente, concebida como uma agência de 
 
 
23 
controle de poluição. Iniciado com três funcionários e duas salas, o trabalho do 
professor Nogueira-Neto à frente da Sema legou à sociedade a maior parte do que 
temos atualmente na área ambiental. A sua atuação o leva a integrar e a dirigir muitas 
delegações oficiais brasileiras em encontros internacionais. Recebe o Prêmio Paul 
Getty, a mais alta honra mundial no campo da conservação da natureza. Integra a 
Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum). É considerado o mentor do movimento 
ambientalista brasileiro. 
 
1974 
Realiza-se em Haia, na Holanda, o I Congresso Internacional de Ecologia. 
É dado o primeiro alerta por organismos internacionais sobre a possibilidade 
da redução da camada de ozônio, causada pelo uso dos CFC's. 
Realiza-se, na Finlândia (Jammi), com o apoio da Unesco, o Seminário sobre 
Educação Ambiental, um exercício acerca da natureza da EA, baseado nos princípios 
de EA, que já reconhecia seu caráter de uma educação integral permanente. 
 
1975 
Em resposta às recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre o 
Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), a Unesco promove, em Belgrado, 
Iugoslávia, um encontro internacional em Educação Ambiental (The Belgrado 
Workshop on Environmental Education), que congrega especialistas de 65 países e 
culmina com a formulação dos princípios e orientações para um programa 
internacional de EA (a Educação Ambiental deve ser contínua, multidisciplinar, 
integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais). O encontro 
de Belgrado gera a Carta de Belgrado, um documento histórico na evolução do 
ambientalismo. 
É lançado o Internacional Environmental Education Programme (IEEP) – 
Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). Ao mesmo tempo do encontro 
de Belgrado, ocorrem reuniões regionais na África, Ásia, Estados Árabes, Europa e 
América Latina, estabelecendo uma rede internacional de informações sobre a EA. Na 
ocasião, a Unesco empreendeu uma pesquisa para conhecer as necessidades e 
prioridades internacionais em EA, com a participação de 80% dos países membros da 
 
 
24 
ONU. 
 
1976 
De 1° a 9 de março, em Chosica, Peru, realiza-se a Reunião Sub-Regional de 
EA para o Ensino Secundário. Enfatiza-se que a questão ambiental na América Latina 
está ligada às necessidades elementares de sobrevivência do ser humano e aos 
direitos humanos. 
Resultado do convênio entre a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), 
a Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF) e a Fundação Universidade de 
Brasília (FUB), realiza-se o Curso de Extensão para Profissionais de Ensino do 1° grau 
– Ecologia, baseado na reformulação da proposta curricular de ciências físicas e 
biológicas, programa de saúde e o ambiente. O curso envolve 44 unidades 
educacionais e capacitação para 4 mil pessoas(professores, administradores e 
demais interessados). Nos anos seguintes, desenvolve-se o Projeto de EA da 
Ceilândia (1977-1981), proposta pioneira no Brasil, centrada em currículo 
interdisciplinar e que tem por base os problemas e as necessidades da comunidade. A 
escassez de recurso e as divergências políticas impedem a continuação dessa 
importante proposta de EA. 
Criados os cursos de pós-graduação em Ecologia nas universidades do 
Amazonas, Brasília, Campinas, INPA e São Carlos. 
Firmado Protocolo de Intenções entre o MEC e o Minter com objetivo de 
incluir temas ecológicos nos currículos das escolas de 1° e 2° graus. A visão ainda 
restringe-se à Ecologia descritiva (fauna e flora). 
 
1977 
Criada a The Internation Society for EA (Sociedade Internacional para EA), 
destinada a desenvolver atividades de EA na School of Nature Resources (Escola de 
Recursos Naturais), Ohio, EUA. 
Assinatura de um Protocolo de Intenções (mais um) entre o MEC e o Minter/ 
Sema, visando à implantação de uma ação integrada quanto ao ensino e à pesquisa 
em Ecologia, com vistas ao atendimento nos aspectos pertinentes da política nacional 
 
 
25 
do meio ambiente. 
 
A Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) constitui um grupo de 
trabalho para a elaboração de um documento sobre Educação Ambiental, com o 
objetivo de definir seu papel no contexto da realidade socioeconômico-educacional 
brasileira. 
A disciplina Ciências Ambientais passa a ser obrigatória nos cursos de 
engenharia, nas universidades brasileiras. 
Proposta para o ensino de 2º grau desenvolvido pelo Departamento de 
Ensino Médio do MEC/Premem/Centro de Treinamento de Professores de Ciências de 
São Paulo (convênio). 
Criação de cursos voltados à área ambiental em várias universidades 
brasileiras. 
Seminários, encontros e debates sobre a temática ambiental oferecidos pelos 
órgãos estaduais da área ambiental (Cetesb-SP, Feema – RJ) e instituições como 
FBCN, Sema, IBDF, e outras. 
De 14 a 26 de outubro, em Tbilisi (Geórgia), realiza-se a I Conferência 
Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela Unesco, em 
colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). É 
um prolongamento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano (Estocolmo, 1972). A Conferência de Tbilisi – como ficou consagrada – é o 
ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, 
iniciado em 1975, pela Unesco/Pnuma com atividades celebradas na África, Estados 
Árabes, Ásia, Europa e América Latina. A Conferência de Tbilisi constituiu-se em 
ponto de partida de um programa internacional de EA, contribuindo para precisar a 
natureza da EA, definindo seus objetivos e suas características, assim como as 
estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. É considerado em nossos 
dias o evento decisivo para os rumos da EA em todo o mundo. 
 
1978 
A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto 
 
 
26 
Natureza (1978-1985). 
Nos cursos de Engenharia Sanitária inserem-se as matérias Saneamento 
Básico e Saneamento Ambiental. 
 
1979 
O Departamento de Ensino Médio do MEC e a Cetesb publicam o documento 
Ecologia – uma Proposta para o Ensino de 1° e 2° graus. Nota-se a tendência 
reducionista, que ignora os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos e 
outros, recomendados na Conferência de Tbilisi. 
Em julho, realiza-se o evento First All-USSR Conference on EA (Primeira 
Conferência de todas as Nações da União Soviética sobre EA), promovido pelo 
Ministério da Educação na Universidade Estadual de Ivanovo, CEI. 
De 29 de outubro a 7 de novembro, realiza-se o Encontro Regional de EA 
para a América Latina, em San Jose, Costa Rica, como parte de uma série de 
seminários regionais, em EA, promovidos pela Unesco para professores, planejadores 
educacionais e administradores. 
 
1980 
Em abril, o historiador americano Lynn White Jr. propõe ao papa que São 
Francisco seja reconhecido como o santo padroeiro da Ecologia. A sugestão foi 
acolhida. White Jr. descrevera o cristianismo como a forma mais antropocêntrica de 
religião que o ser humano já vira (O homem e o mundo natural). 
De 10 a 14 de novembro realiza-se o Seminário Internacional sobre o Caráter 
Interdisciplinar da EA no ensino de 1º e 2º graus, em Budapeste, Hungria, promovida 
pela Unesco e pela Organização Nacional de Proteção Ambiental e Conservação da 
Natureza. 
De 8 a 12 de dezembro, realiza-se o Seminário Regional Europeu sobre EA 
para a Europa e América do Norte, em Essen, República Federal da Alemanha, 
promovido pela Unesco e pelo Centro de EA da Universidade de Essen, com a 
participação de vinte países. Conclui-se que seria necessária uma intensificação de 
intercâmbio de informações e experiências entre os países. 
 
 
27 
A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) estima que 70 mil 
produtos químicos estejam sendo manufaturados só nos Estados Unidos, com cerca 
de mil novos produtos acrescentados a cada ano. 
 
1981 
De 25 a 31 de março, realiza-se o Seminário sobre a Energia e a EA na 
Europa, em Monte Carlo, Mônaco, promovido pelo Conselho Internacional de 
Associações de Ensino de Ciências (Icase), com a participação de dezessete países. 
De 12 a 19 de maio, realiza-se o Seminário Regional sobre EA nos Estados 
Árabes, em Manama, Bahrein, promovido pela Unesco-Pnuma e pelo Ministério da 
Educação de Bahrein, com a participação de dez nações árabes. 
Em 31 de agosto, o presidente João Figueiredo sanciona a Lei nº 6938, que 
dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação. Constitui-se em importante instrumento de amadurecimento e 
consolidação da política ambiental no país. 
Lançado o primeiro número da The Environmentalist, revista internacional 
inglesa, destinada aos profissionais em EA. 
Em dezembro realiza-se a First Asian Conference on Environmental 
Education (Primeira Conferência Asiática Sobre EA), em Nova Delhi, Índia. 
Desencadeado pelo governo federal o “desenvolvimento” de Rondônia e 
áreas de Mato Grosso. Em dois anos foram destruídos dois milhões de hectares de 
florestas nativas e produzidos conflitos fundiários e sociais muito graves. O Banco 
Mundial foi acusado pela crítica internacional de ter financiado a maior catástrofe 
ambiental induzida dos nossos tempos. 
 
 
1984 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) apresenta resolução, 
estabelecendo diretrizes para as ações de EA. A proposta é retirada de pauta e não 
mais retorna ao plenário, não sendo, por consequência, aprovada. Há uma nítida 
 
 
28 
oposição à Educação Ambiental, nos moldes da Conferência de Tbilisi. 
Em Versalhes, ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente da Câmara de 
Comércio Internacional, com o objetivo de estabelecer formas de colocar em prática o 
conceito de “desenvolvimento sustentado”. 
Em 27 e 28 de agosto, a Sema apresenta proposta para área de EA aos 
órgãos ambientais dos estados, reunidos em Recife. 
Em 3 de dezembro, em Bhopal, Índia, ocorre o mais grave acidente industrial 
do mundo, quando um gás venenoso – methyl isocyanate – vaza da fábrica de Union 
Carbide e mata mais de 2 mil pessoas, ferindo outras 200 mil. Tal acidente, segundo 
Petula (1988), inicia o período moderno da política ambiental. O acidente de Bhopal é 
citado como um exemplo do que pode ocorrer quando reina na comunidade o 
analfabetismo ambiental. 
 
1985 
De 4 a 9 de março, com o tema Educação e a Questão Ambiental em Países 
em Desenvolvimento, realiza-se a Second Asian Conference on EA (Segunda 
Conferência Asiática sobre EA), em Nova Délhi, Índia, promovida pelo Departamento 
de Meio Ambiente do governo Indiano e pela Environmental Society da Índia. 
De 12 a 18 de agosto, realiza-se o 10º Programa Internacional de Educação 
da UNESCO – UNEP, com resultados relevantes; 31 projetos de pesquisa;37 
treinamentos nacionais; 10 seminários internacionais e regionais; 11 conferências e 66 
missões técnicas para os estados membros da UNESCO; com um resultado da 
Introdução da Educação Ambiental oficialmente nos planos educacionais, políticas e 
legislação em 40 países. 
Em Bogotá, ocorre o 1º Seminário sobre Universidade e Meio Ambiente na 
América Latina e Caribe, promovido pela Unesco-Unep. 
 
1986 
Em 23/01 o CONAMA, aprova a resolução 001/86 que estabelecia as 
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e 
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como instrumentos da 
 
 
29 
política Nacional do Meio Ambiente. 
No dia 26 de abril ocorreu a explosão do reator nº4 da Usina de Chernobyl 
(União Soviética), em que escapou 80% do combustível atômico; matou entre 7 e 10 
mil pessoas e afetou 4 milhões de pessoas. A nuvem radioativa se propagou e atingiu 
5 países europeus. Foi o maior acidente da história da Energia Nuclear. 
Em agosto realizou-se, na Universidade de Brasília, o I Seminário Nacional 
sobre Universidade e Meio Ambiente; com o objetivo de iniciar um processo de 
integração entre as ações do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do Sistema 
Universitário. 
Em São Paulo realizou-se o Seminário Internacional de Desenvolvimento 
Sustentado e Conservação de Regiões Estuarino-Lagunares, com alerta urgente à 
proteção dos manguezais, que vinham sendo destruídos por aterros em toda costa 
brasileira. 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) promulgou uma 
resolução, estabelecendo um programa Nacional de Controle de Emissão Veicular; 
que só se viabiliza em 1989 por meios de acordos com a indústria automobilística. 
 
1987 
Em 11 de março, o Plenário do Conselho Federal de Educação (MEC) 
aprovou a necessidade da inclusão da Educação Ambiental no conteúdo curricular das 
escolas de 1º e 2º Graus, previsto no parecer 226/87. É a consolidação das bases 
conceituais da Educação Ambiental no Brasil. 
Em setembro, ocorre o acidente do Césio 137 em Goiânia, Goiás. Quatro 
pessoas morreram e dezenas foram contaminadas pela radiação atômica. 
Despertando, assim a atenção da população sobre o perigo. 
Em abril, dá-se a divulgação do Our Commom Future (Nosso Futuro Comum), 
relatório da Comissão Mundial ou Comissão Brundtland, coordenado pela primeira 
Ministra da Noruega, que serviu de base para a realização da Conferência Ambiental 
Eco 92; tendo sido publicado, no Brasil, com o título "Nosso Futuro Comum" pela 
Fundação Getúlio Vargas em 1988. Buscava unificar a compreensão e o desejo sobre 
as lutas ambientalistas travadas em todo o planeta. 
 
 
30 
Assinado o protocolo de Montreal, segundo o qual as nações deveriam tomar 
várias providências para evitar a destruição da camada de ozônio; dentre as quais a 
redução progressiva até a supressão, no ano 2000, da fabricação e uso dos CFC´s. 
 
1988 
No dia 13 de julho, os 4,5 milhões de veículos automotores da cidade de São 
Paulo responsáveis por 90% da poluição do ar obrigam a Secretaria do Meio Ambiente 
e a CETESB a executar a Operação Alerta, deixando cerca de 200 mil veículos sem 
circular no centro da cidade. 
No dia 05 de outubro é promulgada a Constituição da República Federativa 
do Brasil, contendo um capítulo sobre o Meio Ambiente e vários artigos afins. É 
considerada na atualidade a constituição de vanguarda em relação à questão 
ambiental. 
No dia 22 de dezembro foi assassinado Francisco Mendes Filho (Chico 
Mendes) no Acre, líder sindical. Em 1987, fora homenageado com o Prêmio nas 
questões ambientais. 
 
1989 
Em 22 de fevereiro, a lei 7.735 cria o IBAMA com a finalidade de formular, 
coordenar e executar a política nacional do Meio Ambiente. Compete-lhe a 
preservação, conservação e controle dos recursos naturais renováveis em todo o 
território federal, proteção dos bancos genéticos da flora e fauna brasileiras e estímulo 
à Educação Ambiental, nas suas diferentes formas. 
 
 
 
Em 14 de junho, realiza-se, em Campo Grande/MS, o I Congresso 
Internacional sobre a Conservação do Pantanal, com o objetivo de estabelecer 
propostas para a compatibilização entre desenvolvimento e preservação do pantanal. 
Em 10 de julho, foi instituído o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) 
 
 
31 
pela Lei 7.797/89 em decorrência da preparação da ECO 92, com a finalidade de 
promover o desenvolvimento de projetos que objetivam o uso nacional e sustentável 
de recursos naturais, manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental. 
A Declaração de Haia (Holanda), formulada por países a qual acentuava que 
a cooperação internacional era indispensável para proteger o Meio Ambiente mundial. 
De 11 a 13 de dezembro, realiza-se o I Seminário sobre materiais para a 
Educação Ambiental, em Santiago no Chile, promovido pela UNESCO/PIGA. 
 
1990 
A ONU declarou 1990 como o ano Internacional do Meio Ambiente. 
Em outubro, em Genebra, promovida pela Organização Mundial de 
meteorologia, aconteceu a Conferência Mundial sobre o Clima, que discutiu a questão 
das alterações climáticas no mundo. 
Em novembro, realizou-se, na França, a I Conferência Internacional de Direito 
Ambiental, com a participação de Juristas de 43 países. 
 
1991 
Portaria 678 do MEC (14/05/91) resolve que os sistemas de ensino em todas 
as instâncias, níveis e modalidades contemplem em seus currículos, temas referentes 
à Educação Ambiental. 
No mês de junho é criada a Universidade Livre do Meio Ambiente (Curitiba). 
Em pouco tempo, viria a se consolidar, por meio da competência dos seus programas 
e projetos, como um importante centro de divulgação de conhecimentos, capacitação 
e aperfeiçoamento profissional na área ambiental. 
 
 
Durante a Guerra do Golfo Pérsico entre o Iraque e os aliados, 7 milhões de 
barris de petróleo foram jogados ao mar, produzindo prejuízos e impactos ambientais 
incalculáveis à vida aquática, às aves e às comunidades do litoral atingido. 
 
 
32 
A Portaria 2421, do MEC (21/11/91), institui, em caráter permanente, um 
Grupo de Trabalho para a Educação Ambiental, com o objetivo de definir, com as 
Secretarias Nacionais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da EA 
no Brasil, elaborar proposta de atuação do MEC, na área formal e não formal. 
De 25 a 29 de novembro, a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da 
República, juntamente com o MEC e com o apoio da UNESCO e da Embaixada do 
Canadá, promovem o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação 
Ambiental; com o objetivo de discutir diretrizes para a definição da política de 
Educação Ambiental. 
 
1992 
O IBAMA criou no âmbito das superintendências Estaduais, os Núcleos de 
Educação Ambiental (NEA). 
De 03 a 14 de junho, aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência da ONU 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como "ECO 92”. Este evento 
contou com a participação de 170 países. 
A ECO-92 colaborou com as premissas de Tbilisi e por meio da Agenda 21, 
definiu as áreas de programas para a Educação Ambiental, reorientando a educação 
para o desenvolvimento sustentável. A ECO-92 é reconhecida como o encontro 
Internacional mais importante desde que o homem se organizou em sociedades. 
De 17 a 21 de outubro, a Unesco e a Câmara Internacional do Comércio, em 
cooperação com o Pnuma (Unep), realizam em Toronto, Canadá, o Congresso 
Mundial de Educação e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. É o 
primeiro evento internacional sobre EA depois da ECO-92 e objetiva estimular ações 
que possam melhorar a qualidade da educação e da comunicação relativas ao 
ambiente e ao desenvolvimento sustentável. 
O Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) publica o seu 
relatório The world environmental 1972-1992 (O meio ambiente mundial). Ao longo das 
suas 850 páginas é feita uma análise dos principais problemas ambientais e um 
exame da sua evoluçãonos últimos vinte anos. 
 
 
 
33 
1993 
Portaria 773 do MEC (10/05/93) instituiu-se em Grupo de Trabalho em caráter 
permanente para a Educação Ambiental com o objetivo de coordenar, apoiar, 
acompanhar, avaliar e orientar as ações para a implementação da Educação 
Ambiental nos sistemas de Ensino do país. 
Congresso Sul-americano dando continuidade a Eco/92, na Argentina. 
Conferência dos direitos Humanos, em Viena. 
 
1994 
I Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental, em Guadalajara 
(México). 
Criação da Agenda 21 feita por crianças e jovens em português, sob 
orientação da UNICEF. 
Conferência para o Desenvolvimento Social, em Copenhague, que objetiva a 
criação de um ambiente econômico, político, social, cultural e jurídico que permita o 
Desenvolvimento Social. 
Conferência Mundial da Mulher, em Pequim (China). 
II Conferência Mundial sobre o Clima, em Berlim. A Conferência resulta no 
Mandato de Berlim, que faz um chamamento às nações mais industrializadas a 
estabelecer objetivos mais específicos para a redução das suas emissões. 
Por meio de Exposição de Motivos Interministerial 002, publicada no DOU de 
22/12/94 (Ministérios do Meio Ambiente, Educação, Cultura e Ciências e Tecnologia), 
o presidente da República aprova, em 21 de dezembro, o Programa Nacional de 
Educação Ambiental – Pronea. Tem como objetivo instrumentalizar politicamente o 
processo de Educação Ambiental no Brasil. 
Promovida pela ONU, realiza-se no Cairo, Egito, a Conferência sobre 
População e Desenvolvimento. 
 
1995 
 
 
34 
Criação da Câmara Técnica em Educação Ambiental do CONAMA. 
Novos parâmetros curriculares do MEC incluem a Educação Ambiental como 
tema transversal do currículo. 
Criação da Comissão Intermediária de Educação Ambiental pelo Ministério de 
Meio Ambiente. 
Em outubro, o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da 
Amazônia Legal – MMA cria o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (Portaria 
353/96). Em dezembro, assina protocolo de intenções com o MEC. Desse 
compromisso surgiria a I Conferência Nacional de Educação Ambiental – Brasil 20 
anos de Tbilisi. 
 
1996 
Criação da Câmara Técnica em Educação Ambiental do CONAMA. 
Novos parâmetros curriculares do MEC incluem a Educação Ambiental como 
tema transversal do currículo. 
Criação da Comissão Intermediária de Educação Ambiental pelo Ministério de 
Meio Ambiente. 
Assentamentos Humanos Habitat II, em Istambul. A Conferência propõe um 
exame das condições nas quais a maior parte da humanidade vive e reforça a 
emergência do manejo sustentável dos assentamentos humanos. 
 
1997 
Realiza-se em Brasília de 7 a 10 de outubro a I Conferência Nacional de 
Educação Ambiental (CNEA), envolvendo a Rede Brasileira de Educação Ambiental e 
mobilizando educadores e autoridades de todo o país. 
Conferência Organizada pela ONU: Mulher em Beijing. 
Conferência Rio + 5 – ocorreu em duas etapas: 
- Uma etapa promovida pelas ONGs de todo o mundo e realizada no Rio de 
Janeiro. 
 
 
35 
- A outra etapa foi promovida pela ONU, ocorreu em New York e contou com 
a presença do, então, Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e de 
representante de 179 países mais ricos do mundo. 
Conclusão: O processo nesses cinco anos avançou adequadamente em 
alguns países ou localmente, mas para a maioria resta muito a ser feito. 
Não foi alcançado um pacto sobre um dos pontos fundamentais para salvar o 
planeta: reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, em um 
programa que culminaria em 2010, com 15% a menos, já que eram dos índices 
registrados em 1990. Justamente o Grupo dos 7, não concordaram com o pacto, já 
que eram eles os países responsáveis pela grande degradação do Planeta, por 
tecnologias consideradas "sujas". 
O MEC promove a I Teleconferência Nacional de Educação Ambiental (26 de 
junho) e reúne um público estimado em 1 milhão de telespectadores, por meio da TV 
escola. 
Em setembro, realiza-se, nas Maldivas, a XIII Sessão do Painel das 
Alterações Climáticas (IPCC). 
Em outubro, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, anuncia a posição 
do seu país para a Conferência de Kyoto, Japão: estabilizar as emissões nos níveis de 
1990, até o ano de 2012. 
Após dois anos de preparação, o MEC divulga os novos Parâmetros 
Curriculares Nacionais – PCN. A dimensão ambiental é incorporada como tema 
transversal nos currículos do ensino fundamental. 
 
1998 
Em 12 de fevereiro, o presidente da República e o ministro do Meio Ambiente 
assinam a Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605/98. 
Mais de 2 mil cidades, em 64 países, trabalham nas iniciativas da Agenda 21 
local. 
Realiza-se, em Buenos Aires, Argentina, de 2 a 13 de novembro, a IV 
Conferência das Partes para a Convenção das Mudanças Climáticas. Os 
negociadores se encontram para avaliar os progressos de implantação da Convenção 
 
 
36 
sobre o Clima, originária da Rio-92. Concluem um plano de ação, fixando prazos para 
a adoção de medidas sobre o comércio de emissões e sobre o desenvolvimento de 
mecanismos limpos. Os Estados Unidos finalmente assinam o protocolo, tornando-se 
a sexagésima nação a fazê-lo. 
Relacionado ao fenômeno El Niño, este ano é marcado pelas maiores 
inundações da história. Cerca de 45 países são atingidos por secas severas, muitas 
das quais provocam incêndios florestais. 
A ONU promove o “Ano do Oceano”. Cerca de 1.600 cientistas marinhos de 
todo o mundo emitem uma declaração conjunta, intitulada Troubled Waters (Águas 
Turvas). 
A concentração de gás carbônico na atmosfera terrestre atinge valores 
recordes: 363 partes por milhão (ppm). Era de apenas 280 ppm, no início da era 
industrial. 
 
1999 
Realiza-se em Brasília, entre 24 e 25 de junho, na Câmara dos Deputados, o 
Seminário Internacional sobre Biodiversidade e Transgênicos. Os diversos painéis 
trataram de temas relacionados à biotecnologia e biossegurança, impactos das novas 
tecnologias, aspectos políticos, jurídicos e ambientais dos transgênicos. Enfatiza-se 
que o problema não está apenas na utilização de novas tecnologias, mas no controle 
dessas tecnologias. Genes de diferentes organismos, inclusive de organismos 
pertencentes a reinos distintos, estão sendo inseridos em outros, rompendo as 
barreiras da incompatibilidade sexual e/ou de espécies diferentes. Não há uma 
avaliação sistêmica do que essa tecnologia possa acarretar, para os ecossistemas e 
seus seres vivos. 
Em 21 de setembro, o Decreto 3.179 regulamenta a Lei dos Crimes 
Ambientais (Lei 9.605, de 12/02/98), estabelecendo um regime de multas, por 
infrações ambientais. A regulamentação ocorre com um atraso de um ano e quatro 
meses e não desperta entusiasmo entre os ambientalistas. 
Relatório do Global Watar Policy Project anuncia que 27 países no mundo 
encontram-se em conflito por causa da água. Na África, Ásia e Oriente Médio há 34 
países com estresse hídrico. 
 
 
37 
Reunindo representantes de 155 países, realiza-se em Olinda, Pernambuco, 
de 15 a 26 de novembro, a III Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação e 
Seca. 
Entre 29 de novembro e 2 de dezembro, realiza-se, em João Pessoa, 
Paraíba, o Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável nas Regiões 
Semi-Áridas – World Semi-Arid 99 ou WSA 99. 
O Fundo Nacional para a Natureza (WWF) publica o seu estudo Planeta Vivo. 
A Peugeot implanta um Poço de Carbono, em Mato Grosso. A ideia é 
sequestrar carbono atmosférico, por meio do crescimento de árvores (projeto de 
reflorestamento), como forma de resgatar as emissões de gás carbônico dos países 
mais desenvolvidos. 
 
2000 
Em 18 de janeiro, um vazamento em um duto da Refinaria de Duque de 
Caxias, da Petrobrás, despeja 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara e 
atinge uma área de 50 Km². 
Em 17 de julho, novo acidente. Dessa vez, rompe-se um duto da Refinaria 
Getúlio Vargas, em Araucária, região metropolitana de Curitiba,Paraná. Durante duas 
horas, são despejados 4 milhões de óleo cru nos rios Barigui e Iguaçu. 
É inaugurada a usina eolicoelétrica de Palmas, Paraná. Cinco aerogeradores 
produzem 6,5 milhões de Kw/h, anuais, suficientes para atender cerca de 4 mil 
residências de padrão médio. 
Acirra-se a polêmica em torno da transposição das águas do rio São 
Francisco. Especialistas afirmam que o Velho Chico já tem problemas demais 
(assoreamento, poluição química e orgânica, redução de vazão, desflorestamento das 
nascentes e margens, retirada desregulamentada de água para a irrigação e outros). 
Em março, cerca de 14 mil educadores, de trinta países, reúnem-se em Nova 
Orleans, Estados Unidos, para o Congresso da Associação Americana de Supervisão 
e Currículo. Concluiu-se que a educação do caráter será um desafio para o século 21. 
O programa de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília (Água 
Mineral) é considerado benchmarking (referência) por diversas empresas. 
 
 
38 
De 6 a 3 de abril, a Universidade Livre do Meio Ambiente de Curitiba promove 
a IV Ecocity, sequência das Conferências da Califórnia, USA (1990), Adelaide, 
Austrália (1992) e Yokk/Dakar, Senegal (1996) sobre a sustentabilidade das cidades. 
Em maio e junho, a cidade de São Paulo vive a maior seca do século. Os 
reservatórios chegam a níveis críticos. A situação é agravada pela ocupação 
desordenada do solo e pelo desperdício (em torno de 40%); os seus habitantes vivem 
o drama do racionamento da água. 
O Brasil produz 240 mil toneladas de lixo por dia, 75% depositado em lixões. 
Cerca de 15% dos plásticos são reciclados. Na reciclagem de alumínio, supera a 
Inglaterra, a Alemanha e o Japão: 95%. Não é o resultado de políticas ambientais, 
mas sim o reflexo do desemprego e da miséria – os catadores de lixo se multiplicam. 
No dia 10 de maio, uma Comissão Mista do Congresso Nacional aprova o 
projeto de alteração do Código Florestal, apresentado pelo deputado Moacir 
Micheletto, do PMDB do Paraná, aumentando de 20% para 80% a área que pode ser 
devastada na Amazônia. A vegetação em topo de morros, margens de rios e 
nascentes deixa de ser protegida por lei. A proposta vergonhosa, tramada na bancada 
ruralista, ignora o anteprojeto do Conama, resultado de um debate nacional, 
envolvendo 850 instituições, em 25 audiências públicas. A forte pressão popular 
esmaga a proposta. Uma semana depois, a senadora Maria Alves, de Sergipe, 
apresenta um projeto para transformar os manguezais brasileiros em áreas de 
produção de camarão. Esse projeto é igualmente rechaçado. 
A humanidade consome 67 milhões de barris de petróleo por dia. A frota 
mundial de veículos chega a 501 milhões de unidades. 
As grandes ONGs internacionais, descrentes das políticas ambientais e da 
falta de ética de legisladores, como o caso dos brasileiros, passam a adotar 
estratégias mais radicais. Destinam milhões de dólares para a compra de áreas para 
preservação. The Nature Conservancy, americana, com um bilhão de dólares em 
caixa, compra o Atol Palmyra, no Havaí, graças à contribuição de 1 milhão de sócios, 
empresas e fundações. Já é dona de mais de 24 milhões de hectares em 1.340 
reservas espalhadas pelo planeta. A Conservation International, com sede em 
Washington, é dona da Fazenda Rio Negro, no Pantanal. A TNC, outra ONG, compra 
duas fazendas de 60 mil hectares, também no Pantanal. Financia compras de áreas 
na caatinga cearense e na Mata Atlântica, no Paraná. Nos Estados Unidos, nas 
escolas secundárias, as crianças fazem campanhas para angariar fundos e comprar 
 
 
39 
áreas de florestas tropicais, principalmente na Amazônia. O Brasil tem 420 reservas 
particulares do Patrimônio Ambiental. 
Após 14 anos da explosão do reator 4 de Chernobyl, Ucrânia (26/04/1996), 
pesquisadores holandeses e ingleses concluíram que a queda das taxas de 
contaminação radioativa pode demorar cem vezes mais do que o previsto na época do 
acidente. O consumo de frutas e peixes, na região da ex-União Soviética, continuará 
desaconselhável pelos próximos cinquenta anos. 
Em 3 de junho, reunidos em Berlim, Alemanha, quatorze chefes de Estado 
participam do Encontro da Cúpula dos Países Partidários da Terceira Via (Governo 
Progressista para o século 21), composta pelo G-8, Brasil, Chile, Argentina e Portugal, 
dentre outros. É divulgado um comunicado conjunto, denominado “O Consenso de 
Berlim”, no qual propõem formas mais modernas de governar, mais cooperação para 
resolver problemas econômicos e sociais, causados pela globalização, a implantação 
de uma economia de mercado com responsabilidade social, e decretam o fim do 
neoliberalismo. Prometem promover o respeito aos direitos humanos, ampliando o 
conceito para incluir o respeito ao emprego, à prosperidade e igualdade entre homens 
e mulheres. 
Consolida-se nos países ricos a taxação de resíduos gerados. A ONG 
internacional Global Action Plan for the Earth (GAP) organiza e reúne 8 mil equipes de 
moradores de bairros na Europa e 3 mil nos Estados Unidos, para discutir formas de 
reduzir resíduos, usar menos água e energia e adquirir produtos “verdes”. A iniciativa é 
um sucesso, com resultados efetivos (redução de 42% na geração de resíduos, 16% 
no uso da água e 15% no uso de combustível). 
Em 9 de junho, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, cria 
a primeira vara da Justiça Federal do país especializada na questão ambiental, em 
Corumbá, Mato Grosso do Sul, no centro do Pantanal. Ali, os problemas ambientais 
foram agravados nos últimos vinte anos, com a introdução de pastagens artificiais, 
exploração predatória das florestas e a instalação crescente de complexos turísticos 
sem infraestrutura, contaminando as águas por esgoto e lixo. A mineração ilegal, a 
navegação irresponsável (óleo, desbarrancamento) e a pesca predatória (80 a 100 mil 
pescadores, na alta temporada) completam o espectro de pressão sobre a 
sustentabilidade do Pantanal. 
Em 15 de junho, o governo da Alemanha decide eliminar, progressivamente, 
o emprego da energia nuclear no país. 
 
 
40 
A Nasa anuncia o aumento do buraco na camada de ozônio, na região do 
Polo Norte. 
A distribuição de recursos financeiros, de acordo com critérios ambientais, 
cresce. Os estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e 
Roraima adotam o ICMS ecológico. Os recursos destinam-se aos municípios que 
abrigam Unidades de Conservação (áreas protegidas). 
Segundo o Relatório Brasileiro para Convenção da Biodiversidade, do 
Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Boticário é a segunda fonte brasileira de 
financiamento à pesquisa e proteção da biodiversidade, considerando-se o número de 
projetos financiados. Essa fundação foi criada em 1990 e já apoiou mais de 600 
projetos conservacionalistas em todo o Brasil. 
Em sessão solene no Palácio do Planalto, o presidente da República faz o 
lançamento do documento Base para discussão da Agenda 21 Brasileira. Por três 
anos, após um longo e complexo processo de elaboração participativa, vários 
especialistas brasileiros das áreas civil, empresarial e governamental reúnem-se para 
produzir as 1.276 páginas dos sete volumes que formam o documento base que 
subsidiará os debates setoriais, em todo o país. É organizado nos temas: Redução 
das Desigualdades Sociais, Gestão dos Recursos Naturais, Ciência e Tecnologia para 
o Desenvolvimento Sustentável, Infraestrutura e Integração Regional, Agricultura 
Sustentável e Cidades Sustentáveis. 
A ONU elege o ano 2000 para ser o Ano Internacional por uma Cultura de 
Paz. De 19 a 23 de junho, realiza-se, em Brasília, promovido pela ONU e pela 
Universidade da Paz (Unipaz), o Fórum Global Paz no Planeta, reunindo pessoas de 
todas as partes do mundo. Tem como objetivo promover a disseminação de um 
conjunto de orientações e parâmetros para uma cultura de paz. 
A British Petroleum anuncia o investimento de 1 bilhão de dólares, em 
pesquisae desenvolvimento de energia solar e eólica (ventos). 
A Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC (Coordenada por 
Lucila Pinsard Vianna) promove, em Brasília, oficina de trabalho em Educação 
Ambiental, reunindo especialistas de várias partes do Brasil. Promove também 
teleconferência sobre Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação de Meio Ambiente. 
A Universidade Católica de Brasília (UCB) torna-se a primeira universidade 
brasileira a implantar um Programa de Educação Ambiental, de forma sistêmica, em 
 
 
41 
sua estrutura, incluindo a incorporação da coeficiência e a capacitação de todos os 
seus funcionários, professores e estudantes. 
Em novembro, a coordenação de Educação Ambiental do MEC (COEA) 
promove, em Brasília, o Seminário Nacional de EA, reunindo as secretarias de 
Educação e instituições que trabalham com EA nas escolas. O objetivo é discutir as 
diretrizes políticas da EA, no MEC, e apresentar os Parâmetros em Ação de Meio 
Ambiente, da 5ª a 8ª série e de 1ª a 4ª série, um guia instrucional que sugere um 
conjunto de atividades, no conteúdo é discutida a questão ambiental, como um 
componente do currículo, de forma transversal, investindo em uma prática de ensino 
diferenciada, integrando as disciplinas entre si e a escola à realidade. 
 
 
2002 
A ONU declara 2002 o Ano do Ecoturismo. 
Em 3 de junho ocorre em São Paulo o 6° Congresso Internacional de Direito 
Ambiental. Destaca o crescente aumento, nas últimas décadas, dos debates acerca 
dos problemas ambientais. A preocupação ecológica tem se revelado na realização de 
congressos mundiais e nacionais voltados para a preservação ambiental; na 
celebração frequente de acordos, tratados e protocolos; também, na proliferação de 
leis pertinentes e na criação de órgãos governamentais e não governamentais. 
Testemunhamos, no ano de 2002, a Cúpula Mundial do Desenvolvimento 
Sustentável ou simplesmente Rio + 10, em Johannesburg, que trouxe mais recuos do 
que avanços. Com a declaração norte-americana, que dizia ser campeã do 
Desenvolvimento Sustentável, o mundo percebeu que este novo desenvolvimento não 
apresentava nada inovador. Pelo contrário, ainda representa o velho capitalismo de 
degradação ambiental. 
 
2003 
O Rio de Janeiro foi o lugar escolhido para sediar o II Encontro Verde das 
Américas, o Green Meeting – Conferência das Américas para o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Sustentável, organizado e coordenado pela Organização Ecológica 
 
 
42 
Palíber. O objetivo do encontro, que contou com cerca de 1000 participantes com 
acesso gratuito, é “promover o equilíbrio socioambiental do hemisfério e do planeta”. 
Durante os três dias do evento, as principais questões socioambientais foram 
debatidas entre especialistas e o seleto público que lotou o auditório do BNDS: ações 
governamentais e da sociedade civil, agenda 21, recursos hídricos, meio ambiente 
urbano, entre muitas outras questões de cunho técnico, político, ou simplesmente 
emocional, todas inspiradoras e elucidativas. 
 
 
2004 
De 25 a 29 de outubro ocorre o 2º Seminário Internacional da Rede 
AlfaPlanGIES, subordinado ao tema Conhecimento e Desenvolvimento Sustentável: 
dos problemas socioambientais aos fundamentos multidisciplinares, realizado na 
Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal. Nele se procurou debater e contribuir 
para a clarificação conceptual do desenvolvimento sustentável e seu modo de 
operacionalização pela reflexão sobre os seus fundamentos socioambientais e 
multidisciplinares. 
No dia 26 de dezembro ocorreu o terremoto que gerou o tsunami, o quinto 
mais forte desde 1940. Este terremoto teve como epicentro o mar a oeste da ilha de 
Sumatra no oceano Índico. O abalo teve magnitude sísmica estimada em 9,0 na 
Escala Richter, depois do tremor de terra seguiu-se um tsunami de cerca de 10 metros 
de altura que devastou as zonas costeiras da África Oriental, afetando países como a 
Sri Lanka, Índia, Indonésia, Tailândia, Malásia, Ilhas Maldivas e Bangladesh. O abalo 
sísmico redistribuiu a massa do planeta, gerando uma oscilação que alterou a rotação, 
fazendo-o girar três milionésimos de segundo mais rápido, e inclinando o eixo em 2,5 
centímetros. Cientistas americanos disseram que as placas tectônicas debaixo do 
Oceano Índico foram movidas em cerca de 30 metros. A mudança fez com que o 
arquipélago Nicobar se deslocasse a uma distância de 20 quilômetros. Pilotos em 
operação de resgate no arquipélago admitiram que algumas das ilhas, como Katchall, 
simplesmente sumiram. 
 
2005 
Uma das piores secas atingiu a região sudoeste do Amazonas e o estado do 
 
 
43 
Acre. Segundo o INPE, essa seca foi causada pelo aumento da temperatura no 
oceano Atlântico, que pode estar relacionado com o aquecimento global. 
 
