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Fiscalização Ambiental - INEMA/Bahia

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Rui Costa 
Governador 
João Leão 
Vice governador 
José Geraldo dos Reis Santos 
Secretário do Meio Ambiente 
Iara Martins Icó Sousa 
Chefe de Gabinete 
Márcia Cristina Telles de Araújo Guedes 
Diretora Geral do INEMA 
Aderbal de Castro Meira Filho 
Superintendente de Políticas e Planejamento Ambientais - SPA 
Luiz Antônio Ferraro Junior 
Superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais - SEP 
Kitty de Queiroz Tavares 
Diretora de Estudos Avançados em Meio Ambiente - DEAMA/SPA 
Jabson Machado Prado 
Diretor Geral 
Eva Cristina de Castro Borges 
Assessoria de Planejamento e Gestão - APG 
Ivone Maria de Carvalho 
Coordenadora do PDA e Assessoria Especial 
Rodolfo Souza Araujo Neto 
Coordenação de Gestão Organizacional e de TIC - APG 
Ana Paula Porto Santos 
Coordenadora de Comunicação da Assessoria de Comunicação – Ascom/SEMA 
Equipe da Deama 
Alexsandro Silva Santos, Cassiana Marchesan, Felipe Bastos Lobo Silva, Ilyuska Makarya 
Rodrigues Barbosa, Isabela Souza Santana, Luís Fabrício Moura Viana Santos, Maíra 
Alves dos Santos, Patrícia Rabelo Nunes da Silva, Zoltan Romero. Estagiários: Yanka 
Schramm Oliveira, Talita Jesus da Silva, Veronisse Leite De Oliveira. Colaboradores: 
Carlos Augusto Costa Dos Santos Junior, Tiago Jordao Porto Santos, Luzia Luna 
Pamponet Vilas Boas, Larissa Cayres De Souza, Joseval Souza De Almeida, Adriano 
Cassiano Dos Santos, Lorena de Jesus Barbosa. 
Elaboração 
Maurício Paim 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2017 
 
Secretaria do Meio Ambiente – Sema 
Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais – SEP 
Diretoria de Estudos Avançados em Meio Ambiente – Deama 
Av. Luis Viana Filho, 3ª Avenida, n° 390, Plataforma IV, Ala Norte, 4º andar Centro Administrativo 
da Bahia - 41.745-005 - Salvador – Bahia 
Telefone: (71) 3115-9813/3801 - Fax: (71) 3115-3891 
http://www.sema.ba.gov.br // e-mail: deama@sema.ba.gov.br 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 8 
2. MEIO AMBIENTE E POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................................... 10 
2.1. Políticas ambientais no Brasil ........................................................................................... 13 
3. O DIREITO AMBIENTAL E SEUS PRINCÍPIOS ...................................................................... 16 
4. O MEIO AMBIENTE FACE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ........................................ 22 
4.1. Princípio da ordem econômica ......................................................................................... 27 
4.2. A função socioambiental da propriedade ......................................................................... 29 
4.3. Referências constitucionais explícitas e implícitas ........................................................... 30 
5. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM MATÉRIA AMBIENTAL – LEI 
COMPLEMENTAR Nº 140/2011......................................................................................... 33 
5.1. Licenciamento Ambiental ................................................................................................. 36 
5.1.1. União ................................................................................................................. 36 
5.1.2. Estados .............................................................................................................. 39 
5.1.3. Municípios ......................................................................................................... 39 
5.1.4. Distrito Federal .................................................................................................. 41 
5.1.5. Áreas de Proteção Ambiental (APAs) ................................................................ 41 
5.2. AUTORIZAÇÃO DE SUPRESSÃO VEGETAL E APROVAÇÃO DE MANEJO. ............................ 42 
5.2.1. União ................................................................................................................. 42 
5.2.2. Estados .............................................................................................................. 42 
5.2.3. Municípios ......................................................................................................... 42 
5.2.4. Distrito Federal .................................................................................................. 43 
5.2.5. Aspectos relevantes........................................................................................... 43 
5.3. Fiscalização Ambiental ...................................................................................................... 44 
5.4. Licenciamento Por Um Único Ente Federativo ................................................................. 45 
5.5. Alterações Na Lei Nº 6.938/81 .......................................................................................... 45 
6. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................................... 46 
7. PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL ........................................................................................ 49 
7.1. Princípios ........................................................................................................................... 49 
7.1.1. Princípio da legalidade ...................................................................................... 49 
7.1.2. Princípio da impessoalidade .............................................................................. 50 
7.1.3. Princípio da moralidade..................................................................................... 50 
7.1.4. Princípio da publicidade .................................................................................... 50 
7.1.5. Princípio da eficiência ........................................................................................ 50 
7.1.6. Princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade ............................... 53 
7.1.7. Princípio do controle ou tutela .......................................................................... 53 
7.1.8. Princípio da autotutela ...................................................................................... 53 
7.1.9. Princípio da hierarquia ...................................................................................... 54 
7.1.10. Princípio da Razoabilidade ................................................................................ 54 
7.1.11. Princípio da Proporcionalidade ......................................................................... 54 
7.1.12. Princípio da Motivação ...................................................................................... 55 
7.2. Poder de polícia ................................................................................................................ 55 
7.3. Abuso de Poder ................................................................................................................. 56 
8. AS POLÍTICAS NACIONAL E ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE E A POLÍTICA NACIONAL DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS: ASPECTOS NORMATIVOS RELATIVOS À FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL58 
8.1. A Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA) ......................................................................................................................... 58 
8.2. Política Estadual do Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade .............................. 63 
8.3. Política Nacional de Resíduos Sólidos: Aspectos normativos relativos à fiscalização 
ambiental. ......................................................................................................................... 63 
9. ATUAÇÕES SETORIAIS RELATIVAS AO MEIO AMBIENTE ................................................... 72 
9.1. O papel do SUS na proteção ambiental ............................................................................ 729.2. Agrotóxicos: competências administrativas ..................................................................... 77 
