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DOCÊNCIA EM SAÚDE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842e Educação ambiental / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 285p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-274-9 1. Educação ambiental. 2. Meio ambiente - Educação. I. Portal Educação. II. Título. CDD 372.387 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO BRASIL 2.1 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO MEC 3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 4 EVENTOS IMPORTANTES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DOCUMENTOS GERADOS 4.1 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE 4.2 AGENDA 21 4.3 DIMENSÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS 4.4 CONSERVAÇÃO E QUESTÃO DOS RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO 4.5 REVISÃO DOS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DAS AÇÕES PROPOSTAS 4.6 A ACEITAÇÃO DO FORMATO E CONTEÚDO DA AGENDA 21 4.7 MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 4.8 OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO DE KYOTO 4.9 SUMIDOUROS DE CARBONO 4.10 OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO 4.11 SEQUESTRO DE CARBONO 4.12 O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 5 GLOSSÁRIO DE SIGLAS 3 INTRODUÇÃO 6 ECOLOGIA 6.1 HISTÓRICO DA ECOLOGIA 6.1.1 Conceito unificador 6.2 CONCEITOS IMPORTANTÍSSIMOS NA ECOLOGIA 6.2.1 Espécies Pioneiras 6.2.2 Conceito de Microclima 6.2.3 A insolação do Planeta 6.2.4 A circulação de energia na atmosfera 6.2.5 Intemperismo 6.2.6 Lençol Freático 6.2.7 Aquífero Guarani 6.2.8 Os biomas brasileiros 6.2.9 Amazônia 6.2.10 Caatinga 6.2.11 Campos do Sul (Pampas) 6.2.12 Cerrado 6.2.13 Mata Atlântica (Floresta Pluvial Costeira) 6.2.14 Pantanal 6.2.15 Zona Costeira 6.2.16 Zonas de Transição 6.3 HUMANIDADE E AMBIENTE 6.3.1 Poluição Ambiental 4 6.3.2 Os problemas ambientais dos grandes centros 7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 8 BIOCOMBUSTÍVEL 8.1 TIPOS DE BIOCOMBUSTÍVEL 8.2 CRISE AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA 9 CAMINHOS E PERSPECTIVAS INTRODUÇÃO 10 O QUE É SUSTENTABILIDADE? 10.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL 10.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10.3 TRIPLE BOTTOM LINE OU TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE 10.4 COMO MEDIR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10.5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL 11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 12 PROTEÇÃO AMBIENTAL 13 SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE 14 EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 15 MEIO AMBIENTE E OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS 16 MEIO AMBIENTE E AGROPECUÁRIA 17 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 17.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE 17.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE 17.3 PERÍODO DE DESFECHO 18 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL, EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 19 OCUPAÇÃO EXISTENCIAL DO MUNDO: UMA PROPOSTA ECOSSISTÊMICA DA QUALIDADE DE VIDA 5 19.1 QUALIDADE DE VIDA E CIDADES SAUDÁVEIS 20 PROMOÇÃO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE 21 PLANEJAMENTO AMBIENTAL 22 SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E A AMAZÔNIA 23 SUDAM INTRODUÇÃO 24 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL 25 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNS) 25.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR 25.2 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 25.3 ELABORANDO A AGENDA 21 NA ESCOLA INTRODUÇÃO 26 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL 27 ESFERAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 28 ESTRATÉGIAS PARA AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 29 PLANEJAMENTO DE PROJETOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 30 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS 31 EMPRESAS COM POLÍTICAS AMBIENTAIS 32 INSTITUTO AKATU 33 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO 33.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ECOTURISMO 33.1.1 Trilhas ecológicas interpretativas 34 EDUCAÇÃO AMBIENTAL INSERIDA NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 35 REDES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 36 AÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AGENDA 21 37 PROTOCOLO VERDE 6 38 CONSELHOS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE (COMDEMAS) 39 A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 40 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 INTRODUÇÃO Nesse módulo vamos fazer uma retrospectiva histórica das conquistas da educação ambiental. Ano após ano o ser humano percebeu a importância de um ambiente saudável para sua total sobrevivência. Sentimos que esse despertar tenha ocorrido após o ambiente sofrer várias degradações e, também, após vários biomas serem quase que totalmente devastados. Mas ainda há esperança, depois da Conferência de Tbilisi e da Rio-92 houve um resgate na sensibilização ambiental da humanidade. Os governantes passaram a olhar o meio ambiente não como uma imensa fábrica prestes a explorar, mas sim como um viveiro ameaçado e que precisa urgentemente de cuidados especiais. Com esse despertar surge o protocolo de Kyoto, em que governantes de vários locais do planeta selam um compromisso de reduzir a emissão de gás carbônico, revertendo seu efeito agressivo no meio ambiente. Espero que vocês tenham um ótimo estudo e se contaminem com esse vasto mundo que a educação ambiental nos proporciona. 1. ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Cronografia (40.000 a.C. a 3.500.000.000) Ano 2000 do calendário cristão. Ano 5760 do calendário judaico. Ano 5108 do calendário hindu. 8 Ano 1377 do calendário mulçumano. Mesmo com toda a sua capacidade científica e tecnológica disponível, o ser humano ainda tem fortes limitações para previsões. Os prognósticos, em sua maioria, falham. O desenvolvimento de armas químicas e nucleares, o surgimento de ameaças globais à estabilidade dos sistemas que asseguram a vida na Terra e um bilhão de pessoas excluídas das benesses alcançadas pela humanidade não foram previstos por ninguém. Nessa escala, a História revela momentos de lucidez e brilhantismo da espécie humana, ao lado de episódios desastrosos, bisonhos, inusitados, outros revestidos de uma estupidez absoluta. A presente cronografia reúne uma sequência de ocorrências que contribuíram para moldar, de alguma forma, as nossas notícias, os nossos paradigmas, e esses, a realidade socioambiental vigente. Reúne ainda um conjunto de projeções, formuladas por diversas instituições, em um exercício de reflexão. 40.000 a.C. Marcado pela proliferação de ferramentas para a caça, cozinha e outras tarefas, acelera-se o desenvolvimento de tecnologia entre os 4 milhões de seres humanos que se distribuíam pela Ásia e África. 10.000 a.C. Desenvolvimento da agricultura, implantada primeiramente no “crescente fértil” ao leste do Mediterrâneo (norte da Turquia ao sul do Egito). 6.000 a.C. Os colonos da Mesopotâmia (Sumérios) iniciam uma nova forma de cultivar alimentos. Cavam uma vala e desviam água do Rio Eufrates, dando início à prática da irrigação. 9 400 a.C. Platão observa: “Qualquer cidade, por menor que seja, divide-se de fato em duas, uma dos pobres, a outra dos ricos”. 469 a.C. Nasce, no subúrbio de Alopeke, em Atenas, Grécia, Sócrates, um marco na história do pensamento humano. “Penso que não ter necessidade é coisa divina, e ter as menores necessidades possíveis é o que mais se aproxima do divino”. OPai da Democracia, por suas ideias, foi condenado à morte em 399 a.C. 0 Chegada de Cristo. Éramos 100 milhões de seres humanos. 550 Tomás de Aquino enriquece o conhecimento humano com suas observações. 1500 Em 22 de abril, os portugueses chegam ao litoral brasileiro – cerca de 1.100 homens em doze naus. Em 23 de abril, invadem o Brasil. São gentilmente recebidos pelos indígenas. No dia 1º de maio, para realizar a segunda missa, faz-se uma gigantesca cruz de madeira e abre-se uma clareira – prenúncio da devastação das nossas florestas por meio da exploração predatória. Os indígenas são levados a participar do culto – prenúncio da sua aculturação pelos colonizadores europeus. A população indígena é de 4 milhões. 10 Em 2 de maio, Gaspar de Lemos volta a Portugal levando a carta de Pero Vaz de Caminha, que relatava a D. Manuel I, rei de Portugal, a exuberância da “nova” terra. Inaugurando o contrabando dos nossos recursos naturais, são levados também exemplares da nossa flora, principalmente toras de pau-brasil, e da nossa fauna, especialmente papagaios. 1503 Fernão de Noronha inicia a comercialização do pau-brasil, no início um monopólio da coroa portuguesa. Em seguida, participam Inglaterra, França, Espanha e Holanda. Atualmente, a pilhagem continua (Japão, Inglaterra e EUA, principalmente). Dos 200 mil quilômetros originais da Mata Atlântica, restam apenas 7%, que continuam ameaçados. 1531 Martim Afonso de Souza, durante uma expedição, manda queimar a vegetação de uma ilha inteira, acreditando que com isso possa evitar que o seu grupo contraia febre. 1542 A primeira Carta Régia do Brasil estabelece normas disciplinares para o corte de madeira e determina punições para os abusos que vêm sendo cometidos. 1543 Copérnico publica Sobre a revolução dos orbes celestes. Prova matematicamente que a terra gira em torno do Sol (acreditava-se que a Terra fosse o centro do universo, teoria heliocêntrica). 11 1557 Publicado na Alemanha o livro de Hans Staden. Ele descreve sua viagem pelo Brasil e responsabiliza os índios brasileiros pela devastação da natureza, citando os manejos adotados – derrubada da mata, uso de fogo, práticas agrícolas, caça, pesca. 1667 Grassa, na Inglaterra, uma epidemia de peste bubônica mata um terço da população. Enquanto a Universidade de Cambridge está fechada, Isaac Newton, 24 anos, desenvolve as suas ideias sobre a Gravitação Universal, as leis básicas da Mecânica, da Ótica e os métodos de cálculo integral e diferencial. Publica os Principia. O ser humano, após milênios de existência, inicia o seu período de percepção de que existem leis que regem o universo. 1794 Joseph Priestley descobre o oxigênio. O ser humano demorou milênios para identificar o elemento-chave das interligações dos sistemas vivos na Terra. 1822 José Bonifácio de Andrada e Silva, ao tempo das lutas contra a repressão portuguesa nos movimentos de Independência do Brasil (o Patriarca da Independência), como ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros e como político de impressionante visão, era também um naturalista. A ele se atribuem as primeiras observações, de cunho ecológico, feitas por um brasileiro, em nosso país. 1825 A população humana sobre a Terra chega ao seu primeiro bilhão de habitantes. 12 1827 Carta de Lei de Outubro, do império, delega poderes aos juízes de paz das províncias para a fiscalização das florestas. 1840 Um fungo infesta as plantações de batata, na Irlanda, e devasta os seus campos geneticamente uniformes, cerca de 1 milhão de irlandeses morrem de fome. 1849 Henry Wallace Bates, inglês, percorre a Amazônia e recolhe 8 mil espécies de plantas e animais. A coleção, levada para a Inglaterra, subsidia Charles Darwin, em seus estudos. Bates foi o naturalista estrangeiro que permaneceu mais tempo nos trópicos, de 1849 a 1859. 1850 D. Pedro II edita a Lei 601, proibindo a exploração florestal em terras descobertas e dando poderes às províncias para sua aplicação. A lei é ignorada e verifica-se uma grande devastação de florestas (desmatamento pelo fogo) para a instalação de monocultura – café – para alimentar as exportações brasileiras. O Reino Unido torna-se a primeira nação a ter uma população majoritariamente urbana. O exemplo é seguido por dezenas de países em industrialização, na Europa, seguidos pela América do Norte e Japão. 1859 Lançado o livro A origem das espécies, de Charles Darwin. Mostra como todas as coisas vivas são produtos do ambiente, trabalhando pelo processo de seleção natural. 13 1863 Thomas Huxley, no seu ensaio Evidence as to man's place in nature (Evidências sobre o lugar do homem na Natureza), trata da interdependência entre os seres humanos e os demais seres vivos. Eugênio Waming, botânico dinamarquês, desenvolve, em Lagoa Santa, Minas Gerais, estudos do ambiente de cerrado, e publica-os em 1892. Seriam os trabalhos precursores para o primeiro livro de sua autoria sobre ecologia (1895). 1864 George Perkin Marsh (1801-1882), diplomata americano, publica o livro Man and nature: or physical geography as modified by human action (O homem e a Natureza: ou geografia física modificada pela ação do homem), considerado o primeiro exame detalhado da agressão humana à natureza. Marsh documenta como os recursos do planeta estão sendo degradados e prevê que tal exploração não continuaria sem exaurir inevitavelmente a generosidade da natureza; analisa as causas do declínio de civilizações antigas e prevê um destino semelhante para as civilizações modernas, se não houvesse mudanças. 1869 O biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919) propôs o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre espécies e o seu meio ambiente. Já em 1866, esse biólogo sugerira, em sua obra Morfologia geral dos organismos, a criação de uma nova disciplina para estudar tais relações. 1872 Inspirado no livro de Marsh (1864) foi criado nos Estados Unidos o primeiro parque nacional do mundo – Yellowstone National Park. No Brasil, a princesa Isabel autoriza a operação da primeira empresa privada especializada em corte de madeira. O ciclo econômico do pau-brasil encerra-se em 1875 com o abandono das matas 14 exauridas. 1889 O escocês Patrick Geddes (1854-1933) argúi que “uma criança em contato com a realidade do seu ambiente não só aprenderia melhor, mas também desenvolveria atitudes criativas em relação ao mundo em sua volta” (Insight into environmental education). Geddes é considerado o pai/ fundador da Educação Ambiental. 1891 A Constituição Brasileira promulgada não tratava, nem mesmo superficialmente, de alguma questão ligada à preservação das nossas florestas e da nossa fauna. 1896 Criado o primeiro parque no Brasil: Parque Estadual da Cidade de São Paulo. 1903 Marie Curie e seu marido Pierre Curie dividem com Henri Becquerel o Prêmio Nobel da Física pela descoberta da radioatividade. Marie morre de leucemia anos depois. A radioatividade, em seus primeiros anos de uso, matou muitas pessoas de câncer. No Japão chegou-se a aplicar radiação na boca das pessoas para curar asma. 1905 Albert Einstein formula a Teoria da Relatividade, que viria revolucionar a Ciência. 15 1914 Theodore Roosevelt publica o livro Through the Brazilian wilderness (Através da selva brasileira). 1920 O pau-brasil é considerado extinto. O então presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, observa que, dos países dotados de ricas florestas, o Brasil é o único a não possuir um código florestal. Nos Estados Unidos, só 20% das florestas primitivas continuavam intocadas. Os madeireiros tinham grande influência no Congresso e obtinham a madeira por invasão e fraude. Nesse período, ocorre a maior devastação do patrimônioflorestal daquele país. 1923 Henry Ford adota o conceito de produção em massa (linha de montagem), em suas fábricas de automóveis. O modelo T da Ford, que custava 600 dólares em 1912, passa a custar 265 dólares nesse ano. Com isso, passa a dominar o mercado de automóveis no mundo. A produção total da Ford passa de 4 milhões de veículos, em 1920, para 12 milhões em 1925. Iniciava-se o culto a um dos grandes símbolos de consumo, e de geração de problemas da humanidade. 1930 C.C Fagg e G. E. Hutchings lançam o livro An introduction to regional surveying (Uma introdução a estudos regionais), considerado o protótipo dos trabalhos de campo que contribuiu e influenciou o desenvolvimento de estudos ambientais em escolas. 1934 16 O professor Felix Rawitscher introduz a pesquisa e o ensino de Ecologia no Brasil, e suas ideias representam os passos pioneiros do atual movimento ambientalista nacional. O decreto 23.793 transforma em lei o anteprojeto do Código Florestal de 1931. Em decorrência, é criada a primeira unidade de conservação do Brasil, o Parque Nacional do Itatiaia. Realiza-se, no Museu Nacional, a 1ª Conferência Brasileira de Proteção à Natureza. 1938 C.J. Cons e C. Fletcher publicam, na Inglaterra, Actually in the school (Realidade na escola), livro considerado crucial no desenvolvimento de estudos ambientais. Eles recomendam: “Tragam o bombeiro, o carteiro, o policial para a sala de aula e deixem as crianças aprenderem suas vidas”. 1939 Em 10 de janeiro, por meio do Decreto 1.035/39, é criado o Parque Nacional do Iguaçu. Até os dias atuais, é o único Parque Nacional brasileiro realmente implantado. Os demais contam com crônicas deficiências de regularização fundiária e de recursos para a implantação e manutenção. 1945 A expressão Environmental studies (Estudos ambientais) entra para o vocabulário dos profissionais do ensino na Grã-Bretanha. Lançadas pelos Estados Unidos; explodem as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão. 1947 Fundada na Suíça, a União Internacional para a Conservação da Natureza 17 (IUNC); foi a organização conservacionista mais importante até a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em 1972. 1952 O ar densamente poluído de Londres – conhecido como smog (smoke + fog) – provoca a morte de 1.600 pessoas e desencadeia o processo de conscientização a respeito da qualidade ambiental, na Inglaterra. Em 1956, o Parlamento aprova a Lei do Ar Puro. 1953 James Watson e Francis Crick decifram a estrutura do DNA. 1958 Criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). 1960 Surge o ambientalismo nos Estados Unidos. Ocorrem reformas no ensino de ciências. Produzem-se materiais de ensino, voltados à investigação, por parte do estudante, porém os objetivos são reducionistas e os instrumentos tendem a ser tubos de ensaio. 1961 O presidente Jânio Quadros aprova o projeto e o envia à Câmara dos Deputados, declarando o pau-brasil a “árvore-símbolo nacional”, e o ipê a “flor-símbolo nacional”. 1962 18 Rachel Carson, jornalista, lança o livro Silent spring (Primavera silenciosa), que viria a se tornar um clássico na história do movimento ambientalista. Suas 44 edições sucessivas desencadeiam uma grande inquietação internacional sobre a perda da qualidade de vida. 1965 Albert Schweitzer (1875-1965) torna popular a ética ambiental. É agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. O movimento, em reverência por tudo o que é vivo, difunde-se por todo o mundo. Em março, a expressão environmental education (educação ambiental) é ouvida pela primeira vez na Grã-Bretanha. Na ocasião, aceita-se que a Educação Ambiental deva ser uma parte essencial da educação de todos os cidadãos e deixe de ser vista essencialmente como conservação ou ecologia aplicada, cujo veículo seria a biologia. 1966 Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU estabelece o Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos. 1968 Na Conferência sobre Educação realizada na College of Education, Leichester, Grã-Bretanha, recomenda-se fundar a Society for Environmental Education – SEE (Sociedade para a Educação Ambiental). Em abril, um grupo de trinta especialistas de várias áreas (economistas, industriais, pedagogos, humanistas e outros), liderados pelo industrial Arillio Peccei, passa a se reunir em Roma, para discutir a crise atual e futura da humanidade. Assim se forma o Clube de Roma. Em maio, na capital francesa, ocorrem manifestações estudantis que se espalham pelo mundo, em sinal de protesto pelas condições de vida. É uma crise da sociedade, uma explosão revolucionária. Segundo Daniel Cohn-Bendit (1968), o que 19 ocorre em maio é a ânsia de viver melhor. As manifestações são feitas pelo povo na Europa, Ásia, África e Américas (do Sul, Central e do Norte). A delegação da Suécia na ONU chama a atenção da comunidade internacional para a crescente crise do ambiente humano, sendo a primeira observação oficial da necessidade de uma abordagem global para a busca de soluções contra o agravamento dos problemas ambientais. 1969 Em março, é fundada a SEE, segundo George Martin, “como uma contribuição para nossa cultura”. Acentua o que os estudos ambientais podem fazer usando o ambiente para a educação e a educação para o ambiente. Na BBC de Londres, no Reith Lectures, apresentado por Sir Frank Fraser- Darling (enologista), o ambiente se tornou um tópico debatido em shows, pronunciado por estrelas famosas do mundo artístico. Nos Estados Unidos, Paul Ehrlich populariza o termo “ecologia” como a palavra-chave nos debates sobre o ambiente. Lançado nos Estados Unidos o primeiro número do Journal of EA (Jornal da Educação Ambiental). A ONU e a União Internacional pela Preservação da Natureza definem o termo “preservação” como “o uso racional do meio ambiente a fim de alcançar a mais elevada qualidade de vida para a humanidade”. O termo fora usado, inicialmente, para designar os “guardiões” das leis promulgadas em 1970, para proteger o rio Tâmisa, Londres (Dictionary of the History of Ideas, I, p. 471). Neil Armstrong é o primeiro ser humano a tocar o solo lunar. 1970 Inicia-se o uso da expressão environmental education (educação ambiental) nos Estados Unidos, a primeira nação a aprovar a Lei sobre Educação Ambiental (EA Act). A expressão environmental education é introduzida na Grã-Bretanha. Lançada a revista Ecologist, na Grã-Bretanha, que veio a ser um poderoso 20 meio de contribuição e de fermentação de ideias na área ambiental. A National Audubon Society publica A place to live (Um lugar para viver), um manual para professores e outro para alunos orientando para a exploração dos vestígios da natureza nas cidades. Viria a se tornar um clássico em Educação Ambiental. Iniciado no Pará o projeto Grande Carajás, com a construção de 900 km de ferrovia (Pará-Maranhão) e da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, para exploração de 890 mil Km² de região Amazônica. Graves problemas ambientais decorreram daqueles empreendimentos mal planejados e continuam até os dias atuais. 1971 Criada a Associação Gaúcha de Proteção ao ambiente Natural (Agapan). Os países desenvolvidos, por ocasião da XXVI Assembleia Geral das Nações Unidas, propõem que os recursos naturais do planeta sejam colocados sob a administração de um fundo mundial (World Trust). Apoiada por muitos políticos e cientistas, sai na Grã-Bretanha a publicação A blueprint for survival (Um esquema para a sobrevivência), documento histórico que propõe medidas para se obter um ambiente ecologicamente saudável. O prefixo “eco” é introduzido na língua inglesa para compor novas expressões (ecofarming, ecohouse e outros). Sai, em maio, o primeiro exemplar do Bulletin of Environmental Education (BEE), naGrã-Bretanha. Seus artigos estimulam estudos ambientais, orientados à compreensão das relações da comunidade, dentro de um contexto urbano. Surgem os European Consevation Year, programas que deram grande impulso à EA. Grande contribuição foi dada pelos geógrafos, originando a maioria das técnicas de ensino sobre o meio ambiente humano (jogos, simulações). 1972 O Clube de Roma publica o relatório The limits of growth (Os limites do crescimento). Estabelece modelos globais baseados nas técnicas pioneiras de análise 21 de sistemas, projetados para predizer como seria o futuro se não houvesse modificações ou ajustamentos nos modelos de desenvolvimento econômico adotados. O documento denuncia a busca incessante do crescimento da sociedade a qualquer custo e a meta de se tornar cada vez maior, mais rica e poderosa, sem levar em conta o custo final desse crescimento. Os modelos demonstram que o crescente consumo geral levaria a humanidade a um limite de crescimento, possivelmente a um colapso. Os políticos rejeitam as observações. Entretanto, o livro atinge, em parte, seu objetivo: alertar a humanidade para a necessidade de maior prudência nos seus estilos de desenvolvimento. Cria-se o curso de pós-graduação em Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. De 05 a 16 de junho, na Suécia, representantes de 113 países participam da Conferência de Estocolmo/Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano. A conferência gera a Declaração sobre o Ambiente Humano, atendendo à necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns que serviriam de inspiração e orientação à humanidade, para preservação e melhoria do ambiente humano. Oferece orientação aos governos, estabelece o Plano de Ação Mundial, e, em particular, recomenda que seja estabelecido um programa internacional de Educação Ambiental, com o objetivo de educar o cidadão comum, para que este maneje e controle seu ambiente. A recomendação nº96 da Conferência reconhece o desenvolvimento da Educação Ambiental como o elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo. Considerada um marco histórico e político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento do ambiente, a Conferência de Estocolmo, além de chamar a atenção do mundo para os problemas ambientais, também gera controvérsias. Os representantes dos países em desenvolvimento acusam os países industrializados de querer limitar seus programas de desenvolvimento industrial, usando a desculpa da poluição, como um meio de inibir a capacidade de competição dos países pobres. Para espanto do mundo, representantes do Brasil pedem poluição, dizendo que o país não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental desde que o resultado fosse o aumento do PNB (Produto Nacional Bruto). Um cartaz anuncia: “Bem-vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem 22 restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso desenvolvimento”. É um escândalo internacional. Os negociadores políticos representantes do Brasil colocam o nosso país na contramão da História. Quando a preocupação com a degradação ambiental é o motivo da Conferência, o Brasil externa a abertura de suas portas à poluição, estimulando a vinda de multinacionais, submetendo-se a um estilo de desenvolvimento econômico predatório, gerador de mazelas socioambientais. Noel Mclnnis, pioneiro em Educação Ambiental nos EUA, anuncia que a raiz do nosso dilema ambiental está na forma como aprendemos a pensar o mundo: dividindo-o em pedaços. Primeira avaliação de Impacto Ambiental feita no Brasil, para grandes empreendimentos financiados pelo Banco Mundial. A construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, Bahia, é precedida de estudos dos impactos ambientais que seriam produzidos. Sob a orientação do professor Vasconcelos Sobrinho, é iniciada, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, uma campanha nacional para reintrodução do pau-brasil no nosso patrimônio ambiental. Considerada extinta em 1920, graças a essa iniciativa a espécie difunde-se, com farta distribuição de mudas por todo o país. 1973 Estabelecido nos EUA o World Directory of Environmental Education Programs (Registro mundial de programas em Educação Ambiental), editado por P. W. Quigo e publicado por R. R. Bowker, contendo entrada de setenta países e 660 programas listados com detalhes. Em 30 de outubro, o decreto 73.030, da Presidência da República, cria, no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), primeiro organismo brasileiro, de ação nacional, orientado para a gestão integrada do ambiente. O professor Paulo Nogueira-Neto é o titular da Sema, de 1974 a 1986, e deixa as bases das leis ambientais e estruturas que continuam, muitas delas até hoje. Estabelece o programa das estações ecológicas (pesquisas e preservação), a despeito de a Sema ter sido, originariamente, concebida como uma agência de 23 controle de poluição. Iniciado com três funcionários e duas salas, o trabalho do professor Nogueira-Neto à frente da Sema legou à sociedade a maior parte do que temos atualmente na área ambiental. A sua atuação o leva a integrar e a dirigir muitas delegações oficiais brasileiras em encontros internacionais. Recebe o Prêmio Paul Getty, a mais alta honra mundial no campo da conservação da natureza. Integra a Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum). É considerado o mentor do movimento ambientalista brasileiro. 1974 Realiza-se em Haia, na Holanda, o I Congresso Internacional de Ecologia. É dado o primeiro alerta por organismos internacionais sobre a possibilidade da redução da camada de ozônio, causada pelo uso dos CFC's. Realiza-se, na Finlândia (Jammi), com o apoio da Unesco, o Seminário sobre Educação Ambiental, um exercício acerca da natureza da EA, baseado nos princípios de EA, que já reconhecia seu caráter de uma educação integral permanente. 1975 Em resposta às recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), a Unesco promove, em Belgrado, Iugoslávia, um encontro internacional em Educação Ambiental (The Belgrado Workshop on Environmental Education), que congrega especialistas de 65 países e culmina com a formulação dos princípios e orientações para um programa internacional de EA (a Educação Ambiental deve ser contínua, multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais). O encontro de Belgrado gera a Carta de Belgrado, um documento histórico na evolução do ambientalismo. É lançado o Internacional Environmental Education Programme (IEEP) – Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). Ao mesmo tempo do encontro de Belgrado, ocorrem reuniões regionais na África, Ásia, Estados Árabes, Europa e América Latina, estabelecendo uma rede internacional de informações sobre a EA. Na ocasião, a Unesco empreendeu uma pesquisa para conhecer as necessidades e prioridades internacionais em EA, com a participação de 80% dos países membros da 24 ONU. 1976 De 1° a 9 de março, em Chosica, Peru, realiza-se a Reunião Sub-Regional de EA para o Ensino Secundário. Enfatiza-se que a questão ambiental na América Latina está ligada às necessidades elementares de sobrevivência do ser humano e aos direitos humanos. Resultado do convênio entre a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), a Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF) e a Fundação Universidade de Brasília (FUB), realiza-se o Curso de Extensão para Profissionais de Ensino do 1° grau – Ecologia, baseado na reformulação da proposta curricular de ciências físicas e biológicas, programa de saúde e o ambiente. O curso envolve 44 unidades educacionais e capacitação para 4 mil pessoas(professores, administradores e demais interessados). Nos anos seguintes, desenvolve-se o Projeto de EA da Ceilândia (1977-1981), proposta pioneira no Brasil, centrada em currículo interdisciplinar e que tem por base os problemas e as necessidades da comunidade. A escassez de recurso e as divergências políticas impedem a continuação dessa importante proposta de EA. Criados os cursos de pós-graduação em Ecologia nas universidades do Amazonas, Brasília, Campinas, INPA e São Carlos. Firmado Protocolo de Intenções entre o MEC e o Minter com objetivo de incluir temas ecológicos nos currículos das escolas de 1° e 2° graus. A visão ainda restringe-se à Ecologia descritiva (fauna e flora). 1977 Criada a The Internation Society for EA (Sociedade Internacional para EA), destinada a desenvolver atividades de EA na School of Nature Resources (Escola de Recursos Naturais), Ohio, EUA. Assinatura de um Protocolo de Intenções (mais um) entre o MEC e o Minter/ Sema, visando à implantação de uma ação integrada quanto ao ensino e à pesquisa em Ecologia, com vistas ao atendimento nos aspectos pertinentes da política nacional 25 do meio ambiente. A Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) constitui um grupo de trabalho para a elaboração de um documento sobre Educação Ambiental, com o objetivo de definir seu papel no contexto da realidade socioeconômico-educacional brasileira. A disciplina Ciências Ambientais passa a ser obrigatória nos cursos de engenharia, nas universidades brasileiras. Proposta para o ensino de 2º grau desenvolvido pelo Departamento de Ensino Médio do MEC/Premem/Centro de Treinamento de Professores de Ciências de São Paulo (convênio). Criação de cursos voltados à área ambiental em várias universidades brasileiras. Seminários, encontros e debates sobre a temática ambiental oferecidos pelos órgãos estaduais da área ambiental (Cetesb-SP, Feema – RJ) e instituições como FBCN, Sema, IBDF, e outras. De 14 a 26 de outubro, em Tbilisi (Geórgia), realiza-se a I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela Unesco, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). É um prolongamento da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972). A Conferência de Tbilisi – como ficou consagrada – é o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado em 1975, pela Unesco/Pnuma com atividades celebradas na África, Estados Árabes, Ásia, Europa e América Latina. A Conferência de Tbilisi constituiu-se em ponto de partida de um programa internacional de EA, contribuindo para precisar a natureza da EA, definindo seus objetivos e suas características, assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. É considerado em nossos dias o evento decisivo para os rumos da EA em todo o mundo. 1978 A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto 26 Natureza (1978-1985). Nos cursos de Engenharia Sanitária inserem-se as matérias Saneamento Básico e Saneamento Ambiental. 1979 O Departamento de Ensino Médio do MEC e a Cetesb publicam o documento Ecologia – uma Proposta para o Ensino de 1° e 2° graus. Nota-se a tendência reducionista, que ignora os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos e outros, recomendados na Conferência de Tbilisi. Em julho, realiza-se o evento First All-USSR Conference on EA (Primeira Conferência de todas as Nações da União Soviética sobre EA), promovido pelo Ministério da Educação na Universidade Estadual de Ivanovo, CEI. De 29 de outubro a 7 de novembro, realiza-se o Encontro Regional de EA para a América Latina, em San Jose, Costa Rica, como parte de uma série de seminários regionais, em EA, promovidos pela Unesco para professores, planejadores educacionais e administradores. 1980 Em abril, o historiador americano Lynn White Jr. propõe ao papa que São Francisco seja reconhecido como o santo padroeiro da Ecologia. A sugestão foi acolhida. White Jr. descrevera o cristianismo como a forma mais antropocêntrica de religião que o ser humano já vira (O homem e o mundo natural). De 10 a 14 de novembro realiza-se o Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da EA no ensino de 1º e 2º graus, em Budapeste, Hungria, promovida pela Unesco e pela Organização Nacional de Proteção Ambiental e Conservação da Natureza. De 8 a 12 de dezembro, realiza-se o Seminário Regional Europeu sobre EA para a Europa e América do Norte, em Essen, República Federal da Alemanha, promovido pela Unesco e pelo Centro de EA da Universidade de Essen, com a participação de vinte países. Conclui-se que seria necessária uma intensificação de intercâmbio de informações e experiências entre os países. 27 A Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) estima que 70 mil produtos químicos estejam sendo manufaturados só nos Estados Unidos, com cerca de mil novos produtos acrescentados a cada ano. 1981 De 25 a 31 de março, realiza-se o Seminário sobre a Energia e a EA na Europa, em Monte Carlo, Mônaco, promovido pelo Conselho Internacional de Associações de Ensino de Ciências (Icase), com a participação de dezessete países. De 12 a 19 de maio, realiza-se o Seminário Regional sobre EA nos Estados Árabes, em Manama, Bahrein, promovido pela Unesco-Pnuma e pelo Ministério da Educação de Bahrein, com a participação de dez nações árabes. Em 31 de agosto, o presidente João Figueiredo sanciona a Lei nº 6938, que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Constitui-se em importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país. Lançado o primeiro número da The Environmentalist, revista internacional inglesa, destinada aos profissionais em EA. Em dezembro realiza-se a First Asian Conference on Environmental Education (Primeira Conferência Asiática Sobre EA), em Nova Delhi, Índia. Desencadeado pelo governo federal o “desenvolvimento” de Rondônia e áreas de Mato Grosso. Em dois anos foram destruídos dois milhões de hectares de florestas nativas e produzidos conflitos fundiários e sociais muito graves. O Banco Mundial foi acusado pela crítica internacional de ter financiado a maior catástrofe ambiental induzida dos nossos tempos. 1984 O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) apresenta resolução, estabelecendo diretrizes para as ações de EA. A proposta é retirada de pauta e não mais retorna ao plenário, não sendo, por consequência, aprovada. Há uma nítida 28 oposição à Educação Ambiental, nos moldes da Conferência de Tbilisi. Em Versalhes, ocorre a I Conferência sobre o Meio Ambiente da Câmara de Comércio Internacional, com o objetivo de estabelecer formas de colocar em prática o conceito de “desenvolvimento sustentado”. Em 27 e 28 de agosto, a Sema apresenta proposta para área de EA aos órgãos ambientais dos estados, reunidos em Recife. Em 3 de dezembro, em Bhopal, Índia, ocorre o mais grave acidente industrial do mundo, quando um gás venenoso – methyl isocyanate – vaza da fábrica de Union Carbide e mata mais de 2 mil pessoas, ferindo outras 200 mil. Tal acidente, segundo Petula (1988), inicia o período moderno da política ambiental. O acidente de Bhopal é citado como um exemplo do que pode ocorrer quando reina na comunidade o analfabetismo ambiental. 1985 De 4 a 9 de março, com o tema Educação e a Questão Ambiental em Países em Desenvolvimento, realiza-se a Second Asian Conference on EA (Segunda Conferência Asiática sobre EA), em Nova Délhi, Índia, promovida pelo Departamento de Meio Ambiente do governo Indiano e pela Environmental Society da Índia. De 12 a 18 de agosto, realiza-se o 10º Programa Internacional de Educação da UNESCO – UNEP, com resultados relevantes; 31 projetos de pesquisa;37 treinamentos nacionais; 10 seminários internacionais e regionais; 11 conferências e 66 missões técnicas para os estados membros da UNESCO; com um resultado da Introdução da Educação Ambiental oficialmente nos planos educacionais, políticas e legislação em 40 países. Em Bogotá, ocorre o 1º Seminário sobre Universidade e Meio Ambiente na América Latina e Caribe, promovido pela Unesco-Unep. 1986 Em 23/01 o CONAMA, aprova a resolução 001/86 que estabelecia as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como instrumentos da 29 política Nacional do Meio Ambiente. No dia 26 de abril ocorreu a explosão do reator nº4 da Usina de Chernobyl (União Soviética), em que escapou 80% do combustível atômico; matou entre 7 e 10 mil pessoas e afetou 4 milhões de pessoas. A nuvem radioativa se propagou e atingiu 5 países europeus. Foi o maior acidente da história da Energia Nuclear. Em agosto realizou-se, na Universidade de Brasília, o I Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente; com o objetivo de iniciar um processo de integração entre as ações do Sistema Nacional do Meio Ambiente e do Sistema Universitário. Em São Paulo realizou-se o Seminário Internacional de Desenvolvimento Sustentado e Conservação de Regiões Estuarino-Lagunares, com alerta urgente à proteção dos manguezais, que vinham sendo destruídos por aterros em toda costa brasileira. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) promulgou uma resolução, estabelecendo um programa Nacional de Controle de Emissão Veicular; que só se viabiliza em 1989 por meios de acordos com a indústria automobilística. 1987 Em 11 de março, o Plenário do Conselho Federal de Educação (MEC) aprovou a necessidade da inclusão da Educação Ambiental no conteúdo curricular das escolas de 1º e 2º Graus, previsto no parecer 226/87. É a consolidação das bases conceituais da Educação Ambiental no Brasil. Em setembro, ocorre o acidente do Césio 137 em Goiânia, Goiás. Quatro pessoas morreram e dezenas foram contaminadas pela radiação atômica. Despertando, assim a atenção da população sobre o perigo. Em abril, dá-se a divulgação do Our Commom Future (Nosso Futuro Comum), relatório da Comissão Mundial ou Comissão Brundtland, coordenado pela primeira Ministra da Noruega, que serviu de base para a realização da Conferência Ambiental Eco 92; tendo sido publicado, no Brasil, com o título "Nosso Futuro Comum" pela Fundação Getúlio Vargas em 1988. Buscava unificar a compreensão e o desejo sobre as lutas ambientalistas travadas em todo o planeta. 30 Assinado o protocolo de Montreal, segundo o qual as nações deveriam tomar várias providências para evitar a destruição da camada de ozônio; dentre as quais a redução progressiva até a supressão, no ano 2000, da fabricação e uso dos CFC´s. 1988 No dia 13 de julho, os 4,5 milhões de veículos automotores da cidade de São Paulo responsáveis por 90% da poluição do ar obrigam a Secretaria do Meio Ambiente e a CETESB a executar a Operação Alerta, deixando cerca de 200 mil veículos sem circular no centro da cidade. No dia 05 de outubro é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, contendo um capítulo sobre o Meio Ambiente e vários artigos afins. É considerada na atualidade a constituição de vanguarda em relação à questão ambiental. No dia 22 de dezembro foi assassinado Francisco Mendes Filho (Chico Mendes) no Acre, líder sindical. Em 1987, fora homenageado com o Prêmio nas questões ambientais. 1989 Em 22 de fevereiro, a lei 7.735 cria o IBAMA com a finalidade de formular, coordenar e executar a política nacional do Meio Ambiente. Compete-lhe a preservação, conservação e controle dos recursos naturais renováveis em todo o território federal, proteção dos bancos genéticos da flora e fauna brasileiras e estímulo à Educação Ambiental, nas suas diferentes formas. Em 14 de junho, realiza-se, em Campo Grande/MS, o I Congresso Internacional sobre a Conservação do Pantanal, com o objetivo de estabelecer propostas para a compatibilização entre desenvolvimento e preservação do pantanal. Em 10 de julho, foi instituído o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) 31 pela Lei 7.797/89 em decorrência da preparação da ECO 92, com a finalidade de promover o desenvolvimento de projetos que objetivam o uso nacional e sustentável de recursos naturais, manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental. A Declaração de Haia (Holanda), formulada por países a qual acentuava que a cooperação internacional era indispensável para proteger o Meio Ambiente mundial. De 11 a 13 de dezembro, realiza-se o I Seminário sobre materiais para a Educação Ambiental, em Santiago no Chile, promovido pela UNESCO/PIGA. 1990 A ONU declarou 1990 como o ano Internacional do Meio Ambiente. Em outubro, em Genebra, promovida pela Organização Mundial de meteorologia, aconteceu a Conferência Mundial sobre o Clima, que discutiu a questão das alterações climáticas no mundo. Em novembro, realizou-se, na França, a I Conferência Internacional de Direito Ambiental, com a participação de Juristas de 43 países. 1991 Portaria 678 do MEC (14/05/91) resolve que os sistemas de ensino em todas as instâncias, níveis e modalidades contemplem em seus currículos, temas referentes à Educação Ambiental. No mês de junho é criada a Universidade Livre do Meio Ambiente (Curitiba). Em pouco tempo, viria a se consolidar, por meio da competência dos seus programas e projetos, como um importante centro de divulgação de conhecimentos, capacitação e aperfeiçoamento profissional na área ambiental. Durante a Guerra do Golfo Pérsico entre o Iraque e os aliados, 7 milhões de barris de petróleo foram jogados ao mar, produzindo prejuízos e impactos ambientais incalculáveis à vida aquática, às aves e às comunidades do litoral atingido. 32 A Portaria 2421, do MEC (21/11/91), institui, em caráter permanente, um Grupo de Trabalho para a Educação Ambiental, com o objetivo de definir, com as Secretarias Nacionais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da EA no Brasil, elaborar proposta de atuação do MEC, na área formal e não formal. De 25 a 29 de novembro, a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República, juntamente com o MEC e com o apoio da UNESCO e da Embaixada do Canadá, promovem o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação Ambiental; com o objetivo de discutir diretrizes para a definição da política de Educação Ambiental. 