 
 
 
 
2007 
 
 
 
No dia 2 de fevereiro o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas 
(IPCC), um órgão vinculado à ONU, divulga, em Bruxelas, o resultado do segundo 
trabalho sobre impactos, da adaptação e da vulnerabilidade do planeta às mudanças 
climáticas. Nesse relatório foi confirmada que há 90% de certeza de que o homem é o 
responsável pelas mudanças do clima no planeta. O relatório estima que as 
temperaturas devam aumentar entre 1,8 e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir 
a qualidade de vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média do planeta 
não ultrapasse 2º C em relação aos níveis pré-industriais, na metade do século XIX. 
De acordo com o estudo Planeta Vivo, feito pela rede WWF, a média anual per capita 
 
 
44 
de emissão de CO2 para cada brasileiro é de 1,8 tonelada do gás, caso as emissões 
provocadas pelo desmatamento de nossas florestas forem desconsideradas. 
Entretanto, quando o desmatamento é incluído nesse cálculo o Brasil passa a ser o 
quarto maior poluidor do planeta. Os gases das queimadas oriundas do desmatamento 
são responsáveis por 75% de todas as emissões nacionais. 
No dia 6 de abril é divulgado o 2º Relatório do Painel Intergovernamental de 
Mudanças Climáticas que abordou os impactos das mudanças climáticas, com um 
capítulo dedicado apenas à América Latina, com detalhes sobre o Brasil. Os 
mananciais de água doce, que abastecem milhões de pessoas no mundo estão em 
risco, aponta o relatório. Na região Amazônica, por exemplo, as pessoas podem ser 
afetadas por temperaturas ainda mais altas no verão, em algumas regiões, por um 
aumento na frequência de secas severas como a de 2005 e pela transformação da 
floresta em uma vegetação muito mais aberta, parecida com o cerrado, especialmente 
na região leste. No nordeste brasileiro, as temperaturas vão subir ainda mais, 
passando de uma região semiárida para árida e comprometendo a recarga dos lençóis 
freáticos. No sudeste, a precipitação vai aumentar com impacto direto na agricultura e 
nas inundações e deslizamentos de terra. 
O 3º relatório foi divulgado no dia 4 de maio, em Bangcoc, na Tailândia. O 
texto mostra que é possível deter o aquecimento global se o processo de redução das 
emissões for iniciado antes de 2015. De acordo com o documento, para salvar o clima 
do nosso planeta, a humanidade terá de diminuir de 50 a 85% as emissões de CO2 até 
a metade deste século. 
Para o Brasil, um dos maiores problemas na emissão de gases causadores 
das mudanças climáticas é o desmatamento. As queimadas oriundas da destruição 
das florestas significam 75% das emissões brasileiras. Sobre esse tema, o documento 
do IPCC aponta que 65% do potencial florestal de mitigação, isto é, o que pode ser 
feito nas florestas para reduzir o aquecimento global, está localizado nos trópicos; 
mais da metade pode ser resolvido apenas com o combate ao desmatamento ilegal. 
No que diz respeito às emissões da área de energia, o Brasil precisa continuar 
investindo em energias limpas e reverter a tendência de crescimento de termelétricas 
baseadas na queima de combustíveis fósseis. É necessário tambémdiversificar a 
matriz com fontes renováveis não convencionais como biomassa, eólica e termossolar. 
Aplicar técnicas de eficiência energética para reduzir o desperdício de 
eletricidade é fundamental em todos os setores como industrial, comercial e 
residencial. O IPCC indica também o uso de veículos mais eficientes como uma 
 
 
45 
maneira de reduzir as emissões no setor de transportes, principalmente se 
abastecidos com biocombustíveis como o álcool ou o biodiesel. Outra solução 
mostrada no relatório para reduzir a poluição nesse setor é trocar o uso de rodovias, 
sistema largamente utilizado no Brasil, por ferrovias. O transporte público também 
deve ser melhorado e incentivado. 
 
 
2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO BRASIL 
 
 
1981 – Política Nacional de Meio Ambiente (lei 6.938/81) inclusão da EA em 
todos os níveis de ensino. 
1989 – Criado o Fundo Nacional de Meio Ambiente (lei 7.797/89), apoia 
projetos de EA. 
1992 – Criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os Núcleos de EA do 
Ibama. 
1994 – Programa Nacional de EA (ProNEA) – MMA, MEC, MIC, MCT. 
1995 – Câmara Técnica Temporária de EA do CONAMA. 
1999 – Política Nacional de Educação Ambiental (lei 9.795) e criação da 
Coordenação-Geral de EA no MEC e Diretoria de EA no MMA. 
2000 – EA é contemplada no PPA 2000-2003 (MMA). 
2002 – Órgão Gestor da PNEA e revisão do ProNEA. 
2003 – EA é contemplada no PPA 2004-2007 (MEC). 
 
 
2.1 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO MEC 
 
 
 
 
46 
1991 – Pela Portaria 678, EA deve permear os currículos dos diferentes 
níveis e modalidades de ensino; Portaria 2.421 cria GT de EA para participar 
da RIO-92. 
1993 – o GT-EA se transforma em Coordenação de EA (CEA) ligada ao 
gabinete do Ministro. 
1997/1998 – A CEA promove 18 cursos de capacitação, realiza 
teleconferências regionais e videorreportagens. 
1997 – Lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais. 
1999 – Criada a COEA na SEF, Programa Parâmetros em Ação. 
2001 – Programas Parâmetros em Ação - Meio Ambiente na Escola e 
Congresso Brasileiro de Qualidade de Educação. 
2003 – A COEA é transferida para a Secretaria Executiva do MEC. 
2004 – A CGEA é alocada na SECAD, implantação do Programa Vamos 
Cuidar do Brasil com as Escolas. 
2004 – II Conferência Infanto-Juvenil para Meio Ambiente. 
 
 
3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
A evolução dos conceitos de EA esteve diretamente relacionada à evolução 
do conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de 
meio ambiente, reduzido exclusivamente aos seus aspectos naturais, não permitiam 
apreciar as interdependências nem a contribuição das ciências sociais e outras à 
compreensão e melhoria do ambiente humano. Existem vários conceitos atribuídos 
para definir Educação Ambiental, dentre eles temos: 
 
Art. 1° da Lei nº 9.795 de abril de 1999: 
 
 
47 
 
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais 
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a 
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, 
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
 
Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977): 
 
A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores 
e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das 
habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para 
entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas 
culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está 
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que 
conduzem para a melhora da qualidade de vida. 
 
Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação 
Secundária Chosica/Peru (1976): 
 
A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a 
comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade 
global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e 
com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas 
causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula 
o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um 
comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, 
tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no 
educando as habilidades e atitudes necessárias para dita 
transformação. 
 
 
2005 - Eventos importantes de Educação Ambiental e documentos 
gerados. 
 
– Conferência Mundial do Meio Ambiente Humano (1975) 
 
 
48 
 
A Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, 
1975, foi algo histórico para as discussões acerca da problemática ambiental. Esta 
conferência reuniu representantes de 113 países que tinham como meta o 
estabelecimento de uma visão global e princípios comuns que servissem para orientar 
o mundo no sentido de preservar e melhorar o ambiente humano. Em Estocolmo foi 
observada a importância de se criar um vínculo entre a educação e a questão 
ambiental pela recomendação número 96, que reconhecia a Educação Ambiental 
como o elemento crítico para o combate à crise ambiental. Esse assunto foi 
amplamente discutido com projeção mundial. Embora essa conferência tenha 
ressaltado o problema do meio ambiente, também gerou controvérsias. Os países 
mais pobres acusaram as nações mais ricas de querer impor limites ao seu 
desenvolvimento, usando como subterfúgio as questões ambientais, para combater as 
chances de competitividade. 
 
 
– Conferência de Belgrado (1975) 
 
Ocorreu na Iugoslávia, em 1975, em resposta às recomendações da 
Conferência de Estocolmo, que reuniu especialistas de 65 países. No Encontro de 
Belgrado foram formulados princípios e orientações para um programa de Educação 
Ambiental, em que estava estabelecido que a EA deveria ser contínua, multidisciplinar, 
integrada às diferenças regionais e orientada para os interesses nacionais. Este 
Encontro deu origem à Carta de Belgrado, um documento que é considerado um 
marco histórico para a evolução dos movimentos em torno do tema meio ambiente. A 
Carta de Belgrado declara que a meta da educação ambiental é: 
 
Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total; preocupado 
com os problemas associados a esse ambiente, e que tenha o 
conhecimento, as atitudes, motivações, envolvimento e habilidades 
para trabalhar de forma individual às questões daí emergentes. 
 
Trechos da Carta de Belgrado: 
 
 
49 
 
"Nossa geração tem testemunhado um crescimento econômico e um 
processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram 
benefícios para muitas pessoas, produziram também sérias consequências ambientais 
e sociais. As desigualdades entre pobres e ricos nos países, e entre países, estão 
crescendo e há evidências de crescente deterioração do ambiente físico em uma 
escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas por número 
pequeno de países, afetam toda humanidade. 
A recente Declaração das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica 
Internacional atenta para um novo conceito de desenvolvimento - o que leva em conta 
a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra, pluralismo de 
sociedades e do balanço e harmonia entre humanidade e meio ambiente. O que se 
busca é a erradicação das causas básicas da pobreza, da fome, do analfabetismo, da 
poluição, da exploração e dominação. Não é mais aceitável lidar com esses problemas 
cruciais de uma forma fragmentária. 
É absolutamente vital que os cidadãos de todo o mundo insistam a favor de 
medidas que darão suporte ao tipo de crescimento econômico que não traga 
repercussões prejudiciais às pessoas; que não diminuam de nenhuma maneira as 
condições de vida e de qualidade do meio ambiente. É necessário encontrar meios de 
assegurar que nenhuma nação cresça ou se desenvolva à custa de outra nação, e que 
nenhum indivíduo aumente o seu consumo à custa da diminuiçãodo consumo dos 
outros. 
Os recursos do mundo deveriam ser utilizados de um modo que beneficiasse 
toda a humanidade e proporcionasse a todos a possibilidade de aumento da qualidade 
de vida. 
Nós necessitamos de uma nova ética global - uma ética que promova atitudes 
e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o 
lugar da humanidade dentro da biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade 
às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os 
povos. Mudanças significativas devem ocorrer em todas as nações do mundo para 
assegurar o tipo de desenvolvimento racional que será orientado por esta nova ideia 
global - mudanças que serão direcionadas para uma distribuição equitativa dos 
recursos da Terra e atender mais às necessidades dos povos. 
Este novo tipo de desenvolvimento também deverá requerer a redução 
 
 
50 
máxima dos efeitos danosos ao meio ambiente, à reutilização de materiais e a 
concepção de tecnologias que permitam que tais objetivos sejam alcançados. Acima 
de tudo. Deverá assegurar a paz por meio da coexistência e cooperação entre as 
nações com diferentes sistemas sociais. 
A redução dos orçamentos militares e da competição na fabricação de armas 
poderá significar um ganho substancial de recursos para as necessidades humanas. O 
desarmamento deveria ser o objetivo final. 
Estas novas abordagens para o desenvolvimento e a melhoria do meio 
ambiente exigem reordenações das prioridades regionais e nacionais. As políticas de 
maximização de crescimento econômico, que não consideram suas consequências na 
sociedade e nos recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de vida, precisam 
ser questionadas.” 
– Conferência de Tbilisi (1977) 
 
A Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Antiga União Soviética, é 
considerada um dos principais eventos sobre Educação Ambiental do Planeta. Essa 
conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a UNESCO e o Programa de 
Meio Ambiente da ONU - PNUMA e, desse encontro, saíram às definições, os 
objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental no mundo. Nessa 
Conferência estabeleceu-se que o processo educativo deveria ser orientado para a 
resolução dos problemas concretos do meio ambiente, por enfoques interdisciplinares 
e, de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. 
 
 
Baseado na Conferência de Tbilisi são finalidades da EA: 
 
 Promover a compreensão da existência e da importância da 
interdependência econômica, social, política e ecológica. 
 Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os 
conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as 
 
 
51 
atitudes necessárias para protegerem e melhorarem o meio 
ambiente. 
 Induzir novas formas de conduta, nos indivíduos e na sociedade, a 
respeito do meio ambiente. 
 
Objetivos de Tbilisi: 
 
 Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem 
consciência do meio ambiente global e lhes ajudar a sensibilizarem-se 
por essas questões; 
 Conhecimento: ajudar os grupos e os indivíduos a adquirirem 
diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio 
ambiente e dos problemas anexos; 
 
 Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a 
comprometerem-se com uma série de valores, e a sentirem interesse e 
preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que 
possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio 
ambiente; 
 Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as 
habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas 
ambientais; 
 Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a 
possibilidade de participarem ativamente nas tarefas que têm por 
objetivo resolver os problemas ambientais. 
 
 
Princípios Básicos de Tbilisi: 
 
 Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus 
aspectos naturais e criados pelo homem (tecnológico e social, 
econômico, político, histórico-cultural, moral e estético); 
 
 
52 
 Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-
escolar e continuando por todas as fases do ensino formal e não formal; 
 Aplicar em enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico 
de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e 
equilibrada; 
 Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, 
regional, nacional e internacional, de modo que os educandos se 
identifiquem com as condições ambientais de outras regiões 
geográficas; 
 Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também 
a perspectiva histórica; 
 Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e 
internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais; 
 Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de 
desenvolvimento e de crescimento; 
 Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas 
ambientais; 
 Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em 
consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as 
habilidades necessárias para resolver tais problemas; 
 Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos 
para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, 
acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências 
pessoais. 
 
Na conferência de Tbilisi (recomendação 3) são estabelecidas as diretrizes da 
Educação Ambiental, na qual se pode notar que não é como a alfabetização, não 
possui um marco inicial. Corresponde a atitudes ambientais, uma mobilização 
constante e generalizada da população. Aparece também o importante papel das 
escolas desde os primeiros anos até a formação de profissionais especializados. 
No Brasil, a influência de Tbilisi se fez presente na Lei n. 6.938, de 1981, que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, suas finalidades e mecanismos de 
formulação e execução. A lei se refere, em um de seus princípios, à educação 
ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive à educação da comunidade, a fim de 
capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente. 
 
 
53 
 
- Seminário sobre Educação Ambiental na Costa Rica 
 
Esse Seminário foi realizado em 1979, em San Jose, Costa Rica, e promovido 
pela UNESCO. Teve como objetivo principal discutir a educação ambiental para a 
América Latina. As discussões foram realizadas com base nas reuniões anteriores e, 
principalmente, nas Recomendações expressas nos documentos finais de Tbilisi. 
Nesse Seminário, a educação ambiental foi caracterizada como o resultado 
de uma reestruturação e colaboração entre diferentes disciplinas e experiências 
educacionais. É importante ressaltar que, mais uma vez, a educação ambiental não 
deve ser uma proposta isolada, mas sim, estar em sintonia com as demais disciplinas. 
Portanto, ver por meio da educação ambiental um processo, é ter uma visão de tempo, 
em que a sensibilização dos indivíduos é uma das etapas do processo de 
amadurecimento, vindo em seguida uma revisão dos valores e atitudes para poder se 
conscientizar e, por fim, chegar a uma atitude (ação) para a transformação. Isso 
somente será possível, a partir do momento em que o indivíduo tiver um 
comportamento de consumo diferente daquele que, atualmente, lhe é apresentado. 
 
- 2º Congresso Internacional sobre Educação Ambiental e Formação 
Ambiental de Moscou (1987) 
 
Aconteceu em Moscou, Rússia, em 1987, onde se reuniram trezentos 
especialistas de cem países. Na ocasião, foram reiterados os conceitos da 
Conferência de Tbilisi, na qual foram tratados os objetivos e os princípios da educação 
ambiental. 
O documento elaborado a partir deste Congresso foi composto de duas 
partes, sendo que na primeira apresenta necessidades e prioridades do 
desenvolvimento da educação e formação ambiental e, na segunda,aporta elementos 
para uma estratégia internacional de ação para a década de 90. Nessa época, a, 
então, União Soviética vivia o início da Perestroika e da Glasnost. Os temas como 
“desarmamento”, “acordos de paz entre URSS e EUA”, “democracia” e “liberdade de 
opinião” permeavam as discussões entre os presentes neste evento. 
 
 
54 
Além desse documento, foram analisados, também, as dificuldades 
encontradas e os progressos alcançados pelos países em relação à educação 
ambiental. Diante disso, foi unânime a decisão da necessidade de uma educação 
ambiental voltada à promoção de sensibilização, conscientização, transmissão de 
informações, desenvolvimento de hábitos, habilidades, valores, estabelecimento de 
critérios e padrões e orientações para a resolução de problemas e tomada de 
decisões. Portanto, a educação ambiental deveria objetivar modificações 
comportamentais nos campos cognitivo e afetivo. 
Uma das observações apresentadas neste Congresso e que gerou polêmica 
foi a verificação da pobreza socioeconômica de muitos países. Para os especialistas 
participantes do evento, há necessidade urgente em resolver os problemas 
socioeconômicos para, posteriormente, resolver os problemas ambientais. 
Continuando, eles dizem que um pode ser a causa do outro, isto é, não somente a 
pobreza leva à deterioração dos recursos naturais, como também o alto padrão de 
consumo produz impactos negativos ainda maiores. 
O Congresso sugeriu, ainda, a realização de outros eventos internacionais 
sobre educação ambiental, com o propósito de avaliar os avanços alcançados, 
estabelecer prioridades e os meios de ação para um plano em matéria de educação e 
formação ambiental, na primeira metade do século XXI. 
 
– Seminário Latino-Americano de EA (Argentina, 1988) 
 
Este Seminário foi realizado em Buenos Aires, Argentina, em 1988; 
promovido pela UNESCO e PNUMA. Dentre as Recomendações para a elaboração de 
um programa de educação ambiental de acordo com a realidade dos países, de forma 
a gerar ações mais efetivas, foram destacadas: 
Recomendação nº 3: que a educação ambiental se adapte às características 
culturais e específicas das populações envolvidas no processo educativo. 
 
Recomendação nº 4: que se tenha presente o papel desempenhado pela 
mulher na sociedade e no desenvolvimento. 
 
 
55 
Portanto, trabalhar a educação de acordo com as especificidades de cada 
região é pertinente, pois educar é dar sentido às coisas e, isso só ocorre, quando se 
está diante de fatos concretos de nosso cotidiano. Porém, a relevância demonstrada 
na Recomendação nº 4, em relação à mulher, parece ser um pouco contraditória, uma 
vez que falar em igualdade, em sujeitos cidadãos, é falar em direitos iguais para 
homens e mulheres, o que não é uma realidade em muitas culturas. 
Nos intervalos entre um evento e outro, ocorreram manifestações e ações por 
parte da iniciativa privada ou governamental, com novas propostas e ações concretas 
para a melhoria ambiental. Dentre elas, pode-se citar que, em 1991, a União 
Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o PNUMA e o Fundo Mundial 
da Natureza (WWF), lançaram em mais de sessenta países, inclusive no Brasil, a nova 
estratégia para o futuro da vida, por meio de uma publicação intitulada Cuidando do 
planeta Terra. O objetivo foi ajudar a melhorar as condições de vida do planeta, por 
meio da definição de duas exigências fundamentais: 
 
 Assegurar um amplo e profundo compromisso com uma nova ética 
ambiental. 
 
 Integrar conservação e desenvolvimento (a conservação para limitar as 
nossas atitudes à capacidade da Terra e o desenvolvimento para 
permitir que as pessoas possam ter vida longa e saudável - plena em 
todos os lugares do planeta). Essa consciência ou “cidadania planetária” 
passou, após alguns anos, a tomar conta de certos grupos (as ONGs) 
que foram criadas para trabalhar em prol do meio ambiente. Mesmo 
assim, há grupos contrários a esses movimentos, pois veem 
ameaçados seus patrimônios, a fonte de exploração que, muitas vezes, 
são recursos naturais. 
 
 
- Rio – 92 e a Agenda 21 
 
 
 
56 
A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais 
é mais conhecida a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio 
de Janeiro. O seu objetivo principal era buscar meios de conciliar o 
desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos 
ecossistemas da Terra. 
A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento 
sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos 
ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países 
desenvolvidos. Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade de os países 
em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para avançarem 
na direção do desenvolvimento sustentável. Naquele momento, a posição dos 
países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente 
político internacional favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de 
princípios. como o das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. A 
mudança de percepção com relação à complexidade do tema deu-se de forma 
muito clara nas negociações diplomáticas, apesar de seu impacto ter sido 
menor do ponto de vista da opinião pública. 
Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países 
do mundo se reuniram para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir 
a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. A intenção, 
nesse encontro, era introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável, um 
modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao 
equilíbrio ecológico. Os encontros ocorreram no centro de convenções 
chamado Rio Centro. A diferença entre 1992 e 1972 (quando teve lugar a 
Conferência de Estocolmo) pode ser traduzida pela presença maciça de 
Chefes de Estado, fator indicativo da importância atribuída à questão ambiental 
no início da década de 1990. Já as ONGs fizeram um encontro paralelo no 
Aterro do Flamengo. O encontro paralelo era liberado para a população 
mediante pagamento. Além do encontro paralelo, certo é que as ONGs, 
conquanto não tivessem o direito de deliberar, participaram dos debates na 
CNUMAD de 1992. 
A ECO-92 frutificou a elaboração dos seguintes documentos oficiais: A 
Carta da Terra; três convenções (Biodiversidade, Desertificação e Mudanças 
http://pt.wikipedia.org/wiki/3_de_junho
http://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_junho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema
http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_desenvolvidos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_desenvolvidos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_em_desenvolvimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_em_desenvolvimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rio_Centro&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Estocolmo
http://pt.wikipedia.org/wiki/ONG
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aterro_do_Flamengo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_da_Terra
 
 
57 
Climáticas); uma declaração de princípios sobre florestas; a Declaração do Rio 
sobre Ambiente e Desenvolvimento; e a Agenda 21 (base para que cada país 
elabore seu plano de preservação do meio ambiente). 
 
 
4.1 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE 
 
 
A Convenção da Biodiversidade foi o acordo aprovado durante a RIO-
92, por 156 países e uma organização de integração econômica regional. Foi 
ratificada pelo Congresso Nacional Brasileiro e entrou em vigor no final de 
dezembro de 1993. Os objetivos da convençãosão a conservação da 
biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e 
justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos. Neste 
documento, destaca-se o “Protocolo de Biosegurança”, que permite que países 
deixem de importar produtos que contenham organismos geneticamente 
modificados. Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram sua 
posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade. 
 
 
4.2 AGENDA 21 
 
 
O principal documento produzido na RIO-92, o Agenda 21, é um 
programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento 
ambientalmente racional. Ele concilia métodos de proteção ambiental, justiça 
social e eficiência econômica. Este documento está estruturado em quatro 
seções subdivididas em um total de 40 capítulos temáticos. Eles tratam dos 
temas: 
 
 
 
4.3 DIMENSÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS 
 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=RIO-92&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=RIO-92&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_Nacional_do_Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/1993
 
 
58 
 
Enfoca as políticas internacionais que podem ajudar o desenvolvimento 
sustentável nos países em desenvolvimento, as estratégias de combate à 
pobreza e à miséria, as mudanças necessárias a serem introduzidas nos 
padrões de consumo, as inter-relações entre sustentabilidade e dinâmica 
demográfica, as propostas para a promoção da saúde pública e a melhoria da 
qualidade dos assentamentos humanos. 
 
 
4.4 CONSERVAÇÃO E QUESTÃO DOS RECURSOS PARA O 
DESENVOLVIMENTO 
 
 
Apresenta os diferentes enfoques para a proteção da atmosfera e para 
a viabilização da transição energética, a importância do manejo integrado do 
solo, da proteção dos recursos do mar e da gestão eco-compatível dos 
recursos de água doce; a relevância do combate ao desmatamento, à 
desertificação e à proteção aos frágeis ecossistemas de montanhas; as 
interfaces entre diversidade biológica e medidas requeridas para a proteção e 
promoção de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. Analisa as ações 
que objetivam a melhoria dos níveis de educação da mulher, bem como a 
participação da mesma, em condições de igualdade, em todas as atividades 
relativas ao desenvolvimento e à gestão ambiental. Adicionalmente, são 
discutidas as medidas de proteção e promoção à juventude e aos povos 
indígenas, às ONGs, aos trabalhadores e sindicatos, à comunidade científica e 
tecnológica, aos agricultores e ao comércio e a indústria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
4.5 REVISÃO DOS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO 
DAS AÇÕES PROPOSTAS 
 
 
Discute os mecanismos financeiros e os instrumentos e mecanismos 
jurídicos internacionais; a produção e oferta de tecnologias eco-consistentes e 
de atividade científica, enquanto suportes essenciais à gestão da 
sustentabilidade; a educação e o treinamento como instrumentos da 
construção de uma consciência ambiental e da capacitação de quadros para o 
desenvolvimento sustentável; o fortalecimento das instituições e a melhoria das 
capacidades nacionais de coleta, processamento e análise dos dados 
relevantes para a gestão da sustentabilidade. 
 
 
4.6 A ACEITAÇÃO DO FORMATO E CONTEÚDO DA AGENDA 
 
 
Aprovada por todos os países presentes à CNUMAD propiciou a 
criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao 
Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). A CDS tem por 
objetivo acompanhar e cooperar com os países na elaboração e 
implementação das agendas nacionais, e vários países já iniciaram a 
elaboração de suas agendas nacionais. Dentre os de maior expressão política 
e econômica, somente a China terminou o processo de elaboração e iniciou a 
etapa de implementação. 
 
 
4.7 MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 
 
 
 Recursos e mecanismos de financiamento. 
 Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e 
fortalecimento institucional. 
 A ciência para o DS. 
 
 
60 
 Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento. 
 Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento 
institucional nos países em desenvolvimento. 
 Arranjos institucionais internacionais. 
 Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais. 
 Informação para a tomada de decisões. 
 
– Conferência de Thessaloniki (Grécia, 1998) 
 
Ocorreu em 1997, na Tessalônica, Grécia, promovida pela UNESCO e o 
governo da Grécia, tendo como tema “Ambiente e Sociedade”. A discussão principal 
foi pautada em educação e conscientização pública para a sustentabilidade. Como em 
todas as demais conferências, nesta também foi elaborado um documento, a 
“Declaração de Tessalônica”, fazendo parte da elaboração desta: representantes de 
Organizações Governamentais, de Organizações Não Governamentais (ONGs) e da 
sociedade civil de mais de oitenta e três países. Essa declaração enfoca uma visão 
interdisciplinar para ações compartilhadas – educação para um futuro sustentável. 
Nesse evento, foram analisadas as conferências anteriores, bem como, os 
documentos com recomendações/orientações publicadas pelas mesmas, em que foi 
reconhecido que a educação ambiental não foi desenvolvida suficientemente. Dessa 
forma, foi reiterada a importância da educação ambiental no processo de 
sensibilização/conscientização pública para a sustentabilidade, por um processo de 
aprendizagem coletiva, com a participação de todos os segmentos da sociedade. “As 
recomendações e planos de ação em educação ambiental das Conferências de 
Belgrado (1975), Tbillisi (1977), Moscou (1987) são, todavia, válidas e, ainda, não 
totalmente exploradas.” 
A orientação foi dirigida, também, para a mudança de vida dos homens, isto 
é, buscar alternativas de consumo em diversos setores cruciais e uma mudança rápida 
e radical em comportamentos e estilos de vida, incluindo-se aí as mudanças no padrão 
de consumo e produção. Esses eventos tiveram destaque internacional, pelo seu 
caráter organizativo e estruturador dos pressupostos de educação ambiental. 
 
– Protocolo de Kyoto 
 
 
61 
 
O Protocolo de Kyoto é consequência de uma série de eventos iniciada 
com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro 
de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall (Suécia, 
agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas 
sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no 
Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). 
Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com 
compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que 
provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das 
investigações científicas, como causa antropogênica do aquecimento global. 
Discutido e negociado em Kyoto, no Japão, em 1997, foi aberto para 
assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. 
Sendo que, para este entrar em vigor, precisou que 55% dos países, que 
juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem, assim entrou em vigor em 
16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 
2004. 
Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros 
(principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de 
gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no 
período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de 
compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde 
a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008). 
As metas de redução não são homogêneas a todos os países, 
colocando níveis diferenciados para os 38 países que mais emitem gases. 
Países em franco desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) 
não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente. 
A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades 
econômicas.O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, 
por meio de algumas ações básicas: 
 
 Reformar os setores de energia e transportes; 
 Promover o uso de fontes energéticas renováveis; 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Toronto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/1988
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sundsvall
http://pt.wikipedia.org/wiki/1990
http://pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/1992
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_estufa
http://pt.wikipedia.org/wiki/1997
http://pt.wikipedia.org/wiki/16_de_mar%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/1998
http://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_mar%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/1999
http://pt.wikipedia.org/wiki/2005
http://pt.wikipedia.org/wiki/Novembro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Calend%C3%A1rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa
http://pt.wikipedia.org/wiki/1990
http://pt.wikipedia.org/wiki/2008
http://pt.wikipedia.org/wiki/2012
 
 
62 
 Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da 
Convenção; 
 Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos 
sistemas energéticos; 
 Proteger florestas e outros sumidouros de carbono. 
 
Se o Protocolo de Kyoto for implementado com sucesso, estima-se que 
a temperatura global reduza entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto 
dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há 
comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução 
de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do 
aquecimento global. 
 
 
4.8 OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO DE KYOTO 
 
 
Os Estados Unidos da América negaram-se a ratificar o Protocolo de 
Kyoto, de acordo com a alegação do presidente George W. Bush de que os 
compromissos acarretados por tal protocolo interfeririam negativamente na 
economia norte-americana. 
A Casa Branca também questiona a teoria de que os poluentes 
emitidos pelo homem causem a elevação da temperatura da Terra. 
Mesmo o governo dos Estados Unidos não assinando o Protocolo de 
Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do 
nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras para reduzir 
a emissão de gases promotores do efeito estufa — tentando, por sua vez, não 
diminuir sua margem de lucro com essa atitude. 
 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono
http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Celsius
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/George_W._Bush
http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Branca
http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucro
 
 
63 
 
4.9 SUMIDOUROS DE CARBONO 
 
Em julho de 2001, o Protocolo de Kyoto foi referendado em Bonn, 
Alemanha, quando abrandou o cumprimento das metas previstas 
anteriormente, pela criação dos "sumidouros de carbono". Segundo essa 
proposta, os países que tivessem grandes áreas florestadas, que absorvem 
naturalmente o CO2, poderiam usar essas florestas como crédito em troca do 
controle de suas emissões. Em função da necessidade de manter sua 
produção industrial, os países desenvolvidos, os maiores emissores de CO2 e 
de outros poluentes, poderiam transferir parte de suas indústrias mais 
poluentes para países onde o nível de emissão é baixo ou investir nesses 
países, como parte de negociação. 
Entretanto, é necessário fazer estudos minuciosos sobre a quantidade 
de carbono que uma floresta é capaz de absorver, para que não haja super ou 
subvalorização de valores pagos por meio dos créditos de carbono. Porém, a 
partir da Conferência de Joanesburgo esta proposta tornou-se inconsistente em 
relação aos objetivos do Tratado, qual seja, a redução da emissão de gases 
que agravam o efeito estufa. Desse modo, a política deve ser deixar de poluir, 
e não poluir onde há florestas, pois o saldo desta forma, continuaria negativo 
para com o planeta. 
 
 
4.10 OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO 
 
 
O Protocolo de Kyoto somente faz sentido para aqueles que acreditam 
que as emissões de gases poluentes, principalmente aqueles provenientes da 
queima de combustíveis fósseis, são os principais responsáveis pelo 
aquecimento global. Como consequência do Protocolo, os países 
desenvolvidos teriam que diminuir drasticamente suas emissões, inviabilizando, 
em médio prazo, o seu crescimento econômico continuado que, acreditam os 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Julho
http://pt.wikipedia.org/wiki/2001
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bonn
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nico
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9ditos_de_carbono
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo
 
 
64 
céticos, é a única forma de se atingir a abundância de bens e serviços de que 
tanto necessita a humanidade. 
Assim, o segundo maior emissor de gases estufa do planeta, os 
Estados Unidos, não ratificaram e, provavelmente não o ratificarão em um 
prazo previsível. Tal atitude é considerada prudente por parte dos céticos. De 
fato, todas as nações europeias e o Japão ratificaram o Protocolo, e algumas 
delas, embora tenham concordado em diminuir suas emissões em 2010 em 8% 
abaixo dos níveis de 1990, já admitem que não conseguirão atingir esta meta e 
somente poderão conseguir reduzir as emissões em 1% em 2010. 
A União Europeia esperava atingir as metas compromissadas, 
aproveitando as possibilidades da Inglaterra, França e Alemanha de reduzir 
suas emissões aos níveis de 1990, utilizando a política de abandonar o uso do 
carvão, aumentar o uso da energia nuclear e fechar as portas das indústrias 
poluidoras do leste alemão. Considerando estas vantagens, as outras nações 
não precisariam ser tão severas na redução das suas emissões sob a política 
original do Protocolo de Kyoto. Como consequência, estes países aumentaram 
maciçamente suas emissões, apagando assim os ganhos dos países grandes. 
Pelo menos 12 dos 15 países europeus estão preocupados em poder cumprir 
as suas metas; nove deles romperam-nas, com emissões aumentando entre 
20% e 77%. 
A realidade, então, creem os céticos, é que o Protocolo de Kyoto se 
tornará "letra morta" e que a Comunidade Europeia, sua grande defensora, 
está destinada a revelar isso ao mundo. 
No entanto, o quadro mudou consideravelmente em 2007 com a 
publicação dos relatórios do IPCC sobre mudança climática. A opinião pública, 
assim como de políticos de todo o mundo, tem cada vez mais entendido que a 
mudança climática já começou e que medidas são necessárias. 
 
 
4.11 SEQUESTRO DE CARBONO 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_nuclear
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_Europeia
http://pt.wikipedia.org/wiki/2007
http://pt.wikipedia.org/wiki/IPCC
 
 
65 
O "carbon sequestration" é uma política oficial dos EUA e da Austrália 
que trata de estocar o excesso de carbono, por prazo longo e indeterminado, 
na biosfera, no subsolo e nos oceanos. 
Os projetos do DOE's Office of Science dos EUA são: 
1. Sequestrar o carbono em repositórios subterrâneos. 
2. Melhorar o ciclo terrestre natural por meio da remoção do CO2 da 
atmosfera pela vegetação e estoque da biomassa criada no solo. 
3. O sequestro do carbono nos oceanos por aumento da dissolução do 
CO2 nas águas oceânicas pela fertilização do fitoplâncton com nutrientes e pela 
injeçãode CO2 nas profundezas dos oceanos, a mais de 1000 metros de 
profundidade. 
4. O sequenciamento de genoma de micro-organismos para o 
gerenciamento do ciclo do carbono. 
5. Enviar por foguetes (naves) milhares de minissatélites (espelhos) para 
refletir parte do sol, em média 200.000 minissatélites, reduziriam 1% do aquecimento. 
 
O plano de sequestro de carbono norte-americano já está em 
andamento e demonstra a preocupação dos céticos em ajudar a remover uma 
das causas (embora a considerem insignificante) do aquecimento global. A 
Austrália possui um plano semelhante ao dos EUA. 
 
 
 
 
 
4.12 O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 
 
 
Um dos fatores alegados pelos Estados Unidos para a não ratificação 
do Protocolo de Kyoto, foi a inexistência de metas obrigatórias de redução das 
emissões de gás carbônico para os países em desenvolvimento. 
Apesar de não serem obrigados a cumprir metas de redução, tais 
países já respondem por quase 52% das emissões de CO2 mundiais, e por 
73% do aumento das emissões em 2004. Segundo a Agência de Avaliação 
Ambiental da Holanda, em 2006, a China, um país em desenvolvimento, 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera
http://pt.wikipedia.org/wiki/Subsolo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceanos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vegeta%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Microorganismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_carbono
http://pt.wikipedia.org/wiki/Foguete
http://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia
 
 
66 
ultrapassou em 8% o volume de gás carbônico emitido pelos EUA, tornando-se 
o maior emissor desse gás no mundo, emitindo sozinha quase um quarto do 
total mundial, mais do que toda a UE. 
Um dos motivos dessa escalada das emissões chinesas é a queima do 
carvão mineral, que responde por cerca de 68,4% da produção de energia na 
China, e segundo relatório da AIE 40,5% das emissões mundiais do CO2, são 
provenientes da queima desse mineral, sendo tal o maior colaborador para o 
aquecimento global. 
O consumo de carvão mineral em 2006 na China saltou 8,7%, quase o 
dobro do aumento mundial, paralelamente, o consumo de energia elétrica teve 
uma elevação de 8,4% nesse país, e seu PIB aumentou 10,7%. Logo, o 
crescimento vertiginoso da economia chinesa, gera pressão pelo aumento da 
produção de energia, que deve acompanhar rapidamente a crescente 
demanda, já que apagões parciais viraram rotina em algumas cidades 
chinesas. Tamanho o consumo de eletricidade tal país se tornará até 2010 o 
maior consumidor de energia do mundo, para suprir a demanda há atualmente 
cerca de 560 usinas termelétricas em construção no território chinês. 
Sendo que em 2007 quase duas novas termelétricas eram inauguradas 
por semana, então, a tendência é um crescimento continuado do consumo de 
carvão mineral, bem como das emissões de CO2 na China, algo também 
verificado na Índia, esses dois países juntos responderão por 45% do aumento 
mundial da demanda por energia até 2030, tal aumento pode significar uma 
elevação em 57% das emissões mundiais de gás carbônico no mesmo período, 
assim as atuais 27 bilhões de toneladas de CO2 lançadas anualmente na 
atmosfera passariam para 42 bilhões em 2030. 
Por outro lado, segundo um relatório do Tyndall Center for Climate, 
23% das emissões chinesas de gás carbônico em 2004 foram resultantes da 
fabricação de produtos que seriam exportados para países desenvolvidos, 
dessa forma, há também uma contribuição desses países nas emissões 
crescentes da China, bem como dos demais países emergentes. 
Frente ao rápido crescimento econômico de economias emergentes, 
cuja matriz energética é extremamente dependente da queima de combustíveis 
fósseis, em especial do carvão mineral, o aumento nas emissões de gás 
 
 
67 
carbônico parece inevitável para as próximas décadas, frustrando as 
pretensões do Protocolo de Kyoto. 
 
 
5 GLOSSÁRIO DE SIGLAS 
 
 
Agepan – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. 
AIE – Agência Internacional de Energia. 
AIA – Avaliação de Impacto Ambiental. 
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. 
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior. 
CDS – Comissão de Desenvolvimento Sustentável. 
CEA – Centro de Estudos Ambientais. 
CEI – Universidade Estadual de Ivanovo. 
CETESB – Companhia Tecnológica de Saneamento Ambiental. 
CFC’s – Cloro Flúor Carbonos. 
CGEA – Centro General Ernani Ayrosa. 
CNEA – Conferência Nacional de Educação Ambiental. 
CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento. 
COEA – Coordenação de Educação Ambiental do MEC. 
CONAMA – Conselho Nacional de Educação Ambiental. 
CQNUMC – Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças 
Climáticas. 
DOU – Diário Oficial da União. 
EA – Educação Ambiental. 
ECOSOC – Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. 
EPA – Agência Americana de Proteção Ambiental. 
FBCN – Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. 
FEDF – Fundação Educacional do Distrito Federal. 
FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente. 
FUB – Fundação Universidade de Brasília. 
 
 
68 
GAP – Global Action Plan for the Earth. 
GT-EA – Grupo Técnico de Educação Ambiental. 
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis. 
IBDF – Instituto Brasileiro de Defesa do Fornecedor. 
ICASE – Conselho Internacional de Associações de Ensino de 
Ciências. 
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de 
Serviço. 
IEEP – Internacional Environmental Education Programme. 
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 
IPCC – Painel das Alterações Climáticas. 
IUNC – União Internacional para a conservação da natureza. 
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia. 
MEC – Ministério da Educação. 
MIC – Núcleo de Mídia Científica. 
Minter – Programa de Fomento da CAPES. 
MMA – Ministério do Meio Ambiente. 
NASA – National Aeronautics and Space Administration. 
ONG – Organização não Governamental. 
ONU – Organização das Nações Unidas. 
NEA – Núcleos de Educação Ambiental. 
PIB – Produto Interno Bruto. 
PIEA – Programa Internacional de Educação Ambiental. 
PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro. 
PNEA – Programa Nacional de Educação Ambiental. 
Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 
PPA – Programa Plurianual. 
ppm – partes por milhão. 
Premem – Centro de Treinamento de Professores de Ciências de São 
Paulo. 
PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental. 
SECAD – Secretaria de Educação Continuada. 
 
 
69 
SEE – Society for Environmental Education. 
SEF – Secretaria de Estado da Fazenda. 
SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. 
UCB – Universidade Católica de Brasília. 
UE – União Europeia. 
UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza. 
UNEP – United Nations Environment Programme. 
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e 
Cultura. 
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. 
Unipaz – Universidade da Paz. 
WWF – Fundo Mundial da Natureza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
INTRODUÇÃO 
 
 
Neste módulo, vocês irão estudar as várias interações que existem 
dentro da ecologia. É fundamental esse conhecimento para que vocês se 
familiarizem com termos técnicos, facilitando a interação com a aplicação da 
Educação Ambiental. 
Começamos nossa viagem pelo conhecimento ecológico com os níveis 
de organização dos seres vivos, passando a definições de termos técnicos 
necessários para a compreensão das interações entre as comunidades até as 
interferências que o homem vem causando no meio ambiente. 
Bom estudo! 
 
