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WEB 02 - DOL - DIREITO AMBIENTAL - TUTELA CONSTITUCIONAL - PROF DEYGLIS FRAGOSO

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DIREITO AMBIENTAL 
WEBCONFERÊNCIA II 
PROF. MSC. DEYGLIS FRAGOSO 
Antes de mais nada, cabe dizer que o direito ambiental brasileiro (conjunto de regras e princípios, 
formais e materiais, que regulam esta ciência) é recente. Muito embora seus componentes e até 
seu objeto de tutela estejam ligados à própria origem do ser humano. É por isso que se diz que o 
direito ambiental é uma ciência nova, mas com objetos de tutela tão velhos. 
 
Sobre a evolução da proteção jurídica do meio ambiente, é importante destacar alguns teóricos 
que auxiliam no esclarecimento da temática: 
-Ann Helen Wainer, Legislação Ambiental Brasileira/ Legislação Ambiental Brasileira: evolução 
histórica do direito ambiental, 1991. 
-Antonio Herman Vasconcellos Benjamin, Introdução ao Direito Ambiental Brasileiro, 1999. 
-Diego de Figueiredo Moreira Neto, Introdução ao Direito ecológico e ao direito urbanístico, 1977. 
-Ricardo Carneiro, Direito Ambiental, 2001. 
-Celso Antonio Pacheco Fiorillo, Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 2014. 
-Pedro Lenza. 
-Marcelo Abelha Rodrigues. 
-Entre outros... 
EVOLUÇÃO JURÍDICA E LEGISLATIVA 
A Tutela Econômica do Meio Ambiente: 
Os bens ambientais (água, fauna, flora, ar, etc.) já tenham sido objeto de proteção jurídico-normativo 
desde a antiguidade, o que se via era uma tutela mediata do meio ambiente, tendo em vista que o 
entorno e seus componentes eram tutelados apenas na medida em que se relacionavam às 
preocupações egoísticas do próprio ser humano. 
Nessa primeira fase, a proteção do meio ambiente tinha uma preocupação meramente econômica. O 
ambiente não era tutelado de modo autônomo, senão apenas como um bem privado, pertencente ao 
indivíduo. 
 
EX: O Código Civil Brasileiro de 1916 (arts. 554, 555, 567,584, etc.) 
-Art. 584. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar para o uso ordinário, a água de poço 
ou fonte alheia, a elas preexistentes. 
-Art. 567. é permitido a quem quer que seja mediante prévia indenização aos proprietários prejudicados, 
canalizar, em proveito agrícola ou industrial, as águas a que tenha direito, através de prédios rústicos 
alheios, não sendo chácaras ou sítios murados, quintais, pátios, hortas ou jardins. 
-Parágrafo Único. Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste o direito de indenização pelos 
danos, que de futuro lhe advenham com a infiltração ou a irrupção das águas, bem como com a 
deterioração das obras destinadas a canalizá-las. 
EVOLUÇÃO JURÍDICA E LEGISLATIVA 
A Tutela Sanitária do Meio Ambiente: 
O segundo momento dessa evolução também é marcado pela ideologia egoística e 
antropocêntrica pura. A legislação ambiental era balizada não mais pela preocupação 
econômica, mas pela preponderância na tutela da saúde e da qualidade de vida 
humana. 
O legislador claramente reconhecia a insustentabilidade do ambiente e a sua 
incapacidade de assimilar a poluição produzida pelas atividades humanas. Ficava cada 
vez mais claro que o desenvolvimento econômico desregrado era nefasto à existência 
de um ambiente sadio. 
 