1992 O IBAMA criou no âmbito das superintendências Estaduais, os Núcleos de Educação Ambiental (NEA). De 03 a 14 de junho, aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como "ECO 92”. Este evento contou com a participação de 170 países. A ECO-92 colaborou com as premissas de Tbilisi e por meio da Agenda 21, definiu as áreas de programas para a Educação Ambiental, reorientando a educação para o desenvolvimento sustentável. A ECO-92 é reconhecida como o encontro Internacional mais importante desde que o homem se organizou em sociedades. De 17 a 21 de outubro, a Unesco e a Câmara Internacional do Comércio, em cooperação com o Pnuma (Unep), realizam em Toronto, Canadá, o Congresso Mundial de Educação e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. É o primeiro evento internacional sobre EA depois da ECO-92 e objetiva estimular ações que possam melhorar a qualidade da educação e da comunicação relativas ao ambiente e ao desenvolvimento sustentável. O Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) publica o seu relatório The world environmental 1972-1992 (O meio ambiente mundial). Ao longo das suas 850 páginas é feita uma análise dos principais problemas ambientais e um exame da sua evoluçãonos últimos vinte anos. 33 1993 Portaria 773 do MEC (10/05/93) instituiu-se em Grupo de Trabalho em caráter permanente para a Educação Ambiental com o objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações para a implementação da Educação Ambiental nos sistemas de Ensino do país. Congresso Sul-americano dando continuidade a Eco/92, na Argentina. Conferência dos direitos Humanos, em Viena. 1994 I Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental, em Guadalajara (México). Criação da Agenda 21 feita por crianças e jovens em português, sob orientação da UNICEF. Conferência para o Desenvolvimento Social, em Copenhague, que objetiva a criação de um ambiente econômico, político, social, cultural e jurídico que permita o Desenvolvimento Social. Conferência Mundial da Mulher, em Pequim (China). II Conferência Mundial sobre o Clima, em Berlim. A Conferência resulta no Mandato de Berlim, que faz um chamamento às nações mais industrializadas a estabelecer objetivos mais específicos para a redução das suas emissões. Por meio de Exposição de Motivos Interministerial 002, publicada no DOU de 22/12/94 (Ministérios do Meio Ambiente, Educação, Cultura e Ciências e Tecnologia), o presidente da República aprova, em 21 de dezembro, o Programa Nacional de Educação Ambiental – Pronea. Tem como objetivo instrumentalizar politicamente o processo de Educação Ambiental no Brasil. Promovida pela ONU, realiza-se no Cairo, Egito, a Conferência sobre População e Desenvolvimento. 1995 34 Criação da Câmara Técnica em Educação Ambiental do CONAMA. Novos parâmetros curriculares do MEC incluem a Educação Ambiental como tema transversal do currículo. Criação da Comissão Intermediária de Educação Ambiental pelo Ministério de Meio Ambiente. Em outubro, o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal – MMA cria o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental (Portaria 353/96). Em dezembro, assina protocolo de intenções com o MEC. Desse compromisso surgiria a I Conferência Nacional de Educação Ambiental – Brasil 20 anos de Tbilisi. 1996 Criação da Câmara Técnica em Educação Ambiental do CONAMA. Novos parâmetros curriculares do MEC incluem a Educação Ambiental como tema transversal do currículo. Criação da Comissão Intermediária de Educação Ambiental pelo Ministério de Meio Ambiente. Assentamentos Humanos Habitat II, em Istambul. A Conferência propõe um exame das condições nas quais a maior parte da humanidade vive e reforça a emergência do manejo sustentável dos assentamentos humanos. 1997 Realiza-se em Brasília de 7 a 10 de outubro a I Conferência Nacional de Educação Ambiental (CNEA), envolvendo a Rede Brasileira de Educação Ambiental e mobilizando educadores e autoridades de todo o país. Conferência Organizada pela ONU: Mulher em Beijing. Conferência Rio + 5 – ocorreu em duas etapas: - Uma etapa promovida pelas ONGs de todo o mundo e realizada no Rio de Janeiro. 35 - A outra etapa foi promovida pela ONU, ocorreu em New York e contou com a presença do, então, Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e de representante de 179 países mais ricos do mundo. Conclusão: O processo nesses cinco anos avançou adequadamente em alguns países ou localmente, mas para a maioria resta muito a ser feito. Não foi alcançado um pacto sobre um dos pontos fundamentais para salvar o planeta: reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, em um programa que culminaria em 2010, com 15% a menos, já que eram dos índices registrados em 1990. Justamente o Grupo dos 7, não concordaram com o pacto, já que eram eles os países responsáveis pela grande degradação do Planeta, por tecnologias consideradas "sujas". O MEC promove a I Teleconferência Nacional de Educação Ambiental (26 de junho) e reúne um público estimado em 1 milhão de telespectadores, por meio da TV escola. Em setembro, realiza-se, nas Maldivas, a XIII Sessão do Painel das Alterações Climáticas (IPCC). Em outubro, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, anuncia a posição do seu país para a Conferência de Kyoto, Japão: estabilizar as emissões nos níveis de 1990, até o ano de 2012. Após dois anos de preparação, o MEC divulga os novos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. A dimensão ambiental é incorporada como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. 1998 Em 12 de fevereiro, o presidente da República e o ministro do Meio Ambiente assinam a Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605/98. Mais de 2 mil cidades, em 64 países, trabalham nas iniciativas da Agenda 21 local. Realiza-se, em Buenos Aires, Argentina, de 2 a 13 de novembro, a IV Conferência das Partes para a Convenção das Mudanças Climáticas. Os negociadores se encontram para avaliar os progressos de implantação da Convenção 36 sobre o Clima, originária da Rio-92. Concluem um plano de ação, fixando prazos para a adoção de medidas sobre o comércio de emissões e sobre o desenvolvimento de mecanismos limpos. Os Estados Unidos finalmente assinam o protocolo, tornando-se a sexagésima nação a fazê-lo. Relacionado ao fenômeno El Niño, este ano é marcado pelas maiores inundações da história. Cerca de 45 países são atingidos por secas severas, muitas das quais provocam incêndios florestais. A ONU promove o “Ano do Oceano”. Cerca de 1.600 cientistas marinhos de todo o mundo emitem uma declaração conjunta, intitulada Troubled Waters (Águas Turvas). A concentração de gás carbônico na atmosfera terrestre atinge valores recordes: 363 partes por milhão (ppm). Era de apenas 280 ppm, no início da era industrial. 1999 Realiza-se em Brasília, entre 24 e 25 de junho, na Câmara dos Deputados, o Seminário Internacional sobre Biodiversidade e Transgênicos. Os diversos painéis trataram de temas relacionados à biotecnologia e biossegurança, impactos das novas tecnologias, aspectos políticos, jurídicos e ambientais dos transgênicos. Enfatiza-se que o problema não está apenas na utilização de novas tecnologias, mas no controle dessas tecnologias. Genes de diferentes organismos, inclusive de organismos pertencentes a reinos distintos, estão sendo inseridos em outros, rompendo as barreiras da incompatibilidade sexual e/ou de espécies diferentes. Não há uma avaliação sistêmica do que essa tecnologia possa acarretar, para os ecossistemas e seus seres vivos. Em 21 de setembro, o Decreto 3.179 regulamenta a Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605, de 12/02/98), estabelecendo um regime de multas, por infrações ambientais. A regulamentação ocorre com um atraso de um ano e quatro meses e não desperta entusiasmo entre os ambientalistas. Relatório do Global Watar Policy Project anuncia que 27 países no mundo encontram-se em conflito por causa da água. Na África, Ásia e Oriente Médio há 34 países com estresse hídrico. 37 Reunindo representantes de 155 países, realiza-se em Olinda, Pernambuco, de 15 a 26 de novembro, a III Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação e Seca. Entre 29 de novembro e 2 de dezembro, realiza-se, em João Pessoa, Paraíba, o Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável nas Regiões Semi-Áridas – World Semi-Arid 99 ou WSA 99. O Fundo Nacional para a Natureza (WWF) publica o seu estudo Planeta Vivo. A Peugeot implanta um Poço de Carbono, em Mato Grosso. A ideia é sequestrar carbono atmosférico, por meio do crescimento de árvores (projeto de reflorestamento), como forma de resgatar as emissões de gás carbônico dos países mais desenvolvidos. 2000 Em 18 de janeiro, um vazamento em um duto da Refinaria de Duque de Caxias, da Petrobrás, despeja 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara e atinge uma área de 50 Km². Em 17 de julho, novo acidente. Dessa vez, rompe-se um duto da Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, região metropolitana de Curitiba,Paraná. Durante duas horas, são despejados 4 milhões de óleo cru nos rios Barigui e Iguaçu. É inaugurada a usina eolicoelétrica de Palmas, Paraná. Cinco aerogeradores produzem 6,5 milhões de Kw/h, anuais, suficientes para atender cerca de 4 mil residências de padrão médio. Acirra-se a polêmica em torno da transposição das águas do rio São Francisco. Especialistas afirmam que o Velho Chico já tem problemas demais (assoreamento, poluição química e orgânica, redução de vazão, desflorestamento das nascentes e margens, retirada desregulamentada de água para a irrigação e outros). Em março, cerca de 14 mil educadores, de trinta países, reúnem-se em Nova Orleans, Estados Unidos, para o Congresso da Associação Americana de Supervisão e Currículo. Concluiu-se que a educação do caráter será um desafio para o século 21. O programa de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília (Água Mineral) é considerado benchmarking (referência) por diversas empresas. 38 De 6 a 3 de abril, a Universidade Livre do Meio Ambiente de Curitiba promove a IV Ecocity, sequência das Conferências da Califórnia, USA (1990), Adelaide, Austrália (1992) e Yokk/Dakar, Senegal (1996) sobre a sustentabilidade das cidades. Em maio e junho, a cidade de São Paulo vive a maior seca do século. Os reservatórios chegam a níveis críticos. A situação é agravada pela ocupação desordenada do solo e pelo desperdício (em torno de 40%); os seus habitantes vivem o drama do racionamento da água. O Brasil produz 240 mil toneladas de lixo por dia, 75% depositado em lixões. Cerca de 15% dos plásticos são reciclados. Na reciclagem de alumínio, supera a Inglaterra, a Alemanha e o Japão: 95%. Não é o resultado de políticas ambientais, mas sim o reflexo do desemprego e da miséria – os catadores de lixo se multiplicam. No dia 10 de maio, uma Comissão Mista do Congresso Nacional aprova o projeto de alteração do Código Florestal, apresentado pelo deputado Moacir Micheletto, do PMDB do Paraná, aumentando de 20% para 80% a área que pode ser devastada na Amazônia. A vegetação em topo de morros, margens de rios e nascentes deixa de ser protegida por lei. A proposta vergonhosa, tramada na bancada ruralista, ignora o anteprojeto do Conama, resultado de um debate nacional, envolvendo 850 instituições, em 25 audiências públicas. A forte pressão popular esmaga a proposta. Uma semana depois, a senadora Maria Alves, de Sergipe, apresenta um projeto para transformar os manguezais brasileiros em áreas de produção de camarão. Esse projeto é igualmente rechaçado. A humanidade consome 67 milhões de barris de petróleo por dia. A frota mundial de veículos chega a 501 milhões de unidades. As grandes ONGs internacionais, descrentes das políticas ambientais e da falta de ética de legisladores, como o caso dos brasileiros, passam a adotar estratégias mais radicais. Destinam milhões de dólares para a compra de áreas para preservação. The Nature Conservancy, americana, com um bilhão de dólares em caixa, compra o Atol Palmyra, no Havaí, graças à contribuição de 1 milhão de sócios, empresas e fundações. Já é dona de mais de 24 milhões de hectares em 1.340 reservas espalhadas pelo planeta. A Conservation International, com sede em Washington, é dona da Fazenda Rio Negro, no Pantanal. A TNC, outra ONG, compra duas fazendas de 60 mil hectares, também no Pantanal. Financia compras de áreas na caatinga cearense e na Mata Atlântica, no Paraná. Nos Estados Unidos, nas escolas secundárias, as crianças fazem campanhas para angariar fundos e comprar 39 áreas de florestas tropicais, principalmente na Amazônia. O Brasil tem 420 reservas particulares do Patrimônio Ambiental. Após 14 anos da explosão do reator 4 de Chernobyl, Ucrânia (26/04/1996), pesquisadores holandeses e ingleses concluíram que a queda das taxas de contaminação radioativa pode demorar cem vezes mais do que o previsto na época do acidente. O consumo de frutas e peixes, na região da ex-União Soviética, continuará desaconselhável pelos próximos cinquenta anos. Em 3 de junho, reunidos em Berlim, Alemanha, quatorze chefes de Estado participam do Encontro da Cúpula dos Países Partidários da Terceira Via (Governo Progressista para o século 21), composta pelo G-8, Brasil, Chile, Argentina e Portugal, dentre outros. É divulgado um comunicado conjunto, denominado “O Consenso de Berlim”, no qual propõem formas mais modernas de governar, mais cooperação para resolver problemas econômicos e sociais, causados pela globalização, a implantação de uma economia de mercado com responsabilidade social, e decretam o fim do neoliberalismo. Prometem promover o respeito aos direitos humanos, ampliando o conceito para incluir o respeito ao emprego, à prosperidade e igualdade entre homens e mulheres. Consolida-se nos países ricos a taxação de resíduos gerados. A ONG internacional Global Action Plan for the Earth (GAP) organiza e reúne 8 mil equipes de moradores de bairros na Europa e 3 mil nos Estados Unidos, para discutir formas de reduzir resíduos, usar menos água e energia e adquirir produtos “verdes”. A iniciativa é um sucesso, com resultados efetivos (redução de 42% na geração de resíduos, 16% no uso da água e 15% no uso de combustível). Em 9 de junho, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, cria a primeira vara da Justiça Federal do país especializada na questão ambiental, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, no centro do Pantanal. Ali, os problemas ambientais foram agravados nos últimos vinte anos, com a introdução de pastagens artificiais, exploração predatória das florestas e a instalação crescente de complexos turísticos sem infraestrutura, contaminando as águas por esgoto e lixo. A mineração ilegal, a navegação irresponsável (óleo, desbarrancamento) e a pesca predatória (80 a 100 mil pescadores, na alta temporada) completam o espectro de pressão sobre a sustentabilidade do Pantanal. Em 15 de junho, o governo da Alemanha decide eliminar, progressivamente, o emprego da energia nuclear no país. 40 A Nasa anuncia o aumento do buraco na camada de ozônio, na região do Polo Norte. A distribuição de recursos financeiros, de acordo com critérios ambientais, cresce. Os estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Roraima adotam o ICMS ecológico. Os recursos destinam-se aos municípios que abrigam Unidades de Conservação (áreas protegidas). Segundo o Relatório Brasileiro para Convenção da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente, a Fundação Boticário é a segunda fonte brasileira de financiamento à pesquisa e proteção da biodiversidade, considerando-se o número de projetos financiados. Essa fundação foi criada em 1990 e já apoiou mais de 600 projetos conservacionalistas em todo o Brasil. Em sessão solene no Palácio do Planalto, o presidente da República faz o lançamento do documento Base para discussão da Agenda 21 Brasileira. Por três anos, após um longo e complexo processo de elaboração participativa, vários especialistas brasileiros das áreas civil, empresarial e governamental reúnem-se para produzir as 1.276 páginas dos sete volumes que formam o documento base que subsidiará os debates setoriais, em todo o país. É organizado nos temas: Redução das Desigualdades Sociais, Gestão dos Recursos Naturais, Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável, Infraestrutura e Integração Regional, Agricultura Sustentável e Cidades Sustentáveis. A ONU elege o ano 2000 para ser o Ano Internacional por uma Cultura de Paz. De 19 a 23 de junho, realiza-se, em Brasília, promovido pela ONU e pela Universidade da Paz (Unipaz), o Fórum Global Paz no Planeta, reunindo pessoas de todas as partes do mundo. Tem como objetivo promover a disseminação de um conjunto de orientações e parâmetros para uma cultura de paz. A British Petroleum anuncia o investimento de 1 bilhão de dólares, em pesquisae desenvolvimento de energia solar e eólica (ventos). A Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC (Coordenada por Lucila Pinsard Vianna) promove, em Brasília, oficina de trabalho em Educação Ambiental, reunindo especialistas de várias partes do Brasil. Promove também teleconferência sobre Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação de Meio Ambiente. A Universidade Católica de Brasília (UCB) torna-se a primeira universidade brasileira a implantar um Programa de Educação Ambiental, de forma sistêmica, em 41 sua estrutura, incluindo a incorporação da coeficiência e a capacitação de todos os seus funcionários, professores e estudantes. Em novembro, a coordenação de Educação Ambiental do MEC (COEA) promove, em Brasília, o Seminário Nacional de EA, reunindo as secretarias de Educação e instituições que trabalham com EA nas escolas. O objetivo é discutir as diretrizes políticas da EA, no MEC, e apresentar os Parâmetros em Ação de Meio Ambiente, da 5ª a 8ª série e de 1ª a 4ª série, um guia instrucional que sugere um conjunto de atividades, no conteúdo é discutida a questão ambiental, como um componente do currículo, de forma transversal, investindo em uma prática de ensino diferenciada, integrando as disciplinas entre si e a escola à realidade. 2002 A ONU declara 2002 o Ano do Ecoturismo. Em 3 de junho ocorre em São Paulo o 6° Congresso Internacional de Direito Ambiental. Destaca o crescente aumento, nas últimas décadas, dos debates acerca dos problemas ambientais. A preocupação ecológica tem se revelado na realização de congressos mundiais e nacionais voltados para a preservação ambiental; na celebração frequente de acordos, tratados e protocolos; também, na proliferação de leis pertinentes e na criação de órgãos governamentais e não governamentais. Testemunhamos, no ano de 2002, a Cúpula Mundial do Desenvolvimento Sustentável ou simplesmente Rio + 10, em Johannesburg, que trouxe mais recuos do que avanços. Com a declaração norte-americana, que dizia ser campeã do Desenvolvimento Sustentável, o mundo percebeu que este novo desenvolvimento não apresentava nada inovador. Pelo contrário, ainda representa o velho capitalismo de degradação ambiental. 2003 O Rio de Janeiro foi o lugar escolhido para sediar o II Encontro Verde das Américas, o Green Meeting – Conferência das Américas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, organizado e coordenado pela Organização Ecológica 42 Palíber. O objetivo do encontro, que contou com cerca de 1000 participantes com acesso gratuito, é “promover o equilíbrio socioambiental do hemisfério e do planeta”. Durante os três dias do evento, as principais questões socioambientais foram debatidas entre especialistas e o seleto público que lotou o auditório do BNDS: ações governamentais e da sociedade civil, agenda 21, recursos hídricos, meio ambiente urbano, entre muitas outras questões de cunho técnico, político, ou simplesmente emocional, todas inspiradoras e elucidativas. 2004 De 25 a 29 de outubro ocorre o 2º Seminário Internacional da Rede AlfaPlanGIES, subordinado ao tema Conhecimento e Desenvolvimento Sustentável: dos problemas socioambientais aos fundamentos multidisciplinares, realizado na Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal. Nele se procurou debater e contribuir para a clarificação conceptual do desenvolvimento sustentável e seu modo de operacionalização pela reflexão sobre os seus fundamentos socioambientais e multidisciplinares. No dia 26 de dezembro ocorreu o terremoto que gerou o tsunami, o quinto mais forte desde 1940. Este terremoto teve como epicentro o mar a oeste da ilha de Sumatra no oceano Índico. O abalo teve magnitude sísmica estimada em 9,0 na Escala Richter, depois do tremor de terra seguiu-se um tsunami de cerca de 10 metros de altura que devastou as zonas costeiras da África Oriental, afetando países como a Sri Lanka, Índia, Indonésia, Tailândia, Malásia, Ilhas Maldivas e Bangladesh. O abalo sísmico redistribuiu a massa do planeta, gerando uma oscilação que alterou a rotação, fazendo-o girar três milionésimos de segundo mais rápido, e inclinando o eixo em 2,5 centímetros. Cientistas americanos disseram que as placas tectônicas debaixo do Oceano Índico foram movidas em cerca de 30 metros. A mudança fez com que o arquipélago Nicobar se deslocasse a uma distância de 20 quilômetros. Pilotos em operação de resgate no arquipélago admitiram que algumas das ilhas, como Katchall, simplesmente sumiram. 2005 Uma das piores secas atingiu a região sudoeste do Amazonas e o estado do 43 Acre. Segundo o INPE, essa seca foi causada pelo aumento da temperatura no oceano Atlântico, que pode estar relacionado com o aquecimento global. 2007 No dia 2 de fevereiro o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão vinculado à ONU, divulga, em Bruxelas, o resultado do segundo trabalho sobre impactos, da adaptação e da vulnerabilidade do planeta às mudanças climáticas. Nesse relatório foi confirmada que há 90% de certeza de que o homem é o responsável pelas mudanças do clima no planeta. O relatório estima que as temperaturas devam aumentar entre 1,8 e 4,0 graus ainda neste século. Para garantir a qualidade de vida atual, é preciso que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse 2º C em relação aos níveis pré-industriais, na metade do século XIX. De acordo com o estudo Planeta Vivo, feito pela rede WWF, a média anual per capita 44 de emissão de CO2 para cada brasileiro é de 1,8 tonelada do gás, caso as emissões provocadas pelo desmatamento de nossas florestas forem desconsideradas. Entretanto, quando o desmatamento é incluído nesse cálculo o Brasil passa a ser o quarto maior poluidor do planeta. Os gases das queimadas oriundas do desmatamento são responsáveis por 75% de todas as emissões nacionais. No dia 6 de abril é divulgado o 2º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas que abordou os impactos das mudanças climáticas, com um capítulo dedicado apenas à América Latina, com detalhes sobre o Brasil. Os mananciais de água doce, que abastecem milhões de pessoas no mundo estão em risco, aponta o relatório. Na região Amazônica, por exemplo, as pessoas podem ser afetadas por temperaturas ainda mais altas no verão, em algumas regiões, por um aumento na frequência de secas severas como a de 2005 e pela transformação da floresta em uma vegetação muito mais aberta, parecida com o cerrado, especialmente na região leste. No nordeste brasileiro, as temperaturas vão subir ainda mais, passando de uma região semiárida para árida e comprometendo a recarga dos lençóis freáticos. No sudeste, a precipitação vai aumentar com impacto direto na agricultura e nas inundações e deslizamentos de terra. O 3º relatório foi divulgado no dia 4 de maio, em Bangcoc, na Tailândia. O texto mostra que é possível deter o aquecimento global se o processo de redução das emissões for iniciado antes de 2015. De acordo com o documento, para salvar o clima do nosso planeta, a humanidade terá de diminuir de 50 a 85% as emissões de CO2 até a metade deste século. Para o Brasil, um dos maiores problemas na emissão de gases causadores das mudanças climáticas é o desmatamento. As queimadas oriundas da destruição das florestas significam 75% das emissões brasileiras. Sobre esse tema, o documento do IPCC aponta que 65% do potencial florestal de mitigação, isto é, o que pode ser feito nas florestas para reduzir o aquecimento global, está localizado nos trópicos; mais da metade pode ser resolvido apenas com o combate ao desmatamento ilegal. No que diz respeito às emissões da área de energia, o Brasil precisa continuar investindo em energias limpas e reverter a tendência de crescimento de termelétricas baseadas na queima de combustíveis fósseis. É necessário tambémdiversificar a matriz com fontes renováveis não convencionais como biomassa, eólica e termossolar. Aplicar técnicas de eficiência energética para reduzir o desperdício de eletricidade é fundamental em todos os setores como industrial, comercial e residencial. O IPCC indica também o uso de veículos mais eficientes como uma 45 maneira de reduzir as emissões no setor de transportes, principalmente se abastecidos com biocombustíveis como o álcool ou o biodiesel. Outra solução mostrada no relatório para reduzir a poluição nesse setor é trocar o uso de rodovias, sistema largamente utilizado no Brasil, por ferrovias. O transporte público também deve ser melhorado e incentivado. 2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO BRASIL 1981 – Política Nacional de Meio Ambiente (lei 6.938/81) inclusão da EA em todos os níveis de ensino. 1989 – Criado o Fundo Nacional de Meio Ambiente (lei 7.797/89), apoia projetos de EA. 1992 – Criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os Núcleos de EA do Ibama. 1994 – Programa Nacional de EA (ProNEA) – MMA, MEC, MIC, MCT. 1995 – Câmara Técnica Temporária de EA do CONAMA. 1999 – Política Nacional de Educação Ambiental (lei 9.795) e criação da Coordenação-Geral de EA no MEC e Diretoria de EA no MMA. 2000 – EA é contemplada no PPA 2000-2003 (MMA). 2002 – Órgão Gestor da PNEA e revisão do ProNEA. 2003 – EA é contemplada no PPA 2004-2007 (MEC). 2.1 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EA NO MEC 46 1991 – Pela Portaria 678, EA deve permear os currículos dos diferentes níveis e modalidades de ensino; Portaria 2.421 cria GT de EA para participar da RIO-92. 1993 – o GT-EA se transforma em Coordenação de EA (CEA) ligada ao gabinete do Ministro. 1997/1998 – A CEA promove 18 cursos de capacitação, realiza teleconferências regionais e videorreportagens. 1997 – Lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais. 1999 – Criada a COEA na SEF, Programa Parâmetros em Ação. 2001 – Programas Parâmetros em Ação - Meio Ambiente na Escola e Congresso Brasileiro de Qualidade de Educação. 2003 – A COEA é transferida para a Secretaria Executiva do MEC. 2004 – A CGEA é alocada na SECAD, implantação do Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas. 2004 – II Conferência Infanto-Juvenil para Meio Ambiente. 3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A evolução dos conceitos de EA esteve diretamente relacionada à evolução do conceito de meio ambiente e ao modo como este era percebido. O conceito de meio ambiente, reduzido exclusivamente aos seus aspectos naturais, não permitiam apreciar as interdependências nem a contribuição das ciências sociais e outras à compreensão e melhoria do ambiente humano. Existem vários conceitos atribuídos para definir Educação Ambiental, dentre eles temos: Art. 1° da Lei nº 9.795 de abril de 1999: 47 Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977): A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida. Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976): A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. 2005 - Eventos importantes de Educação Ambiental e documentos gerados. – Conferência Mundial do Meio Ambiente Humano (1975) 48 A Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, 1975, foi algo histórico para as discussões acerca da problemática ambiental. Esta conferência reuniu representantes de 113 países que tinham como meta o estabelecimento de uma visão global e princípios comuns que servissem para orientar o mundo no sentido de preservar e melhorar o ambiente humano. Em Estocolmo foi observada a importância de se criar um vínculo entre a educação e a questão ambiental pela recomendação número 96, que reconhecia a Educação Ambiental como o elemento crítico para o combate à crise ambiental. Esse assunto foi amplamente discutido com projeção mundial. Embora essa conferência tenha ressaltado o problema do meio ambiente, também gerou controvérsias. Os países mais pobres acusaram as nações mais ricas de querer impor limites ao seu desenvolvimento, usando como subterfúgio as questões ambientais, para combater as chances de competitividade. – Conferência de Belgrado (1975) Ocorreu na Iugoslávia, em 1975, em resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo, que reuniu especialistas de 65 países. No Encontro de Belgrado foram formulados princípios e orientações para um programa de Educação Ambiental, em que estava estabelecido que a EA deveria ser contínua, multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e orientada para os interesses nacionais. Este Encontro deu origem à Carta de Belgrado, um documento que é considerado um marco histórico para a evolução dos movimentos em torno do tema meio ambiente. A Carta de Belgrado declara que a meta da educação ambiental é: Desenvolver um cidadão consciente do ambiente total; preocupado com os problemas associados a esse ambiente, e que tenha o conhecimento, as atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar de forma individual às questões daí emergentes. Trechos da Carta de Belgrado: 49 "Nossa geração tem testemunhado um crescimento econômico e um processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram benefícios para muitas pessoas, produziram também sérias consequências ambientais e sociais. As desigualdades entre pobres e ricos nos países, e entre países, estão crescendo e há evidências de crescente deterioração do ambiente físico em uma escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas por número pequeno de países, afetam toda humanidade. A recente Declaração das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica Internacional atenta para um novo conceito de desenvolvimento - o que leva em conta a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra, pluralismo de sociedades e do balanço e harmonia entre humanidade e meio ambiente. O que se busca é a erradicação das causas básicas da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação. Não é mais aceitável lidar com esses problemas cruciais de uma forma fragmentária. É absolutamente vital que os cidadãos de todo o mundo insistam a favor de medidas que darão suporte ao tipo de crescimento econômico que não traga repercussões prejudiciais às pessoas; que não diminuam de nenhuma maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente. É necessário encontrar meios de assegurar que nenhuma nação cresça ou se desenvolva à custa de outra nação, e que nenhum indivíduo aumente o seu consumo à custa da diminuiçãodo consumo dos outros. Os recursos do mundo deveriam ser utilizados de um modo que beneficiasse toda a humanidade e proporcionasse a todos a possibilidade de aumento da qualidade de vida. Nós necessitamos de uma nova ética global - uma ética que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos. Mudanças significativas devem ocorrer em todas as nações do mundo para assegurar o tipo de desenvolvimento racional que será orientado por esta nova ideia global - mudanças que serão direcionadas para uma distribuição equitativa dos recursos da Terra e atender mais às necessidades dos povos. Este novo tipo de desenvolvimento também deverá requerer a redução 50 máxima dos efeitos danosos ao meio ambiente, à reutilização de materiais e a concepção de tecnologias que permitam que tais objetivos sejam alcançados. Acima de tudo. Deverá assegurar a paz por meio da coexistência e cooperação entre as nações com diferentes sistemas sociais. A redução dos orçamentos militares e da competição na fabricação de armas poderá significar um ganho substancial de recursos para as necessidades humanas. O desarmamento deveria ser o objetivo final. Estas novas abordagens para o desenvolvimento e a melhoria do meio ambiente exigem reordenações das prioridades regionais e nacionais. As políticas de maximização de crescimento econômico, que não consideram suas consequências na sociedade e nos recursos disponíveis para a melhoria da qualidade de vida, precisam ser questionadas.” – Conferência de Tbilisi (1977) A Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Antiga União Soviética, é considerada um dos principais eventos sobre Educação Ambiental do Planeta. Essa conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a UNESCO e o Programa de Meio Ambiente da ONU - PNUMA e, desse encontro, saíram às definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental no mundo. Nessa Conferência estabeleceu-se que o processo educativo deveria ser orientado para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente, por enfoques interdisciplinares e, de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. Baseado na Conferência de Tbilisi são finalidades da EA: Promover a compreensão da existência e da importância da interdependência econômica, social, política e ecológica. Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as 51 atitudes necessárias para protegerem e melhorarem o meio ambiente. Induzir novas formas de conduta, nos indivíduos e na sociedade, a respeito do meio ambiente. Objetivos de Tbilisi: Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem consciência do meio ambiente global e lhes ajudar a sensibilizarem-se por essas questões; Conhecimento: ajudar os grupos e os indivíduos a adquirirem diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos; Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem-se com uma série de valores, e a sentirem interesse e preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente; Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais; Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de participarem ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas ambientais. Princípios Básicos de Tbilisi: Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico-cultural, moral e estético); 52 Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré- escolar e continuando por todas as fases do ensino formal e não formal; Aplicar em enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas; Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a perspectiva histórica; Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais; Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e de crescimento; Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas; Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais. Na conferência de Tbilisi (recomendação 3) são estabelecidas as diretrizes da Educação Ambiental, na qual se pode notar que não é como a alfabetização, não possui um marco inicial. Corresponde a atitudes ambientais, uma mobilização constante e generalizada da população. Aparece também o importante papel das escolas desde os primeiros anos até a formação de profissionais especializados. No Brasil, a influência de Tbilisi se fez presente na Lei n. 6.938, de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, suas finalidades e mecanismos de formulação e execução. A lei se refere, em um de seus princípios, à educação ambiental em todos os níveis de ensino, inclusive à educação da comunidade, a fim de capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente. 53 - Seminário sobre Educação Ambiental na Costa Rica Esse Seminário foi realizado em 1979, em San Jose, Costa Rica, e promovido pela UNESCO. Teve como objetivo principal discutir a educação ambiental para a América Latina. As discussões foram realizadas com base nas reuniões anteriores e, principalmente, nas Recomendações expressas nos documentos finais de Tbilisi. Nesse Seminário, a educação ambiental foi caracterizada como o resultado de uma reestruturação e colaboração entre diferentes disciplinas e experiências educacionais. É importante ressaltar que, mais uma vez, a educação ambiental não deve ser uma proposta isolada, mas sim, estar em sintonia com as demais disciplinas. Portanto, ver por meio da educação ambiental um processo, é ter uma visão de tempo, em que a sensibilização dos indivíduos é uma das etapas do processo de amadurecimento, vindo em seguida uma revisão dos valores e atitudes para poder se conscientizar e, por fim, chegar a uma atitude (ação) para a transformação. Isso somente será possível, a partir do momento em que o indivíduo tiver um comportamento de consumo diferente daquele que, atualmente, lhe é apresentado. - 2º Congresso Internacional sobre Educação Ambiental e Formação Ambiental de Moscou (1987) Aconteceu em Moscou, Rússia, em 1987, onde se reuniram trezentos especialistas de cem países. Na ocasião, foram reiterados os conceitos da Conferência de Tbilisi, na qual foram tratados os objetivos e os princípios da educação ambiental. O documento elaborado a partir deste Congresso foi composto de duas partes, sendo que na primeira apresenta necessidades e prioridades do desenvolvimento da educação e formação ambiental e, na segunda,aporta elementos para uma estratégia internacional de ação para a década de 90. Nessa época, a, então, União Soviética vivia o início da Perestroika e da Glasnost. Os temas como “desarmamento”, “acordos de paz entre URSS e EUA”, “democracia” e “liberdade de opinião” permeavam as discussões entre os presentes neste evento. 54 Além desse documento, foram analisados, também, as dificuldades encontradas e os progressos alcançados pelos países em relação à educação ambiental. Diante disso, foi unânime a decisão da necessidade de uma educação ambiental voltada à promoção de sensibilização, conscientização, transmissão de informações, desenvolvimento de hábitos, habilidades, valores, estabelecimento de critérios e padrões e orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões. Portanto, a educação ambiental deveria objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivo e afetivo. Uma das observações apresentadas neste Congresso e que gerou polêmica foi a verificação da pobreza socioeconômica de muitos países. Para os especialistas participantes do evento, há necessidade urgente em resolver os problemas socioeconômicos para, posteriormente, resolver os problemas ambientais. Continuando, eles dizem que um pode ser a causa do outro, isto é, não somente a pobreza leva à deterioração dos recursos naturais, como também o alto padrão de consumo produz impactos negativos ainda maiores. O Congresso sugeriu, ainda, a realização de outros eventos internacionais sobre educação ambiental, com o propósito de avaliar os avanços alcançados, estabelecer prioridades e os meios de ação para um plano em matéria de educação e formação ambiental, na primeira metade do século XXI. – Seminário Latino-Americano de EA (Argentina, 1988) Este Seminário foi realizado em Buenos Aires, Argentina, em 1988; promovido pela UNESCO e PNUMA. Dentre as Recomendações para a elaboração de um programa de educação ambiental de acordo com a realidade dos países, de forma a gerar ações mais efetivas, foram destacadas: Recomendação nº 3: que a educação ambiental se adapte às características culturais e específicas das populações envolvidas no processo educativo. Recomendação nº 4: que se tenha presente o papel desempenhado pela mulher na sociedade e no desenvolvimento. 55 Portanto, trabalhar a educação de acordo com as especificidades de cada região é pertinente, pois educar é dar sentido às coisas e, isso só ocorre, quando se está diante de fatos concretos de nosso cotidiano. Porém, a relevância demonstrada na Recomendação nº 4, em relação à mulher, parece ser um pouco contraditória, uma vez que falar em igualdade, em sujeitos cidadãos, é falar em direitos iguais para homens e mulheres, o que não é uma realidade em muitas culturas. Nos intervalos entre um evento e outro, ocorreram manifestações e ações por parte da iniciativa privada ou governamental, com novas propostas e ações concretas para a melhoria ambiental. Dentre elas, pode-se citar que, em 1991, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o PNUMA e o Fundo Mundial da Natureza (WWF), lançaram em mais de sessenta países, inclusive no Brasil, a nova estratégia para o futuro da vida, por meio de uma publicação intitulada Cuidando do planeta Terra. O objetivo foi ajudar a melhorar as condições de vida do planeta, por meio da definição de duas exigências fundamentais: Assegurar um amplo e profundo compromisso com uma nova ética ambiental. Integrar conservação e desenvolvimento (a conservação para limitar as nossas atitudes à capacidade da Terra e o desenvolvimento para permitir que as pessoas possam ter vida longa e saudável - plena em todos os lugares do planeta). Essa consciência ou “cidadania planetária” passou, após alguns anos, a tomar conta de certos grupos (as ONGs) que foram criadas para trabalhar em prol do meio ambiente. Mesmo assim, há grupos contrários a esses movimentos, pois veem ameaçados seus patrimônios, a fonte de exploração que, muitas vezes, são recursos naturais. - Rio – 92 e a Agenda 21 56 A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhecida a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro. O seu objetivo principal era buscar meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra. A Conferência do Rio consagrou o conceito de desenvolvimento sustentável e contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Reconheceu-se, ao mesmo tempo, a necessidade de os países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável. Naquele momento, a posição dos países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente político internacional favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de princípios. como o das responsabilidades comuns, mas diferenciadas. A mudança de percepção com relação à complexidade do tema deu-se de forma muito clara nas negociações diplomáticas, apesar de seu impacto ter sido menor do ponto de vista da opinião pública. Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo se reuniram para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. A intenção, nesse encontro, era introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Os encontros ocorreram no centro de convenções chamado Rio Centro. A diferença entre 1992 e 1972 (quando teve lugar a Conferência de Estocolmo) pode ser traduzida pela presença maciça de Chefes de Estado, fator indicativo da importância atribuída à questão ambiental no início da década de 1990. Já as ONGs fizeram um encontro paralelo no Aterro do Flamengo. O encontro paralelo era liberado para a população mediante pagamento. Além do encontro paralelo, certo é que as ONGs, conquanto não tivessem o direito de deliberar, participaram dos debates na CNUMAD de 1992. A ECO-92 frutificou a elaboração dos seguintes documentos oficiais: A Carta da Terra; três convenções (Biodiversidade, Desertificação e Mudanças http://pt.wikipedia.org/wiki/3_de_junho http://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_junho http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_desenvolvidos http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_desenvolvidos http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_em_desenvolvimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%ADses_em_desenvolvimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Rio_Centro&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Estocolmo http://pt.wikipedia.org/wiki/ONG http://pt.wikipedia.org/wiki/Aterro_do_Flamengo http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_da_Terra 57 Climáticas); uma declaração de princípios sobre florestas; a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; e a Agenda 21 (base para que cada país elabore seu plano de preservação do meio ambiente). 4.1 CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE A Convenção da Biodiversidade foi o acordo aprovado durante a RIO- 92, por 156 países e uma organização de integração econômica regional. Foi ratificada pelo Congresso Nacional Brasileiro e entrou em vigor no final de dezembro de 1993. Os objetivos da convençãosão a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a divisão equitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos. Neste documento, destaca-se o “Protocolo de Biosegurança”, que permite que países deixem de importar produtos que contenham organismos geneticamente modificados. Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram sua posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade. 4.2 AGENDA 21 O principal documento produzido na RIO-92, o Agenda 21, é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. Ele concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Este documento está estruturado em quatro seções subdivididas em um total de 40 capítulos temáticos. Eles tratam dos temas: 4.3 DIMENSÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=RIO-92&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=RIO-92&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_Nacional_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/1993 58 Enfoca as políticas internacionais que podem ajudar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, as estratégias de combate à pobreza e à miséria, as mudanças necessárias a serem introduzidas nos padrões de consumo, as inter-relações entre sustentabilidade e dinâmica demográfica, as propostas para a promoção da saúde pública e a melhoria da qualidade dos assentamentos humanos. 4.4 CONSERVAÇÃO E QUESTÃO DOS RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO Apresenta os diferentes enfoques para a proteção da atmosfera e para a viabilização da transição energética, a importância do manejo integrado do solo, da proteção dos recursos do mar e da gestão eco-compatível dos recursos de água doce; a relevância do combate ao desmatamento, à desertificação e à proteção aos frágeis ecossistemas de montanhas; as interfaces entre diversidade biológica e medidas requeridas para a proteção e promoção de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. Analisa as ações que objetivam a melhoria dos níveis de educação da mulher, bem como a participação da mesma, em condições de igualdade, em todas as atividades relativas ao desenvolvimento e à gestão ambiental. Adicionalmente, são discutidas as medidas de proteção e promoção à juventude e aos povos indígenas, às ONGs, aos trabalhadores e sindicatos, à comunidade científica e tecnológica, aos agricultores e ao comércio e a indústria. 59 4.5 REVISÃO DOS INSTRUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DAS AÇÕES PROPOSTAS Discute os mecanismos financeiros e os instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais; a produção e oferta de tecnologias eco-consistentes e de atividade científica, enquanto suportes essenciais à gestão da sustentabilidade; a educação e o treinamento como instrumentos da construção de uma consciência ambiental e da capacitação de quadros para o desenvolvimento sustentável; o fortalecimento das instituições e a melhoria das capacidades nacionais de coleta, processamento e análise dos dados relevantes para a gestão da sustentabilidade. 4.6 A ACEITAÇÃO DO FORMATO E CONTEÚDO DA AGENDA Aprovada por todos os países presentes à CNUMAD propiciou a criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). A CDS tem por objetivo acompanhar e cooperar com os países na elaboração e implementação das agendas nacionais, e vários países já iniciaram a elaboração de suas agendas nacionais. Dentre os de maior expressão política e econômica, somente a China terminou o processo de elaboração e iniciou a etapa de implementação. 4.7 MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 Recursos e mecanismos de financiamento. Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional. A ciência para o DS. 60 Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento. Mecanismos nacionais e cooperação internacional para fortalecimento institucional nos países em desenvolvimento. Arranjos institucionais internacionais. Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais. Informação para a tomada de decisões. – Conferência de Thessaloniki (Grécia, 1998) Ocorreu em 1997, na Tessalônica, Grécia, promovida pela UNESCO e o governo da Grécia, tendo como tema “Ambiente e Sociedade”. A discussão principal foi pautada em educação e conscientização pública para a sustentabilidade. Como em todas as demais conferências, nesta também foi elaborado um documento, a “Declaração de Tessalônica”, fazendo parte da elaboração desta: representantes de Organizações Governamentais, de Organizações Não Governamentais (ONGs) e da sociedade civil de mais de oitenta e três países. Essa declaração enfoca uma visão interdisciplinar para ações compartilhadas – educação para um futuro sustentável. Nesse evento, foram analisadas as conferências anteriores, bem como, os documentos com recomendações/orientações publicadas pelas mesmas, em que foi reconhecido que a educação ambiental não foi desenvolvida suficientemente. Dessa forma, foi reiterada a importância da educação ambiental no processo de sensibilização/conscientização pública para a sustentabilidade, por um processo de aprendizagem coletiva, com a participação de todos os segmentos da sociedade. “As recomendações e planos de ação em educação ambiental das Conferências de Belgrado (1975), Tbillisi (1977), Moscou (1987) são, todavia, válidas e, ainda, não totalmente exploradas.” A orientação foi dirigida, também, para a mudança de vida dos homens, isto é, buscar alternativas de consumo em diversos setores cruciais e uma mudança rápida e radical em comportamentos e estilos de vida, incluindo-se aí as mudanças no padrão de consumo e produção. Esses eventos tiveram destaque internacional, pelo seu caráter organizativo e estruturador dos pressupostos de educação ambiental. – Protocolo de Kyoto 61 O Protocolo de Kyoto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall (Suécia, agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênica do aquecimento global. Discutido e negociado em Kyoto, no Japão, em 1997, foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Sendo que, para este entrar em vigor, precisou que 55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem, assim entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004. Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros (principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008). As metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os 38 países que mais emitem gases. Países em franco desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente. A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas.O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, por meio de algumas ações básicas: Reformar os setores de energia e transportes; Promover o uso de fontes energéticas renováveis; http://pt.wikipedia.org/wiki/Toronto http://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/1988 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sundsvall http://pt.wikipedia.org/wiki/1990 http://pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/1992 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_estufa http://pt.wikipedia.org/wiki/1997 http://pt.wikipedia.org/wiki/16_de_mar%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/1998 http://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_mar%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/1999 http://pt.wikipedia.org/wiki/2005 http://pt.wikipedia.org/wiki/Novembro http://pt.wikipedia.org/wiki/Calend%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa http://pt.wikipedia.org/wiki/1990 http://pt.wikipedia.org/wiki/2008 http://pt.wikipedia.org/wiki/2012 62 Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção; Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; Proteger florestas e outros sumidouros de carbono. Se o Protocolo de Kyoto for implementado com sucesso, estima-se que a temperatura global reduza entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. 4.8 OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E O PROTOCOLO DE KYOTO Os Estados Unidos da América negaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados por tal protocolo interfeririam negativamente na economia norte-americana. A Casa Branca também questiona a teoria de que os poluentes emitidos pelo homem causem a elevação da temperatura da Terra. Mesmo o governo dos Estados Unidos não assinando o Protocolo de Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos já começaram a pesquisar maneiras para reduzir a emissão de gases promotores do efeito estufa — tentando, por sua vez, não diminuir sua margem de lucro com essa atitude. http://pt.wikipedia.org/wiki/Metano http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono http://pt.wikipedia.org/wiki/Temperatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Celsius http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/George_W._Bush http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Branca http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo http://pt.wikipedia.org/wiki/Gases_do_efeito_estufa http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucro 63 4.9 SUMIDOUROS DE CARBONO Em julho de 2001, o Protocolo de Kyoto foi referendado em Bonn, Alemanha, quando abrandou o cumprimento das metas previstas anteriormente, pela criação dos "sumidouros de carbono". Segundo essa proposta, os países que tivessem grandes áreas florestadas, que absorvem naturalmente o CO2, poderiam usar essas florestas como crédito em troca do controle de suas emissões. Em função da necessidade de manter sua produção industrial, os países desenvolvidos, os maiores emissores de CO2 e de outros poluentes, poderiam transferir parte de suas indústrias mais poluentes para países onde o nível de emissão é baixo ou investir nesses países, como parte de negociação. Entretanto, é necessário fazer estudos minuciosos sobre a quantidade de carbono que uma floresta é capaz de absorver, para que não haja super ou subvalorização de valores pagos por meio dos créditos de carbono. Porém, a partir da Conferência de Joanesburgo esta proposta tornou-se inconsistente em relação aos objetivos do Tratado, qual seja, a redução da emissão de gases que agravam o efeito estufa. Desse modo, a política deve ser deixar de poluir, e não poluir onde há florestas, pois o saldo desta forma, continuaria negativo para com o planeta. 4.10 OS CÉTICOS E O PROTOCOLO DE KYOTO O Protocolo de Kyoto somente faz sentido para aqueles que acreditam que as emissões de gases poluentes, principalmente aqueles provenientes da queima de combustíveis fósseis, são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Como consequência do Protocolo, os países desenvolvidos teriam que diminuir drasticamente suas emissões, inviabilizando, em médio prazo, o seu crescimento econômico continuado que, acreditam os http://pt.wikipedia.org/wiki/Julho http://pt.wikipedia.org/wiki/2001 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bonn http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nico http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nico http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9ditos_de_carbono http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo 64 céticos, é a única forma de se atingir a abundância de bens e serviços de que tanto necessita a humanidade. Assim, o segundo maior emissor de gases estufa do planeta, os Estados Unidos, não ratificaram e, provavelmente não o ratificarão em um prazo previsível. Tal atitude é considerada prudente por parte dos céticos. De fato, todas as nações europeias e o Japão ratificaram o Protocolo, e algumas delas, embora tenham concordado em diminuir suas emissões em 2010 em 8% abaixo dos níveis de 1990, já admitem que não conseguirão atingir esta meta e somente poderão conseguir reduzir as emissões em 1% em 2010. A União Europeia esperava atingir as metas compromissadas, aproveitando as possibilidades da Inglaterra, França e Alemanha de reduzir suas emissões aos níveis de 1990, utilizando a política de abandonar o uso do carvão, aumentar o uso da energia nuclear e fechar as portas das indústrias poluidoras do leste alemão. Considerando estas vantagens, as outras nações não precisariam ser tão severas na redução das suas emissões sob a política original do Protocolo de Kyoto. Como consequência, estes países aumentaram maciçamente suas emissões, apagando assim os ganhos dos países grandes. Pelo menos 12 dos 15 países europeus estão preocupados em poder cumprir as suas metas; nove deles romperam-nas, com emissões aumentando entre 20% e 77%. A realidade, então, creem os céticos, é que o Protocolo de Kyoto se tornará "letra morta" e que a Comunidade Europeia, sua grande defensora, está destinada a revelar isso ao mundo. No entanto, o quadro mudou consideravelmente em 2007 com a publicação dos relatórios do IPCC sobre mudança climática. A opinião pública, assim como de políticos de todo o mundo, tem cada vez mais entendido que a mudança climática já começou e que medidas são necessárias. 4.11 SEQUESTRO DE CARBONO http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_nuclear http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_Europeia http://pt.wikipedia.org/wiki/2007 http://pt.wikipedia.org/wiki/IPCC 65 O "carbon sequestration" é uma política oficial dos EUA e da Austrália que trata de estocar o excesso de carbono, por prazo longo e indeterminado, na biosfera, no subsolo e nos oceanos. Os projetos do DOE's Office of Science dos EUA são: 1. Sequestrar o carbono em repositórios subterrâneos. 2. Melhorar o ciclo terrestre natural por meio da remoção do CO2 da atmosfera pela vegetação e estoque da biomassa criada no solo. 3. O sequestro do carbono nos oceanos por aumento da dissolução do CO2 nas águas oceânicas pela fertilização do fitoplâncton com nutrientes e pela injeçãode CO2 nas profundezas dos oceanos, a mais de 1000 metros de profundidade. 4. O sequenciamento de genoma de micro-organismos para o gerenciamento do ciclo do carbono. 5. Enviar por foguetes (naves) milhares de minissatélites (espelhos) para refletir parte do sol, em média 200.000 minissatélites, reduziriam 1% do aquecimento. O plano de sequestro de carbono norte-americano já está em andamento e demonstra a preocupação dos céticos em ajudar a remover uma das causas (embora a considerem insignificante) do aquecimento global. A Austrália possui um plano semelhante ao dos EUA. 4.12 O AUMENTO DAS EMISSÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Um dos fatores alegados pelos Estados Unidos para a não ratificação do Protocolo de Kyoto, foi a inexistência de metas obrigatórias de redução das emissões de gás carbônico para os países em desenvolvimento. Apesar de não serem obrigados a cumprir metas de redução, tais países já respondem por quase 52% das emissões de CO2 mundiais, e por 73% do aumento das emissões em 2004. Segundo a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, em 2006, a China, um país em desenvolvimento, http://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera http://pt.wikipedia.org/wiki/Subsolo http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceanos http://pt.wikipedia.org/wiki/Vegeta%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoma http://pt.wikipedia.org/wiki/Microorganismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_carbono http://pt.wikipedia.org/wiki/Foguete http://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia 66 ultrapassou em 8% o volume de gás carbônico emitido pelos EUA, tornando-se o maior emissor desse gás no mundo, emitindo sozinha quase um quarto do total mundial, mais do que toda a UE. Um dos motivos dessa escalada das emissões chinesas é a queima do carvão mineral, que responde por cerca de 68,4% da produção de energia na China, e segundo relatório da AIE 40,5% das emissões mundiais do CO2, são provenientes da queima desse mineral, sendo tal o maior colaborador para o aquecimento global. O consumo de carvão mineral em 2006 na China saltou 8,7%, quase o dobro do aumento mundial, paralelamente, o consumo de energia elétrica teve uma elevação de 8,4% nesse país, e seu PIB aumentou 10,7%. Logo, o crescimento vertiginoso da economia chinesa, gera pressão pelo aumento da produção de energia, que deve acompanhar rapidamente a crescente demanda, já que apagões parciais viraram rotina em algumas cidades chinesas. Tamanho o consumo de eletricidade tal país se tornará até 2010 o maior consumidor de energia do mundo, para suprir a demanda há atualmente cerca de 560 usinas termelétricas em construção no território chinês. Sendo que em 2007 quase duas novas termelétricas eram inauguradas por semana, então, a tendência é um crescimento continuado do consumo de carvão mineral, bem como das emissões de CO2 na China, algo também verificado na Índia, esses dois países juntos responderão por 45% do aumento mundial da demanda por energia até 2030, tal aumento pode significar uma elevação em 57% das emissões mundiais de gás carbônico no mesmo período, assim as atuais 27 bilhões de toneladas de CO2 lançadas anualmente na atmosfera passariam para 42 bilhões em 2030. Por outro lado, segundo um relatório do Tyndall Center for Climate, 23% das emissões chinesas de gás carbônico em 2004 foram resultantes da fabricação de produtos que seriam exportados para países desenvolvidos, dessa forma, há também uma contribuição desses países nas emissões crescentes da China, bem como dos demais países emergentes. Frente ao rápido crescimento econômico de economias emergentes, cuja matriz energética é extremamente dependente da queima de combustíveis fósseis, em especial do carvão mineral, o aumento nas emissões de gás 67 carbônico parece inevitável para as próximas décadas, frustrando as pretensões do Protocolo de Kyoto. 5 GLOSSÁRIO DE SIGLAS Agepan – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural. AIE – Agência Internacional de Energia. AIA – Avaliação de Impacto Ambiental. BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. CDS – Comissão de Desenvolvimento Sustentável. CEA – Centro de Estudos Ambientais. CEI – Universidade Estadual de Ivanovo. CETESB – Companhia Tecnológica de Saneamento Ambiental. CFC’s – Cloro Flúor Carbonos. CGEA – Centro General Ernani Ayrosa. CNEA – Conferência Nacional de Educação Ambiental. CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. COEA – Coordenação de Educação Ambiental do MEC. CONAMA – Conselho Nacional de Educação Ambiental. CQNUMC – Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. DOU – Diário Oficial da União. EA – Educação Ambiental. ECOSOC – Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. EPA – Agência Americana de Proteção Ambiental. FBCN – Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. FEDF – Fundação Educacional do Distrito Federal. FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente. FUB – Fundação Universidade de Brasília. 68 GAP – Global Action Plan for the Earth. GT-EA – Grupo Técnico de Educação Ambiental. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IBDF – Instituto Brasileiro de Defesa do Fornecedor. ICASE – Conselho Internacional de Associações de Ensino de Ciências. ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço. IEEP – Internacional Environmental Education Programme. INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. IPCC – Painel das Alterações Climáticas. IUNC – União Internacional para a conservação da natureza. MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia. MEC – Ministério da Educação. MIC – Núcleo de Mídia Científica. Minter – Programa de Fomento da CAPES. MMA – Ministério do Meio Ambiente. NASA – National Aeronautics and Space Administration. ONG – Organização não Governamental. ONU – Organização das Nações Unidas. NEA – Núcleos de Educação Ambiental. PIB – Produto Interno Bruto. PIEA – Programa Internacional de Educação Ambiental. PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro. PNEA – Programa Nacional de Educação Ambiental. Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. PPA – Programa Plurianual. ppm – partes por milhão. Premem – Centro de Treinamento de Professores de Ciências de São Paulo. PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental. SECAD – Secretaria de Educação Continuada. 69 SEE – Society for Environmental Education. SEF – Secretaria de Estado da Fazenda. SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. UCB – Universidade Católica de Brasília. UE – União Europeia. UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza. UNEP – United Nations Environment Programme. UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. Unipaz – Universidade da Paz. WWF – Fundo Mundial da Natureza. 70 INTRODUÇÃO Neste módulo, vocês irão estudar as várias interações que existem dentro da ecologia. É fundamental esse conhecimento para que vocês se familiarizem com termos técnicos, facilitando a interação com a aplicação da Educação Ambiental. Começamos nossa viagem pelo conhecimento ecológico com os níveis de organização dos seres vivos, passando a definições de termos técnicos necessários para a compreensão das interações entre as comunidades até as interferências que o homem vem causando no meio ambiente. Bom estudo! 6. ECOLOGIA Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. A palavra Ecologia tem origem no grego oikosque significa casa e logia, estudo, reflexão. Logo, seria o estudo da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar a parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem, além da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta. Para os ecólogos, o meio ambiente inclui não só os fatores abióticos como o clima e a geologia, mas também os seres vivos que habitam uma determinada comunidade ou biótopo. Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecologia devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de organização entre os http://pt.wikipedia.org/wiki/Seres_vivos http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_%28ecologia%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel http://pt.wikipedia.org/wiki/Ec%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Fatores_abi%C3%B3ticos http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Bi%C3%B3topo 71 seres vivos. Portanto, podemos dizer, que o nível mais simples é o do protoplasma, que é definido como substância viva. O protoplasma é o constituinte da célula, portanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos. Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão reunidas, temos ali, como se convencionou, um tecido. Vários tecidos formam um órgão e um conjunto de órgãos forma um sistema. Todos os sistemas reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organismos da mesma espécie estão reunidos em uma mesma região, temos uma população. Várias populações em um mesmo local há uma comunidade. Tudo isso reunido e trabalhando em harmonia temos um ecossistema. Todos os ecossistemas reunidos em um mesmo sistema, como aqui no Planeta Terra temos a biosfera. FIGURA 01- NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA, DO ÁTOMO À BIOSFERA FONTE: Disponível em: <www.editorasaraiva.com.br>. Acesso em: 10/09/2012. Biosfera é, portanto, a região do ambiente terrestre em que há seres vivos. Embora esse termo possa nos levar a pensar em uma camada contínua de regiões propícias à vida em torno do planeta, não é isso o que ocorre. Há http://pt.wikipedia.org/wiki/Protoplasma http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_%28histologia%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera 72 locais tão secos ou tão frios em que praticamente não existem seres vivos. É o caso das regiões desérticas localizadas na faixa de 30° norte e sul, onde descendem massas de ar secas. A biosfera estende-se desde as profundezas dos oceanos até o topo das mais altas montanhas. A maioria dos seres vivos habita regiões situadas até 5.000 m acima do nível do mar. Nos oceanos, a maioria dos seres vivos vivem na faixa que vai da superfície até 150 m de profundidade, embora diversas espécies de animais e de bactérias vivam a mais de 9.000 m de profundidade. O meio ambiente afeta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua sobrevivência e reprodução - levando, por vezes, ao territorialismo - mas também às suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela etologia, que também analisa a evolução dos comportamentos), por meio do metabolismo. Por essa razão, o meio ambiente (a sua qualidade) determina o número de indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo habitat. Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos recifes de coral por minúsculos invertebrados, os pólipos coralinos. As relações entre os diversos seres vivos existentes em um ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação de organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras. Da evolução desses conceitos e da verificação das alterações de vários ecossistemas, principalmente a sua degradação, pelo homem, levou ao conceito da Ecologia Humana que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social. Por outro lado, apareceram também os conceitos de Conservação e do Conservacionismo que se impuseram na atuação dos governos, quer por ações de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, quer por várias organizações ambientalistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera. A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a economia. Nosso modelo de desenvolvimento econômico se baseia no http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Territorialismo&action=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Coral http://pt.wikipedia.org/wiki/Competi%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Preda%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Simbiose http://pt.wikipedia.org/wiki/Comensal http://pt.wikipedia.org/wiki/Parasita http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologia_humana http://pt.wikipedia.org/wiki/Biosfera http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conserva%C3%A7%C3%A3o&action=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conservacionismo&action=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambientalistas http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia 73 capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses bens de consumo na biosfera finita e limitada. 6.1 HISTÓRICO DA ECOLOGIA A ecologia não tem um início muito bem delineado. Apresenta seus primeiros antecedentes na história natural dos gregos; particularmente, em um discípulo de Aristóteles, Teofrasto, que foi o primeiro a descrever as relações dos organismos entre si e com o meio. As bases posteriores para a ecologia moderna foram lançadas nos primeiros trabalhos dos fisiologistas sobre plantas e animais. O aumento do interesse pela dinâmica das populações recebeu impulso especial no início do século XIX e depois que Thomas Malthus chamou atenção para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade da Terra de fornecer alimento. Raymond Pearl (1920), A. J. Lotka (1925), e Vito Volterra (1926) desenvolveram as bases matemáticas para o estudo das populações, o que levou as experiências sobre a interação de predadores e presas, as relações competitivas entre espécies e o controle populacional. O estudo da influência do comportamento sobre as populações foi incentivado pelo reconhecimento, em 1920, da territorialidade dos pássaros. Os conceitos de comportamento instintivo e agressivo foram lançados por Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen, enquanto V. C. Wynne-Edwards estudava o papel do comportamento social no controle das populações. No início e em meados do século XX, dois grupos de botânicos, um na Europa e outro nos Estados Unidos, estudaram comunidades vegetais de dois diferentes pontos de vista. Os botânicos europeus se preocuparam em estudar a composição, a estrutura e a distribuição das comunidades vegetais, enquanto os americanos estudaram o desenvolvimento dessas comunidades, ou sua http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_de_consumo 74 sucessão. As ecologias animal e vegetal se desenvolveram separadamente até que os biólogos americanos deram ênfaseà inter-relação de comunidades vegetais e animais como um todo biótico. Alguns ecologistas se detiveram na dinâmica das comunidades e populações, enquanto outros se preocuparam com as reservas de energia. Em 1920, o biólogo alemão August Thienemann introduziu o conceito de níveis tróficos, ou de alimentação, pelos quais a energia dos alimentos é transferida, por uma série de organismos, das plantas verdes (produtoras) aos vários níveis de animais (consumidores). Em 1927, C. S. Elton, ecologista inglês, especializado em animais, avançou nessa abordagem com o conceito de nichos ecológicos e pirâmides de números. Dois biólogos americanos, E. Birge e C. Juday, na década de 1930, ao medir a reserva energética de lagos, desenvolveram a ideia da produção primária, isto é, a proporção na qual a energia é gerada, ou fixada, pela fotossíntese. A ecologia moderna atingiu a maioridade, em 1942, com o desenvolvimento, pelo americano R. L. Lindeman, do conceito trófico-dinâmico de ecologia, que detalha o fluxo da energia por meio do ecossistema. Esses estudos quantitativos foram aprofundados pelos americanos Eugene e Howard Odum. Um trabalho semelhante sobre o ciclo dos nutrientes foi realizado pelo australiano J. D. Ovington. O estudo do fluxo de energia e do ciclo de nutrientes foi estimulado pelo desenvolvimento de novas técnicas (radioisótopos, microcalorimetria, computação e matemática aplicada) que permitiram aos ecologistas rotular, rastrear e medir o movimento de nutrientes e energias específicas pelos ecossistemas. Esses métodos modernos deram início a um novo estágio no desenvolvimento dessa ciência: a ecologia dos sistemas, que estuda a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. 6.1.1 Conceito unificador 75 Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A ecologia moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de ecossistema, uma unidade funcional composta de organismos integrados, e em todos os aspectos do meio ambiente em qualquer área específica. Envolve tanto os componentes sem vida (abióticos) quanto os vivos (bióticos) pelos quais ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de energia. Para realizá-los, os ecossistemas precisam conter algumas inter-relações estruturadas entre solo, água e nutrientes, de um lado, e entre produtores, consumidores e decompositores, de outro. Os ecossistemas funcionam em virtude da manutenção do fluxo de energia e do ciclo de materiais, desdobrado em uma série de processos e relações energéticas, chamada cadeia alimentar, que agrupa os membros de uma comunidade natural. Há cadeias alimentares em todos os habitats, por menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que cercam um grupo de espécies. As cadeias alimentares geralmente são complexas, e várias cadeias se entrecruzam de diversas maneiras, formando uma teia alimentar que reproduz o equilíbrio natural entre plantas, herbívoros e carnívoros. Os ecossistemas tendem à maturidade, ou estabilidade, e ao atingi-la passam de um estado menos complexo para um mais complexo. Essa mudança direcional é chamada sucessão. Sempre que um ecossistema é utilizado, e que a exploração se mantém, sua maturidade é adiada. A principal unidade funcional de um ecossistema é sua população. Ela ocupa certo nicho funcional, relacionado a seu papel no fluxo de energia e ciclo de nutrientes. Tanto o meio ambiente quanto a quantidade de energia fixada em qualquer ecossistema são limitados. Quando uma população atinge os limites impostos pelo ecossistema, seus números precisam se estabilizar e, caso isso não ocorra, devem declinar em consequência de doença, fome, competição, baixa reprodução e outras reações comportamentais e 76 psicológicas. Mudanças e flutuações no meio ambiente representam uma pressão seletiva sobre a população, que deve se ajustar. O ecossistema tem aspectos históricos: o presente está relacionado com o passado, e o futuro com o presente. Assim, o ecossistema é o conceito que unifica a ecologia vegetal e animal, a dinâmica, o comportamento e a evolução das populações. 6.2 CONCEITOS IMPORTANTÍSSIMOS NA ECOLOGIA Espécie: é um agrupamento de indivíduos semelhantes entre si, capazes de se reproduzir e gerar descendentes férteis e reprodutivamente isolados de outros grupos de organismos. População: é um conjunto de indivíduos pertencentes a uma mesma espécie e que habitam uma mesma localidade geográfica. Comunidade: refere-se ao conjunto de todas as populações que vivem em um mesmo ambiente ou área, a esse podemos dar o nome de biocenose. Sobre uma comunidade haverá incidência dos diversos fatores físicos e existentes naquela área. 77 Ecossistema: define-se como ecossistema a relação existente entre uma comunidade e todos os fatores físicos que sobre ela incidirem. Existem vários ecossistemas no mundo. Pode-se considerar que a palavra ecossistema equivale à palavra BIOMA. Existem na natureza vários biomas, como, por exemplo, florestas tropicais, oceanos, mata atlântica, caatinga, cerrados, deserto e outros. Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas existentes no mundo. Nicho ecológico: é o modo de vida de cada espécie no seu habitat. Representa o conjunto de atividades que a espécie desempenha, incluindo relações alimentares, obtenção de abrigos e locais de reprodução, ou seja, como, onde e à custa de quem a espécie se alimenta, para quem serve de alimento, quando, como e onde busca abrigo, como e onde se reproduz. Em uma comparação clássica, o habitat representa o "endereço" da espécie, e o nicho ecológico equivale à "profissão". Os ecossistemas são formados pela união de dois fatores: Fatores abióticos: o conjunto de todos os fatores ambientais que atuam diretamente no mundo vivo. Os indivíduos euribiontes são capazes de tolerar amplos limites de variações das condições do meio onde vivem. Já os estenobiontes, apresentam limites de tolerância baixos. Alguns destes fatores são: temperatura, luz e água. Fatores bióticos: o conjunto de todos os seres vivos e que interagem em certa região e que poderão ser chamados de biocenose, comunidade ou biota. Exemplo: chamava-se de micro flora, flora autóctone ou ainda flora normal todo o conjunto de bactérias e seres, os corpos que viviam no interior do corpo humano ou sobre a pele. Hoje o termo melhor usado em consonância com os termos ecológicos seria microbiota normal. Organismos autótrofos: são assim chamados todos os organismos que têm a capacidade de transformar a matéria inorgânica em matéria http://pt.wikipedia.org/wiki/Habitat http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o 78 orgânica, normalmente, utilizando a luz solar e produzindo o oxigênio. Simplificando, são os organismos que são capazes de produzir seu próprio alimento. Possuem essa capacidade todos fotossintetizantes e quimiossintetizantes (que em vez da luz solar, utilizam as substâncias químicas oxidadas). Organismos heterótrofos: são assim considerados, todos os organismos que não são capazes de produzir o seu próprio alimento, tendo assim, que utilizar a energia produzida pelos autótrofos ou mesmo por outros heterótrofos (dependendo de sua dieta). Meio Ambiente: é o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Sucessão ecológica 6.2.1 Espécies pioneiras Há regiões da Terra em que o clima e as condições do solo não favorecem o estabelecimento de populações de seres vivos; por exemplo, superfícies de lavas vulcânicas recém-solidificadas, superfícies de rochas, dunas de areia. Mesmo assim, certas espécies de organismos – as espécies pioneiras – conseguem se instalar nesses lugaresinóspitos, suportando severas condições e abrindo caminho para a chegada de outras espécies. 79 Dunas de areia, por exemplo, podem ser colonizadas por certas espécies de gramíneas, cujas sementes chegam trazidas pelo vento. Essas plantas conseguem suportar o calor, a escassez de água e o solo pouco estável, iniciando a colonização do local. Os liquens também são organismos pioneiros importantes na colonização de locais inicialmente desfavoráveis à existência de seres vivos, como a superfície de rochas, por exemplo. 6.2.2 Conceito de Microclima Os biólogos utilizam o temo microclima para se referirem às condições ambientais particulares do habitat ao qual estão adaptadas determinadas espécies. Por exemplo, no interior de uma floresta, o microclima, caracterizado pelas condições de umidade e de temperatura é especialmente favorável à vida de uma grande variedade de organismos. Durante o processo de sucessão, estabelecem-se microclimas que permitem a chegada e o estabelecimento de novas espécies. O aparecimento de novos nichos ecológicos durante a sucessão ecológica leva ao aumento de diversidade de espécies na comunidade, ou seja, ao aumento da biodiversidade. Com isso, aumenta o número total de indivíduos capazes de viver no local e, portanto, a biomassa do ecossistema em sucessão. Para que o desenvolvimento de uma comunidade possa atingir seu clímax depende de um conjunto de características do meio. As mais importantes são o clima (que inclui a temperatura ambiental, o índice de chuvas, e outros) e o tipo de solo presente na região. 6.2.3 A insolação do Planeta Um dos fatores que determinam as condições de vida nas diferentes regiões da Terra é a insolação, isto é, a quantidade de radiação solar que 80 atinge a superfície terrestre. A insolação depende de dois fatores principais: a latitude e a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao ângulo de incidência dos raios solares. 6.2.4 A circulação de energia na atmosfera A atmosfera desempenha um papel fundamental na manutenção do clima da Terra. Ela funciona como uma manta gasosa que retém o calor irradiado pela superfície, mantendo a temperatura relativamente elevada. Esse fenômeno, denominado efeito estufa, é fundamental para a vida na Terra. Muitos cientistas acreditam que o efeito estufa está se intensificando em função da poluição atmosférica, ocasionando um aquecimento do planeta maior do que o normal. Efeito estufa. O efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural, no qual alguns gases que compõem a atmosfera funcionam como o vidro de uma estufa, que deixa passar a luz solar para o interior, mas aprisiona o calor gerado dentro da estufa, ele mantém a Terra aquecida ao impedir que os raios solares sejam refletidos para o espaço e que o planeta perca seu calor, sem ele a Terra teria temperaturas médias abaixo de 10ºC negativos. O que vem ocorrendo é o aumento do efeito estufa causado pelas intensas atividades humanas, sendo a principal delas a liberação de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera. O vapor de água, possui elevada concentração na atmosfera, atuando também no processo de efeito estufa. O segundo em importância é o gás carbônico (CO2) como já foi mencionado. Além desses existem metano (CH4), ozônio (O3) e óxido nitroso (N2O). Os Compostos de clorofluorcarbono (CFCS), fabricados pelo homem, também são capazes de aprisionar calor. Há claros sinais de que atividades humanas estão aumentando a emissão desses gases e, consequentemente, intensificando o efeito estufa. 81 Os gases são transparentes, permitindo que a vibração das moléculas produza calor, também conhecida como radiação terrestre. Esse calor gerado pelas superfícies aquecidas volta para a atmosfera, sendo absorvido pelos gases estufa, que se aquecem. Esse fenômeno faz com que a atmosfera próxima à superfície, permaneça aquecida durante várias horas após o pôr-do- sol, resfriando-se lentamente durante a noite. A temperatura aumenta toda vez que dirigimos um automóvel, tomamos um avião ou queimamos madeira. As árvores são grandes armazéns naturais de CO2. Bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera são absorvidos pelas florestas do planeta que, dessa forma, ajudam a estabilizar o clima mundial. Mas, quando florestas são queimadas, a substância retida volta à atmosfera. A maior parte dos gases estufa tem fontes naturais, além das fontes antropogênicas, contudo existem potentes mecanismos naturais para removê- los da atmosfera. Porém, o contínuo crescimento das concentrações destes gases na atmosfera faz com que mais gases sejam emitidos do que removidos a cada ano. Tem havido um aumento considerável de 25% de CO2 na atmosfera. Os níveis de CO2 variam consoante a estação, sendo esta variação mais pronunciada no hemisfério norte, visto que apresenta uma maior superfície terrestre, do que no hemisfério sul. Esse fato ocorre em decorrência das interações que ocorrem entre a vegetação e a atmosfera. Se o ritmo atual de emissões continuar, a concentração de dióxido de carbono duplicará até o final do século. O resultado será um aumento médio da temperatura da Terra em cerca de 1°C. À medida que o planeta esquenta, a cobertura de gelo dos Polos Sul e Norte derrete. Quando o calor do sol atinge essas regiões, o gelo reflete a radiação de volta para o espaço. Se a cobertura de gelo derreter, menos calor será refletido. É provável que isso torne a Terra ainda mais quente. O aquecimento global também provoca maior evaporação de água dos oceanos, levando a maior concentração de vapor d'água na atmosfera. Como o vapor d'água é um gás do efeito estufa, o problema tende a se agravar. As consequências do efeito estufa serão sentidas tanto em nível global como regional. O aquecimento global poderá levar à ocorrência de variações 82 climáticas tais como: alteração na precipitação, subida do nível dos oceanos (degelos), ondas de calor. Assim, é natural se registrar um aumento de situações de cheias que consequentemente irá aumentar os índices de mortalidade no planeta Terra. FIGURA 02 - COMO OCORRE O EFEITO ESTUFA FONTE: Disponível em: <www.uems.br>. Acesso em: dia 10/09/2012. Convecção 83 Nas regiões equatoriais, o ar, fortemente aquecido pelo calor que irradia do solo, sobe e gera uma zona de baixa pressão que é imediatamente ocupada por ar mais frio. Esse fenômeno, no qual o ar se movimenta em função do aquecimento desigual, é conhecido como corrente de convecção. O ar aquecido desloca-se, afastando-se do equador e, aproximadamente nas latitudes de 30° norte e sul, a massa de ar desce. Junto à superfície, o ar atmosférico novamente se aquece, subindo e deslocando-se até 60° de latitude, onde desce novamente. Uma terceira e última corrente de convecção leva massas atmosféricas até as regiões polares. FIGURA 03- COMO OCORRE A CONVECÇÃO FONTE: Disponível em: <www.cepa.if.usp.br/.../conveccao.htm>. Acesso em: 10/09/2012 6.2.5 Intemperismo 84 O solo forma-se pela desagregação das rochas da superfície terrestre. O aquecimento pelo Sol e o resfriamento brusco pelas chuvas, somado à ação dos ventos, são os fatores que constituem o intemperismo, o fenômeno responsável pela fragmentação das rochas, que são reduzidas a pequenas partículas, e pela alteração de suas propriedades físicas e químicas. As partículas que compõem as camadas superiores do solo, mais sujeitas aos efeitos do intemperismo, têm diâmetro menor que o das que compõem as camadas mais profundas. A rocha não decomposta, localizada na posição mais inferior do solo, é denominada rocha matriz. Quanto à textura, os solos podem ser formados por partículas maiores ou menores, desde areia grossa até areia fina e argila. Se as partículas do solo são grandes,a água das chuvas infiltra-se rapidamente e pouca umidade fica retida. Por outro lado, solos constituídos por muita argila retêm água e minerais como os de Ca2+, K+ e Mg 2+. O solo mais adequado para as plantas compõe-se de uma mistura de partículas grandes e pequenas, que retêm água sem, no entanto, encharcarem-se demais. A vegetação também participa da formação do solo. Quando a vegetação é densa, a camada mais superficial pode ser formada quase totalmente por matéria orgânica decomposta, o húmus, um material rico em nutrientes que se infiltra no solo e é absorvido pelas raízes das plantas. Minhocas e diversos tipos de microrganismos têm papel fundamental na formação do húmus. 6.2.6 Lençol Freático Em locais onde as chuvas são abundantes, a água infiltra-se no solo e acumula-se junto à rocha matriz, formando uma zona permanentemente 85 saturada de água, o lençol freático. A água do lençol freático pode se deslocar sobre a rocha matriz e aflorar à superfície, formando um “olho d’água”, que pode originar um riacho e, eventualmente, um rio. Acima do lençol freático, o solo fica saturado de água apenas após as grandes chuvas. Entre essa região e a superfície, além de água, existe ar entre as partículas. Certas árvores possuem raízes tão profundas que chegam a atingir o lençol freático. Isso as torna capazes de resistir à eventual falta de água nas camadas superficiais do solo, o que prejudica plantas menores. FIGURA 04 - COMO CONSTITUI O LENÇOL FREÁTICO FONTE: Disponível em: < www.ige.unicamp.br/~lrdg/explica.htm>. Acesso em: 10/09/2012 86 6.2.7 Aquífero Guarani O Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo. Está localizado na região centro-leste da América do Sul e ocupa uma área de 1,2 milhões de Km², estendendo-se pelo Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²). Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O aquífero é uma manta de rocha porosa, que se encharca de água da superfície e a filtra, o que permite que ela seja puxada pela força da gravidade. Em algumas áreas, essa camada de rocha aflora na superfície, como uma espécie de filtro captador exposto. A área de reposição (captação), pela qual a água entra no aquífero, é de apenas 150 mil km2. A recarga natural do aquífero ao longo de um ano é de 160 km3 de água e, desse total, calcula-se que 40 km3 (40 bilhões de litros) podem ser usados a cada ano, sem comprometer o aquífero. Na área em que se estende para o sul do Brasil, uma outra camada de rocha, esta de origem basáltica (vulcânica), muito dura e pesada, cobre a manta porosa e funciona como uma tampa. Puxada pela gravidade, essa rocha basáltica faz tanta pressão sobre a água que, às vezes, ao se perfurar um poço nessas regiões, não é preciso utilizar bombas para puxar a água, que sobe ou esguicha sozinha. O lençol de água nesses pontos pode chegar a 1,5 km de profundidade e, para furar a rocha com brocas de aço, é necessário um ano de trabalho. O resultado, apesar de tudo, é impressionante, pois nessas áreas a vazão de água chega a 700 mil litros de água por hora. 87 FIGURA 05 - AQUÍFERO GUARANI FONTE: Disponível em: <www.moderna.com.br/.../2006/1/aquifero/html2pdf>. Acesso em: 10/09/2012 6.2.8 Os biomas brasileiros O que é bioma? Bioma é um conjunto de ecossistemas terrestres com vegetação característica e fisionomia típica, em que predomina certo tipo de clima. O Brasil é dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, possui as maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que 88 ainda restam. Estima-se que aqui está uma em cada 10 espécies de plantas ou animais existentes. FIGURA 06 - A DISTRIBUIÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS FONTE: Disponível em: <www.ibama.gov.br>. Acesso em: 10/09/2012 6.2.9 Amazônia 89 É uma região na América do Sul, definida pela bacia do rio Amazonas e coberta, em grande parte, por floresta tropical (também chamada de Floresta Equatorial da Amazônia ou Hileia Amazônica), a floresta amazônica, a qual possui 60% de sua cobertura em território brasileiro. A bacia hidrográfica da Amazônia tem muitos afluentes importantes, tais como o rio Negro, Tapajós e Madeira, sendo que o rio principal é o Amazonas, que passa por outros países antes de adentrar em terras brasileiras. O rio Amazonas nasce na cordilheira dos Andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. É considerado o rio mais volumoso do mundo. A Amazônia é constituída pelos seguintes ecossistemas: Floresta ombrófila densa (a chamada Floresta Amazônica); Floresta ombrófila aberta; Floresta estacional decidual e semidecidual; Campinarana; Formações pioneiras; Refúgios montanos; Savanas amazônicas; Matas de terra firme; Matas de várzea; Matas de igapós; Flora e Fauna. Esses ecossistemas estão distribuídos em 23 ecorregiões, abrangendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e pequena parte do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Incluem também zonas de transição com os biomas vizinhos, cerrado, caatinga e pantanal. Na Amazônia vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. Ela é um gigante tropical de 4,1 milhões de km². Porém, apesar dessa riqueza, o ecossistema local é frágil. A floresta vive do seu http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_do_rio_Amazonas http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_tropical http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_amaz%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Negro http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tapaj%C3%B3s http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Madeira http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Amazonas http://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4mbia http://pt.wikipedia.org/wiki/Equador http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana_Francesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Peru http://pt.wikipedia.org/wiki/Suriname http://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Acre http://pt.wikipedia.org/wiki/Amap%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazonas http://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rond%C3%B4nia http://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima http://pt.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocantins http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerrado http://pt.wikipedia.org/wiki/Caatinga http://pt.wikipedia.org/wiki/Pantanal 90 próprio material orgânico, em meio a um ambiente úmido, com chuvas abundantes. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do planeta) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina. Dessa forma, o uso dos recursos florestais pode ser estratégico para o desenvolvimento da região. A Amazônia é, também, a principal fonte de madeira de florestas nativas do Brasil. O setor florestal contribuiu com 15% a 20% dos Produtos Internos Brutos (PIB) dos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. Os insetos estão presentes em todos os estratos da floresta. Os animais rastejadores, os anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes exploram os níveis baixos e médios. Os locais mais altos são explorados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos à procura de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância, exploramas árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, corujas e centenas de pequenas aves. No extrato terrestre estão os jabutis, cotias, pacas, antas e outros. Os mamíferos aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua vez, servem de alimentos para grandes felinos e cobras de grande porte. Mais do que uma floresta, a Amazônia é também o mundo das águas onde os cursos d’água se comunicam e sazonalmente sofrem a ação das marés. A bacia amazônica - a maior bacia hidrográfica do mundo, com 1.100 afluentes - cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de km2. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água. A Amazônia é, de fato, uma região vasta e rica em recursos naturais: tem grandes estoques de madeira, borracha, castanha, peixe, minérios e outros, com baixa densidade demográfica (2 habitantes por km2) e crescente urbanização. No entanto, a região apresenta índices socioeconômicos muito baixos, enfrenta obstáculos geográficos e falta de infraestrutura e de tecnologia que elevam o custo da exploração. 91 6.2.10 Caatinga É o único bioma exclusivamente brasileiro, isso significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrada em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 750.000 km², aproximadamente 11% do território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil). Antigamente, acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa ideia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterado ou ameaçado, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção, em âmbito local, de várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto da interação entre homem nordestino e seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI. A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros). A vegetação adaptou-se ao clima seco para se proteger. As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da chuva. Algumas das espécies mais comuns da região são: a amburana, aroeira, umbu, baraúna, maniçoba, macambira, mandacaru e juazeiro. No meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas "ilhas de umidade" e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia 92 das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos do mundo. Essas áreas normalmente localizam-se próximas às serras, onde a abundância de chuvas é maior. Por caminhos diversos, os rios regionais saem das bordas das chapadas, percorrem extensas depressões entre os planaltos quentes e secos e acabam chegando ao mar, ou engrossando as águas do São Francisco e do Parnaíba (rios que cruzam a Caatinga). Das cabeceiras até as proximidades do mar, os rios com nascente na região permanecem secos por cinco a sete meses do ano. Apenas o canal principal do São Francisco mantém seu fluxo pelos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáticas e hídricas. Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Na Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. Outros animais da região são o sapo-cururu, asa-branca, cotia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros. Mesmo quando chove, o solo pedregoso não consegue armazenar a água que cai e a temperatura elevada (médias entre 25°C e 29°C) provoca intensa evaporação. Na longa estiagem os sertões são, muitas vezes, semidesertos que, apesar do tempo nublado, não costumam receber chuva. 6.2.11 Campos do Sul (Pampas) Pampa é um nome de origem quéchua, genericamente dado à região pastoril de planícies com coxilhas, entre o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, as províncias argentinas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Entre http://pt.wikipedia.org/wiki/Coxilha_(relevo) http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Argentina 93 Ríos e Corrientes e a República Oriental do Uruguai. É também chamada de campos. Ecologicamente, é um bioma caracterizado por uma vegetação composta por gramíneas, plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos encontrados próximos a cursos d'água, que não são abundantes. Comparados às florestas e às savanas, os campos têm importante contribuição na preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e auxiliar no controle da erosão. Na parte brasileira do bioma, existem cerca de três mil espécies de plantas vasculares, sendo que aproximadamente 400 são gramíneas, como capim-mimoso, pelo menos 385 espécies de aves, como pica-paus, caturritas, anus-pretos e 90 de mamíferos terrestres, como guaraxains, veados, tatus. Entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os Campos formados por gramíneas e leguminosas nativas se estendem como um tapete verde por uma região de mais de 200 mil km2. Nas encostas, esses campos tornam-se mais densos e ricos. Nessa região, com muita mata entremeada, as chuvas distribuem-se regularmente pelo ano todo e as baixas temperaturas reduzem os níveis de evaporação. Tais condições climáticas favorecem o crescimento de árvores. Os Campos do Sul ocorrem no chamado "Pampa", uma região plana de vegetação aberta e de pequeno porte que se estende do Rio Grande do Sul para além das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. São áreas planas, revestidas de gramíneas e outras plantas encontradas de forma escassa, como tufos de capim que atingem até um metro de altura. Descendo ao litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem é marcada pelos banhados, isto é, ecossistemas alagados com densa vegetação de juncos, gravatás e aguapés que criam um habitat ideal para uma grande variedade de animais como garças, marrecos, veados, onças pintadas, lontras e capivaras. O banhado do Taim é o mais importante, devido à riqueza do solo. Tentativas extravagantes de drená-lo para uso agrícola foram definitivamente abandonadas a partir de 1979, quando a área transformou-se em estação ecológica. Mesmo assim, a ação de caçadores e o bombeamento das águas pelos fazendeiros continuam a ameaçar o local. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%ADnea http://pt.wikipedia.org/wiki/Capim-mimoso http://pt.wikipedia.org/wiki/Pica-pau http://pt.wikipedia.org/wiki/Caturrita http://pt.wikipedia.org/wiki/Anu-preto http://pt.wikipedia.org/wiki/Guaraxaim http://pt.wikipedia.org/wiki/Veado http://pt.wikipedia.org/wiki/Tatu 94 6.2.12 Cerrado Localizado basicamente no Planalto Central do Brasil, com uma pequena porção representada no Sul do Brasil, estado do Paraná, município deJaguariaíva. O cerrado é o segundo maior bioma do País, superado apenas pela Floresta Amazônica. O bioma é caracterizado por tipos específicos de vegetação, como a caatinga, o cerrado, entre outros. É cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, com índices pluviométricos regulares que lhe propiciam biodiversidade. Ocupa uma área superior a 2 milhões de km², cerca de 23% do território brasileiro, abrangendo os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Piauí, o Distrito Federal, Tocantins e parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, São Paulo, Paraná e Rondônia. Ocorre também em outras áreas nos estados de Roraima, Pará, Amapá e Amazonas. A extensa região central do Brasil compõe-se de um mosaico de tipos de vegetação, solo, clima e topografia bastante heterogêneos. O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela Floresta Amazônica. O Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e alumínio. Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa 95 heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos e de invertebrados, além de uma importante diversidade de micro-organismos, tais como fungos associados às plantas da região. É classificado como tendo formações vegetativas primitivas, com quatro divisões: matas, campos, brejos e ambientes úmidos com plantas aquáticas. As matas ocupam as depressões, vales e cursos de águas e possuem poucas epífitas. Em termos de riqueza de espécies, esta flora deve ser superada apenas pelas florestas amazônicas e pelas florestas atlânticas. Outra característica é a heterogeneidade de sua distribuição, havendo espécies mais típicas dos Cerrados da região norte, outras da região centro-oeste e outras da região sudeste. Por essa razão, unidades de conservação, com áreas significativas, deveriam ser criadas e mantidas nas mais diversas regiões do Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de espécies da flora deste Bioma, bem como da fauna a ela associada. O Cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. Estima-se que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas diferentes (muitas usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as 759 espécies de aves que se reproduzem na região, 180 espécies de répteis, 195 de mamíferos, sendo 30 tipos de morcegos catalogados na área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas. O Cerrado tem um clima tropical com uma estação seca pronunciada. A topografia da região varia entre plana e suavemente ondulada, favorecendo a agricultura mecanizada e a irrigação. Estudos recentes indicam que apenas cerca de 20% do Cerrado ainda possui a vegetação nativa em estado relativamente intacto. 96 Os pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que passa por Goiás em direção sudeste-nordeste: o Pico Alto da Serra dos Pirineus, com 1.600 metros de altitude, a Chapada dos Veadeiros, com 1.250 metros de altitude, e outros pontos com elevações consideradas que se estendem em direção noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores, com altitudes entre 500 e 800 metros de altitude. Seus terrenos são um tanto quanto acidentados, com poucas áreas planas. Nos morros mais altos são encontrados muitos pedregulhos, argila com inclusões de pedras e camadas de areia. Outra formação é constituída por aflorações de rochas calcárias, com fendas, grutas e cavernas em diferentes tamanhos. Por cima das rochas, há uma vegetação silvestre. Possui campos e vales com vegetação bem característica, e há ainda uma mata ciliar rodeando riachos e lagoas. 6.2.13 Mata Atlântica (Floresta Pluvial Costeira) A Mata Atlântica é uma formação vegetal brasileira. Acompanhava o litoral do país do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte (regiões meridionais e nordeste). Nas regiões Sul e Sudeste chegava até Argentina e Paraguai. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se hoje extremamente reduzida, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do globo. Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de seu ecossistema é uma dos maiores http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Grande_do_Norte http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Florestas_tropicais http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema 97 do planeta. Cobria importantes trechos de serras e escarpas do Planalto Brasileiro, e era contínua com a Floresta Amazônica. Foi a segunda maior floresta tropical em ocorrência e importância na América do Sul, em especial no Brasil. A natureza exuberante que se estendia por cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados de Mata Atlântica na época do descobrimento marcou profundamente a imaginação dos europeus. Mais do que isso, contribuiu para criar uma imagem paradisíaca, que ainda hoje faz parte da cultura brasileira, embora a realidade seja outra. Uma extraordinária biodiversidade, em boa parte peculiar somente a essa região, seriamente ameaçada. A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. Originalmente, estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras com Argentina e Paraguai. Nas regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. Entre as espécies mais comuns encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas. A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são orográficas, em função das elevações do planalto e das serras. Espécies imponentes de árvores são encontradas no que ainda resta deste bioma, como o jequitibá-rosa, que pode chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Destacam-se, nesse cenário, várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica são encontradas matas de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a neblina é constante. Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção é originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça- pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Além desta lista, também http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra http://pt.wikipedia.org/wiki/Escarpa http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_Brasileiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_Brasileiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_tropical http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Higrofitismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Bryophyta_sensu_lato http://pt.wikipedia.org/wiki/Cip%C3%B3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna http://pt.wikipedia.org/wiki/End%C3%A9mico http://pt.wikipedia.org/wiki/Anf%C3%ADbio http://pt.wikipedia.org/wiki/Anuro http://pt.wikipedia.org/wiki/Orogr%C3%A1fica http://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra 98 vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis e outras espécies. A biodiversidade da Mata Atlântica é maior que a da Amazônia. Há subdivisões da mata, em função de variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e flora. Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta. Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao endemismo, ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos dentro do bioma. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra. A preservação Atualmente, existem menos de 10% da mata nativa. Há diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação, em alguns trechos de cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo). No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs (Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias. http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna http://pt.wikipedia.org/wiki/Endemismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma http://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrado http://pt.wikipedia.org/wiki/Endemismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Mam%C3%ADfero http://pt.wikipedia.org/wiki/Ave http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9pteis http://pt.wikipedia.org/wiki/Anf%C3%ADbio http://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sudeste http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Sudeste http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Sebasti%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Paran%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_de_Conserva%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Mico-le%C3%A3o-dourado http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea http://pt.wikipedia.org/wiki/Brom%C3%A9lia 99 A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida. A Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a politica de conservação e desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas. Há milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socioambiental um dossiê da Mata, por municípios do domínio original. 6.2.14 Pantanal O Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um ecossistema com 250 mil km² de extensão, situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos Estados do Brasil, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco boliviano), considerado pela UNESCO como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. O nome complexo vem do fato de a região ter mais de um Pantanal dentro de si. Em que pese o nome, há um reduzido número de áreas pantanosas na região pantaneira. A origem do Pantanal é resultado da separação do oceano há milhões de anos. Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, formando o que se pode chamar de mar interior. Atraído pela existência de pedras e metais preciosos (que eram usados por indígenas, que já povoavam a região, como adornos), entre eles o ouro, o português Aleixo Garcia, em 1524, acabou sendo o primeiro a visitar o território, alcançou o rio Paraguai pelo rio Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988 http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_Amaz%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_do_Mar http://pt.wikipedia.org/wiki/Pantanal_Mato-Grossense http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel http://pt.wikipedia.org/wiki/1998 http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel http://pt.wikipedia.org/wiki/ONG http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Km%C2%B2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso http://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte http://pt.wikipedia.org/wiki/Leste http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaco http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar http://pt.wikipedia.org/wiki/Mar_interior http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Precioso&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%ADgena http://pt.wikipedia.org/wiki/Povo http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleixo_Garcia http://pt.wikipedia.org/wiki/1524 http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Territ%C3%B3rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Paraguai http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Miranda http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Miranda 100 1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais do Brasil. Maior área úmida continental do planeta – com aproximadamente 210 mil km², sendo que 140 mil km² em território brasileiro, em parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – o Pantanal destaca-se pela riqueza da fauna, onde dividem espaço 263 espécies de peixes, 122 espécies de mamíferos, 93 espécies de répteis, 1.132 espécies de borboletas e 656 espécies de aves. As chuvas fortes são comuns nesse bioma. Os terrenos, quase sempre planos, são alagados periodicamente por inúmeros corixos e vazantes entremeados de lagoas e leques aluviais. Na época das cheias esses corpos comunicam-se e mesclam-se com as águas do Rio Paraguai, renovando e fertilizando a região. O equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente, do fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, está diretamente ligado à pluviosidade regional. Hidrograficamente, todo o Pantanal faz parte da bacia do rio Paraguai. Com 1.400 Km de extensão em território brasileiro, esse rio e seus afluentes, São Lourenço (670 Km),Cuiabá (650 Km), ao norte; Miranda (490 Km), Taquari (480 Km), Coxim (280 Km), Aquidauana (565 Km), ao sul, assim como rios de menores extensões - Nabileque, Apa e Negro, formam a trama hidrográfica de todo complexo pantaneiro (são cerca de 175 rios que formam a bacia do rio Paraguai). A partir de maio inicia-se a "vazante" e as águas começam a baixar lentamente. Quando o terreno volta a secar permanece, sobre a superfície, uma fina mistura de areia, restos de animais e de vegetais, sementes e húmus, propiciando grande fertilidade ao solo. A natureza repete, anualmente, o espetáculo das cheias, proporcionando ao Pantanal a renovação da fauna e flora local. Esse enorme volume de água, que praticamente cobre a região pantaneira, forma um verdadeiro mar de água doce em que milhares de peixes proliferam. Peixes pequenos servem de alimento a espécies maiores ou a aves e animais. As águas continuam baixando mais e mais, e nas lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem ser apanhados com as http://pt.wikipedia.org/wiki/1537 http://pt.wikipedia.org/wiki/1538 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Juan_Ayolas&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Mart%C3%ADnez_de_Irala http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Mart%C3%ADnez_de_Irala 101 mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas planando sobre as águas, formando um espetáculo de grande beleza. Na região do Pantanal existem vegetações de três regiões distintas: amazônica, cerrado e chaco (paraguaio e argentino). Durante a seca, que coincide com o inverno, os campos se tornam amarelados e a temperatura pode chegar a 0°C, influenciada pelos ventos que chegam do sul do continente. A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente de flora de acordo com a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas, que são áreas de pastagens naturais para o gado. A vegetação de cerrado, com árvores de porte médio entremeadas de arbustos e plantas rasteiras, aparece nas alturas intermediárias. Poucos metros acima das áreas inundáveis ficam os capões de mato, com árvores maiores como o angico, ipê e aroeira. Nas altitudes maiores, o clima árido e seco torna a paisagem parecida com a da caatinga, apresentando espécies típicas como o mandacaru, plantas aquáticas, piúvas (da família dos ipês com flores róseas e amarelas), palmeiras, orquídeas, figueiras e aroeiras. A fauna e a flora do Pantanal são os motivos que mais atraem turistas de todo o mundo. Há uma grande diversidade na fauna da região. Muitas espécies consideradas raras podem ser encontradas no Pantanal e também outras que estão na lista de espécies ameaçadas à extinção, como a onça- pintada e a ariranha. Segue alguns exemplos de animais típicos da região: Jacaré: uma das espécies mais procuradas na região, o jacaré estava ameaçado de extinção há alguns anos, em consequência da caça ilegal. Atualmente, afirma-se que há mais de três milhões de jacarés adultos na região, vivendo em rios, lagoas e corixos. Tuiuiú: pássaro símbolo do Pantanal, o tuiuiú é uma ave de grande porte da família das cegonhas europeias. Esse pássaro pode chegar a medir um metro e sessenta centímetros e pesar dez quilos. Peixes: a pesca é muito procurada, e é proibida durante a época da piracema, quando os peixes sobem o rio para a reprodução. Uma das espécies de peixes mais comuns na região é a piranha, que é espantada por jacarés. Outras espécies de peixes encontradas na região são o pintado, o dourado, o pacu e o curimbatá. 102 Arara-azul: um dos animais que estão na lista de risco de extinção, a arara-azul pode ser avistada perto das sedes de fazendas. Na época de acasalamento, separam-se em casais e fazem ninhos nos ocos das árvores. Onça: a onça-pintada é um bicho de costumes noturnos. Ela chega a medir dois metros e meio e pesar 160 quilos. Também é possível encontrar a suçuarana, ou onça parda que tem porte menor. As presas favoritas das onças são as capivaras e os jacarés, mas também caçam veados, peixes e aves. 6.2.15 Zona Costeira A zona costeira ou faixa litorânea corresponde à zona de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, dinâmica, mutável e sujeita a vários processos geológicos. As ações mecânicas das ondas, das correntes e das marés são importantes fatores modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou formas de deposição. As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do movimento das ondas sobre a costa - abrasão marinha -, sendo mais notória nas arribas. O litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque ao Rio Parnaíba, é lamacento e tem, em alguns trechos, mais de 100 km de largura. Apresenta grande extensão de manguezais, assim como matas de várzeas de marés. Jacarés, guarás e muitas espécies de aves e crustáceos vivem nesse trecho. Nossa costa é banhada por águas quentes que ocupam grande parte das bordas tropicais e subtropicais do Atlântico Sul Ocidental, onde a variação espacial e temporal dos fatores ambientais é distinta. Entre o Cabo Orange na Foz do Rio Oiapoque e o Arroio Chuí, ocorrem diversos tipos de habitats, sistemas lagunares margeados por manguezais e marismas, costões e fundos rochosos, recifes de coral, bancos de algas calcárias, plataformas arenosas, 103 recifes de arenito paralelos à linha de praias e falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas. Além das praias arenosas amplamente utilizadas pelo turismo costeiro, destacam-se inúmeros estuários e lagoas costeiras, praias lodosas, praias e falésias, dunas e cordões arenosos, ilhas costeiras e ilhas oceânicas. O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo: a área mais densamente povoada e industrializada do país. Suas áreas características são as falésias, recifes, arenitos e praias de areias monazíticas (mineral de cor marrom escura). É dominado pela Serra do Mar e tem a costa muito recortada, com várias baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais importante dessa área é o das matas de restingas. Nessa parte do litoral é possível encontrar espécies como a preguiça-de-coleira e o mico-sauá, dois animais ameaçados de extinção. A Região Norte é dominada pela Corrente Norte do Brasil e pela pluma estuarina do Rio Amazonas. A elevada carga de material particulado em suspensão, oriundo da Bacia Amazônica e dos sistemas estuarinos do Maranhão para o mar adjacente, origina fundos ricos em matéria orgânica. Esse tipo de habitat oferece boas condições de alimento para peixes de fundo e camarões explorados pela pesca industrial e artesanal. O litoral sul começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Cheio de banhados e manguezais, o ecossistema da região é riquíssimo em aves, mas há também diversas espécies como: ratão-do- banhado, lontras, capivaras, entre outras. Há muito ainda para se conhecer sobre a dinâmica ecológica do litoral brasileiro. Complexos sistemas costeiros distribuem-se ao longo, fornecendo áreas para a criação, crescimento e reprodução de inúmeras espécies de flora e fauna. O arquipélago de Fernando de Noronha fica a 345 km da costa do nordeste brasileiro e é constituído por uma ilha principal e 19 ilhotas, totalizando 26 km2. De origem vulcânica, Fernando de Noronha possui um dos maiores índices de biodiversidade marinha do Brasil. 104 Nas ilhas ocorrem ecossistemas como restingas, mangues, costões rochosos, dunas, lagunas, brejos, Floresta Atlântica, muito embora com certas particularidades nos componentes bióticos motivadas pelo isolamento que pode funcionar como barreira geográfica no mecanismo da especificação e na distribuição das espécies. Somente na costa do Rio Grande do Sul – conhecida como um centro de aves migratórias – já foi registrado a presença de aproximadamente570 espécies de aves diferentes. O fato de a maioria dos principais rios nacionais convergirem para a Zona Costeira, alguns carregados de resíduos de agrotóxicos e adubos e efluentes das indústrias, faz dela uma região muito vulnerável aos impactos ambientais. 6.2.16 Zonas de Transição Além de dividir os ecossistemas em aquáticos e terrestres, podemos também falar em ecossistemas de transição (ou biomas de transição), que, como o nome diz, está em trânsito entre os dois primeiros, ou melhor, representa a passagem de um para outro. http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u66.jhtm 105 Algumas zonas com características específicas, existentes entre os principais biomas brasileiros, foram identificadas e separadas para facilitar as tarefas e esforços de conservação. Uma delas é a transição entre o Cerrado e a Amazônia, com área de 414.007 km2, envolvendo as florestas secas de Mato Grosso. As florestas de babaçu do Maranhão também foram separadas, na zona de transição Amazônia-Caatinga, com área de 144.583 km2. Finalmente, também foi classificada separadamente a zona encontrada entre a Caatinga e o Cerrado, com 115.108 km2 de área. Entre a Amazônia e o Cerrado está localizada a Mata Seca, ou floresta mesófila semidecídua. Representa uma forma florestal de manchas inclusas com características comuns do Cerrado, sendo, por vezes, contornadas ou ladeadas por manchas desse bioma. Quase sempre seus maciços ocorrem em locais afastados dos cursos de água ou da umidade permanente, em terrenos ondulados ou planos. No entanto, os maciços tornam-se menos frequentes nos declives e dorsos das elevações acentuadas. Já na transição entre o Cerrado e a Caatinga pode se observar uma vegetação mais rica que a da Caatinga, com florestas de árvores de folhas secas. Naturalmente, o clima é mais seco que o do Cerrado, com solo mais ressecado e períodos mais intensos sem chuva. A maior parte desta área está na fronteira do Cerrado com o sertão, no interior de estados nordestinos. Estuários Nas desembocaduras de rios nos mares, temos um ambiente de transição típico, os estuários. Eles englobam a foz do rio e as terras vizinhas. Nessas regiões existe grande variação na salinidade em função dos fluxos de maré. Os estuários têm grande quantidade de nutrientes e muita produtividade, são como berçário de muitas espécies de peixes e crustáceos. Tanto a maré como o rio trazem nutrientes para essas áreas. Aparecem aí caranguejos, camarões e peixes (como linguado e o bacalhau pequeno). 106 Muitas espécies de pássaros, como a garça e os pelicanos, voam para os estuários, a fim de se alimentarem. Manguezais e praias Nas regiões tropicais, essas terras umedecidas por águas salgadas formam os manguezais, os quais possuem árvores adaptadas ao alto teor de sal da região. As árvores dos manguezais possuem um tipo de raiz que ajuda a estabilizar o terreno, ajudando a reduzir a erosão. Podemos considerar as praias como outro ambiente de transição. Essas se formam quando há um abastecimento de areia trazida pelas correntes marinhas, pelas ondas. Na zona intermaré vivem alguns moluscos, crustáceos e vermes. Dunas A partir da praia, em direção à costa, encontramos as dunas, as quais são construídas por areias carregadas pelo vento. Nessas dunas de areia aparecem as plantas pioneiras, algumas plantas rasteiras, que se desenvolvem onde não existem outras plantas e seguram a areia e um pouco de matéria orgânica. 6.3 HUMANIDADE E AMBIENTE 107 O impacto da espécie humana sobre a natureza. O planeta Terra está sob sérias ameaças: poluição, aumento da temperatura global, destruição da camada de ozônio, esgotamento de recursos naturais, extinção de espécies. Tudo isso é decorrência do crescimento da população humana e do desenvolvimento industrial e tecnológico, implementados pelo progresso científico. Felizmente, nas últimas duas décadas, muitas pessoas têm percebido a necessidade de se empenhar em um uso mais racional dos recursos naturais, sob o risco de deixar aos nossos descendentes um mundo inabitável. Todas as espécies exploram recursos do ambiente, causando algum tipo de “impacto” sobre eles, e a espécie humana não é exceção. Algumas culturas antigas já tinham consciência desse problema, embora não tivessem conhecimentos científicos. No Brasil, por exemplo, algumas tribos da região amazônica ocupavam temporariamente uma região, explorando-a durante certo período. Aos primeiros sinais de esgotamento dos recursos ambientais, mudavam-se para uma nova região da floresta, deixando que a área antiga se recuperasse do impacto causado pela ocupação prévia. Nos últimos dois séculos, o desenvolvimento da sociedade industrial e o crescimento explosivo da população humana têm causado impactos ambientais sem precedentes. Muitos recursos naturais estão se esgotando e os resíduos produzidos pela atividade humana acumulam-se no ambiente, degradando-o seriamente. Mas, se somos nós mesmos os causadores dos problemas, não teríamos também a capacidade de resolvê-los? As respostas para esse dilema não são simples. O aumento da população humana e o progresso tecnológico têm levado a uma exploração cada vez maior dos recursos naturais e estes não são inesgotáveis. A pergunta, então, é: o que esperar para o futuro? O grande desafio da humanidade, no século XXI, é modificar o antigo conceito desenvolvimentista de progresso, isto é, de aumento da qualidade de vida sem levar em conta os limites da capacidade de suporte do ambiente em 108 que a espécie humana se insere. É necessário refletir sobre o impacto que cada um de nós causa sobre o ambiente, quanto aos recursos que utilizamos e à destinação do lixo que produzimos. Só assim será possível amenizar o impacto da espécie humana sobre o ambiente terrestre e garantir um local habitável para as gerações futuras. 6.3.1 Poluição Ambiental O homem tem transformado profundamente a natureza, destruindo espécies animais e vegetais, desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pântanos e amontoando toneladas de detritos no ar, na água e no solo. A saúde e o bem-estar do homem estão diretamente relacionados com a qualidade do meio ambiente, isto é, com suas condições físicas, químicas e biológicas. Entende-se por poluição a deterioração das condições ambientais, que pode alcançar o ar, a água e o solo. Portanto poluição (do latim poluere, manchar, poluir) é a presença concentrada de determinadas substâncias ou agentes físicos no ambiente, genericamente denominado poluente; em geral, são produzidos pelas atividades humanas. A Poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de qualquer matéria ou energia que venha a alterar as propriedades físicas, químicas ou biológicas desse meio, afetando, ou podendo afetar, por isso, a "saúde" das espécies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com ele, ou que nele venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies minerais presentes. 109 Tomando como base a espécie humana, tal definição, aplicada às ações praticadas, levaria à conclusão de que todos os atos oriundos desta espécie são atos poluidores; o simples ato de respirar, por exemplo. A fim de que se estabelecessem limites para considerar o que, dentro do razoável, fosse considerado como poluição, foram estabelecidos parâmetros e padrões. Os parâmetros para indicar o que está poluindo e os padrões para quantificar o máximo permitido em cada parâmetro. Foi a partir da Revolução Industrial que a poluição passou a constituir um problema para a humanidade. É lógico que já existiam exemplos de poluição anteriormente, em alguns casos até famosos (no Império Romano, por exemplo). Mas o grau de poluição aumentou muito com a industrialização e urbanização,e a sua escala deixou de ser local para se tornar planetária. Isso não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema socioeconômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo, que tem na indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração urbana já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os congestionamentos de tráfego, entre outros. Para deixar mais claro, vamos citar um exemplo: uma determinada indústria lança nas águas de um rio águas com temperatura de 40 C°, acima da média da temperatura normal dessas águas. Isso será uma forma de poluição. Poluição da água A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por este para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e, principalmente, para sua alimentação e dos animais domésticos. Além disso, 110 abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação de plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza de gosto e estar isenta de micro-organismos patogênicos, o que é conseguido por seu tratamento, desde a retirada dos rios até a chegada às residências urbanas ou rurais. A água de um rio é considerada de boa qualidade quando apresenta menos de mil coliformes fecais e menos de dez micro-organismos patogênicos por litro (como aqueles causadores de verminoses, cólera, esquistossomose, febre tifoide, hepatite, leptospirose, poliomielite). Portanto, para a água se manter nessas condições, deve-se evitar sua contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de natureza química ou orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão. As atividades industriais, mineradoras e agrícolas são as principais emissoras de poluentes tóxicos nas águas. Entre as substâncias descarregadas estão os compostos orgânicos do clorinato, minerais, derivados de petróleo, mercúrio e chumbo (todos pelas indústrias) e fertilizantes, pesticidas e herbicidas (pela agricultura), que são arrastados para os rios com as chuvas. Outra fonte importante de poluição é o despejo de esgoto: nas cidades e regiões agrícolas são lançados diariamente cerca de 10 bilhões de litros de esgoto que poluem rios, lagos e áreas de mananciais. Qualquer poluente que entre em contato com o solo ou com a água pode contaminar também os lençóis de água subterrâneos. Poluição do solo Consiste em uma das formas de poluição, que afeta particularmente a camada superficial da crosta terrestre, causando malefícios diretos ou indiretos à vida humana, à natureza e ao meio ambiente. Em geral, consiste na presença indevida, no solo, de elementos químicos estranhos, de origem humana, que prejudiquem as formas de vida e seu desenvolvimento regular. A poluição do solo pode ser de duas origens: urbana e agrícola. Poluição de origem urbana 111 Nas áreas urbanas, o lixo jogado sobre a superfície, sem o devido tratamento, é uma das principais causas dessa poluição. A presença humana, lançando detritos e substâncias químicas, como os derivados do petróleo, constitui-se em um dos problemas ambientais que necessitam de atenção das autoridades públicas e da sociedade. Poluição de origem agrícola A contaminação do solo, nas áreas rurais, dá-se, sobretudo, pelo uso indevido de agrotóxicos, técnicas arcaicas de produção, por exemplo, o subproduto da cana-de-açúcar, o vinhoto; os curtumes e a criação de porcos. Os próprios poços podem constituir focos potenciais de contaminações se, no momento de sua construção, operação e/ou manutenção, não forem tomadas as devidas precauções. Isto é preocupante principalmente nas grandes cidades como, por exemplo, Lima, São Paulo ou cidade do México, onde o número de poços em operação varia entre 1.500 e 7.000. Sobre a contaminação agrícola temos, no primeiro caso, os resíduos do uso de agrotóxicos (comum na agropecuária), que provêm de uma prática, muitas vezes, desnecessária ou intensiva nos campos, enviando grandes quantidades de substâncias tóxicas para os rios por meio das chuvas, o mesmo ocorrendo com a eliminação do esterco de animais criados em pastagens. No segundo caso, há o uso de adubos, muitas vezes exagerado, que acabam sendo carregados pelas chuvas aos rios locais, acarretando o aumento de nutrientes nestes pontos; isso propicia a ocorrência de uma explosão de bactérias decompositoras que consomem oxigênio, contribuindo ainda para diminuir a concentração do mesmo na água, produzindo sulfeto de hidrogênio, um gás de cheiro muito forte que, em grandes quantidades, é tóxico. Isso também afetaria as formas superiores de vida animal e vegetal, que 112 utilizam o oxigênio na respiração, além das bactérias aeróbicas, que seriam impedidas de decompor a matéria orgânica sem deixar odores nocivos pelo consumo de oxigênio. 