 
6. ECOLOGIA 
 
Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o 
meio ambiente. 
A palavra Ecologia tem origem no grego oikosque significa casa e 
logia, estudo, reflexão. Logo, seria o estudo da casa, ou de forma mais 
genérica, do lugar onde se vive. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, 
quem primeiro usou este termo para designar a parte da biologia que estuda as 
relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem, além da 
distribuição e abundância dos seres vivos no planeta. 
Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos 
como o clima e a geologia, mas também os seres vivos que habitam uma 
determinada comunidade ou biótopo. 
Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecologia 
devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de organização entre os 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Seres_vivos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_%28ecologia%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ec%C3%B3logo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fatores_abi%C3%B3ticos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bi%C3%B3topo
 
 
71 
seres vivos. Portanto, podemos dizer, que o nível mais simples é o do 
protoplasma, que é definido como substância viva. O protoplasma é o 
constituinte da célula, portanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos 
seres vivos. Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão 
reunidas, temos ali, como se convencionou, um tecido. Vários tecidos formam 
um órgão e um conjunto de órgãos forma um sistema. Todos os sistemas 
reunidos dão origem a um organismo. 
Quando vários organismos da mesma espécie estão reunidos em uma 
mesma região, temos uma população. Várias populações em um mesmo local 
há uma comunidade. Tudo isso reunido e trabalhando em harmonia temos um 
ecossistema. Todos os ecossistemas reunidos em um mesmo sistema, como 
aqui no Planeta Terra temos a biosfera. 
 
 
FIGURA 01- NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA, DO ÁTOMO À 
BIOSFERA 
 
FONTE: Disponível em: <www.editorasaraiva.com.br>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
Biosfera é, portanto, a região do ambiente terrestre em que há seres 
vivos. Embora esse termo possa nos levar a pensar em uma camada contínua 
de regiões propícias à vida em torno do planeta, não é isso o que ocorre. Há 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Protoplasma
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_%28histologia%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema
http://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie
http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera
 
 
72 
locais tão secos ou tão frios em que praticamente não existem seres vivos. É o 
caso das regiões desérticas localizadas na faixa de 30° norte e sul, onde 
descendem massas de ar secas. A biosfera estende-se desde as profundezas 
dos oceanos até o topo das mais altas montanhas. A maioria dos seres vivos 
habita regiões situadas até 5.000 m acima do nível do mar. Nos oceanos, a 
maioria dos seres vivos vivem na faixa que vai da superfície até 150 m de 
profundidade, embora diversas espécies de animais e de bactérias vivam a 
mais de 9.000 m de profundidade. 
O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à 
sua sobrevivência e reprodução - levando, por vezes, ao territorialismo - mas 
também às suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela 
etologia, que também analisa a evolução dos comportamentos), por meio do 
metabolismo. Por essa razão, o meio ambiente (a sua qualidade) determina o 
número de indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo habitat. 
Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o 
meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos 
recifes de coral por minúsculos invertebrados, os pólipos coralinos. 
As relações entre os diversos seres vivos existentes em um 
ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros 
para a reprodução, a predação de organismos por outros, a simbiose entre 
diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o 
comensalismo, o parasitismo e outras. 
Da evolução desses conceitos e da verificação das alterações de 
vários ecossistemas, principalmente a sua degradação, pelo homem, levou ao 
conceito da Ecologia Humana que estuda as relações entre o Homem e a 
Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não 
só física, mas também social. 
Por outro lado, apareceram também os conceitos de Conservação e do 
Conservacionismo que se impuseram na atuação dos governos, quer por 
ações de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, 
quer por várias organizações ambientalistas que promovem a disseminação do 
conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera. 
A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a 
economia. Nosso modelo de desenvolvimento econômico se baseia no 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Territorialismo&action=edit
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coral
http://pt.wikipedia.org/wiki/Competi%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Preda%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Simbiose
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comensal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parasita
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologia_humana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conserva%C3%A7%C3%A3o&action=edit
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conservacionismo&action=edit
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambientalistas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
 
 
73 
capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais 
caros e sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma 
produção ilimitada desses bens de consumo na biosfera finita e limitada. 
 
 
6.1 HISTÓRICO DA ECOLOGIA 
 
 
A ecologia não tem um início muito bem delineado. Apresenta seus 
primeiros antecedentes na história natural dos gregos; particularmente, em um 
discípulo de Aristóteles, Teofrasto, que foi o primeiro a descrever as relações 
dos organismos entre si e com o meio. As bases posteriores para a ecologia 
moderna foram lançadas nos primeiros trabalhos dos fisiologistas sobre plantas 
e animais. 
O aumento do interesse pela dinâmica das populações recebeu 
impulso especial no início do século XIX e depois que Thomas Malthus chamou 
atenção para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade da 
Terra de fornecer alimento. Raymond Pearl (1920), A. J. Lotka (1925), e Vito 
Volterra (1926) desenvolveram as bases matemáticas para o estudo das 
populações, o que levou as experiências sobre a interação de predadores e 
presas, as relações competitivas entre espécies e o controle populacional. 
O estudo da influência do comportamento sobre as populações foi 
incentivado pelo reconhecimento, em 1920, da territorialidade dos pássaros. Os 
conceitos de comportamento instintivo e agressivo foram lançados por Konrad 
Lorenz e Nikolaas Tinbergen, enquanto V. C. Wynne-Edwards estudava o 
papel do comportamento social no controle das populações. 
No início e em meados do século XX, dois grupos de botânicos, um na 
Europa e outro nos Estados Unidos, estudaram comunidades vegetais de dois 
diferentes pontos de vista. Os botânicos europeus se preocuparam em estudar 
a composição, a estrutura e a distribuição das comunidades vegetais, enquanto 
os americanos estudaram o desenvolvimento dessas comunidades, ou sua 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_de_consumo
 
 
74 
sucessão. As ecologias animal e vegetal se desenvolveram separadamente até 
que os biólogos americanos deram ênfaseà inter-relação de comunidades 
vegetais e animais como um todo biótico. 
Alguns ecologistas se detiveram na dinâmica das comunidades e 
populações, enquanto outros se preocuparam com as reservas de energia. Em 
1920, o biólogo alemão August Thienemann introduziu o conceito de níveis 
tróficos, ou de alimentação, pelos quais a energia dos alimentos é transferida, 
por uma série de organismos, das plantas verdes (produtoras) aos vários níveis 
de animais (consumidores). Em 1927, C. S. Elton, ecologista inglês, 
especializado em animais, avançou nessa abordagem com o conceito de 
nichos ecológicos e pirâmides de números. Dois biólogos americanos, E. Birge 
e C. Juday, na década de 1930, ao medir a reserva energética de lagos, 
desenvolveram a ideia da produção primária, isto é, a proporção na qual a 
energia é gerada, ou fixada, pela fotossíntese. 
A ecologia moderna atingiu a maioridade, em 1942, com o 
desenvolvimento, pelo americano R. L. Lindeman, do conceito trófico-dinâmico 
de ecologia, que detalha o fluxo da energia por meio do ecossistema. Esses 
estudos quantitativos foram aprofundados pelos americanos Eugene e Howard 
Odum. Um trabalho semelhante sobre o ciclo dos nutrientes foi realizado pelo 
australiano J. D. Ovington. 
O estudo do fluxo de energia e do ciclo de nutrientes foi estimulado 
pelo desenvolvimento de novas técnicas (radioisótopos, microcalorimetria, 
computação e matemática aplicada) que permitiram aos ecologistas rotular, 
rastrear e medir o movimento de nutrientes e energias específicas pelos 
ecossistemas. Esses métodos modernos deram início a um novo estágio no 
desenvolvimento dessa ciência: a ecologia dos sistemas, que estuda a 
estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. 
 
 
6.1.1 Conceito unificador 
 
 
75 
 
 
Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A 
ecologia moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de ecossistema, 
uma unidade funcional composta de organismos integrados, e em todos os 
aspectos do meio ambiente em qualquer área específica. Envolve tanto os 
componentes sem vida (abióticos) quanto os vivos (bióticos) pelos quais 
ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de energia. Para realizá-los, os 
ecossistemas precisam conter algumas inter-relações estruturadas entre solo, 
água e nutrientes, de um lado, e entre produtores, consumidores e 
decompositores, de outro. 
Os ecossistemas funcionam em virtude da manutenção do fluxo de 
energia e do ciclo de materiais, desdobrado em uma série de processos e 
relações energéticas, chamada cadeia alimentar, que agrupa os membros de 
uma comunidade natural. Há cadeias alimentares em todos os habitats, por 
menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que 
cercam um grupo de espécies. As cadeias alimentares geralmente são 
complexas, e várias cadeias se entrecruzam de diversas maneiras, formando 
uma teia alimentar que reproduz o equilíbrio natural entre plantas, herbívoros e 
carnívoros. 
Os ecossistemas tendem à maturidade, ou estabilidade, e ao atingi-la 
passam de um estado menos complexo para um mais complexo. Essa 
mudança direcional é chamada sucessão. Sempre que um ecossistema é 
utilizado, e que a exploração se mantém, sua maturidade é adiada. 
A principal unidade funcional de um ecossistema é sua população. Ela 
ocupa certo nicho funcional, relacionado a seu papel no fluxo de energia e ciclo 
de nutrientes. Tanto o meio ambiente quanto a quantidade de energia fixada 
em qualquer ecossistema são limitados. Quando uma população atinge os 
limites impostos pelo ecossistema, seus números precisam se estabilizar e, 
caso isso não ocorra, devem declinar em consequência de doença, fome, 
competição, baixa reprodução e outras reações comportamentais e 
 
 
76 
psicológicas. Mudanças e flutuações no meio ambiente representam uma 
pressão seletiva sobre a população, que deve se ajustar. O ecossistema tem 
aspectos históricos: o presente está relacionado com o passado, e o futuro com 
o presente. Assim, o ecossistema é o conceito que unifica a ecologia vegetal e 
animal, a dinâmica, o comportamento e a evolução das populações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.2 CONCEITOS IMPORTANTÍSSIMOS NA ECOLOGIA 
 
 
 Espécie: é um agrupamento de indivíduos semelhantes entre si, 
capazes de se reproduzir e gerar descendentes férteis e reprodutivamente 
isolados de outros grupos de organismos. 
 População: é um conjunto de indivíduos pertencentes a uma 
mesma espécie e que habitam uma mesma localidade geográfica. 
 Comunidade: refere-se ao conjunto de todas as populações que 
vivem em um mesmo ambiente ou área, a esse podemos dar o nome de 
biocenose. Sobre uma comunidade haverá incidência dos diversos fatores 
físicos e existentes naquela área. 
 
 
77 
 Ecossistema: define-se como ecossistema a relação existente 
entre uma comunidade e todos os fatores físicos que sobre ela incidirem. 
Existem vários ecossistemas no mundo. Pode-se considerar que a palavra 
ecossistema equivale à palavra BIOMA. Existem na natureza vários biomas, 
como, por exemplo, florestas tropicais, oceanos, mata atlântica, caatinga, 
cerrados, deserto e outros. 
 Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas existentes no 
mundo. 
 Nicho ecológico: é o modo de vida de cada espécie no seu 
habitat. Representa o conjunto de atividades que a espécie desempenha, 
incluindo relações alimentares, obtenção de abrigos e locais de reprodução, ou 
seja, como, onde e à custa de quem a espécie se alimenta, para quem serve 
de alimento, quando, como e onde busca abrigo, como e onde se reproduz. Em 
uma comparação clássica, o habitat representa o "endereço" da espécie, e o 
nicho ecológico equivale à "profissão". 
 
Os ecossistemas são formados pela união de dois fatores: 
 
Fatores abióticos: o conjunto de todos os fatores ambientais que 
atuam diretamente no mundo vivo. Os indivíduos euribiontes são capazes de 
tolerar amplos limites de variações das condições do meio onde vivem. Já os 
estenobiontes, apresentam limites de tolerância baixos. Alguns destes fatores 
são: temperatura, luz e água. 
 
Fatores bióticos: o conjunto de todos os seres vivos e que interagem 
em certa região e que poderão ser chamados de biocenose, comunidade ou 
biota. 
Exemplo: chamava-se de micro flora, flora autóctone ou ainda flora 
normal todo o conjunto de bactérias e seres, os corpos que viviam no interior 
do corpo humano ou sobre a pele. Hoje o termo melhor usado em consonância 
com os termos ecológicos seria microbiota normal. 
 
Organismos autótrofos: são assim chamados todos os organismos 
que têm a capacidade de transformar a matéria inorgânica em matéria 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Habitat
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o
 
 
78 
orgânica, normalmente, utilizando a luz solar e produzindo o oxigênio. 
Simplificando, são os organismos que são capazes de produzir seu próprio 
alimento. Possuem essa capacidade todos fotossintetizantes e 
quimiossintetizantes (que em vez da luz solar, utilizam as substâncias químicas 
oxidadas). 
 
Organismos heterótrofos: são assim considerados, todos os 
organismos que não são capazes de produzir o seu próprio alimento, tendo 
assim, que utilizar a energia produzida pelos autótrofos ou mesmo por outros 
heterótrofos (dependendo de sua dieta). 
 
Meio Ambiente: é o conjunto de condições, leis, influências e 
infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a 
vida em todas as suas formas. 
 
 Sucessão ecológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.2.1 Espécies pioneiras 
 
 
Há regiões da Terra em que o clima e as condições do solo não 
favorecem o estabelecimento de populações de seres vivos; por exemplo, 
superfícies de lavas vulcânicas recém-solidificadas, superfícies de rochas, 
dunas de areia. Mesmo assim, certas espécies de organismos – as espécies 
pioneiras – conseguem se instalar nesses lugaresinóspitos, suportando 
severas condições e abrindo caminho para a chegada de outras espécies. 
 
 
79 
Dunas de areia, por exemplo, podem ser colonizadas por certas 
espécies de gramíneas, cujas sementes chegam trazidas pelo vento. Essas 
plantas conseguem suportar o calor, a escassez de água e o solo pouco 
estável, iniciando a colonização do local. Os liquens também são organismos 
pioneiros importantes na colonização de locais inicialmente desfavoráveis à 
existência de seres vivos, como a superfície de rochas, por exemplo. 
 
 
6.2.2 Conceito de Microclima 
 
 
Os biólogos utilizam o temo microclima para se referirem às condições 
ambientais particulares do habitat ao qual estão adaptadas determinadas 
espécies. Por exemplo, no interior de uma floresta, o microclima, caracterizado 
pelas condições de umidade e de temperatura é especialmente favorável à vida 
de uma grande variedade de organismos. Durante o processo de sucessão, 
estabelecem-se microclimas que permitem a chegada e o estabelecimento de 
novas espécies. 
O aparecimento de novos nichos ecológicos durante a sucessão 
ecológica leva ao aumento de diversidade de espécies na comunidade, ou 
seja, ao aumento da biodiversidade. Com isso, aumenta o número total de 
indivíduos capazes de viver no local e, portanto, a biomassa do ecossistema 
em sucessão. 
Para que o desenvolvimento de uma comunidade possa atingir seu 
clímax depende de um conjunto de características do meio. As mais 
importantes são o clima (que inclui a temperatura ambiental, o índice de 
chuvas, e outros) e o tipo de solo presente na região. 
 
 
6.2.3 A insolação do Planeta 
 
 
Um dos fatores que determinam as condições de vida nas diferentes 
regiões da Terra é a insolação, isto é, a quantidade de radiação solar que 
 
 
80 
atinge a superfície terrestre. A insolação depende de dois fatores principais: a 
latitude e a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao ângulo de 
incidência dos raios solares. 
 
 
6.2.4 A circulação de energia na atmosfera 
 
 
A atmosfera desempenha um papel fundamental na manutenção do 
clima da Terra. Ela funciona como uma manta gasosa que retém o calor 
irradiado pela superfície, mantendo a temperatura relativamente elevada. Esse 
fenômeno, denominado efeito estufa, é fundamental para a vida na Terra. 
Muitos cientistas acreditam que o efeito estufa está se intensificando em função 
da poluição atmosférica, ocasionando um aquecimento do planeta maior do 
que o normal. 
 
Efeito estufa. 
 
O efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural, no qual alguns 
gases que compõem a atmosfera funcionam como o vidro de uma estufa, que 
deixa passar a luz solar para o interior, mas aprisiona o calor gerado dentro da 
estufa, ele mantém a Terra aquecida ao impedir que os raios solares sejam 
refletidos para o espaço e que o planeta perca seu calor, sem ele a Terra teria 
temperaturas médias abaixo de 10ºC negativos. O que vem ocorrendo é o 
aumento do efeito estufa causado pelas intensas atividades humanas, sendo a 
principal delas a liberação de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera. 
O vapor de água, possui elevada concentração na atmosfera, atuando 
também no processo de efeito estufa. O segundo em importância é o gás 
carbônico (CO2) como já foi mencionado. Além desses existem metano (CH4), 
ozônio (O3) e óxido nitroso (N2O). Os Compostos de clorofluorcarbono (CFCS), 
fabricados pelo homem, também são capazes de aprisionar calor. Há claros 
sinais de que atividades humanas estão aumentando a emissão desses gases 
e, consequentemente, intensificando o efeito estufa. 
 
 
81 
Os gases são transparentes, permitindo que a vibração das moléculas 
produza calor, também conhecida como radiação terrestre. Esse calor gerado 
pelas superfícies aquecidas volta para a atmosfera, sendo absorvido pelos 
gases estufa, que se aquecem. Esse fenômeno faz com que a atmosfera 
próxima à superfície, permaneça aquecida durante várias horas após o pôr-do-
sol, resfriando-se lentamente durante a noite. A temperatura aumenta toda vez 
que dirigimos um automóvel, tomamos um avião ou queimamos madeira. As 
árvores são grandes armazéns naturais de CO2. Bilhões de toneladas de CO2 
da atmosfera são absorvidos pelas florestas do planeta que, dessa forma, 
ajudam a estabilizar o clima mundial. Mas, quando florestas são queimadas, a 
substância retida volta à atmosfera. 
A maior parte dos gases estufa tem fontes naturais, além das fontes 
antropogênicas, contudo existem potentes mecanismos naturais para removê-
los da atmosfera. Porém, o contínuo crescimento das concentrações destes 
gases na atmosfera faz com que mais gases sejam emitidos do que removidos 
a cada ano. Tem havido um aumento considerável de 25% de CO2 na 
atmosfera. Os níveis de CO2 variam consoante a estação, sendo esta variação 
mais pronunciada no hemisfério norte, visto que apresenta uma maior 
superfície terrestre, do que no hemisfério sul. Esse fato ocorre em decorrência 
das interações que ocorrem entre a vegetação e a atmosfera. 
Se o ritmo atual de emissões continuar, a concentração de dióxido de 
carbono duplicará até o final do século. O resultado será um aumento médio da 
temperatura da Terra em cerca de 1°C. 
À medida que o planeta esquenta, a cobertura de gelo dos Polos Sul e 
Norte derrete. Quando o calor do sol atinge essas regiões, o gelo reflete a 
radiação de volta para o espaço. Se a cobertura de gelo derreter, menos calor 
será refletido. É provável que isso torne a Terra ainda mais quente. O 
aquecimento global também provoca maior evaporação de água dos oceanos, 
levando a maior concentração de vapor d'água na atmosfera. Como o vapor 
d'água é um gás do efeito estufa, o problema tende a se agravar. 
As consequências do efeito estufa serão sentidas tanto em nível global 
como regional. O aquecimento global poderá levar à ocorrência de variações 
 
 
82 
climáticas tais como: alteração na precipitação, subida do nível dos oceanos 
(degelos), ondas de calor. Assim, é natural se registrar um aumento de 
situações de cheias que consequentemente irá aumentar os índices de 
mortalidade no planeta Terra. 
 
 
FIGURA 02 - COMO OCORRE O EFEITO ESTUFA 
 
FONTE: Disponível em: <www.uems.br>. Acesso em: dia 10/09/2012. 
 
 
 
 
 
 
Convecção 
 
 
83 
 
Nas regiões equatoriais, o ar, fortemente aquecido pelo calor que 
irradia do solo, sobe e gera uma zona de baixa pressão que é imediatamente 
ocupada por ar mais frio. Esse fenômeno, no qual o ar se movimenta em 
função do aquecimento desigual, é conhecido como corrente de convecção. 
O ar aquecido desloca-se, afastando-se do equador e, 
aproximadamente nas latitudes de 30° norte e sul, a massa de ar desce. Junto 
à superfície, o ar atmosférico novamente se aquece, subindo e deslocando-se 
até 60° de latitude, onde desce novamente. Uma terceira e última corrente de 
convecção leva massas atmosféricas até as regiões polares. 
 
FIGURA 03- COMO OCORRE A CONVECÇÃO 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.cepa.if.usp.br/.../conveccao.htm>. Acesso em: 
10/09/2012 
 
 
6.2.5 Intemperismo 
 
 
 
 
84 
O solo forma-se pela desagregação das rochas da superfície terrestre. 
O aquecimento pelo Sol e o resfriamento brusco pelas chuvas, somado à ação 
dos ventos, são os fatores que constituem o intemperismo, o fenômeno 
responsável pela fragmentação das rochas, que são reduzidas a pequenas 
partículas, e pela alteração de suas propriedades físicas e químicas. 
As partículas que compõem as camadas superiores do solo, mais 
sujeitas aos efeitos do intemperismo, têm diâmetro menor que o das que 
compõem as camadas mais profundas. A rocha não decomposta, localizada na 
posição mais inferior do solo, é denominada rocha matriz. 
Quanto à textura, os solos podem ser formados por partículas maiores 
ou menores, desde areia grossa até areia fina e argila. 
Se as partículas do solo são grandes,a água das chuvas infiltra-se 
rapidamente e pouca umidade fica retida. Por outro lado, solos constituídos por 
muita argila retêm água e minerais como os de Ca2+, K+ e Mg 2+. O solo mais 
adequado para as plantas compõe-se de uma mistura de partículas grandes e 
pequenas, que retêm água sem, no entanto, encharcarem-se demais. 
A vegetação também participa da formação do solo. Quando a 
vegetação é densa, a camada mais superficial pode ser formada quase 
totalmente por matéria orgânica decomposta, o húmus, um material rico em 
nutrientes que se infiltra no solo e é absorvido pelas raízes das plantas. 
Minhocas e diversos tipos de microrganismos têm papel fundamental na 
formação do húmus. 
 
 
6.2.6 Lençol Freático 
 
 
Em locais onde as chuvas são abundantes, a água infiltra-se no solo e 
acumula-se junto à rocha matriz, formando uma zona permanentemente 
 
 
85 
saturada de água, o lençol freático. A água do lençol freático pode se deslocar 
sobre a rocha matriz e aflorar à superfície, formando um “olho d’água”, que 
pode originar um riacho e, eventualmente, um rio. 
Acima do lençol freático, o solo fica saturado de água apenas após as 
grandes chuvas. Entre essa região e a superfície, além de água, existe ar entre 
as partículas. Certas árvores possuem raízes tão profundas que chegam a 
atingir o lençol freático. Isso as torna capazes de resistir à eventual falta de 
água nas camadas superficiais do solo, o que prejudica plantas menores. 
 
 
FIGURA 04 - COMO CONSTITUI O LENÇOL FREÁTICO 
 
 
FONTE: Disponível em: < www.ige.unicamp.br/~lrdg/explica.htm>. Acesso em: 
10/09/2012 
 
 
 
 
86 
6.2.7 Aquífero Guarani 
 
 
O Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea 
transfronteiriço do mundo. Está localizado na região centro-leste da América do 
Sul e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil 
(840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina 
(255.000 Km²). 
Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), 
abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
O aquífero é uma manta de rocha porosa, que se encharca de água da 
superfície e a filtra, o que permite que ela seja puxada pela força da gravidade. 
Em algumas áreas, essa camada de rocha aflora na superfície, como uma 
espécie de filtro captador exposto. 
A área de reposição (captação), pela qual a água entra no aquífero, é 
de apenas 150 mil km2. A recarga natural do aquífero ao longo de um ano é de 
160 km3 de água e, desse total, calcula-se que 40 km3 (40 bilhões de litros) 
podem ser usados a cada ano, sem comprometer o aquífero. 
Na área em que se estende para o sul do Brasil, uma outra camada de 
rocha, esta de origem basáltica (vulcânica), muito dura e pesada, cobre a 
manta porosa e funciona como uma tampa. 
Puxada pela gravidade, essa rocha basáltica faz tanta pressão sobre a 
água que, às vezes, ao se perfurar um poço nessas regiões, não é preciso 
utilizar bombas para puxar a água, que sobe ou esguicha sozinha. 
O lençol de água nesses pontos pode chegar a 1,5 km de profundidade 
e, para furar a rocha com brocas de aço, é necessário um ano de trabalho. O 
resultado, apesar de tudo, é impressionante, pois nessas áreas a vazão de 
água chega a 700 mil litros de água por hora. 
 
 
87 
 
 
FIGURA 05 - AQUÍFERO GUARANI 
 
FONTE: Disponível em: <www.moderna.com.br/.../2006/1/aquifero/html2pdf>. 
Acesso em: 10/09/2012 
 
 
6.2.8 Os biomas brasileiros 
 
 
O que é bioma? 
Bioma é um conjunto de ecossistemas terrestres com vegetação 
característica e fisionomia típica, em que predomina certo tipo de clima. 
O Brasil é dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, 
possui as maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que 
 
 
88 
ainda restam. Estima-se que aqui está uma em cada 10 espécies de plantas ou 
animais existentes. 
 
 
FIGURA 06 - A DISTRIBUIÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.ibama.gov.br>. Acesso em: 10/09/2012 
 
 
6.2.9 Amazônia 
 
 
 
89 
 
É uma região na América do Sul, definida pela bacia do rio Amazonas 
e coberta, em grande parte, por floresta tropical (também chamada de Floresta 
Equatorial da Amazônia ou Hileia Amazônica), a floresta amazônica, a qual 
possui 60% de sua cobertura em território brasileiro. A bacia hidrográfica da 
Amazônia tem muitos afluentes importantes, tais como o rio Negro, Tapajós e 
Madeira, sendo que o rio principal é o Amazonas, que passa por outros países 
antes de adentrar em terras brasileiras. O rio Amazonas nasce na cordilheira 
dos Andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, 
Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. É considerado o rio 
mais volumoso do mundo. 
A Amazônia é constituída pelos seguintes ecossistemas: 
 
 Floresta ombrófila densa (a chamada Floresta Amazônica); 
 Floresta ombrófila aberta; 
 Floresta estacional decidual e semidecidual; 
 Campinarana; 
 Formações pioneiras; 
 Refúgios montanos; 
 Savanas amazônicas; 
 Matas de terra firme; 
 Matas de várzea; 
 Matas de igapós; 
 Flora e Fauna. 
 
Esses ecossistemas estão distribuídos em 23 ecorregiões, abrangendo 
os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena 
parte do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Incluem também zonas de 
transição com os biomas vizinhos, cerrado, caatinga e pantanal. 
Na Amazônia vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies 
existentes no planeta. Ela é um gigante tropical de 4,1 milhões de km². Porém, 
apesar dessa riqueza, o ecossistema local é frágil. A floresta vive do seu 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_do_rio_Amazonas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_tropical
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_amaz%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Negro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tapaj%C3%B3s
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Madeira
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Amazonas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4mbia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Equador
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana_Francesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peru
http://pt.wikipedia.org/wiki/Suriname
http://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amap%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazonas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rond%C3%B4nia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocantins
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerrado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caatinga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pantanal
 
 
90 
próprio material orgânico, em meio a um ambiente úmido, com chuvas 
abundantes. 
A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira 
tropical do planeta) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em 
toda a América Latina. Dessa forma, o uso dos recursos florestais pode ser 
estratégico para o desenvolvimento da região. 
A Amazônia é, também, a principal fonte de madeira de florestas 
nativas do Brasil. O setor florestal contribuiu com 15% a 20% dos Produtos 
Internos Brutos (PIB) dos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. 
Os insetos estão presentes em todos os estratos da floresta. Os 
animais rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para subir em 
locais íngremes exploram os níveis baixos e médios. Os locais mais altos são 
explorados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos à procura de frutas, 
brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância, exploramas 
árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, corujas e 
centenas de pequenas aves. No extrato terrestre estão os jabutis, cotias, 
pacas, antas e outros. Os mamíferos aproveitam a produtividade sazonal dos 
alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez, 
servem de alimentos para grandes felinos e cobras de grande porte. 
Mais do que uma floresta, a Amazônia é também o mundo das águas 
onde os cursos d’água se comunicam e sazonalmente sofrem a ação das 
marés. A bacia amazônica - a maior bacia hidrográfica do mundo, com 1.100 
afluentes - cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de km2. Seu principal 
rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando 
no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água. 
A Amazônia é, de fato, uma região vasta e rica em recursos naturais: 
tem grandes estoques de madeira, borracha, castanha, peixe, minérios e 
outros, com baixa densidade demográfica (2 habitantes por km2) e crescente 
urbanização. No entanto, a região apresenta índices socioeconômicos muito 
baixos, enfrenta obstáculos geográficos e falta de infraestrutura e de tecnologia 
que elevam o custo da exploração. 
 
 
 
 
91 
6.2.10 Caatinga 
 
 
É o único bioma exclusivamente brasileiro, isso significa que 
grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrada em 
nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 
750.000 km², aproximadamente 11% do território nacional, englobando de 
forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande 
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte 
de Minas Gerais (Sudeste do Brasil). 
Antigamente, acreditava-se que a caatinga seria o resultado da 
degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica 
ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa ideia de que o 
bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, 
estando pouco alterado ou ameaçado, desde o início da colonização do Brasil, 
tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a 
extinção, em âmbito local, de várias espécies, principalmente de grandes 
mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se à associação com a 
denominação das localidades onde existiram. 
Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a 
caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. 
Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o 
produto da interação entre homem nordestino e seu ambiente, fruto de uma 
exploração que se estende desde o século XVI. 
A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo 
(2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros). A vegetação adaptou-se ao 
clima seco para se proteger. As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. 
Algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras se caracterizam por 
terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da 
chuva. Algumas das espécies mais comuns da região são: a amburana, 
aroeira, umbu, baraúna, maniçoba, macambira, mandacaru e juazeiro. 
No meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas "ilhas de 
umidade" e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia 
 
 
92 
das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas é possível 
produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos do mundo. 
Essas áreas normalmente localizam-se próximas às serras, onde a abundância 
de chuvas é maior. 
Por caminhos diversos, os rios regionais saem das bordas das 
chapadas, percorrem extensas depressões entre os planaltos quentes e secos 
e acabam chegando ao mar, ou engrossando as águas do São Francisco e do 
Parnaíba (rios que cruzam a Caatinga). Das cabeceiras até as proximidades do 
mar, os rios com nascente na região permanecem secos por cinco a sete 
meses do ano. Apenas o canal principal do São Francisco mantém seu fluxo 
pelos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáticas e hídricas. 
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. 
As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A 
fauna volta a engordar. Na Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada de 
extinção. Outros animais da região são o sapo-cururu, asa-branca, cotia, 
gambá, preá, veado-catingueiro, tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros. 
Mesmo quando chove, o solo pedregoso não consegue armazenar a 
água que cai e a temperatura elevada (médias entre 25°C e 29°C) provoca 
intensa evaporação. Na longa estiagem os sertões são, muitas vezes, 
semidesertos que, apesar do tempo nublado, não costumam receber chuva. 
 
 
6.2.11 Campos do Sul (Pampas) 
 
 
Pampa é um nome de origem quéchua, genericamente dado à região 
pastoril de planícies com coxilhas, entre o estado brasileiro do Rio Grande do 
Sul, as províncias argentinas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Entre 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coxilha_(relevo)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Argentina
 
 
93 
Ríos e Corrientes e a República Oriental do Uruguai. É também chamada de 
campos. 
Ecologicamente, é um bioma caracterizado por uma vegetação 
composta por gramíneas, plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos 
encontrados próximos a cursos d'água, que não são abundantes. Comparados 
às florestas e às savanas, os campos têm importante contribuição na 
preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e 
auxiliar no controle da erosão. Na parte brasileira do bioma, existem cerca de 
três mil espécies de plantas vasculares, sendo que aproximadamente 400 são 
gramíneas, como capim-mimoso, pelo menos 385 espécies de aves, como 
pica-paus, caturritas, anus-pretos e 90 de mamíferos terrestres, como 
guaraxains, veados, tatus. 
Entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os Campos formados por 
gramíneas e leguminosas nativas se estendem como um tapete verde por uma 
região de mais de 200 mil km2. Nas encostas, esses campos tornam-se mais 
densos e ricos. Nessa região, com muita mata entremeada, as chuvas 
distribuem-se regularmente pelo ano todo e as baixas temperaturas reduzem 
os níveis de evaporação. Tais condições climáticas favorecem o crescimento 
de árvores. 
Os Campos do Sul ocorrem no chamado "Pampa", uma região plana 
de vegetação aberta e de pequeno porte que se estende do Rio Grande do Sul 
para além das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. São áreas planas, 
revestidas de gramíneas e outras plantas encontradas de forma escassa, como 
tufos de capim que atingem até um metro de altura. 
Descendo ao litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem é marcada pelos 
banhados, isto é, ecossistemas alagados com densa vegetação de juncos, 
gravatás e aguapés que criam um habitat ideal para uma grande variedade de 
animais como garças, marrecos, veados, onças pintadas, lontras e capivaras. 
O banhado do Taim é o mais importante, devido à riqueza do solo. Tentativas 
extravagantes de drená-lo para uso agrícola foram definitivamente 
abandonadas a partir de 1979, quando a área transformou-se em estação 
ecológica. Mesmo assim, a ação de caçadores e o bombeamento das águas 
pelos fazendeiros continuam a ameaçar o local. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%ADnea
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capim-mimoso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pica-pau
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caturrita
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anu-preto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guaraxaim
http://pt.wikipedia.org/wiki/Veado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tatu
 
 
94 
 
 
6.2.12 Cerrado 
 
 
Localizado basicamente no Planalto Central do Brasil, com uma 
pequena porção representada no Sul do Brasil, estado do Paraná, município deJaguariaíva. O cerrado é o segundo maior bioma do País, superado apenas 
pela Floresta Amazônica. O bioma é caracterizado por tipos específicos de 
vegetação, como a caatinga, o cerrado, entre outros. É cortado por três das 
maiores bacias hidrográficas da América do Sul, com índices pluviométricos 
regulares que lhe propiciam biodiversidade. Ocupa uma área superior a 2 
milhões de km², cerca de 23% do território brasileiro, abrangendo os estados 
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Piauí, o Distrito 
Federal, Tocantins e parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, São Paulo, 
Paraná e Rondônia. Ocorre também em outras áreas nos estados de Roraima, 
Pará, Amapá e Amazonas. 
A extensa região central do Brasil compõe-se de um mosaico de tipos 
de vegetação, solo, clima e topografia bastante heterogêneos. O Cerrado é a 
segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela Floresta 
Amazônica. O Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação herbácea 
coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. O solo, 
antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e 
alumínio. 
Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que 
vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição 
distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores 
baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com 
progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias 
florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa 
 
 
95 
heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos e de 
invertebrados, além de uma importante diversidade de micro-organismos, tais 
como fungos associados às plantas da região. 
É classificado como tendo formações vegetativas primitivas, com 
quatro divisões: matas, campos, brejos e ambientes úmidos com plantas 
aquáticas. As matas ocupam as depressões, vales e cursos de águas e 
possuem poucas epífitas. 
Em termos de riqueza de espécies, esta flora deve ser superada 
apenas pelas florestas amazônicas e pelas florestas atlânticas. Outra 
característica é a heterogeneidade de sua distribuição, havendo espécies mais 
típicas dos Cerrados da região norte, outras da região centro-oeste e outras da 
região sudeste. Por essa razão, unidades de conservação, com áreas 
significativas, deveriam ser criadas e mantidas nas mais diversas regiões do 
Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de 
espécies da flora deste Bioma, bem como da fauna a ela associada. 
O Cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores 
bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), 
favorecendo a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. Estima-se 
que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas diferentes (muitas 
usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal 
e alimentício). Isso sem contar as 759 espécies de aves que se reproduzem na 
região, 180 espécies de répteis, 195 de mamíferos, sendo 30 tipos de 
morcegos catalogados na área. O número de insetos é surpreendente: apenas 
na área do Distrito Federal há 90 espécies de cupins, mil espécies de 
borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas. 
O Cerrado tem um clima tropical com uma estação seca pronunciada. 
A topografia da região varia entre plana e suavemente ondulada, favorecendo a 
agricultura mecanizada e a irrigação. Estudos recentes indicam que apenas 
cerca de 20% do Cerrado ainda possui a vegetação nativa em estado 
relativamente intacto. 
 
 
96 
Os pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que passa por 
Goiás em direção sudeste-nordeste: o Pico Alto da Serra dos Pirineus, com 
1.600 metros de altitude, a Chapada dos Veadeiros, com 1.250 metros de 
altitude, e outros pontos com elevações consideradas que se estendem em 
direção noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores, com altitudes 
entre 500 e 800 metros de altitude. 
Seus terrenos são um tanto quanto acidentados, com poucas áreas 
planas. Nos morros mais altos são encontrados muitos pedregulhos, argila com 
inclusões de pedras e camadas de areia. 
Outra formação é constituída por aflorações de rochas calcárias, com 
fendas, grutas e cavernas em diferentes tamanhos. Por cima das rochas, há 
uma vegetação silvestre. Possui campos e vales com vegetação bem 
característica, e há ainda uma mata ciliar rodeando riachos e lagoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.2.13 Mata Atlântica (Floresta Pluvial Costeira) 
 
 
A Mata Atlântica é uma formação vegetal brasileira. Acompanhava o 
litoral do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões 
meridionais e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste chegava até Argentina e 
Paraguai. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, 
encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais 
mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua 
maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Norte
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florestas_tropicais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema
 
 
97 
do planeta. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto 
Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Foi a segunda maior 
floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no 
Brasil. 
A natureza exuberante que se estendia por cerca de 1,3 milhão de 
quilômetros quadrados de Mata Atlântica na época do descobrimento marcou 
profundamente a imaginação dos europeus. Mais do que isso, contribuiu para 
criar uma imagem paradisíaca, que ainda hoje faz parte da cultura brasileira, 
embora a realidade seja outra. Uma extraordinária biodiversidade, em boa 
parte peculiar somente a essa região, seriamente ameaçada. 
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba 
do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Originalmente, estendia-se por 
toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, com faixa de largura variável, que 
atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras com Argentina e 
Paraguai. 
Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela 
vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. Entre as espécies mais 
comuns encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas. 
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande 
variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma 
das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em 
função das elevações do planalto e das serras. 
Espécies imponentes de árvores são encontradas no que ainda resta 
deste bioma, como o jequitibá-rosa, que pode chegar a 40 metros de altura e 4 
metros de diâmetro. Destacam-se, nesse cenário, várias outras espécies: o 
pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre 
muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica são encontradas matas de 
altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a 
neblina é constante. 
Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na 
região. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de 
extinção é originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-
pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Além desta lista, também 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escarpa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_Brasileiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_Brasileiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_tropical
http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Higrofitismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bryophyta_sensu_lato
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cip%C3%B3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna
http://pt.wikipedia.org/wiki/End%C3%A9mico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anf%C3%ADbio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anuro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Orogr%C3%A1fica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra
 
 
98 
vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis e 
outras espécies. 
A biodiversidade da Mata Atlântica é maior que a da Amazônia. Há 
subdivisões da mata, em função de variações de latitude e altitude. Há ainda 
formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, 
zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com 
estas áreas cria condições particulares de fauna e flora. 
Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e 
vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns 
trechos remanescentes de floresta os níveis de biodiversidade são 
considerados os maiores do planeta. 
Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao 
endemismo, ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos 
dentro do bioma. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são 
endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 
de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos 
indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra. 
 
A preservação 
 
Atualmente, existem menos de 10% da mata nativa. Há diversos 
projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na 
urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região 
Sudeste. Existem algumas áreas de preservação, em alguns trechos de 
cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo). 
No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs 
(Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e 
fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi 
freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de 
biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as 
bromélias. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna
http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna
http://pt.wikipedia.org/wiki/Endemismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Endemismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mam%C3%ADfero
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ave
http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9pteis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anf%C3%ADbio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sudeste
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sudeste
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paran%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_de_Conserva%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mico-le%C3%A3o-dourado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brom%C3%A9lia
 
 
99 
A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como 
patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata 
secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata 
primária é proibida. 
A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a politica de conservação e 
desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a 
preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos 
naturais e a recuperação das áreas degradadas. 
Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos 
espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da 
Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de 
monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socioambiental um 
dossiê da Mata, por municípios do domínio original. 
 
 
6.2.14 Pantanal 
 
O Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um 
ecossistema com 250 mil km² de extensão, situado no sul de Mato Grosso e no 
noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos Estados do Brasil, além de também 
englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco 
boliviano), considerado pela UNESCO como Patrimônio Natural Mundial e 
Reserva da Biosfera. O nome complexo vem do fato de a região ter mais de um 
Pantanal dentro de si. Em que pese o nome, há um reduzido número de áreas 
pantanosas na região pantaneira. 
 