9.3. Os organismos geneticamente modificados (OGMS) ....................................................... 78 
9.4. Agricultura e meio ambiente ............................................................................................ 81 
9.5. Os órgãos de trânsito e a proteção ambiental ................................................................. 83 
9.6. As obrigações ambientais das autoridades marítimas ..................................................... 83 
9.7. O papel das instituições financeiras ................................................................................. 84 
9.8. O DNPM e os seus deveres ambientais ............................................................................ 85 
9.9. A política energética, a ANP e a proteção ambiental ....................................................... 85 
9.10. A educação ambiental....................................................................................................... 86 
9.11. Gerenciamento Costeiro ................................................................................................... 87 
9.12. A política urbana e o meio ambiente ................................................................................ 87 
10. FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL NO ESTADO DA BAHIA .......................................................... 89 
10.1. Poderes dos agentes de fiscalização ................................................................................. 95 
10.2. Notificação ........................................................................................................................ 96 
10.3. Infrações e penalidades administrativas .......................................................................... 96 
10.4. Infrações ambientais em espécie...................................................................................... 97 
10.5. Penalidades administrativas ............................................................................................. 99 
10.6. Penalidades em espécie .................................................................................................. 101 
10.6.1. Destinação dos bens apreendidos ................................................................... 102 
10.6.2. Suspensão de venda e fabricação do produto ................................................ 102 
10.6.3. Destruição ou inutilização de produto ............................................................ 103 
10.6.4. Destruição de fornos ....................................................................................... 103 
10.6.5. Perda ou restrição de direitos ......................................................................... 103 
10.6.6. Lavratura do auto de infração ......................................................................... 104 
10.6.7. Circunstâncias atenuantes............................................................................... 105 
10.6.8. Circunstâncias agravantes (art. 251 do Regulamento da Lei 10.431/06) ........ 106 
10.6.9. Reincidência ..................................................................................................... 107 
10.6.10. Termo de Compromisso (art. 291 a 300 do Regulamento da Lei 10.431/06 .. 107 
11. ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS ................................................. 108 
12. RESERVA LEGAL ............................................................................................................... 109 
13. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP ............................................................... 113 
13.1. APP por mero efeito legal - Lei 12.651/12 ...................................................................... 113 
13.1.1. AS FAIXAS MARGINAIS DE QUALQUER CURSO D’ÁGUA NATURAL (art. 4º, I) . 113 
13.1.2. AS ÁREAS NO ENTORNO DOS LAGOS E LAGOAS NATURAIS (art. 4º, II) .......... 113 
13.1.3. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ÁREAS URBANAS (art. 4º, § § 9º e 
10.) ................................................................................................................... 115 
13.2. APPs na Bahia (art.89 e 90 da Lei nº 10.431/06) ............................................................ 115 
13.3. APPs POR ATO DO PODER PÚBLICO (Lei 12.651/12) ...................................................... 117 
13.3.1. Hipóteses dos §§ 5º e 6º do art. 4º ................................................................. 117 
13.3.2. UTILIDADE PÚBLICA (art. 3º, inciso VIII) .......................................................... 119 
13.3.3. INTERESSE SOCIAL (art. 3º, inciso IX) ............................................................... 119 
13.3.4. ATIVIDADES EVENTUAIS OU DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL (art. 3º, inciso X)
 ......................................................................................................................... 120 
13.4. ÁREAS DE USO RESTRITO ( arts. 10 e 11) ........................................................................ 121 
13.4.1. ÁREAS DE USO RESTRITO ................................................................................. 121 
13.5. Cadastro Ambiental Rural (Art. 29 a 30) ......................................................................... 122 
13.5.1. DA AGRICULTURA FAMILIAR (art. 42 a 58) ...................................................... 123 
13.6. Áreas Rurais Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ............................... 124 
13.6.1. ÁREAS RURAIS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - 
RECOMPOSIÇÃO MÍNIMA................................................................................ 124 
13.6.2. ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE RESERVA LEGAL .................................. 128 
13.6.3. MOTOSERRAS .................................................................................................. 130 
13.6.4. DO CONTROLE DO DESMATAMENTO (Art. 51) ............................................... 130 
13.6.5. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ......................................................................... 130 
13.6.6. RESERVAS DA BIOSFERA .................................................................................. 133 
13.6.7. CRIAÇÃO, ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DE UCs .................................................. 133 
13.6.8. ZONA DE AMORTECIMENTO ........................................................................... 133 
13.6.9. CORREDORES ECOLÓGICOS ............................................................................. 133 
13.6.10. PLANO DE MANEJO ......................................................................................... 134 
13.6.11. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................... 134 
13.6.12. LEI ESTADUAL Nº 10.431/06 ............................................................................ 134 
14. RECURSOS HÍDRICOS ....................................................................................................... 136 
14.1.1. Outorga de direitos de uso de recursos hídricos ............................................. 138 
14.1.2. Dispensa de outorga de direitos de uso de recursos hídricos ......................... 139 
14.1.3. Usos Insignificantes para Efeito de Dispensa de Outorga ............................... 139 
14.1.4. Modalidades de Outorga e Prazos - Instrução Normativa SRH nº. 01/07 ....... 140 
15. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 141 
16. GLOSSÁRIO ...................................................................................................................... 145 
 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 8 
1. INTRODUÇÃO 
Apesar do crescimento da consciência ecológica em segmentos da sociedade brasileira 
e de dispormos de uma legislação internacionalmente consideradaavançada, diversas 
dificuldades têm sido identificadas nas formas de organização e de gestão dos órgãos 
responsáveis pela defesa e proteção do meio ambiente. 