EX: O Código Florestal (Lei n. 4.771/65); O Código de Caça (Lei n. 5.197/67); O Código 
e Mineração (Decreto-Lei n. 227/67); a Lei de Responsabilidade Civil por Danos 
Nucleares (Lei n. 6.453/77), etc. 
A rasa leitura desses diplomas permite a franca identificação de uma preocupação do 
legislador com o aspecto saúde, embora não se possa desconsiderar o fato de que 
ainda sobrevivia o aspecto econômico-utilitário da proteção do bem ambiental. 
EVOLUÇÃO JURÍDICA E LEGISLATIVA 
A Tutela Autônoma do Meio Ambiente e o Surgimento do Direito Ambiental: 
Se nas duas fases anteriores a preocupação maior das leis ambientais era sempre o ser humano, a partir de 
1980 houve uma verdadeira mudança de paradigma. Não seria mais o homem o centro das atenções, mas o 
meio ambiente em si mesmo considerado. 
Para tanto, a Lei n.6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), foi o marco inicial dessas grande mudança. 
Foi o primeiro diploma legal que cuidou do meio ambiente como um direito próprio e autônomo. Antes era feita 
de modo mediato, indireto e reflexo, na medida em que ocorria apenas quando se prestava tutela a outros 
direitos (direito de vizinhança, propriedade, regras urbanas de ocupação do solo, etc.). 
Lei n. 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) 
-Adotou um novo paradigma ético em relação ao meio ambiente, colocando em eixo central a proteção a todas 
as formas de vida (conceito biocêntrico); 
-Adotou uma visão holística do meio ambiente, o ser humano deixou de estar ao lado e passou a estar inserido 
como parte integrante, não podendo ser dissociado; 
-Considerou o meio ambiente um objeto autônomo de tutela jurídica, passando a permitir que os bens e 
componentes ambientais fossem protegidos independentemente dos benefícios imediatos que poderiam trazer 
para o ser humano.; 
-Estabeleceu conceitos gerais, assumindo o papel de norma geral ambiental, suas diretrizes, objetivos, fins e 
princípios devem ser mantidos e respeitados de modo que sirvam de parâmetro, seja de caráter nacional, 
estadual ou municipal; 
-Criou um microssistema de proteção ambiental, em seu texto contém mecanismos de tutela civil, 
administrativa e penal do meio ambiente. 
EVOLUÇÃO JURÍDICA E LEGISLATIVA 
EVOLUÇÃO JURÍDICA E LEGISLATIVA 
O advento da CF/88 trouxe o arcabouço jurídico que faltava para que o Direito Ambiental fosse 
içado à categoria de ciência autônoma, isso porque é no Texto Maior que se encontram 
insculpidos os princípios de Direito Ambiental (art. 225). 
Antes o que ocorria era a manutenção de alguns microbens ambientais específicos (recursos 
ambientais), sem viés ecológico, mas apenas sanitário e econômico. Atualmente, é o macrobem 
(equilíbrio ecológico) que é protegido a partir da função ecológica dos microbens (recursos 
ambientais). 
O mesmo recurso ambiental que serve à cadeia produtiva (função econômica) é também aquele 
que serve à função ecológica (manutenção dos ecossistemas). Portanto, surge o choque entre 
a economia e a ecologia, que deve ser equacionado e equilibrado pelo desenvolvimento 
sustentável. 
A partir de então, inúmeras outras leis surgiram: 
-Algumas destinadas a tutelar este ou aquele microbem ambiental de forma específica – Lei n. 
9.433/97 (Recursos Hídricos); Lei n. 11.105/2005 (Biossegurança); 
-Outras vocacionadas a estabelecer instrumentos para a proteção do equilíbrio ecológico – Lei 
n. 9.795/99 (Ação Civil Pública); Lei n. 9.605/98 (Crimes Ambientais); Lei n. 9.795/99 (Lei de 
Educação Ambiental). 
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL 
A Carta Maior (CF/88) elevou o patamar dessa tutela dentro do nosso ordenamento, 
dando-lhe status constitucional. Reconheceu-se ali, o direito de todos, das presentes e 
futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225). Ratificou 
com índole constitucional, alguns institutos brasileiros do Direito Ambiental, tais como a 
responsabilidade civil objetiva, a responsabilidade penal da pessoa jurídica, a visão 
ecocêntrica e holística do meio ambiente, o EIA/RIMA, fixou a proteção do meio 
ambiente como princípio da atividade econômica, etc. 
No Art. 225 da CF/88, o equilíbrio ecológico é tutelado diretamente, o legislador 
constitucional cuidou de reconhecer o direito ao equilíbrio ecológico, estabelecendo 
condições, instrumentos, princípios e regras. 
Portanto, quando prevê a regra de que a propriedade privada atenderá à sua função 
social (art. 5º, XVIII), quando estabelece os princípios e regras da política urbana (art. 
182) e da política agrária (art. 184), ou ainda quando estabelece regras para exploração 
e uso dos recursos hídricos (art. 20, § 1º; art. 21, XIX; art. 231, § 3º), está indiretamente, 
tratando de proteger o equilíbrio ecológico. 
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL 
Os arts. 23, VI e VII, E 24, VI e VIII, da CF/88 tratam da competência 
material e legislativaem matéria ambiental. Encontra-se aí o limite 
para o exercício do poder na proteção do meio ambiente. 
No art. 225, determina que o poder público é responsável - com a 
coletividade – pelo dever de proteger e preservar o equilíbrio 
ecológico. Como a expressão “poder público” é tomada no sentido 
genérico, justamente na interpretação dos arts. 21 e 24 que se 
encontram definidas as regras que estabelecem os limites do 
exercício dessa competência para legislar e atuar em prol do meio 
ambiente. 
 
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL

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