Buscar

caso 2 penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Seção 2 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
PENAL 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
SUA CAUSA! 
 
Olá, operadores do Direito! 
 
Não podemos deixar de lhe dar os parabéns! Afinal, graças à sua excelente peça 
elaborada na primeira Seção, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, de maneira 
unânime, concedeu a ordem de Habeas Corpus por você impetrada em favor do Zé da 
Farmácia, relaxando sua prisão, por concordar com a tese de que o flagrante foi 
preparado. 
Assim, expedido o competente alvará de soltura, seu cliente pôde, enfim, voltar 
para casa para aguardar o andamento do processo em liberdade. 
Entretanto, menos de uma semana após ser libertado, Zé é surpreendido pela visita 
de um Oficial de Justiça em sua casa que, após se apresentar, efetua a entrega de um 
documento composto de diversas páginas e o avisa que ele está notificado a 
apresentar sua defesa no prazo de 15 (quinze) dias. 
Zé, muito assustado, assina o recibo de entrega do documento e rapidamente vai 
para seu quarto ler o documento que acabara de receber. Lá, constata que, após 
concluídas as investigações e elaborado o relatório conclusivo pela Autoridade Policial 
competente, os autos do inquérito foram remetidos ao Ministério Público, que, dentro 
do prazo legal, ofereceu denúncia nos seguintes termos: 
 
 
Seção 2 
DIREITO PENAL 
Na prática! 
 
 3 
 
“Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Conceição do 
Agreste/CE 
 
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ, por meio de seu Órgão de 
Execução infra-assinado, vem perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 
129, inciso I da Constituição Federal, c/c art. 41 do Código de Processo Penal, 
e com base no incluso Inquérito Policial, oferecer DENÚNCIA em desfavor 
de: 
 
JOÃO SANTOS, vulgo “João do Açougue”, (nacionalidade), (estado civil), vereador, 
(naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e 
domiciliado à (endereço); 
FERNANDO CAETANO, (nacionalidade), (estado civil), vereador, (naturalidade), (data 
de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliado à (endereço); 
MARIA DO ROSÁRIO, (nacionalidade), (estado civil), vereadora, (naturalidade), (data 
de nascimento), (número de identidade e cpf), residente e domiciliada à (endereço); 
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia”, (nacionalidade), (estado civil), 
vereador, (naturalidade), (data de nascimento), (número de identidade e cpf), 
residente e domiciliado à (endereço), pela prática do fato delituoso a seguir exposto: 
 
Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que os denunciados, sob a 
liderança do Acusado José Percival da Silva (Zé da Farmácia, Presidente da 
Câmara dos Vereadores e liderança política do Município), valendo-se da 
qualidade de Vereadores do Município, se associaram, em unidade de 
desígnios, com o fim específico de cometer crimes. 
E, dentro deste propósito, no dia 3 de fevereiro de 2018, na sede da 
Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da 
Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, exigiram do Sr. Paulo 
Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar das 
contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores, o 
pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa 
 
 4 
pudesse participar de um procedimento licitatório que estava agendado 
para o dia seguinte. 
Desse modo, como a mera solicitação de vantagem indevida já 
configura o crime de corrupção passiva, a discussão sobre a (i) legalidade 
da prisão em flagrante realizada é irrelevante para a configuração do 
delito. 
Ante o exposto, estão os denunciados incursos nas iras dos artigos 288 
e 317, na forma do art. 69, todos do Código Penal. 
Pelo que requer o Ministério Público, seja recebida a presente 
denúncia, com a consequente citação dos réus para apresentarem defesa 
no prazo legal, designando-se em seguida audiência de instrução, para 
que ao final sejam condenados pela prática dos supracitados crimes. 
Apresenta-se o competente rol de testemunhas, requerendo sua 
intimação para oitiva em juízo: 
 
1 - Paulo Matos, endereço. 
 
 
 (LOCAL), (DATA) 
NOME DO PROMOTOR 
PROMOTOR DE JUSTIÇA ” 
 
Imediatamente, Zé entra em contato com você, caro aluno, para comunicar o 
ocorrido e solicitar que tome as medidas cabíveis para defendê-lo da forma mais 
adequada possível. 
Como é formado em Direito, apesar de não exercer qualquer função na área, Zé 
lhe faz os seguintes questionamentos: Essa notificação foi feita de forma correta? Seu 
prazo para apresentação de defesa é mesmo de 15 (quinze) dias? 
 