O êxito da política ambiental no Estado da Bahia depende, dentre outros fatores, do 
fortalecimento da gestão municipal, da articulação entre os órgãos governamentais 
federais, estaduais e municipais, do setor empresarial e da sociedade civil organizada e, 
concomitantemente, do desenvolvimento e execução de ações intersetoriais, do 
investimento em novas tecnologias e instrumentos metodológicos de gestão capazes de 
potencializar os resultados das intervenções estatais, bem como da constante 
capacitação de servidores públicos para o exercício de suas atividades, especialmente 
nas áreas de monitoramento, licenciamento e fiscalização ambiental. 
Nessa perspectiva, além da implantação do Programa Estadual de Gestão Ambiental 
Compartilhada (GAC), das recentes modificações realizadas na legislação estadual, em 
sua própria estrutura e na do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), 
bem como da realização de concurso público para a contratação de novos servidores, a 
Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA) pretende, por intermédio do 
Programa Estadual de Formação em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, promover a 
capacitação de agentes públicos, servidores, técnicos, gestores e representantes da 
sociedade civil, com atuação na área ambiental e que integram o Sistema Estadual de 
Meio Ambiente (Sisema) e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(Segreh), por meio de cursos presenciais e à distância. 
O presente módulo visa servir como material de apoio para o Curso de Fiscalização 
Ambiental e encontra-se estruturado em 12 capítulos. 
O capítulo 1 é a introdução, No capítulo 2, procura-se contextualizar o aparecimento da 
questão ambiental na década de sessenta do século XX, as iniciativas de movimentos 
sociais e de governos voltadas para o seu enfrentamento, bem como suas repercussões 
no Brasil. 
O Capítulo 3 apresenta, de forma sucinta, o escopo do Direito Ambiental e seus 
princípios, destacando sua importância para o adequado exercício da fiscalização 
ambiental. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 9 
No Capítulo 4, registra-se a ausência da proteção ambiental nas ordens constitucionais 
anteriores à Constituição Federal de 1988, o tratamento do tema em constituições de 
diversos países e analisa-se a questão ambiental na atual Carta Magna, destacando-se 
as referências constitucionais explícitas e implícitas em relação à questão ambiental. 
O Capítulo 5 examina a repartição de competências administrativas em matéria 
ambiental nos termos da Lei Complementar nº 140, enquanto no capitulo 6, procede-se 
à análise da tríplice responsabilidade ambiental e o capitulo 7 apresenta uma síntese do 
poder de polícia ambiental e de seus limites. 
O Capítulo 8 trata da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e do Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (SISNAMA), indicando a base legal da Política Estadual do Meio 
Ambiente e Proteção à Biodiversidade, bem como os aspectos normativos relativos à 
fiscalização ambiental contidos na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
No Capítulo 9 são identificadas responsabilidades e ações relativas ao meio ambiente 
em distintos setores governamentais no sentido de apontar possibilidades de sinergia e 
articulação para o exercício da fiscalização ambiental. Analisam-se também o papel do 
Sistema Único de Saúde (SUS) na proteção ambiental, as competências administrativas 
referentes aos agrotóxicos e aos organismos geneticamente modificados (OGMs), 
alguns aspectos da política agrícola, funções ambientais dos órgãos de trânsito, das 
autoridades marítimas, das instituições financeiras e do Departamento Nacional de 
Produção Mineral (DNPM), a Política Energética Nacional, a atividade de fiscalização da 
Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíves (ANP), a responsabilidade 
pela promoção da educação ambiental e alguns dispositivos legais da legislação 
pertinente aos ao gerenciamento costeiro e à política urbana. 
No capítulo 10 examina-se a fiscalização ambiental no estado da Bahia, as infrações 
administrativas, os procedimentos para a sua apuração e as sanções cabíveis. O capítulo 
11 analisa os principais aspectos relacionados aos espaços territoriais especialmente 
protegidos, com foco na nova legislação florestal. O último capítulo traça um panorama 
geral e apresenta alguns temas das políticas estadual e federal de recursos hídricos 
relevantes para o exercício da fiscalização ambiental. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 10 
2. MEIO AMBIENTE E POLÍTICAS PÚBLICAS 
A partir da década de sessenta do século passado o meio ambiente passou a ser objeto 
de preocupação de alguns segmentos da sociedade. Denúncias relacionadas à 
devastação de florestas, poluição nas cidades, pesca predatória de baleias e 
identificação de animais em extinção, dentre outras, passaram a sensibilizar parte da 
opinião pública. Para alguns autores, os sinais de alerta soaram no Primeiro Mundo: 
Nos Estados Unidos da América, país hegemônico dentro do sistema 
capitalista e principal potência industrial até aquele momento, as 
evidências dos aspectos destrutivos da industrialização para a própria 
vida humana começaram a se acumular e dramatizar [...]. Mas foram 
grupos de cidadãos e organizações não-governamentais que chamaram 
a atenção para os primeiros problemas ambientais que se verificavam 
(STOTZ; VALLA et al., 1992, p.2-3). 