6.3.2 Os problemas ambientais dos grandes centros De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidades que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves: Acúmulo de lixo e de esgotos: boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com frequência, esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixe) e tornam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos. 113 Congestionamentos frequentes, especialmente nas áreas em que os automóveis particulares são muito mais importantes que os transportes coletivos. Muitos moradores da periferia das grandes cidades dos países do Sul, em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro horas por dia só no caminho para o trabalho. Poluição sonora, provocada pelo excesso de barulho (dos veículos automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento de pessoas e propaganda comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva. Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e recreação). Em decorrência de falta de áreas verdes, agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas pela fotossíntese contribuem para a renovação do oxigênio no ar. Além disso, tal carência limita as oportunidades de lazer da população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando seu tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por esportistas profissionais (em vez de eles mesmos praticarem esportes). Poluição visual, ocasionada, por exemplo, pelo grande número de cartazes publicitários e pelos edifícios que escondem a paisagem natural. Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e, quando é algo natural, sempre apresenta variações, modificações provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles, o chamado clima urbano, constitui um exemplo disso. Nas grandes aglomerações urbanas normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar são fáceis de entender: o asfaltamento das ruas e avenidas; as imensas massas de concreto;a carência de áreas verdes; a presença de grandes quantidades de gás carbônico na 114 atmosfera (que provoca o efeito estufa); nas fábricas, residências e veículos, o grande consumo de energia em virtude da queima de gasolina, óleo diesel, querosene, carvão, e outros. Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à grande quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o que compacta o solo e aumenta sua impermeabilização. A problemática do Lixo Resíduo ou lixo, é qualquer material considerado inútil, supérfluo, e/ou sem valor, gerado pela atividade humana, e que precisa ser eliminado. É qualquer material cujo proprietário elimina, deseja eliminar, ou necessita eliminar. O conceito de lixo pode ser considerado uma concepção humana, porque em processos naturais não há lixo, apenas produtos inertes. Muito do lixo pode ser reutilizado pela reciclagem, desde que adequadamente tratado, gerando fonte de renda e empregos, além de contribuir contra a poluição ambiental. Outros resíduos, por outro lado, não podem ser reutilizados de nenhuma forma, como lixo hospitalar ou nuclear, por exemplo. O termo lixo aplica-se geralmente a materiais no estado sólido; líquidos ou gases considerados inúteis ou supérfluos são geralmente chamados de resíduos (líquidos ou gasosos). Porém, os termos lixo e resíduos também podem ser utilizados para descrever respectivamente fluidos e sólidos. 7 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3lido http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s 115 A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenômeno são a eliminação de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico. O ar poluído penetra nos pulmões, ocasionando o aparecimento de várias doenças, em especial do aparelho respiratório, como a bronquite crônica, a asma e até o câncer pulmonar. Esses efeitos são reforçados pelo consumo de cigarros. Nos grandes centros urbanos, tornam-se frequentes os dias em que a poluição do ar atinge níveis críticos, seja pela ausência de ventos, seja pelas inversões térmicas, que são períodos nos quais cessam as correntes ascendentes do ar, importantes para a limpeza dos poluentes acumulados nas camadas próximas à superfície. A maioria dos países capitalistas desenvolvidos já possui uma rigorosa legislação antipoluição, que obriga certas fábricas a terem equipamentos especiais (como filtros, tratamento de resíduos) ou a usarem processos menos poluidores. Nesses países, é intenso o controle sobre o aquecimento doméstico a carvão e o escapamento dos automóveis. Tais procedimentos alcançam resultados consideráveis, embora não eliminem completamente o problema da poluição do ar. Por exemplo, pesquisas realizadas há alguns anos mostraram que chapas de ferro se corroem muito mais rapidamente em São Paulo do que em Chicago, apesar de esta metrópole norte-americana possuir maior quantidade de indústrias e automóveis em circulação. Calcula-se que a poluição do ar tenha provocado um crescimento de teor de gás carbônico na atmosfera, que teria sofrido um aumento de 14% entre 1830 e 1930. Atualmente, esse aumento é de aproximadamente 0,3% ao ano. Os desmatamentos contribuem bastante para isso, pois a queima das florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como o gás carbônico tem a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito estufa”, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um aquecimento da superfície terrestre. 116 Efeito estufa: ação que certos gases exercem sobre as radiações do calor da terra, interceptando-as e transmitindo-as de volta a superfície. Baseados nesse fato, alguns cientistas estabeleceram a seguinte hipótese: com a elevação da temperatura média na superfície terrestre, que no início do século XXI será 2ºC mais alta do que hoje, o gelo existente nas zonas polares (calotas polares) irá se derreter. Consequentemente, o nível do mar subirá cerca de 60 m, inundando a maioria das cidades litorâneas de todo o mundo. Alguns pesquisadores pensam inclusive que esse processo já começou a ocorrer a partir do final da década de 80. Os verões da Europa e até da América têm sido a cada ano mais quentes e algumas medições constataram um aumento pequeno, de centímetros, do nível médio do mar em algumas áreas litorâneas. Todavia, esse fato não é ainda admitido por grande parte dos estudiosos do assunto. Outra importante consequência da poluição atmosférica é o surgimento e a expansão de um buraco na camada de ozônio, que se localiza na atmosfera; camada atmosférica situada entre 20 e 80 km de altitude. O ozônio é um gás que filtra os raios ultravioletas do Sol. Se esses raios chegassem à superfície terrestre com mais intensidade provocariam queimaduras na pele, que poderiam até causar câncer, e destruiriam as folhas das árvores. O gás CFC - clorofluorcarbono -, contido em sprays de desodorantes ou inseticidas, parece ser o grande responsável pela destruição da camada de ozônio. Por sorte, esses danos foram causados na parte da atmosfera situada acima da Antártida. Nos últimos anos, esse buraco na camada de ozônio tem se expandido constantemente. 117 8 BIOCOMBUSTÍVEL Biocombustível é qualquer combustível de origem biológica, desde que não seja de origem fóssil. É originado da mistura de uma ou mais plantas como: cana-de-açúcar, mamona, soja, cânhamo, canola, babaçu, lixo orgânico, dentre outros tipos. Biocombustíveis são fontes de energia renovável, derivados de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomassa florestal, cana-de- açúcar e outras matérias orgânicas. Há vários tipos de biocombustíveis: bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometanol, bioéter dimetílico, bio- ETBE, bio-MTBE, biocombustíveis sintéticos, bioidrogénio. Mas os principais biocombustiveis são: a biomassa, o bioetanol, o biodiesel e o biogás. 8.1 TIPOS DE BIOCOMBUSTÍVEL Em Portugal é considerado biocombustível, no âmbito do Decreto-Lei nº 62/2006, que transpõe a matéria para a Diretiva nº 2003/30/CE e cria mecanismos para promover a colocação no mercado de quotas mínimas de biocombustíveis, os seguintes produtos: 1. Bioetanol: etanol produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos para utilização como biocombustível. 2. Biodiesel: éster metílico e/ou etílico, produzido a partir de óleos vegetais ou animais, com qualidade de combustível para motores diesel, para utilização como biocombustível. http://pt.wikipedia.org/wiki/Combust%C3%ADvel http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3ssil http://pt.wikipedia.org/wiki/Oleaginosa http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomassa http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar http://pt.wikipedia.org/wiki/Biomassa http://pt.wikipedia.org/wiki/Bioetanol http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiesel http://pt.wikipedia.org/wiki/Biog%C3%A1s http://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ster 118 3. Biogás: gás combustível produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos, que pode ser purificado até à qualidade do gás natural, para utilização como biocombustível ou gás de madeira. 4. Biometanol: metanol produzido a partir de biomassa para utilização comobiocombustível. 5. Bioéter dimetílico: éter dimetílico produzido a partir de biomassa para utilização como biocombustível. 6. Bio-ETBE (bioéter etil-terc-butílico): ETBE produzido a partir do bioetanol, sendo a porcentagem em volume de bio-ETBE considerada como biocombustível igual a 47%; 7. Bio-MTBE (bioéter metil-terc-butílico): combustível produzido com base no biometanol, sendo a porcentagem em volume de bio-MTBE considerada como biocombustível de 36%. 8. Biocombustíveis sintéticos: hidrocarbonetos sintéticos ou misturas de hidrocarbonetos sintéticos produzidos a partir de biomassa. 9. Bioidrogénio: hidrogênio produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos, para utilização como biocombustível. 10. Óleo vegetal puro produzido a partir de plantas oleaginosas: óleo produzido por pressão, extração ou processos comparáveis, a partir de plantas oleaginosas, em bruto ou refinado, mas quimicamente inalterado, quando a sua utilização for compatível com o tipo de motores e os respectivos requisitos relativos a emissões. 8.2 CRISE AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA Desde a década de 1970, a humanidade vem tomando consciência de que existe uma crise ambiental planetária. Não se trata apenas de poluição de áreas isoladas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos, 119 talvez até de toda a biosfera. O notável acúmulo de armamentos nucleares nas décadas de 50, 60 e 70 ocasionou um sério risco de extermínio, algo que nunca tinha sido possível anteriormente. A multiplicação de usinas nucleares levanta o problema do escape de radiatividade para o meio ambiente e coloca a questão do que fazer com o perigoso lixo atômico. O acúmulo de gás carbônico na atmosfera representa um risco de catástrofe, pois ocasiona o crescimento do efeito estufa, que eleva as médias térmicas da maior parte dos climas do planeta. Muitos outros problemas ambientais podem ser lembrados. Entre eles, a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde humana, como agrotóxicos, adubos químicos, hormônios e medicamentos aplicados comumente ao gado para que ele cresça mais rapidamente ou não contraia doenças. Podemos citar também a crescente poluição dos oceanos e mares, o avanço da desertificação, o desmatamento acelerado das últimas grandes reservas florestais originais do planeta (Amazônia, bacia do rio Congo e Taiga), a extinção irreversível de milhares ou até milhões de espécies vegetais e animais. Podemos falar em uma consciência ecológica da humanidade em geral, embora com diferentes ritmos (mais avançada no Norte e mais tardia nos países subdesenvolvidos), que se iniciou por volta da década de 70 e cresce a cada ano. Trata-se da consciência de estarmos todos na mesma “nave espacial”, o planeta Terra, o único que conhecemos que possibilitou a existência de uma biosfera. Trata-se ainda da consciência de que é imperativo para a própria sobrevivência da humanidade modificar o nosso relacionamento com a natureza. A natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso inerte e passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte e com o qual temos que procurar viver em harmonia. Um Problema Mundial 120 Um fato que ficou claro desde os anos 70 é que o problema ambiental, embora possa apresentar diferenças nacionais e regionais, é planetário, global. Em longo prazo, de nada adianta, por exemplo, transferir indústrias poluidoras de uma área (ou país) para outra, pois do ponto de vista da biosfera nada se altera. Não podemos esquecer que a atmosfera é uma só, que as águas se interligam (o ciclo hidrológico), que os ventos e os climas são planetários. Vamos imaginar que estamos em uma enorme casa, com todas as janelas e portas fechadas, e há uma fogueira em um quarto nobre envenenando o ar. Alguém propõe então transferir a fogueira para outro quarto, considerado menos nobre. Isso elimina o problema de ar contaminado? Claro que não. No máximo pode dar a impressão de que, por algum tempo, melhorou a situação dos que ocupam o quarto nobre. Todavia, depois de certo período (horas ou dias), fica evidente que o ar da casa é um só e que a poluição em um compartimento propaga-se para todo o conjunto. A biosfera, em que se inclui o ar que respiramos, as águas e todos os ecossistemas, é uma só, apesar de muito maior que essa casa hipotética. O ar, embora exista em grande quantidade, na realidade é limitado e interligado em todas as áreas. Poderíamos abrir portas e janelas daquela casa, mas isso não é possível para a biosfera, para o ar ou as águas do nosso planeta. Outro aspecto do caráter mundial que a crise ambiental possui é que praticamente tudo o que ocorre nos demais países acaba nos afetando. Até algumas décadas atrás era comum a opinião de que ninguém tem nada a ver com os outros, cada país pode fazer o que bem entender com o seu território e com as suas paisagens naturais. Hoje, isso começa a mudar. Vai ficando claro que explosões atômicas russas ou norte-americanas, mesmo realizadas no subsolo ou em áreas desérticas desses países, acabam mais cedo ou mais tarde nos contaminando pela propagação da radiação. Também a poluição dos mares e oceanos (e até dos rios, que afinal desembocam no mar), mesmo realizada no litoral de algum país, acaba se propagando, atingindo com o tempo outros países. As enormes queimadas de florestas na África ou na América do Sul não dizem respeito unicamente aos países que as praticam; elas fazem diminuir a massa vegetal 121 sobre o planeta (e as plantas, pela fotossíntese, contribuem para a renovação do oxigênio do ar) e, o que é mais importante, liberam enormes quantidades de gás carbônico na atmosfera, fato que acaba por atingir a todos os seres humanos. Inúmeros outros exemplos poderiam ser mencionados. Todos eles levam à conclusão de que a questão do meio ambiente é mundial e é necessário criar formas de proteção da natureza que sejam planetárias que não fiquem dependentes somente de interesses locais (e às vezes mesquinhos) dos governos nacionais. 9 CAMINHOS E PERSPECTIVAS Fala-se que a espécie humana, por agredir a natureza, está a caminho da autodestruição. Será que existem riscos reais de catástrofes causadas pela poluição ou pelo esgotamento de fontes de energia e de outros importantes recursos naturais? Jornais e revistas veiculam informações desencontradas. A maioria dos estudiosos acredita que a humanidade se encontra muito perto de provocar danos irreparáveis ao planeta. Alguns, porém, também proclamam que os alertas dos ambientalistas são exagerados e que a humanidade saberá solucionar todos os problemas que criar. Antes de tudo, é preciso ficar claro que a espécie humana não pode sobreviver senão explorando os recursos do ambiente. Temos, necessariamente, que extrair de outros seres vivos recursos para viver; ao comermos plantas e animais, deles extraímos energia e matéria-prima para manter nossa vida. Além disso, temos de combater as espécies que nos causam doenças (bactérias, fungos, vermes, insetos) e também aquelas que 122 competem conosco pelo alimento (parasitas e predadores de nossas lavouras e rebanhos). 123 INTRODUÇÃO Nesse módulo abordaremos a Educação Ambiental e a Sustentabilidade. O termo sustentabilidade engloba várias áreas de atuação. Sempre associamos a sustentabilidade ao desenvolvimento sustentável, aquele desenvolvimento que gera equilíbrio entre a tecnologia e o ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diversos países na busca da equidade social. Também vamos abordar as culturas econômicas que agridem o meio ambiente, tais como a agricultura e seus agrotóxicos, fertilizantes, pesticidase a agropecuária, em conjunto com a epidemiologia, pois a modificação no ambiente natural levou ao surgimento de novas doenças, as chamadas doenças tropicais. 10 O QUE É SUSTENTABILIDADE? Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_sist%C3%AAmico http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia http://pt.wikipedia.org/wiki/Biodiversidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecossistemas http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra 124 Para um empreendimento humano ser sustentável, deve ter quatro requisitos básicos. Esse empreendimento deve ser: Ecologicamente correto; Economicamente viável; Socialmente justo; e Culturalmente aceito. Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o Relatório de Brundtland "Our Common Future" (Nosso futuro comum), Oxford University Press, 1987, sustentabilidade é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas". Isso é muito parecido com a filosofia dos nativos dos Estados Unidos, que diziam que os seus líderes deviam sempre considerar os efeitos das suas ações nos seus dependentes nas sete gerações futuras. O termo original foi "desenvolvimento sustentável," um termo adaptado pela Agenda 21, programa das Nações Unidas. Algumas pessoas hoje se referem ao termo "desenvolvimento sustentável" como um termo amplo, pois implica desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser reservado somente para as atividades de desenvolvimento. "Sustentabilidade", então, é hoje usado como um termo amplo para todas as atividades humanas. Na economia, crescimento sustentado refere-se a um ciclo de crescimento econômico real do valor da produção (descontada a inflação), sendo, portanto relativamente constante e duradouro assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Parece-nos que um dos maiores equívocos associados à sustentabilidade é pensar que podemos continuar crescendo indefinidamente, como se não fosse haver um limite. Basta informar que o empreendimento é sustentável para receber a chancela ou simpatia dos diversos stakeholders. Os relatórios do Clube de Roma ou do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) estão a nos dizer o contrário e há muito tempo. Segundo essas entidades, o planeta está em perigo e, em breve, chegaremos a um ponto sem retorno. Ou seja, a Terra perderá a capacidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_de_Brundtland http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenda_21 http://pt.wikipedia.org/wiki/Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia 125 de se regenerar e, com isso, vão faltar água e alimentos em diversas partes do globo. O aquecimento global chegará a um nível catastrófico dizimando a vida de uma infinidade de seres vivos. É nesse contexto que surge a sustentabilidade. Ela foi concebida para que o homem, independentemente de suas crenças, possa se sensibilizar para o real perigo que representa para o planeta. O objetivo da sustentabilidade é induzir o homem a reduzir a pegada predatória. Como a biodiversidade planetária está no limiar do esgotamento, todas as atenções da sustentabilidade dirigem-se para o meio ambiente. No entanto, ela possui infindáveis vertentes. É, portanto em razão dessas inúmeras correlações que a sustentabilidade se tornou um tema complexo. Não se pode fechar a questão em torno dela, tampouco aprisioná-la em conceitos que servem mais para acomodar interesses do que compreendê-la. 10.1 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL O conceito de sustentabilidade ambiental refere-se às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que está baseado tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras. O crescimento econômico deve se adequar na busca da sustentabilidade ambiental, da mesma forma que a equidade social deve ser fruto de uma adaptação por parte da sociedade na busca desta sustentabilidade. O emprego do critério de sustentabilidade, que substitui o de “adaptação” da abordagem teórica evolucionária, permite enumerar as diferentes formas de uso que as populações fazem do meio ambiente, considerando suas diferenças genéricas em termos de inserção na economia de mercado e posse de uma tradição ou história ecológica. 126 A sustentabilidade ambiental responde diretamente pela preservação e conservação do ambiente, de forma que o desenvolvimento não agrida o meio ambiente. O desenvolvimento atual vem gerando enormes impactos ambientais. Para que a sustentabilidade em si se aplique, há a necessidade de que conhecimentos fragmentados sejam integrados. Na sustentabilidade, os aspectos ambientais devem ser tão relevantes quanto os aspectos técnicos e econômicos, bem como os aspectos de estética e conforto. A sustentabilidade ambiental nas cidades pode ser entendida como a sua capacidade de manter o meio ambiente interno e externo de forma constante ou estável por um determinado período. Os estudos e a práticas dos conceitos da nova gestão pública das cidades ou a “New Public Management (NPM)” podem contribuir com a sustentabilidade ambiental municipal. A NPM pressupõe aplicar nas cidades os modelos de gestão originalmente oriundos da iniciativa privada e dos conceitos de administração estratégica focada nos pressupostos dos negócios empresariais e nos conceitos de empreendedorismo. Seus preceitos também envolvem essas características: focar o cidadão como cliente; clarear a missão da organização pública; delegar autoridades; substituir normas por incentivos; orçar baseado em resultados; expor operações à concorrência e ao público; procurar soluções de mercado; e medir o sucesso do governo pelo cidadão. 10.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. 127 Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humanae a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Se as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Em vez de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. O crescimento econômico e populacional das últimas décadas tem sido marcado por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial. 128 Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: “a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?” A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial devem ser reestruturados para levar em consideração o meio ambiente. Em 1996, um grupo internacional de pesquisadores no campo do desenvolvimento sustentável se reuniu em Bellagio, na Itália, para avaliar o progresso mundial pós Rio 92, em relação às ações e pesquisas para realização dos acordos aí estabelecidos. Foram então propostos princípios que serviriam para guiar a avaliação no que se refere ao progresso em relação ao desenvolvimento sustentável. Os Princípios de Bellagio propostos para o processo de desenvolvimento sustentável são: Descrição 1 É necessário primeiramente ter uma visão clara de desenvolvimento sustentável e as metas que o definem. 2 Proceder à revisão do sistema atual como um todo e em partes; considerar o bem-estar dos subsistemas, social, ecológico e econômico, os seus estados, a direção e a taxa de mudança em relação a estes estados e suas inter-relações; considerar as consequências positivas e negativas das atividades humanas, de maneira que reflitam os custos e benefícios para os seres humanos e sistemas ecológicos, em termos monetários e não monetário. 129 3 Considerar as questões de igualdade e disparidade entre a população atual e entre as gerações presentes e futuras, avaliando o uso dos recursos, consumo e pobreza, direitos humanos, e acessos aos serviços básicos; considerar as condições ecológicas das quais a vida depende; considerar o desenvolvimento econômico e outras atividades fora do mercado, que contribuem para o bem-estar humano e social. 4 Adotar horizonte de planejamento longo o suficiente para abranger as escalas de tempo humano e dos ecossistemas naturais, respondendo assim às necessidades das futuras gerações, como também às que precisam de decisões em curto prazo; definir o escopo de trabalho abrangente o suficiente para que inclua os impactos locais e regionais/globais na população e ecossistemas; basear-se nas condições históricas e atuais para antecipar condições futuras – aonde se quer chegar, aonde se pode ir. 5 Utilizar uma estrutura organizacional que conecte a visão e os objetivos a indicadores e critérios de avaliação; utilizar um número limitado de aspectos para análise; um número limitado de indicadores ou combinação de indicadores para conseguir uma sinalização mais clara do progresso; padronizar medidas, quando possível, de modo a permitir comparações; comparar valores dos indicadores e metas, valores de referência, ou valores limites. 6 Os métodos e dados utilizados devem ser acessíveis a todos; todos os julgamentos, valores assumidos e incertezas nos dados e interpretações devem ser explicitados. 7 Ser projetado para atender às necessidades da comunidade e dos usuários; utilizar indicadores e outras ferramentas que podem estimular e trazer a atenção dos governantes; buscar utilizar simplicidade na estrutura e linguagem acessível. 8 Obter representação efetiva da comunidade, profissionais em geral, grupos sociais e técnicos, de modo a garantir diversidade e reconhecimento dos 130 valores utilizados. 9 Desenvolver capacidade de monitoramento para obtenção das tendências; ser interativo e adaptativo, e que possa responder às mudanças e incertezas, considerando a complexidade e possibilidade de mudança dos sistemas; ajustar os objetivos, a estrutura e os indicadores conforme novos conhecimentos e ideias forem chegando; promover conscientização da sociedade e que possa suprir aqueles que tomam decisão. 10 Indicar responsabilidades e obter prioridade no processo de gestão e decisão; prover capacidade institucional para coleta, manutenção e documentação dos dados; garantir e prover capacidade de avaliação local. O Desenvolvimento Sustentável tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 1. A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer); 2. A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); 3. A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); 4. A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc.); 5. A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por exemplo, os índios); 6. A efetivação dos programas educativos. 10.3 TRIPLE BOTTOM LINE OU TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE 131 A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Uma empresa era sustentável se estivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico; seja por meio de mais empregos criados, seja por mais serviços sociais para a população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país. A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se os empresários e os governantes não cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar em maus lençóis sem matéria- prima e, talvez, sem consumidor, além do fantasma de contribuir para a destruição do planeta Terra. Assim, o Triple Bottom Line ficou também conhecido como os 3 Ps (People, Planet and Proift, ou, em português, PPL - Pessoas, Planeta e Lucro). Vamos, então, detalhar o que significa cada um desses aspectos, levando em conta a administração de uma empresa, de uma cidade, estado ou país. É importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua casa ou uma pequena vila agrária. Vamos aos 3 Ps. People Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem-estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, umambiente de trabalho agradável, pensando na http://ambiente.hsw.uol.com.br/calculo-pib.htm http://ambiente.hsw.uol.com.br/planeta-terra.htm 132 saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Não adianta, por exemplo, uma mineradora pagar bem seus funcionários, se ela não presta assistência para as pessoas que são afetadas indiretamente com a exploração, como uma comunidade indígena vizinha que é afetada social, econômica e culturalmente pela presença do empreendimento. Nesse item, estão contidos também problemas gerais da sociedade como educação, violência e até o lazer. Planet Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. É a perna ambiental do tripé. Aqui, assim como nos outros itens, é importante pensar no curto, médio e longo prazo. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Assim, uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono do seu processo produtivo, que, em outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser levada em conta a adequação à legislação ambiental e a vários princípios discutidos atualmente como o Protocolo de Kyoto. Para uma determinada região geográfica, o conceito é o mesmo e pode ser adequado, por exemplo, com um sério zoneamento econômico da região. Profit http://ambiente.hsw.uol.com.br/pegada-de-carbono.htm http://ambiente.hsw.uol.com.br/protocolo-kyoto.htm 133 Trata-se do lucro. Não é muito difícil entender o que é o conceito. É o resultado econômico positivo de uma empresa. Quando se trata do Triple Botton Line, essa perna do tripé deve levar em conta os outros dois aspectos. Ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo. 13.4 COMO MEDIR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Os modelos tradicionais de medição econômica não conseguem abranger os aspectos do desenvolvimento sustentável. O exemplo mais claro é o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a receita total de uma determinada região. Como levam em conta apenas os aspectos monetários, o PIB não consegue abranger outros aspectos como a divisão igualitária dessa riqueza na sociedade e os impactos negativos no meio ambiente. Assim, ao longo dos últimos anos, começaram a surgir alguns métodos para tentar medir a sustentabilidade. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), não é exatamente um índice de sustentabilidade, mas ajudou a dimensionar esses novos métodos. Um dos exemplos de novo método é o Indicador de Progresso Genuíno (GPI) que baseado no cálculo do PIB agrega outros dados que podem influenciar para cima ou para baixo o valor. O GPI é calculado pelas organizações não governamentais Redefining Progress, baseado em metodologia do Friends of the Earth. Nele, são medidos dados como: Distribuição da receita: mede quanto do PIB vai para as classes menos favorecidas. http://ambiente.hsw.uol.com.br/idh.htm http://ambiente.hsw.uol.com.br/idh.htm http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.pnud.org.br/home/ http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.pnud.org.br/home/ http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.rprogress.org/index.htm http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=desenvolvimento-sustentavel.htm&url=http://www.foe.co.uk/ 134 Trabalho doméstico e voluntário: como o que a dona de casa faz não rende dinheiro, seu trabalho não entra nas estatísticas tradicionais. Aqui, ele conta; assim como o trabalho voluntário. Nível educacional: quanto maior o nível educacional da população, maior o índice GPI. Custo do crime: a violência contra o homem, a natureza e a propriedade privada é um grande desperdício de recursos de uma sociedade. Por isso, esse custo deve ser subtraído. Exaustão de recursos: ligado diretamente à questão ambiental, contabiliza as perdas de recursos naturais ocorridas em casos como o desmatamento ou a exploração de uma jazida mineral. Poluição: fumaça nas cidades, rios cheios de poluentes, barulho. Tudo isso, gera custo, que vai impactar negativamente o índice. Degradação ambiental em longo prazo: mudanças climáticas, lixo nuclear, buraco na camada de ozônio. Os custos desses problemas contemporâneos são contabilizados. Diminuição do tempo de lazer: nas grandes cidades, o tempo para descansar e se divertir é cada vez mais escasso, ou seja, é importante saber o quanto a falta desse tempo de ócio pode custar para a vida das pessoas e do país. Gastos defensivos: esse item mede os custos de se defender contra vários problemas de ordem ambiental e/ou social, seja a erosão ou um acidente de carro. Tempo de vida útil dos bens de consumo e da infraestrutura pública: os índices tradicionais medem o investimento em infraestrutura e os gastos com consumo, mas não estimam o desgaste e a manutenção desses produtos (o GPI, sim). Dependência de ativos externos: nos cálculos tradicionais, como no PIB, a maioria dos empréstimos internacionais é considerada positiva. Já no 135 GPI, quando o empréstimo é para investimentos, ele pode ser considerado positivo; se o empréstimo é para o consumo, torna-se negativo. 13.5 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL FIGURA 07 FONTE: Arquivo pessoal do autor. 136 Como seria, verdadeiramente, uma sociedade sustentável? Ainda não há modelos detalhados, mas na última década surgiram critérios básicos que nos permitem desenhar a forma emergente das sociedades sustentáveis. A sustentabilidade global requer uma drástica diminuição do crescimento mundial. As sociedades sustentáveis terão populações estáveis, como as que têm atualmente 13 países europeus e o Japão. A população mundial deverá se estabilizar no máximo em oito bilhões de pessoas. As economias sustentáveis não serão potencializadas por combustíveis fósseis, mas sim por energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas: luz solar para aquecimento e eletricidade fotovoltaica; energia eólica e hídrica; e assim por diante. A energia nuclear deixará de ser usada em virtude de sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais. Os painéis solares esquentarão a maior parte da água doméstica ao redor do mundo, e muito da calefação dos diversos espaços será feita pela entrada direta dos raios solares. Com as células fotovoltaicas, os lares, em todas as partes do mundo, chegarão a ser produtores tanto quanto consumidores de eletricidade. A produção de energia chegará a ser muito mais descentralizada e, por isso mesmo, menos vulnerável aos cortes ou apagões; isto será, também, compatível com as instituições políticas democráticas. Um sistema energético sustentável será também muito mais eficiente energeticamente. Como algo típico, será duplicada a economia de combustível dos automóveis; por sua vez, será triplicada a eficiência dos sistemas de iluminação e as necessidades de aquecimento diminuirão em 75%. Tudo isto, hoje, é possível graças às tecnologias já existentes. O transporte em uma sociedade sustentável será muito menos esbanjador e poluente do que o atual. As pessoas morarão muito mais perto dos seus lugares de trabalho e elas se movimentarão nas vizinhanças mediante sistemas altamente desenvolvidos de ônibus e transportes sobre trilhos. Haverá menos automóveis particulares. As bicicletasserão veículos 137 importantes no sistema de transporte sustentável. Hoje, mundialmente, já há o dobro de bicicletas com relação a automóveis. Nas indústrias sustentáveis, a reciclagem será a principal fonte de matéria-prima. O desenho industrial se concentrará na durabilidade e no uso reiterado, em vez da vida curta e descartável dos produtos. O desejável será uma mentalidade baseada na ética da reciclagem. As empresas de reciclagem ocuparão em grande escala, o lugar das atuais companhias de limpeza urbana e disposição final do lixo, reduzindo os resíduos, pelo menos, em dois terços. Uma sociedade sustentável necessitará de uma Base Biológica restaurada e estabilizada. O uso da terra seguirá os princípios básicos da estabilidade biológica: a retenção de nutrientes, o equilíbrio de carbono, a proteção do solo, a conservação da água e a preservação da diversidade de espécies. É provável que as áreas rurais tenham maior diversidade que hoje em dia, com o uso da terra em equilíbrio de manejo, em que haverá rotatividade quanto à plantação e cultivo de espécies. As empresas que produzirem alimentos e energia serão mais populares. Não haverá desperdício de colheitas. Os bosques tropicais serão conservados. Não haverá desmatamento para obtenção de madeira e outros produtos. Pelo contrário, milhões de hectares de novas árvores serão plantados. Os esforços para deter a desertificação transformarão as áreas degradadas em terrenos produtivos. O uso exaustivo de pastagens será eliminado, assim como haverá modificação na cadeia alimentar das sociedades afluentes, para incluir menos carne e mais grãos e vegetais. Novas indústrias sustentáveis estarão mais descentralizadas, fomentando maior independência nas grandes cidades. Os sistemas de valores que enfatizam a quantidade, a expansão, a competição e a dominação, darão lugar à qualidade, à conservação, à cooperação e à solidariedade. À medida que a acumulação de riqueza material perca sua fatigante importância, a brecha entre ricos e pobres se estreitará, eliminando muitas tensões sociais. A característica decisiva de uma economia sustentável será a rejeição da cega busca de crescimento. O produto nacional bruto chegará a ser reconhecido como um indicador em bancarrota. No lugar do PIB, as mudanças 138 econômicas e sociais, tanto quanto as tecnológicas, serão medidas por sua contribuição para a sustentabilidade. Em um mundo sustentável, os orçamentos militares serão uma pequena fração do que são atualmente. As diferenças ideológicas se dissiparão frente à crescente consciência de que a Terra é o nosso lugar comum, não importando os nossos diferentes antecedentes culturais. A compreensão de que todos nós compartilhamos esta Terra será a fonte de um novo código ético. A imagem de uma futura Terra sustentável tem sido pintada com grandes pincéis. O desafio das décadas vindouras é aprimorar com detalhes, pelo trabalho das corporações, dos governos, das organizações ambientais, dos partidos políticos e dos cidadãos. Nós acreditamos que o ideal da sustentabilidade é uma preciosa meta, incitante para os seres humanos, cansados de uma época esbanjadora e destrutiva. Promete um sentido de segurança e oportunidades para esforços de colaboração internacional, que tem estado ausente da Terra nas décadas recentes. 11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE Para pensar em sustentabilidade, devemos primeiro pensar em uma Educação Ambiental voltada para a sustentabilidade. Como, também, o novo mundo não será criado da noite para o dia, na caminhada para alcançar a sustentabilidade, devemos consolidar estratégias de transição. A transição, para passar do “desenvolvimento insuportável” para o desenvolvimento sustentável exigirá grandes investimentos nas áreas da pesquisa e da 139 educação ambiental. Pesquisar e educar para poder viver da melhor forma possível, sem destruir. Assim, Educar é mais que tudo, ensinar a amar. Ensinar a amar ler e escrever. Ensinar a amar uma profissão. Ensinar a amar a qualidade ambiental e as alternativas sustentáveis de produção. As práticas agrupadas sob o conceito de educação ambiental têm sido categorizadas de muitas maneiras: educação ambiental popular, crítica, política, comunitária, formal, não formal, para o desenvolvimento sustentável, conservacionista, socioambiental, ao ar livre, para solução de problemas entre tantas outras. Uma das práticas que colabora com a implantação da Educação Ambiental é a percepção ambiental que pode ser definida como uma tomada de consciência pelo homem, ou seja, o ato de perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejam evidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente. Em se tratando de ambiente urbano, muitos são os aspectos que, direta ou indiretamente, afetam a maioria dos habitantes: pobreza, criminalidade, poluição, entre outros. Esses fatores são relacionados como fontes de insatisfação com a vida urbana. Entretanto, há também uma série de fontes de satisfação a ela associada. As cidades exercem um forte poder de atração em função de sua heterogeneidade, movimentação e possibilidades de escolha. Uma das manifestações mais comuns de insatisfação da população é o vandalismo. Condutas agressivas em relação a elementos físicos e arquitetônicos, geralmente públicos, ou situados próximos a lugares públicos. Isso se dá na maioria entre as classes sociais menos favorecidas, que no dia a dia, estão submetidas à má qualidade de vida, desde a problemática dos 140 transportes urbanos, até a qualidade dos bairros e conjuntos habitacionais em que residem, hospitais e escolas de que dependem. Assim, o estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que possamos compreender as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. 12 PROTEÇÃO AMBIENTAL Por esse enfoque, o conjunto de ações de proteção ambiental deve ter como objetivo manter, controlar e recuperar os padrões de qualidade de vida e ambiental. O enfoque ecossistêmico é proposto na estratégia das ações de proteção ambiental, ou seja, manutenção do balanço ecológico das relações entre os componentes bióticos e abióticos, e do fluxo de energia entre eles. A incorporação do princípio desse modelo nos processos de educação ambiental representa efetivamente a possibilidade de mudar padrões de consumo e de produção, de forma a alcançar taxas de consumo de recursos naturais e produção de resíduos compatíveis com a capacidade de absorção e recuperação dos ecossistemas. O sistema de áreas verdes deve priorizar manutenção de espécies florísticas que servem de alimento e habitat para a fauna, o que também representa aumento das áreas permeáveis no solo urbano e maior capacidade de recarga de lençol freático. Isso significa melhor funcionamento do sistema de drenagem natural, contribuição na redução do efeito estufa, conforto térmico urbano, além dos benefícios paisagísticos e de espaço de lazer. 141 No planejamento do sistema de limpeza pública, a priorização de processos de tratamento por compostagem dos resíduos orgânicos possibilita o retorno dessa matéria orgânica e de nutrientes para as áreas de produção de alimentos, nos cinturões verdes das cidades ou nas áreas rurais; os processos de reuso e reciclagem dos resíduos urbanos industriais diminuem a pressão do consumo de recursos naturais virgens. Nesse enfoque sistêmico, as açõespara gestão da proteção ambiental, devem incluir planejamento para o uso adequado dos espaços antrópicos e naturais; investimentos em programas de capacitação profissional para preparo de recursos humanos no desenvolvimento interdisciplinar de atividades e projetos; integração de enfoque nas ações institucionais para proteção e sustentabilidade ambiental; priorização em pesquisa para desenvolvimento de tecnologias apropriadas e para melhor compreensão do funcionamento dos ecossistemas e do impacto potencial das atividades antrópicas; esforços deverão ser empreendidos junto aos órgãos de gestão ambiental para sua melhor estruturação institucional; estabelecimento de políticas públicas que garantam espaços efetivos de participação da comunidade no processo de planejamento e implantação de programas de educação ambiental é uma condição positiva no processo de caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável. Conjunto de ações para gestão do controle ambiental. Segundo Philippi e Pelicioni (2005), o Controle Ambiental relaciona-se com: Implantação de programa de capacitação profissional; 142 Planejamento territorial; Atividades de pesquisa para desenvolvimento de tecnologias apropriadas; Sistemas de saneamento do meio; Organização e capacitação dos órgãos de gestão ambiental; Políticas públicas de participação e de Educação Ambiental. Para que os espaços urbanos, as áreas rurais e os ecossistemas possam atender às necessidades do ser humano (fisiológicas, epidemiológicas e psicológicas), da flora, fauna e do meio ambiente, é preciso ordenamento, articulação e provisão de equipamentos, racionalizando o espaço e destinando corretamente suas partes – recursos naturais, artificiais e humanos. Assim, a função do planejamento territorial é criar condições adequadas para a sociedade exercer suas atividades de circulação, recreação, trabalho e habitação e manter o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. A manutenção do meio ambiente é uma das condições necessárias para a qualidade de vida. É preciso, então, planejar o espaço, de modo a garantir a conservação e o controle do uso de recursos naturais e artificiais, o gerenciamento de resíduos, o conforto térmico, acústico, visual e espacial, ou seja, condições ambientais que diminuam ou evitem o risco de exposição da população ao agravo de sua saúde. 