 
 5 
 ADVOGADO: Consegue responder aos questionamentos de seu cliente? O ato e o 
prazo estão corretos? Como deve ser elaborada esta Defesa? Quais as teses as serem 
arguidas? Considerando que Zé foi notificado em 17 de abril de 2018, date sua peça 
com o último dia do prazo. 
 
 
 
 
Considerando o caso prático a você submetido e uma vez tendo sido Zé da 
Farmácia denunciado e notificado para apresentar defesa, cabe a você, caro aluno, 
traçar a estratégia defensiva que melhor couber ao seu cliente. 
 Relembrando nossas aulas, sabemos que o Código de Processo Penal prevê, nos 
artigos 513 a 518, um procedimento especial no caso de crimes de responsabilidade 
dos funcionários públicos: 
 
 
Fundamentando! 
 
 6 
Quadro 1.1 | Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade 
CAPÍTULO II 
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS 
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 
Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo 
processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia 
será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência 
do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação 
de qualquer dessas provas. 
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida 
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do Acusado, para 
responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. 
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do Acusado, ou este se achar 
fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá 
apresentar a resposta preliminar. 
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a 
resposta, os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser examinados 
pelo Acusado ou por seu defensor. 
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e 
justificações. 
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se 
convencido, pela resposta do Acusado ou do seu defensor, da inexistência do 
crime ou da improcedência da ação. 
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o Acusado citado, na forma 
estabelecida no Capítulo I, do Título X, do Livro I. 
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-
á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro. 
 
Fonte: adaptado do Código de Processo Penal - Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Fonte: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 14 set. 2017. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
 
 7 
Tal procedimento será adotado para os crimes praticados por funcionáriopúblico contra a administração em geral, previstos no Código Penal nos artigos 312 a 
327. 
Nesses casos, antes de o Juiz realizar o juízo de admissibilidade da petição inicial 
(recebendo ou rejeitando a denúncia), ele deve ordenar a notificação do Acusado para 
que apresente uma resposta preliminar escrita, no prazo de 15 (quinze) dias. Tudo 
conforme determina o artigo 514 do Código de Processo Penal. 
Por se tratar de processo criminal que pode vir a causar transtorno no 
desenvolvimento na atividade administrativa, optou o legislador por essa cautela antes 
de receber a denúncia e dar início ao processo. 
Assim, somente após a apresentação desta primeira defesa escrita é que o Juiz 
decide se recebe ou rejeita a inicial. Essa análise, por sua vez, é realizada nos termos 
do artigo 395 do CPP, que traz as hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa. 
 
Quadro 1.2 | Hipóteses de inépcia da denúncia ou queixa 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Fonte: adaptado do Código de Processo Penal - Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Fonte: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 14 set. 2017. 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
 
 8 
A denúncia ou queixa serão consideradas ineptas quando não preencherem os 
requisitos da petição inicial previstos no artigo 41 do CPP: 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas 
as suas circunstâncias, a qualificação do Acusado ou esclarecimentos pelos quais 
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
 
A peça acusatória deverá ser apresentada contendo o máximo de informações 
possíveis sobre os fatos apurados. Isso tem o fim de propiciar o devido exercício da 
ampla defesa e do contraditório. 
Logo, havendo mais de um Acusado, é obrigatório que a Acusação, na petição 
inicial, individualize a conduta de cada um deles. 
Afinal, a não especificação da adequação típica de participação de cada um dos 
Acusados em relação ao respectivo crime, pormenorizando e subordinando sua 
conduta ao tipo penal, inviabiliza por completo o correto e necessário exercício 
defensivo do mesmo. Assim, denúncias ou queixas genéricas são ineptas. Esse é o 
entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 
STF: EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ESTADO DE DIREITO. DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. REQUISITOS DO 
ART. 41 DO CPP NÃO PREENCHIDOS. 1 - A técnica da denúncia (art. 41 do Código de 
Processo Penal) tem merecido reflexão no plano da dogmática constitucional, 
associada especialmente ao direito de defesa. Precedentes. 2 - Denúncias 
genéricas, que não descrevem os fatos na sua devida conformação, não se 
coadunam com os postulados básicos do Estado de Direito. 3 - Violação ao princípio 
da dignidade da pessoa humana. Não é difícil perceber os danos que a mera 
existência de uma ação penal impõe ao indivíduo. Necessidade de rigor e prudência 
daqueles que têm o poder de iniciativa nas ações penais e daqueles que podem 
decidir sobre o seu curso. 4 - Ordem deferida, por maioria, para trancar a ação 
 
 9 
penal. (HC 84409, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator(a) p/ 
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 14/12/2004, DJ 19-
08-2005 PP-00057 EMENT VOL-02201-2 PP-00290 RTJ VOL-00195-01 PP-00126). 
 