Ao final daquela década, especialmente no ano emblemático de 1968 quando o 
movimento estudantil se expandiu em Paris e em outras cidades europeias, nos Estados 
Unidos, México e Brasil, despontaram lutas sociais com características distintas das 
experiências históricas anteriores. Nesse mesmo ano, surgiu a ideia de uma Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, originada do governo sueco, “respondendo 
às inquietações dos cientistas daquele país com a chuva ácida, a contaminação do 
Báltico e a acumulação de metais pesados e praguicidas nos peixes e nas aves” (STOTZ; 
VALLA et al., 1992, p.3). 
Segundo esses autores, entre o lançamento dessa ideia e a realização da Conferência de 
Estocolmo em 1972, muita mobilização ocorreu. Não se tratava da clássica luta de 
classes entre trabalhadores e burguesia, mas da problematização de novos temas para 
a ação coletiva. Surgiram, desse modo, os chamados novos movimentos sociais (GOHN, 
2004): 
O ano de 1968 é excepcionalmente importante porque, na Europa e nos 
Estados Unidos, eclodiram movimentos radicais que colocavam em 
questão a ordem capitalista. E apesar de superados os chamados ‘maios 
vermelhos’, o impacto desses movimentos foi duradouro. As primeiras 
reações não demoraram a se fazer sentir entre os círculos responsáveis 
pela ordem mundial. No mesmo ano, um grupo de cientistas, educadores, 
economistas, industriais e funcionários públicos de nível internacional 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 11 
reuniram-se em Roma para discutir os dilemas da humanidade: pobreza 
em meio da abundância, deterioração do meio ambiente, perda de 
confiança nas instituições, inflação, etc. Dos encontros dessa associação 
internacional – o chamado Clube de Roma – resultou o Relatório 
Meadows (1970), o qual propunha, até o ano 2100, um certo estado de 
não-crescimento para a sociedade humana (STOTZ; VALLA et al., 1992, 
p.3). 
O referido relatório, denominado “Limites do crescimento” (The Limits to Growth), 
elaborado por cientistas do Massachusetts Institute of Technology, por solicitação do 
Clube de Roma, defendia a tese de que o crescimento exponencial da economia e da 
população constituiria a origem da crise ambiental. A catástrofe para eles seria 
inevitável ao final do século XX, devido ao esgotamento dos recursos naturais, à poluição 
e à carência de alimentos (PELICIONI, 2005). 
Figura 1. Projeções do relatório “os Limitesdo Crescimento”. Capa do relatório do clube de Roma. 
 
Assim, segundo a autora, os supracitados cientistas, 
Sugeriam agir rapidamente para a obtenção do equilíbrio global, por meio 
do reconhecimento de que havia limites para o crescimento econômico e 
que era preciso adotar medidas internacionais coordenadas, inclusive 
quanto à melhoria da situação do Terceiro Mundo (PELICIONI, 2005, 
p.62). 
Desse modo, a questão ambiental propiciou a emergência e o desenvolvimento de 
movimentos ambientais, reconhecidos pela literatura da sociologia e da ciência política 
como um dos representantes mais destacados dos novos movimentos sociais, inclusive 
no século que se inicia (GOHN, 2003). Se no âmbito da sociedade civil era possível 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 12 
identificar o ambiente como objeto de ação coletiva, o mesmo não pode ser afirmado 
em relação aos Estados nacionais. Assim, a questão ambiental esteve praticamente 
ausente nas discussões das políticas públicas até a década de setenta do século XX 
quando ocorreu a Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente em junho de 1972. 
Este evento histórico tem sido reconhecido como um marco da construção da agenda 
internacional no que tange à apresentação de diretrizes políticas para o enfrentamento 
da questão ambiental. 
No que concerne aos movimentos ecológicos, observa-se nesse período um gradativo 
abandono da concepção inicial conservacionista pura para uma busca de maior 
integração entre o homem e a natureza (socioambientalismo). Todavia, o balanço 
dessas mobilizações até 1992 (Eco-Rio) não tem sido considerado muito favorável: 
Superada a fase inicial, marcada pelo temor com uma catástrofe global, 
e abandonando qualquer ideia de redução do crescimento econômico tal 
como proposta pelo Clube de Roma, as empresas multinacionais e os 
governos dos países do Primeiro Mundo converteram-se em destacados 
defensores do ‘desenvolvimento sustentável’. [...]. Porém, apesar das 
promessas da reciclagem e da conversão industrial, da automação e da 
microeletrônica, dos novos materiais, os vinte anos subsequentes à 
Conferência de Estocolmo foram marcados por um aumento constante da 
poluição do ar e do mar, por crescente escassez de água e perda de solo 
fértil, pela destruição da biota com redução de espécies (STOTZ; VALLA et 
al., 1992, p.33). 
Contudo, tem-se chamado a atenção para a necessidade de repensar a questão 
ambiental no Brasil. Nessa perspectiva, sugere-se “desnaturalizar” o conceito de meio-
ambiente no sentido de evitar o equívoco de dissociar seus elementos físicos e sociais 
na medida em que o ambiente “é o resultado da interação da lógica da natureza e da 
lógica da sociedade” (BECKER, 1992, p.128). Do mesmo modo, caberia “desideologizar” 
a questão ambiental, distinguindo a consciência ecológica legítima daquela ideologia 
ecológica “que se tornou um novo parâmetro da Geopolítica Mundial no movimento de 
rápida estruturação da organização econômica e política internacional” (BECKER, 
1992, p.129). 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 13 
2.1. Políticas ambientais no Brasil 
Na Conferência de Estocolmo o Brasil foi influenciado pelas iniciativas dos países 
periféricos, dispostos a não sacrificar o desenvolvimento econômico em favor do meio 
ambiente (VIOLA, 2006), e mesmo vivendo um período autoritário, em 1973 foi criada a 
Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA. Em 1981, foi editada a Lei nº 6.938 que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), rompendo o paradigma 
jurídico da fragmentação (Código Florestal – Lei nº 4771/65, Código de Caça – Lei nº 
5.197/67, Código de Mineração – Decreto-Lei nº 227/67, Lei da Responsabilidade por 
Danos Nucleares – Lei nº 6.453/77, dentre outros) e passando a proteger o meio 
ambiente de maneira integral (BENJAMIN, 2003). 