13 SAÚDE PÚBLICA E MEIO AMBIENTE A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. A VIII Conferência Nacional de Saúde Pública, realizada em 1986, marco importante na discussão no Brasil da relação saúde/doença, 143 ampliou esse conceito, incluindo na definição de saúde o acesso a condições de vida e trabalho, bem como o acesso igualitário de todos aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, colocando como uma das questões fundamentais a integridade da atenção à saúde e a participação social. Nos últimos anos, tem-se observado que a finalidade dos projetos de saneamento tem saído de sua concepção sanitária clássica, recaindo em uma abordagem ambiental, que visa não só promover a saúde do homem, mas, também, a conservação do meio físico e biótipo. Com isso, a avaliação ambiental dos efeitos dos sistemas de saneamento nas cidades consolidou-se como uma etapa importante no processo de planejamento, no que se refere à formulação e seleção de alternativas e à elaboração e detalhamento dos projetos selecionados. A compreensão dessas diversas relações revela-se um pressuposto fundamental para o planejamento dos sistemas de saneamento em centros urbanos, de modo a privilegiar os impactos positivos sobre a saúde pública e sobre o meio ambiente. Ressalta-se que o conceito de saneamento compreende os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a coleta e disposição de resíduos sólidos, a drenagem urbana e o controle de vetores. O planejamento e gerenciamento do conjunto de sistemas que compõem o saneamento do meio devem cumprir com objetivos sanitários o atendimento a padrões de potabilidade da água distribuída à população; coleta, tratamento e destinação de resíduos com eficiência que atenda a padrões legais, evitando, desse modo, riscos de agravo à saúde e à qualidade de vida, e proteção ambiental. Os objetivos estéticos também devem ser observados, uma vez que a poluição dos ecossistemas poderá interferir nos usos desejáveis, impedindo atividades de lazer, circulação, trabalho e habitação, por exemplo. As questões ambientais e de saúde conhecem novos desafios em função dos avanços da humanidade engendrados pelo desenvolvimento, que 144 impacta de maneira importante o ecossistema e a qualidade de vida das pessoas, nacional e internacionalmente. Essas alterações, que encontram correspondência na dimensão individual (com implicações significativas nas condições de saúde), vêm imprimindo estilos de vida com baixa sustentabilidade para comportamentos considerados saudáveis. Cada vez mais organismos multilaterais, cientistas e militantes de movimentos ecológicos alertam para a tendência mundial de agravamento dos riscos ambientais, evidenciando que a produção e a distribuição dos riscos ampliam as vulnerabilidades da espécie humana. Apesar dessas visões, persiste uma situação crítica que coloca em risco a saúde da população, com comprometimento da qualidade da água e ar associados a processos contínuos de desequilíbrio do ecossistema. O informe da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano de 2002, intitulado Reducir los riesgos y promover una vida sana, mostra um paradoxo mundial do consumo, acentuando a clivagem entre países ricos e pobres. Muitos dos riscos examinados nesse informe são produzidos pelo paradoxo do consumo insuficiente entre os pobres e excessivos no caso dos privilegiados. Principalmente nos conglomerados urbanos, persiste a manifestação de um quadro de enfermidades não transmissíveis associadas aos maus hábitos e aos alimentos, coexistindo com a desnutrição em áreas mais pobres. Segundo a OMS (2002), podem-se considerar esses os dez riscos regionais e mundiais mais importantes para a falta da saúde: insuficiência ponderal, práticas sexuais de risco, hipertensão arterial, tabagismo, alcoolismo, água insalubre, saneamento e higiene insuficientes, carência de ferro, fumaça de combustíveis sólidos em espaços fechados, hipercolesterolemia e obesidade. Juntos, esses fatores são responsáveis por mais de um terço de toda mortalidade mundial. A maioria dos fatores de risco examinados nesse informe guarda estreita relação com os hábitos de vida, e em particular com o consumo excessivo ou insuficiente. No extremo oposto da pobreza se encontra a sobrealimentação, qualificada como sobreconsumo. 145 Na esteira dessa realidade observa-se que os riscos comuns relacionados às sociedades ricas (tais como hipertensão arterial, hipercolesterolemia, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e sedentarismo) e enfermidades associadas predominam em todos os países de ingressos medianos e altos. Mais dramático ainda é o quadro prevalente nos países periféricos, com nítida acumulação epidemiológica, onde se origina uma dupla carga ao somarem-se as enfermidades infecciosas, com maior incidência nestes países, as não transmissíveis produzidas pelas novas condições de produção e consumo do mundo moderno. Em relação a essa última tendência, o que se pode observar é que ainda persiste uma expansão rápida de epidemias relacionadas a tais enfermidades que provocam em torno de 60% da mortalidade mundial e que, por sua vez, guarda uma relação manifesta com a evolução dos hábitos alimentares, com o consumo constante de alimentos industrializados, com alto teor de gorduras, salgados ou açucarados.14 EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL Primeiramente, temos que definir o que é epidemiologia para podermos estabelecer uma ponte com a educação ambiental. Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde. 146 No segmento de tempo anterior aos últimos dez mil anos, cobrindo uma enorme extensão da evolução do homo sapiens, fase denominada pré- agrícola, essa espécie mantinha uma estreita relação com a natureza. Os grupos tribais alimentavam-se de raízes, frutos, sementes e outras partes de vegetais. A caça e a pesca forneciam-lhe as proteínas. Quando os recursos da área ocupada se esgotavam, eles se deslocavam para um novo sítio. Em resumo, nessa grande fase, o comportamento dos povos da Terra obedecia ao estilo nômade-coletor-caçador. Ainda na atualidade, tribos indígenas isoladas mantêm estilo de vida semelhante. Os ecossistemas terrestres mantiveram-se praticamente intactos, pois esse modo de relacionamento não degradava exaustivamente o ambiente. No final da fase pré-agrícola, estima-se que a população da Terra teria alcançado os cinco milhões de habitantes. Nessa época, há cerca de dez mil anos, a espécie humana já estaria dispersa por todos os continentes. Estando os ecossistemas terrestres totalmente povoados, tinha-se o comportamento nômade comprometido, pois, diante da necessidade de migração, as vizinhanças já estariam tomadas, gerando conflitos e guerras. Para o referido estilo de vida, a capacidade de suporte da Terra estaria em seu limiar, o que teria funcionado como uma força de pressão seletiva, levando as populações a adotarem uma nova maneira de relação com o ambiente. Entre vários povos e culturas, surge em diferentes lugares e em épocas distintas a fase agrícola, que continua seu desenvolvimento até os dias atuais. No início do domínio agrícola, o homem começou o processo de domesticação de plantas e animais. Essa nova relação permitiu o aumento da produção de alimentos. Surgiram as comunidades fixas, pois já não era necessário o deslocamento em busca de alimento exclusivamente pelo extrativismo. Logo no início da era industrial, por causa do estabelecimento dessa atividade junto às áreas urbanas e diante da necessidade de mão de obra, ocorreu uma grande expansão das cidades nas regiões onde a industrialização se efetivara. Esse crescimento era principalmente marcado pela migração no sentido rural-urbano. Além desse aspecto, a demografia era caracterizada 147 pelas elevadas taxas de natalidade. Como um todo, porém, a população da Terra crescia em um ritmo lento, em razão da elevada mortalidade, principalmente por agravos profissionais e doenças infecciosas. O desenvolvimento científico era precoce e a saúde-doença era debatida à luz da teoria miasmática. Não havia ainda a consciência de saneamento e as condições de trabalho eram deploráveis. No mundo atual, o crescimento rápido da população humana tem exercido severa pressão sobre os resíduos de ambientes naturais que ainda subsistem. Tais ecossistemas que podem ser considerados exemplos de autossustentabilidade detêm biodiversidade que se mantém pouco perturbada. A agricultura moderna, altamente produtiva, tem avançado para as áreas naturais, ocasionando perda da biodiversidade. Os terrenos agrícolas são totalmente manipulados pelo homem. Funcionam com elevado gasto energético, além do artificialismo na aplicação de produtos como adubos, herbicidas, fungicidas, inseticidas, entre outros. Os espaços intensamente utilizados para fins de produção sofrem os mais variados impactos. A degradação do solo, manifestada pela erosão, lixiviação de fertilizantes, salinização e desertificação, serve de diagnóstico do declínio rural. A expansão das pragas agrícolas e o uso obrigatório de produtos tóxicos para evitar perdas econômicas trazem geralmente como consequência à contaminação dos trabalhadores, bem como dos produtos que carregarão sempre certa dosagem de venenos e que serão consumidos como alimento. 148 15 MEIO AMBIENTE E OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS A agricultura, em conjunto com outros elementos tais como água, energia, saúde e biodiversidade, tem uma função de grande relevância na conquista do Desenvolvimento Sustentado. A indústria de fertilizantes, por sua vez, tem desempenhado, por mais de 150 anos, um papel fundamental no desenvolvimento da agricultura e no atendimento das necessidades nutricionais de uma população continuamente crescente. De fato, basta mencionar que, em geral, os fertilizantes são responsáveis por cerca de um terço da produção agrícola, sendo que em alguns países os fertilizantes chegam a ser responsáveis por até 50% das respectivas produções nacionais. Os defensivos agrícolas são inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros, destinados ao controle de pragas que atacam as plantações. Porém, essas substâncias podem atingir os corpos d’água, pelos meios já vistos, e se são tóxicos às pragas, também o são, em sua maioria, aos seres humanos. 149 Fertilizantes FIGURA 08 FONTE: Disponível em: <www.melbar.com.br>. Acesso em: 10/09/2012. 150 Os fertilizantes promovem o aumento de produtividade agrícola, protegendo e preservando milhares de hectares de florestas e matas nativas, assim como a fauna e a flora. Sendo assim, o uso adequado de fertilizantes se tornou ferramenta indispensável na luta mundial de combate à fome e subnutrição. Fertilizantes minerais são materiais, naturais ou manufaturados, que contêm nutrientes essenciais para o crescimento normal e o desenvolvimento das plantas. Nutrientes de plantas são alimentos para as espécies vegetais, algumas das quais são utilizadas diretamente por seres humanos como alimentos, outras para alimentar animais, suprir fibras naturais e produzir madeira. O homem e todos os animais dependem totalmente das plantas para viver e reproduzir. A percepção pública sobre fertilizantes minerais geralmente não leva em conta esses simples fatos. O uso excessivo de fertilizantes é responsável pela maior parte das emissões, ou 2,1 bilhões de toneladas, de CO2 anuais. O excesso de fertilizantes provoca a emissão de óxido nitroso (N2O), que é 300 vezes mais potente que o CO2 na mudança do clima. O êxito da aplicação dos fertilizantes vai depender da conveniente aplicação dos diversos fatores associados aos condicionalismos agroclimáticos e culturais, mas, em qualquer caso, é sempre indispensável começar por se saber quais são os fertilizantes que podem ser aplicados e quais as características que cada um deles possui. Pesticidas FIGURA 09 151 FONTE: Disponível em: <blogdobira.acessepiaui.com.br>. Acesso em: 10/09/2012 Inseticida é um tipo de pesticida usado para exterminar insetos, destruindo ovos e larvas principalmente. Os inseticidas são utilizados na agricultura, na indústria e nas casas. Ao longo da história, diversos tipos de materiais de origem natural já foram usados contra os insetos, tais como o mercúrio, o arsênico, a nicotina e o tabaco. O desenvolvimento de novos inseticidas foi alavancado pela necessidade de se criar produtos menos tóxicos. O notório DDT foi criado como uma alternativa mais segura, se comparado com os inseticidas anteriores que usavam arsênico em sua composição, por exemplo. No entanto, o uso exacerbado da substância pode oferecer riscos à natureza e ao homem. Dedetização Com a popularização na aplicação doméstica do DDT, a partir dos anos 60, a ação de desinsetizar também passou a ser chamada de "dedetizar" (da pronúncia dedetê), sendo, inclusive, consagrado na música Mosca na Sopa,de autoria do cantor e compositor Raul Seixas, em 1973. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesticida http://pt.wikipedia.org/wiki/Inseto http://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo http://pt.wikipedia.org/wiki/Larva http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Merc%C3%BArio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ars%C3%AAnico http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicotina http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco http://pt.wikipedia.org/wiki/DDT http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem http://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_60 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cantor http://pt.wikipedia.org/wiki/Compositor http://pt.wikipedia.org/wiki/1973 152 O uso de inseticidas é considerado como um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da produtividade agrícola durante o século XX. No entanto, a maior parte dos inseticidas oferece riscos para o meio ambiente, por meio de impactos nos ecossistemas gerados pela poluição da água (principalmente); além de causarem riscos para a saúde dos seres humanos, pois muitos são tóxicos. Outros, por sua vez, são encontrados em alimentos contaminados por inseticidas. Pode-se dizer que a evolução humana é um processo que gera doenças, por meio da sua atuação com o meio ambiente. Observa-se a infinidade de novos fatores aos quais estão somando-se aos antigos, que o homem moderno está exposto. Depreende-se que, dada a capacidade criativa ou imaginativa do homem, com o avanço científico e tecnológico, as ações humanas, muitas vezes, impactam inadvertidamente o ambiente. Grande parte dos fatores ambientais que afetam a saúde humana é de natureza antrópica, ou seja, é desencadeada pelo próprio homem. Destaca-se, nesse contexto, a importância da Epidemiologia Ambiental, cuja ênfase está na discussão dos fatores do meio que atuam na geração de doenças. Se grande parte desses fatores é potencializada pela ação ou pelo comportamento humano, então, a educação ambiental, com base no conhecimento gerado pelos estudos epidemiológicos, poderá priorizar a conquista de comportamentos saudáveis, protetores da saúde e, ao mesmo tempo, atuar na reversão de comportamentos de risco. Assim, a educação ambiental necessita da Epidemiologia como base científica multifisciplinar para auxiliá-la na interpretação de fatores determinantes que agravam a qualidade de vida humana. Na Epidemiologia, o hospedeiro que ocupa a discussão é o próprio homem. Nesse aspecto, essa ciência é antropocêntrica. Muitas características do homem podem constituir fatores que ajudam a propiciar a doença. Citam-se algumas delas: sexo, idade, condição socioeconômica, ocupação, raças, etnias, entre outras. O ambiente é sem dúvida importante componente do sistema em discussão. Sob o ponto de vista ecológico, não se pode conceber esses elementos isolados. Entre o agente, o hospedeiro e o ambiente, a alteração de qualquer natureza pode provocar desequilíbrio. Fatores ambientais associados http://pt.wikipedia.org/wiki/Produtividade http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente_(ecologia) http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde http://pt.wikipedia.org/wiki/Alimento 153 às doenças podem ser de origem física biológica e social. O meio físico é propiciador de numerosos fatores que podem em certas situações favorecer ou estimular a doença. O meio biológico também pode estar correlacionado com a saúde ou a doença. No mundo contemporâneo, cada vez mais, a preservação do ambiente é vista como importante para a sobrevivênca humana. Reservas, parques, estações ecológicas são mantidos, para a proteção da biodiversidade. Reconhece-se que espécies silvestres de animais ou plantas podem conter importantes princípios ativos, muitos ainda desconhecidos, que servirão de base para a síntese de medicamentos. Nas áreas urbanas, a manutenção de espaços verdes torna-se necessária, pois eles funcionam como tampão para equilibrar o clima e amenizar a poluição. Há várias definições de áreas verdes: a) Aspectos estéticos: combinações de formas e cores da vegetação, arbustos educados por podas drásticas para formar figuras além de canteiros floridos. b) Aspectos sociais: consideram o uso como trilhas para caminhadas, bancos para descanso, play-grounds, espaços para manifestações artísticas. c) Aspectos ecológicos: microclima mais ameno e despoluído, aumento do teor de umidade e de oxigênio. d) Áreas verdes podem ser definidas como espaços abertos com cobertura vegetal e uso diferenciado, integrado no tecido urbano e que a população tem acesso. Classificações internacionais incluem como áreas verdes: campos de esporte, jardins botânicos, zoológicos, cemitérios modernos formados por extensos gramados, interrompidos apenas por lápides. e) As áreas verdes não devem ser encaradas como corpos estranhos de uma cidade, mas devem ser vistas como importantes elementos integrantes e participantes da estrutura e da dinâmica urbana. Um índice (discute-se se este foi estabelecido pela ONU, ou não) sugere 12 metros quadrados de área verde por habitante para que haja equilíbrio entre a quantidade de oxigênio e gás carbônico. Se incluirmos todas as atividades antrópicas com combustão (indústria, 154 tráfego, atividades domésticas) este índice se eleva para 75 m² por habitante. Praticamente, todas as cidades brasileiras acusam menos de 5 m² por habitante, portanto, elas são deficientes em áreas verdes, fato que se explica pela falta de conhecimentos acerca da importância das áreas verdes por parte das autoridades e também pelo alto custo de preparação e aquisição de mudas, podas, limpeza, combate às pragas, estragos em tubulações e fiação elétrica. Sabemos que áreas verdes não precisam ser necessariamente extensas, ao contrário, podem ser pequenas em área, mas numerosas. São cidades verdes as que possuem cobertura vegetal, especialmente arbórea em todo o espaço urbano: parques, jardins, quintais, ruas e avenidas e ao longo de rios e lagos. As vantagens da existência de áreas verdes são inúmeras: f) Criação de microclima mais ameno que exerce função de centro de alta pressão e se reflete de forma marcante sobre a dinâmica da ilha de calor e do domo de poluição. g) Despoluição do ar de partículas sólidas e gasosas, dependendo do aparelho foliar, rugosidade da casca, porte e idade das espécies arbóreas. h) Redução da poluição sonora, especialmente por espécies aciculiformes (pinheiros) que podem acusar redução de 6 a 8 decibéis. i) Purificação do ar pela redução de micro-organismos. Foram medidos 50 micro-organismos por metro cúbico de ar de mata e até 4.000.000 por metro cúbico em shopping centers. j) Redução da intensidade do vento canalizado em avenidas cercadas por prédios. k) Vegetação como moldura e composição da paisagem junto a monumentos e edificações históricas. 155 Considerada a cidade mais arborizada do Brasil, onde cada habitante tem direito, aproximadamente, a 17m² de área verde, além de mais de 1.200.000 árvores plantadas nas calçadas, Porto Alegre possui mais de 700 praças, 10 grandes parques, três reservas biológicas e diversos morros preservados. A cidade de Dourados é considerada a cidade mais arborizada do estado de Mato Grosso do Sul, com cerca de 60 m² de área verde para cada habitante. 16 MEIO AMBIENTE E AGROPECUÁRIA FIGURA 10 FONTE: Disponível em: <www.veja.abril.com.br>. Acesso em: 10/09/2012 Na pecuária mantém seus rebanhos em condição artificial. Se extensiva, cobre grandes áreas com a monocultura do capim, simplificando o meio biológico. É sabido que o intenso pastoreio provoca danos irreversíveis ao terreno, por causa do pisoteio, que facilita a perda de camadas superficiais por erosão e abertura de sulcos ou ravinas eaté voçorocas. Diminui-se a capacidade de suporte desses terrenos para manter as comunidades 156 biológicas. Esses ambientes desequilibrados são propícios à proliferação de pragas entomológicas, que podem invadir áreas agrícolas. Na pecuária intensiva, os animais confinados podem gerar problemas, principalmente pelo acúmulo do esterco e seu manejo que, nem sempre, é feito corretamente. É comum a proliferação intensa de moscas, que se deslocam para comunidades humanas. Ressalta-se que, de maneira geral, muitas espécies desses dípteros podem servir de vetor mecânico a inúmeras infecções. O combate aos insetos que atacam os rebanhos exige aplicação de venenos por diversas estratégias, que logicamente contaminam esses animais e seus produtos. 17 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. A história natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No primeiro, o interesse é dirigido para a relação suscetível-ambiente; no segundo, interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Abrange, portanto, dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio interno, lócus da doença, onde se processaria, de forma progressiva, uma série de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de uma determinada enfermidade. Alguns fatores são limítrofes. Situam-se, de forma indefinida, entre os condicionantes pré-patogênicos e as patologias explícitas. São anteriores aos 157 primeiros transtornos vinculados a uma doença específica, sem se confundir com a mesma e, ao mesmo tempo, são intrínsecos ao organismo do suscetível. Em uma situação normal, em ausência de estímulos, jamais se exteriorizariam como doenças. Dentre as pré-condições internas, citam-se os fatores hereditários, congênitos ou adquiridos em consequência de alterações orgânicas resultantes de doenças anteriores. 17.1 PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE O primeiro período da história natural. É a própria evolução das inter- relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, de outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável à instalação da doença. É também a descrição desta evolução; envolve as inter-relações entre os agentes etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições socioeconômico-culturais que permitem a existência desses fatores. 17.2 PERÍODO DE PATOGÊNESE A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e evolução no homem. É o período da patogênese. Esse período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as 158 perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. 17.3 PERÍODO DO DESFECHO Na última fase da história natural da doença, no período pós-fase clínica, irá naturalmente ocorrer um desfecho. Quais as alternativas desse desfecho? Quando um organismo adoece, a evolução final do processo levará a uma das seguintes possibilidades: morte, recuperação ou sequela. Aos que morreram, deverá ser preenchida uma declaração de óbito. Convém salientar que toda estatística de mortalidade, no país e fora dele, é feita com base na informação originalmente levantada na referida declaração. Para algumas doenças infecciosas de alta transmissibilidade, o fato de caixão ser lacrado é de extrema importância para evitar contato e passagem do agente para pessoas no período do cerimonial. Os recuperados voltam para o contingente dos saudáveis. Continuarão correndo o risco de adquirir novas doenças ou recaída da doença anterior. Infecções que conferem resistência permanente, como o sarampo, não devem voltar a se manifestar no acometido sob a forma clínica. De maneira bastante generalizada, todas as pessoas que adoeceram ou sofreram algum agravo ficam com alguma marca, muitas vezes, imperceptível fisicamente, mas registrada na memória imunológica ou nas lembranças, embora algumas medidas possam ser tomadas em relação aos mortos e curados; é referente aos sequelados a ênfase da prevenção no período do desfecho da história natural. Essa é categorizada como prevenção terciária de quinto nível. 159 18 SOCIEDADE SUSTENTÁVEL, EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL Há uma corrente teórica que continua a defender o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades e Responsabilidade Global, elaborado durante encontro internacional, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. A palavra desenvolvimento, entre outros significados, implica adiantamento, crescimento, aumento e progresso. Trata-se de estágio econômico, social e político de uma comunidade, caracterizado por altos índices de rendimento dos fatores de produção, ou seja, os recursos naturais, o capital e o trabalho. Seguindo essa linha de raciocínio, podem ser feitas algumas reflexões: 1) O desenvolvimento sustentável serviria a quais grupos de interesse? 2) Quais seriam os benefícios a serem atingidos? 3) Empreender esforços nesse sentido seria mesmo importante para o futuro da humanidade? 4) A preservação da Amazônia interessaria às multinacionais ou aos países industrializados? 5) Que retorno o Brasil teria ao investir em políticas públicas que garantissem a sustentabilidade daquela região? A política global da humanidade baseada em um modelo socioeconômico desequilibrado está comprometendo rapidamente a capacidade de suporte necessária à manutenção da vida no planeta. A miséria se intensifica no mundo, privando as pessoas do acesso ao alimento, à saúde, 160 à educação, ao transporte, à habitação, entre outros. Para combater essa situação caótica, cada sociedade deve se organizar de acordo com sua cultura, ambiente e história, definindo seus próprios modelos de produção e consumo. Para Rodrigues (1996), uma sociedade sustentável pode ser definida como a que vive e se desenvolve integrada à natureza, considerando-a um bem comum. O que se preconiza é o respeito à diversidade biológica e sociocultural. Essa estratégia de desenvolvimento está centrada no exercício responsável e consequente da cidadania, o que implicaria distribuição equitativa das riquezas geradas. Não utilizaria recursos além da capacidade de renovação destes, o que desencadearia processo favorável à garantia de condições dignas de vida para as gerações atuais e futuras. Como última reflexão, seria interessante especular qual seria o real papel da epidemiologia e da educação ambiental na contribuição para a construção da sociedade sustentável. Que o desafio a essa resposta não se prenda a conceitos teóricos, porém sirva como estímulo aos empreendedores das políticas e aos efetuadores das ações, que garantirão a melhora da qualidade ambiental, fator decisivo à conquista de um padrão almejado. 19 OCUPAÇÃO EXISTENCIAL DO MUNDO: UMA PROPOSTA ECOSSISTÊMICA DA QUALIDADE DE VIDA O mundo hoje padece sob o impacto de poderosos interesses, cujas estratégias econômicas, políticas e culturais afetam gravemente a saúde física, mental e social, tanto nos países desenvolvidos como não desenvolvidos,com terríveis consequências para a saúde e o meio ambiente. A definição e a compreensão dos problemas, controladas por esses mesmos interesses, são prejudicadas por representações fragmentadas da 161 realidade, que se limitam às “bolhas de superfície”, objeto de discursos acadêmicos ou manchetes de jornais, ignorando o caldo no bojo do caldeirão. Os problemas básicos estão no bojo do caldeirão efervescente, não nas bolhas que aparecem na superfície. FIGURA 11 162 FONTE: Philippi Jr. & Pelicioni, Educação Ambiental e Sustentabilidade, 2005. A “inclusão” nesse sistema de coisas gera um círculo vicioso: os novos “incluídos” acreditam que podem gozar irrestritamente das “benesses” oferecidas pelo sistema que os excluiu, debitando às próprias vítimas 163 problemas estruturais, sem questionar as estruturas responsáveis pela exclusão. O pluralismo construtivo não ignora, não nivela nem suprime as diferenças, mas aceita a diversidade, transforma-a e enriquece em termos de um sentido moral e cultural para a existência, opondo-se à visão reducionista, em que a informação passa a significar conhecimento; esquemas operacionais e táticos assumem o lugar da ação-reflexão; identifica-se e classifica-se, reduzindo atos, situações e valores implicados; toma-se o possível pelo provável, excluindo o possível-impossível, o imaginário, o utópico e a transgressão; reduz-se o risco ao aleatório; o jogo à previsão; o diferente ao indiferente; o complexo ao simples; o plural ao único, repetitivo e monótono. Sob o patrocínio de uma devastadora rede de “produtores e consumidores egocêntricos”, legitima-se uma cultura de gozo imediato e exclusivo de recursos, posições e recompensas, em que alguns podem usufruir todos os “direitos”, enquanto os demais acumulam toda sorte de obrigações. A problemática atual tem como pano de fundo uma vivência desastrosa, repercute de forma cruel sobre os segmentos desfavorecidos da população, cortados em seu desenvolvimento e incentivados a buscar, a qualquer preço, o estilo de vida imposto pela sociedade de consumo, na tentativa de se igualar aos mais privilegiados. A capacidade de escolha e decisão é afetada pelo lado da oferta, por um quadro de “opções” preestabelecidas pelas estratégias de “marketing” e propaganda, pelo lado da demanda, pela perda de sensibilidade e capacidade crítica para distinguir o que efetivamente importa para a qualidade de vida. A realidade, tanto física como social expressam diferentes espécies de conexões, não resulta da soma de diferentes objetos. Pode ser pensada como um gigantesco holograma, no qual cada região de espaço-tempo reflete os diferentes níveis de complexidade de sistemas e subsistemas. Como indivíduos dotados de subjetividade, estamos imersos em uma rede de relações imediata, sofremos e reagimos às injunções de uma sociedade maior e somos afetados pelas condições de nossos corpos e pelo 164 ambiente que nos envolve, sobre o qual exercemos uma influência cada vez maior, em termos de seus aspectos naturais e construídos. Reconhecer a dimensão íntima é reconhecer o sentido que o mundo assume para cada um, reconhecer a dimensão interativa é reconhecer que esse sentido é mediado pelos grupos de referência, reconhecer a dimensão social é reconhecer o contexto cultural, político e econômico, reconhecer a dimensão biofísica é reconhecer o ambiente natural e construído. Cada dimensão de mundo expressa a si mesma e também espelha todas as demais. Aspectos da dimensão íntima (crenças, valores, atitudes) refletem influências recebidas pelos sujeitos nas dimensões interativa (grupos a que pertencem), social (sociedade da qual fazem parte) e biofísica (ambiente em que vivem). A dimensão biofísica circunda e constitui o próprio homem; está tanto “fora” (ambiente) como “dentro” (células, órgãos, sistemas). A representação de mundo passa a ser um fenômeno que ocorre no próprio mundo, como parte integrante dele; as “realidades” do homem e do mundo são interdependentes. Para a análise dos eventos, é necessário considerar as configurações formadas pela imbricação das diferentes dimensões de mundo, associando motivações (dimensão íntima), apoios reais ou simbólicos de grupos de referência (dimensão interativa), prêmios e sanções (dimensão social) e os ambientes de vida (dimensão biofísica): dimensão íntima, características dos sujeitos, enquanto mediadores entre variáveis “objetivas” e “subjetivas” (locus de controle, habilidades, autoestima, motivos, expectativas, crenças, desejos). Dimensão interativa, características dos grupos primários e de referência (familiares, colegas, amigos, pares, associados), enquanto locus de acolhimento, apoio mútuo, trocas afetivas, construção de significados comuns, liderança compartilhada, diálogo, coesão e inclusão. Dimensão social, características da sociedade, condições econômicas e políticas, direitos e deveres, qualidade e equidade, trabalho, segurança, cultura, comunicação, cidadania, saúde, ambiente, transporte, moradia, lazer. 165 Dimensão biofísica, características do ambiente natural e construído, cidades e campos, seres vivos, ecossistemas, cenários, logradouros, vias, habitats, fauna, flora, clima, matéria e energia. As dimensões de mundo podem estar em equilíbrio ou em desequilíbrio. No modelo ecossistêmico de cultura estão em equilíbrio dinâmico; singularidade e reciprocidade são aspectos complementares; há interação, “feedback” e desenvolvimentos recíprocos; as diferenças são enriquecedoras; as dimensões têm um papel pró-ativo, em termos de doação e recepção. No modelo não ecossistêmico estão em desequilíbrio, há destruição e ruptura, diferenças e conflitos são exacerbados, o poder torna-se “domínio e exploração”; a riqueza, “exploração predatória”; o crescimento, “expansão ilimitada”; o trabalho, “especialização segmentada”. 19.1 QUALIDADE DE VIDA E CIDADES SAUDÁVEIS Cidades saudáveis possuem ambientes seguros e limpos (incluindo a moradia); ecossistemas estabilizados e sustentáveis; comunidades fortes, solidárias e não autodestrutivas; ampla participação e controle públicos nas questões de qualidade de vida e atendimento às necessidades básicas; acesso a variada gama de experiências e recursos, contatos, interação e comunicação; acesso universal aos cuidados de saúde/doença; alto nível de saúde pública; preservação da memória urbana, da herança cultural e biológica dos cidadãos; entorno urbano e economia diversificada, vital e inovadora. (OMS, 1992). A qualidade de vida é mais uma questão de processos do que de produtos. Depende tanto da cultura vigente, do meio ambiente, da organização social (saúde, educação, trabalho, lazer), das redes de apoio contra os estigmas, quanto do clima familiar, da vizinhança, dos grupos de filiação e referência, dos possíveis espaços de vivência alternativos, muitas vezes limitados, nas periferias das grandes cidades, a grupos vítimas de um 166 complexo de problemas, que se refugiam na criminalidade e no consumo de drogas. Anomalias no projeto de vida de largas parcelas da população, ausência de “capital social”, espaços coletivos degradados e segregados, inadequação de serviços públicos, transporte penoso e caótico, mercantilização de meios de comunicação social, lazer e cultura, precariedade de moradia e de trabalho, má distribuição de renda conjugam-se para criar situações altamente adversas, situações-limite à saúde física, mental e social. Nas periferias das gigantescas metrópoles de hoje as pessoas necessitam de condições e habilidades para lidar com os problemas quotidianos de qualidade de vida; questões atuais e passadas ao longo do histórico de vida de milhões de pessoas são responsáveis por agravos e experiênciastraumáticas, que se repetem ao longo de gerações sucessivas, diminuindo as chances de construção de um capital social. O capital social é um bem coletivo, de que ninguém pode se apropriar individualmente e que intervém na vida social na forma de um respeito às obrigações mútuas e às normas de comportamento que geram relações de confiança e transcendem as meras preocupações de interesse para criar o marco moral do grupo envolvido. Os problemas ambientais estão associados às questões cruciais de nossos tempos: dar um sentido moral e cultural à existência, desenvolver uma genuína comunicação entre as pessoas, construir novos paradigmas em face de novas realidades, questionando epistemológica e axiologicamente as posições cientificistas estéreis, ingênuas ou maliciosamente vinculadas ao atual sistema de coisas. Características do modelo ecossistêmico de cultura 167 Um modelo ecossistêmico de cultura é uma configuração dinâmica, em que todas as dimensões do mundo (íntima, interativa, social e biofísica) estão associadas em termos de doação e recepção. Um modelo ecossistêmico de cultura caracteriza-se pelos princípios de singularidade (promoção da identidade de cada dimensão) e comunalidade (promoção da reciprocidade entre todas). Ética, educação, saúde, ambientes saudáveis e qualidade de vida são expressões do modelo ecossistêmico de cultura, nele se originam de forma endógena e nele prosperam. Eventos fortes e sustentáveis em ética, educação, saúde, meio ambiente e qualidade de vida demandam projetos orientados por paradigmas inerentes ao modelo ecossistêmico de cultura. Princípios de ética, educação, saúde e qualidade de vida sem sofrer artificiosa manipulação nos modelos não ecossistêmicos de cultura em benefício da preservação do próprio status quo. Princípios de ética, educação, saúde e qualidade de vida não prosperam na vigência de modelos não ecossistêmicos de cultura, não ultrapassando a condição de “remendos em tecidos corrompidos”. Modelos não ecossistêmicos de cultura destroem a singularidade e a reciprocidade entre as quatro dimensões de mundo, produzindo os mais variados agravos à qualidade de vida. 20 PROMOÇÃO DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE A importância da educação para a promoção da saúde é inegável e tem sido reconhecida por meio dos tempos por diferentes autores como fator imprescindível para a melhoria da qualidade de vida. As práticas de saúde adequadas não decorrem de experiências contínuas de ensino-aprendizagem e acabam influenciando as decisões a 168 serem tomadas ao longo da existência dos indivíduos, podendo contribuir para diminuir, manter ou elevar o seu nível de saúde. A abordagem educativa deve, portanto, estar presente em todas as ações para promover a saúde e prevenir as doenças, facilitando a incorporação de ideias e práticas corretas que passem a fazer parte do cotidiano das pessoas de forma a atender suas reais necessidades. Tomando como ponto de partida o saber gerado em todas as situações vivenciadas no dia a dia, deve-se procurar atender aos interesses dos vários grupos sociais pertencentes a diferentes classes sociais. Ao falar sobre a educação popular realizada com os movimentos populares por meio da participação em lutas nos mais variados espaços mencionam uma educação política que não se dissocia da vida cotidiana, a qual é base para a compreensão dos problemas no bairro, é ponto de partida para reflexões sobre as estratificações sociais e de poder que refletem, no nível local, a estrutura social e política mais ampla. As pessoas educam-se na ação desenvolvida, descobrem a solidariedade e a opressão e, pela organização, a esperança de transformar a situação encontrada. A chamada “era microbiana” ou “bacteriológica” enfatizava a concepção biológica da doença e foi marcada por uma educação controladora, baseada na teoria tradicional liderada por Durkheim que explicava o surgimento das doenças de forma bastante simplista, isto é, pela “ignorância e descaso das pessoas”. Como a educação em saúde é parte da saúde pública e, consequentemente, da medicina, cada época reflete as tendências dessas áreas e acaba reproduzindo suas concepções. Assim, não se pode criticar a fase higienista e/ou comportamentalista da educação em saúde sem localizá-la no tempo e no espaço já que sempre recebeu influência não só da saúde pública como da própria medicina. 169 No Brasil, até o início do século XX, as preocupações do setor saúde centravam-se apenas nas situações de epidemia e, no campo da educação, restringia-se ao ensino de hábitos de higiene. Mudanças nas estruturas sociais, econômicas e políticas relacionadas a diversos fatores como: a abolição da escravatura; a saída dos trabalhadores e suas famílias do campo para cidades carentes de infraestrutura; o desenvolvimento do comércio e da indústria; a necessidade de ampliar o comércio externo e receber imigrantes europeus exigia soluções rápidas para as doenças que assolavam os núcleos urbanos e começavam a ameaçar a força de trabalho, bem como a expansão das atividades capitalistas. Nesse sentido, merecem destaque as políticas de saúde da Primeira República, consideradas, por alguns autores, como estratégias das classes dominantes relacionadas à dinâmica do capitalismo nacional e internacional. Doenças como varíola, peste e febre amarela entre outras de rápida transmissibilidade começaram a exigir um controle mais rígido, principalmente quanto às suas causas ambientais. A gestão do médico Oswaldo Cruz à frente dos serviços federais de saúde, entre 1903 e 1909, caracterizou o primeiro período do movimento sanitarista brasileiro. Nessa época, as ações de saúde, notadamente, o saneamento urbano e combate às epidemias foram concentradas no Rio de Janeiro (Distrito Federal) e em alguns portos. Ainda nessa fase, a “polícia sanitária” dedicava-se ao confinamento de enfermos em desinfectórios e à vacinação compulsória da população, relegando a educação a um segundo plano. A atenção à saúde voltava-se também às classes mais favorecidas e à classe média por meio do oferecimento de serviço de profissionais liberais (médicos generalistas). Os esforços de educação em matéria de saúde foram sistematizados com a reorganização dos serviços sanitários federais e a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública como parte integrante do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 1923, foi incorporado ao Departamento, o Serviço de Propaganda e Educação Sanitária. O termo “educação sanitária” foi, então, inserido na legislação federal pela primeira vez. 170 O denominado sanitarismo desenvolvimentista teve início voltando-se para a zona urbana com as campanhas sanitárias de controle de epidemias e atenção médica, realizadas pelas Santas Casas de Misericórdia e para o desenvolvimento da zona rural fomentado pelo SESP com financiamento da Fundação Rockefeller. A educação, nesse período, era vista como um processo individual de mudança de comportamento em que os fenômenos sociais responsáveis pelas barreiras à aprendizagem não eram considerados, e muito menos as raízes estruturais e socioeconômicas dos problemas de saúde. A prática profissional na área era conservadora e reprodutiva, traduzida em ações de higienização, normatização e domesticação. Em 1993, uma definição de Saúde Ambiental, que insere também os aspectos de atuação prática, foi apresentada na Carta de Sofia, produzida no encontro da Organização Mundial de Saúde, realizado na cidade de Sofia: Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatoresdo meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras (OMS, 1993). O grande número de fatores ambientais que podem afetar a saúde humana é um indicativo da complexidade das interações existentes e da amplitude de ações necessárias para melhorar os fatores ambientais determinantes da saúde. Porém, os programas de melhorias no ambiente têm ações bastante diferenciadas daquelas de atenção médica, ainda que não possam estar desvinculadas delas. As preocupações com aspectos ambientais, tanto em relação à Saúde Pública quanto em relação a outras características dos diferentes grupos 171 sociais (organização social, cultural e econômica), existem desde os primórdios da história humana e constituíram importante base analítica do pensamento social no passado. Hoje, essas questões voltam a chamar a atenção de diferentes ciências. Clarence Glacken (1967) sintetiza essas preocupações em três grandes perguntas, que tiveram destaque em diferentes momentos da história humana: 1. Qual o sentido da criação humana e qual a concepção da terra? Ou seja, a terra foi criada para o ser humano? 2. Qual a influência do entorno físico – do meio ambiente – nas características do ser humano e das sociedades? 3. Como os seres humanos vêm transformando a terra? A primeira dessas questões está presente em quase todas as religiões. O exemplo mais conhecido é o do catolicismo que usa a metáfora de Deus, criando o mundo para os homens nele habitarem e procriarem. A segunda questão já nos interessa de perto, pois se preocupa com o impacto do meio ambiente sobre a atividade humana e as sociedades. Essa preocupação é bastante antiga e está nas raízes do determinismo ambiental ou environmentalism. Um de seus expoentes mais notáveis, já na Grécia Antiga, foi Hipócrates, ainda que seja mais conhecido por seus escritos em medicina, mais especificamente por seu “juramento”. Sua obra, denominada Dos Ares, das Águas e dos Lugares, ilustra suas preocupações com aspectos ambientais na determinação das doenças. A Saúde Pública, como disciplina prática de política sociossanitária, inclusive, atualmente, é herdeira do ambientalismo Hipocrático. A terceira questão é da maior relevância na atualidade, consistindo na avaliação dos impactos das diferentes ações da humanidade sobre os ecossistemas. 