Já as condições da ação penal são a legitimidade da parte; o interesse de agir; a 
possibilidade jurídica do pedido e a justa causa. 
Esta última, específica do processo penal, constitui uma condição de garantia 
contra o uso abusivo do direito de acusar, identificando-se como uma causa jurídica e 
fática que legitima e justifica a Acusação e a própria intervenção penal. Caracteriza-se 
por dois fatores: a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade1. 
Portanto, deve a petição inicial trazer elementos probatórios mínimos que 
justifiquem a admissão do processo. A Acusação não pode, tendo em vista a inegável 
existência de penas processuais, ser leviana e despida de um suporte probatório 
suficiente para justificar o imenso constrangimento que representa a assunção da 
condição de réu2. Caso esses elementos sejam insuficientes para justificar a abertura 
de um processo, o juiz deverá rejeitar a Acusação. Tudo conforme prevê o artigo 395, 
III do CPP. 
Por outro lado, após a apresentação da resposta preliminar, não sendo inepta a 
petição inicial e estando presentes todas as condições da ação, a Acusação deverá ser 
recebida e o procedimento passa a seguir o rito ordinário, nos termos do artigo 518 do 
CPP. 
Desse modo, as fases do procedimento especial de crimes de responsabilidade 
dos funcionários públicos podem ser assim descritas: 
 
 
1 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 400. 
2 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 402. 
 
 10 
i) Oferecimento da Denúncia – ii) Notificação do Acusado para apresentação de 
Resposta Preliminar – iii) Apresentação da peça defensiva, nos termos do art. 514 
do CPP – iv) Decisão judicial sobre o recebimento/rejeição da inicial – v) Havendo 
recebimento, o réu é citado para apresentação de Resposta à Acusação, nos termos 
do art. 396 do CPP – vi) Apresentada a Resposta à Acusação, o processo volta ao 
Juiz para ele decidir se absolve sumariamente o réu, de acordo com o art. 397 do 
CPP – vii) Não sendo de caso de se absolver sumariamente o réu, deve o Juiz 
designar audiência de instrução e julgamento, nos termos do art. 399, 400 e 
seguinte do CPP. 
 
Por fim, uma última observação deve ser feita acerca deste procedimento 
especial. Dispõe a Súmula 330 do Superior Tribunal de Justiça, que “é desnecessária a 
resposta preliminar de que trata o artigo 514, do Código de Processo Penal, na ação 
penal instruída por inquérito policial”. 
Tal súmula foi editada a partir de uma interpretação equivocada do art. 513 do 
CPP, que sustenta que “a denúncia será instruída com documentos ou justificação que 
façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da 
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas”. 
Entretanto, não restam dúvidas de que tal dispositivo sustenta, apenas, que a 
denúncia pode ser oferecida sem prévio inquérito policial (o que é óbvio, diante da 
facultatividade deste), desde que existam documentos que o supram. Ensina Aury 
Lopes Júnior3: 
 
Historicamente, o art. 513 é um erro. Como explica Frederico Marques, referido 
dispositivo não passa de reprodução daquilo que dispunha o Código de Processo 
Criminal de 1832, mas com um importante detalhe: naquela época (1832) não se 
admitia inquérito policial para crimes funcionais. Daí porque, como conclui o autor, 
é incompreensível que os autores do Código de Processo Penal vigente não tenham 
atentado para isso, inserindo uma norma obsoleta como a do art. 513 (que até em 
“justificação” fala), sem nenhum propósito. Agora, pretender justificar, a partir 
 
3 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 1000. 
 