Figura 2. Figura 02. Linha do tempo da Política Ambiental no Brasil 
 
Desse modo, a questão ambiental passa a interessar, progressivamente, setores da 
sociedade brasileira nas décadas de 70 e 80 e órgãos governamentais, culminando com 
a elaboração de propostas na transição democrática que foram incorporadas pela 
Constituição de 1988 e pela legislação subsequente. 
As políticas públicas referentes ao meio ambiente implantadas na conjuntura pós-
constituinte, todavia, esbarraram na falta de prioridade diante da crise econômica e do 
corte dos gastos públicos e foram limitadas quanto à sustentabilidade ambiental. 
Também não conseguiram superar o tradicional viés setorial. A área ambiental tem-se 
caracterizado pela “fragmentação e incompetência gerencial, além de continuar isolada 
dos centros de decisão econômica, onde se definem as políticas de desenvolvimento” 
(VIOLA, 2006, p.13). 
Segundo Arlindo Philippi Jr., Gilda Collet Bruna e Vicente Fernando Silveira (2005, p.801) 
há quem considere que 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 14 
[...] a PNMA, instituída pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, 
é uma transformação inconclusa das políticas públicas oriundas de uma 
visão setorizada da questão ambiental a partir da década de 1950. Esta 
transformação estaria à espera de uma coalizão política de interesses. 
Refletindo sobre o tema, Paulo de Tarso Abrão e Daniela Mac-Dowell (2005, p.373) 
asseveram: 
Descobrir se o desenho da Administração Ambiental no país é o mais 
eficiente dependerá, entre vários fatores, não só daqueles ligados às 
questões de competência, cooperação federativa e 
inconstitucionalidades. Reserva-nos a busca de um entendimento mais 
dinâmico das estruturas criadas pelo Estado, para compreender se, 
dentro da própria estrutura administrativa estatal como um todo, não há 
um feixe de explosivos aguardando uma faísca. 
Observa-se que os sistemas de controle ambiental são periféricos em relação aos 
sistemas de poder e têm aparatos pouco eficientes (VIOLA, 2006). Predomina ainda “um 
tipo de política e gestão ambiental centralizada, regulamentadora e fiscalizadora – 
baseado no princípio de comando e controle, que estabelece padrões e metas de 
poluição a serem cumpridas” (PHILIPPI JR.; BRUNA; SILVEIRA, 2005, p.799). Modelo que, 
segundo esses autores, “tem mostrado grande eficiência no controle de poluição 
pontual (predominantemente efluentes industriais), mas apresenta dificuldades para o 
controle da poluição difusa” (PHILIPPI JR.; BRUNA; SILVEIRA, 2005, p.799). 
A contaminação e poluição ambiental provocadas, por exemplo, pelo uso indiscriminado 
de agrotóxicos, por esgotos domésticos oriundos de ligações clandestinas, por veículos 
automotores e por resíduos sólidos urbanos (lixo doméstico) exige outros tipos de 
intervenções do Poder Público pautadas em ações educativas e incentivos econômicos. 
Comentando os rumos que a Política Nacional do Meio Ambiente vem tomando, Edis 
Milaré (2005, p. 432) salienta: 
Diga-se, a bem da verdade, que é irreal o planejamento ambiental isolado 
do planejamento econômico e social. O meio ambiente é um bem 
essencialmente difuso e engloba todos os recursos naturais: as águas 
doces, salobras e salinas, superficiais ou subterrâneas; a atmosfera, o 
solo, o subsolo e as riquezas que encerram, assim como a fauna e a flora 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 15 
e suas relações entre si e com o ser humano. Compreende ainda outros 
bens, como os culturais. Por isso mesmo o planejamento da utilização de 
tais recursos deve considerar todos os aspectos envolvidos: os 
econômicos, os sociais e os ambientais. Não é possível planejar o uso de 
qualquer desses recursos apenas sob o prisma econômico-social ou 
somente sob o aspecto da proteção Ambiental. Ora o planejamento 
integrado das políticas públicas ainda não existe no Brasil, mercê da 
excessiva setorização e verticalização dos diferentes Ministérios. A isso 
acresce a inexistência de efetivas definições políticas por parte dos 
partidos políticos e dos governos, em geral. 
Cabe registrar alguns aspectos que caracterizam as políticas ambientais: 
1.Os problemas a serem resolvidos, não raro transcendem as fronteiras 
dos Estados-nação, implicando um papel mais dominante das instituições 
e tratados internacionais e limites maiores, obviamente, das capacidades 
de regulamentação dos Estados-nação. 
2. A constituição e a definição de problemas são altamente dependentes 
da ciência, a qual se reveste de considerável insegurança. A identificação 
de um problema ecológico, suas causas e consequências frequentemente 
devem ser definidas por análises científicas. Essas muitas vezes são 
marcadas pela incerteza, como é o caso, por exemplo, das previsões do 
tempo ou dos riscos de avaliação das manipulações genéticas. Estamos 
tratando, portanto, de uma esfera política que vem se tornando cada vez 
mais baseada na ciência, na qual o acesso à informação, ao conhecimento 
e à competência desempenha papel fundamental. 