A origem do Pantanal é resultado da separação do oceano há milhões 
de anos. Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, 
formando o que se pode chamar de mar interior. Atraído pela existência de 
pedras e metais preciosos (que eram usados por indígenas, que já povoavam a 
região, como adornos), entre eles o ouro, o português Aleixo Garcia, em 1524, 
acabou sendo o primeiro a visitar o território, alcançou o rio Paraguai pelo rio 
Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_do_Mar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pantanal_Mato-Grossense
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/1998
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/ONG
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema
http://pt.wikipedia.org/wiki/Km%C2%B2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso_do_Sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leste
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaco
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar_interior
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Precioso&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%ADgena
http://pt.wikipedia.org/wiki/Povo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleixo_Garcia
http://pt.wikipedia.org/wiki/1524
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Territ%C3%B3rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Paraguai
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Miranda
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Miranda
 
 
100 
1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez 
de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à 
lagoa Gayva. 
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais do Brasil. 
Maior área úmida continental do planeta – com aproximadamente 210 mil km², 
sendo que 140 mil km² em território brasileiro, em parte dos estados de Mato 
Grosso e Mato Grosso do Sul – o Pantanal destaca-se pela riqueza da fauna, 
onde dividem espaço 263 espécies de peixes, 122 espécies de mamíferos, 93 
espécies de répteis, 1.132 espécies de borboletas e 656 espécies de aves. As 
chuvas fortes são comuns nesse bioma. Os terrenos, quase sempre planos, 
são alagados periodicamente por inúmeros corixos e vazantes entremeados de 
lagoas e leques aluviais. Na época das cheias esses corpos comunicam-se e 
mesclam-se com as águas do Rio Paraguai, renovando e fertilizando a região. 
O equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente, do fluxo de 
entrada e saída de enchentes que, por sua vez, está diretamente ligado à 
pluviosidade regional. 
Hidrograficamente, todo o Pantanal faz parte da bacia do rio Paraguai. 
Com 1.400 Km de extensão em território brasileiro, esse rio e seus afluentes, 
São Lourenço (670 Km),Cuiabá (650 Km), ao norte; Miranda (490 Km), 
Taquari (480 Km), Coxim (280 Km), Aquidauana (565 Km), ao sul, assim como 
rios de menores extensões - Nabileque, Apa e Negro, formam a trama 
hidrográfica de todo complexo pantaneiro (são cerca de 175 rios que formam a 
bacia do rio Paraguai). 
A partir de maio inicia-se a "vazante" e as águas começam a baixar 
lentamente. Quando o terreno volta a secar permanece, sobre a superfície, 
uma fina mistura de areia, restos de animais e de vegetais, sementes e húmus, 
propiciando grande fertilidade ao solo. 
A natureza repete, anualmente, o espetáculo das cheias, 
proporcionando ao Pantanal a renovação da fauna e flora local. Esse enorme 
volume de água, que praticamente cobre a região pantaneira, forma um 
verdadeiro mar de água doce em que milhares de peixes proliferam. Peixes 
pequenos servem de alimento a espécies maiores ou a aves e animais. 
As águas continuam baixando mais e mais, e nas lagoas, agora bem 
rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem ser apanhados com as 
http://pt.wikipedia.org/wiki/1537
http://pt.wikipedia.org/wiki/1538
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Juan_Ayolas&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Mart%C3%ADnez_de_Irala
http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Mart%C3%ADnez_de_Irala
 
 
101 
mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas planando sobre as 
águas, formando um espetáculo de grande beleza. 
Na região do Pantanal existem vegetações de três regiões distintas: 
amazônica, cerrado e chaco (paraguaio e argentino). Durante a seca, que 
coincide com o inverno, os campos se tornam amarelados e a temperatura 
pode chegar a 0°C, influenciada pelos ventos que chegam do sul do continente. 
A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente de flora 
de acordo com a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas, 
que são áreas de pastagens naturais para o gado. 
A vegetação de cerrado, com árvores de porte médio entremeadas de 
arbustos e plantas rasteiras, aparece nas alturas intermediárias. Poucos metros 
acima das áreas inundáveis ficam os capões de mato, com árvores maiores 
como o angico, ipê e aroeira. Nas altitudes maiores, o clima árido e seco torna 
a paisagem parecida com a da caatinga, apresentando espécies típicas como o 
mandacaru, plantas aquáticas, piúvas (da família dos ipês com flores róseas e 
amarelas), palmeiras, orquídeas, figueiras e aroeiras. 
A fauna e a flora do Pantanal são os motivos que mais atraem turistas 
de todo o mundo. Há uma grande diversidade na fauna da região. Muitas 
espécies consideradas raras podem ser encontradas no Pantanal e também 
outras que estão na lista de espécies ameaçadas à extinção, como a onça-
pintada e a ariranha. Segue alguns exemplos de animais típicos da região: 
 
 Jacaré: uma das espécies mais procuradas na região, o jacaré 
estava ameaçado de extinção há alguns anos, em consequência da caça ilegal. 
Atualmente, afirma-se que há mais de três milhões de jacarés adultos na 
região, vivendo em rios, lagoas e corixos. 
 Tuiuiú: pássaro símbolo do Pantanal, o tuiuiú é uma ave de grande 
porte da família das cegonhas europeias. Esse pássaro pode chegar a medir 
um metro e sessenta centímetros e pesar dez quilos. 
 Peixes: a pesca é muito procurada, e é proibida durante a época da 
piracema, quando os peixes sobem o rio para a reprodução. Uma das espécies 
de peixes mais comuns na região é a piranha, que é espantada por jacarés. 
Outras espécies de peixes encontradas na região são o pintado, o dourado, o 
pacu e o curimbatá. 
 
 
102 
 Arara-azul: um dos animais que estão na lista de risco de extinção, 
a arara-azul pode ser avistada perto das sedes de fazendas. Na época de 
acasalamento, separam-se em casais e fazem ninhos nos ocos das árvores. 
 Onça: a onça-pintada é um bicho de costumes noturnos. Ela chega 
a medir dois metros e meio e pesar 160 quilos. Também é possível encontrar a 
suçuarana, ou onça parda que tem porte menor. As presas favoritas das onças 
são as capivaras e os jacarés, mas também caçam veados, peixes e aves. 
 
 
6.2.15 Zona Costeira 
 
 
A zona costeira ou faixa litorânea corresponde à zona de transição 
entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, 
dinâmica, mutável e sujeita a vários processos geológicos. 
As ações mecânicas das ondas, das correntes e das marés são 
importantes fatores modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são 
formas de erosão ou formas de deposição. As formas de erosão resultam do 
desgaste provocado pelo impacto do movimento das ondas sobre a costa - 
abrasão marinha -, sendo mais notória nas arribas. 
O litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque ao Rio Parnaíba, é 
lamacento e tem, em alguns trechos, mais de 100 km de largura. Apresenta 
grande extensão de manguezais, assim como matas de várzeas de marés. 
Jacarés, guarás e muitas espécies de aves e crustáceos vivem nesse trecho. 
Nossa costa é banhada por águas quentes que ocupam grande parte 
das bordas tropicais e subtropicais do Atlântico Sul Ocidental, onde a variação 
espacial e temporal dos fatores ambientais é distinta. Entre o Cabo Orange na 
Foz do Rio Oiapoque e o Arroio Chuí, ocorrem diversos tipos de habitats, 
sistemas lagunares margeados por manguezais e marismas, costões e fundos 
rochosos, recifes de coral, bancos de algas calcárias, plataformas arenosas, 
 
 
103 
recifes de arenito paralelos à linha de praias e falésias, dunas e cordões 
arenosos, ilhas. Além das praias arenosas amplamente utilizadas pelo turismo 
costeiro, destacam-se inúmeros estuários e lagoas costeiras, praias lodosas, 
praias e falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas costeiras e ilhas oceânicas. 
O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo: a área 
mais densamente povoada e industrializada do país. Suas áreas características 
são as falésias, recifes, arenitos e praias de areias monazíticas (mineral de cor 
marrom escura). É dominado pela Serra do Mar e tem a costa muito recortada, 
com várias baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais importante dessa 
área é o das matas de restingas. Nessa parte do litoral é possível encontrar 
espécies como a preguiça-de-coleira e o mico-sauá, dois animais ameaçados 
de extinção. 
A Região Norte é dominada pela Corrente Norte do Brasil e pela pluma 
estuarina do Rio Amazonas. A elevada carga de material particulado em 
suspensão, oriundo da Bacia Amazônica e dos sistemas estuarinos do 
Maranhão para o mar adjacente, origina fundos ricos em matéria orgânica. 
Esse tipo de habitat oferece boas condições de alimento para peixes de fundo 
e camarões explorados pela pesca industrial e artesanal. 
O litoral sul começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio 
Grande do Sul. Cheio de banhados e manguezais, o ecossistema da região é 
riquíssimo em aves, mas há também diversas espécies como: ratão-do-
banhado, lontras, capivaras, entre outras. 
Há muito ainda para se conhecer sobre a dinâmica ecológica do litoral 
brasileiro. Complexos sistemas costeiros distribuem-se ao longo, fornecendo 
áreas para a criação, crescimento e reprodução de inúmeras espécies de flora 
e fauna. 
O arquipélago de Fernando de Noronha fica a 345 km da costa do 
nordeste brasileiro e é constituído por uma ilha principal e 19 ilhotas, 
totalizando 26 km2. De origem vulcânica, Fernando de Noronha possui um dos 
maiores índices de biodiversidade marinha do Brasil. 
 
 
104 
Nas ilhas ocorrem ecossistemas como restingas, mangues, costões 
rochosos, dunas, lagunas, brejos, Floresta Atlântica, muito embora com certas 
particularidades nos componentes bióticos motivadas pelo isolamento que 
pode funcionar como barreira geográfica no mecanismo da especificação e na 
distribuição das espécies. 
Somente na costa do Rio Grande do Sul – conhecida como um centro 
de aves migratórias – já foi registrado a presença de aproximadamente570 
espécies de aves diferentes. 
O fato de a maioria dos principais rios nacionais convergirem para a 
Zona Costeira, alguns carregados de resíduos de agrotóxicos e adubos e 
efluentes das indústrias, faz dela uma região muito vulnerável aos impactos 
ambientais. 
 
 
6.2.16 Zonas de Transição 
 
 
Além de dividir os ecossistemas em aquáticos e terrestres, podemos 
também falar em ecossistemas de transição (ou biomas de transição), que, 
como o nome diz, está em trânsito entre os dois primeiros, ou melhor, 
representa a passagem de um para outro. 
http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u66.jhtm
 
 
105 
Algumas zonas com características específicas, existentes entre 
os principais biomas brasileiros, foram identificadas e separadas para 
facilitar as tarefas e esforços de conservação. Uma delas é a transição 
entre o Cerrado e a Amazônia, com área de 414.007 km2, envolvendo as 
florestas secas de Mato Grosso. As florestas de babaçu do Maranhão 
também foram separadas, na zona de transição Amazônia-Caatinga, com 
área de 144.583 km2. Finalmente, também foi classificada separadamente 
a zona encontrada entre a Caatinga e o Cerrado, com 115.108 km2 de área. 
Entre a Amazônia e o Cerrado está localizada a Mata Seca, ou floresta 
mesófila semidecídua. Representa uma forma florestal de manchas inclusas 
com características comuns do Cerrado, sendo, por vezes, contornadas ou 
ladeadas por manchas desse bioma. Quase sempre seus maciços ocorrem em 
locais afastados dos cursos de água ou da umidade permanente, em terrenos 
ondulados ou planos. No entanto, os maciços tornam-se menos frequentes nos 
declives e dorsos das elevações acentuadas. 
Já na transição entre o Cerrado e a Caatinga pode se observar uma 
vegetação mais rica que a da Caatinga, com florestas de árvores de folhas 
secas. Naturalmente, o clima é mais seco que o do Cerrado, com solo mais 
ressecado e períodos mais intensos sem chuva. A maior parte desta área está 
na fronteira do Cerrado com o sertão, no interior de estados nordestinos. 
 
Estuários 
 
Nas desembocaduras de rios nos mares, temos um ambiente de 
transição típico, os estuários. Eles englobam a foz do rio e as terras vizinhas. 
Nessas regiões existe grande variação na salinidade em função dos fluxos de 
maré. 
Os estuários têm grande quantidade de nutrientes e muita 
produtividade, são como berçário de muitas espécies de peixes e crustáceos. 
Tanto a maré como o rio trazem nutrientes para essas áreas. Aparecem aí 
caranguejos, camarões e peixes (como linguado e o bacalhau pequeno). 
 
 
106 
Muitas espécies de pássaros, como a garça e os pelicanos, voam para os 
estuários, a fim de se alimentarem. 
 
Manguezais e praias 
 
Nas regiões tropicais, essas terras umedecidas por águas salgadas 
formam os manguezais, os quais possuem árvores adaptadas ao alto teor de 
sal da região. As árvores dos manguezais possuem um tipo de raiz que ajuda a 
estabilizar o terreno, ajudando a reduzir a erosão. 
Podemos considerar as praias como outro ambiente de transição. 
Essas se formam quando há um abastecimento de areia trazida pelas 
correntes marinhas, pelas ondas. Na zona intermaré vivem alguns moluscos, 
crustáceos e vermes. 
 
Dunas 
 
A partir da praia, em direção à costa, encontramos as dunas, as quais 
são construídas por areias carregadas pelo vento. Nessas dunas de areia 
aparecem as plantas pioneiras, algumas plantas rasteiras, que se desenvolvem 
onde não existem outras plantas e seguram a areia e um pouco de matéria 
orgânica. 
 
 
6.3 HUMANIDADE E AMBIENTE 
 
 
 
 
107 
O impacto da espécie humana sobre a natureza. 
 
O planeta Terra está sob sérias ameaças: poluição, aumento da 
temperatura global, destruição da camada de ozônio, esgotamento de recursos 
naturais, extinção de espécies. Tudo isso é decorrência do crescimento da 
população humana e do desenvolvimento industrial e tecnológico, 
implementados pelo progresso científico. Felizmente, nas últimas duas 
décadas, muitas pessoas têm percebido a necessidade de se empenhar em 
um uso mais racional dos recursos naturais, sob o risco de deixar aos nossos 
descendentes um mundo inabitável. 
Todas as espécies exploram recursos do ambiente, causando algum 
tipo de “impacto” sobre eles, e a espécie humana não é exceção. Algumas 
culturas antigas já tinham consciência desse problema, embora não tivessem 
conhecimentos científicos. No Brasil, por exemplo, algumas tribos da região 
amazônica ocupavam temporariamente uma região, explorando-a durante certo 
período. Aos primeiros sinais de esgotamento dos recursos ambientais, 
mudavam-se para uma nova região da floresta, deixando que a área antiga se 
recuperasse do impacto causado pela ocupação prévia. 
Nos últimos dois séculos, o desenvolvimento da sociedade industrial e 
o crescimento explosivo da população humana têm causado impactos 
ambientais sem precedentes. Muitos recursos naturais estão se esgotando e os 
resíduos produzidos pela atividade humana acumulam-se no ambiente, 
degradando-o seriamente. Mas, se somos nós mesmos os causadores dos 
problemas, não teríamos também a capacidade de resolvê-los? As respostas 
para esse dilema não são simples. O aumento da população humana e o 
progresso tecnológico têm levado a uma exploração cada vez maior dos 
recursos naturais e estes não são inesgotáveis. A pergunta, então, é: o que 
esperar para o futuro? 
O grande desafio da humanidade, no século XXI, é modificar o antigo 
conceito desenvolvimentista de progresso, isto é, de aumento da qualidade de 
vida sem levar em conta os limites da capacidade de suporte do ambiente em 
 
 
108 
que a espécie humana se insere. É necessário refletir sobre o impacto que 
cada um de nós causa sobre o ambiente, quanto aos recursos que utilizamos e 
à destinação do lixo que produzimos. Só assim será possível amenizar o 
impacto da espécie humana sobre o ambiente terrestre e garantir um local 
habitável para as gerações futuras. 
 
 
6.3.1 Poluição Ambiental 
 
 
O homem tem transformado profundamente a natureza, destruindo 
espécies animais e vegetais, desviando cursos de rios, cortando montanhas, 
drenando pântanos e amontoando toneladas de detritos no ar, na água e no 
solo. 
A saúde e o bem-estar do homem estão diretamente relacionados com 
a qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições físicas, químicas e 
biológicas. 
Entende-se por poluição a deterioração das condições ambientais, que 
pode alcançar o ar, a água e o solo. Portanto poluição (do latim poluere, 
manchar, poluir) é a presença concentrada de determinadas substâncias ou 
agentes físicos no ambiente, genericamente denominado poluente; em geral, 
são produzidos pelas atividades humanas. 
A Poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de 
qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades físicas, 
químicas ou biológicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, por isso, a 
"saúde" das espécies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato 
com ele, ou que nele venham a provocar modificações físico-químicas nas 
espécies minerais presentes. 
 
 
109 
Tomando como base a espécie humana, tal definição, aplicada às 
ações praticadas, levaria à conclusão de que todos os atos oriundos desta 
espécie são atos poluidores; o simples ato de respirar, por exemplo. A fim de 
que se estabelecessem limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse 
considerado como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões. Os 
parâmetros para indicar o que está poluindo e os padrões para quantificar o 
máximo permitido em cada parâmetro. 
Foi a partir da Revolução Industrial que a poluição passou a constituir 
um problema para a humanidade. É lógico que já existiam exemplos de 
poluição anteriormente, em alguns casos até famosos (no Império Romano, por 
exemplo). Mas o grau de poluição aumentou muito com a industrialização e 
urbanização,e a sua escala deixou de ser local para se tornar planetária. Isso 
não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de 
poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial 
representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema 
socioeconômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo, que tem 
na indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, 
com grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria 
aglomeração urbana já é por si só uma fonte de poluição, pois implica 
numerosos problemas ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume 
de esgotos, os congestionamentos de tráfego, entre outros. 
Para deixar mais claro, vamos citar um exemplo: uma determinada 
indústria lança nas águas de um rio águas com temperatura de 40 C°, acima da 
média da temperatura normal dessas águas. Isso será uma forma de poluição. 
 
Poluição da água 
 
A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram 
prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por 
este para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e, 
principalmente, para sua alimentação e dos animais domésticos. Além disso, 
 
 
110 
abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação 
de plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza de gosto e estar 
isenta de micro-organismos patogênicos, o que é conseguido por seu 
tratamento, desde a retirada dos rios até a chegada às residências urbanas ou 
rurais. A água de um rio é considerada de boa qualidade quando apresenta 
menos de mil coliformes fecais e menos de dez micro-organismos patogênicos 
por litro (como aqueles causadores de verminoses, cólera, esquistossomose, 
febre tifoide, hepatite, leptospirose, poliomielite). 
Portanto, para a água se manter nessas condições, deve-se evitar sua 
contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de natureza química ou 
orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão. 
As atividades industriais, mineradoras e agrícolas são as principais 
emissoras de poluentes tóxicos nas águas. Entre as substâncias 
descarregadas estão os compostos orgânicos do clorinato, minerais, derivados 
de petróleo, mercúrio e chumbo (todos pelas indústrias) e fertilizantes, 
pesticidas e herbicidas (pela agricultura), que são arrastados para os rios com 
as chuvas. 
Outra fonte importante de poluição é o despejo de esgoto: nas cidades 
e regiões agrícolas são lançados diariamente cerca de 10 bilhões de litros de 
esgoto que poluem rios, lagos e áreas de mananciais. 
Qualquer poluente que entre em contato com o solo ou com a água 
pode contaminar também os lençóis de água subterrâneos. 
 
Poluição do solo 
 
Consiste em uma das formas de poluição, que afeta particularmente a 
camada superficial da crosta terrestre, causando malefícios diretos ou indiretos 
à vida humana, à natureza e ao meio ambiente. Em geral, consiste na 
presença indevida, no solo, de elementos químicos estranhos, de origem 
humana, que prejudiquem as formas de vida e seu desenvolvimento regular. 
A poluição do solo pode ser de duas origens: urbana e agrícola. 
 
Poluição de origem urbana 
 
 
111 
 
Nas áreas urbanas, o lixo jogado sobre a superfície, sem o devido 
tratamento, é uma das principais causas dessa poluição. A presença humana, 
lançando detritos e substâncias químicas, como os derivados do petróleo, 
constitui-se em um dos problemas ambientais que necessitam de atenção das 
autoridades públicas e da sociedade. 
 
 
 
 
Poluição de origem agrícola 
 
A contaminação do solo, nas áreas rurais, dá-se, sobretudo, pelo uso 
indevido de agrotóxicos, técnicas arcaicas de produção, por exemplo, o 
subproduto da cana-de-açúcar, o vinhoto; os curtumes e a criação de porcos. 
Os próprios poços podem constituir focos potenciais de contaminações 
se, no momento de sua construção, operação e/ou manutenção, não forem 
tomadas as devidas precauções. Isto é preocupante principalmente nas 
grandes cidades como, por exemplo, Lima, São Paulo ou cidade do México, 
onde o número de poços em operação varia entre 1.500 e 7.000. 
Sobre a contaminação agrícola temos, no primeiro caso, os resíduos 
do uso de agrotóxicos (comum na agropecuária), que provêm de uma prática, 
muitas vezes, desnecessária ou intensiva nos campos, enviando grandes 
quantidades de substâncias tóxicas para os rios por meio das chuvas, o 
mesmo ocorrendo com a eliminação do esterco de animais criados em 
pastagens. 
No segundo caso, há o uso de adubos, muitas vezes exagerado, que 
acabam sendo carregados pelas chuvas aos rios locais, acarretando o 
aumento de nutrientes nestes pontos; isso propicia a ocorrência de uma 
explosão de bactérias decompositoras que consomem oxigênio, contribuindo 
ainda para diminuir a concentração do mesmo na água, produzindo sulfeto de 
hidrogênio, um gás de cheiro muito forte que, em grandes quantidades, é 
tóxico. Isso também afetaria as formas superiores de vida animal e vegetal, que 
 
 
112 
utilizam o oxigênio na respiração, além das bactérias aeróbicas, que seriam 
impedidas de decompor a matéria orgânica sem deixar odores nocivos pelo 
consumo de oxigênio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.3.2 Os problemas ambientais dos grandes centros 
 
 
De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas 
grandes cidades que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição 
atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves: 
 
 Acúmulo de lixo e de esgotos: boa parte dos detritos pode ser 
recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente 
acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos 
rios. Com frequência, esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixe) e tornam-se 
imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos 
baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos. 
 
 
 
113 
 Congestionamentos frequentes, especialmente nas áreas em que os 
automóveis particulares são muito mais importantes que os transportes 
coletivos. Muitos moradores da periferia das grandes cidades dos países do 
Sul, em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro horas por dia só no 
caminho para o trabalho. 
 Poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos 
automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e 
propaganda comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na população, 
além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva. 
 
 Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de 
lazer e recreação). Em decorrência de falta de áreas verdes, agrava-se a 
poluição atmosférica, já que as plantas pela fotossíntese contribuem para a 
renovação do oxigênio no ar. Além disso, tal carência limita as oportunidades 
de lazer da população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando 
seu tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por 
esportistas profissionais (em vez de eles mesmos praticarem esportes). 
 
 Poluição visual, ocasionada, por exemplo, pelo grande número de 
cartazes publicitários e pelos edifícios que escondem a paisagem natural. 
 
Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído 
pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é 
artificial; e, quando é algo natural, sempre apresenta variações, modificações 
provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles, o chamado 
clima urbano, constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas 
normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais 
vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes 
após algumas chuvas. 
As elevações nos índices térmicos do ar são fáceis de entender: o 
asfaltamento das ruas e avenidas; as imensas massas de concreto;a carência 
de áreas verdes; a presença de grandes quantidades de gás carbônico na 
 
 
114 
atmosfera (que provoca o efeito estufa); nas fábricas, residências e veículos, o 
grande consumo de energia em virtude da queima de gasolina, óleo diesel, 
querosene, carvão, e outros. 
Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à 
grande quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que 
desempenham um papel de núcleos higroscópicos que facilitam a 
condensação do vapor de água da atmosfera. E as enchentes decorrem da 
dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto 
e obras, o que compacta o solo e aumenta sua impermeabilização. 
 
A problemática do Lixo 
 
Resíduo ou lixo, é qualquer material considerado inútil, supérfluo, e/ou 
sem valor, gerado pela atividade humana, e que precisa ser eliminado. É 
qualquer material cujo proprietário elimina, deseja eliminar, ou necessita 
eliminar. 
O conceito de lixo pode ser considerado uma concepção humana, 
porque em processos naturais não há lixo, apenas produtos inertes. Muito do 
lixo pode ser reutilizado pela reciclagem, desde que adequadamente tratado, 
gerando fonte de renda e empregos, além de contribuir contra a poluição 
ambiental. Outros resíduos, por outro lado, não podem ser reutilizados de 
nenhuma forma, como lixo hospitalar ou nuclear, por exemplo. 
O termo lixo aplica-se geralmente a materiais no estado sólido; líquidos 
ou gases considerados inúteis ou supérfluos são geralmente chamados de 
resíduos (líquidos ou gasosos). Porém, os termos lixo e resíduos também 
podem ser utilizados para descrever respectivamente fluidos e sólidos. 
 
 
7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3lido
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s
 
 
115 
A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de 
gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenômeno 
são a eliminação de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, 
petroquímicas, de cimento) e a queima de carvão e petróleo em usinas, 
automóveis e sistemas de aquecimento doméstico. 
O ar poluído penetra nos pulmões, ocasionando o aparecimento de 
várias doenças, em especial do aparelho respiratório, como a bronquite 
crônica, a asma e até o câncer pulmonar. Esses efeitos são reforçados pelo 
consumo de cigarros. 
Nos grandes centros urbanos, tornam-se frequentes os dias em que a 
poluição do ar atinge níveis críticos, seja pela ausência de ventos, seja pelas 
inversões térmicas, que são períodos nos quais cessam as correntes 
ascendentes do ar, importantes para a limpeza dos poluentes acumulados nas 
camadas próximas à superfície. 
A maioria dos países capitalistas desenvolvidos já possui uma rigorosa 
legislação antipoluição, que obriga certas fábricas a terem equipamentos 
especiais (como filtros, tratamento de resíduos) ou a usarem processos menos 
poluidores. Nesses países, é intenso o controle sobre o aquecimento 
doméstico a carvão e o escapamento dos automóveis. Tais procedimentos 
alcançam resultados consideráveis, embora não eliminem completamente o 
problema da poluição do ar. Por exemplo, pesquisas realizadas há alguns anos 
mostraram que chapas de ferro se corroem muito mais rapidamente em São 
Paulo do que em Chicago, apesar de esta metrópole norte-americana possuir 
maior quantidade de indústrias e automóveis em circulação. 
Calcula-se que a poluição do ar tenha provocado um crescimento de 
teor de gás carbônico na atmosfera, que teria sofrido um aumento de 14% 
entre 1830 e 1930. Atualmente, esse aumento é de aproximadamente 0,3% ao 
ano. Os desmatamentos contribuem bastante para isso, pois a queima das 
florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como o gás carbônico 
tem a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito estufa”, um 
aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um 
aquecimento da superfície terrestre. 
 
 
116 
 
 
Efeito estufa: ação que certos gases exercem sobre as radiações 
do calor da terra, interceptando-as e transmitindo-as de volta a 
superfície. 
 
 
Baseados nesse fato, alguns cientistas estabeleceram a seguinte 
hipótese: com a elevação da temperatura média na superfície terrestre, que no 
início do século XXI será 2ºC mais alta do que hoje, o gelo existente nas zonas 
polares (calotas polares) irá se derreter. Consequentemente, o nível do mar 
subirá cerca de 60 m, inundando a maioria das cidades litorâneas de todo o 
mundo. Alguns pesquisadores pensam inclusive que esse processo já 
começou a ocorrer a partir do final da década de 80. Os verões da Europa e 
até da América têm sido a cada ano mais quentes e algumas medições 
constataram um aumento pequeno, de centímetros, do nível médio do mar em 
algumas áreas litorâneas. Todavia, esse fato não é ainda admitido por grande 
parte dos estudiosos do assunto. 
Outra importante consequência da poluição atmosférica é o surgimento 
e a expansão de um buraco na camada de ozônio, que se localiza na 
atmosfera; camada atmosférica situada entre 20 e 80 km de altitude. 
O ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas do Sol. Se esses 
raios chegassem à superfície terrestre com mais intensidade provocariam 
queimaduras na pele, que poderiam até causar câncer, e destruiriam as folhas 
das árvores. O gás CFC - clorofluorcarbono -, contido em sprays de 
desodorantes ou inseticidas, parece ser o grande responsável pela destruição 
da camada de ozônio. Por sorte, esses danos foram causados na parte da 
atmosfera situada acima da Antártida. Nos últimos anos, esse buraco na 
camada de ozônio tem se expandido constantemente. 
 
 
 
117 
 
8 BIOCOMBUSTÍVEL 
 
 
Biocombustível é qualquer combustível de origem biológica, desde que 
não seja de origem fóssil. É originado da mistura de uma ou mais plantas 
como: cana-de-açúcar, mamona, soja, cânhamo, canola, babaçu, lixo orgânico, 
dentre outros tipos. 
Biocombustíveis são fontes de energia renovável, derivados de 
matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal, cana-de-
açúcar e outras matérias orgânicas. Há vários tipos de biocombustíveis: 
bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometanol, bioéter dimetílico, bio-
ETBE, bio-MTBE, biocombustíveis sintéticos, bioidrogénio. 
Mas os principais biocombustiveis são: a biomassa, o bioetanol, o 
biodiesel e o biogás. 
 
 
8.1 TIPOS DE BIOCOMBUSTÍVEL 
 
 
Em Portugal é considerado biocombustível, no âmbito do Decreto-Lei 
nº 62/2006, que transpõe a matéria para a Diretiva nº 2003/30/CE e cria 
mecanismos para promover a colocação no mercado de quotas mínimas de 
biocombustíveis, os seguintes produtos: 
 
1. Bioetanol: etanol produzido a partir de biomassa e/ou da fração 
biodegradável de resíduos para utilização como biocombustível. 
2. Biodiesel: éster metílico e/ou etílico, produzido a partir de óleos 
vegetais ou animais, com qualidade de combustível para motores diesel, para 
utilização como biocombustível. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Combust%C3%ADvel
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3ssil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oleaginosa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomassa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomassa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioetanol
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiesel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biog%C3%A1s
http://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ster
 
 
118 
3. Biogás: gás combustível produzido a partir de biomassa e/ou da 
fração biodegradável de resíduos, que pode ser purificado até à qualidade do 
gás natural, para utilização como biocombustível ou gás de madeira. 
4. Biometanol: metanol produzido a partir de biomassa para utilização 
comobiocombustível. 
5. Bioéter dimetílico: éter dimetílico produzido a partir de biomassa 
para utilização como biocombustível. 
6. Bio-ETBE (bioéter etil-terc-butílico): ETBE produzido a partir do 
bioetanol, sendo a porcentagem em volume de bio-ETBE considerada como 
biocombustível igual a 47%; 
7. Bio-MTBE (bioéter metil-terc-butílico): combustível produzido com 
base no biometanol, sendo a porcentagem em volume de bio-MTBE 
considerada como biocombustível de 36%. 
8. Biocombustíveis sintéticos: hidrocarbonetos sintéticos ou misturas 
de hidrocarbonetos sintéticos produzidos a partir de biomassa. 
9. Bioidrogénio: hidrogênio produzido a partir de biomassa e/ou da 
fração biodegradável de resíduos, para utilização como biocombustível. 
 
10. Óleo vegetal puro produzido a partir de plantas oleaginosas: óleo 
produzido por pressão, extração ou processos comparáveis, a partir de plantas 
oleaginosas, em bruto ou refinado, mas quimicamente inalterado, quando a sua 
utilização for compatível com o tipo de motores e os respectivos requisitos 
relativos a emissões. 
 
 
8.2 CRISE AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA 
 
 
Desde a década de 1970, a humanidade vem tomando consciência de 
que existe uma crise ambiental planetária. Não se trata apenas de poluição de 
áreas isoladas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos, 
 
 
119 
talvez até de toda a biosfera. O notável acúmulo de armamentos nucleares nas 
décadas de 50, 60 e 70 ocasionou um sério risco de extermínio, algo que 
nunca tinha sido possível anteriormente. A multiplicação de usinas nucleares 
levanta o problema do escape de radiatividade para o meio ambiente e coloca 
a questão do que fazer com o perigoso lixo atômico. O acúmulo de gás 
carbônico na atmosfera representa um risco de catástrofe, pois ocasiona o 
crescimento do efeito estufa, que eleva as médias térmicas da maior parte dos 
climas do planeta. 
Muitos outros problemas ambientais podem ser lembrados. Entre eles, 
a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde humana, 
como agrotóxicos, adubos químicos, hormônios e medicamentos aplicados 
comumente ao gado para que ele cresça mais rapidamente ou não contraia 
doenças. Podemos citar também a crescente poluição dos oceanos e mares, o 
avanço da desertificação, o desmatamento acelerado das últimas grandes 
reservas florestais originais do planeta (Amazônia, bacia do rio Congo e Taiga), 
a extinção irreversível de milhares ou até milhões de espécies vegetais e 
animais. 
Podemos falar em uma consciência ecológica da humanidade em 
geral, embora com diferentes ritmos (mais avançada no Norte e mais tardia nos 
países subdesenvolvidos), que se iniciou por volta da década de 70 e cresce a 
cada ano. Trata-se da consciência de estarmos todos na mesma “nave 
espacial”, o planeta Terra, o único que conhecemos que possibilitou a 
existência de uma biosfera. Trata-se ainda da consciência de que é imperativo 
para a própria sobrevivência da humanidade modificar o nosso relacionamento 
com a natureza. A natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso 
inerte e passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte e 
com o qual temos que procurar viver em harmonia. 
 
Um Problema Mundial 
 
 
 
120 
Um fato que ficou claro desde os anos 70 é que o problema ambiental, 
embora possa apresentar diferenças nacionais e regionais, é planetário, global. 
Em longo prazo, de nada adianta, por exemplo, transferir indústrias poluidoras 
de uma área (ou país) para outra, pois do ponto de vista da biosfera nada se 
altera. Não podemos esquecer que a atmosfera é uma só, que as águas se 
interligam (o ciclo hidrológico), que os ventos e os climas são planetários. 
Vamos imaginar que estamos em uma enorme casa, com todas as 
janelas e portas fechadas, e há uma fogueira em um quarto nobre 
envenenando o ar. Alguém propõe então transferir a fogueira para outro quarto, 
considerado menos nobre. Isso elimina o problema de ar contaminado? Claro 
que não. No máximo pode dar a impressão de que, por algum tempo, melhorou 
a situação dos que ocupam o quarto nobre. 
Todavia, depois de certo período (horas ou dias), fica evidente que o ar 
da casa é um só e que a poluição em um compartimento propaga-se para todo 
o conjunto. A biosfera, em que se inclui o ar que respiramos, as águas e todos 
os ecossistemas, é uma só, apesar de muito maior que essa casa hipotética. O 
ar, embora exista em grande quantidade, na realidade é limitado e interligado 
em todas as áreas. Poderíamos abrir portas e janelas daquela casa, mas isso 
não é possível para a biosfera, para o ar ou as águas do nosso planeta. 
Outro aspecto do caráter mundial que a crise ambiental possui é que 
praticamente tudo o que ocorre nos demais países acaba nos afetando. Até 
algumas décadas atrás era comum a opinião de que ninguém tem nada a ver 
com os outros, cada país pode fazer o que bem entender com o seu território e 
com as suas paisagens naturais. 
Hoje, isso começa a mudar. Vai ficando claro que explosões atômicas 
russas ou norte-americanas, mesmo realizadas no subsolo ou em áreas 
desérticas desses países, acabam mais cedo ou mais tarde nos contaminando 
pela propagação da radiação. Também a poluição dos mares e oceanos (e até 
dos rios, que afinal desembocam no mar), mesmo realizada no litoral de algum 
país, acaba se propagando, atingindo com o tempo outros países. As enormes 
queimadas de florestas na África ou na América do Sul não dizem respeito 
unicamente aos países que as praticam; elas fazem diminuir a massa vegetal 
 
 
121 
sobre o planeta (e as plantas, pela fotossíntese, contribuem para a renovação 
do oxigênio do ar) e, o que é mais importante, liberam enormes quantidades de 
gás carbônico na atmosfera, fato que acaba por atingir a todos os seres 
humanos. Inúmeros outros exemplos poderiam ser mencionados. 
Todos eles levam à conclusão de que a questão do meio ambiente é 
mundial e é necessário criar formas de proteção da natureza que sejam 
planetárias que não fiquem dependentes somente de interesses locais (e às 
vezes mesquinhos) dos governos nacionais. 
 
 
9 CAMINHOS E PERSPECTIVAS 
 
 
Fala-se que a espécie humana, por agredir a natureza, está a caminho 
da autodestruição. Será que existem riscos reais de catástrofes causadas pela 
poluição ou pelo esgotamento de fontes de energia e de outros importantes 
recursos naturais? 
Jornais e revistas veiculam informações desencontradas. A maioria dos 
estudiosos acredita que a humanidade se encontra muito perto de provocar 
danos irreparáveis ao planeta. Alguns, porém, também proclamam que os 
alertas dos ambientalistas são exagerados e que a humanidade saberá 
solucionar todos os problemas que criar. 
Antes de tudo, é preciso ficar claro que a espécie humana não pode 
sobreviver senão explorando os recursos do ambiente. Temos, 
necessariamente, que extrair de outros seres vivos recursos para viver; ao 
comermos plantas e animais, deles extraímos energia e matéria-prima para 
manter nossa vida. Além disso, temos de combater as espécies que nos 
causam doenças (bactérias, fungos, vermes, insetos) e também aquelas que 
 
 
122 
competem conosco pelo alimento (parasitas e predadores de nossas lavouras 
e rebanhos). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
123 
INTRODUÇÃO 
 
 
Nesse módulo abordaremos a Educação Ambiental e a 
Sustentabilidade. 
O termo sustentabilidade engloba várias áreas de atuação. Sempre 
associamos a sustentabilidade ao desenvolvimento sustentável, aquele 
desenvolvimento que gera equilíbrio entre a tecnologia e o ambiente, 
relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diversos 
países na busca da equidade social. 
Também vamos abordar as culturas econômicas que agridem o meio 
ambiente, tais como a agricultura e seus agrotóxicos, fertilizantes, pesticidase 
a agropecuária, em conjunto com a epidemiologia, pois a modificação no 
ambiente natural levou ao surgimento de novas doenças, as chamadas 
doenças tropicais. 
 
 
10 O QUE É SUSTENTABILIDADE? 
 
 
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a 
continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da 
sociedade humana. 
Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade 
humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas 
economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior 
potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os 
ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na 
manutenção indefinida desses ideais. A sustentabilidade abrange vários níveis 
de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_sist%C3%AAmico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistemas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra
 
 
124 
Para um empreendimento humano ser sustentável, deve ter quatro 
requisitos básicos. Esse empreendimento deve ser: 
 
 Ecologicamente correto; 
 Economicamente viável; 
 Socialmente justo; e 
 Culturalmente aceito. 
 
Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor 
para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. 
Segundo o Relatório de Brundtland "Our Common Future" (Nosso futuro 
comum), Oxford University Press, 1987, sustentabilidade é: "suprir as 
necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações 
futuras de suprir as suas". Isso é muito parecido com a filosofia dos nativos dos 
Estados Unidos, que diziam que os seus líderes deviam sempre considerar os 
efeitos das suas ações nos seus dependentes nas sete gerações futuras. 
O termo original foi "desenvolvimento sustentável," um termo adaptado 
pela Agenda 21, programa das Nações Unidas. Algumas pessoas hoje se 
referem ao termo "desenvolvimento sustentável" como um termo amplo, pois 
implica desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser reservado 
somente para as atividades de desenvolvimento. "Sustentabilidade", então, é 
hoje usado como um termo amplo para todas as atividades humanas. 
Na economia, crescimento sustentado refere-se a um ciclo de 
crescimento econômico real do valor da produção (descontada a inflação), 
sendo, portanto relativamente constante e duradouro assentado em bases 
consideradas estáveis e seguras. 
Parece-nos que um dos maiores equívocos associados à 
sustentabilidade é pensar que podemos continuar crescendo indefinidamente, 
como se não fosse haver um limite. Basta informar que o empreendimento é 
sustentável para receber a chancela ou simpatia dos diversos stakeholders. Os 
relatórios do Clube de Roma ou do Painel Intergovernamental de Mudanças 
Climáticas (IPCC na sigla em inglês) estão a nos dizer o contrário e há muito 
tempo. Segundo essas entidades, o planeta está em perigo e, em breve, 
chegaremos a um ponto sem retorno. Ou seja, a Terra perderá a capacidade 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_de_Brundtland
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenda_21
http://pt.wikipedia.org/wiki/Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia
 
 
125 
de se regenerar e, com isso, vão faltar água e alimentos em diversas partes do 
globo. O aquecimento global chegará a um nível catastrófico dizimando a vida 
de uma infinidade de seres vivos. 
É nesse contexto que surge a sustentabilidade. Ela foi concebida para 
que o homem, independentemente de suas crenças, possa se sensibilizar para 
o real perigo que representa para o planeta. O objetivo da sustentabilidade é 
induzir o homem a reduzir a pegada predatória. Como a biodiversidade 
planetária está no limiar do esgotamento, todas as atenções da 
sustentabilidade dirigem-se para o meio ambiente. No entanto, ela possui 
infindáveis vertentes. É, portanto em razão dessas inúmeras correlações que a 
sustentabilidade se tornou um tema complexo. Não se pode fechar a questão 
em torno dela, tampouco aprisioná-la em conceitos que servem mais para 
acomodar interesses do que compreendê-la. 
 