 
 11 
desse imbróglio, que a resposta preliminar do art. 514 é desnecessária quando a 
denúncia tiver por base um inquérito policial, como afirma a Súmula n. 330 do STJ, 
é um disparate. Com inquérito ou sem ele, pensamos que a resposta preliminar 
(nos termos do art. 396) é necessária e constitui uma nulidade absoluta (defeito 
processual insanável) a supressão dessa garantia procedimental. Com a adoção do 
procedimento ordinário, a Súmula perdeu completamente seu objeto 
 
Portanto, não restam dúvidas que a Súmula 330 do STJ deve ser desconsiderada 
e o artigo 514 do CPP seraplicado, inclusive, para os processos precedidos de inquérito 
policial. Este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 
EMENTA: (...)IV. Nulidade processual: inobservância do rito processual específico 
no caso de crimes inafiançáveis imputados a funcionários públicos. Necessidade de 
notificação prévia (CPP, art. 514). 1. É da jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g. 
HC 73.099, 1ª T., 3.10.95, Moreira, DJ 17.5.96) que o procedimento previsto nos 
arts. 513 e seguintes do CPP se reserva aos casos em que a denúncia veicula tão 
somente crimes funcionais típicos (CP, arts. 312 a 326). 2. No caso, à luz dos fatos 
descritos na denúncia, o paciente responde pelo delito de concussão, que configura 
delito funcional típico e o co-réu, pelo de favorecimento real (C. Penal, art. 349). 3. 
Ao julgar o HC 85.779, Gilmar, o plenário do Supremo Tribunal, abandonando 
entendimento anterior da jurisprudência, assentou, como obter dictum, que o fato 
de a denúncia se ter respaldado em elementos de informação colhidos no inquérito 
policial, não dispensa a obrigatoriedade da notificação prévia (CPP, art. 514) do 
Acusado. 4. Habeas corpus deferido, em parte, para, tão somente quanto ao 
paciente, anular o processo a partir da decisão que recebeu a denúncia, inclusive, 
a fim de que se obedeça ao procedimento previsto nos arts. 514 e ss. do CPP e, em 
caso de novo recebimento da denúncia, que o seja apenas pelo delito de concussão. 
(STF – HC 89.686/SP – Rel. Min. Sepulveda Pertence. Dj. 17/8/2007) 
 
Como em qualquer outra peça, é fundamental o cuidado com sua estrutura 
lógica, composta de narração dos fatos, fundamentos jurídicos e pedidos. 
Por ser tratar de uma peça direcionada apenas ao recebimento/rejeição da 
denúncia, não cabe, neste momento processual, adentrar na discussão de mérito, 
limitando-se às questões processuais (preliminares) que poderão ensejar a rejeição da 
Acusação. 
 
 12 
Para isso, além das questões acima levantadas, é preciso estar atento às regras 
de competência, para saber se a ação foi proposta perante o Juízo correto. Para tanto, 
deve-se observar o que diz nossa Constituição Federal no art. 5º, incisos XXXVII e 
XXXVIII, além do previsto no Código de Processo Penal em seus artigos 69 a 91 (em 
especial o art. 74) e 394. 
Deve-se, ainda, analisar a necessidade de arguir alguma das exceções previstas 
no Código de Processo Penal. Para isso, cumpre a verificação do disposto nos artigos 
95 a 111 do CPP. 
Logo após, é necessária a análise da existência de alguma nulidade ocorrida em 
todo o procedimento até então realizado, nos termos dos artigos 563 a 573 do CPP. 
No caso em questão, Zé da Farmácia foi denunciado pela suposta prática dos 
delitos previstos nos artigos 288 e 317 do Código Penal: 
 
 
 
 13 
Quadro 1.3 | Crimes de associação criminosa e corrupção passiva 
Associação Criminosa 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes. 
Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Corrupção passiva 
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Fonte: adaptado do Código de Processo Penal - Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Fonte: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm>. Acesso em: 14 set. 2017. 
 
 
Dessa forma, para que possa elaborar sua defesa, torna-se indispensável que 
você, caro Advogado, também faça uma análise acerca dos citados tipos penais. 
 Nos termos do artigo 288 do Código Penal, para a caracterização do delito de 
associação criminosa, é indispensável a associação (reunir-se em sociedade, agregar-
se ou unir-se) de três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. 
A Lei 12.850/2013 deu nova redação ao art. 288 do Código Penal, abolindo o 
antigo título do delito (quadrilha ou bando), para adotar a nova denominação de 
associação criminosa. Inseriu-se a expressão “fim específico” apenas para sinalizar o 
caráter de estabilidade e durabilidade da referida associação, distinguindo-a do mero 
concurso de pessoas para o cometimento de um só delito. Quem se associa (pelo 
menos três agentes) para o fim específico de praticar crimes (no plural, o que 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
 
