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penal seção 06 zé da farmácia

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE-CE.
 
 
 
 
José Percival da Silva, brasileiro, Presidente da Câmara dos Vereadores, portador CPF XXX.XXX.XXX-XX, portador da cédula de identidade N.:XXX.XXX.XX, residente na rua XXXXX, número XX, bairro XXX, na cidade de Conceição do Agreste/CE, por seu advogado devidamente constituído pelo instrumento de mandato apresentar seu RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593, inciso I do Código de Processo Penal e com o devido preenchimento dos pressupostos recursais, sendo a interposição tempestiva. Além disso, o Recorrente tem legitimidade e interesse, visto ser sucumbente. 
Desta forma, requer que o Recurso seja conhecido, recebido no efeito devolutivo e encaminhado à superior instância para o devido julgamento. 
Termos em que, pede e espera deferimento. 
Conceição do Agreste, 07 de Junho de 2018.
(NOME DO ADVOGADO)
Advogado – OAB/UF: 0000
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ. 
 
I – DOS FATOS:
 
O Ministério Público da comarca de Conceição do Agreste/CE, ofereceu denuncia contra Jose Percival da Silva, mais conhecido como Zé da Farmácia, afirmando ser o líder em associação criminosa com outros vereadores do município de Conceição do Agreste-CE, os quais no dia 3 de Fevereiro de 2018, na sede da Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, supostamente exigiram do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar de um procedimento licitatório, o pagamento de R$100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar, assim a conduta foi qualificada pelos crimes previstos nos artigos 288 a 317, na forma do artigo 69, do Código Penal. 
Foi rejeitada a denúncia pelo MM. Juiz quanto ao crime de associação criminosa. Não satisfeito o MP do Estado do Ceará, apresentou Recurso em Sentido Estrito, com a intenção de reformar a decisão proferida pelo juízo, que a considerou sem justa causa para modificar a decisão quanto ao crime de associação criminosa. 
O Ministério Público em suas Alegações Finais pede a condenação do denunciado, sob argumento de que existem provas suficientes para condená-lo pelo delito de corrupção presente no artigo 317 do Código de Processo Penal. Em síntese estes são os fatos. 
Uma vez finalizada a instrução, que transcorreu dentro da normalidade, o MM. Juiz que proferiu a sentença, não acatando nenhuma das teses defensivas e julgado procedente a denúncia, para condenar o Recorrente à pena de 02 anos e 06 meses de reclusão. É um breve resumo dos fatos. 
II – DO DIREITO:
Busca a denúncia ministerial a condenação do denunciado pelo crime de concussão, previsto no artigo 316 do Código Penal, por supostamente exigir do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar de um procedimento licitatório, o pagamento de R$100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar.
Entretanto, insta consignar que o denunciado não sabia de nenhuma barganha ou recebimento de vantagens indevidas, sendo que isso se passa por uma perseguição política que culminou na sua prisão ilegal.
Não obstante cumpre ressaltar que o Requerente trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu qualquer processo crime, conforme certidão negativa anexa. 
Cumpre ressaltar que o depoimento do ofendido, constante nos autos, não só negou como afirmou que a primeira vez que esteve com o denunciado foi na sessão que ocorreram as prisões que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele. O mesmo ainda afirmou que não tinha como afirmar que o denunciado estivesse envolvido no crime de corrupção praticado pelos demais réus. 
Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. 
As razões do fato em si serão analisadas, no devido processo legal, não cabendo, neste momento, um julgamento prévio que comprometa sua inocência.
I. ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA DO RECORRENTE
O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, de maneira unânime, concedeu ordem de Habeas Corpus em favor do Apelante, relaxando sua prisão, por concordar com a tese de que o garante foi preparado. Deste modo, aplica-se a regra do crime impossível, prevista no artigo 17 do Código Penal que diz: 
“Não se pune tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”
Prova disso é o comando existente na Súmula 145 do STF, que dispõe: 
“Não há crime, quando sua preparação do flagrante pela policia torna impossível a sua consumação.”
Desta forma, não havendo crime em razão da preparação do flagrante, não restam duvidas de que a conduta do Apelante é atípica, devendo, pois, ser absolvido, nos termos do artigo 386, III do Código Processo Penal que prediz:
“O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: não constituir o fato infração penal.”
II. DA ABSOLVIÇÃO POR ESTAR PROVADO QUE O APELANTE NÃO CONCORREU PARA A INFRAÇÃO PENAL
Requer a absolvição do Recorrente nos termos do artigo 386, IV do Código de Processo Penal, que dispõe: 
“O juiz absolverá o réu, mencionando a causa n, a parte dispositiva, desde que reconheça: não constituir o fato infração penal.”
Portanto, por estar provado que o Apelante não concorreu para a infração penal, uma vez que as provas dos autos demonstram, de forma inequívoca, a absoluta ausência de autoria na pratica do delito em exame. A própria vitima, quando indagado pelo Juiz se o Apelante havia participado do crime, não só negou, como afirmou que a primeira vez que esteve com o Recorrente foi na Sessão em que ocorreram prisões,mas que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele, em relação a este ou a qualquer outro assunto. 
E, respondendo a uma pergunta feita pela Defesa respondeu não ter como afirmar que o Apelante estivesse envolvido no crime de corrupção praticado pelos demais réus. 
III. ERRO NA APLICAÇÃO DA PENA – APLICAÇÃO DA PENA NO MINIMO LEGAL
No caso da manutenção da condenação do Recorrente a dosimetria da pena deve ser reformulada, levando em conta o artigo 59, IV do Código Penal que prediz: 
“O juiz atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, 
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime; a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.”
Desta forma, o juiz de primeira instancia condenou o Recorrente a uma pena de 02 anos e 06 meses de reclusão, ou seja, acima do mínimo legal, sem haver fundamento fático e jurídico para decretação de uma pena tão elevada. Assim, comprovado que o Recorrente atende a todos os requisitos do artigo 59, I à IV do Código Penal, a pena aplicada deve ser reformulada, de modo a se fixar a pena base no mínimo legal. 
IV. DO PEDIDO: 
Diante do exposto, requer seja:
a) absolvição por atipicidade da conduta em razão da preparação do flagrante em conformidade com a Súmula 145 do STF e artigo 17 do Código Penal e em razão ao artigo 386, III do Código de Processo Penal. 
b) absolvição do denunciado nos termos do artigo 386, IV do Código de Processo Penal, haja vista que não há prova concreta que sustente uma condenação, prevalecendo o princípio do in dúbio pro réu.
c) reforma da sentença com aplicação da pena nos patamares mínimos legais em conformidade com o artigo 59, IV do Código Penal, isto é, 02 anos de reclusão. 
Nestes Termos, 
Pede Deferimento. 
Conceição do Agreste, 07 de Junho de 2018.
(NOME DO ADVOGADO)
Advogado – OAB/UF: 0000

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