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Estágio Supervisionado II - Direito Penal - Resposta à Acusação - Temática 1 - Seção 4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE
AUTOS Nº...
Autor: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL 
Réus: José Percival da Silva, João Santos, Fernando Caetano e Maria do Rosário
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos, vem diante de Vossa Excelência, nos termos do artigo 396-A, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos seguintes argumentos:
1 - DOS FATOS 
No dia 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, Dr. João Rajão, recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores. Imediatamente, o Sr. Paulo relatou ao Delegado que, naquela data, o Vereador João Santos, o João do Açougue, que exerce, atualmente, a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma Comissão, haviam exigido de Paulo o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte. 
A vítima estava bastante nervosa e apreensiva com tal exigência, uma vez que sua empresa preenchia todos os requisitos legais para participar da referida concorrência, que era fundamental, inclusive, para a manutenção de seu negócio. Deste modo, não titubeou em procurar a polícia e relatar todo o ocorrido. Após ouvir atentamente a narrativa de Paulo, o Delegado João, visando prender todos os envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de realização da licitação, oportunidade em que uma equipe de policiais disfarçados estaria presente para efetuar a prisão dos envolvidos. 
Assim, no dia seguinte, no horário e local designados para a realização da concorrência pública, os policiais, que esperavam o ato, realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, no momento em que estes conferiam o valor entregue por Paulo. Ocorre que, por ironia do destino, seu cliente, Zé da Farmácia, na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, naquele exato dia, assistir à Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz. 
Desta forma, mesmo sem ter ciência de nenhum dos fatos aqui narrados, estava presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial e acabou também preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso, onde o Ilustre Representante do Ministério público ofereceu denúncia pelos tipos penais dos artigos 288 e 316 ambos do Código Penal. Contudo, o Nobre Juízo recebeu apenas a denúncia no que tange ao crime de concussão tipificado no artigo 316 do Código Penal. 
Ainda, o Promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE, juntou aos autos e anexou à referida denúncia, um Termo de Colaboração Premiada firmado entre o Ministério Público do Estado do Ceará e o então acusado João Santos. Neste termo, o acusado-colaborador João Santos, em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará, acompanhado de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, em troca de uma futura redução em sua pena, admite a prática do crime de concussão que teve como vítima o Sr. Paulo Matos, afirmando que a exigência do pagamento partiu, exclusivamente, do acusado Zé da Farmácia, autor intelectual da referida conduta criminosa.
2 - PRELIMINARMENTE 
2.1 - DA INÉPCIA DA DENÚNCIA 
De acordo com os preceitos do artigo 513 do Código de Processo Penal, os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a denúncia será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas.
Todavia, Meritíssimo, vale ressaltar que a denúncia oferecida pelo Excelentíssimo Promotor de Justiça (vide anexo x) carece de tais documentos probatórios mínimos para tal oferecimento. Ocorrendo em falta até mesmo uma justificativa consistente e legítima que tragam os fatos narrados, pelo supra mencionado, à luz do direito. Portanto, esta provocação ora debatida não haveria de ter prosperado.
Ainda, nas normas do artigo 41 do Código de Processo Penal, a denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do Acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Contudo, Nobre Magistrado, ao oferecer a denúncia, o Excelentíssimo Promotor de Justiça em sua peça acusatória deixou de apresentar o máximo de informações possíveis sobre os fatos apurados. Tais informações imprescindíveis, isso porque estas têm o fim de propiciarem o devido exercício da ampla defesa e do contraditório. Logo, no caso ora debatido, havendo mais de um Acusado, é obrigatório que a Acusação, na petição inicial, individualize a conduta de cada um deles. Afinal, a não especificação da adequação típica de participação de cada um dos Acusados em relação ao respectivo crime, pormenorizando e subordinando sua conduta ao tipo penal, inviabiliza por completo o correto e necessário exercício defensivo do mesmo. 
Deste modo, denúncias genéricas são manifestamente ineptas devendo ser rejeitadas com base no artigo 395, I do Código de Processo Penal. Assim tem se mostrado o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
STF: EMENTA: HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ESTADO DE DIREITO. DIREITOS FUNDAMENTAIS. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP NÃO PREENCHIDOS. 1 - A técnica da denúncia (art. 41 do Código de Processo Penal) tem merecido reflexão no plano da dogmática constitucional, associada especialmente ao direito de defesa. Precedentes. 2 - Denúncias genéricas, que não descrevem os fatos na sua devida conformação, não se coadunam com os postulados básicos do Estado de Direito. 3 - Violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Não é difícil perceber os danos que a mera existência de uma ação penal impõe ao indivíduo. Necessidade de rigor e prudência daqueles que têm o poder de iniciativa nas ações penais e daqueles que podem decidir sobre o seu curso. 4 - Ordem deferida, por maioria, para trancar a ação penal. (HC 84409, Relator (a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Relator (a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 14/12/2004, DJ 19- 08-2005 PP-00057 EMENT VOL-02201-2 PP-00290 RTJ VOL-00195-01 PP-00126). 