3. Os problemas ambientais estão estreitamente relacionados aos 
problemas da distribuição da riqueza, isto é, as políticas ambientais não 
se limitam à proteção da natureza, mas incluem a exploração, remoção e 
utilização sustentável dos recursos naturais. Exemplo disso é a destruição 
do clima global pelas metrópoles capitalistas. Um outro exemplo são as 
lutas sobre os direitos de uso e exploração dos recursos genéticos. 
4. Além disso, a interdependência entre os níveis políticos – dos locais aos 
internacionais – e a questão de representação e mediação dos interesses 
relativos desempenham papel crucial nesse campo. (HIRSCH, 2001, 
p.108). 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 16 
3. O DIREITO AMBIENTAL E SEUS PRINCÍPIOS 
Analisando a evolução da proteção jurídica do meio ambiente no Brasil, o jurista Antônio 
Herman Benjamin (2003, p. 15), didaticamente, aponta para a existência de três fases, 
ressaltando, todavia, não se tratarem “de fases históricas, cristalinas, apartadas, 
delimitadas e mutuamente excludentes”. 
A primeira, denominada “fase da exploração desregrada ou do laissez-faire ambiental” 
compreende o período de 1500 a 1960, que se caracteriza pela existência de poucas 
normas relativas ao meio ambiente e na sua essência visavam à proteção de interesses 
econômicos ou sanitários e secundariamente protegiam aquele bem jurídico. A 
segunda, chamada “fase fragmentária”, demonstra a preocupação do legislador com 
largas categorias de recursos ambientais, surgindo várias leis esparsas, a exemplo do 
Código Florestal (1965), dos Códigos de Caça, de Pesca, de Mineração (todos de 1967), 
a Lei de Responsabilidade por Danos Nucleares (1977), a Lei do Zoneamento Industrial 
nas Áreas Críticas de Poluição (1980) e a Lei de Agrotóxicos (1989). Finalmente na 
terceira, denominada “fase holística” passa o meio ambiente a ser protegido 
integramente. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) é o marco 
legislativo inicial dessa nova fase destacando-se ainda a Lei dos Crimes Ambientais (Lei 
nº 9.605/98) (BENJAMIN, 2003). 
Para Marcelo Abelha Rodrigues (2005), o surgimento do Direito Ambiental no país 
coincide com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), 
ou seja, com o início da “fase holística” (BENJAMIN, 2003). Só a partir daí foram 
relacionados instrumentos, características e princípios próprios, que são elementos 
indispensáveis para a existência de uma ciência autônoma. 
Sem ingressar no mérito das discussões doutrinárias acerca de sua autonomia, passa-se 
à análise de alguns conceitos de Direito Ambiental. Para Edis Milaré (2005, p.155), 
Direito Ambiental é “o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das 
atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do 
ambiente em sua dimensão global, visando à sustentabilidade para as presentes e 
futuras gerações”. 
De acordo com Paulo de Bessa Antunes (2004, p.11), o Direito Ambiental pode ser 
definido da seguinte forma: 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 17 
[...] um direito que se desdobra em três vertentes fundamentais, que são 
constituídas pelo direito ao meio ambiente, direito sobre o meio ambiente 
e direito do meio ambiente. Tais vertentes existem, na medida em que o 
Direito Ambiental é um direito humano fundamental que cumpre a função 
de integrar os direitos à saudável qualidade de vida, ao desenvolvimento 
econômico e à proteção dos recursos naturais. Mais do que um Direito 
autônomo, o Direito Ambiental, é uma concepção de aplicação da ordem 
jurídica que penetra, transversalmente, em todos os ramos do direito. O 
Direito Ambiental, portanto, tem uma dimensão humana, uma dimensão 
ecológica e uma dimensão econômica que se devem harmonizar sob o 
conceito de desenvolvimento sustentado. 
Sinteticamente, pode-se compreender o Direito Ambiental como o conjunto de normas 
jurídicas (regras e princípios) que visam à defesa e à proteção ambiental. 
As fontes do Direito Ambiental se dividem em materiais e formais. São fontes materiais: 
os movimentos populares, a descobertas científicas e a doutrina jurídica. A Constituição, 
as leis, os atos internacionais firmados pelo Brasil, os decretos, as normas 
administrativas originadas dos órgãos competentes como as Resoluçoes do CONAMA e 
do CEPRAM e a jurisprudência são consideradas fontes formais 
Segundo um ilustre Procurador da República, “para a doutrina mais autorizada, as 
normas jurídicas que compõem o ordenamento positivo podem assumir duas 
configurações básicas: regras (ou disposições) e princípios” (SARMENTO, 2003, p.42) 
destacando: 
Os princípios representam as traves-mestras do sistema jurídico, 
irradiando seus efeitos sobre diferentes normas e servindo de 
balizamento para a interpretação e integração de todo o setor do 
ordenamento em que radicam. Revestem-se de um grau de generalidade 
e de abstração superior ao das regras, sendo, por consequência, menor a 
determinabilidade do seu raio de aplicação. Ademais, os princípios 
possuem um colorido mais acentuado do que as regras, desvelando mais 
nitidamente os valores jurídicos e políticos que condensam. (SARMENTO, 
2003, p.42). 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 18 
Figura 3. Diagrama das leis e princípios do direito. 