 
10.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 
 
 
O conceito de sustentabilidade ambiental refere-se às condições 
sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as atividades 
humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que está baseado tudo o 
que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem 
empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras. 
O crescimento econômico deve se adequar na busca da 
sustentabilidade ambiental, da mesma forma que a equidade social deve ser 
fruto de uma adaptação por parte da sociedade na busca desta 
sustentabilidade. 
O emprego do critério de sustentabilidade, que substitui o de 
“adaptação” da abordagem teórica evolucionária, permite enumerar as 
diferentes formas de uso que as populações fazem do meio ambiente, 
considerando suas diferenças genéricas em termos de inserção na economia 
de mercado e posse de uma tradição ou história ecológica. 
 
 
 
126 
A sustentabilidade ambiental responde diretamente pela preservação e 
conservação do ambiente, de forma que o desenvolvimento não agrida o meio 
ambiente. O desenvolvimento atual vem gerando enormes impactos 
ambientais. Para que a sustentabilidade em si se aplique, há a necessidade de 
que conhecimentos fragmentados sejam integrados. Na sustentabilidade, os 
aspectos ambientais devem ser tão relevantes quanto os aspectos técnicos e 
econômicos, bem como os aspectos de estética e conforto. 
A sustentabilidade ambiental nas cidades pode ser entendida como a 
sua capacidade de manter o meio ambiente interno e externo de forma 
constante ou estável por um determinado período. Os estudos e a práticas dos 
conceitos da nova gestão pública das cidades ou a “New Public Management 
(NPM)” podem contribuir com a sustentabilidade ambiental municipal. A NPM 
pressupõe aplicar nas cidades os modelos de gestão originalmente oriundos da 
iniciativa privada e dos conceitos de administração estratégica focada nos 
pressupostos dos negócios empresariais e nos conceitos de 
empreendedorismo. Seus preceitos também envolvem essas características: 
focar o cidadão como cliente; clarear a missão da organização pública; delegar 
autoridades; substituir normas por incentivos; orçar baseado em resultados; 
expor operações à concorrência e ao público; procurar soluções de mercado; e 
medir o sucesso do governo pelo cidadão. 
 
 
10.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
 
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o 
desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem 
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. 
É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. 
 
 
127 
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de 
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação 
ambiental. 
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de 
planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. 
Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, 
que leva em conta o meio ambiente. 
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento 
econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos 
naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao 
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. 
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de 
recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência 
humanae a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O 
desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, 
com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da 
reutilização e da reciclagem. 
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas 
o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países 
industrializados. Mesmo porque não seria possível. Se as sociedades do 
Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade 
de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de 
recursos minerais, 200 vezes. Em vez de aumentar os níveis de consumo dos 
países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países 
industrializados. 
O crescimento econômico e populacional das últimas décadas tem sido 
marcado por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam 
apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos 
rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da 
produção de madeira mundial. 
 
 
128 
Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da 
independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: 
“a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar 
sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país 
como a Índia alcançasse o mesmo patamar?” 
A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento 
precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial 
devem ser reestruturados para levar em consideração o meio ambiente. 
Em 1996, um grupo internacional de pesquisadores no campo do 
desenvolvimento sustentável se reuniu em Bellagio, na Itália, para avaliar o 
progresso mundial pós Rio 92, em relação às ações e pesquisas para 
realização dos acordos aí estabelecidos. 
Foram então propostos princípios que serviriam para guiar a avaliação 
no que se refere ao progresso em relação ao desenvolvimento sustentável. Os 
Princípios de Bellagio propostos para o processo de desenvolvimento 
sustentável são: 
 
 Descrição 
1 
É necessário primeiramente ter uma visão clara de desenvolvimento 
sustentável e as metas que o definem. 
2 
Proceder à revisão do sistema atual como um todo e em partes; considerar 
o bem-estar dos subsistemas, social, ecológico e econômico, os seus 
estados, a direção e a taxa de mudança em relação a estes estados e 
suas inter-relações; considerar as consequências positivas e negativas das 
atividades humanas, de maneira que reflitam os custos e benefícios para 
os seres humanos e sistemas ecológicos, em termos monetários e não 
monetário. 
 
 
129 
3 
Considerar as questões de igualdade e disparidade entre a população 
atual e entre as gerações presentes e futuras, avaliando o uso dos 
recursos, consumo e pobreza, direitos humanos, e acessos aos serviços 
básicos; considerar as condições ecológicas das quais a vida depende; 
considerar o desenvolvimento econômico e outras atividades fora do 
mercado, que contribuem para o bem-estar humano e social. 
4 
Adotar horizonte de planejamento longo o suficiente para abranger as 
escalas de tempo humano e dos ecossistemas naturais, respondendo 
assim às necessidades das futuras gerações, como também às que 
precisam de decisões em curto prazo; definir o escopo de trabalho 
abrangente o suficiente para que inclua os impactos locais e 
regionais/globais na população e ecossistemas; basear-se nas condições 
históricas e atuais para antecipar condições futuras – aonde se quer 
chegar, aonde se pode ir. 
5 
Utilizar uma estrutura organizacional que conecte a visão e os objetivos a 
indicadores e critérios de avaliação; utilizar um número limitado de 
aspectos para análise; um número limitado de indicadores ou combinação 
de indicadores para conseguir uma sinalização mais clara do progresso; 
padronizar medidas, quando possível, de modo a permitir comparações; 
comparar valores dos indicadores e metas, valores de referência, ou 
valores limites. 
6 
Os métodos e dados utilizados devem ser acessíveis a todos; todos os 
julgamentos, valores assumidos e incertezas nos dados e interpretações 
devem ser explicitados. 
7 
Ser projetado para atender às necessidades da comunidade e dos 
usuários; utilizar indicadores e outras ferramentas que podem estimular e 
trazer a atenção dos governantes; buscar utilizar simplicidade na estrutura 
e linguagem acessível. 
8 Obter representação efetiva da comunidade, profissionais em geral, grupos 
sociais e técnicos, de modo a garantir diversidade e reconhecimento dos 
 
 
130 
valores utilizados. 
9 
Desenvolver capacidade de monitoramento para obtenção das tendências; 
ser interativo e adaptativo, e que possa responder às mudanças e 
incertezas, considerando a complexidade e possibilidade de mudança dos 
sistemas; ajustar os objetivos, a estrutura e os indicadores conforme novos 
conhecimentos e ideias forem chegando; promover conscientização da 
sociedade e que possa suprir aqueles que tomam decisão. 
10 
Indicar responsabilidades e obter prioridade no processo de gestão e 
decisão; prover capacidade institucional para coleta, manutenção e 
documentação dos dados; garantir e prover capacidade de avaliação local. 
 
O Desenvolvimento Sustentável tem seis aspectos prioritários que 
devem ser entendidos como metas: 
1. A satisfação das necessidades básicas da população (educação, 
alimentação, saúde, lazer); 
2. A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o 
ambiente de modo que elas tenham chance de viver); 
3. A participação da população envolvida (todos devem se 
conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer 
cada um a parte que lhe cabe para tal); 
4. A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc.); 
5. A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança 
social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do 
preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por 
exemplo, os índios); 
6. A efetivação dos programas educativos. 
 
 
10.3 TRIPLE BOTTOM LINE OU TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE 
 
 
131 
 
 
A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No tripé 
estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem 
interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Uma empresa era 
sustentável se estivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom 
patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para 
um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que 
incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico; seja por 
meio de mais empregos criados, seja por mais serviços sociais para a 
população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo 
Produto Interno Bruto (PIB) do país. A perna ecológica do tripé trouxe, então, 
um problema e uma constatação. Se os empresários e os governantes não 
cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar em maus lençóis sem matéria-
prima e, talvez, sem consumidor, além do fantasma de contribuir para a 
destruição do planeta Terra. 
Assim, o Triple Bottom Line ficou também conhecido como os 3 Ps 
(People, Planet and Proift, ou, em português, PPL - Pessoas, Planeta e Lucro). 
Vamos, então, detalhar o que significa cada um desses aspectos, levando em 
conta a administração de uma empresa, de uma cidade, estado ou país. É 
importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira 
macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua casa ou uma 
pequena vila agrária. Vamos aos 3 Ps. 
 
People 
 
Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou 
sociedade. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é 
preciso pensar em outros aspectos como o bem-estar dos seus funcionários, 
propiciando, por exemplo, umambiente de trabalho agradável, pensando na 
http://ambiente.hsw.uol.com.br/calculo-pib.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/planeta-terra.htm
 
 
132 
saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a 
atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Não adianta, por 
exemplo, uma mineradora pagar bem seus funcionários, se ela não presta 
assistência para as pessoas que são afetadas indiretamente com a exploração, 
como uma comunidade indígena vizinha que é afetada social, econômica e 
culturalmente pela presença do empreendimento. Nesse item, estão contidos 
também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o 
lazer. 
 
Planet 
 
Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. É a perna 
ambiental do tripé. Aqui, assim como nos outros itens, é importante pensar no 
curto, médio e longo prazo. A princípio, praticamente toda atividade econômica 
tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade 
deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é 
possível amenizar. 
Assim, uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar 
formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível 
o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu 
processo produtivo, que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 
emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser levada em conta a 
adequação à legislação ambiental e a vários princípios discutidos atualmente 
como o Protocolo de Kyoto. Para uma determinada região geográfica, o 
conceito é o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um sério 
zoneamento econômico da região. 
 
Profit 
 
http://ambiente.hsw.uol.com.br/pegada-de-carbono.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/protocolo-kyoto.htm
 
 
133 
Trata-se do lucro. Não é muito difícil entender o que é o conceito. É o 
resultado econômico positivo de uma empresa. Quando se trata do Triple 
Botton Line, essa perna do tripé deve levar em conta os outros dois aspectos. 
Ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo. 
 
 
13.4 COMO MEDIR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
 
Os modelos tradicionais de medição econômica não conseguem 
abranger os aspectos do desenvolvimento sustentável. O exemplo mais claro é 
o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a receita total de uma determinada 
região. Como levam em conta apenas os aspectos monetários, o PIB não 
consegue abranger outros aspectos como a divisão igualitária dessa riqueza na 
sociedade e os impactos negativos no meio ambiente. 
Assim, ao longo dos últimos anos, começaram a surgir alguns métodos 
para tentar medir a sustentabilidade. O Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(Pnud), não é exatamente um índice de sustentabilidade, mas ajudou a 
dimensionar esses novos métodos. Um dos exemplos de novo método é o 
Indicador de Progresso Genuíno (GPI) que baseado no cálculo do PIB agrega 
outros dados que podem influenciar para cima ou para baixo o valor. O GPI é 
calculado pelas organizações não governamentais Redefining Progress, 
baseado em metodologia do Friends of the Earth. Nele, são medidos dados 
como: 
Distribuição da receita: mede quanto do PIB vai para as classes 
menos favorecidas. 
http://ambiente.hsw.uol.com.br/idh.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/idh.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.pnud.org.br/home/
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.pnud.org.br/home/
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.rprogress.org/index.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.foe.co.uk/
 
 
134 
Trabalho doméstico e voluntário: como o que a dona de casa faz 
não rende dinheiro, seu trabalho não entra nas estatísticas tradicionais. Aqui, 
ele conta; assim como o trabalho voluntário. 
Nível educacional: quanto maior o nível educacional da população, 
maior o índice GPI. 
Custo do crime: a violência contra o homem, a natureza e a 
propriedade privada é um grande desperdício de recursos de uma sociedade. 
Por isso, esse custo deve ser subtraído. 
Exaustão de recursos: ligado diretamente à questão ambiental, 
contabiliza as perdas de recursos naturais ocorridas em casos como o 
desmatamento ou a exploração de uma jazida mineral. 
Poluição: fumaça nas cidades, rios cheios de poluentes, barulho. Tudo 
isso, gera custo, que vai impactar negativamente o índice. 
Degradação ambiental em longo prazo: mudanças climáticas, lixo 
nuclear, buraco na camada de ozônio. Os custos desses problemas 
contemporâneos são contabilizados. 
Diminuição do tempo de lazer: nas grandes cidades, o tempo para 
descansar e se divertir é cada vez mais escasso, ou seja, é importante saber o 
quanto a falta desse tempo de ócio pode custar para a vida das pessoas e do 
país. 
Gastos defensivos: esse item mede os custos de se defender contra 
vários problemas de ordem ambiental e/ou social, seja a erosão ou um 
acidente de carro. 
Tempo de vida útil dos bens de consumo e da infraestrutura 
pública: os índices tradicionais medem o investimento em infraestrutura e os 
gastos com consumo, mas não estimam o desgaste e a manutenção desses 
produtos (o GPI, sim). 
Dependência de ativos externos: nos cálculos tradicionais, como no 
PIB, a maioria dos empréstimos internacionais é considerada positiva. Já no 
 
 
135 
GPI, quando o empréstimo é para investimentos, ele pode ser considerado 
positivo; se o empréstimo é para o consumo, torna-se negativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13.5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL 
 
 
FIGURA 07 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
136 
 
Como seria, verdadeiramente, uma sociedade sustentável? Ainda não 
há modelos detalhados, mas na última década surgiram critérios básicos que 
nos permitem desenhar a forma emergente das sociedades sustentáveis. 
A sustentabilidade global requer uma drástica diminuição do 
crescimento mundial. As sociedades sustentáveis terão populações estáveis, 
como as que têm atualmente 13 países europeus e o Japão. A população 
mundial deverá se estabilizar no máximo em oito bilhões de pessoas. As 
economias sustentáveis não serão potencializadas por combustíveis fósseis, 
mas sim por energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas: luz solar 
para aquecimento e eletricidade fotovoltaica; energia eólica e hídrica; e assim 
por diante. A energia nuclear deixará de ser usada em virtude de sua longa 
lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais. Os painéis 
solares esquentarão a maior parte da água doméstica ao redor do mundo, e 
muito da calefação dos diversos espaços será feita pela entrada direta dos 
raios solares. 
Com as células fotovoltaicas, os lares, em todas as partes do mundo, 
chegarão a ser produtores tanto quanto consumidores de eletricidade. A 
produção de energia chegará a ser muito mais descentralizada e, por isso 
mesmo, menos vulnerável aos cortes ou apagões; isto será, também, 
compatível com as instituições políticas democráticas. 
Um sistema energético sustentável será também muito mais eficiente 
energeticamente. Como algo típico, será duplicada a economia de combustível 
dos automóveis; por sua vez, será triplicada a eficiência dos sistemas de 
iluminação e as necessidades de aquecimento diminuirão em 75%. Tudo isto, 
hoje, é possível graças às tecnologias já existentes. 
O transporte em uma sociedade sustentável será muito menos 
esbanjador e poluente do que o atual. As pessoas morarão muito mais perto 
dos seus lugares de trabalho e elas se movimentarão nas vizinhanças 
mediante sistemas altamente desenvolvidos de ônibus e transportes sobre 
trilhos. Haverá menos automóveis particulares. As bicicletasserão veículos 
 
 
137 
importantes no sistema de transporte sustentável. Hoje, mundialmente, já há o 
dobro de bicicletas com relação a automóveis. Nas indústrias sustentáveis, a 
reciclagem será a principal fonte de matéria-prima. O desenho industrial se 
concentrará na durabilidade e no uso reiterado, em vez da vida curta e 
descartável dos produtos. O desejável será uma mentalidade baseada na ética 
da reciclagem. As empresas de reciclagem ocuparão em grande escala, o lugar 
das atuais companhias de limpeza urbana e disposição final do lixo, reduzindo 
os resíduos, pelo menos, em dois terços. 
Uma sociedade sustentável necessitará de uma Base Biológica 
restaurada e estabilizada. O uso da terra seguirá os princípios básicos da 
estabilidade biológica: a retenção de nutrientes, o equilíbrio de carbono, a 
proteção do solo, a conservação da água e a preservação da diversidade de 
espécies. É provável que as áreas rurais tenham maior diversidade que hoje 
em dia, com o uso da terra em equilíbrio de manejo, em que haverá 
rotatividade quanto à plantação e cultivo de espécies. As empresas que 
produzirem alimentos e energia serão mais populares. 
Não haverá desperdício de colheitas. Os bosques tropicais serão 
conservados. Não haverá desmatamento para obtenção de madeira e outros 
produtos. Pelo contrário, milhões de hectares de novas árvores serão 
plantados. Os esforços para deter a desertificação transformarão as áreas 
degradadas em terrenos produtivos. O uso exaustivo de pastagens será 
eliminado, assim como haverá modificação na cadeia alimentar das sociedades 
afluentes, para incluir menos carne e mais grãos e vegetais. 
Novas indústrias sustentáveis estarão mais descentralizadas, 
fomentando maior independência nas grandes cidades. Os sistemas de valores 
que enfatizam a quantidade, a expansão, a competição e a dominação, darão 
lugar à qualidade, à conservação, à cooperação e à solidariedade. À medida 
que a acumulação de riqueza material perca sua fatigante importância, a 
brecha entre ricos e pobres se estreitará, eliminando muitas tensões sociais. 
A característica decisiva de uma economia sustentável será a rejeição 
da cega busca de crescimento. O produto nacional bruto chegará a ser 
reconhecido como um indicador em bancarrota. No lugar do PIB, as mudanças 
 
 
138 
econômicas e sociais, tanto quanto as tecnológicas, serão medidas por sua 
contribuição para a sustentabilidade. Em um mundo sustentável, os 
orçamentos militares serão uma pequena fração do que são atualmente. As 
diferenças ideológicas se dissiparão frente à crescente consciência de que a 
Terra é o nosso lugar comum, não importando os nossos diferentes 
antecedentes culturais. A compreensão de que todos nós compartilhamos esta 
Terra será a fonte de um novo código ético. A imagem de uma futura Terra 
sustentável tem sido pintada com grandes pincéis. 
O desafio das décadas vindouras é aprimorar com detalhes, pelo 
trabalho das corporações, dos governos, das organizações ambientais, dos 
partidos políticos e dos cidadãos. Nós acreditamos que o ideal da 
sustentabilidade é uma preciosa meta, incitante para os seres humanos, 
cansados de uma época esbanjadora e destrutiva. Promete um sentido de 
segurança e oportunidades para esforços de colaboração internacional, que 
tem estado ausente da Terra nas décadas recentes. 
 
 
 
 
 
11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 
 
 
Para pensar em sustentabilidade, devemos primeiro pensar em uma 
Educação Ambiental voltada para a sustentabilidade. Como, também, o novo 
mundo não será criado da noite para o dia, na caminhada para alcançar a 
sustentabilidade, devemos consolidar estratégias de transição. A transição, 
para passar do “desenvolvimento insuportável” para o desenvolvimento 
sustentável exigirá grandes investimentos nas áreas da pesquisa e da 
 
 
139 
educação ambiental. Pesquisar e educar para poder viver da melhor forma 
possível, sem destruir. Assim, Educar é mais que tudo, ensinar a amar. Ensinar 
a amar ler e escrever. Ensinar a amar uma profissão. Ensinar a amar a 
qualidade ambiental e as alternativas sustentáveis de produção. 
As práticas agrupadas sob o conceito de educação ambiental têm sido 
categorizadas de muitas maneiras: educação ambiental popular, crítica, 
política, comunitária, formal, não formal, para o desenvolvimento sustentável, 
conservacionista, socioambiental, ao ar livre, para solução de problemas entre 
tantas outras. 
Uma das práticas que colabora com a implantação da Educação 
Ambiental é a percepção ambiental que pode ser definida como uma tomada 
de consciência pelo homem, ou seja, o ato de perceber o ambiente que se está 
inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo. 
Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às 
ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto resultado 
das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada 
indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejam evidentes, 
são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, 
inconscientemente. 
Em se tratando de ambiente urbano, muitos são os aspectos que, 
direta ou indiretamente, afetam a maioria dos habitantes: pobreza, 
criminalidade, poluição, entre outros. Esses fatores são relacionados como 
fontes de insatisfação com a vida urbana. Entretanto, há também uma série de 
fontes de satisfação a ela associada. As cidades exercem um forte poder de 
atração em função de sua heterogeneidade, movimentação e possibilidades de 
escolha. 
Uma das manifestações mais comuns de insatisfação da população é o 
vandalismo. Condutas agressivas em relação a elementos físicos e 
arquitetônicos, geralmente públicos, ou situados próximos a lugares públicos. 
Isso se dá na maioria entre as classes sociais menos favorecidas, que no dia a 
dia, estão submetidas à má qualidade de vida, desde a problemática dos 
 
 
140 
transportes urbanos, até a qualidade dos bairros e conjuntos habitacionais em 
que residem, hospitais e escolas de que dependem. 
Assim, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância 
para que possamos compreender as inter-relações entre o homem e o 
ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e 
condutas. 
 
 
12 PROTEÇÃO AMBIENTAL 
 
 
Por esse enfoque, o conjunto de ações de proteção ambiental deve ter 
como objetivo manter, controlar e recuperar os padrões de qualidade de vida e 
ambiental. 
O enfoque ecossistêmico é proposto na estratégia das ações de 
proteção ambiental, ou seja, manutenção do balanço ecológico das relações 
entre os componentes bióticos e abióticos, e do fluxo de energia entre eles. 
A incorporação do princípio desse modelo nos processos de educação 
ambiental representa efetivamente a possibilidade de mudar padrões de 
consumo e de produção, de forma a alcançar taxas de consumo de recursos 
naturais e produção de resíduos compatíveis com a capacidade de absorção e 
recuperação dos ecossistemas. 
O sistema de áreas verdes deve priorizar manutenção de espécies 
florísticas que servem de alimento e habitat para a fauna, o que também 
representa aumento das áreas permeáveis no solo urbano e maior capacidade 
de recarga de lençol freático. Isso significa melhor funcionamento do sistema 
de drenagem natural, contribuição na redução do efeito estufa, conforto térmico 
urbano, além dos benefícios paisagísticos e de espaço de lazer. 
 
 
141 
No planejamento do sistema de limpeza pública, a priorização de 
processos de tratamento por compostagem dos resíduos orgânicos possibilita o 
retorno dessa matéria orgânica e de nutrientes para as áreas de produção de 
alimentos, nos cinturões verdes das cidades ou nas áreas rurais; os processos 
de reuso e reciclagem dos resíduos urbanos industriais diminuem a pressão do 
consumo de recursos naturais virgens. 
Nesse enfoque sistêmico, as açõespara gestão da proteção ambiental, 
devem incluir planejamento para o uso adequado dos espaços antrópicos e 
naturais; investimentos em programas de capacitação profissional para preparo 
de recursos humanos no desenvolvimento interdisciplinar de atividades e 
projetos; integração de enfoque nas ações institucionais para proteção e 
sustentabilidade ambiental; priorização em pesquisa para desenvolvimento de 
tecnologias apropriadas e para melhor compreensão do funcionamento dos 
ecossistemas e do impacto potencial das atividades antrópicas; esforços 
deverão ser empreendidos junto aos órgãos de gestão ambiental para sua 
melhor estruturação institucional; estabelecimento de políticas públicas que 
garantam espaços efetivos de participação da comunidade no processo de 
planejamento e implantação de programas de educação ambiental é uma 
condição positiva no processo de caminhar rumo ao desenvolvimento 
sustentável. 
 
 
Conjunto de ações para gestão do controle ambiental. 
 
 
Segundo Philippi e Pelicioni (2005), o Controle Ambiental relaciona-se 
com: 
 
 Implantação de programa de capacitação profissional; 
 
 
142 
 Planejamento territorial; 
 Atividades de pesquisa para desenvolvimento de tecnologias 
apropriadas; 
 Sistemas de saneamento do meio; 
 Organização e capacitação dos órgãos de gestão ambiental; 
 Políticas públicas de participação e de Educação Ambiental. 
 
Para que os espaços urbanos, as áreas rurais e os ecossistemas 
possam atender às necessidades do ser humano (fisiológicas, epidemiológicas 
e psicológicas), da flora, fauna e do meio ambiente, é preciso ordenamento, 
articulação e provisão de equipamentos, racionalizando o espaço e destinando 
corretamente suas partes – recursos naturais, artificiais e humanos. Assim, a 
função do planejamento territorial é criar condições adequadas para a 
sociedade exercer suas atividades de circulação, recreação, trabalho e 
habitação e manter o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. 
A manutenção do meio ambiente é uma das condições necessárias 
para a qualidade de vida. É preciso, então, planejar o espaço, de modo a 
garantir a conservação e o controle do uso de recursos naturais e artificiais, o 
gerenciamento de resíduos, o conforto térmico, acústico, visual e espacial, ou 
seja, condições ambientais que diminuam ou evitem o risco de exposição da 
população ao agravo de sua saúde. 
 
 
13 SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas 
como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, 
mental e social. A VIII Conferência Nacional de Saúde Pública, realizada em 
1986, marco importante na discussão no Brasil da relação saúde/doença, 
 
 
143 
ampliou esse conceito, incluindo na definição de saúde o acesso a condições 
de vida e trabalho, bem como o acesso igualitário de todos aos serviços de 
promoção, proteção e recuperação da saúde, colocando como uma das 
questões fundamentais a integridade da atenção à saúde e a participação 
social. 
Nos últimos anos, tem-se observado que a finalidade dos projetos de 
saneamento tem saído de sua concepção sanitária clássica, recaindo em uma 
abordagem ambiental, que visa não só promover a saúde do homem, mas, 
também, a conservação do meio físico e biótipo. Com isso, a avaliação 
ambiental dos efeitos dos sistemas de saneamento nas cidades consolidou-se 
como uma etapa importante no processo de planejamento, no que se refere à 
formulação e seleção de alternativas e à elaboração e detalhamento dos 
projetos selecionados. 
A compreensão dessas diversas relações revela-se um pressuposto 
fundamental para o planejamento dos sistemas de saneamento em centros 
urbanos, de modo a privilegiar os impactos positivos sobre a saúde pública e 
sobre o meio ambiente. Ressalta-se que o conceito de saneamento 
compreende os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a 
coleta e disposição de resíduos sólidos, a drenagem urbana e o controle de 
vetores. 
O planejamento e gerenciamento do conjunto de sistemas que 
compõem o saneamento do meio devem cumprir com objetivos sanitários o 
atendimento a padrões de potabilidade da água distribuída à população; coleta, 
tratamento e destinação de resíduos com eficiência que atenda a padrões 
legais, evitando, desse modo, riscos de agravo à saúde e à qualidade de vida, 
e proteção ambiental. 
Os objetivos estéticos também devem ser observados, uma vez que a 
poluição dos ecossistemas poderá interferir nos usos desejáveis, impedindo 
atividades de lazer, circulação, trabalho e habitação, por exemplo. 
As questões ambientais e de saúde conhecem novos desafios em 
função dos avanços da humanidade engendrados pelo desenvolvimento, que 
 
 
144 
impacta de maneira importante o ecossistema e a qualidade de vida das 
pessoas, nacional e internacionalmente. Essas alterações, que encontram 
correspondência na dimensão individual (com implicações significativas nas 
condições de saúde), vêm imprimindo estilos de vida com baixa 
sustentabilidade para comportamentos considerados saudáveis. 
Cada vez mais organismos multilaterais, cientistas e militantes de 
movimentos ecológicos alertam para a tendência mundial de agravamento dos 
riscos ambientais, evidenciando que a produção e a distribuição dos riscos 
ampliam as vulnerabilidades da espécie humana. Apesar dessas visões, 
persiste uma situação crítica que coloca em risco a saúde da população, com 
comprometimento da qualidade da água e ar associados a processos 
contínuos de desequilíbrio do ecossistema. 
O informe da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano de 
2002, intitulado Reducir los riesgos y promover una vida sana, mostra um 
paradoxo mundial do consumo, acentuando a clivagem entre países ricos e 
pobres. Muitos dos riscos examinados nesse informe são produzidos pelo 
paradoxo do consumo insuficiente entre os pobres e excessivos no caso dos 
privilegiados. Principalmente nos conglomerados urbanos, persiste a 
manifestação de um quadro de enfermidades não transmissíveis associadas 
aos maus hábitos e aos alimentos, coexistindo com a desnutrição em áreas 
mais pobres. 
Segundo a OMS (2002), podem-se considerar esses os dez riscos 
regionais e mundiais mais importantes para a falta da saúde: insuficiência 
ponderal, práticas sexuais de risco, hipertensão arterial, tabagismo, alcoolismo, 
água insalubre, saneamento e higiene insuficientes, carência de ferro, fumaça 
de combustíveis sólidos em espaços fechados, hipercolesterolemia e 
obesidade. Juntos, esses fatores são responsáveis por mais de um terço de 
toda mortalidade mundial. A maioria dos fatores de risco examinados nesse 
informe guarda estreita relação com os hábitos de vida, e em particular com o 
consumo excessivo ou insuficiente. No extremo oposto da pobreza se encontra 
a sobrealimentação, qualificada como sobreconsumo. 
 
 
145 
Na esteira dessa realidade observa-se que os riscos comuns 
relacionados às sociedades ricas (tais como hipertensão arterial, 
hipercolesterolemia, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e 
sedentarismo) e enfermidades associadas predominam em todos os países de 
ingressos medianos e altos. Mais dramático ainda é o quadro prevalente nos 
países periféricos, com nítida acumulação epidemiológica, onde se origina uma 
dupla carga ao somarem-se as enfermidades infecciosas, com maior incidência 
nestes países, as não transmissíveis produzidas pelas novas condições de 
produção e consumo do mundo moderno. 
Em relação a essa última tendência, o que se pode observar é que 
ainda persiste uma expansão rápida de epidemias relacionadas a tais 
enfermidades que provocam em torno de 60% da mortalidade mundial e que, 
por sua vez, guarda uma relação manifesta com a evolução dos hábitos 
alimentares, com o consumo constante de alimentos industrializados, com alto 
teor de gorduras, salgados ou açucarados.14 EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
Primeiramente, temos que definir o que é epidemiologia para podermos 
estabelecer uma ponte com a educação ambiental. 
Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos 
determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas 
populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde. 
 
 
146 
No segmento de tempo anterior aos últimos dez mil anos, cobrindo 
uma enorme extensão da evolução do homo sapiens, fase denominada pré-
agrícola, essa espécie mantinha uma estreita relação com a natureza. Os 
grupos tribais alimentavam-se de raízes, frutos, sementes e outras partes de 
vegetais. A caça e a pesca forneciam-lhe as proteínas. Quando os recursos da 
área ocupada se esgotavam, eles se deslocavam para um novo sítio. Em 
resumo, nessa grande fase, o comportamento dos povos da Terra obedecia ao 
estilo nômade-coletor-caçador. Ainda na atualidade, tribos indígenas isoladas 
mantêm estilo de vida semelhante. Os ecossistemas terrestres mantiveram-se 
praticamente intactos, pois esse modo de relacionamento não degradava 
exaustivamente o ambiente. 
No final da fase pré-agrícola, estima-se que a população da Terra teria 
alcançado os cinco milhões de habitantes. Nessa época, há cerca de dez mil 
anos, a espécie humana já estaria dispersa por todos os continentes. 
Estando os ecossistemas terrestres totalmente povoados, tinha-se o 
comportamento nômade comprometido, pois, diante da necessidade de 
migração, as vizinhanças já estariam tomadas, gerando conflitos e guerras. 
Para o referido estilo de vida, a capacidade de suporte da Terra estaria em seu 
limiar, o que teria funcionado como uma força de pressão seletiva, levando as 
populações a adotarem uma nova maneira de relação com o ambiente. Entre 
vários povos e culturas, surge em diferentes lugares e em épocas distintas a 
fase agrícola, que continua seu desenvolvimento até os dias atuais. 
No início do domínio agrícola, o homem começou o processo de 
domesticação de plantas e animais. Essa nova relação permitiu o aumento da 
produção de alimentos. Surgiram as comunidades fixas, pois já não era 
necessário o deslocamento em busca de alimento exclusivamente pelo 
extrativismo. 
Logo no início da era industrial, por causa do estabelecimento dessa 
atividade junto às áreas urbanas e diante da necessidade de mão de obra, 
ocorreu uma grande expansão das cidades nas regiões onde a industrialização 
se efetivara. Esse crescimento era principalmente marcado pela migração no 
sentido rural-urbano. Além desse aspecto, a demografia era caracterizada 
 
 
147 
pelas elevadas taxas de natalidade. Como um todo, porém, a população da 
Terra crescia em um ritmo lento, em razão da elevada mortalidade, 
principalmente por agravos profissionais e doenças infecciosas. O 
desenvolvimento científico era precoce e a saúde-doença era debatida à luz da 
teoria miasmática. Não havia ainda a consciência de saneamento e as 
condições de trabalho eram deploráveis. 
No mundo atual, o crescimento rápido da população humana tem 
exercido severa pressão sobre os resíduos de ambientes naturais que ainda 
subsistem. Tais ecossistemas que podem ser considerados exemplos de 
autossustentabilidade detêm biodiversidade que se mantém pouco perturbada. 
A agricultura moderna, altamente produtiva, tem avançado para as 
áreas naturais, ocasionando perda da biodiversidade. Os terrenos agrícolas 
são totalmente manipulados pelo homem. Funcionam com elevado gasto 
energético, além do artificialismo na aplicação de produtos como adubos, 
herbicidas, fungicidas, inseticidas, entre outros. Os espaços intensamente 
utilizados para fins de produção sofrem os mais variados impactos. A 
degradação do solo, manifestada pela erosão, lixiviação de fertilizantes, 
salinização e desertificação, serve de diagnóstico do declínio rural. A expansão 
das pragas agrícolas e o uso obrigatório de produtos tóxicos para evitar perdas 
econômicas trazem geralmente como consequência à contaminação dos 
trabalhadores, bem como dos produtos que carregarão sempre certa dosagem 
de venenos e que serão consumidos como alimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
148 
 
15 MEIO AMBIENTE E OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS 
 
 
A agricultura, em conjunto com outros elementos tais como água, 
energia, saúde e biodiversidade, tem uma função de grande relevância na 
conquista do Desenvolvimento Sustentado. A indústria de fertilizantes, por sua 
vez, tem desempenhado, por mais de 150 anos, um papel fundamental no 
desenvolvimento da agricultura e no atendimento das necessidades 
nutricionais de uma população continuamente crescente. De fato, basta 
mencionar que, em geral, os fertilizantes são responsáveis por cerca de um 
terço da produção agrícola, sendo que em alguns países os fertilizantes 
chegam a ser responsáveis por até 50% das respectivas produções nacionais. 
Os defensivos agrícolas são inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros, 
destinados ao controle de pragas que atacam as plantações. Porém, essas 
substâncias podem atingir os corpos d’água, pelos meios já vistos, e se são 
tóxicos às pragas, também o são, em sua maioria, aos seres humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
149 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fertilizantes 
 
 
FIGURA 08 
 
FONTE: Disponível em: <www.melbar.com.br>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
 
150 
 
Os fertilizantes promovem o aumento de produtividade agrícola, 
protegendo e preservando milhares de hectares de florestas e matas nativas, 
assim como a fauna e a flora. Sendo assim, o uso adequado de fertilizantes se 
tornou ferramenta indispensável na luta mundial de combate à fome e 
subnutrição. 
Fertilizantes minerais são materiais, naturais ou manufaturados, que 
contêm nutrientes essenciais para o crescimento normal e o desenvolvimento 
das plantas. Nutrientes de plantas são alimentos para as espécies vegetais, 
algumas das quais são utilizadas diretamente por seres humanos como 
alimentos, outras para alimentar animais, suprir fibras naturais e produzir 
madeira. O homem e todos os animais dependem totalmente das plantas para 
viver e reproduzir. A percepção pública sobre fertilizantes minerais geralmente 
não leva em conta esses simples fatos. 
O uso excessivo de fertilizantes é responsável pela maior parte das 
emissões, ou 2,1 bilhões de toneladas, de CO2 anuais. O excesso de 
fertilizantes provoca a emissão de óxido nitroso (N2O), que é 300 vezes mais 
potente que o CO2 na mudança do clima. 
O êxito da aplicação dos fertilizantes vai depender da conveniente 
aplicação dos diversos fatores associados aos condicionalismos agroclimáticos 
e culturais, mas, em qualquer caso, é sempre indispensável começar por se 
saber quais são os fertilizantes que podem ser aplicados e quais as 
características que cada um deles possui. 
 
 
Pesticidas 
 
FIGURA 09 
 
 
151 
 
FONTE: Disponível em: <blogdobira.acessepiaui.com.br>. Acesso em: 
10/09/2012 
 
 
Inseticida é um tipo de pesticida usado para exterminar insetos, 
destruindo ovos e larvas principalmente. Os inseticidas são utilizados na 
agricultura, na indústria e nas casas. 
Ao longo da história, diversos tipos de materiais de origem natural já 
foram usados contra os insetos, tais como o mercúrio, o arsênico, a nicotina e o 
tabaco. 
O desenvolvimento de novos inseticidas foi alavancado pela 
necessidade de se criar produtos menos tóxicos. O notório DDT foi criado 
como uma alternativa mais segura, se comparado com os inseticidas anteriores 
que usavam arsênico em sua composição, por exemplo. No entanto, o uso 
exacerbado da substância pode oferecer riscos à natureza e ao homem. 
 
 
 
Dedetização 
 
 
Com a popularização na aplicação doméstica do DDT, a partir dos 
anos 60, a ação de desinsetizar também passou a ser chamada de "dedetizar" 
(da pronúncia dedetê), sendo, inclusive, consagrado na música Mosca na 
Sopa,de autoria do cantor e compositor Raul Seixas, em 1973. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesticida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Larva
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Merc%C3%BArio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ars%C3%AAnico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicotina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco
http://pt.wikipedia.org/wiki/DDT
http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_60
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Compositor
http://pt.wikipedia.org/wiki/1973
 
 
152 
O uso de inseticidas é considerado como um dos principais fatores 
responsáveis pelo aumento da produtividade agrícola durante o século XX. No 
entanto, a maior parte dos inseticidas oferece riscos para o meio ambiente, por 
meio de impactos nos ecossistemas gerados pela poluição da água 
(principalmente); além de causarem riscos para a saúde dos seres humanos, 
pois muitos são tóxicos. Outros, por sua vez, são encontrados em alimentos 
contaminados por inseticidas. 
Pode-se dizer que a evolução humana é um processo que gera 
doenças, por meio da sua atuação com o meio ambiente. Observa-se a 
infinidade de novos fatores aos quais estão somando-se aos antigos, que o 
homem moderno está exposto. Depreende-se que, dada a capacidade criativa 
ou imaginativa do homem, com o avanço científico e tecnológico, as ações 
humanas, muitas vezes, impactam inadvertidamente o ambiente. Grande parte 
dos fatores ambientais que afetam a saúde humana é de natureza antrópica, 
ou seja, é desencadeada pelo próprio homem. 
Destaca-se, nesse contexto, a importância da Epidemiologia Ambiental, 
cuja ênfase está na discussão dos fatores do meio que atuam na geração de 
doenças. Se grande parte desses fatores é potencializada pela ação ou pelo 
comportamento humano, então, a educação ambiental, com base no 
conhecimento gerado pelos estudos epidemiológicos, poderá priorizar a 
conquista de comportamentos saudáveis, protetores da saúde e, ao mesmo 
tempo, atuar na reversão de comportamentos de risco. Assim, a educação 
ambiental necessita da Epidemiologia como base científica multifisciplinar para 
auxiliá-la na interpretação de fatores determinantes que agravam a qualidade 
de vida humana. 
Na Epidemiologia, o hospedeiro que ocupa a discussão é o próprio 
homem. Nesse aspecto, essa ciência é antropocêntrica. Muitas características 
do homem podem constituir fatores que ajudam a propiciar a doença. Citam-se 
algumas delas: sexo, idade, condição socioeconômica, ocupação, raças, 
etnias, entre outras. 
O ambiente é sem dúvida importante componente do sistema em 
discussão. Sob o ponto de vista ecológico, não se pode conceber esses 
elementos isolados. Entre o agente, o hospedeiro e o ambiente, a alteração de 
qualquer natureza pode provocar desequilíbrio. Fatores ambientais associados 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Produtividade
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_(ecologia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alimento
 
 
153 
às doenças podem ser de origem física biológica e social. O meio físico é 
propiciador de numerosos fatores que podem em certas situações favorecer ou 
estimular a doença. 
O meio biológico também pode estar correlacionado com a saúde ou a 
doença. No mundo contemporâneo, cada vez mais, a preservação do ambiente 
é vista como importante para a sobrevivênca humana. Reservas, parques, 
estações ecológicas são mantidos, para a proteção da biodiversidade. 
Reconhece-se que espécies silvestres de animais ou plantas podem conter 
importantes princípios ativos, muitos ainda desconhecidos, que servirão de 
base para a síntese de medicamentos. 
Nas áreas urbanas, a manutenção de espaços verdes torna-se 
necessária, pois eles funcionam como tampão para equilibrar o clima e 
amenizar a poluição. Há várias definições de áreas verdes: 
a) Aspectos estéticos: combinações de formas e cores da vegetação, 
arbustos educados por podas drásticas para formar figuras além de 
canteiros floridos. 
b) Aspectos sociais: consideram o uso como trilhas para caminhadas, 
bancos para descanso, play-grounds, espaços para manifestações 
artísticas. 
c) Aspectos ecológicos: microclima mais ameno e despoluído, aumento 
do teor de umidade e de oxigênio. 
d) Áreas verdes podem ser definidas como espaços abertos com 
cobertura vegetal e uso diferenciado, integrado no tecido urbano e 
que a população tem acesso. Classificações internacionais incluem 
como áreas verdes: campos de esporte, jardins botânicos, 
zoológicos, cemitérios modernos formados por extensos gramados, 
interrompidos apenas por lápides. 
e) As áreas verdes não devem ser encaradas como corpos estranhos 
de uma cidade, mas devem ser vistas como importantes elementos 
integrantes e participantes da estrutura e da dinâmica urbana. Um 
índice (discute-se se este foi estabelecido pela ONU, ou não) sugere 
12 metros quadrados de área verde por habitante para que haja 
equilíbrio entre a quantidade de oxigênio e gás carbônico. Se 
incluirmos todas as atividades antrópicas com combustão (indústria, 
 
 
154 
tráfego, atividades domésticas) este índice se eleva para 75 m² por 
habitante. 
 