172 No âmbito da Saúde Ambiental, tem ganhado destaque nas últimas décadas, em decorrência da verificação do importante papel das transformações ambientais na modificação dos padrões de saúde e doença na face da terra, em diferentes escalas geográficas. No estudo das afecções infecciosas, a ecologia das doenças ou dos complexos patogênicos continuava a ser de interesse. A área de extensão de um complexo depende em grande parte das condições do meio, e a ecologia do grupo (sinecologia) é resultante das ecologias individuais de seus membros. Haveria uma geografia das enfermidades infecciosas no globo terrestre relacionada a faixas climáticas (temperatura e umidade) e o controle dos vetores se baseava em sua destruição, com emprego do DDT e a supressão dos biótopos que lhes servem de apoio. Essa forma de luta também se mostrou bastante problemática. Os vetores desenvolveram resistência ao DDT que, por sua vez, frequentemente, tinha resultados mais negativos que a própria doença que se pretendia exterminar. As contaminações tornaram-se frequentes, sobretudo no âmbito dos profissionais de saúde. Mas o meio ambiente foi o principal prejudicado e a avifauna, a mais afetada. Era urgente a necessidade de um novo modelo de saúde ambiental, que enfocasse aspectos preventivos. A nova Saúde Ambiental ampliou seu potencial e seus horizontes, ao mesmo tempo em que desenvolveu sua base científica e pragmática. Concomitantemente, vem fornecendo uma base mais sólida para a efetividade de políticas e programas de saúde coletiva no enfrentamento dos complexos problemas científicos, sociais e administrativos, almejando níveis mais altos de saúde para a totalidade das populações. O paradigma hospedeiro/agente/meio ambiente se expandiu, com um alargamento da definição de cada um dos componentes, em relação tanto às doenças infecciosas quanto às doenças crônico-degenerativas. As intervenções para mudar os fatores relativos aos hospedeiros, aos agentes ou aos ambientes constituem a essência da nova saúde pública. A 173 saúde dos indivíduos é afetada por fatores de risco intrínsecos àquela pessoa e por fatores externos. Adota-se a abordagem de risco, que seleciona grupos populacionais na base de risco e auxilia a determinação de intervenções prioritárias para reduzir a morbidade e a mortalidade. No Brasil, os enfoques na abordagem de problemas de saúde relacionados ao meio ambiente seguiram, em linhas gerais, os mesmos enfoques internacionais. As preocupações com os problemas ambientais e sua vinculação com a saúde humana foram ampliadas no Brasil, a partir da década de 1970. Durante essa década, foi criada a SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente) e, a exemplo dos EUA, foram estabelecidos os Padrões de Qualidade do Ar e das Águas. No estado de São Paulo, foi criado um órgão de controle ambiental, pretendendo controlar, em um primeiro momento, a poluição de origem industrial e, da década de 1980 em diante, também a poluição causada por veículos. A despeito de ser uma política setorial, desvinculada do setor saúde, ela trouxe alguns resultados positivos, com reflexos nas condições de saúde. A Constituição Federal, de 1988, expressa essa preocupação em diversos artigos: Art. 196 define saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 225 diz: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 174 dever de defendê-lo, preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Art. 200, incisos II e VIII, fixam como atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras, a execução de ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador e colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Juntamente com a evolução da legislação, ampliou-se a consciência de que a saúde, individual e coletiva, em suas dimensões física e mental, está intrinsecamente relacionada à qualidade do meio ambiente. Essa relação tem se tornado mais evidente para a sociedade em virtude da sensível redução da qualidade ambiental, verificada nas últimas décadas, consequência do padrão de crescimento econômico adotado no país e de suas crises. O modelo de crescimento econômico brasileiro tem gerado fortes concentrações de renda e de infraestrutura, com exclusão de expressivos segmentos sociais de um nível de qualidade ambiental satisfatório, com decorrentes problemas de saúde, tais como doenças infectoparasitárias nos bolsões de pobreza das cidades e do país, onde são precárias as condições sanitárias e ambientais. Uma parcela da população que vive em condições precárias é mais vulnerável às agressões ambientais, propiciadoras de doenças. Esses fatores, agravados pela falta de infraestrutura e de serviços de saneamento nas áreas mais pobres, levam a uma sobrecarga do setor de saúde com pacientes acometidos de doenças evitáveis. Na população brasileira há o reflexo das situações apontadas anteriormente, traduzindo-se na coexistência de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas, ambas vinculadas aos fatores ambientais. As primeiras, relacionadas à presença de vetores e à contaminação daságuas, e as crônico degenerativas, fundamentalmente, à poluição ambiental, à má qualidade dos alimentos e ao estresse. Cresce, também, os óbitos e lesões causadas por acidentes e violência, especialmente entre os jovens. 175 Hoje, diante da expressiva degradação ambiental que o processo de desenvolvimento ocasionou, há um desejo de reorientação de suas formas. A proposta de desenvolvimento sustentável, empunhada pelos ambientalistas, vem recebendo grande número de adeptos. No âmbito da ecologia social, o conceito de desigualdade ambiental vem sendo inserido na fundamentação dos estudos e pesquisas. A desigualdade ambiental é a exposição de indivíduos e grupos sociais a riscos ambientais diferenciados. Os indivíduos não são iguais do ponto de vista do acesso a bens ambientais, tais como ar puro, áreas verdes, locais salubres para moradia, embora muitos desses bens sejam públicos. Essa discussão traz o debate para o tema da ética. No entanto, o espectro ideológico do ambientalismo é altamente complexo, indo de uma abordagem mais naturalista e ecocêntrica, passando pela ecologia social, até o ecossocialismo. A Saúde Ambiental atual baseia-se no reconhecimento da existência e das necessidades de todos os seres humanos e no encontro de soluções dentro dos princípios de equidade e de universalidade. 21 PLANEJAMENTO AMBIENTAL O fortalecimento da cidadania depende da instrumentalização da gestão democrática da cidade, inserida no contexto do novo paradigma político-ambiental da sociedade globalizada: O Estado de Direito do Ambiente. Atualmente, a perspectiva do desenvolvimento urbano nas grandes cidades combate a degradação ambiental causada pela urbanização acelerada, especialmente nos centros industriais, onde a crise ecológica global desencadeou uma crescente onda de catástrofes naturais causadas pela 176 devastação dos recursos naturais, e pelo chamado aquecimento global causado pela emissão intensa de gases poluentes no ar. A conscientização global da crise ambiental requer a participação conjunta entre o Estado e a coletividade, daí o surgimento do Estado democrático de direito do ambiente, em que as políticas públicas somente podem se tornar eficientes a partir da inserção de alternativas originadas no seio da sociedade, com a implementação de tecnologias e de capacitação de recursos humanos voltados para a sustentabilidade, além da criação de leis que permitam a regulação das estratégias de desenvolvimento sustentável. A Lei Federal n. 10.257/01 (Estatuto da Cidade) foi criada para promover o controle municipal do processo de desenvolvimento socioeconômico e de urbanização. Com base nas políticas urbanas, todo município com mais de vinte mil habitantes tem a obrigação de promover o equilíbrio sustentável entre o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental, visto que o binômio desequilíbrio ambiental/ desigualdade social tem marcado o crescimento das cidades brasileiras. O advento desta lei reflete a necessidade de estabelecer um freio aos parâmetros de desenvolvimento que tem marcado a era da globalização, regulando o disposto nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, que consistem na garantia constitucional da real função social da propriedade e da gestão democrática das cidades para o pleno e “sustentável” desenvolvimento urbano. A questão da educação ambiental aborda um sentimento de participação democrática na gestão das cidades, proporcionando a sensação de bem-estar aos cidadãos, visto que o objetivo de se inserir nas políticas públicas ambientais não é apenas um ato de cidadania, mas conduz a uma reivindicação de justiça social e qualidade de vida para cada um que tenta transformar a sociedade em busca da sustentabilidade emergente. O desenvolvimento humano tem na sustentabilidade o principal eixo de equilíbrio entre as atividades produtivas e a gestão do meio ambiente. A 177 possibilidade de preparar o ser humano para o engajamento e transformação das políticas de planejamento ambiental se concretiza pela educação ambiental, pois a partir dessa o cidadão poderá estar apto para exigir ética nas relações sociais e com a natureza em prol do desenvolvimento sustentável. A conscientização ambiental emergente na atualidade surge com uma nova era política, em que a colaboração internacional faz parte de um contexto de tragédias humanas e catástrofes naturais afetadas pela ação humana, como a problemática do aquecimento global agravado pela emissão de gases poluentes pelos países industrializados. Portanto, a visão de que os seres humanos são responsáveis pelos problemas ambientais que culminou na crise ecológica e no risco de extinção da vida na Terra, também é a resposta para a solução dessa crise, pois se entende que o ser humano não tem somente capacidade destrutiva, mas da capacidade criativa surgirão alternativas viáveis ao fortalecimento de políticas sustentáveis. Pela educação ambiental o conhecimento do meio em que se vive é propagado e valorizado como indispensável à promoção de uma plataforma política ambiental eficiente e condizente com a realidade atual. Essa valorização do conhecimento traduz a necessidade de capacitar recursos humanos em busca de alternativas viáveis ao desenvolvimento socioeconômico de uma região tão rica ambientalmente e tão pobre social e economicamente. Educação ambiental envolve muito mais que simples conhecimento, envolve aspectos políticos, sociais e ecológicos que transformam realidades de insegurança e medo em propostas de luta pela sobrevivência digna do ser humano, levando-se em conta que o conceito de sustentabilidade aborda a preocupação com o bem-estar das presentes e futuras gerações. 22 SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E A AMAZÔNIA 178 FIGURA 12 FONTE: Disponível em: <www.cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 10/09/2012 O Brasil possui 1,15 milhão de km2 de floresta amazônica adequados à exploração sustentável, segundo aponta estudo realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Essa é a área que poderia ser destinada à criação de Florestas Nacionais (Flonas), zonas reservadas ao uso sustentável e à proteção da biodiversidade. O Brasil possui a maior reserva e variedade de florestas tropicais e subtropicais do Planeta, razão pela qual é considerado como o principal membro do Grupo dos Países Megadiversos, abriga nelas uma incontável quantidade de recursos genéticos. Paradoxalmente, mais da metade dessas florestas são terras públicas pertencentes à União, aos Estados ou aos Municípios (na Amazônia, chegam a 75% e outra parte se encontra em UCs e terras indígenas, mas a maioria está constituída por “terras devolutas”, sem regulamentação, que ao longo do tempo se tornaram alvo da grilagem, da ocupação ilegal, do desmatamento e das queimadas, gerando graves problemas ambientais e econômicos). 179 A ameaça de estagnação econômica na Amazônia reflete a pressão internacional na preservação ambiental desta que é considerada uma região com um potencial hídrico e florestal abundante de recursos naturais. O título de “patrimônio natural da humanidade” rende à Amazônia um congelamento das atividades produtivas, pois se entende que é necessário conservar intacta a biodiversidade amazônica em nome da humanidade. O conhecimento e a compreensão da riqueza ecológica da Amazônia é ponto fundamental para se propor a utilização dos recursos naturais da região de forma sustentável. Os detentores originários desta terra conservam um expressivo rol de conhecimento da biodiversidade amazônica que se expressa pela utilização responsável deste potencial ecológico. Já não é possível supor que a sustentabilidade humana seja motivo para estagnar o desenvolvimento de nações como o Brasil e a Índia, que não destruíram seus recursos naturaiscom a industrialização, mas que podem aprender com os erros das nações industrializadas. O padrão atual de exploração predatória, responsável por danos excessivos à floresta e aumento do risco de incêndio, gera um ciclo econômico do tipo "boom-colapso". No início, a extração das árvores de maior valor gera um rápido crescimento econômico. Após oito anos, em média, essas árvores são exauridas e inicia-se a extração das de médio e baixo valor. Em 20 anos, esgota-se a madeira de valor comercial e a economia local entra em colapso. Em seu lugar, fica apenas uma pecuária de baixa produtividade, pois o solo na Amazônia em geral é pobre para a agricultura e o clima favorece a proliferação de pragas. Em uma área de 1 milhão de hectares (ha), o número de empregos cai de 4.500, no auge da exploração madeireira, para 500, na pecuária. O investimento em educação e pesquisas que envolvem o conhecimento acerca da biodiversidade amazônica é um forte aliado do desenvolvimento sustentável, tendo em vista que a ciência e a tecnologia é um processo natural e evolutivo da humanidade, configurando-se como uma necessidade humana diante das conquistas já alcançadas em anos de história. A gestão da biotecnologia amazônica não é uma questão apenas singular que requer a observação sistemática do potencial ecológico amazônico, mas reflete 180 uma pressão internacional que tende a promover a interferência externa e ferir a soberania nacional. Tendo em vista que a ação antropológica é um fator de sustentabilidade, o etnoconhecimento amazônico é a ponte para a construção de uma política democrática e eficiente capaz de promover o planejamento ambiental e o manejo adequado dos recursos naturais da região. O governo desenvolveu o Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado em 8 de maio de 2008. É um plano do Governo Federal brasileiro em parceria com os governadores dos estados da região amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). O plano tem como objetivo definir as diretrizes para o desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira. O PAS não é um plano operacional, mas estratégico, contendo as diretrizes gerais e as recomendações para sua implementação. As ações operacionais serão planos sub-regionais, alguns já elaborados ou em processo de elaboração, como o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável para o Arquipélago do Marajó e o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu. O PAS está organizado em torno de cinco grandes eixos: Produção sustentável com inovação e competitividade; Gestão ambiental e ordenamento territorial; Inclusão social e cidadania; Infraestrutura para o desenvolvimento; Novo padrão de financiamento. 23 SUDAM Às diretrizes gerais ressaltam a atuação do Estado, inclusive com a ampliação de sua presença na região em todos os níveis, principalmente no http://pt.wikipedia.org/wiki/8_de_maio http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Acre http://pt.wikipedia.org/wiki/Amap%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazonas http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cuiab%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Santar%C3%A9m http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Maraj%C3%B3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Xingu 181 federal e no estadual, mas também no municipal e nas organizações da sociedade regional. Isso se dará pelo fortalecimento institucional da recém- criada Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O papel da Sudam será elaborar o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia, esse em sintonia com o PAS, com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em parceria com os governos estaduais envolvidos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Superintend%C3%AAncia_de_Desenvolvimento_da_Amaz%C3%B4nia 182 INTRODUÇÃO Neste módulo, abordaremos as aplicações da Educação Ambiental Formal, isto é, a aplicabilidade no ambiente escolar. Temos que compreender que a Educação Ambiental está inserida nos Parâmetros Curriculares como um assunto Transversal que deve ser abordado por todas as disciplinas e não ficar a cargo somente da disciplina de Ciências ou Biologia, tendo assim um enfoque interdisciplinar. Diversas escolas já inseriram com sucesso projetos de Educação Ambiental, citaremos algumas no decorrer do módulo. Também iremos sugerir exemplos de projetos, formação da Agenda 21 na escola e diversas dinâmicas para aplicar com os alunos. Bom estudo! 24 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL Entende-se como Educação Ambiental Formal a educação compreendida no âmbito escolar (ensino regular), cujos objetivos estão compreendidos nos referenciais curriculares, abordados por todas as matérias, sendo assim um assunto interdisciplinar. A Educação Ambiental é outra concepção de educação que toma o espaço da gestão ambiental como elemento estruturante na organização do processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, para que haja de fato controle social sobre decisões que afetam o destino de muitos, senão de todos, destas e de futuras gerações. Essa proposta é substancialmente diferente da chamada Educação Ambiental convencional cujo elemento estruturante da sua prática pedagógica é o funcionamento dos sistemas ecológicos. A proposta praticada pelo IBAMA refere-se à Educação Ambiental Crítica que, segundo Capra (2002) é um 183 processo educativo, eminentemente político, que visa ao desenvolvimento, nos educandos, de uma consciência crítica acerca das instituições, atores e fatores sociais geradores de riscos e respectivos conflitos sócios ambientais. As características específicas da Educação Ambiental, tanto em nível temático como metodológico, exigem processos específicos de capacitação dos professores, para que a EA ser implementada na escola. Quando a proposta é introduzir inovações educativas nas escolas, tal como sucede com a definição das novas diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais e, em especial, com os temas transversais de relevante interesse social, que visam à atualização e adequação dos currículos às complexas e dinâmicas condições do mundo contemporâneo, a capacitação dos responsáveis pela execução dessas inovações é absolutamente imprescindível. Uma educação inovadora atravessada por conceitos complexos e não unívocos, como ambiente e desenvolvimento sustentável, que pretende fornecer uma compreensão crítica e transformadora e desenvolver valores e atitudes que conduzam os sujeitos da educação a se inserirem em processos democráticos de transformação das modalidades de uso dos recursos naturais e sociais e de entender a complexidade das relações econômicas, políticas, culturais, de gênero, entre outras, e ainda agir em consequência com as análises efetuadas como cidadão responsável e participativo, exige a realização efetiva de processos de formação em serviço, a fim de que esta capacitação teórico-prática se reflita posteriormente nas ações a serem implementadas. As diversas dificuldades existentes devem-se, muitas vezes, às formas simplistas com que tem sido concebida e aplicada a Educação Ambiental, reduzindo-a a processos de sensibilização ou percepção ambiental, geralmente, orientados pela inserção de conteúdos da área biológica, ou a atividades pontuais no Dia do Meio Ambiente, do Índio, da Árvore, ou visitas a parques ou reservas. Essas atividades têm sim sua importância, mas apenas assinalam que elas são necessárias, porém não suficientes, para desenvolver 184 conhecimentos e valores, tais como eles são postulados nos PCN de MeioAmbiente e de Ética. A sensibilização é uma etapa inicial da Educação Ambiental, assim como o entendimento das relações ecológicas e dos conteúdos da biologia é imprescindível para avançar nos processos da Educação Ambiental, mas não é Educação Ambiental. A percepção das belezas da natureza ou dos graves problemas ambientais de lixo ou contaminação constitui elemento importante para a compreensão da temática ambiental; mas quando essas noções ficam simplesmente na ação de sensibilização, não produzem avanços significativos para uma compreensão mais abrangente da sociedade, nem se refletem em mudanças de atitudes e, muito menos, ajudam a construir uma nova forma de racionalidade ambiental, que consideramos o objetivo final do processo de Educação Ambiental para o desenvolvimento sustentável. A questão ambiental, quando abordada na Escola, a partir de práticas interdisciplinares facilita a aprendizagem de valores e atitudes, aspecto que até então vinha sendo pouco explorado. O indivíduo, a sociedade e a espécie não são inseparáveis, mas interligam-se de tal forma que se tornam coprodutores um do outro. 25 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNS) O tratamento da Educação Ambiental, tema transversal, como é sugerido nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que surgiram com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9394/96, de 20 de Dezembro de 1996, no currículo da Escola, permite aprofundar as fontes teóricas que permeiam as práticas pedagógicas vigentes. 185 Os Parâmetros Curriculares Nacionais, colocando a Educação Ambiental como um tema transversal, permitem promover o exercício da cidadania na busca de uma melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, colocando como ponto relevante as relações socioambientais decorrentes das ações humanas, abrindo novas perspectivas ao desenvolvimento de habilidades para participar desses novos tempos que se iniciam. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, quando sugerem o estudo do meio ambiente como um dos temas transversais, defendem um estudo dependente da qualidade, em um respeito mútuo cuidando do que é de todos. Percebe-se aí a necessidade da humanidade viver o cotidiano em relação harmônica com os outros seres do planeta. A Educação Ambiental ganhou uma nova abordagem a partir da LDB, que determinou a elaboração do Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172 de 2001). O ensino da Educação Ambiental também é lembrado na Constituição Federal de 1988, especialmente no Artigo 225, §1º, VI: promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Uma das maiores contribuições para a educação moderna foi a introdução dos Temas Transversais, sugeridos pelo PCN, que abrem novas perspectivas para a conquista de novas habilidades por parte dos alunos. Essas disciplinas permitem a constante reconstrução de conceitos, valores e posturas diante dos fatos. Proporcionam visões diferentes do assunto em questão. Trata-se de construir diálogos fundados nas diferenças, abraçando concretamente a riqueza da diversidade. Alguns pontos polêmicos no debate ambiental segundo o PCN A questão ecológica ou ambiental deve se restringir à preservação dos ambientes naturais intocados e ao combate da poluição; as demais questões (envolvendo saneamento, saúde, cultura, decisões sobre políticas de 186 energia, de transportes, de educação, ou de desenvolvimento) são extrapolações que não devem ser da alçada dos ambientalistas. Os que defendem o meio ambiente são pessoas radicais e privilegiadas, não necessitam trabalhar para sobreviver, mantêm-se alienadas da realidade das exigências impostas pela necessidade de desenvolvimento; defendem posições que só perturbam quem realmente produz e deseja levar o país para um nível melhor de desenvolvimento. É um luxo e um despropósito defender, por exemplo, animais ameaçados de extinção, enquanto milhares de crianças morrem de fome ou de diarreia na periferia das grandes cidades, no Norte ou no Nordeste. Quem trabalha com questões relativas ao meio ambiente pensa de modo romântico e ingênuo; acredita que a natureza humana é intrinsecamente “boa” e não percebe que, antes de tudo, vem a dura realidade das necessidades econômicas. Afinal, a pior poluição é a pobreza, e para haver progresso é normal algo ser destruído ou poluído. Idealiza-se a natureza, quando se fala da “harmonia da natureza”. Como se pode falar em “harmonia”, se na natureza os animais se atacam violentamente e se devoram? Que harmonia é essa? É essa visão, que erroneamente as pessoas fazem sobre as questões ambientais, que um educador ambiental deve combater; e é na escola que inicia esse processo, sensibilizando para a conservação da água, a situação do lixo, o desperdício dos alimentos, o zelar com o espaço que está ocupando no momento. A nova LDB afirma, em várias ocasiões, a necessidade de se trabalhar educativamente o conceito de realidade, trabalhar o contexto em que o aluno está envolvido, o que faz parte da sua realidade. 25.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR 187 A questão ambiental, quando abordada na escola, a partir de práticas interdisciplinares facilita a aprendizagem de valores e atitudes, aspecto que até então vinha sendo pouco explorado. A interdisciplinaridade está presente na Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999, Art. 2º, que diz: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”. As práticas interdisciplinares devem ter como objetivos desenvolver a postura crítica e trabalhar sobre atitudes e valores do educando. O desenvolvimento de um pensamento ético-ambiental pode aproximar a ação humana do próprio homem como força atuante na natureza. Esse homem deve deixar a compaixão em detrimento da racionalidade humana, pois é em um exercício de renúncia voluntária ao centralismo antropológico que se aproxima da Natureza. Os professores, inseridos no trabalho interdisciplinar, proporcionam ao aluno a construção de conceitos fundados nos mais variados pontos de vista, buscando, dentro da realidade de suas comunidades, explicações para fatos globais. Educação Ambiental, como tema transversal, resulta na articulação de diversas disciplinas e práticas educativas, deve superar pontos críticos que, por muito tempo, foram ignorados, por vários motivos, e atinge a dimensão ética que perpassa todo o currículo. A prática interdisciplinar está ligada a uma soma de conteúdos, proveniente de atividades conjuntas que buscam a interação de temas geradores de polêmica. Deve-se considerar que os integrantes dessas atividades precisam buscar a conexão entre o ambiente exterior e o interior. 188 Assim, o professor, assume seu papel como um pesquisador; para que isso aconteça, ele necessita de estudos, leituras, reflexões sistematizadas para poder atuar com segurança na própria realidade. Prepara-se, assim, para trabalhar com o imprevisto, com o desconhecido - deixando de lado sua posição de simples treinador para assumir a parceria e a cumplicidade com seus colegas e alunos. 25.2 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Como qualquer outra área de conhecimento, a Educação Ambiental possui especificidades conceituais que devem ser compreendidas com clareza para um correto desempenho de suas atividades. Soma-se a isto, ainda, uma problemática maior, que não se apresenta nas disciplinas tradicionais. A Educação Ambiental é um campo de conhecimento em formação, permeado por contradições e com um histórico que lamentavelmente torna mais complexoo seu processo de assimilação. Estamos partindo do pressuposto de que o conceito de Educação Ambiental que permeia a educação em geral consiste em: A Educação Ambiental como processo que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e a adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo 189 desenfreado. A Educação Ambiental visa à construção de relações sociais, econômicas e culturais capazes de respeitar e incorporar as diferenças (minorias étnicas, populações tradicionais), à perspectiva da mulher e à liberdade para decidir caminhos alternativos de desenvolvimento sustentável, respeitando os limites dos ecossistemas, substrato de nossa própria possibilidade de sobrevivência como espécie (MEDINA,1998). Em outros termos, entendemos a Educação Ambiental como a resposta, no âmbito da educação, aos desafios atuais. Os conteúdos abordados objetivam a homogeneização de conceitos básicos da dinâmica ambiental e a discussão/reflexão sobre o conflito existente entre esta dinâmica e as tendências comportamentais de uso irracional do meio, a fim de proporcionar aos participantes a possibilidade de escolha consciente de quais caminhos de desenvolvimento devem ser seguidos e quais as consequências dessa escolha. Os princípios gerais que a Educação Ambiental segue são apresentados a seguir: Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o pensamento sistêmico sobre a dimensão ambiental e educativa. Práticas relacionadas à sensibilização: percepção ambiental (meio físico, biológico e antrópico). Compreensão: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem o sistema natural. Práticas relacionadas à compreensão: delimitação da área de estudo, visualização de relevo, definição de ocupação e uso do solo, determinação das áreas verdes e porcentagem de impermeabilização do solo, levantamento histórico-econômico da ocupação, determinação dos eixos de expansão, grau de impactos ambientais (água, solos, vegetação, fauna, resíduos sólidos) e possíveis limites de recuperação. 190 Responsabilidade: reconhecimento do ser humano como principal protagonista para determinar e direcionar a manutenção do planeta. Práticas relacionadas à responsabilidade: estudo e interpretação das Constituições (federal e estadual), das legislações ambientais (federal, estadual, municipal), dos códigos específicos (florestal, pesca), das políticas públicas (recursos hídricos, meio ambiente, resíduos sólidos), das normas e resoluções (federal, estadual) e da Lei Orgânica Municipal. Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema. Práticas relacionadas à competência: elaboração e aplicação de projetos de atuação direta no meio (recuperação, manutenção, criação de áreas verdes), viabilização de uma ação de fiscalização integrada da comunidade com os órgãos executivos competentes (Polícia Florestal, DEPRN, Sanesul, Prefeitura Municipal). Cidadania: capacidade de participar ativamente, resgatando os direitos e promovendo uma nova ética capaz de conciliar a natureza e a sociedade. Práticas relacionadas à cidadania: efetivação de ações comunitárias, elaboração de metas, programas e políticas locais. No processo de formação dos educadores para trabalhos educativos relacionados com a temática ambiental, o Ministério da Educação, as secretarias estaduais de educação e as universidades devem ser, sem dúvida alguma, as instituições que garantam a elaboração e a implementação de políticas e o cumprimento das responsabilidades por parte do Estado nessa área. No entanto, é um grande risco concentrar todos os esforços apenas nesses espaços institucionais. Na verdade, é extremamente recomendável que, nessa tarefa, sejam envolvidas as diferentes instituições governamentais e não governamentais. É por meio da articulação entre os diferentes níveis do Estado e das instituições da sociedade civil que a complexidade e a riqueza, quanto às diferentes dimensões que esse processo demanda poderão ser consideradas. 191 Desenvolvimento do Plano de Aula de Educação Ambiental Todo processo de planejamento deve ter necessariamente quatro etapas: 1. O conhecimento da realidade; 2. A concepção de um plano; 3. A execução do plano; 4. O acompanhamento, o monitoramento e a avaliação das ações. Na prática, essa sequência é um ciclo continuado, com o acompanhamento reordenando a concepção e a execução do plano. Essas etapas se integram, envolvem-se e ocorrem simultaneamente. O conhecimento da realidade é um processo permanente. Essa estratégia de planejamento, em que há a necessidade de um ajuste contínuo, envolvendo uma sucessão de mudanças incrementais, permitindo que a cada passo se possa aprender com base nas consequências das decisões anteriores, denomina-se incrementalismo disjunto. Se, em conjunto com esse ajuste contínuo, ocorrer um processo de aprendizado participativo em que as ações de diversas partes do sistema social sofram uma mudança na direção da colaboração, essa estratégia passa a ser denominada de incrementalismo articulado. Nessa concepção, o futuro estado desejável pode ser modificado, pois a transformação de um sistema social é gradual, e cada mudança real que ocorre no sistema modifica a definição do futuro estado desejado. 192 O processo de planejar sempre envolve um conjunto de aspectos considerados intrínsecos ao seu desenvolvimento. São as dimensões racional, política, valorativa e técnico-administrativa. Para o desenvolvimento de um projeto educacional devem-se seguir alguns passos, tais como: Tema: é o que vou pesquisar, abrange um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Também pode ser um assunto interessante para o pesquisador (educador), educando, instituição, comunidade. Por exemplo: será que os resíduos sólidos causam muito impacto no meio ambiente? Objetivos: nesse item, o professor deve deixar explícita sua intenção na realização do projeto. Por exemplo: reconhecer os impactos ambientais causados por resíduos sólidos. Introdução: revisão sobre o assunto a ser trabalhado de forma sucinta para situar o leitor, mostrando o que já foi feito sobre o tema. Passos que auxiliam na revisão de literatura: quem já pesquisou algo semelhante, buscar trabalhos semelhantes ou idênticos, demonstrar a necessidade de desenvolver o trabalho, e relatar grandes feitos de outros pesquisadores. Por exemplo: "Jogue o lixo no lixo", pedem as campanhas educativas. Saber que uma pessoa gera em média 25.000 quilos de detritos ao longo da vida assusta qualquer um. Estaria a Terra condenada a se tornar um colossal depósito de refugos? O texto de VEJA abre uma boa perspectiva para você examinar, em sala de aula, o impacto ambiental causado pelas formas de disposição do lixo. Caracterização do problema: são a proposições específicas, as respostas que se propõe a responder, a definição clara do problema e a delimitação em termos de tempo e espaço. Justificativa: por que eu devo estudar esse tema? Quais são as vantagens e benefícios que a pesquisa irá proporcionar? Qual é a importância pessoal/comunidade/município/estado/país? Além de responder a essas perguntas, a justificativa também tem que ser convincente e delimitar razões de ordem teórica e prática que justifiquem o desenvolvimento da pesquisa. 193 Metodologia: é o plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s), deve responder todas as questões propostas durante a elaboração do projeto. Lembrem-se, devedestacar: o local de execução do projeto, os materiais e métodos utilizados, a caracterização da amostra (turma), a listagem de conteúdos articulados e a forma de avaliação. Cronograma de atividades: deve apresentar o cronograma de execução do projeto, a esquematização, de forma objetiva das atividades previstas no seu desenvolvimento e deve considerar o período de duração do projeto (mês e ano do início e do término). Orçamento: deve constar o material de consumo, o material permanente e os recursos humanos que ao decorrer do projeto você irá utilizar. Referências bibliográficas: as referências bibliográficas auxiliam o leitor a interpretar melhor o trabalho, conhecendo suas fontes e o desenvolvimento feito pelo autor. Exemplos de projetos Projeto água A água é um recurso natural e essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam a Terra. No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a troca de substâncias e para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Além disso, é considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que encontramos nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar como seria o nosso dia a dia sem ela. O projeto água pode ser trabalhado com os alunos mostrando-lhes algumas curiosidades, tais como: Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água; 194 As algas produzem a maior parte do oxigênio da Terra; O corpo humano possui na sua composição 3/4 de água; O homem pode passar até 28 dias sem comer, mas apenas três dias sem beber água; Na água originaram os primeiros organismos vivos que surgiram na Terra, há mais de três bilhões de anos; São alguns exemplos de doenças de veiculação hídrica: febre, disenteria, cólera, hepatite, poliomielite, malária e dengue; O gotejamento de uma torneira desperdiça 46 litros por dia. Isto é, 1.380 litros por mês; Um filete de dois milímetros totaliza 4.140 litros em um mês. E um filete de quatro milímetros, 13.260 litros por mês de desperdício. Um buraco de dois milímetros no encanamento pode causar um desperdício de 3.200 litros por dia, isto é, mais de três caixas d'água. A água é um recurso vital. Todos podem colaborar fazendo a sua parte: agricultores, poder público, empresas, instituições e a sociedade. Também pode trabalhar esse assunto na matéria de português por meio de diversas músicas que mencionam em suas letras a dinâmica da água. Temos alguns exemplos: Asa Branca (Luiz Gonzaga) Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu preguntei a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornaia 195 Nem um pé de prantação Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão "Intonce" eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Para eu voltar pro meu sertão Quando o verde dos teus oio Se espalhar na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Planeta Água (Guilherme Arantes) Água que nasce na fonte serena do mundo E que abre o profundo grotão Água que faz inocente riacho e deságua Na corrente do ribeirão 196 Águas escuras dos rios Que levam a fertilidade ao sertão Águas que banham aldeias E matam a sede da população Águas que caem das pedras No véu das cascatas ronco de trovão E depois dormem tranquilas No leito dos lagos, no leito dos lagos Água dos igarapés onde Iara mãe d'água É misteriosa canção Água que o sol evapora pro céu vai embora Virar nuvens de algodão Gotas de água da chuva Alegre arco-íris sobre a plantação Gotas de água da chuva Tão tristes são lágrimas na inundação Águas que movem moinhos São as mesmas águas Que encharcam o chão E sempre voltam humildes Pro fundo da terra, pro fundo da terra Terra planeta água...terra planeta água 197 Terra planeta água. Nesses dois exemplos de música, o professor pode trabalhar a situação da seca e a necessidade da chuva para a economia e para a agricultura. A segunda música aborda um rio, desde sua nascente até quando ele deságua em outro rio, o caminho percorrido por esse rio e o ciclo da água. Pode-se trabalhar com cartazes e desenhos produzidos pelos alunos. Também se pode trabalhar a carta escrita no ano de 2070, que demonstra o cuidado que devemos ter em conservar os reservatórios de água e como irá ficar a vida com a escassez da água. Carta escrita no ano 2070 Estamos no ano 2070 e acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por cerca de uma hora. Agora, usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora, devemos raspar a cabeça para mantê-la limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa 198 forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDE DA ÁGUA, só que ninguém se importava; pensávamos que a água jamais podia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber era oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje, só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água. A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas, já que não temos a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-te com água potável em vez de salário. Os assaltos por um galão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos parece como se tivesse 40. A idade média é de 35 anos. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações. O governo já nos cobra pelo ar que respiramos: 137m³ por dia/ por habitante adulto. As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas 199 ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade, mas pode-se respirar. Em alguns países existem manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água é agora um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui já não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registrar-se uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano têm sido severamente transformadas pelos testes atômicos e da indústria contaminante do século XX. Advertia-se que havia que cuidar o meio ambientee ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o quão bonitos eram os bosques, a chuva, as flores, falo como era agradável tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse e o quão saudável que as pessoas eram. Ela pergunta-me: "papai, porque acabou a água?" Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que destruiu o meio ambiente ou simplesmente não tomamos em conta tantos avisos. Agora, os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto quando ainda podíamos fazer alguma coisa para salvar o nosso Planeta Terra! Extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos". Pode-se desenvolver uma campanha contra o desperdício de água na escola. Os alunos poderão desenvolver o slogan, uma frase de efeito e o símbolo da campanha com um texto explicativo. Pode também montar um 200 diário com relatos dos próprios alunos sobre os passos do projeto desenvolvido; depoimentos dos professores, pais, funcionários da escola, coordenação e direção, não se esqueça das fotos, pois o registro é uma parte fundamental de qualquer projeto. Montar um mural com o título “Faça uma gota feliz”, desenhar uma gota d’água enorme como essa a seguir. Cadernos de Educação Ambiental – água para a vida, água para todos (WWF). Desenhe outra gota d’água com um rosto triste, pedindo socorro, como essa. Cadernos de Educação Ambiental – água para a vida, água para todos (WWF). 