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Estágio Supervisionado II - Direito Penal - Defesa Preliminar - Temática 1 - Seção 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, nacionalidade..., vereador, casado, portador do RG n..., regularmente inscrito no CPF n..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado à rua ... n... na cidade de Conceição do Agreste/CE, vem, com procuração anexa, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, oferecer
DEFESA PRELIMINAR
Dentro do prazo legal, com fulcro nos artigos 514 e 395 ambos do Código de Processo Penal contra denúncia feita pelo Excelentíssimo Representante do Ministério Público, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
1 – PRELIMINARMENTE
1.2 – DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
De acordo com os preceitos do artigo 513 do Código de Processo Penal, os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Todavia, Meritíssimo, vale ressaltar que a denúncia oferecida pelo Excelentíssimo Promotor de Justiça (vide anexo x) carece de tais documentos probatórios mínimos para tal oferecimento. Ocorrendo em falta até mesmo uma justificativa consistente e legítima que tragam os fatos narrados, pelo supra mencionado, à luz do direito. Portanto, esta provocação ora debatida não deve prosperar.
Ainda, nas normas do artigo 41 do Código de Processo Penal, a denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do Acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Contudo, Nobre Magistrado, ao oferecer a denúncia, o Excelentíssimo Promotor de Justiça em sua peça acusatória deixou de apresentar o máximo de informações possíveis sobre os fatos apurados. Tais informações imprescindíveis, isso porque estas têm o fim de propiciarem o devido exercício da ampla defesa e do contraditório. Logo, no caso ora debatido, havendo mais de um Acusado, é obrigatório que a Acusação, na petição inicial, individualize a conduta de cada um deles. Afinal, a não especificação da adequação típica de participação de cada um dos Acusados em relação ao respectivo crime, pormenorizando e subordinando sua conduta ao tipo penal, inviabiliza por completo o correto e necessário exercício defensivo do mesmo. 
Deste modo, denúncias genéricas são manifestamente ineptas devendo ser rejeitadas com base no artigo 395, I do Código de Processo Penal. Assim tem se mostrado o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
STF: EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ESTADO DE DIREITO. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP NÃO PREENCHIDOS. 1 - A técnica da denúncia (art. 41 do Código de Processo Penal) tem merecido reflexão no plano da dogmática constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Precedentes. 2 - Denúncias genéricas, que não descrevem os fatos na sua devida conformação, não se coadunam com os postulados básicos do Estado de Direito. 3 - Violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Não é difícil perceber os danos que a mera existência de uma ação penal impõe ao indivíduo. Necessidade de rigor e prudência daqueles que têm o poder de iniciativa nas ações penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso. 4 - Ordem deferida, por maioria, para trancar a ação penal. (HC 84409, Relator (a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator (a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 14/12/2004, DJ 19- 08-2005 PP-00057 EMENT VOL-02201-2 PP-00290 RTJ VOL-00195-01 PP-00126). 
Por derradeiro, o artigo 358, III do Código Eleitoral dita que a denúncia será rejeitada quando for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal.
Como podemos ver, as informações presentes na denúncia não provam, nem colocam em dúvida que o Sr. José estava na liderança do crime alegado e nem mesmo que sabia do feito, portanto, pela clara falta de legitimidade a denúncia deve ser rejeitada.
2 – DOS FATOS
Em .../.../... o Excelentíssimo Representante do Ministério Público, em sua denúncia, narrou que a mera solicitação de vantagem indevida já configura o crime de corrupção passiva, onde a discussão anterior sobre a (i) legalidade da prisão em flagrante realizada seria irrelevante para a configuração do delito.
Não obstante, acusou o Sr. José Percival da Silva de liderança, juntamente com outros três vereadores em sendo João Santos, vulgo “João do Açougue”, Fernando Caetano e Maria do Rosário, nos crimes de associação criminosa, artigo 288 do Código Penal e corrupção passiva, artigo 317 do mesmo Código.
3 – DO DIREITO
3.1 – DA FALTA DE JUSTA CAUSA
Nos moldes do artigo 395, III do Código de Processo Penal, a denúncia será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Destarte, pela simples análise da denúncia ora debatida, não há nenhum indício de autoria do Acusado em relação a qualquer dos crimes que lhe são imputados. 
Logo, pela falta de envolvimento autoral do Sr. José Percival da Silva, esta tentativa de demanda deve ser rejeitada pela falta de justa causa.
3.2 – DA FALTA DE REQUISITOS
Conforme elenca o artigo 288 do Código Penal, para a configuração de uma associação criminosa, necessitam de 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes.
Entretanto, na acusação feita, não se restou o requisito “fim especifico de cometer crimes”, tendo em vista que o Promotor não alegou a pluralidade de crimes, logo a acusação não se funda, portanto não se sustenta.
Ainda, para tal acusação, necessariamente deve haver o pressuposto “fim específico” para sinalizar o caráter de estabilidade e durabilidade da referida associação, distinguindo-a do mero concurso de pessoas para o cometimento de um só delito. Logo, pela simples avaliação do artigo 288 do Código Penal no fato narrado, não é caso de associação criminosa.
3.3 - CARÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
Nos moldes do artigo 317 do Código Penal, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
Todavia, não se restaram comprovadas tais alegações feitas pelo Ilustre Promotor de que o Sr. José estaria envolvido em tal feito, nem que era mandante, como consta na denúncia, nem que era co-autor ou partícipe.
Portanto, Nobre Magistrado, a denúncia oferecida pelo Excelentíssimo Promotor não deve prosperar, devendo assim ser rejeitada.
4 – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer de Vossa Excelência que se digne em rejeitar a denúncia com base no artigo 395, I e III do Código de Processo Penal, pela manifesta inépcia da inicial e a falta de justa causa c/c artigo 513 do Código de Processo Penal, pela falta de documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito c/c o artigo 358, III do Código Eleitoral, pela manifesta ilegitimidade da parte e faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal.
Nestes termos, pede deferimento
Conceição do Agreste/CE, 2 de maio de 2018
ADVOGADO...
OAB...

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