Praticamente, todas as cidades brasileiras acusam menos de 5 m² por 
habitante, portanto, elas são deficientes em áreas verdes, fato que se explica 
pela falta de conhecimentos acerca da importância das áreas verdes por parte 
das autoridades e também pelo alto custo de preparação e aquisição de 
mudas, podas, limpeza, combate às pragas, estragos em tubulações e fiação 
elétrica. 
Sabemos que áreas verdes não precisam ser necessariamente 
extensas, ao contrário, podem ser pequenas em área, mas numerosas. São 
cidades verdes as que possuem cobertura vegetal, especialmente arbórea em 
todo o espaço urbano: parques, jardins, quintais, ruas e avenidas e ao longo de 
rios e lagos. 
As vantagens da existência de áreas verdes são inúmeras: 
 
f) Criação de microclima mais ameno que exerce função de centro de 
alta pressão e se reflete de forma marcante sobre a dinâmica da ilha 
de calor e do domo de poluição. 
g) Despoluição do ar de partículas sólidas e gasosas, dependendo do 
aparelho foliar, rugosidade da casca, porte e idade das espécies 
arbóreas. 
h) Redução da poluição sonora, especialmente por espécies 
aciculiformes (pinheiros) que podem acusar redução de 6 a 8 
decibéis. 
i) Purificação do ar pela redução de micro-organismos. Foram medidos 
50 micro-organismos por metro cúbico de ar de mata e até 
4.000.000 por metro cúbico em shopping centers. 
j) Redução da intensidade do vento canalizado em avenidas cercadas 
por prédios. 
k) Vegetação como moldura e composição da paisagem junto a 
monumentos e edificações históricas. 
 
 
 
 
155 
Considerada a cidade mais arborizada do Brasil, onde cada habitante 
tem direito, aproximadamente, a 17m² de área verde, além de mais de 
1.200.000 árvores plantadas nas calçadas, Porto Alegre possui mais de 700 
praças, 10 grandes parques, três reservas biológicas e diversos morros 
preservados. A cidade de Dourados é considerada a cidade mais arborizada do 
estado de Mato Grosso do Sul, com cerca de 60 m² de área verde para cada 
habitante. 
 
 
16 MEIO AMBIENTE E AGROPECUÁRIA 
 
 
FIGURA 10 
 
FONTE: Disponível em: <www.veja.abril.com.br>. Acesso em: 10/09/2012 
 
 
Na pecuária mantém seus rebanhos em condição artificial. Se 
extensiva, cobre grandes áreas com a monocultura do capim, simplificando o 
meio biológico. É sabido que o intenso pastoreio provoca danos irreversíveis ao 
terreno, por causa do pisoteio, que facilita a perda de camadas superficiais por 
erosão e abertura de sulcos ou ravinas eaté voçorocas. Diminui-se a 
capacidade de suporte desses terrenos para manter as comunidades 
 
 
156 
biológicas. Esses ambientes desequilibrados são propícios à proliferação de 
pragas entomológicas, que podem invadir áreas agrícolas. 
Na pecuária intensiva, os animais confinados podem gerar problemas, 
principalmente pelo acúmulo do esterco e seu manejo que, nem sempre, é feito 
corretamente. É comum a proliferação intensa de moscas, que se deslocam 
para comunidades humanas. Ressalta-se que, de maneira geral, muitas 
espécies desses dípteros podem servir de vetor mecânico a inúmeras 
infecções. O combate aos insetos que atacam os rebanhos exige aplicação de 
venenos por diversas estratégias, que logicamente contaminam esses animais 
e seus produtos. 
 
 
17 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
 
 
História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos 
interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do 
meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as 
primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em 
qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as 
alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. 
A história natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois 
períodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No 
primeiro, o interesse é dirigido para a relação suscetível-ambiente; no segundo, 
interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Abrange, 
portanto, dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, 
que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio 
interno, lócus da doença, onde se processaria, de forma progressiva, uma série 
de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de uma 
determinada enfermidade. 
Alguns fatores são limítrofes. Situam-se, de forma indefinida, entre os 
condicionantes pré-patogênicos e as patologias explícitas. São anteriores aos 
 
 
157 
primeiros transtornos vinculados a uma doença específica, sem se confundir 
com a mesma e, ao mesmo tempo, são intrínsecos ao organismo do suscetível. 
Em uma situação normal, em ausência de estímulos, jamais se exteriorizariam 
como doenças. Dentre as pré-condições internas, citam-se os fatores 
hereditários, congênitos ou adquiridos em consequência de alterações 
orgânicas resultantes de doenças anteriores. 
 
 
17.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE 
 
 
O primeiro período da história natural. É a própria evolução das inter-
relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e 
ambientais e, de outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a 
uma configuração favorável à instalação da doença. É também a descrição 
desta evolução; envolve as inter-relações entre os agentes etiológicos da 
doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o 
desenvolvimento da enfermidade e as condições socioeconômico-culturais que 
permitem a existência desses fatores. 
 
 
17.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE 
 
 
A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e 
evolução no homem. É o período da patogênese. Esse período se inicia com 
as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. 
Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as 
 
 
158 
perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, 
cronicidade, morte ou cura. 
 
 
 
 
17.3 PERÍODO DO DESFECHO 
 
 
Na última fase da história natural da doença, no período pós-fase 
clínica, irá naturalmente ocorrer um desfecho. Quais as alternativas desse 
desfecho? Quando um organismo adoece, a evolução final do processo levará 
a uma das seguintes possibilidades: morte, recuperação ou sequela. 
Aos que morreram, deverá ser preenchida uma declaração de óbito. 
Convém salientar que toda estatística de mortalidade, no país e fora dele, é 
feita com base na informação originalmente levantada na referida declaração. 
Para algumas doenças infecciosas de alta transmissibilidade, o fato de caixão 
ser lacrado é de extrema importância para evitar contato e passagem do 
agente para pessoas no período do cerimonial. 
Os recuperados voltam para o contingente dos saudáveis. Continuarão 
correndo o risco de adquirir novas doenças ou recaída da doença anterior. 
Infecções que conferem resistência permanente, como o sarampo, não devem 
voltar a se manifestar no acometido sob a forma clínica. De maneira bastante 
generalizada, todas as pessoas que adoeceram ou sofreram algum agravo 
ficam com alguma marca, muitas vezes, imperceptível fisicamente, mas 
registrada na memória imunológica ou nas lembranças, embora algumas 
medidas possam ser tomadas em relação aos mortos e curados; é referente 
aos sequelados a ênfase da prevenção no período do desfecho da história 
natural. Essa é categorizada como prevenção terciária de quinto nível. 
 
 
159 
 
 
18 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL, EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL 
 
 
Há uma corrente teórica que continua a defender o Tratado de 
Educação Ambiental para Sociedades e Responsabilidade Global, elaborado 
durante encontro internacional, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. 
A palavra desenvolvimento, entre outros significados, implica 
adiantamento, crescimento, aumento e progresso. Trata-se de estágio 
econômico, social e político de uma comunidade, caracterizado por altos 
índices de rendimento dos fatores de produção, ou seja, os recursos naturais, o 
capital e o trabalho. 
Seguindo essa linha de raciocínio, podem ser feitas algumas reflexões: 
 
1) O desenvolvimento sustentável serviria a quais grupos de interesse? 
2) Quais seriam os benefícios a serem atingidos? 
3) Empreender esforços nesse sentido seria mesmo importante para o 
futuro da humanidade? 
4) A preservação da Amazônia interessaria às multinacionais ou aos 
países industrializados? 
5) Que retorno o Brasil teria ao investir em políticas públicas que 
garantissem a sustentabilidade daquela região? 
 
A política global da humanidade baseada em um modelo 
socioeconômico desequilibrado está comprometendo rapidamente a 
capacidade de suporte necessária à manutenção da vida no planeta. A miséria 
se intensifica no mundo, privando as pessoas do acesso ao alimento, à saúde, 
 
 
160 
à educação, ao transporte, à habitação, entre outros. Para combater essa 
situação caótica, cada sociedade deve se organizar de acordo com sua cultura, 
ambiente e história, definindo seus próprios modelos de produção e consumo. 
Para Rodrigues (1996), uma sociedade sustentável pode ser definida 
como a que vive e se desenvolve integrada à natureza, considerando-a um 
bem comum. O que se preconiza é o respeito à diversidade biológica e 
sociocultural. Essa estratégia de desenvolvimento está centrada no exercício 
responsável e consequente da cidadania, o que implicaria distribuição 
equitativa das riquezas geradas. Não utilizaria recursos além da capacidade de 
renovação destes, o que desencadearia processo favorável à garantia de 
condições dignas de vida para as gerações atuais e futuras. 
Como última reflexão, seria interessante especular qual seria o real 
papel da epidemiologia e da educação ambiental na contribuição para a 
construção da sociedade sustentável. Que o desafio a essa resposta não se 
prenda a conceitos teóricos, porém sirva como estímulo aos empreendedores 
das políticas e aos efetuadores das ações, que garantirão a melhora da 
qualidade ambiental, fator decisivo à conquista de um padrão almejado. 
 
 
19 OCUPAÇÃO EXISTENCIAL DO MUNDO: UMA PROPOSTA 
ECOSSISTÊMICA DA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
O mundo hoje padece sob o impacto de poderosos interesses, cujas 
estratégias econômicas, políticas e culturais afetam gravemente a saúde física, 
mental e social, tanto nos países desenvolvidos como não desenvolvidos,com 
terríveis consequências para a saúde e o meio ambiente. 
A definição e a compreensão dos problemas, controladas por esses 
mesmos interesses, são prejudicadas por representações fragmentadas da 
 
 
161 
realidade, que se limitam às “bolhas de superfície”, objeto de discursos 
acadêmicos ou manchetes de jornais, ignorando o caldo no bojo do caldeirão. 
Os problemas básicos estão no bojo do caldeirão efervescente, não nas bolhas 
que aparecem na superfície. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 11 
 
 
 
162 
 
 
 
FONTE: Philippi Jr. & Pelicioni, Educação Ambiental e Sustentabilidade, 2005. 
 
 
A “inclusão” nesse sistema de coisas gera um círculo vicioso: os novos 
“incluídos” acreditam que podem gozar irrestritamente das “benesses” 
oferecidas pelo sistema que os excluiu, debitando às próprias vítimas 
 
 
163 
problemas estruturais, sem questionar as estruturas responsáveis pela 
exclusão. 
O pluralismo construtivo não ignora, não nivela nem suprime as 
diferenças, mas aceita a diversidade, transforma-a e enriquece em termos de 
um sentido moral e cultural para a existência, opondo-se à visão reducionista, 
em que a informação passa a significar conhecimento; esquemas operacionais 
e táticos assumem o lugar da ação-reflexão; identifica-se e classifica-se, 
reduzindo atos, situações e valores implicados; toma-se o possível pelo 
provável, excluindo o possível-impossível, o imaginário, o utópico e a 
transgressão; reduz-se o risco ao aleatório; o jogo à previsão; o diferente ao 
indiferente; o complexo ao simples; o plural ao único, repetitivo e monótono. 
Sob o patrocínio de uma devastadora rede de “produtores e 
consumidores egocêntricos”, legitima-se uma cultura de gozo imediato e 
exclusivo de recursos, posições e recompensas, em que alguns podem usufruir 
todos os “direitos”, enquanto os demais acumulam toda sorte de obrigações. 
A problemática atual tem como pano de fundo uma vivência 
desastrosa, repercute de forma cruel sobre os segmentos desfavorecidos da 
população, cortados em seu desenvolvimento e incentivados a buscar, a 
qualquer preço, o estilo de vida imposto pela sociedade de consumo, na 
tentativa de se igualar aos mais privilegiados. 
A capacidade de escolha e decisão é afetada pelo lado da oferta, por 
um quadro de “opções” preestabelecidas pelas estratégias de “marketing” e 
propaganda, pelo lado da demanda, pela perda de sensibilidade e capacidade 
crítica para distinguir o que efetivamente importa para a qualidade de vida. 
A realidade, tanto física como social expressam diferentes espécies de 
conexões, não resulta da soma de diferentes objetos. Pode ser pensada como 
um gigantesco holograma, no qual cada região de espaço-tempo reflete os 
diferentes níveis de complexidade de sistemas e subsistemas. 
Como indivíduos dotados de subjetividade, estamos imersos em uma 
rede de relações imediata, sofremos e reagimos às injunções de uma 
sociedade maior e somos afetados pelas condições de nossos corpos e pelo 
 
 
164 
ambiente que nos envolve, sobre o qual exercemos uma influência cada vez 
maior, em termos de seus aspectos naturais e construídos. 
Reconhecer a dimensão íntima é reconhecer o sentido que o mundo 
assume para cada um, reconhecer a dimensão interativa é reconhecer que 
esse sentido é mediado pelos grupos de referência, reconhecer a dimensão 
social é reconhecer o contexto cultural, político e econômico, reconhecer a 
dimensão biofísica é reconhecer o ambiente natural e construído. 
Cada dimensão de mundo expressa a si mesma e também espelha 
todas as demais. Aspectos da dimensão íntima (crenças, valores, atitudes) 
refletem influências recebidas pelos sujeitos nas dimensões interativa (grupos a 
que pertencem), social (sociedade da qual fazem parte) e biofísica (ambiente 
em que vivem). 
A dimensão biofísica circunda e constitui o próprio homem; está tanto 
“fora” (ambiente) como “dentro” (células, órgãos, sistemas). A representação de 
mundo passa a ser um fenômeno que ocorre no próprio mundo, como parte 
integrante dele; as “realidades” do homem e do mundo são interdependentes. 
Para a análise dos eventos, é necessário considerar as configurações 
formadas pela imbricação das diferentes dimensões de mundo, associando 
motivações (dimensão íntima), apoios reais ou simbólicos de grupos de 
referência (dimensão interativa), prêmios e sanções (dimensão social) e os 
ambientes de vida (dimensão biofísica): dimensão íntima, características dos 
sujeitos, enquanto mediadores entre variáveis “objetivas” e “subjetivas” (locus 
de controle, habilidades, autoestima, motivos, expectativas, crenças, desejos). 
 Dimensão interativa, características dos grupos primários e de 
referência (familiares, colegas, amigos, pares, associados), enquanto locus de 
acolhimento, apoio mútuo, trocas afetivas, construção de significados comuns, 
liderança compartilhada, diálogo, coesão e inclusão. 
 Dimensão social, características da sociedade, condições 
econômicas e políticas, direitos e deveres, qualidade e equidade, trabalho, 
segurança, cultura, comunicação, cidadania, saúde, ambiente, transporte, 
moradia, lazer. 
 
 
165 
 Dimensão biofísica, características do ambiente natural e construído, 
cidades e campos, seres vivos, ecossistemas, cenários, logradouros, vias, 
habitats, fauna, flora, clima, matéria e energia. As dimensões de mundo podem 
estar em equilíbrio ou em desequilíbrio. 
 No modelo ecossistêmico de cultura estão em equilíbrio dinâmico; 
singularidade e reciprocidade são aspectos complementares; há interação, 
“feedback” e desenvolvimentos recíprocos; as diferenças são enriquecedoras; 
as dimensões têm um papel pró-ativo, em termos de doação e recepção. 
 No modelo não ecossistêmico estão em desequilíbrio, há destruição 
e ruptura, diferenças e conflitos são exacerbados, o poder torna-se “domínio e 
exploração”; a riqueza, “exploração predatória”; o crescimento, “expansão 
ilimitada”; o trabalho, “especialização segmentada”. 
 
 
19.1 QUALIDADE DE VIDA E CIDADES SAUDÁVEIS 
 
 
Cidades saudáveis possuem ambientes seguros e limpos (incluindo a 
moradia); ecossistemas estabilizados e sustentáveis; comunidades fortes, 
solidárias e não autodestrutivas; ampla participação e controle públicos nas 
questões de qualidade de vida e atendimento às necessidades básicas; acesso 
a variada gama de experiências e recursos, contatos, interação e comunicação; 
acesso universal aos cuidados de saúde/doença; alto nível de saúde pública; 
preservação da memória urbana, da herança cultural e biológica dos cidadãos; 
entorno urbano e economia diversificada, vital e inovadora. (OMS, 1992). 
A qualidade de vida é mais uma questão de processos do que de 
produtos. Depende tanto da cultura vigente, do meio ambiente, da organização 
social (saúde, educação, trabalho, lazer), das redes de apoio contra os 
estigmas, quanto do clima familiar, da vizinhança, dos grupos de filiação e 
referência, dos possíveis espaços de vivência alternativos, muitas vezes 
limitados, nas periferias das grandes cidades, a grupos vítimas de um 
 
 
166 
complexo de problemas, que se refugiam na criminalidade e no consumo de 
drogas. 
Anomalias no projeto de vida de largas parcelas da população, 
ausência de “capital social”, espaços coletivos degradados e segregados, 
inadequação de serviços públicos, transporte penoso e caótico, mercantilização 
de meios de comunicação social, lazer e cultura, precariedade de moradia e de 
trabalho, má distribuição de renda conjugam-se para criar situações altamente 
adversas, situações-limite à saúde física, mental e social. 
Nas periferias das gigantescas metrópoles de hoje as pessoas 
necessitam de condições e habilidades para lidar com os problemas 
quotidianos de qualidade de vida; questões atuais e passadas ao longo do 
histórico de vida de milhões de pessoas são responsáveis por agravos e 
experiênciastraumáticas, que se repetem ao longo de gerações sucessivas, 
diminuindo as chances de construção de um capital social. 
O capital social é um bem coletivo, de que ninguém pode se apropriar 
individualmente e que intervém na vida social na forma de um respeito às 
obrigações mútuas e às normas de comportamento que geram relações de 
confiança e transcendem as meras preocupações de interesse para criar o 
marco moral do grupo envolvido. 
Os problemas ambientais estão associados às questões cruciais de 
nossos tempos: dar um sentido moral e cultural à existência, desenvolver uma 
genuína comunicação entre as pessoas, construir novos paradigmas em face 
de novas realidades, questionando epistemológica e axiologicamente as 
posições cientificistas estéreis, ingênuas ou maliciosamente vinculadas ao 
atual sistema de coisas. 
 
Características do modelo ecossistêmico de cultura 
 
 
 
167 
 Um modelo ecossistêmico de cultura é uma configuração dinâmica, 
em que todas as dimensões do mundo (íntima, interativa, social e 
biofísica) estão associadas em termos de doação e recepção. 
 Um modelo ecossistêmico de cultura caracteriza-se pelos princípios 
de singularidade (promoção da identidade de cada dimensão) e 
comunalidade (promoção da reciprocidade entre todas). 
 Ética, educação, saúde, ambientes saudáveis e qualidade de vida 
são expressões do modelo ecossistêmico de cultura, nele se 
originam de forma endógena e nele prosperam. 
 Eventos fortes e sustentáveis em ética, educação, saúde, meio 
ambiente e qualidade de vida demandam projetos orientados por 
paradigmas inerentes ao modelo ecossistêmico de cultura. 
 Princípios de ética, educação, saúde e qualidade de vida sem 
sofrer artificiosa manipulação nos modelos não ecossistêmicos de cultura em 
benefício da preservação do próprio status quo. 
 Princípios de ética, educação, saúde e qualidade de vida não 
prosperam na vigência de modelos não ecossistêmicos de cultura, não 
ultrapassando a condição de “remendos em tecidos corrompidos”. 
 Modelos não ecossistêmicos de cultura destroem a singularidade 
e a reciprocidade entre as quatro dimensões de mundo, produzindo os mais 
variados agravos à qualidade de vida. 
 
 
20 PROMOÇÃO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE 
 
 
A importância da educação para a promoção da saúde é inegável e 
tem sido reconhecida por meio dos tempos por diferentes autores como fator 
imprescindível para a melhoria da qualidade de vida. 
As práticas de saúde adequadas não decorrem de experiências 
contínuas de ensino-aprendizagem e acabam influenciando as decisões a 
 
 
168 
serem tomadas ao longo da existência dos indivíduos, podendo contribuir para 
diminuir, manter ou elevar o seu nível de saúde. 
A abordagem educativa deve, portanto, estar presente em todas as 
ações para promover a saúde e prevenir as doenças, facilitando a incorporação 
de ideias e práticas corretas que passem a fazer parte do cotidiano das 
pessoas de forma a atender suas reais necessidades. 
Tomando como ponto de partida o saber gerado em todas as situações 
vivenciadas no dia a dia, deve-se procurar atender aos interesses dos vários 
grupos sociais pertencentes a diferentes classes sociais. 
Ao falar sobre a educação popular realizada com os movimentos 
populares por meio da participação em lutas nos mais variados espaços 
mencionam uma educação política que não se dissocia da vida cotidiana, a 
qual é base para a compreensão dos problemas no bairro, é ponto de partida 
para reflexões sobre as estratificações sociais e de poder que refletem, no nível 
local, a estrutura social e política mais ampla. 
As pessoas educam-se na ação desenvolvida, descobrem a 
solidariedade e a opressão e, pela organização, a esperança de transformar a 
situação encontrada. 
A chamada “era microbiana” ou “bacteriológica” enfatizava a 
concepção biológica da doença e foi marcada por uma educação controladora, 
baseada na teoria tradicional liderada por Durkheim que explicava o surgimento 
das doenças de forma bastante simplista, isto é, pela “ignorância e descaso 
das pessoas”. 
Como a educação em saúde é parte da saúde pública e, 
consequentemente, da medicina, cada época reflete as tendências dessas 
áreas e acaba reproduzindo suas concepções. Assim, não se pode criticar a 
fase higienista e/ou comportamentalista da educação em saúde sem localizá-la 
no tempo e no espaço já que sempre recebeu influência não só da saúde 
pública como da própria medicina. 
 
 
169 
No Brasil, até o início do século XX, as preocupações do setor saúde 
centravam-se apenas nas situações de epidemia e, no campo da educação, 
restringia-se ao ensino de hábitos de higiene. Mudanças nas estruturas sociais, 
econômicas e políticas relacionadas a diversos fatores como: a abolição da 
escravatura; a saída dos trabalhadores e suas famílias do campo para cidades 
carentes de infraestrutura; o desenvolvimento do comércio e da indústria; a 
necessidade de ampliar o comércio externo e receber imigrantes europeus 
exigia soluções rápidas para as doenças que assolavam os núcleos urbanos e 
começavam a ameaçar a força de trabalho, bem como a expansão das 
atividades capitalistas. Nesse sentido, merecem destaque as políticas de saúde 
da Primeira República, consideradas, por alguns autores, como estratégias das 
classes dominantes relacionadas à dinâmica do capitalismo nacional e 
internacional. 
Doenças como varíola, peste e febre amarela entre outras de rápida 
transmissibilidade começaram a exigir um controle mais rígido, principalmente 
quanto às suas causas ambientais. 
A gestão do médico Oswaldo Cruz à frente dos serviços federais de 
saúde, entre 1903 e 1909, caracterizou o primeiro período do movimento 
sanitarista brasileiro. Nessa época, as ações de saúde, notadamente, o 
saneamento urbano e combate às epidemias foram concentradas no Rio de 
Janeiro (Distrito Federal) e em alguns portos. 
Ainda nessa fase, a “polícia sanitária” dedicava-se ao confinamento de 
enfermos em desinfectórios e à vacinação compulsória da população, 
relegando a educação a um segundo plano. A atenção à saúde voltava-se 
também às classes mais favorecidas e à classe média por meio do 
oferecimento de serviço de profissionais liberais (médicos generalistas). 
Os esforços de educação em matéria de saúde foram sistematizados 
com a reorganização dos serviços sanitários federais e a criação do 
Departamento Nacional de Saúde Pública como parte integrante do Ministério 
da Justiça e Negócios Interiores. Em 1923, foi incorporado ao Departamento, o 
Serviço de Propaganda e Educação Sanitária. O termo “educação sanitária” foi, 
então, inserido na legislação federal pela primeira vez. 
 
 
170 
O denominado sanitarismo desenvolvimentista teve início voltando-se 
para a zona urbana com as campanhas sanitárias de controle de epidemias e 
atenção médica, realizadas pelas Santas Casas de Misericórdia e para o 
desenvolvimento da zona rural fomentado pelo SESP com financiamento da 
Fundação Rockefeller. 
A educação, nesse período, era vista como um processo individual de 
mudança de comportamento em que os fenômenos sociais responsáveis pelas 
barreiras à aprendizagem não eram considerados, e muito menos as raízes 
estruturais e socioeconômicas dos problemas de saúde. A prática profissional 
na área era conservadora e reprodutiva, traduzida em ações de higienização, 
normatização e domesticação. 
Em 1993, uma definição de Saúde Ambiental, que insere também os 
aspectos de atuação prática, foi apresentada na Carta de Sofia, produzida no 
encontro da Organização Mundial de Saúde, realizado na cidade de Sofia: 
 
Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde 
humana, incluindo a qualidade de vida, que estão 
determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, 
sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se 
refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e 
evitar aqueles fatoresdo meio ambiente que, 
potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações 
atuais e futuras (OMS, 1993). 
 
O grande número de fatores ambientais que podem afetar a saúde 
humana é um indicativo da complexidade das interações existentes e da 
amplitude de ações necessárias para melhorar os fatores ambientais 
determinantes da saúde. Porém, os programas de melhorias no ambiente têm 
ações bastante diferenciadas daquelas de atenção médica, ainda que não 
possam estar desvinculadas delas. 
As preocupações com aspectos ambientais, tanto em relação à Saúde 
Pública quanto em relação a outras características dos diferentes grupos 
 
 
171 
sociais (organização social, cultural e econômica), existem desde os primórdios 
da história humana e constituíram importante base analítica do pensamento 
social no passado. Hoje, essas questões voltam a chamar a atenção de 
diferentes ciências. Clarence Glacken (1967) sintetiza essas preocupações em 
três grandes perguntas, que tiveram destaque em diferentes momentos da 
história humana: 
 
1. Qual o sentido da criação humana e qual a concepção da terra? Ou 
seja, a terra foi criada para o ser humano? 
2. Qual a influência do entorno físico – do meio ambiente – nas 
características do ser humano e das sociedades? 
3. Como os seres humanos vêm transformando a terra? 
 
A primeira dessas questões está presente em quase todas as religiões. 
O exemplo mais conhecido é o do catolicismo que usa a metáfora de Deus, 
criando o mundo para os homens nele habitarem e procriarem. 
A segunda questão já nos interessa de perto, pois se preocupa com o 
impacto do meio ambiente sobre a atividade humana e as sociedades. Essa 
preocupação é bastante antiga e está nas raízes do determinismo ambiental ou 
environmentalism. Um de seus expoentes mais notáveis, já na Grécia Antiga, 
foi Hipócrates, ainda que seja mais conhecido por seus escritos em medicina, 
mais especificamente por seu “juramento”. 
Sua obra, denominada Dos Ares, das Águas e dos Lugares, ilustra 
suas preocupações com aspectos ambientais na determinação das doenças. A 
Saúde Pública, como disciplina prática de política sociossanitária, inclusive, 
atualmente, é herdeira do ambientalismo Hipocrático. 
A terceira questão é da maior relevância na atualidade, consistindo na 
avaliação dos impactos das diferentes ações da humanidade sobre os 
ecossistemas. 
 
 
172 
No âmbito da Saúde Ambiental, tem ganhado destaque nas últimas 
décadas, em decorrência da verificação do importante papel das 
transformações ambientais na modificação dos padrões de saúde e doença na 
face da terra, em diferentes escalas geográficas. 
No estudo das afecções infecciosas, a ecologia das doenças ou dos 
complexos patogênicos continuava a ser de interesse. A área de extensão de 
um complexo depende em grande parte das condições do meio, e a ecologia 
do grupo (sinecologia) é resultante das ecologias individuais de seus membros. 
Haveria uma geografia das enfermidades infecciosas no globo terrestre 
relacionada a faixas climáticas (temperatura e umidade) e o controle dos 
vetores se baseava em sua destruição, com emprego do DDT e a supressão 
dos biótopos que lhes servem de apoio. 
Essa forma de luta também se mostrou bastante problemática. Os 
vetores desenvolveram resistência ao DDT que, por sua vez, frequentemente, 
tinha resultados mais negativos que a própria doença que se pretendia 
exterminar. As contaminações tornaram-se frequentes, sobretudo no âmbito 
dos profissionais de saúde. Mas o meio ambiente foi o principal prejudicado e a 
avifauna, a mais afetada. Era urgente a necessidade de um novo modelo de 
saúde ambiental, que enfocasse aspectos preventivos. 
A nova Saúde Ambiental ampliou seu potencial e seus horizontes, ao 
mesmo tempo em que desenvolveu sua base científica e pragmática. 
Concomitantemente, vem fornecendo uma base mais sólida para a efetividade 
de políticas e programas de saúde coletiva no enfrentamento dos complexos 
problemas científicos, sociais e administrativos, almejando níveis mais altos de 
saúde para a totalidade das populações. 
O paradigma hospedeiro/agente/meio ambiente se expandiu, com um 
alargamento da definição de cada um dos componentes, em relação tanto às 
doenças infecciosas quanto às doenças crônico-degenerativas. 
As intervenções para mudar os fatores relativos aos hospedeiros, aos 
agentes ou aos ambientes constituem a essência da nova saúde pública. A 
 
 
173 
saúde dos indivíduos é afetada por fatores de risco intrínsecos àquela pessoa e 
por fatores externos. 
Adota-se a abordagem de risco, que seleciona grupos populacionais na 
base de risco e auxilia a determinação de intervenções prioritárias para reduzir 
a morbidade e a mortalidade. 
No Brasil, os enfoques na abordagem de problemas de saúde 
relacionados ao meio ambiente seguiram, em linhas gerais, os mesmos 
enfoques internacionais. 
As preocupações com os problemas ambientais e sua vinculação com 
a saúde humana foram ampliadas no Brasil, a partir da década de 1970. 
Durante essa década, foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio 
Ambiente) e, a exemplo dos EUA, foram estabelecidos os Padrões de 
Qualidade do Ar e das Águas. No estado de São Paulo, foi criado um órgão de 
controle ambiental, pretendendo controlar, em um primeiro momento, a 
poluição de origem industrial e, da década de 1980 em diante, também a 
poluição causada por veículos. A despeito de ser uma política setorial, 
desvinculada do setor saúde, ela trouxe alguns resultados positivos, com 
reflexos nas condições de saúde. 
 
A Constituição Federal, de 1988, expressa essa preocupação em 
diversos artigos: 
 Art. 196 define saúde como direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação. 
 
 Art. 225 diz: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
 
 
174 
dever de defendê-lo, preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
 Art. 200, incisos II e VIII, fixam como atribuição do Sistema Único de 
Saúde (SUS), entre outras, a execução de ações de vigilância 
sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador e 
colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
 
Juntamente com a evolução da legislação, ampliou-se a consciência de 
que a saúde, individual e coletiva, em suas dimensões física e mental, está 
intrinsecamente relacionada à qualidade do meio ambiente. Essa relação tem 
se tornado mais evidente para a sociedade em virtude da sensível redução da 
qualidade ambiental, verificada nas últimas décadas, consequência do padrão 
de crescimento econômico adotado no país e de suas crises. 
O modelo de crescimento econômico brasileiro tem gerado fortes 
concentrações de renda e de infraestrutura, com exclusão de expressivos 
segmentos sociais de um nível de qualidade ambiental satisfatório, com 
decorrentes problemas de saúde, tais como doenças infectoparasitárias nos 
bolsões de pobreza das cidades e do país, onde são precárias as condições 
sanitárias e ambientais. Uma parcela da população que vive em condições 
precárias é mais vulnerável às agressões ambientais, propiciadoras de 
doenças. Esses fatores, agravados pela falta de infraestrutura e de serviços de 
saneamento nas áreas mais pobres, levam a uma sobrecarga do setor de 
saúde com pacientes acometidos de doenças evitáveis. 
Na população brasileira há o reflexo das situações apontadas 
anteriormente, traduzindo-se na coexistência de doenças infectocontagiosas e 
crônico-degenerativas, ambas vinculadas aos fatores ambientais. As primeiras, 
relacionadas à presença de vetores e à contaminação daságuas, e as crônico 
degenerativas, fundamentalmente, à poluição ambiental, à má qualidade dos 
alimentos e ao estresse. Cresce, também, os óbitos e lesões causadas por 
acidentes e violência, especialmente entre os jovens. 
 
 
175 
Hoje, diante da expressiva degradação ambiental que o processo de 
desenvolvimento ocasionou, há um desejo de reorientação de suas formas. A 
proposta de desenvolvimento sustentável, empunhada pelos ambientalistas, 
vem recebendo grande número de adeptos. 
No âmbito da ecologia social, o conceito de desigualdade ambiental 
vem sendo inserido na fundamentação dos estudos e pesquisas. A 
desigualdade ambiental é a exposição de indivíduos e grupos sociais a riscos 
ambientais diferenciados. Os indivíduos não são iguais do ponto de vista do 
acesso a bens ambientais, tais como ar puro, áreas verdes, locais salubres 
para moradia, embora muitos desses bens sejam públicos. Essa discussão traz 
o debate para o tema da ética. No entanto, o espectro ideológico do 
ambientalismo é altamente complexo, indo de uma abordagem mais naturalista 
e ecocêntrica, passando pela ecologia social, até o ecossocialismo. 
A Saúde Ambiental atual baseia-se no reconhecimento da existência e 
das necessidades de todos os seres humanos e no encontro de soluções 
dentro dos princípios de equidade e de universalidade. 
 
 
21 PLANEJAMENTO AMBIENTAL 
 
 
O fortalecimento da cidadania depende da instrumentalização da 
gestão democrática da cidade, inserida no contexto do novo paradigma 
político-ambiental da sociedade globalizada: O Estado de Direito do Ambiente. 
Atualmente, a perspectiva do desenvolvimento urbano nas grandes 
cidades combate a degradação ambiental causada pela urbanização 
acelerada, especialmente nos centros industriais, onde a crise ecológica global 
desencadeou uma crescente onda de catástrofes naturais causadas pela 
 
 
176 
devastação dos recursos naturais, e pelo chamado aquecimento global 
causado pela emissão intensa de gases poluentes no ar. 
A conscientização global da crise ambiental requer a participação 
conjunta entre o Estado e a coletividade, daí o surgimento do Estado 
democrático de direito do ambiente, em que as políticas públicas somente 
podem se tornar eficientes a partir da inserção de alternativas originadas no 
seio da sociedade, com a implementação de tecnologias e de capacitação de 
recursos humanos voltados para a sustentabilidade, além da criação de leis 
que permitam a regulação das estratégias de desenvolvimento sustentável. A 
Lei Federal n. 10.257/01 (Estatuto da Cidade) foi criada para promover o 
controle municipal do processo de desenvolvimento socioeconômico e de 
urbanização. 
Com base nas políticas urbanas, todo município com mais de vinte mil 
habitantes tem a obrigação de promover o equilíbrio sustentável entre o 
desenvolvimento urbano e a preservação ambiental, visto que o binômio 
desequilíbrio ambiental/ desigualdade social tem marcado o crescimento das 
cidades brasileiras. 
O advento desta lei reflete a necessidade de estabelecer um freio aos 
parâmetros de desenvolvimento que tem marcado a era da globalização, 
regulando o disposto nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, 
que consistem na garantia constitucional da real função social da propriedade e 
da gestão democrática das cidades para o pleno e “sustentável” 
desenvolvimento urbano. 
A questão da educação ambiental aborda um sentimento de 
participação democrática na gestão das cidades, proporcionando a sensação 
de bem-estar aos cidadãos, visto que o objetivo de se inserir nas políticas 
públicas ambientais não é apenas um ato de cidadania, mas conduz a uma 
reivindicação de justiça social e qualidade de vida para cada um que tenta 
transformar a sociedade em busca da sustentabilidade emergente. 
O desenvolvimento humano tem na sustentabilidade o principal eixo de 
equilíbrio entre as atividades produtivas e a gestão do meio ambiente. A 
 
 
177 
possibilidade de preparar o ser humano para o engajamento e transformação 
das políticas de planejamento ambiental se concretiza pela educação 
ambiental, pois a partir dessa o cidadão poderá estar apto para exigir ética nas 
relações sociais e com a natureza em prol do desenvolvimento sustentável. 
A conscientização ambiental emergente na atualidade surge com uma 
nova era política, em que a colaboração internacional faz parte de um contexto 
de tragédias humanas e catástrofes naturais afetadas pela ação humana, como 
a problemática do aquecimento global agravado pela emissão de gases 
poluentes pelos países industrializados. Portanto, a visão de que os seres 
humanos são responsáveis pelos problemas ambientais que culminou na crise 
ecológica e no risco de extinção da vida na Terra, também é a resposta para a 
solução dessa crise, pois se entende que o ser humano não tem somente 
capacidade destrutiva, mas da capacidade criativa surgirão alternativas viáveis 
ao fortalecimento de políticas sustentáveis. 
Pela educação ambiental o conhecimento do meio em que se vive é 
propagado e valorizado como indispensável à promoção de uma plataforma 
política ambiental eficiente e condizente com a realidade atual. Essa 
valorização do conhecimento traduz a necessidade de capacitar recursos 
humanos em busca de alternativas viáveis ao desenvolvimento 
socioeconômico de uma região tão rica ambientalmente e tão pobre social e 
economicamente. 
Educação ambiental envolve muito mais que simples conhecimento, 
envolve aspectos políticos, sociais e ecológicos que transformam realidades de 
insegurança e medo em propostas de luta pela sobrevivência digna do ser 
humano, levando-se em conta que o conceito de sustentabilidade aborda a 
preocupação com o bem-estar das presentes e futuras gerações. 
 
 
22 SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E A AMAZÔNIA 
 
 
 
178 
 
FIGURA 12 
 
FONTE: Disponível em: <www.cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 
10/09/2012 
 
 
O Brasil possui 1,15 milhão de km2 de floresta amazônica adequados à 
exploração sustentável, segundo aponta estudo realizado pelo Instituto do 
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Essa é a área que poderia 
ser destinada à criação de Florestas Nacionais (Flonas), zonas reservadas ao 
uso sustentável e à proteção da biodiversidade. 
O Brasil possui a maior reserva e variedade de florestas tropicais e 
subtropicais do Planeta, razão pela qual é considerado como o principal 
membro do Grupo dos Países Megadiversos, abriga nelas uma incontável 
quantidade de recursos genéticos. Paradoxalmente, mais da metade dessas 
florestas são terras públicas pertencentes à União, aos Estados ou aos 
Municípios (na Amazônia, chegam a 75% e outra parte se encontra em UCs e 
terras indígenas, mas a maioria está constituída por “terras devolutas”, sem 
regulamentação, que ao longo do tempo se tornaram alvo da grilagem, da 
ocupação ilegal, do desmatamento e das queimadas, gerando graves 
problemas ambientais e econômicos). 
 