201 Pedir que os alunos sentem-se em um grande círculo, em que irão ouvir as explicações do jogo. Dentro do círculo coloca-se, de um lado, a cartolina com a gota triste e a gota feliz. Ao som da música, entrega-se um saquinho para cada participante, que será passado adiante, rapidamente, até que a música pare ou soe o apito. Nesse instante, quem estiver com o saquinho na mão, retira apenas um papel dobrado. A partir do que estiver escrito no papel e da correlação com o tema “água”, o participante cria uma frase, dizendo-a em voz alta para o grupo. Por exemplo: “A poluição dos rios prejudica a vida dos peixes”. Em seguida, o grupo decide se a frase deixa a gota feliz ou triste, e o participante posiciona a tira na cartolina correspondente. A frase mencionada deixa a gota triste. Outro exemplo: “A mata ciliar protege as margens dos rios da erosão”. A tira vai para a gota feliz. O jogo continua. Quando a música recomeça, o saquinho continua a ser passado, de mão em mão, até a música parar. Quando as tiras de papel acabarem, analisaremos a posição das palavras em cada gota, promovendo um debate. Podemos estimular o relato do que os participantes observam no dia a dia da cidade, do bairro, da casa, da escola, do trabalho, do campo, entre outros locais. Como produto final, selecionaremos as tiras da gota triste e pensaremos nas ações para mudar a sua posição para a gota feliz. Também se pode trabalhar com filmes como a era do gelo. Alimentos 202 O ser humano sempre dependeu da natureza para se alimentar. Em sua fase nômade, que ocupou mais de 90% da história da humanidade, comia frutas silvestres, nozes, raízes e a carne dos animais que caçava. Consumia apenas aquilo que era possível extrair da natureza, sem destruir ou modificar significativamente os ecossistemas. Há aproximadamente 12 mil anos, quando a humanidade passou a adestrar animais e a plantar, homens e mulheres se fixaram a terra; era o início da produção de alimentos, ainda em pequenas quantidades, que supriam apenas as necessidades básicas. Utilização de insumos químicos na agricultura Para melhorar a produtividade ou tentar assegurar os índices já obtidos de produção, os agricultores costumam usar algum tipo de adubo ou fertilizante, isso ocorre até mesmo em solos que, por sua natureza química, não necessitariam da aplicação desse recurso, e cuja produção é baixa em função de outros problemas não percebidos pelo produtor, tais como, problemas como a água, a luz, o ar e o calor. Por entender que a fertilidade está no solo e não no conjunto de relações existentes entre todos os componentes do ambiente em que o alimento é produzido. Os produtores passaram a atribuir aos fertilizantes um papel de destaque no processo produtivo. Porém, no conceito de agricultura sustentável, a produção de alimento deve considerar a fertilidade do agroecossistema, de modo que o foco esteja em todas as etapas do sistema produtivo e não apenas no solo. Nesse contexto, pode-se trabalhar com os alunos medidas corretas adotadas na agricultura e no consumismo com esse quadro: 203 O que você pode fazer? Como produtor Adotar e apoiar práticas de cultivo que minimizem o uso de insumos químicos; Usar as partes não aproveitadas das plantas como adubo orgânico; Consorciar a criação de animais e o cultivo de plantas, utilizando o excremento dos primeiros na compostagem; Fazer igualmente a compostagem a partir de resíduos agrícolas e domiciliares, para que sejam aproveitados como fertilizantes; Aplicar sistemas de rotação dos cultivos, a fim de não empobrecer a terra e aumentar a incidência de pragas e doenças; Diversificar o sistema produtivo, introduzindo espécies consorciáveis a partir de princípios de alelopatia (estudo que estabelece que plantas se adaptam à presença de outras); Preservar a biodiversidade, as fontes de água, as áreas de preservação permanentes e reservas legais da propriedade; Associar o cultivo de árvores e alimentos; Contribuir com a geração de empregos, renda e educação para a população rural especialmente os mais jovens; Estimular o associativismo e o cooperativismo, de maneira a facilitar a conversão coletiva dos produtores de uma região para a agricultura sustentável. 204 Como consumidor Informar-se sobre a importância da agricultura sustentável e seus benefícios para a produção de alimentos, inclusive em relação à saúde dos indivíduos e ambientes; Apoiar propostas de produção regional, especialmente a familiar e associada, com o objetivo de fortalecer a segurança alimentar local e reduzir o desperdício de energia no transporte; Exigir que os produtores respeitem as leis ambientais, assim como a legislação trabalhista, e que utilizem métodos menos impactantes ao meio ambiente, adquirindo produtos elaborados com esse diferencial; Demandar que os vendedores de alimentos estimulem a produção ecológica, inclusive solicitando a certificação dos produtores por um organismo independente, para que se possa ter certeza de que os mesmos cumprem todas as exigências ambientais; Organizar-se em cooperativas de consumo que estimulem a produção sustentável local e regional. Implantando uma horta na escola Também pode abordar esse assunto de uma forma prática, como a construção de uma horta na escola. A horta pode ser um laboratório vivo para diferentes atividades didáticas. Além disso, o seu preparo oferece várias vantagens para a comunidade. Dentre elas, proporciona uma grande variedade de alimentos a baixo custo, no lanche das crianças, permite que toda a comunidade tenha acesso a essa variedade de alimentos por doação ou compra e também se envolva nos programas de alimentação e saúde desenvolvidos na escola. Portanto, o consumo de hortaliças cultivadas em pequenas hortas auxilia na promoção da saúde. 205 Há várias atividades que podem ser utilizadas na escola com o auxílio de uma horta, nas quais o professor relaciona diferentes conteúdos e coloca emprática a interdisciplinaridade com os seus alunos. A matemática pode ser um exemplo, com o estudo das diferentes formas dos alimentos cultivados, além disso, o estudo do crescimento e desenvolvimento dos vegetais pode ser associado com o próprio desenvolvimento. Isto é, a importância da terra ter todos os nutrientes para que a semente se desenvolva em todo o seu potencial, livre de qualquer doença. Essas atividades também asseguram que a criança e a escola resgatem a cultura alimentar brasileira e, consequentemente, estilos de vida mais saudáveis. Colocando a mão na massa. Caso seja possível, o preparo da horta deve ser feito, sob orientação de um agrônomo ou técnico agrícola. Porém, se a escola já tem algum pai, professor ou funcionário com conhecimento prático sobre cultivo de hortaliças, essa pessoa poderá ajudar. A escolha das hortaliças deve ser de forma diversificada, garantindo uma grande variedade de cores, formas e, assim, diferentes nutrientes. Passos para o preparo da horta 1º Passo - O local apropriado para o cultivo das hortaliças deve apresentar as seguintes características: Terreno plano; Terra revolvida (“fofa”); Boa luminosidade e voltada para o nascente; Disponibilidade de água para irrigação e sistema de drenagem, por exemplo, canaletas; 206 Longe de sanitários e esgotos; Isolado, com pouco trânsito de pessoas e animais. 2º Passo - Algumas ferramentas são essenciais para o preparo da terra e plantio das hortaliças: Enxada: é utilizada para capinar, abrir sulcos e misturar adubos e corretivos como serragem a terra. Enxadão: é utilizado para cavar e revolver a terra. Regador: serve para irrigar a horta. Ancinho: é utilizado para remover torrões, pedaços de pedra e outros objetos, além de nivelar o terreno. Sacho: é uma enxada menor que serve para abrir pequenas covas, capinar e afofar a terra. Carrinho de mão: é utilizado para transportar terra, adubos e ferramentas. 3º Passo: Preparo do canteiro - Antes de iniciar a preparação dos canteiros, deve-se limpar o terreno com auxílio de algumas ferramentas como enxada, ancinho e carrinho de mão. Com auxílio de uma enxada, revira-se a terra a uns 15 cm de profundidade. Com o ancinho, desmancham-se os torrões, retirando pedras e outros objetos, nivelando o terreno. Iniciar a demarcação dos canteiros com auxílio de estacas e cordas com a seguinte dimensão; 1,20m x 2 a 5m e espaçamento de um canteiro a outro de 50cm. Caso o solo necessite de correção, podem ser utilizadas cal hidratada ou serragem. 4º Passo: Adubação dos canteiros 207 Como fazer adubo natural? Resíduos vegetais e animais, tais como palhas, galhos, restos de cultura, cascas e polpas de frutas, pó de café, folhas, esterco e outros, quando acumulados apodrecem e, com o tempo, transformam-se em adubo orgânico ou húmus, também conhecido por composto ou natural. Essa transformação é provocada por microrganismos aeróbicos (bactérias que necessitam de oxigênio para viver). Eles decompõem a celulose das plantas e quanto mais nitrogênio tiverem à sua disposição, mais rápido atuarão, pelo calor que se produzirá no material depositado. Por isso, deve ser fornecido aos microrganismos aquilo de que mais necessitam: ar, umidade e nitrogênio. Procedimentos: 1. Em um espaço fechado, como uma caixa, coloca-se no chão uma fileira de tijolos, cujos intervalos devem ser cobertos por sarrafos, para deixar passar o ar. 2. Em seguida, acumulam-se várias camadas (cerca de 20 cm cada um) de matéria vegetal, espalhando sobre cada uma delas, uma camada de ureia que contém nitrogênio. 3. Mantém-se o composto sempre úmido, sem ensopá-lo, molhando seguidamente com um regador. 4. Quando o composto começar a se aquecer, deve ser protegido da chuva, coberto com tábuas velhas ou com plástico. 5. Cerca de um ou dois meses mais tarde, o composto deve ser revolvido; as partes que estavam em cima e dos lados devem ser colocados no centro. 6. Após um ou mais meses, o composto estará pronto para ser usado na horta ou na lavoura, para posteriormente fazer as covas e os canteiros. 208 5º Passo: Covas e seu preparo FIGURA 13 - PREPARANDO A COVA PARA O PLANTIO DAS MUDAS FONTE: Disponível em: <http://www.portalshalom.com.br/images/topics/horta.png>. Acesso em: 10/09/2012 As covas devem ser feitas com antecedência, no mínimo, 18 dias antes do plantio ou transplantio. O espaçamento entre as covas varia de acordo com a hortaliça a ser plantada. As covas deverão ter a seguinte dimensão: 20x20cm ou 30x30cm de largura e 20 a 30cm de profundidade. 6º Passo: Como cuidar da horta 209 A horta deve ser regada duas vezes ao dia, mas lembre-se que isso varia de região para região, pela diferença de clima entre elas. O solo não pode ficar encharcado para evitar o aparecimento de fungos. A horta tem que ser mantida limpa, as ervas daninhas e outras sujidades devem ser retiradas diariamente com a mão. A cada colheita, deve ser feita a reposição do adubo para garantir a qualidade da terra e das hortaliças. Exemplos que deram certo Diversas escolas implantaram o projeto da horta educativa e desenvolveram, com grande sucesso, suas hortas. Podemos citar como exemplo a U.M.E.F. Alger Ribeiro Bossois - Vila Velha. 210 FIGURA 14 Antes Depois 211 FONTE: Disponível em: <http://www.hortaviva.com.br/EMPRESA/portfolio_cst/0002/escolas_01.htm>. Acesso em: 10/09/2012. Caso a escola não tenha espaço para o desenvolvimento de uma horta, utilize vasos de garrafa pet. Corte a garrafa pet no sentido do comprimento, use terra adubada e sementes. Essa técnica possibilita cultivar temperos, como salsinha e cebolinha (foto), ervas medicinais e flores, todas as plantas com pouca raiz. Embora seja uma horta compacta, seus produtos podem ser consumidos. Aproveite-os no enriquecimento da merenda escolar. FIGURA 15 Canteiros de garrafa pet. Horta suspensa. 212 FONTE: Arquivo pessoal do autor. Reciclagem Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. É o resultado de uma série de atividades, pelas quais os materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Reciclagem é um termo originalmente utilizado para indicar o reaproveitamento (ou a reutilização) de um polímero no mesmo processo em que, por alguma razão, foi rejeitado. Reciclar, outro termo usado, significa na verdade fazer a reciclagem. O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado reciclagem, embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para designar o conjunto de operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial. Aplicando os 3 Rs 213 Trabalhando consumo consciente com os alunos, pode-se passar a definição dos 3 Rs. Reduzir: consiste em tentarmos reduzir a quantidade que produzimos de lixo, como por exemplo, comprar produtos mais duráveis e evitar trocá-los por qualquer novidade no mercado. Reutilizar: procurar embalagens, por exemplo, que possam ser usadas mais de uma vez, como garrafas retornáveis de vidro. Ou quem sabe, criar novas utilidadespara as que você não precisa mais. Reciclar: o mais conhecido dos 3 R’s; consiste em transformar um produto-resíduo em outro, para diminuir o consumo de matéria-prima extraída da natureza. É importante lembrar que, para obtermos um bom resultado na melhoria do meio-ambiente, os 3 R’s devem ser trabalhados igualmente. Apresentaremos algumas ideias práticas para a aplicação do assunto com seus alunos. Trabalhando com reciclagem - Papel Reciclado Artesanal O papel nada mais é que um emaranhado de fibras vegetais. Ao transformar papel usado em novo, estamos na verdade desfazendo essa trama e entrelaçando as fibras novamente. A partir do papel artesanal, é possível confeccionar papéis de carta, marcadores de livros, porta-retratos, porta-lápis, capas de caderno, livros, cartões de visitas, envelopes, convites, papeis e embalagens de presentes, entre muitas outras possibilidades. Entre os tipos de papel que podem ou não ser reciclados, temos: 214 RECICLÁVEIS Jornais e revistas, folhas de caderno, formulários de computador, envelopes, rascunhos, caixas em geral, aparas de papel, fotocópias, papel de fax, cartazes e folhetos. NÃO RECICLÁVEIS Papel carbono, fita crepe, papéis metalizados, papéis parafinados, papéis plastificados, papéis sanitários, "papel" de bala, embalagens de biscoitos, papéis sujos, etiqueta adesiva, tocos de cigarro e fotografias. O que você precisa: Papel e água; Bacias: rasa e funda; Balde; Moldura de madeira com tela de nylon ou peneira reta; Moldura de madeira vazada (sem tela); Liquidificador; Jornal ou feltro; Pano (ex.: morim); Esponjas ou trapos; Varal e pregadores; Prensa ou duas tábuas de madeira; Peneira côncava (com "barriga"); Mesa. Etapas: A - Preparando a polpa: 215 Pique o papel e deixe de molho durante um dia ou uma noite na bacia rasa, para amolecer. Coloque água e papel no liquidificador, na proporção de três partes de água para uma de papel. Bata por dez segundos e desligue. Espere um minuto e bata novamente por mais dez segundos. A polpa está pronta. B - Fazendo o papel: 1º passo - Deixe uma quantidade grande de papel de molho de um dia para o outro. Quanto mais mole ele ficar, melhor para bater. 2º passo - Para cada copo americano de água, a mesma medida de papel. FIGURA 16 1º e 2º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 216 3º passo - Bata por alguns segundos a mistura no liquidificador. Lembre-se: cuidado para não queimar o aparelho. 4º passo - Veja como fica a polpa. Se quiser um papel mais grosso, coloque mais papel. Se quiser um papel mais fino, mais água. FIGURA 17 3º e 4º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 5º passo - Encha a bacia (banheira ou o tanque) de água para cobrir a tela. Jogue a mistura que você bateu no liquidificador nesta bacia. 6º passo - Pegue a tela e mergulhe-a na vertical até o fundo. FIGURA 18 217 5º e 6º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 7º passo - Faça um movimento com a tela como se fosse juntar sujeira com uma pá. 8º passo - Deixe a tela na horizontal, leve até o fundo e comece a levantá-la. FIGURA 19 7º e 8º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 218 9º passo - Retire a tela totalmente da água. 10º passo - Coloque um jornal sobre uma pia, por exemplo. FIGURA 20 9º e 10º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 11º passo - Vire a tela sobre o jornal. 12º passo - Pressione a tela com o pano ou esponja (não esfregue!) até retirar o máximo de água da tela. FIGURA 21 219 11º e 12º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. 13º passo - Dê leves batidas para desgrudar o jornal e o papel reciclado da tela. 14º passo - Como o papel reciclado grudou no jornal, pendure-o no varal para secar. Assim, você aproveita a tela para fazer vários papéis ao mesmo tempo. FIGURA 22 13º e 14º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/ 220 15º passo - Assim que secar desgrude o papel reciclado do jornal e dê o formato que quiser como envelopes, sacolas, e outros. FIGURA 23 15º passo para reciclar papel. FONTE: Disponível em: <http://www.acessa.com/mulher/arquivo/artesanato/2005/11/29-papel/>. Acesso em: 10/09/2012. C - Prensando as folhas Para que suas folhas de papel artesanal sequem mais rapidamente e o entrelaçamento das fibras seja mais firme, faça pilhas com o jornal da seguinte forma: Empilhe três folhas do jornal com papel artesanal. Intercale com seis folhas de jornal ou um pedaço de feltro e coloque mais três folhas do jornal com papel. Continue até formar uma pilha de 12 folhas de papel artesanal. 221 Coloque a pilha de folhas na prensa por 15 minutos. Se não tiver prensa, ponha a pilha de folhas no chão e pressione com um pedaço de madeira. Pendure as folhas de jornal com o papel artesanal no varal até que sequem completamente. Retire cada folha de papel do jornal ou morim e faça uma pilha com elas. Coloque essa pilha na prensa por 8 horas ou dentro de um livro pesado por uma semana. Efeitos decorativos Misture à polpa: linha, gaze, fio de lã, casca de cebola ou casca de alho, chá em saquinho, pétalas de flores e outras fibras. Bata no liquidificador junto com o papel picado: papel de presente, casca de cebola ou de alho. Coloque sobre a folha ainda molhada: barbante, pedaços de cartolina, pano de tricô ou crochê. Nesse caso, a secagem será natural - não é necessário pressionar com o pedaço de madeira. Para ter papel colorido: bata papel crepom com água no liquidificador e junte essa mistura à polpa. Outra opção é adicionar guache ou anilina diretamente à polpa. Dicas importantes: Tela de nylon deve ficar bem esticada, presa à moldura por tachinhas ou grampos. 222 Reutilize a água que ficar na bacia para bater mais papel no liquidificador. Conserve a polpa que sobrar: peneire e esprema com um pano. Guarde ainda molhada (em pote plástico no congelador) ou seca (em saco de algodão). A polpa deve ser ainda conservada em temperatura ambiente. Cadeira com garrafas pet É fácil montar móveis com garrafas PET? Agora que a técnica foi desenvolvida, a resposta é sim. Se hoje a confecção de móveis com garrafas PET já está se tornando uma prática conhecida, isto se deve ao espírito inventivo e ao pioneirismo do Prof. Sebastião Feijó, criador da técnica. Material necessário Garrafas plásticas de dois litros (200 a 250 para a poltrona e 40 a 50 para o pufe). Tesoura. Fita adesiva larga (ou barbante nº 6/8) . Etapas 1 - Montando a peça de resistência 223 1.1 Separe uma garrafa limpa, vazia e sem rótulo. Vamos chamá-la de peça "a": FIGURA 24 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012 1.2 Pegue uma garrafa e corte-a ao meio. Vamos chamar a parte debaixo de peça "b" e a de cima de peça "c": FIGURA 25 224 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 1.3 Corte outra garrafa ao meio. Vamos chamar a parte de baixo de peça "d" e a de cima de peça "e": FIGURA 26 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 225 1.4 Encaixe a peça "c" dentro da peça "b": DICA: use uma chave de fenda para ajudar a encaixar as peças. FIGURA 27 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 1.5 Encaixe a peça "a" dentro da peça "b+c": 226 FIGURA 28 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 1.6 Encaixe a peça "d" por cima da peça "a+b+c": FIGURA 29 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 227 Está pronta a PEÇA DE RESISTÊNCIA 2 - Montando o assento da cadeira 2.1. Faça 16 peças de resistência e prenda-as, duas a duas, com fita adesiva, formando oito duplas: FIGURA 30 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 2.2. Junte novamente os conjuntos de dois em dois, formando quatro grupos de quatro peças de resistência: 228 FIGURA 31 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 2.3. Mais uma vez amarre de dois em dois, formando dois grupos de oito peças de resistência: FIGURA 32 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 2.4. Amarre os dois grupos de oito peças de resistência para formar o ASSENTO DA CADEIRA: FIGURA 33 229 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 3 - Montando o encosto da cadeira 3.1. Encaixe três peças "b+c" por cima da peça de resistência, formando um tubo. Faça dois tubos dessa maneira. FIGURA 34 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 3.2. Faça mais dois tubos, dessa vez, encaixando quatro peças "b+c" sobre a peça de resistência. Amarre os quatro tubos com fita adesiva para formar o ENCOSTO DA CADEIRA: 230 FIGURA 35 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 3.3. Faça mais dois tubos, dessa vez encaixando quatro peças "b+c" sobre a peça de resistência. Amarre os quatro tubos com fita adesiva para formar o ENCOSTO DA CADEIRA: FIGURA 36 231 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=3>. Acesso em: 10/09/2012. 3-4. Junte o ENCOSTO ao ASSENTO com várias voltas de fita adesiva para ficar bem firme. ESTÁ PRONTA A CADEIRA! Cestaria com jornal Material necessário: Jornal (ou revista). Tesoura. Verniz. Etapas 232 1. Corte uma folha inteira de jornal em quatro partes, ao comprido. Enrole cada uma das quatro partes a partir da ponta, na diagonal, para fazer os canudos de jornal. Dica: deixe uma das pontas do canudo mais apertada que a outra. FIGURA 37 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 2. Separe sete canudos de jornal para começar a trançar. Coloque na mesa ou bancada quatro canudos (canudos 1 a 4), um ao lado do outro, com uma distância de aproximadamente 2 cm entre eles. Traçando: Pegue o canudo 5 e comece a trançar perpendicularmente aos outros quatro, na porção central. Passe por cima do canudo 1, por baixo do canudo 2, por cima do canudo 3 e por baixo do canudo 4. 233 Pegue o canudo 6 e repita a operação, dessa vez começando por baixo do canudo 1, por cima do 2, por baixo do 3 e por cima do 4. Trance o canudo 7 da mesma maneira que fez com o canudo 5. FIGURA 38 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 3. Pegue uma das pontas do canudo 1 e comece a trançar, passando por baixo do canudo 2, por cima do 3, por baixo do 4, por cima do 5, por baixo do 6, e assim sucessivamente. FIGURA 39 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 234 4. Quando o canudo 1 estiver quase todo trançado, pegue um novo canudo e emende nele para continuar a trançar. Dica: encaixe a ponta do canudo novo por dentro ou por fora da ponta do canudo 1 (lembre-se que os canudos têm uma ponta mais justa que a outra). FIGURA 40 FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/passo.asp?Ancora=4>. Acesso em: 10/09/2012. 5. Continue trançando até atingir o tamanho da cesta que você quer. Dica: para fazer cestas mais altas você pode emendar novos canudos nos canudos da base (2, 3, 4, 5, 6 e 7). 6. Quando alcançar o tamanho desejado faça os arremates escondendo as pontas que sobrarem. Dica: passe verniz na cesta para impermeabilizá-la. Se preferir, use verniz incolor para depois poder dar um acabamento com tintas coloridas. 235 FIGURA 41 Cesta de jornal pronta. FONTE: Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/images/cestaria/cesta.gif>. Acesso em: 10/09/2012. 25.3 ELABORANDO A AGENDA 21 NA ESCOLA A Agenda 21 é um processo de planejamento participativo no qual o governo e a sociedade definem e pactuam um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, além de propor uma reflexão sobre as condições de vida do planeta. Tal reflexão tem sido feita em vários segmentos da sociedade e pode se estender às escolas: a Agenda 21 Local pode ser feita a partir da Agenda 21 na Escola. 236 A Agenda 21 na Escola incentiva e soma esforços com o Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e Mestres, o Conselho da Escola, a comunidade escolar, além de outras organizações, para discutir e realizar ações de proteção do meio ambiente e da promoção de ações que venham contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a construção de sociedades sustentáveis. É, portanto, um processo que, assim como a Educação Ambiental, deve ser inserido de forma transversal em todas as disciplinas da escola e nos projetos que envolvam a comunidade. Na prática, um grupo de professores e alunos interessados pode começar a construir a Agenda 21 na Escola. O primeiro passo é a criação de uma comissão para mobilizar, desenvolver ações, acompanhar as atividades de Educação Ambiental e incentivar a construção da Agenda 21 na Escola. Mais de 4 mil escolas no País criaram Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida), que são espaços de debates nos quais se definem as responsabilidades que a escola vai assumir para contribuir com a sustentabilidade da comunidade local e construir a sua Agenda 21. Começando a implantar a agenda 21 Oficina de Futuro: No dicionário, oficina significa “um lugar onde ocorrem grandes transformações”. Oficina de Futuro é uma técnica que ajuda a conduzir os passos de preparação da Agenda 21 na Escola. Consiste em uma série de passos ou etapas com duração que pode variar de acordo com o ritmo e o aprofundamento que o grupo deseje. Árvore dos Sonhos 237 Para realizar algo de valor é preciso ter espaço para sonhar. Durante a Eco-92 foi construída uma imensa árvore na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Nesse local, onde era realizada a conferência da sociedade civil, as pessoas escreviam em folhas depapel seus sonhos de um futuro digno para a humanidade e penduravam nessa árvore. Para criar Agenda 21 na Escola, podemos realizar a Árvore dos Sonhos. Uma árvore grande pode ser desenhada na lousa ou recortada em cartolina. As pessoas devem se reunir em pequenos grupos para responder a uma pergunta: como é a escola dos nossos sonhos? Outra pergunta que podem responder: como é a comunidade dos nossos sonhos? Cada grupo escreve os seus sonhos em um papel em forma de folha e prega na Árvore dos Sonhos. A negociação coletiva dos sonhos vai mostrar quais são os objetivos da Agenda 21 na Escola. As Pedras no Caminho Falar das pedras no caminho serve para a turma desabafar e pensar nas dificuldades que terá de enfrentar para chegar aos sonhos. Um grande caminho de pedras pode ser desenhado na lousa, no chão ou sobre uma cartolina. Novamente, os participantes são divididos em pequenos grupos para facilitar a conversa. O facilitador ou facilitadora pergunta: quais são os problemas que dificultam chegarmos aos nossos sonhos? Cada grupo debate escolhe e escreve um problema sobre uma das “pedras” desenhadas. Depois de examinarem todas as dificuldades, os participantes da oficina escolhem quais desejam ver resolvidas em primeiro, em segundo e em terceiro lugar. Os resultados obtidos na dinâmica realizada na escola são entregues ao grupo responsável pelo projeto, para que o conteúdo já se transforme no primeiro documento da Agenda 21 da unidade escolar. 238 O processo que merece maior atenção e cuidado é a elaboração do Plano de Ação, pois este é feito em grupo e deve obedecer a questões chaves: Ações organizadas a serem tomadas para a concretização das propostas colocadas na “Árvore dos Sonhos”. Para isto, é necessário responder às seguintes questões: Quais ações devem ser realizadas? O que é necessário para realizá-las? Quando cada ação será realizada? Quem se responsabiliza por elas? Como avaliar se o grupo conseguiu realizar o que planejou? O Plano de Ação é um mapa de orientação. Por isso, não se deve esquecer de que as soluções propostas devem ser FACTÍVEIS. Jornal Mural: viagem ao passado e ao presente Todos os problemas e dificuldades têm uma razão de existir. Por isso, o terceiro passo da Oficina de Futuro consiste em reunir informações para conhecer a história da nossa escola e da nossa comunidade. Um caminho é responder às perguntas: Como esses problemas surgiram? Como era a escola e a comunidade antes? As pessoas mais velhas podem contar como as coisas eram antigamente. Coletar fotos, desenhos, filmes e outras informações sobre o passado ajudam a compor essa memória. Mas é preciso também conhecer a situação atual. Novamente, vale reunir todo tipo de informação e de documentos. Que experiências interessantes já aconteceram por aqui? 239 Toda a documentação coletada pode virar um Jornal Mural na Escola. O jornal mural vai facilitar a divulgação e a compreensão da situação local. Colocando em prática Agora é preciso organizar as ações e preparar um plano. Essa parte da Agenda 21 vai ajudar o grupo a tomar uma atitude para transformar a sua situação atual e chegar aos sonhos. Para isso, é preciso responder a novas perguntas: Quais ações devem ser realizadas? O que será necessário para realizá-las? Quando cada ação será realizada? Quem se responsabiliza por elas? Como avaliar se o grupo conseguiu realizar o que planejou? Ação - Significa aquilo que deve ser feito para realizar a meta. Materiais e custos - É preciso lembrar de todo material e mão de obra necessária para realizar determinada ação. Cada produto e serviço têm um custo. Prazo - Quando cada ação deve ser realizada? Responsáveis - Quem faz o quê? É preciso que cada grupo ou pessoa se responsabilize pela ação. Como avaliar - O grupo escolhe coisas que possam ser avaliadas e que indiquem se está conseguindo ou não realizar a ação. Um plano de ação é como um mapa de orientação. Ele, às vezes, pode demorar a ser construído, mas se for cuidadoso e completo pode evitar muita dor de cabeça. Vale lembrar que os planos existem para serem executados. Portanto, é importante acompanhar e avaliar a realização de todos os passos, perguntando sempre se os sonhos da Árvore dos Sonhos estão sendo alcançados. 240 Dinâmicas ambientais Jogos e dinâmicas podem ter um papel fundamental nos programas de Educação Ambiental das Escolas, pois fogem do esquema de aula que os alunos estão acostumados. Sendo dinâmicos e fora da rotina das escolas, fazem com que a participação dos alunos nas atividades seja motivada por eles mesmos. Ao ar livre, nas quadras de esportes ou nos ginásios, os jogos fazem com que os participantes aprendam brincando. Mais importante do que isso, quando bem aplicados permitem que os jogadores formulem seus próprios conceitos sobre o tema tratado. Além de tudo, estimulam o desenvolvimento motor, intelectual, perceptivo e a sociabilidade. Os Programas de Educação Ambiental devem mostrar para o público- alvo que as ações individuais atingem sempre o coletivo. Um bom exemplo para se trabalhar isso são as dinâmicas, que podem ser feitas antes, durante e depois da execução do Programa. Algumas delas são sugeridas abaixo. Dê preferência para as dinâmicas em que o individual afete o coletivo, em que todos devam trabalhar na busca da solução de um problema comum. Algumas dinâmicas que podem ser aplicadas NÓ HUMANO Objetivo: ajudar o grupo a compreender o processo vivido na solução de um determinado problema. Criar novas expectativas com relação a algum problema de difícil solução. 241 Processo: os participantes formam um círculo e se dão as mãos. É importante lembrar que, sempre que for pedido para dar novamente as mãos, deverão repetir exatamente como estão: a mão esquerda para quem segura a mão esquerda e a direita para quem segura a direita. - Após essa observação, o grupo deverá caminhar um pouco, livremente. - A um sinal do facilitador, o grupo forma um único bloco no centro do círculo e, sem sair do lugar, cada participante deverá dar novamente a mão direita e a mão esquerda para quem segurava cada uma (como no início). Com certeza ficará um pouco difícil devido à distância entre aqueles que estavam próximos no início, mas o facilitador tenta motivar para que ninguém mude de lugar ou troque o companheiro com o qual estava de mãos dadas. - Assim que todos já estiverem ligados aos mesmos companheiros, o facilitador pede que voltem à posição natural, porém sem soltarem as mãos e em silêncio. (O grupo deverá desamarrar o nó feito e voltar ao círculo inicial, movimentando-se silenciosamente). - Após algum tempo, se não conseguirem voltar à posição inicial, o facilitador libera a comunicação entre as pessoas e deixa mais alguns minutos. - Enfim, partilha-se a experiência vivenciada. Destacar as dificuldades, os sentimentos experimentados no início, no momento do nó e no final, após desatá-lo. OBS: Sempre é possível desatar o nó completamente. Porém, se o grupo for muito numeroso, pode ser mais difícil. Portanto, sugerimos: se o grupo ultrapassar quarenta participantes, divida-o em dois para que todos possam participar. AMIGOS DE JÓ 242 Objetivo do Jogo: cantando a música "Amigos de Jó", todo o grupo tem que se deslocar na cadência e realizar os movimentos propostos formando uma espécie de balé brincalhão. Propósito: o propósito é fazer do jogo-dança um momento de união do grupo e proporcionar um espaço de adequação do ritmo grupal. Podem ser trabalhados Valores Humanos como: Alegria e Entusiasmo pela brincadeira do grupo (diversão entre erros e acertos); Harmonia na busca do ritmo grupal; Parceria e Respeito para caminhar junto com o outro. Recursos: Espaço físico mínimo de 35 m2; Círculos no chão (bambolês, círculos desenhados de giz ou barbantes) em número igual ao de participantes dispostos em um grande círculo. Número de Participantes: pode ser jogado com um mínimo de 16 pessoas até quantos o espaço permitir. Duração: grupos pequenos jogam aproximadamente 15 minutos; grupos maiores precisam de mais tempo para administrar a adequação rítmica. Descrição: Cada participante ocupa um bambolê ou círculo desenhado no chão. A música tradicional dos "Escravos de Jó" é cantada com algumas modificações: "AMigos de Jó joGavam caxanGá. Tira, Põe, Deixa Ficar, fesTeiros com fesTeiros fazem Zigue, Zigue, Zá (2x)" O grupo vai fazendo uma coreografia ao mesmo tempo em que canta a música. A cadência das passadas é marcada pelas letras maiúsculas na música. "aMigos de Jó joGavam caxanGá." : são 5 passos simples em que 243 cada um vai pulando nos círculos que estão à sua frente. "Tira": pula-se para o lado de fora do círculo. “Põe": volta-se para o círculo. "Deixa Ficar": permanece no círculo, agitando os braços erguidos. "fesTeiros com fesTeiros": 2 passos para frente nos círculos. "fazem Zigue, Zigue, Zá": começando com o primeiro passo à frente, o segundo voltando e o terceiro novamente para frente. Quando o grupo já estiver sincronizando o seu ritmo, o(a) focalizador(a) pode propor que os participantes joguem em pares. Nesse caso, o número de círculos no chão deve ser igual à metade do número de participantes, as pessoas ocupam um círculo e ficam uma ao lado da outra com uma das mãos dadas. Além disso, quando o grupo cantar "Tira..." o par pula para fora do círculo, um para cada lado e sem soltar as mãos. E por que não propor que se jogue em trios e quartetos? Dicas: Este jogo-dança é uma gostosa brincadeira que exige certa concentração do grupo para perceber qual é o ritmo a ser adotado. É prudente começar mais devagar e se o grupo for respondendo bem ao desafio, sugerir o aumento da velocidade. O respeito ao parceiro do lado e a atenção para não machucar os pés alheios são toques interessantes que a pessoa que focaliza o jogo pode dar. Quando o grupo não está conseguindo estabelecer um ritmo grupal, o(a) focalizador(a) pode oferecer espaço para que as pessoas percebam onde está a dificuldade e proponham soluções. Da mesma forma, quando o desafio já tenha sido superado e o grupo queira continuar jogando, há espaço para criar novas formas de deslocamento e também há abertura para outras coreografias nesta ou em outras cantigas do domínio popular. CAMINHANDO ENTRE OBSTÁCULOS Material necessário: garrafas, latas, cadeiras ou qualquer outro objeto que sirva de obstáculo, e lenços que sirvam como vendas para os olhos. 244 Desenvolvimento: os obstáculos devem ser distribuídos pela sala. As pessoas devem caminhar lentamente entre os obstáculos sem a venda, com a finalidade de gravar o local em que eles se encontram. As pessoas deverão colocar as vendas nos olhos de forma que não consigam ver e permanecerem paradas até que lhes seja dado um sinal para iniciar a caminhada. O professor com auxilio de uma ou duas pessoas, imediatamente e sem barulho, tirarão todos os obstáculos da sala. O professor insistirá em que o grupo tenha bastante cuidado, em seguida pedirá para que caminhem mais rápido. Após um tempo o professor pedirá para que todos tirem as vendas, observando que não existem mais obstáculos. Compartilhar: discutir sobre as dificuldades e obstáculos que encontramos no mundo, ressaltando, porém que não devemos temer. ATUALIDADE Objetivo: Introduzir tema Atualidade. Material: Tiras de papel - Canetas - Flip Chart - Pincel. Tempo: 30’ Instruções Primeira Etapa - Preparação Entregar filipetas de papel e canetas para cada participante e solicitar que individualmente e sigilosamente pensem e escrevam um assunto relacionado à realidade atual (do país, de determinado ou mesmo no mundo). Nota: é importante que o assunto seja bem específico, evitando termos muito genéricos. Recolher todos os papéis com os devidos temas e redistribuir para o grupo. Nota: pode ocorrer de o participante tirar o tema que ele próprio escreveu ou o mesmo tema ser indicado mais de uma vez. Solicitar que cada um leia silenciosamente o tema que tirou, tomando cuidado para que o colega não veja do que se trata. 245 Segunda etapa – Desenvolvimento. Explicar para o grupo que nesta etapa, cada um deverá pensar em uma forma não verbal de representar para o grupo, o assunto que está descrito no seu papel. Nota: vale representar por meio de mímicas, desenhos, gestos, e outros. Podem-se dar indicativos para o grupo na medida em que este acerta, aproxima-se ou erra. Ex.: sinais de cabeça, como sim ou não sinais com a mão, como positivo ou negativo ou mais ou menos. Enquanto um representa os demais tentarão descobrir e dizer o assunto que está sendo representado. O facilitador deve ir anotando o nome dos acertadores e o número de vezes que estes acertaram. Nota: o jogo inicia com um voluntário, sendo que todos os participantes, inclusive os que tiverem temas já representados, deverão representar, mudando neste caso a forma de apresentação. Terceira Etapa – Fechamento Após todas as representações, verificar como o grupo se sentiu. Qual etapa foi mais fácil e por quê? O facilitador promove uma discussão para reflexão do grupo, baseado na resposta da questão acima. Estar em sintonia com o que a mídia veicula, ter uma vida social participativa (teatro, exposições, convenções, Shows, cinemas) e mesmo em atividades relacionadas ao dia a dia do trabalho, nos mantém atualizados e amplia nossa visão do mundo. O facilitador inicia a discussão do tema Atualidade - comentando que esta dinâmica foi escolhida com o propósito de mostrar a importância de se estar em sintonia com os acontecimentos, no sentido de ampliar nossa visão os fatos que interferem no nosso dia a dia. RETIRANDO AS CADEIRAS 246 Objetivo: é uma dinâmica para exercitar a agilidade, percepção e, quem sabe, até o preconceito (sentar no colo do outro). Procedimento: formar um círculo com cadeiras, todas voltadas para fora do círculo. A quantidade de cadeiras deve ser igual ao número de participantes menos uma. Sugerir que todas as pessoas fiquem andando ao redor das cadeiras, ao som de uma música bem ritmada. Quando a música para, todos devem sentar; sobrará alguém, que deverá se sentar, de alguma forma – ninguém pode ficar em pé, fora do círculo. Volta à música, o grupo reinicia a caminhada circular e mais uma vez o facilitador retira mais uma cadeira. Para a música e todos procuram sentar de novo. A cada etapa repete- se o procedimento, até que só exista uma cadeira. Afinal, esse é o desafio: um objetivo único para todos. criatividade, companheirismo e determinação são ingredientes imprescindíveis para a aplicação dessa técnica. 247 INTRODUÇÃO Esse módulo irá abordar a Educação Ambiental não formal, sua definição e as ligações com as diversas áreas que interligam o meio ambiente. Mostraremos a importância da Educação Ambiental nas empresas, na abordagem do turismo ecológico, o Ecoturismo, as diversas ONGs que elaboram programas de Educação Ambiental para a comunidade, a formação e a importância do Comdema na aplicabilidade da educação ambiental. O educador ambiental tem um grande desafio, o de formular uma educação ambiental que seja crítica, inovadora e atrativa, despertando a curiosidade, fazendo com que os vários projetos saiam do papel e virem realidade. Todos nós temos esse dom de despertar a sensibilização para um ambiente saudável e totalmente preservado. Basta abrirmos os braços e entrelaçar esse maravilhoso planeta que é aTerra, nossa morada. Tenham um ótimo estudo! 26 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL A Educação Ambiental Não formal opera por meio de programas direcionados para os aspectos bem definidos da realidade social e ambiental. Usa meios multivariados. Tem a função de informar e formar. Atua sobre e com comunidades. Desenvolve ações na área da educação, comunicação, extensão 248 e cultura. Tem ainda propósitos informativos para o esclarecimento e orientação de questões de ordem tecnológica. A educação ambiental não formal, ou extracurricular, é aquela obtida fora dos bancos escolares e universitários. Com a família, amigos, cinema, teatro, restaurante, em todo e qualquer lugar, público ou privado, existe a possibilidade de aquisição de conhecimentos ligados ao meio ambiente. Difere em alguns itens da Educação Ambiental Informal, sendo que esta se dirige ao grande público, ou à sociedade, e se vale dos meios de comunicação convencionais. Ela se presta à difusão de informações ou ao esforço de programas institucionais no âmbito da política, da educação e da cultura ambiental. Por exemplo: pesquisa, campanhas de opinião pública, articulações políticas com entidades ambientais, comemorações de datas e eventos sobre o Meio Ambiente. A educação ambiental como medida socioeducativa para melhoria da qualidade ambiental foi introduzida no Brasil pela Lei 4.771 de 15/07/1965 (Código Florestal Brasileiro), e passou a fazer parte das ações do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, pela Lei 6.938 de 31/08/1981. A partir disso, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, uma parceria do Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação, pela Lei 9.795 de 27/04/1999, regulamentando as diretrizes e princípios da educação ambiental no Brasil. É interessante observar a evolução que a Educação Ambiental - em especial a não formal - sofreu ao longo do tempo, visto que inicialmente era utilizada como forma de manifesto, alertando sobre a escassez dos recursos naturais e indicando a necessidade de conservação da natureza. É concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos como uma prática de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e a má distribuição no acesso aos recursos naturais. A Educação Ambiental Não Formal é fundamental para o desenvolvimento da sensibilização ambiental nos diversos âmbitos de atuação da população nas cidades e campo. 249 Segundo o Artigo 225 da Constituição Federal, ao estabelecer o “meio ambiente ecologicamente equilibrado” como direito dos brasileiros, “bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”, também, atribui ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Nesse sentido, trata-se da defesa e preservação pelo Poder Público e pela coletividade, de um bem público (o meio ambiente ecologicamente equilibrado), cujo modo de apropriação dos seus elementos constituintes, pela sociedade, pode alterar as suas propriedades e provocar danos ou, ainda, produzir riscos que ameacem a sua integridade. A mesma coletividade que deve ter assegurado o seu direito de viver em um ambiente que lhe proporcione uma sadia qualidade de vida, também precisa utilizar os recursos ambientais para satisfazer suas necessidades. Na vida prática, o processo de apropriação e uso dos recursos ambientais não acontece de forma tranquila. Há interesses em jogo e conflitos (potenciais e explícitos) entre atores sociais que atuam de alguma forma sobre os meios físico-natural e construído, visando o seu controle ou a sua defesa. 27 ESFERAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A lei do Plano Nacional de Educação Ambiental (PNEA) combina educação formal e não formal. Assim, embora se esquecendo de que à educação informal é aquela do dia a dia que acontece pelo simples contato direto ou indireto entre os seres humanos, a lei vem de fato responsabilizar toda a sociedade, por meio das mais diversas esferas organizativas, pela educação ambiental. Diz o artigo Art. 2º “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma 250 articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”. E o Art. 3º especifica: “Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: I - ao Poder Público, nos termos dos artigos 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.” 251 A abrangência das responsabilidades atribuídas pela lei em matéria de EA não formal fica clara, apesar de algumas fraquezas conceituais na Lei 9795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental na Seção III, Art. 13, ao estipular que: “Entendem-se por educação ambiental não formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente". E continua: O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo. Quando falamos em educação ambiental não formal nas escolas privadas, essas necessitam integrar seu sistema educacional com práticas 252 pedagógicas voltadas para o incentivo de atividades extraclasse, como a criação de ONGs, grupos de estudos ambientais, programas de iniciação científica e visitas aos mais diversos lugares onde a ambientalidade seja o foco do trabalho. Vale lembrar que, embora haja incentivos governamentais, nem sempre esses são conseguidos, sendo a entidade a responsável direta pela elaboração destes programas. Por longos anos e até os dias de hoje, os movimentos