 14 
demonstra a ideia de durabilidade) assim o faz de maneira permanente e indefinida, 
vale dizer, enquanto durar o intuito associativo dos integrantes4. 
Já para a configuração do crime de corrupção passiva, previsto no artigo 317 do 
CP, o agente deve solicitar (pedir ou requerer) ou receber (aceitar em pagamento ou 
simplesmente aceitar algo), para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa (consentir em receber dádiva futura) de tal vantagem (pode ser 
qualquer lucro, ganho, privilégio ou benefício ilícito, ou seja, contrário ao direito, ainda 
que ofensivo apenas aos bons costumes)5. 
Tratando-se de petição a ser apresentada com o único objetivo de se evitar o 
recebimento da denúncia ou queixa, não há nenhum requerimento de prova a ser 
formulado. Estes devem ser realizados apenas em sede de resposta à Acusação, nos 
termos dos artigos 396-A do CPP. 
Por fim, com relação aos pedidos, deve-se atentar para que todas as teses 
arguidas ao longo da peça tenham seu respetivo pedido, sob pena de inépcia da 
mesma. 
No tocante à data da peça, vale analisar o disposto no art. 798 do CPP. 
Observe o quadro a seguir com uma síntese dos fundamentos legais: 
 
 
4 NUCCI, Guilherme Souza. Manual de direito penal. 13. ed. Forense, 2017. VitalBook file. p. 971. 
5 NUCCI, Guilherme Souza. Manual de direito penal. 13. ed. Forense, 2017. VitalBook file. p. 1053. 
 
 15 
Quadro 1.4 | Quadro síntese 
Do processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade dos funcionários 
públicos 
Arts. 513 a 518 do CPP. 
Competência Art. 5º, incisos XXXVII e XXXVIII da CF/88 
e arts. 69 a 91 e 394 do CPP. 
Exceções Arts. 95 a 111 do CPP. 
Nulidades Arts. 563 a 573 do CPP. 
Hipóteses de Rejeição da Denúncia Art. 395 do CPP. 
Crime de Associação Criminosa Art. 288 do CP. 
Crime de Corrupção Passiva Art. 317 do CP. 
Fonte: elaborado pelo autor. 
 
Com todos os elementos fornecidos, vocês agora já estão aptos a elaborar a 
resposta preliminar adequada à defesa de Zé da Farmácia? 
Mãos à obra! 
 
 
 16 
 
 
Questão 1 
 
Texto-base: Dispõe o artigo 514 do CPP que nos crimes de responsabilidade dos 
funcionários públicos, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará 
autuá-la e ordenará a notificação do Acusado, para responder por escrito, dentro do 
prazo de quinze dias. 
 
Enunciado: São crimes considerados crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos, EXCETO: 
 
a) Peculato. 
b) Corrupção ativa. 
c) Violação de sigilo funcional. 
d) Prevaricação. 
e) Concussão. 
 
Resposta: LETRA B. 
Comentário: Os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos são aqueles 
previstos no Código Penal nos artigos 312 a 327. O crime de corrupção ativa está 
previsto no artigo 333 e se trata de crime praticado por particular contra a 
administração pública. 
 
 
Primeira faze! 
 
 17 
Questão 2 
 
Texto-base: Silvia é denunciada pelo Ministério Público pela suposta prática do crime 
de estelionato. Em seguida, os autos vão conclusos ao Juiz para juízo de 
admissibilidade acerca do (não) recebimento da inicial. 
 
Enunciado: Em todas as circunstâncias abaixo, o Juiz poderá rejeitar a denúncia contra 
Silvia, EXCETO: 
 
a) Se faltar de justa causa para a ação penal. 
b) Se faltar interesse de agir. 
c) Se extinta a punibilidade de Silvia. 
d) Se a denúncia for inepta. 
e) Se faltar legitimidadeao Ministério Público. 
 
Resposta: LETRA C. 
Comentário: Artigo 395 e 397 do CPP. 
 
 
 
 
 18 
 
 
Você já sabe que qualquer peça começa pelo endereçamento, que, obviamente, 
não pode estar errado. 
Como em qualquer outra peça, é fundamental o cuidado com sua estrutura 
lógica, composta de narração dos fatos, fundamentos jurídicos e pedidos. 
Com relação aos pedidos, deve-se atentar para que todas as teses arguidas ao 
longo da peça tenham seu respetivo pedido. 
Lembre-se de que no Exame de Ordem você será avaliado pela correta indicação 
do foro competente, preâmbulo, qualificação das partes, fundamentação jurídica, 
pedidos e requerimentos, lógica e argumentação, além de ortografia e gramática. 
Vamos peticionar? 
 
Vamos peticionar!

Outros materiais