 
179 
A ameaça de estagnação econômica na Amazônia reflete a pressão 
internacional na preservação ambiental desta que é considerada uma região 
com um potencial hídrico e florestal abundante de recursos naturais. O título de 
“patrimônio natural da humanidade” rende à Amazônia um congelamento das 
atividades produtivas, pois se entende que é necessário conservar intacta a 
biodiversidade amazônica em nome da humanidade. 
O conhecimento e a compreensão da riqueza ecológica da Amazônia é 
ponto fundamental para se propor a utilização dos recursos naturais da região 
de forma sustentável. Os detentores originários desta terra conservam um 
expressivo rol de conhecimento da biodiversidade amazônica que se expressa 
pela utilização responsável deste potencial ecológico. Já não é possível supor 
que a sustentabilidade humana seja motivo para estagnar o desenvolvimento 
de nações como o Brasil e a Índia, que não destruíram seus recursos naturaiscom a industrialização, mas que podem aprender com os erros das nações 
industrializadas. 
O padrão atual de exploração predatória, responsável por danos 
excessivos à floresta e aumento do risco de incêndio, gera um ciclo econômico 
do tipo "boom-colapso". No início, a extração das árvores de maior valor gera 
um rápido crescimento econômico. Após oito anos, em média, essas árvores 
são exauridas e inicia-se a extração das de médio e baixo valor. Em 20 anos, 
esgota-se a madeira de valor comercial e a economia local entra em colapso. 
Em seu lugar, fica apenas uma pecuária de baixa produtividade, pois o solo na 
Amazônia em geral é pobre para a agricultura e o clima favorece a proliferação 
de pragas. Em uma área de 1 milhão de hectares (ha), o número de empregos 
cai de 4.500, no auge da exploração madeireira, para 500, na pecuária. 
O investimento em educação e pesquisas que envolvem o 
conhecimento acerca da biodiversidade amazônica é um forte aliado do 
desenvolvimento sustentável, tendo em vista que a ciência e a tecnologia é um 
processo natural e evolutivo da humanidade, configurando-se como uma 
necessidade humana diante das conquistas já alcançadas em anos de história. 
A gestão da biotecnologia amazônica não é uma questão apenas singular que 
requer a observação sistemática do potencial ecológico amazônico, mas reflete 
 
 
180 
uma pressão internacional que tende a promover a interferência externa e ferir 
a soberania nacional. Tendo em vista que a ação antropológica é um fator de 
sustentabilidade, o etnoconhecimento amazônico é a ponte para a construção 
de uma política democrática e eficiente capaz de promover o planejamento 
ambiental e o manejo adequado dos recursos naturais da região. 
O governo desenvolveu o Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado 
em 8 de maio de 2008. É um plano do Governo Federal brasileiro em parceria 
com os governadores dos estados da região amazônica (Acre, Amapá, 
Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). O 
plano tem como objetivo definir as diretrizes para o desenvolvimento 
sustentável na Amazônia brasileira. 
O PAS não é um plano operacional, mas estratégico, contendo as 
diretrizes gerais e as recomendações para sua implementação. As ações 
operacionais serão planos sub-regionais, alguns já elaborados ou em processo 
de elaboração, como o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a 
Área de Influência da Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), o Plano de 
Desenvolvimento Territorial Sustentável para o Arquipélago do Marajó e o 
Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu. 
O PAS está organizado em torno de cinco grandes eixos: 
 
 Produção sustentável com inovação e competitividade; 
 Gestão ambiental e ordenamento territorial; 
 Inclusão social e cidadania; 
 Infraestrutura para o desenvolvimento; 
 Novo padrão de financiamento. 
 
23 SUDAM 
 
 
Às diretrizes gerais ressaltam a atuação do Estado, inclusive com a 
ampliação de sua presença na região em todos os níveis, principalmente no 
http://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_maio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amap%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazonas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cuiab%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santar%C3%A9m
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Maraj%C3%B3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Xingu
 
 
181 
federal e no estadual, mas também no municipal e nas organizações da 
sociedade regional. Isso se dará pelo fortalecimento institucional da recém-
criada Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). 
O papel da Sudam será elaborar o Plano Regional de Desenvolvimento 
da Amazônia, esse em sintonia com o PAS, com a Política Nacional de 
Desenvolvimento Regional (PNDR) e com o Programa de Aceleração do 
Crescimento (PAC) em parceria com os governos estaduais envolvidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Superintend%C3%AAncia_de_Desenvolvimento_da_Amaz%C3%B4nia
 
 
182 
INTRODUÇÃO 
 
 
Neste módulo, abordaremos as aplicações da Educação Ambiental 
Formal, isto é, a aplicabilidade no ambiente escolar. 
Temos que compreender que a Educação Ambiental está inserida nos 
Parâmetros Curriculares como um assunto Transversal que deve ser abordado 
por todas as disciplinas e não ficar a cargo somente da disciplina de Ciências 
ou Biologia, tendo assim um enfoque interdisciplinar. 
Diversas escolas já inseriram com sucesso projetos de Educação 
Ambiental, citaremos algumas no decorrer do módulo. Também iremos sugerir 
exemplos de projetos, formação da Agenda 21 na escola e diversas dinâmicas 
para aplicar com os alunos. Bom estudo! 
 
 
24 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL 
 
 
Entende-se como Educação Ambiental Formal a educação 
compreendida no âmbito escolar (ensino regular), cujos objetivos estão 
compreendidos nos referenciais curriculares, abordados por todas as matérias, 
sendo assim um assunto interdisciplinar. 
A Educação Ambiental é outra concepção de educação que toma o 
espaço da gestão ambiental como elemento estruturante na organização do 
processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, 
para que haja de fato controle social sobre decisões que afetam o destino de 
muitos, senão de todos, destas e de futuras gerações. 
Essa proposta é substancialmente diferente da chamada Educação 
Ambiental convencional cujo elemento estruturante da sua prática pedagógica 
é o funcionamento dos sistemas ecológicos. A proposta praticada pelo IBAMA 
refere-se à Educação Ambiental Crítica que, segundo Capra (2002) é um 
 
 
183 
processo educativo, eminentemente político, que visa ao desenvolvimento, nos 
educandos, de uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores 
sociais geradores de riscos e respectivos conflitos sócios ambientais. 
As características específicas da Educação Ambiental, tanto em nível 
temático como metodológico, exigem processos específicos de capacitação 
dos professores, para que a EA ser implementada na escola. 
Quando a proposta é introduzir inovações educativas nas escolas, tal 
como sucede com a definição das novas diretrizes dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais e, em especial, com os temas transversais de relevante interesse 
social, que visam à atualização e adequação dos currículos às complexas e 
dinâmicas condições do mundo contemporâneo, a capacitação dos 
responsáveis pela execução dessas inovações é absolutamente 
imprescindível. 
Uma educação inovadora atravessada por conceitos complexos e não 
unívocos, como ambiente e desenvolvimento sustentável, que pretende 
fornecer uma compreensão crítica e transformadora e desenvolver valores e 
atitudes que conduzam os sujeitos da educação a se inserirem em processos 
democráticos de transformação das modalidades de uso dos recursos naturais 
e sociais e de entender a complexidade das relações econômicas, políticas, 
culturais, de gênero, entre outras, e ainda agir em consequência com as 
análises efetuadas como cidadão responsável e participativo, exige a 
realização efetiva de processos de formação em serviço, a fim de que esta 
capacitação teórico-prática se reflita posteriormente nas ações a serem 
implementadas. 
As diversas dificuldades existentes devem-se, muitas vezes, às formas 
simplistas com que tem sido concebida e aplicada a Educação Ambiental, 
reduzindo-a a processos de sensibilização ou percepção ambiental, 
geralmente, orientados pela inserção de conteúdos da área biológica, ou a 
atividades pontuais no Dia do Meio Ambiente, do Índio, da Árvore, ou visitas a 
parques ou reservas. Essas atividades têm sim sua importância, mas apenas 
assinalam que elas são necessárias, porém não suficientes, para desenvolver 
 
 
184 
conhecimentos e valores, tais como eles são postulados nos PCN de MeioAmbiente e de Ética. 
A sensibilização é uma etapa inicial da Educação Ambiental, assim 
como o entendimento das relações ecológicas e dos conteúdos da biologia é 
imprescindível para avançar nos processos da Educação Ambiental, mas não é 
Educação Ambiental. A percepção das belezas da natureza ou dos graves 
problemas ambientais de lixo ou contaminação constitui elemento importante 
para a compreensão da temática ambiental; mas quando essas noções ficam 
simplesmente na ação de sensibilização, não produzem avanços significativos 
para uma compreensão mais abrangente da sociedade, nem se refletem em 
mudanças de atitudes e, muito menos, ajudam a construir uma nova forma de 
racionalidade ambiental, que consideramos o objetivo final do processo de 
Educação Ambiental para o desenvolvimento sustentável. 
A questão ambiental, quando abordada na Escola, a partir de práticas 
interdisciplinares facilita a aprendizagem de valores e atitudes, aspecto que até 
então vinha sendo pouco explorado. 
O indivíduo, a sociedade e a espécie não são inseparáveis, mas 
interligam-se de tal forma que se tornam coprodutores um do outro. 
 
 
25 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARÂMETROS CURRICULARES 
NACIONAIS (PCNS) 
 
 
O tratamento da Educação Ambiental, tema transversal, como é 
sugerido nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que surgiram com a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9394/96, de 20 de Dezembro de 
1996, no currículo da Escola, permite aprofundar as fontes teóricas que 
permeiam as práticas pedagógicas vigentes. 
 
 
185 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, colocando a Educação 
Ambiental como um tema transversal, permitem promover o exercício da 
cidadania na busca de uma melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, 
colocando como ponto relevante as relações socioambientais decorrentes das 
ações humanas, abrindo novas perspectivas ao desenvolvimento de 
habilidades para participar desses novos tempos que se iniciam. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, quando sugerem o estudo do 
meio ambiente como um dos temas transversais, defendem um estudo 
dependente da qualidade, em um respeito mútuo cuidando do que é de todos. 
Percebe-se aí a necessidade da humanidade viver o cotidiano em relação 
harmônica com os outros seres do planeta. 
A Educação Ambiental ganhou uma nova abordagem a partir da LDB, 
que determinou a elaboração do Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172 de 
2001). O ensino da Educação Ambiental também é lembrado na Constituição 
Federal de 1988, especialmente no Artigo 225, §1º, VI: promover a educação 
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente. 
Uma das maiores contribuições para a educação moderna foi a 
introdução dos Temas Transversais, sugeridos pelo PCN, que abrem novas 
perspectivas para a conquista de novas habilidades por parte dos alunos. 
Essas disciplinas permitem a constante reconstrução de conceitos, 
valores e posturas diante dos fatos. Proporcionam visões diferentes do assunto 
em questão. Trata-se de construir diálogos fundados nas diferenças, 
abraçando concretamente a riqueza da diversidade. 
 
Alguns pontos polêmicos no debate ambiental segundo o PCN 
 
 A questão ecológica ou ambiental deve se restringir à preservação 
dos ambientes naturais intocados e ao combate da poluição; as demais 
questões (envolvendo saneamento, saúde, cultura, decisões sobre políticas de 
 
 
186 
energia, de transportes, de educação, ou de desenvolvimento) são 
extrapolações que não devem ser da alçada dos ambientalistas. 
 
 Os que defendem o meio ambiente são pessoas radicais e 
privilegiadas, não necessitam trabalhar para sobreviver, mantêm-se alienadas 
da realidade das exigências impostas pela necessidade de desenvolvimento; 
defendem posições que só perturbam quem realmente produz e deseja levar o 
país para um nível melhor de desenvolvimento. 
 É um luxo e um despropósito defender, por exemplo, animais 
ameaçados de extinção, enquanto milhares de crianças morrem de fome ou de 
diarreia na periferia das grandes cidades, no Norte ou no Nordeste. 
 Quem trabalha com questões relativas ao meio ambiente pensa de 
modo romântico e ingênuo; acredita que a natureza humana é intrinsecamente 
“boa” e não percebe que, antes de tudo, vem a dura realidade das 
necessidades econômicas. Afinal, a pior poluição é a pobreza, e para haver 
progresso é normal algo ser destruído ou poluído. 
 Idealiza-se a natureza, quando se fala da “harmonia da natureza”. 
Como se pode falar em “harmonia”, se na natureza os animais se atacam 
violentamente e se devoram? Que harmonia é essa? 
 
É essa visão, que erroneamente as pessoas fazem sobre as questões 
ambientais, que um educador ambiental deve combater; e é na escola que 
inicia esse processo, sensibilizando para a conservação da água, a situação do 
lixo, o desperdício dos alimentos, o zelar com o espaço que está ocupando no 
momento. 
A nova LDB afirma, em várias ocasiões, a necessidade de se trabalhar 
educativamente o conceito de realidade, trabalhar o contexto em que o aluno 
está envolvido, o que faz parte da sua realidade. 
 
 
25.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR 
 
 
187 
 
 
A questão ambiental, quando abordada na escola, a partir de práticas 
interdisciplinares facilita a aprendizagem de valores e atitudes, aspecto que até 
então vinha sendo pouco explorado. 
A interdisciplinaridade está presente na Política Nacional de Educação 
Ambiental, Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999, Art. 2º, que diz: “a educação 
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, 
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades 
do processo educativo, em caráter formal e não formal”. 
As práticas interdisciplinares devem ter como objetivos desenvolver a 
postura crítica e trabalhar sobre atitudes e valores do educando. O 
desenvolvimento de um pensamento ético-ambiental pode aproximar a ação 
humana do próprio homem como força atuante na natureza. Esse homem deve 
deixar a compaixão em detrimento da racionalidade humana, pois é em um 
exercício de renúncia voluntária ao centralismo antropológico que se aproxima 
da Natureza. 
Os professores, inseridos no trabalho interdisciplinar, proporcionam ao 
aluno a construção de conceitos fundados nos mais variados pontos de vista, 
buscando, dentro da realidade de suas comunidades, explicações para fatos 
globais. 
Educação Ambiental, como tema transversal, resulta na articulação de 
diversas disciplinas e práticas educativas, deve superar pontos críticos que, por 
muito tempo, foram ignorados, por vários motivos, e atinge a dimensão ética 
que perpassa todo o currículo. 
A prática interdisciplinar está ligada a uma soma de conteúdos, 
proveniente de atividades conjuntas que buscam a interação de temas 
geradores de polêmica. Deve-se considerar que os integrantes dessas 
atividades precisam buscar a conexão entre o ambiente exterior e o interior. 
 
 
188 
Assim, o professor, assume seu papel como um pesquisador; para que 
isso aconteça, ele necessita de estudos, leituras, reflexões sistematizadas para 
poder atuar com segurança na própria realidade. Prepara-se, assim, para 
trabalhar com o imprevisto, com o desconhecido - deixando de lado sua 
posição de simples treinador para assumir a parceria e a cumplicidade com 
seus colegas e alunos. 
 
 
25.2 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
Como qualquer outra área de conhecimento, a Educação Ambiental 
possui especificidades conceituais que devem ser compreendidas com clareza 
para um correto desempenho de suas atividades. Soma-se a isto, ainda, uma 
problemática maior, que não se apresenta nas disciplinas tradicionais. 
A Educação Ambiental é um campo de conhecimento em formação, 
permeado por contradições e com um histórico que lamentavelmente torna 
mais complexoo seu processo de assimilação. 
Estamos partindo do pressuposto de que o conceito de Educação 
Ambiental que permeia a educação em geral consiste em: 
 
 
A Educação Ambiental como processo que consiste em 
propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do 
ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes 
que lhes permitam adotar uma posição consciente e 
participativa a respeito das questões relacionadas com a 
conservação e a adequada utilização dos recursos 
naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a 
eliminação da pobreza extrema e do consumismo 
 
 
189 
desenfreado. A Educação Ambiental visa à construção de 
relações sociais, econômicas e culturais capazes de 
respeitar e incorporar as diferenças (minorias étnicas, 
populações tradicionais), à perspectiva da mulher e à 
liberdade para decidir caminhos alternativos de 
desenvolvimento sustentável, respeitando os limites dos 
ecossistemas, substrato de nossa própria possibilidade de 
sobrevivência como espécie (MEDINA,1998). 
 
 
Em outros termos, entendemos a Educação Ambiental como a 
resposta, no âmbito da educação, aos desafios atuais. Os conteúdos 
abordados objetivam a homogeneização de conceitos básicos da dinâmica 
ambiental e a discussão/reflexão sobre o conflito existente entre esta dinâmica 
e as tendências comportamentais de uso irracional do meio, a fim de 
proporcionar aos participantes a possibilidade de escolha consciente de quais 
caminhos de desenvolvimento devem ser seguidos e quais as consequências 
dessa escolha. 
 
Os princípios gerais que a Educação Ambiental segue são 
apresentados a seguir: 
 Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para 
alcançar o pensamento sistêmico sobre a dimensão ambiental e educativa. 
Práticas relacionadas à sensibilização: percepção ambiental (meio 
físico, biológico e antrópico). 
 Compreensão: conhecimento dos componentes e dos mecanismos 
que regem o sistema natural. 
Práticas relacionadas à compreensão: delimitação da área de estudo, 
visualização de relevo, definição de ocupação e uso do solo, determinação das 
áreas verdes e porcentagem de impermeabilização do solo, levantamento 
histórico-econômico da ocupação, determinação dos eixos de expansão, grau 
de impactos ambientais (água, solos, vegetação, fauna, resíduos sólidos) e 
possíveis limites de recuperação. 
 
 
190 
 Responsabilidade: reconhecimento do ser humano como principal 
protagonista para determinar e direcionar a manutenção do planeta. 
Práticas relacionadas à responsabilidade: estudo e interpretação das 
Constituições (federal e estadual), das legislações ambientais (federal, 
estadual, municipal), dos códigos específicos (florestal, pesca), das políticas 
públicas (recursos hídricos, meio ambiente, resíduos sólidos), das normas e 
resoluções (federal, estadual) e da Lei Orgânica Municipal. 
 Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no 
sistema. 
Práticas relacionadas à competência: elaboração e aplicação de 
projetos de atuação direta no meio (recuperação, manutenção, criação de 
áreas verdes), viabilização de uma ação de fiscalização integrada da 
comunidade com os órgãos executivos competentes (Polícia Florestal, DEPRN, 
Sanesul, Prefeitura Municipal). 
 Cidadania: capacidade de participar ativamente, resgatando os 
direitos e promovendo uma nova ética capaz de conciliar a natureza e a 
sociedade. 
Práticas relacionadas à cidadania: efetivação de ações comunitárias, 
elaboração de metas, programas e políticas locais. 
 
No processo de formação dos educadores para trabalhos educativos 
relacionados com a temática ambiental, o Ministério da Educação, as 
secretarias estaduais de educação e as universidades devem ser, sem dúvida 
alguma, as instituições que garantam a elaboração e a implementação de 
políticas e o cumprimento das responsabilidades por parte do Estado nessa 
área. No entanto, é um grande risco concentrar todos os esforços apenas 
nesses espaços institucionais. Na verdade, é extremamente recomendável 
que, nessa tarefa, sejam envolvidas as diferentes instituições governamentais e 
não governamentais. É por meio da articulação entre os diferentes níveis do 
Estado e das instituições da sociedade civil que a complexidade e a riqueza, 
quanto às diferentes dimensões que esse processo demanda poderão ser 
consideradas. 
 
 
191 
 
 
Desenvolvimento do Plano de Aula de Educação Ambiental 
 
Todo processo de planejamento deve ter necessariamente quatro 
etapas: 
 
1. O conhecimento da realidade; 
2. A concepção de um plano; 
3. A execução do plano; 
4. O acompanhamento, o monitoramento e a avaliação das ações. 
 
Na prática, essa sequência é um ciclo continuado, com o 
acompanhamento reordenando a concepção e a execução do plano. Essas 
etapas se integram, envolvem-se e ocorrem simultaneamente. O conhecimento 
da realidade é um processo permanente. 
Essa estratégia de planejamento, em que há a necessidade de um 
ajuste contínuo, envolvendo uma sucessão de mudanças incrementais, 
permitindo que a cada passo se possa aprender com base nas consequências 
das decisões anteriores, denomina-se incrementalismo disjunto. Se, em 
conjunto com esse ajuste contínuo, ocorrer um processo de aprendizado 
participativo em que as ações de diversas partes do sistema social sofram uma 
mudança na direção da colaboração, essa estratégia passa a ser denominada 
de incrementalismo articulado. Nessa concepção, o futuro estado desejável 
pode ser modificado, pois a transformação de um sistema social é gradual, e 
cada mudança real que ocorre no sistema modifica a definição do futuro estado 
desejado. 
 
 
192 
O processo de planejar sempre envolve um conjunto de aspectos 
considerados intrínsecos ao seu desenvolvimento. São as dimensões racional, 
política, valorativa e técnico-administrativa. 
Para o desenvolvimento de um projeto educacional devem-se seguir 
alguns passos, tais como: 
 Tema: é o que vou pesquisar, abrange um aspecto ou uma área de 
interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Também pode 
ser um assunto interessante para o pesquisador (educador), educando, 
instituição, comunidade. Por exemplo: será que os resíduos sólidos causam 
muito impacto no meio ambiente? 
 Objetivos: nesse item, o professor deve deixar explícita sua intenção 
na realização do projeto. Por exemplo: reconhecer os impactos ambientais 
causados por resíduos sólidos. 
 Introdução: revisão sobre o assunto a ser trabalhado de forma 
sucinta para situar o leitor, mostrando o que já foi feito sobre o tema. Passos 
que auxiliam na revisão de literatura: quem já pesquisou algo semelhante, 
buscar trabalhos semelhantes ou idênticos, demonstrar a necessidade de 
desenvolver o trabalho, e relatar grandes feitos de outros pesquisadores. Por 
exemplo: "Jogue o lixo no lixo", pedem as campanhas educativas. Saber que 
uma pessoa gera em média 25.000 quilos de detritos ao longo da vida assusta 
qualquer um. Estaria a Terra condenada a se tornar um colossal depósito de 
refugos? O texto de VEJA abre uma boa perspectiva para você examinar, em 
sala de aula, o impacto ambiental causado pelas formas de disposição do lixo. 
 Caracterização do problema: são a proposições específicas, as 
respostas que se propõe a responder, a definição clara do problema e a 
delimitação em termos de tempo e espaço. 
 
 Justificativa: por que eu devo estudar esse tema? Quais são as 
vantagens e benefícios que a pesquisa irá proporcionar? Qual é a importância 
pessoal/comunidade/município/estado/país? Além de responder a essas 
perguntas, a justificativa também tem que ser convincente e delimitar razões de 
ordem teórica e prática que justifiquem o desenvolvimento da pesquisa. 
 
 
193 
 Metodologia: é o plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s), 
deve responder todas as questões propostas durante a elaboração do projeto. 
Lembrem-se, devedestacar: o local de execução do projeto, os materiais e 
métodos utilizados, a caracterização da amostra (turma), a listagem de 
conteúdos articulados e a forma de avaliação. 
 Cronograma de atividades: deve apresentar o cronograma de 
execução do projeto, a esquematização, de forma objetiva das atividades 
previstas no seu desenvolvimento e deve considerar o período de duração do 
projeto (mês e ano do início e do término). 
 Orçamento: deve constar o material de consumo, o material 
permanente e os recursos humanos que ao decorrer do projeto você irá utilizar. 
 Referências bibliográficas: as referências bibliográficas auxiliam o 
leitor a interpretar melhor o trabalho, conhecendo suas fontes e o 
desenvolvimento feito pelo autor. 
 
Exemplos de projetos 
 
Projeto água 
 
A água é um recurso natural e essencial para a sobrevivência de todas 
as espécies que habitam a Terra. No organismo humano a água atua, entre 
outras funções, como veículo para a troca de substâncias e para a manutenção 
da temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Além 
disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que 
encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível 
imaginar como seria o nosso dia a dia sem ela. 
O projeto água pode ser trabalhado com os alunos mostrando-lhes 
algumas curiosidades, tais como: 
 
 Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água; 
 
 
194 
 As algas produzem a maior parte do oxigênio da Terra; 
 O corpo humano possui na sua composição 3/4 de água; 
 O homem pode passar até 28 dias sem comer, mas apenas três dias 
sem beber água; 
 Na água originaram os primeiros organismos vivos que surgiram na 
Terra, há mais de três bilhões de anos; 
 São alguns exemplos de doenças de veiculação hídrica: febre, 
disenteria, cólera, hepatite, poliomielite, malária e dengue; 
 O gotejamento de uma torneira desperdiça 46 litros por dia. Isto é, 
1.380 litros por mês; 
 Um filete de dois milímetros totaliza 4.140 litros em um mês. E um 
filete de quatro milímetros, 13.260 litros por mês de desperdício. 
 Um buraco de dois milímetros no encanamento pode causar um 
desperdício de 3.200 litros por dia, isto é, mais de três caixas d'água. 
 A água é um recurso vital. 
 Todos podem colaborar fazendo a sua parte: agricultores, poder 
público, empresas, instituições e a sociedade. 
 
Também pode trabalhar esse assunto na matéria de português por 
meio de diversas músicas que mencionam em suas letras a dinâmica da água. 
Temos alguns exemplos: 
 
Asa Branca (Luiz Gonzaga) 
 
Quando olhei a terra ardendo 
Qual fogueira de São João 
Eu preguntei a Deus do céu, uai 
Por que tamanha judiação 
Que braseiro, que fornaia 
 
 
195 
Nem um pé de prantação 
Por farta d'água perdi meu gado 
Morreu de sede meu alazão 
Inté mesmo a asa branca 
Bateu asas do sertão 
"Intonce" eu disse adeus Rosinha 
Guarda contigo meu coração 
Hoje longe muitas léguas 
Numa triste solidão 
Espero a chuva cair de novo 
Para eu voltar pro meu sertão 
Quando o verde dos teus oio 
Se espalhar na prantação 
Eu te asseguro não chore não, viu 
Que eu voltarei, viu 
Meu coração 
 
Planeta Água (Guilherme Arantes) 
 
Água que nasce na fonte serena do mundo 
E que abre o profundo grotão 
Água que faz inocente riacho e deságua 
Na corrente do ribeirão 
 
 
196 
Águas escuras dos rios 
Que levam a fertilidade ao sertão 
Águas que banham aldeias 
E matam a sede da população 
Águas que caem das pedras 
No véu das cascatas ronco de trovão 
E depois dormem tranquilas 
No leito dos lagos, no leito dos lagos 
Água dos igarapés onde Iara mãe d'água 
É misteriosa canção 
Água que o sol evapora 
pro céu vai embora 
Virar nuvens de algodão 
Gotas de água da chuva 
Alegre arco-íris sobre a plantação 
Gotas de água da chuva 
Tão tristes são lágrimas na inundação 
Águas que movem moinhos 
São as mesmas águas 
Que encharcam o chão 
E sempre voltam humildes 
Pro fundo da terra, pro fundo da terra 
Terra planeta água...terra planeta água 
 
 
197 
Terra planeta água. 
 
Nesses dois exemplos de música, o professor pode trabalhar a 
situação da seca e a necessidade da chuva para a economia e para a 
agricultura. A segunda música aborda um rio, desde sua nascente até quando 
ele deságua em outro rio, o caminho percorrido por esse rio e o ciclo da água. 
Pode-se trabalhar com cartazes e desenhos produzidos pelos alunos. 
Também se pode trabalhar a carta escrita no ano de 2070, que 
demonstra o cuidado que devemos ter em conservar os reservatórios de água 
e como irá ficar a vida com a escassez da água. 
 
 
Carta escrita no ano 2070 
 
 
Estamos no ano 2070 e acabo de completar 50 anos, mas a minha 
aparência é de alguém de 85. 
Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me 
resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. 
Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas 
árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de 
um banho de chuveiro por cerca de uma hora. 
Agora, usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, 
todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora, devemos raspar 
a cabeça para mantê-la limpa sem água. 
Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma 
mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa 
 
 
198 
forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDE DA ÁGUA, só 
que ninguém se importava; pensávamos que a água jamais podia terminar. 
Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão 
irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água 
indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje, 
só posso beber meio copo. 
A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de 
lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século 
passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água. 
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados 
pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas, já que 
não temos a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos 
constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções 
gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais 
causas de morte. 
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas 
dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água 
potável em vez de salário. 
Os assaltos por um galão de água são comuns nas ruas desertas. A 
comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos 
parece como se tivesse 40. A idade média é de 35 anos. 
Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode 
fabricar água. O oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que 
diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. 
Alterou-se a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos, 
como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e 
deformações. 
O governo já nos cobra pelo ar que respiramos: 137m³ por dia/ por 
habitante adulto. As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas 
 
 
199 
ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que 
funcionam com energia solar, não são de boa qualidade, mas pode-se respirar. 
Em alguns países existem manchas de vegetação com o seu 
respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água é agora um 
tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui já não há 
árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se uma 
precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano têm sido severamente 
transformadas pelos testes atômicos e da indústria contaminante do século XX. 
Advertia-se que havia que cuidar o meio ambientee ninguém fez caso. Quando 
a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o quão 
bonitos eram os bosques, a chuva, as flores, falo como era agradável tomar 
banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse e 
o quão saudável que as pessoas eram. 
Ela pergunta-me: "papai, porque acabou a água?" Então, sinto um nó 
na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à 
geração que destruiu o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em 
conta tantos avisos. Agora, os nossos filhos pagam um preço alto e 
sinceramente creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito 
pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto 
irreversível. 
Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade 
compreendesse isto quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar o 
nosso Planeta Terra! 
 
Extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos". 
 
 
Pode-se desenvolver uma campanha contra o desperdício de água na 
escola. Os alunos poderão desenvolver o slogan, uma frase de efeito e o 
símbolo da campanha com um texto explicativo. Pode também montar um 
 
 
200 
diário com relatos dos próprios alunos sobre os passos do projeto 
desenvolvido; depoimentos dos professores, pais, funcionários da escola, 
coordenação e direção, não se esqueça das fotos, pois o registro é uma parte 
fundamental de qualquer projeto. 
 
Montar um mural com o título “Faça uma gota feliz”, desenhar uma gota 
d’água enorme como essa a seguir. 
 
Cadernos de Educação Ambiental – água para a vida, água para todos (WWF). 
 
Desenhe outra gota d’água com um rosto triste, pedindo socorro, como 
essa. 
 
 
Cadernos de Educação Ambiental – água para a vida, água para todos (WWF). 
 
 
201 
 
Pedir que os alunos sentem-se em um grande círculo, em que irão 
ouvir as explicações do jogo. Dentro do círculo coloca-se, de um lado, a 
cartolina com a gota triste e a gota feliz. Ao som da música, entrega-se um 
saquinho para cada participante, que será passado adiante, rapidamente, até 
que a música pare ou soe o apito. 
Nesse instante, quem estiver com o saquinho na mão, retira apenas 
um papel dobrado. A partir do que estiver escrito no papel e da correlação com 
o tema “água”, o participante cria uma frase, dizendo-a em voz alta para o 
grupo. 
Por exemplo: “A poluição dos rios prejudica a vida dos peixes”. Em 
seguida, o grupo decide se a frase deixa a gota feliz ou triste, e o participante 
posiciona a tira na cartolina correspondente. A frase mencionada deixa a gota 
triste. 
Outro exemplo: “A mata ciliar protege as margens dos rios da erosão”. 
A tira vai para a gota feliz. O jogo continua. Quando a música recomeça, o 
saquinho continua a ser passado, de mão em mão, até a música parar. 
Quando as tiras de papel acabarem, analisaremos a posição das 
palavras em cada gota, promovendo um debate. Podemos estimular o relato do 
que os participantes observam no dia a dia da cidade, do bairro, da casa, da 
escola, do trabalho, do campo, entre outros locais. 
Como produto final, selecionaremos as tiras da gota triste e 
pensaremos nas ações para mudar a sua posição para a gota feliz. 
Também se pode trabalhar com filmes como a era do gelo. 
 
 
 
Alimentos 
 
 
202 
 
O ser humano sempre dependeu da natureza para se alimentar. Em 
sua fase nômade, que ocupou mais de 90% da história da humanidade, comia 
frutas silvestres, nozes, raízes e a carne dos animais que caçava. Consumia 
apenas aquilo que era possível extrair da natureza, sem destruir ou modificar 
significativamente os ecossistemas. Há aproximadamente 12 mil anos, quando 
a humanidade passou a adestrar animais e a plantar, homens e mulheres se 
fixaram a terra; era o início da produção de alimentos, ainda em pequenas 
quantidades, que supriam apenas as necessidades básicas. 
 
Utilização de insumos químicos na agricultura 
 
Para melhorar a produtividade ou tentar assegurar os índices já obtidos 
de produção, os agricultores costumam usar algum tipo de adubo ou 
fertilizante, isso ocorre até mesmo em solos que, por sua natureza química, 
não necessitariam da aplicação desse recurso, e cuja produção é baixa em 
função de outros problemas não percebidos pelo produtor, tais como, 
problemas como a água, a luz, o ar e o calor. Por entender que a fertilidade 
está no solo e não no conjunto de relações existentes entre todos os 
componentes do ambiente em que o alimento é produzido. Os produtores 
passaram a atribuir aos fertilizantes um papel de destaque no processo 
produtivo. Porém, no conceito de agricultura sustentável, a produção de 
alimento deve considerar a fertilidade do agroecossistema, de modo que o foco 
esteja em todas as etapas do sistema produtivo e não apenas no solo. 
Nesse contexto, pode-se trabalhar com os alunos medidas corretas 
adotadas na agricultura e no consumismo com esse quadro: 
 
 
 
 
 
203 
 
 
 
 
O que você pode fazer? 
 
Como produtor 
 
 Adotar e apoiar práticas de cultivo que minimizem o uso de insumos 
químicos; 
 Usar as partes não aproveitadas das plantas como adubo orgânico; 
 Consorciar a criação de animais e o cultivo de plantas, utilizando o 
excremento dos primeiros na compostagem; 
 Fazer igualmente a compostagem a partir de resíduos agrícolas e 
domiciliares, para que sejam aproveitados como fertilizantes; 
 Aplicar sistemas de rotação dos cultivos, a fim de não empobrecer a 
terra e aumentar a incidência de pragas e doenças; 
 Diversificar o sistema produtivo, introduzindo espécies consorciáveis 
a partir de princípios de alelopatia (estudo que estabelece que 
plantas se adaptam à presença de outras); 
 Preservar a biodiversidade, as fontes de água, as áreas de 
preservação permanentes e reservas legais da propriedade; 
 Associar o cultivo de árvores e alimentos; 
 Contribuir com a geração de empregos, renda e educação para a 
população rural especialmente os mais jovens; 
 Estimular o associativismo e o cooperativismo, de maneira a facilitar 
a conversão coletiva dos produtores de uma região para a 
agricultura sustentável. 
 
 
 
204 
Como consumidor 
 
 Informar-se sobre a importância da agricultura sustentável e seus 
benefícios para a produção de alimentos, inclusive em relação à 
saúde dos indivíduos e ambientes; 
 Apoiar propostas de produção regional, especialmente a familiar e 
associada, com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar local e 
reduzir o desperdício de energia no transporte; 
 Exigir que os produtores respeitem as leis ambientais, assim como a 
legislação trabalhista, e que utilizem métodos menos impactantes ao 
meio ambiente, adquirindo produtos elaborados com esse 
diferencial; 
 Demandar que os vendedores de alimentos estimulem a produção 
ecológica, inclusive solicitando a certificação dos produtores por um 
organismo independente, para que se possa ter certeza de que os 
mesmos cumprem todas as exigências ambientais; 
 Organizar-se em cooperativas de consumo que estimulem a 
produção sustentável local e regional. 
 
Implantando uma horta na escola 
 
Também pode abordar esse assunto de uma forma prática, como a 
construção de uma horta na escola. 
A horta pode ser um laboratório vivo para diferentes atividades 
didáticas. Além disso, o seu preparo oferece várias vantagens para a 
comunidade. Dentre elas, proporciona uma grande variedade de alimentos a 
baixo custo, no lanche das crianças, permite que toda a comunidade tenha 
acesso a essa variedade de alimentos por doação ou compra e também se 
envolva nos programas de alimentação e saúde desenvolvidos na escola. 
Portanto, o consumo de hortaliças cultivadas em pequenas hortas auxilia na 
promoção da saúde. 
 
 
205 
Há várias atividades que podem ser utilizadas na escola com o auxílio 
de uma horta, nas quais o professor relaciona diferentes conteúdos e coloca 
emprática a interdisciplinaridade com os seus alunos. A matemática pode ser 
um exemplo, com o estudo das diferentes formas dos alimentos cultivados, 
além disso, o estudo do crescimento e desenvolvimento dos vegetais pode ser 
associado com o próprio desenvolvimento. Isto é, a importância da terra ter 
todos os nutrientes para que a semente se desenvolva em todo o seu 
potencial, livre de qualquer doença. Essas atividades também asseguram que 
a criança e a escola resgatem a cultura alimentar brasileira e, 
consequentemente, estilos de vida mais saudáveis. 
 
Colocando a mão na massa. 
 
Caso seja possível, o preparo da horta deve ser feito, sob orientação 
de um agrônomo ou técnico agrícola. Porém, se a escola já tem algum pai, 
professor ou funcionário com conhecimento prático sobre cultivo de hortaliças, 
essa pessoa poderá ajudar. A escolha das hortaliças deve ser de forma 
diversificada, garantindo uma grande variedade de cores, formas e, assim, 
diferentes nutrientes. 
 
Passos para o preparo da horta 
 
1º Passo - O local apropriado para o cultivo das hortaliças deve 
apresentar as seguintes características: 
 Terreno plano; 
 Terra revolvida (“fofa”); 
 Boa luminosidade e voltada para o nascente; 
 Disponibilidade de água para irrigação e sistema de drenagem, por 
exemplo, canaletas; 
 
 
206 
 Longe de sanitários e esgotos; 
 Isolado, com pouco trânsito de pessoas e animais. 
 
2º Passo - Algumas ferramentas são essenciais para o preparo da terra 
e plantio das hortaliças: 
 Enxada: é utilizada para capinar, abrir sulcos e misturar adubos e 
corretivos como serragem a terra. 
 Enxadão: é utilizado para cavar e revolver a terra. 
 Regador: serve para irrigar a horta. 
 Ancinho: é utilizado para remover torrões, pedaços de pedra e 
outros objetos, além de nivelar o terreno. 
 Sacho: é uma enxada menor que serve para abrir pequenas covas, 
capinar e afofar a terra. 
 Carrinho de mão: é utilizado para transportar terra, adubos e 
ferramentas. 
 
3º Passo: Preparo do canteiro - Antes de iniciar a preparação dos 
canteiros, deve-se limpar o terreno com auxílio de algumas ferramentas como 
enxada, ancinho e carrinho de mão. 
 Com auxílio de uma enxada, revira-se a terra a uns 15 cm de 
profundidade. 
 Com o ancinho, desmancham-se os torrões, retirando pedras e 
outros objetos, nivelando o terreno. 
 Iniciar a demarcação dos canteiros com auxílio de estacas e cordas 
com a seguinte dimensão; 1,20m x 2 a 5m e espaçamento de um 
canteiro a outro de 50cm. 
 Caso o solo necessite de correção, podem ser utilizadas cal 
hidratada ou serragem. 
 
4º Passo: Adubação dos canteiros 
 
 
207 
 
Como fazer adubo natural? 
 
Resíduos vegetais e animais, tais como palhas, galhos, restos de 
cultura, cascas e polpas de frutas, pó de café, folhas, esterco e outros, quando 
acumulados apodrecem e, com o tempo, transformam-se em adubo orgânico 
ou húmus, também conhecido por composto ou natural. 
Essa transformação é provocada por microrganismos aeróbicos 
(bactérias que necessitam de oxigênio para viver). Eles decompõem a celulose 
das plantas e quanto mais nitrogênio tiverem à sua disposição, mais rápido 
atuarão, pelo calor que se produzirá no material depositado. Por isso, deve ser 
fornecido aos microrganismos aquilo de que mais necessitam: ar, umidade e 
nitrogênio. 
Procedimentos: 
1. Em um espaço fechado, como uma caixa, coloca-se no chão uma 
fileira de tijolos, cujos intervalos devem ser cobertos por sarrafos, 
para deixar passar o ar. 
2. Em seguida, acumulam-se várias camadas (cerca de 20 cm cada 
um) de matéria vegetal, espalhando sobre cada uma delas, uma 
camada de ureia que contém nitrogênio. 
3. Mantém-se o composto sempre úmido, sem ensopá-lo, molhando 
seguidamente com um regador. 
4. Quando o composto começar a se aquecer, deve ser protegido da 
chuva, coberto com tábuas velhas ou com plástico. 
5. Cerca de um ou dois meses mais tarde, o composto deve ser 
revolvido; as partes que estavam em cima e dos lados devem ser 
colocados no centro. 
6. Após um ou mais meses, o composto estará pronto para ser usado 
na horta ou na lavoura, para posteriormente fazer as covas e os 
canteiros. 
 