 
 
 
 
 
 
No exercício do poder de polícia, os agentes públicos devem se basear nos princípios 
para a tomada de decisões administrativas, buscando sempre atingir o interesse público. 
Em muitos casos, especiamente quando se deparam com diversas formas de 
interpretação da lei ou ante a ausência de regras específicas, podem e devem se basear 
nos princípios do Direito Ambiental. 
Nesse sentido, na fiscalização ambiental, os principios do Direito Ambiental e da 
Administração Pública, que serão posteriormente analisados, têm grande relevância 
para nortear a atuação dos técnicos nos casos concretos, inclusive para a correta 
aplicação de sanções e imposição de determinações, exigências, ou solicitações de 
planos, projetos, e demais documentos necessários à instrução dos procedimentos 
administrativos ou medidas específicas para correção de irregularidades. No que se 
refere aos princípios internacionais que regem o Direito Ambiental, não se observa uma 
enumeração uniforme na doutrina. Nesse sentido, procura-se, a seguir, analisar aqueles 
relacionados por mais de um autor. 
O mais importante deles é o “princípio do direito humano fundamental” (ANTUNES, 
2004) ou princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental 
da pessoa humana (MILARÉ, 2013). Tal princípio será estudado mais detalhadamente 
quando da análise do art. 225 da CF. 
O principio da natureza pública da proteção ambiental, por sua vez, de acordo com Edis 
Milaré (2013, p.) “decorre da previsão legal que considera o meio ambiente como um 
valor a ser necessariamente assegurado e protegido para o uso de todos”. Tratando-se 
o bem ambiental de um interesse de toda a coletividade, evidentemente, a sua proteção 
deve ser pública. 
Princípios 
Leis 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 19 
Outro princípio importanteé o denominado democrático (ANTUNES, 2004) que engloba 
outros dois princípios apontados pela doutrina (PHILIPPI JR; RODRIGUES, 2005): o da 
participação e o da informação. Fruto de movimentos sociais, evidentemente, o Direito 
Ambiental não poderia deixar de trazer para si essa característica democrática, 
assegurando o direito à participação da coletividade nas decisões políticas relativas às 
questões ambientais e à informação ambiental. 
Destacam-se também os princípios da prevenção e precaução. O princípio da prevenção 
exige a adoção de medidas tendentes a evitar a ocorrência de danos previsíveis. Já o da 
precaução, determina que não se produzam intervenções no meio ambiente antes de 
se ter certeza científica de que estas não serão adversas ao mesmo. 
O princípio da prevenção foi implicitamente incorporado ao texto constitucional. 
Pressupõe uma ação proativa do Estado e da sociedade, em geral, para evitar a 
ocorrência do dano ambiental. A exigência da realização de estudo de impacto 
ambiental para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente e a obrigação do Poder Público de “controlar 
a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” são 
demonstrações de sua assimilação pela Constituição. 
Ressalte-se que o principio da precaução foi expressamente relacionado na Conferência 
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio 92, conforme a seguir: 
Princípio nº 15 - Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da 
precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo 
com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou 
irreversíveis, a ausência de certeza absoluta não será utilizada como 
razão para o adiamento de medidas economicamente visíveis para 
prevenir a degradação ambiental (ANTUNES, 2004, p.36). 
Há também o princípio do poluidor-pagador que de acordo com Edis Milaré (2005, 
p.163-164): 
Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do Direito Ambiental 
e se inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que 
acompanham o processo produtivo (v.g., o custo resultante dos danos 
ambientais) precisam ser internalizados, vale dizer, que os agentes 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 20 
econômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos da produção 
e, consequentemente, assumi-los. Busca-se, no caso, imputar ao poluidor 
o custo social da poluição por ele gerada, engendrando-se um mecanismo 
de responsabilidade por dano ecológico abrangente dos efeitos da 
poluição não somente sobre bens e pessoas, mas sobre toda a natureza. 
As obrigações dos empreendedores de arcar com os custos do licenciamento ambiental, 
de estudos ambientais onerosos como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e a de 
reparar os danos ambientais previstas no ordenamento jurídico brasileiro se inspiram 
no aludido princípio. 
O princípio do usuário pagador é também enumerado pela doutrina. Segundo o 
supracitado jurista, 
Funda-se este princípio no fato de que os bens ambientais - 
particularmente os recursos naturais - constituem patrimônio da 
coletividade, mesmo que, em alguns casos possa incidir sobre eles em 
justo título de propriedade privada. Sabemos, outrossim, que recursos 
essenciais, de natureza global – como a água, ar e o solo – não podem ser 
“apropriados” a bel talante (MILARÉ, 2005, P.170). 
É de bom alvitre lembrar que a cobrança de uso da água baseia-se no referido princípio. 
Um novel princípio começa a ser delineado no Direito Ambiental: o princípio do 
protetor-recebedor ou do provedor. Como explica Melissa Furlan (2008, p. 230): 
O princípio do protetor-recebedor busca efetivar a justiça econômica e 
ambiental e o desenvolvimento sustentável. Tal princípio pode ser 
encarado como o inverso do princípio do poluidor-pagador, na medida em 
que proporciona uma justa compensação a todos aqueles que contribuem 
para a conservação ambiental com suas condutas, ou seja, reconhece as 
externalidades positivas daqueles cujo comportamento ambiental reduz 
os gastos públicos e traz benefícios para toda a coletividade. 
O referido princípio já tem amparo legal. Encontra-se de forma implícita previsto nos 
arts. 47 e 48 da Lei nº 9.985/00 juntamente com princípio do usuário-pagador. 