2.2 – DA ILEGITIMIDADE DA PARTE
De acordo com o artigo 95, IV do Código de Processo Penal, poderão ser opostas as exceções de: ilegitimidade de parte.
Assim sendo, o Sr. José Percival da Silva é parte ilegítima neste processo, tendo em vista que, como consta no relato feito à Autoridade Policial pelo Sr. Paulo Matos, a solicitação de vantagem indevida feita partiu do Vereador João Santos, junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma Comissão.
Portanto, desta acusação o Sr. José não faz parte por simplesmente estar ausente no dia do ocorrido. Logo, o fato do Sr. José configurar o pólo passivo desta ação é ato nulo conforme o artigo 564, II do Código de Processo Penal.
2.3 – DO TERMO DE COLABORAÇÃO PREMIADA (Toda a negociação foi realizada sem a presença de advogado.)
O depoimento feito pelo Sr. João Santos no Termo de Colaboração Premiada se trata de um depoimento dissimulado, senão vejamos:
O Promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE juntou aos autos e anexou à referida denúncia, um Termo de Colaboração Premiada firmado entre o Ministério Público do Estado do Ceará e o então acusado João Santos. Neste termo, o acusado-colaborador João Santos, em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará,acompanhado de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, em troca de uma futura redução em sua pena, admite a prática do crime de concussão que teve como vítima o Sr. Paulo Matos, afirmando que a exigência do pagamento partiu, exclusivamente, do acusado Zé da Farmácia, autor intelectual da referida conduta criminosa.
Todavia, não teria como a exigência do pagamento ter partido, exclusivamente, do Sr. José Percival da Silva, tendo em vista que, como já explanado, o relato da vítima em momento algum cita a figura do Sr. José, e ainda, o Sr. João não demonstra em seu depoimento nenhuma prova que ateste a sua alegação, logo esta deve ser imediatamente desconsiderada, em conseqüência, sendo o Termo de Colaboração Premiada nulo.
3 - DO MÉRITO 
3.1 - DA ABSOLVISSÃO SUMÁRIA 
Como manda o artigo 397, II do Código de Processo Penal, após o cumprimento do disposto no artigo 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade.
Assim sendo, Excelso Julgador, apesar de existirem indícios de materialidade do crime de concussão tipificado no artigo 316 do Código Penal, e indícios de autoria no que tange aos agentes: João Santos, Fernando Caetano e Maria do Rosário, constatados no relato feito pela vítima à Autoridade Policial, nada se restou comprovada no que diz respeito à autoria delitiva do qual o Sr. José Percival da Silva foi acusado.
Portanto, a falta de elementos suficientes de autoria que comprovem a existência da figura do Sr. José Percival da Silva no cometimento do crime de concussão ora debatido, deve ser causa cabal para a sua absolvição sumária, conforme o artigo 397, II do Código de Processo Penal.
4 - DAS PROVAS A PRODUZIR 
Pretende o acusado provar suas argumentações fáticas, por toda e qualquer forma de prova permitida legalmente, dando ênfase à forma testemunhal, desde logo indicando o Sr. Paulo Matos para que o mesmo, em juízo, aponte o fato da ausência da presença do Sr. José Percival da Silva no dia do ocorrido, como anteriormente já o fez em seu relato à Autoridade Policial. Protestando pela produção das demais provas que eventualmente se fizerem necessárias no curso do processo.
5 - DOS PEDIDOS 
Diante de todo o exposto, requer de Vossa Excelência que se digne em:
a) Absolver sumariamente o acusado Sr. José Percival da Silva com fundamento no artigo 397, inciso II, do Código de Processo Penal, pela falta de indícios suficientes de autoria;
b) Em não sendo caso de absolvição sumária, se digne em declarar a exceção por ilegitimidade de parte no que tange ao Sr. José Percival da Silva, conforme o artigo 95, IV c/c o artigo 564, II, ambos do Código de Processo Penal.
ROL DE TESTEMUNHAS: 
1. Paulo Matos, endereço...
Nestes termos, pede deferimento.
Conceição do Agreste/CE, data
ADVOGADO...
OAB...

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