 
 
208 
5º Passo: Covas e seu preparo 
 
 
FIGURA 13 - PREPARANDO A COVA PARA O PLANTIO DAS MUDAS 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.portalshalom.com.br/images/topics/horta.png>. Acesso em: 
10/09/2012 
 
 As covas devem ser feitas com antecedência, no mínimo, 18 dias 
antes do plantio ou transplantio. 
 O espaçamento entre as covas varia de acordo com a hortaliça a ser 
plantada. 
 As covas deverão ter a seguinte dimensão: 20x20cm ou 30x30cm de 
largura e 20 a 30cm de profundidade. 
 
 
 
 
6º Passo: Como cuidar da horta 
 
 
 
209 
A horta deve ser regada duas vezes ao dia, mas lembre-se que isso 
varia de região para região, pela diferença de clima entre elas. O solo não pode 
ficar encharcado para evitar o aparecimento de fungos. A horta tem que ser 
mantida limpa, as ervas daninhas e outras sujidades devem ser retiradas 
diariamente com a mão. A cada colheita, deve ser feita a reposição do adubo 
para garantir a qualidade da terra e das hortaliças. 
 
Exemplos que deram certo 
 
Diversas escolas implantaram o projeto da horta educativa e 
desenvolveram, com grande sucesso, suas hortas. Podemos citar como 
exemplo a U.M.E.F. Alger Ribeiro Bossois - Vila Velha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
210 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 14 
Antes 
 
Depois 
 
 
 
211 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.hortaviva.com.br/EMPRESA/portfolio_cst/0002/escolas_01.htm>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
Caso a escola não tenha espaço para o desenvolvimento de uma 
horta, utilize vasos de garrafa pet. Corte a garrafa pet no sentido do 
comprimento, use terra adubada e sementes. Essa técnica possibilita cultivar 
temperos, como salsinha e cebolinha (foto), ervas medicinais e flores, todas as 
plantas com pouca raiz. Embora seja uma horta compacta, seus produtos 
podem ser consumidos. Aproveite-os no enriquecimento da merenda escolar. 
 
 
 
FIGURA 15 
 
 
Canteiros de garrafa pet. Horta suspensa. 
 
 
212 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
Reciclagem 
 
 
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade 
aproveitar os detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. É o 
resultado de uma série de atividades, pelas quais os materiais que se tornariam 
lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para 
serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. 
Reciclagem é um termo originalmente utilizado para indicar o 
reaproveitamento (ou a reutilização) de um polímero no mesmo processo em 
que, por alguma razão, foi rejeitado. Reciclar, outro termo usado, significa na 
verdade fazer a reciclagem. 
O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado 
reciclagem, embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para 
designar o conjunto de operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 
1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior 
rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar 
ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também 
chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na 
maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do 
produto inicial. 
 
Aplicando os 3 Rs 
 
 
 
213 
Trabalhando consumo consciente com os alunos, pode-se passar a 
definição dos 3 Rs. 
 Reduzir: consiste em tentarmos reduzir a quantidade que 
produzimos de lixo, como por exemplo, comprar produtos mais 
duráveis e evitar trocá-los por qualquer novidade no mercado. 
 Reutilizar: procurar embalagens, por exemplo, que possam ser 
usadas mais de uma vez, como garrafas retornáveis de vidro. Ou 
quem sabe, criar novas utilidadespara as que você não precisa 
mais. 
 Reciclar: o mais conhecido dos 3 R’s; consiste em transformar um 
produto-resíduo em outro, para diminuir o consumo de matéria-prima 
extraída da natureza. 
 
É importante lembrar que, para obtermos um bom resultado na 
melhoria do meio-ambiente, os 3 R’s devem ser trabalhados igualmente. 
Apresentaremos algumas ideias práticas para a aplicação do assunto com seus 
alunos. 
 
Trabalhando com reciclagem - Papel Reciclado Artesanal 
 
O papel nada mais é que um emaranhado de fibras vegetais. Ao 
transformar papel usado em novo, estamos na verdade desfazendo essa trama 
e entrelaçando as fibras novamente. A partir do papel artesanal, é possível 
confeccionar papéis de carta, marcadores de livros, porta-retratos, porta-lápis, 
capas de caderno, livros, cartões de visitas, envelopes, convites, papeis e 
embalagens de presentes, entre muitas outras possibilidades. 
Entre os tipos de papel que podem ou não ser reciclados, temos: 
 
 
 
214 
RECICLÁVEIS 
Jornais e revistas, folhas de caderno, formulários de computador, 
envelopes, rascunhos, caixas em geral, aparas de papel, fotocópias, papel 
de fax, cartazes e folhetos. 
NÃO RECICLÁVEIS 
Papel carbono, fita crepe, papéis metalizados, papéis parafinados, 
papéis plastificados, papéis sanitários, "papel" de bala, embalagens de 
biscoitos, papéis sujos, etiqueta adesiva, tocos de cigarro e fotografias. 
 
O que você precisa: 
 Papel e água; 
 Bacias: rasa e funda; 
 Balde; 
 Moldura de madeira com tela de nylon ou peneira reta; 
 Moldura de madeira vazada (sem tela); 
 Liquidificador; 
 Jornal ou feltro; 
 Pano (ex.: morim); 
 Esponjas ou trapos; 
 Varal e pregadores; 
 Prensa ou duas tábuas de madeira; 
 Peneira côncava (com "barriga"); 
 Mesa. 
 
Etapas: 
 
A - Preparando a polpa: 
 
 
215 
 
Pique o papel e deixe de molho durante um dia ou uma noite na bacia 
rasa, para amolecer. Coloque água e papel no liquidificador, na proporção de 
três partes de água para uma de papel. Bata por dez segundos e desligue. 
Espere um minuto e bata novamente por mais dez segundos. A polpa está 
pronta. 
 
B - Fazendo o papel: 
 
1º passo - Deixe uma quantidade grande de papel de molho de um dia 
para o outro. Quanto mais mole ele ficar, melhor para bater. 
2º passo - Para cada copo americano de água, a mesma medida de 
papel. 
 
FIGURA 16 
 
1º e 2º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
 
 
216 
3º passo - Bata por alguns segundos a mistura no liquidificador. 
Lembre-se: cuidado para não queimar o aparelho. 
4º passo - Veja como fica a polpa. Se quiser um papel mais grosso, 
coloque mais papel. Se quiser um papel mais fino, mais água. 
 
FIGURA 17 
 
3º e 4º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
5º passo - Encha a bacia (banheira ou o tanque) de água para cobrir a 
tela. Jogue a mistura que você bateu no liquidificador nesta bacia. 
6º passo - Pegue a tela e mergulhe-a na vertical até o fundo. 
 
FIGURA 18 
 
 
217 
 
5º e 6º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
7º passo - Faça um movimento com a tela como se fosse juntar sujeira 
com uma pá. 
8º passo - Deixe a tela na horizontal, leve até o fundo e comece a 
levantá-la. 
 
FIGURA 19 
 
7º e 8º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
218 
 
 
 
 
 
9º passo - Retire a tela totalmente da água. 
10º passo - Coloque um jornal sobre uma pia, por exemplo. 
 
FIGURA 20 
 
9º e 10º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
11º passo - Vire a tela sobre o jornal. 
12º passo - Pressione a tela com o pano ou esponja (não esfregue!) 
até retirar o máximo de água da tela. 
 
FIGURA 21 
 
 
219 
 
11º e 12º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
13º passo - Dê leves batidas para desgrudar o jornal e o papel 
reciclado da tela. 
14º passo - Como o papel reciclado grudou no jornal, pendure-o no 
varal para secar. Assim, você aproveita a tela para fazer vários papéis ao 
mesmo tempo. 
 
FIGURA 22 
 
13º e 14º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/
 
 
220 
 
 
15º passo - Assim que secar desgrude o papel reciclado do jornal e dê 
o formato que quiser como envelopes, sacolas, e outros. 
 
FIGURA 23 
 
15º passo para reciclar papel. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
C - Prensando as folhas 
 
Para que suas folhas de papel artesanal sequem mais rapidamente e o 
entrelaçamento das fibras seja mais firme, faça pilhas com o jornal da seguinte 
forma: 
 Empilhe três folhas do jornal com papel artesanal. Intercale com 
seis folhas de jornal ou um pedaço de feltro e coloque mais três 
folhas do jornal com papel. Continue até formar uma pilha de 12 
folhas de papel artesanal. 
 
 
221 
 Coloque a pilha de folhas na prensa por 15 minutos. Se não tiver 
prensa, ponha a pilha de folhas no chão e pressione com um 
pedaço de madeira. 
 Pendure as folhas de jornal com o papel artesanal no varal até 
que sequem completamente. Retire cada folha de papel do jornal 
ou morim e faça uma pilha com elas. Coloque essa pilha na 
prensa por 8 horas ou dentro de um livro pesado por uma 
semana. 
 
 
Efeitos decorativos 
 
Misture à polpa: linha, gaze, fio de lã, casca de cebola ou casca de 
alho, chá em saquinho, pétalas de flores e outras fibras. 
Bata no liquidificador junto com o papel picado: papel de presente, 
casca de cebola ou de alho. 
Coloque sobre a folha ainda molhada: barbante, pedaços de cartolina, 
pano de tricô ou crochê. Nesse caso, a secagem será natural - não é 
necessário pressionar com o pedaço de madeira. 
Para ter papel colorido: bata papel crepom com água no liquidificador e 
junte essa mistura à polpa. Outra opção é adicionar guache ou anilina 
diretamente à polpa. 
 
Dicas importantes: 
 
 Tela de nylon deve ficar bem esticada, presa à moldura por 
tachinhas ou grampos. 
 
 
222 
 Reutilize a água que ficar na bacia para bater mais papel no 
liquidificador. 
 Conserve a polpa que sobrar: peneire e esprema com um pano. 
Guarde ainda molhada (em pote plástico no congelador) ou seca 
(em saco de algodão). A polpa deve ser ainda conservada em 
temperatura ambiente. 
 
 
Cadeira com garrafas pet 
 
 
É fácil montar móveis com garrafas PET? Agora que a técnica foi 
desenvolvida, a resposta é sim. Se hoje a confecção de móveis com garrafas 
PET já está se tornando uma prática conhecida, isto se deve ao espírito 
inventivo e ao pioneirismo do Prof. Sebastião Feijó, criador da técnica. 
 
 
Material necessário 
 
 Garrafas plásticas de dois litros (200 a 250 para a poltrona e 40 a 
50 para o pufe). 
 Tesoura. 
 Fita adesiva larga (ou barbante nº 6/8) . 
 
Etapas 
 
1 - Montando a peça de resistência 
 
 
223 
1.1 Separe uma garrafa limpa, vazia e sem rótulo. Vamos chamá-la de 
peça "a": 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 24 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. 
Acesso em: 10/09/2012 
 
1.2 Pegue uma garrafa e corte-a ao meio. Vamos chamar a parte debaixo de peça "b" e a de cima de peça "c": 
 
 
FIGURA 25 
 
 
224 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
1.3 Corte outra garrafa ao meio. Vamos chamar a parte de baixo de 
peça "d" e a de cima de peça "e": 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 26 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
225 
 
 
1.4 Encaixe a peça "c" dentro da peça "b": 
 
 
DICA: use uma chave de fenda para ajudar a encaixar as peças. 
 
 
FIGURA 27 
 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
1.5 Encaixe a peça "a" dentro da peça "b+c": 
 
 
 
 
 
 
 
226 
 
 
 
 
FIGURA 28 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
1.6 Encaixe a peça "d" por cima da peça "a+b+c": 
 
FIGURA 29 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
 
227 
 
Está pronta a PEÇA DE RESISTÊNCIA 
 
2 - Montando o assento da cadeira 
2.1. Faça 16 peças de resistência e prenda-as, duas a duas, com fita 
adesiva, formando oito duplas: 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 30 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
2.2. Junte novamente os conjuntos de dois em dois, formando quatro 
grupos de quatro peças de resistência: 
 
 
 
228 
FIGURA 31 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
2.3. Mais uma vez amarre de dois em dois, formando dois grupos de 
oito peças de resistência: 
 
FIGURA 32 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
2.4. Amarre os dois grupos de oito peças de resistência para formar o 
ASSENTO DA CADEIRA: 
 
FIGURA 33 
 
 
229 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
3 - Montando o encosto da cadeira 
3.1. Encaixe três peças "b+c" por cima da peça de resistência, 
formando um tubo. Faça dois tubos dessa maneira. 
 
 
FIGURA 34 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
3.2. Faça mais dois tubos, dessa vez, encaixando quatro peças "b+c" 
sobre a peça de resistência. Amarre os quatro tubos com fita adesiva para 
formar o ENCOSTO DA CADEIRA: 
 
 
230 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 35 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
3.3. Faça mais dois tubos, dessa vez encaixando quatro peças "b+c" 
sobre a peça de resistência. Amarre os quatro tubos com fita adesiva para 
formar o ENCOSTO DA CADEIRA: 
 
FIGURA 36 
 
 
231 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
3-4. Junte o ENCOSTO ao ASSENTO com várias voltas de fita adesiva 
para ficar bem firme. 
 
 
ESTÁ PRONTA A CADEIRA! 
 
 
 
Cestaria com jornal 
 
Material necessário: 
 Jornal (ou revista). 
 Tesoura. 
 Verniz. 
 
Etapas 
 
 
 
232 
1. Corte uma folha inteira de jornal em quatro partes, ao comprido. 
Enrole cada uma das quatro partes a partir da ponta, na diagonal, para fazer os 
canudos de jornal. 
 
 
 
Dica: deixe uma das pontas do canudo mais apertada que a outra. 
 
FIGURA 37 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. 
Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
2. Separe sete canudos de jornal para começar a trançar. Coloque na 
mesa ou bancada quatro canudos (canudos 1 a 4), um ao lado do outro, com 
uma distância de aproximadamente 2 cm entre eles. 
Traçando: 
Pegue o canudo 5 e comece a trançar perpendicularmente aos outros 
quatro, na porção central. Passe por cima do canudo 1, por baixo do canudo 2, 
por cima do canudo 3 e por baixo do canudo 4. 
 
 
233 
Pegue o canudo 6 e repita a operação, dessa vez começando por 
baixo do canudo 1, por cima do 2, por baixo do 3 e por cima do 4. 
Trance o canudo 7 da mesma maneira que fez com o canudo 5. 
 
FIGURA 38 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
3. Pegue uma das pontas do canudo 1 e comece a trançar, passando 
por baixo do canudo 2, por cima do 3, por baixo do 4, por cima do 5, por baixo 
do 6, e assim sucessivamente. 
 
FIGURA 39 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
 
 
234 
4. Quando o canudo 1 estiver quase todo trançado, pegue um novo 
canudo e emende nele para continuar a trançar. 
Dica: encaixe a ponta do canudo novo por dentro ou por fora da ponta 
do canudo 1 (lembre-se que os canudos têm uma ponta mais justa que a 
outra). 
 
 
 
FIGURA 40 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 
 
 
5. Continue trançando até atingir o tamanho da cesta que você quer. 
Dica: para fazer cestas mais altas você pode emendar novos canudos 
nos canudos da base (2, 3, 4, 5, 6 e 7). 
 
6. Quando alcançar o tamanho desejado faça os arremates 
escondendo as pontas que sobrarem. 
Dica: passe verniz na cesta para impermeabilizá-la. Se preferir, use 
verniz incolor para depois poder dar um acabamento com tintas coloridas. 
 
 
235 
 
FIGURA 41 
 
Cesta de jornal pronta. 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.recicloteca.org.br/images/cestaria/cesta.gif>. Acesso em: 
10/09/2012. 
 
 
 
 
 
25.3 ELABORANDO A AGENDA 21 NA ESCOLA 
 
 
A Agenda 21 é um processo de planejamento participativo no qual o 
governo e a sociedade definem e pactuam um plano de ação para o 
desenvolvimento sustentável, além de propor uma reflexão sobre as condições 
de vida do planeta. Tal reflexão tem sido feita em vários segmentos da 
sociedade e pode se estender às escolas: a Agenda 21 Local pode ser feita a 
partir da Agenda 21 na Escola. 
 
 
236 
A Agenda 21 na Escola incentiva e soma esforços com o Grêmio 
Estudantil, a Associação de Pais e Mestres, o Conselho da Escola, a 
comunidade escolar, além de outras organizações, para discutir e realizar 
ações de proteção do meio ambiente e da promoção de ações que venham 
contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a construção de sociedades 
sustentáveis. 
É, portanto, um processo que, assim como a Educação Ambiental, 
deve ser inserido de forma transversal em todas as disciplinas da escola e nos 
projetos que envolvam a comunidade. Na prática, um grupo de professores e 
alunos interessados pode começar a construir a Agenda 21 na Escola. 
O primeiro passo é a criação de uma comissão para mobilizar, 
desenvolver ações, acompanhar as atividades de Educação Ambiental e 
incentivar a construção da Agenda 21 na Escola. Mais de 4 mil escolas no País 
criaram Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida), que 
são espaços de debates nos quais se definem as responsabilidades que a 
escola vai assumir para contribuir com a sustentabilidade da comunidade local 
e construir a sua Agenda 21. 
 
Começando a implantar a agenda 21 
 
Oficina de Futuro: 
No dicionário, oficina significa “um lugar onde ocorrem grandes 
transformações”. Oficina de Futuro é uma técnica que ajuda a conduzir os 
passos de preparação da Agenda 21 na Escola. Consiste em uma série de 
passos ou etapas com duração que pode variar de acordo com o ritmo e o 
aprofundamento que o grupo deseje. 
 
Árvore dos Sonhos 
 
 
 
237 
Para realizar algo de valor é preciso ter espaço para sonhar. Durante a 
Eco-92 foi construída uma imensa árvore na Praia do Flamengo, no Rio de 
Janeiro. Nesse local, onde era realizada a conferência da sociedade civil, as 
pessoas escreviam em folhas depapel seus sonhos de um futuro digno para a 
humanidade e penduravam nessa árvore. Para criar Agenda 21 na Escola, 
podemos realizar a Árvore dos Sonhos. Uma árvore grande pode ser 
desenhada na lousa ou recortada em cartolina. As pessoas devem se reunir 
em pequenos grupos para responder a uma pergunta: como é a escola dos 
nossos sonhos? Outra pergunta que podem responder: como é a comunidade 
dos nossos sonhos? Cada grupo escreve os seus sonhos em um papel em 
forma de folha e prega na Árvore dos Sonhos. A negociação coletiva dos 
sonhos vai mostrar quais são os objetivos da Agenda 21 na Escola. 
 
 
As Pedras no Caminho 
 
Falar das pedras no caminho serve para a turma desabafar e pensar 
nas dificuldades que terá de enfrentar para chegar aos sonhos. Um grande 
caminho de pedras pode ser desenhado na lousa, no chão ou sobre uma 
cartolina. Novamente, os participantes são divididos em pequenos grupos para 
facilitar a conversa. O facilitador ou facilitadora pergunta: quais são os 
problemas que dificultam chegarmos aos nossos sonhos? Cada grupo debate 
escolhe e escreve um problema sobre uma das “pedras” desenhadas. 
Depois de examinarem todas as dificuldades, os participantes da 
oficina escolhem quais desejam ver resolvidas em primeiro, em segundo e em 
terceiro lugar. 
Os resultados obtidos na dinâmica realizada na escola são entregues 
ao grupo responsável pelo projeto, para que o conteúdo já se transforme no 
primeiro documento da Agenda 21 da unidade escolar. 
 
 
238 
O processo que merece maior atenção e cuidado é a elaboração do 
Plano de Ação, pois este é feito em grupo e deve obedecer a questões chaves: 
Ações organizadas a serem tomadas para a concretização das 
propostas colocadas na “Árvore dos Sonhos”. Para isto, é necessário 
responder às seguintes questões: 
 Quais ações devem ser realizadas? 
 O que é necessário para realizá-las? 
 Quando cada ação será realizada? 
 Quem se responsabiliza por elas? 
 Como avaliar se o grupo conseguiu realizar o que planejou? 
O Plano de Ação é um mapa de orientação. Por isso, não se deve 
esquecer de que as soluções propostas devem ser FACTÍVEIS. 
 
 
Jornal Mural: viagem ao passado e ao presente 
 
Todos os problemas e dificuldades têm uma razão de existir. Por isso, 
o terceiro passo da Oficina de Futuro consiste em reunir informações para 
conhecer a história da nossa escola e da nossa comunidade. Um caminho é 
responder às perguntas: 
 Como esses problemas surgiram? 
 Como era a escola e a comunidade antes? 
 
As pessoas mais velhas podem contar como as coisas eram 
antigamente. Coletar fotos, desenhos, filmes e outras informações sobre o 
passado ajudam a compor essa memória. Mas é preciso também conhecer a 
situação atual. Novamente, vale reunir todo tipo de informação e de 
documentos. 
 Que experiências interessantes já aconteceram por aqui? 
 
 
239 
 
Toda a documentação coletada pode virar um Jornal Mural na Escola. 
O jornal mural vai facilitar a divulgação e a compreensão da situação local. 
 
Colocando em prática 
 
Agora é preciso organizar as ações e preparar um plano. Essa parte da 
Agenda 21 vai ajudar o grupo a tomar uma atitude para transformar a sua 
situação atual e chegar aos sonhos. Para isso, é preciso responder a novas 
perguntas: 
 Quais ações devem ser realizadas? 
 O que será necessário para realizá-las? 
 Quando cada ação será realizada? 
 Quem se responsabiliza por elas? 
 Como avaliar se o grupo conseguiu realizar o que planejou? 
Ação - Significa aquilo que deve ser feito para realizar a meta. 
Materiais e custos - É preciso lembrar de todo material e mão de obra 
necessária para realizar determinada ação. Cada produto e serviço têm um 
custo. 
Prazo - Quando cada ação deve ser realizada? 
Responsáveis - Quem faz o quê? É preciso que cada grupo ou pessoa 
se responsabilize pela ação. 
Como avaliar - O grupo escolhe coisas que possam ser avaliadas e 
que indiquem se está conseguindo ou não realizar a ação. Um plano de ação é 
como um mapa de orientação. Ele, às vezes, pode demorar a ser construído, 
mas se for cuidadoso e completo pode evitar muita dor de cabeça. Vale 
lembrar que os planos existem para serem executados. Portanto, é importante 
acompanhar e avaliar a realização de todos os passos, perguntando sempre se 
os sonhos da Árvore dos Sonhos estão sendo alcançados. 
 
 
240 
 
Dinâmicas ambientais 
 
Jogos e dinâmicas podem ter um papel fundamental nos programas de 
Educação Ambiental das Escolas, pois fogem do esquema de aula que os 
alunos estão acostumados. Sendo dinâmicos e fora da rotina das escolas, 
fazem com que a participação dos alunos nas atividades seja motivada por eles 
mesmos. 
Ao ar livre, nas quadras de esportes ou nos ginásios, os jogos fazem 
com que os participantes aprendam brincando. Mais importante do que isso, 
quando bem aplicados permitem que os jogadores formulem seus próprios 
conceitos sobre o tema tratado. Além de tudo, estimulam o desenvolvimento 
motor, intelectual, perceptivo e a sociabilidade. 
Os Programas de Educação Ambiental devem mostrar para o público-
alvo que as ações individuais atingem sempre o coletivo. Um bom exemplo 
para se trabalhar isso são as dinâmicas, que podem ser feitas antes, durante e 
depois da execução do Programa. Algumas delas são sugeridas abaixo. Dê 
preferência para as dinâmicas em que o individual afete o coletivo, em que 
todos devam trabalhar na busca da solução de um problema comum. 
 
 
Algumas dinâmicas que podem ser aplicadas 
 
NÓ HUMANO 
 
Objetivo: ajudar o grupo a compreender o processo vivido na solução 
de um determinado problema. Criar novas expectativas com relação a algum 
problema de difícil solução. 
 
 
241 
Processo: os participantes formam um círculo e se dão as mãos. É 
importante lembrar que, sempre que for pedido para dar novamente as mãos, 
deverão repetir exatamente como estão: a mão esquerda para quem segura a 
mão esquerda e a direita para quem segura a direita. 
- Após essa observação, o grupo deverá caminhar um pouco, 
livremente. 
- A um sinal do facilitador, o grupo forma um único bloco no centro do 
círculo e, sem sair do lugar, cada participante deverá dar novamente a mão 
direita e a mão esquerda para quem segurava cada uma (como no início). Com 
certeza ficará um pouco difícil devido à distância entre aqueles que estavam 
próximos no início, mas o facilitador tenta motivar para que ninguém mude de 
lugar ou troque o companheiro com o qual estava de mãos dadas. 
- Assim que todos já estiverem ligados aos mesmos companheiros, o 
facilitador pede que voltem à posição natural, porém sem soltarem as mãos e 
em silêncio. (O grupo deverá desamarrar o nó feito e voltar ao círculo inicial, 
movimentando-se silenciosamente). 
- Após algum tempo, se não conseguirem voltar à posição inicial, o 
facilitador libera a comunicação entre as pessoas e deixa mais alguns minutos. 
- Enfim, partilha-se a experiência vivenciada. Destacar as dificuldades, 
os sentimentos experimentados no início, no momento do nó e no final, após 
desatá-lo. 
OBS: Sempre é possível desatar o nó completamente. Porém, se o 
grupo for muito numeroso, pode ser mais difícil. Portanto, sugerimos: se o 
grupo ultrapassar quarenta participantes, divida-o em dois para que todos 
possam participar. 
 
 
AMIGOS DE JÓ 
 
 
 
242 
Objetivo do Jogo: cantando a música "Amigos de Jó", todo o grupo tem 
que se deslocar na cadência e realizar os movimentos propostos formando 
uma espécie de balé brincalhão. 
 
Propósito: o propósito é fazer do jogo-dança um momento de união do 
grupo e proporcionar um espaço de adequação do ritmo grupal. Podem ser 
trabalhados Valores Humanos como: 
 Alegria e Entusiasmo pela brincadeira do grupo (diversão entre 
erros e acertos); 
 Harmonia na busca do ritmo grupal; 
 Parceria e Respeito para caminhar junto com o outro. 
 
Recursos: Espaço físico mínimo de 35 m2; 
 Círculos no chão (bambolês, círculos desenhados de giz ou 
barbantes) em número igual ao de participantes dispostos em 
um grande círculo. 
 
Número de Participantes: pode ser jogado com um mínimo de 16 
pessoas até quantos o espaço permitir. 
Duração: grupos pequenos jogam aproximadamente 15 minutos; 
grupos maiores precisam de mais tempo para administrar a adequação rítmica. 
 
Descrição: 
Cada participante ocupa um bambolê ou círculo desenhado no chão. 
A música tradicional dos "Escravos de Jó" é cantada com algumas 
modificações: 
"AMigos de Jó joGavam caxanGá. Tira, Põe, Deixa Ficar, fesTeiros 
com fesTeiros fazem Zigue, Zigue, Zá (2x)" 
O grupo vai fazendo uma coreografia ao mesmo tempo em que canta a 
música. A cadência das passadas é marcada pelas letras maiúsculas na 
música. 
"aMigos de Jó joGavam caxanGá." : são 5 passos simples em que 
 
 
243 
cada um vai pulando nos círculos que estão à sua frente. 
"Tira": pula-se para o lado de fora do círculo. 
“Põe": volta-se para o círculo. 
"Deixa Ficar": permanece no círculo, agitando os braços erguidos. 
"fesTeiros com fesTeiros": 2 passos para frente nos círculos. 
"fazem Zigue, Zigue, Zá": começando com o primeiro passo à frente, o 
segundo voltando e o terceiro novamente para frente. 
Quando o grupo já estiver sincronizando o seu ritmo, o(a) focalizador(a) 
pode propor que os participantes joguem em pares. Nesse caso, o número de 
círculos no chão deve ser igual à metade do número de participantes, as 
pessoas ocupam um círculo e ficam uma ao lado da outra com uma das mãos 
dadas. Além disso, quando o grupo cantar "Tira..." o par pula para fora do 
círculo, um para cada lado e sem soltar as mãos. E por que não propor que se 
jogue em trios e quartetos? 
 
Dicas: 
Este jogo-dança é uma gostosa brincadeira que exige certa 
concentração do grupo para perceber qual é o ritmo a ser adotado. É prudente 
começar mais devagar e se o grupo for respondendo bem ao desafio, sugerir o 
aumento da velocidade. 
O respeito ao parceiro do lado e a atenção para não machucar os pés 
alheios são toques interessantes que a pessoa que focaliza o jogo pode dar. 
Quando o grupo não está conseguindo estabelecer um ritmo grupal, 
o(a) focalizador(a) pode oferecer espaço para que as pessoas percebam onde 
está a dificuldade e proponham soluções. Da mesma forma, quando o desafio 
já tenha sido superado e o grupo queira continuar jogando, há espaço para 
criar novas formas de deslocamento e também há abertura para outras 
coreografias nesta ou em outras cantigas do domínio popular. 
 
 
CAMINHANDO ENTRE OBSTÁCULOS 
 
Material necessário: garrafas, latas, cadeiras ou qualquer outro objeto 
que sirva de obstáculo, e lenços que sirvam como vendas para os olhos. 
 
 
244 
Desenvolvimento: os obstáculos devem ser distribuídos pela sala. As 
pessoas devem caminhar lentamente entre os obstáculos sem a venda, com a 
finalidade de gravar o local em que eles se encontram. As pessoas deverão 
colocar as vendas nos olhos de forma que não consigam ver e permanecerem 
paradas até que lhes seja dado um sinal para iniciar a caminhada. O professor 
com auxilio de uma ou duas pessoas, imediatamente e sem barulho, tirarão 
todos os obstáculos da sala. O professor insistirá em que o grupo tenha 
bastante cuidado, em seguida pedirá para que caminhem mais rápido. Após 
um tempo o professor pedirá para que todos tirem as vendas, observando que 
não existem mais obstáculos. 
Compartilhar: discutir sobre as dificuldades e obstáculos que 
encontramos no mundo, ressaltando, porém que não devemos temer. 
 
ATUALIDADE 
 
Objetivo: Introduzir tema Atualidade. 
Material: Tiras de papel - Canetas - Flip Chart - Pincel. 
Tempo: 30’ 
 
Instruções 
 
Primeira Etapa - Preparação 
 
Entregar filipetas de papel e canetas para cada participante e solicitar 
que individualmente e sigilosamente pensem e escrevam um assunto 
relacionado à realidade atual (do país, de determinado ou mesmo no mundo). 
Nota: é importante que o assunto seja bem específico, evitando termos 
muito genéricos. 
Recolher todos os papéis com os devidos temas e redistribuir para o 
grupo. 
Nota: pode ocorrer de o participante tirar o tema que ele próprio 
escreveu ou o mesmo tema ser indicado mais de uma vez. 
Solicitar que cada um leia silenciosamente o tema que tirou, tomando 
cuidado para que o colega não veja do que se trata. 
 
 
245 
 
Segunda etapa – Desenvolvimento. 
 
Explicar para o grupo que nesta etapa, cada um deverá pensar em 
uma forma não verbal de representar para o grupo, o assunto que está descrito 
no seu papel. 
Nota: vale representar por meio de mímicas, desenhos, gestos, e 
outros. Podem-se dar indicativos para o grupo na medida em que este acerta, 
aproxima-se ou erra. Ex.: sinais de cabeça, como sim ou não sinais com a 
mão, como positivo ou negativo ou mais ou menos. 
Enquanto um representa os demais tentarão descobrir e dizer o 
assunto que está sendo representado. 
O facilitador deve ir anotando o nome dos acertadores e o número de 
vezes que estes acertaram. 
Nota: o jogo inicia com um voluntário, sendo que todos os 
participantes, inclusive os que tiverem temas já representados, deverão 
representar, mudando neste caso a forma de apresentação. 
 
Terceira Etapa – Fechamento 
 
Após todas as representações, verificar como o grupo se sentiu. 
Qual etapa foi mais fácil e por quê? 
O facilitador promove uma discussão para reflexão do grupo, baseado 
na resposta da questão acima. 
Estar em sintonia com o que a mídia veicula, ter uma vida social 
participativa (teatro, exposições, convenções, Shows, cinemas) e mesmo em 
atividades relacionadas ao dia a dia do trabalho, nos mantém atualizados e 
amplia nossa visão do mundo. 
O facilitador inicia a discussão do tema Atualidade - comentando que 
esta dinâmica foi escolhida com o propósito de mostrar a importância de se 
estar em sintonia com os acontecimentos, no sentido de ampliar nossa visão os 
fatos que interferem no nosso dia a dia. 
 
RETIRANDO AS CADEIRAS 
 
 
246 
 
Objetivo: é uma dinâmica para exercitar a agilidade, percepção e, 
quem sabe, até o preconceito (sentar no colo do outro). 
Procedimento: formar um círculo com cadeiras, todas voltadas para 
fora do círculo. A quantidade de cadeiras deve ser igual ao número de 
participantes menos uma. Sugerir que todas as pessoas fiquem andando ao 
redor das cadeiras, ao som de uma música bem ritmada. Quando a música 
para, todos devem sentar; sobrará alguém, que deverá se sentar, de alguma 
forma – ninguém pode ficar em pé, fora do círculo. Volta à música, o grupo 
reinicia a caminhada circular e mais uma vez o facilitador retira mais uma 
cadeira. Para a música e todos procuram sentar de novo. A cada etapa repete-
se o procedimento, até que só exista uma cadeira. 
Afinal, esse é o desafio: um objetivo único para todos. criatividade, 
companheirismo e determinação são ingredientes imprescindíveis para a 
aplicação dessa técnica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
247 
INTRODUÇÃO 
 
 
Esse módulo irá abordar a Educação Ambiental não formal, sua 
definição e as ligações com as diversas áreas que interligam o meio ambiente. 
Mostraremos a importância da Educação Ambiental nas empresas, na 
abordagem do turismo ecológico, o Ecoturismo, as diversas ONGs que 
elaboram programas de Educação Ambiental para a comunidade, a formação e 
a importância do Comdema na aplicabilidade da educação ambiental. 
O educador ambiental tem um grande desafio, o de formular uma 
educação ambiental que seja crítica, inovadora e atrativa, despertando a 
curiosidade, fazendo com que os vários projetos saiam do papel e virem 
realidade. 
Todos nós temos esse dom de despertar a sensibilização para um 
ambiente saudável e totalmente preservado. Basta abrirmos os braços e 
entrelaçar esse maravilhoso planeta que é aTerra, nossa morada. 
Tenham um ótimo estudo! 
 
 
26 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL 
 
 
A Educação Ambiental Não formal opera por meio de programas 
direcionados para os aspectos bem definidos da realidade social e ambiental. 
Usa meios multivariados. Tem a função de informar e formar. Atua sobre e com 
comunidades. Desenvolve ações na área da educação, comunicação, extensão 
 
 
248 
e cultura. Tem ainda propósitos informativos para o esclarecimento e 
orientação de questões de ordem tecnológica. 
A educação ambiental não formal, ou extracurricular, é aquela obtida 
fora dos bancos escolares e universitários. Com a família, amigos, cinema, 
teatro, restaurante, em todo e qualquer lugar, público ou privado, existe a 
possibilidade de aquisição de conhecimentos ligados ao meio ambiente. 
Difere em alguns itens da Educação Ambiental Informal, sendo que 
esta se dirige ao grande público, ou à sociedade, e se vale dos meios de 
comunicação convencionais. Ela se presta à difusão de informações ou ao 
esforço de programas institucionais no âmbito da política, da educação e da 
cultura ambiental. Por exemplo: pesquisa, campanhas de opinião pública, 
articulações políticas com entidades ambientais, comemorações de datas e 
eventos sobre o Meio Ambiente. 
A educação ambiental como medida socioeducativa para melhoria da 
qualidade ambiental foi introduzida no Brasil pela Lei 4.771 de 15/07/1965 
(Código Florestal Brasileiro), e passou a fazer parte das ações do Sistema 
Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, pela Lei 6.938 de 31/08/1981. A partir 
disso, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, uma 
parceria do Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação, pela Lei 
9.795 de 27/04/1999, regulamentando as diretrizes e princípios da educação 
ambiental no Brasil. 
É interessante observar a evolução que a Educação Ambiental - em 
especial a não formal - sofreu ao longo do tempo, visto que inicialmente era 
utilizada como forma de manifesto, alertando sobre a escassez dos recursos 
naturais e indicando a necessidade de conservação da natureza. É concebida 
inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos como uma prática 
de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e a má 
distribuição no acesso aos recursos naturais. 
A Educação Ambiental Não Formal é fundamental para o 
desenvolvimento da sensibilização ambiental nos diversos âmbitos de atuação 
da população nas cidades e campo. 
 
 
249 
Segundo o Artigo 225 da Constituição Federal, ao estabelecer o “meio 
ambiente ecologicamente equilibrado” como direito dos brasileiros, “bem de 
uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”, também, atribui ao “Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações”. 
Nesse sentido, trata-se da defesa e preservação pelo Poder Público e 
pela coletividade, de um bem público (o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado), cujo modo de apropriação dos seus elementos constituintes, pela 
sociedade, pode alterar as suas propriedades e provocar danos ou, ainda, 
produzir riscos que ameacem a sua integridade. A mesma coletividade que 
deve ter assegurado o seu direito de viver em um ambiente que lhe 
proporcione uma sadia qualidade de vida, também precisa utilizar os recursos 
ambientais para satisfazer suas necessidades. Na vida prática, o processo de 
apropriação e uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranquila. 
Há interesses em jogo e conflitos (potenciais e explícitos) entre atores sociais 
que atuam de alguma forma sobre os meios físico-natural e construído, visando 
o seu controle ou a sua defesa. 
 
 
27 ESFERAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
A lei do Plano Nacional de Educação Ambiental (PNEA) combina 
educação formal e não formal. Assim, embora se esquecendo de que à 
educação informal é aquela do dia a dia que acontece pelo simples contato 
direto ou indireto entre os seres humanos, a lei vem de fato responsabilizar 
toda a sociedade, por meio das mais diversas esferas organizativas, pela 
educação ambiental. 
Diz o artigo Art. 2º “A educação ambiental é um componente essencial 
e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma 
 
 
250 
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em 
caráter formal e não formal”. 
E o Art. 3º especifica: 
“Como parte do processo educativo mais amplo, todos 
têm direito à educação ambiental, incumbindo: 
I - ao Poder Público, nos termos dos artigos 205 e 225 da 
Constituição Federal, definir políticas públicas que 
incorporem a dimensão ambiental, promover a educação 
ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento 
da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do 
meio ambiente; 
II - às instituições educativas, promover a educação 
ambiental de maneira integrada aos programas 
educacionais que desenvolvem; 
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente - Sisnama, promover ações de educação 
ambiental integradas aos programas de conservação, 
recuperação e melhoria do meio ambiente. 
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de 
maneira ativa e permanente na disseminação de 
informações e práticas educativas sobre meio ambiente e 
incorporar a dimensão ambiental em sua programação; 
V - às empresas, entidades de classe, instituições 
públicas e privadas, promover programas destinados à 
capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao 
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como 
sobre as repercussões do processo produtivo no meio 
ambiente; 
VI - à sociedade como um todo, manter atenção 
permanente à formação de valores, atitudes e habilidades 
que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para 
a prevenção, a identificação e a solução de problemas 
ambientais.” 
 
 
 
 
251 
A abrangência das responsabilidades atribuídas pela lei em matéria de 
EA não formal fica clara, apesar de algumas fraquezas conceituais na Lei 9795, 
de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a 
Política Nacional de Educação Ambiental na Seção III, Art. 13, ao estipular que: 
“Entendem-se por educação ambiental não formal as ações e práticas 
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões 
ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio 
ambiente". E continua: O Poder Público, em níveis federal, estadual e 
municipal, incentivará: 
 
 
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de 
massa, em espaços nobres, de programas e campanhas 
educativas, e de informações acerca de temas 
relacionados ao meio ambiente; 
II - a ampla participação da escola, da universidade e de 
organizações não governamentais na formulação e 
execução de programas e atividades vinculadas à 
educação ambiental não formal; 
III - a participação de empresas públicas e privadas no 
desenvolvimento de programas de educação ambiental 
em parceria com a escola, a universidade e as 
organizações não governamentais; 
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das 
unidades de conservação; 
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais 
ligadas às unidades de conservação; 
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; 
VII - o ecoturismo. 
 
 
Quando falamos em educação ambiental não formal nas escolas 
privadas, essas necessitam integrar seu sistema educacional com práticas 
 
 
252 
pedagógicas voltadas para o incentivo de atividades extraclasse, como a 
criação de ONGs, grupos de estudos ambientais, programas de iniciação 
científica e visitas aos mais diversos lugares onde a ambientalidade seja o foco 
do trabalho. Vale lembrar que, embora haja incentivos governamentais, nem 
sempre esses são conseguidos, sendo a entidade a responsável direta pela 
elaboração destes programas. 
Por longos anos e até os dias de hoje, os movimentos

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