 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 21 
Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo 
abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário 
da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve 
contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, 
de acordo com o disposto em regulamentação específica. 
Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela 
geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção 
oferecida por uma unidade de conservação, deve contribuir 
financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo 
com o disposto em regulamentação específica. 
Diversos projetos de lei relacionados ao pagamento por serviços ambientais encontram-
se em tramitação no Congresso Nacional. Destaca-se o PL nº 792/07 que define os 
serviços ambientais e prevê a transferência de recursos, monetários ou não, aos que 
ajudam a produzir ou conservar estes serviços; e os PL de números 1.190/07, 5.487/09 
e 6.204/09 que foram apensados ao primeiro (BRASIL, 2010). 
A recente Lei nº 12.651/12, em seu art. 41, I prevê a possibilidade de o Poder Executivo 
Federal instituir programas de apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem 
como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtividade 
agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de 
promoção do desenvolvimento ecologicamente sustentável, abrangendo, dentre outras 
medidas, o pagamento por serviços ambientais. Por fim, merece também atenção 
especial o princípio da cooperação, que prega a colaboração e auxílio de todos os povos 
na defesa e proteção ambiental. 
 
Sistematizando... 
Quais os princípios elencados no texto? 
Diferencie os princípios da prevenção e precaução. 
 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 22 
4. O MEIO AMBIENTE FACE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 
1988 
Fortemente influenciada pelos movimentos ecológicos, pelos princípios internacionais 
de proteção ambiental consagrados pela Declaração do Meio Ambiente, adotada pela 
Conferência das Nações Unidas, realizada em 1972 em Estocolmo e também por 
princípios e diretrizes estabelecidos pela Lei n° 6.938/81, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente, a Constituição Federal de 1988 representa um marco 
jurídico fundamental para a proteção ambiental no Brasil. 
O meio ambiente, que as ordens constitucionais anteriores nem sequer tratavam 
expressamente, com o advento da Carta Magna de 1988 passou a ter destaque especial, 
não apenas pela criação de um capítulo especialmente dedicado à matéria, mas também 
em virtude da questão permear todo o seu texto, “correlacionada com os temas 
fundamentais da ordem constitucional” (SILVA, 1998, p.26). 
Devido a essa abordagem ampla e moderna do tema, o referido constitucionalista chega 
a classificá-la de “eminentemente ambientalista” (SILVA, 1998, p.26), enquanto outro 
jurista chega a denominá-la de “verde” (MILARÉ, 2005, p.184). 
Registre-se que essa previsão expressa não é exclusividade de nosso país. Salienta o 
ilustre jurista Jorge Miranda (2000, p.533): 
Problemática centralíssima de que se tem vindo a tomar consciência mais 
aguda nas últimas décadas, não admira que a problemática do meio 
ambiente tenha feito também a sua entrada nas Constituições e que 
tenha passado a interessar crescentemente a doutrina jus publicística. 
Dentre as diversas Constituições que tratam do tema, cite-se a portuguesa (arts. 9º, 65, 
66, 93, 228, dentre outros); a italiana (art. 9º); a suíça (arts. 22 quater, 24 -bis, 24 sexiese 24 septies); a indiana (art. 48-A e 51, alínea g); a espanhola (art. 45); a equatoriana 
(art. 50); a chinesa (arts. 9º e 26); a holandesa (art. 21); a de Guiné-Bissau (art. 15); a 
iraniana (art. 50); a filipina (seção 16, art. II); a de S. Tomé e Príncipe (art.10, alínea d e 
48); a nambiana (art. 11); a moçambicana (art. 36 e 37); a búlgara (art. 15 e 55); a 
romena (art.14, n 2, alínea e); a cabo-verdina (art.70); a angolana (art. 24); a russa (art. 
58); a alemã (art. 20-A); a sul-africana (art. 24) (MIRANDA, 2000). Adverte, todavia, o 
referido constitucionalista: 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 23 
Hoje, a relevância do ambiente tornou-se quase obrigatória ou recorrente 
em quase todos os novos textos constitucionais, entendida à luz das suas 
coordenadas próprias. Mas essa universalização não significa, só por si, 
que a efetividade das normas – sejam programáticas ou preceptivas – se 
mostre muito forte ou idêntica por toda a parte e muito poucos os Estados 
que poderão arrogar-se (como bem se desejaria) a qualidade de Estados 
ambientais (MIRANDA, 2000). 
No que se refere à Constituição brasileira, antes de analisar os dispositivos que tratam 
do tema sub examine faz-se necessário trazer à baila importante contribuição dada pelo 
constitucionalista brasileiro citado para a compreensão do conceito constitucional de 
meio ambiente: 
O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de 
toda a natureza original e artificial, bem como os artificiais correlatos, 
compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas 
naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e 
arqueológico. O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de 
elementos naturais artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento 
equilibrado da vida em todas as suas formas (SILVA, 1998, p.2). 
O Capítulo VI, do Título VIII - Da Ordem social, foi reservado pelo constituinte de 1988 
para tratar especialmente do tema ambiental, e merece ser integralmente transcrito: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo 
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País 
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 24 
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de 
vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o 
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo 
órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e 
sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos 
recursos naturais. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, 
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas 
naturais. 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
O art. 225 da CF, ao assegurar a todos o direito “ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado”, considerando-o “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida”, reconhece expressamente o seu caráter de direito fundamental da pessoa 
humana, que, segundo a doutrina, é um dos princípios mais importantes do direito 
ambiental. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 25 
Paulo de Bessa Antunes (2004) lembra o reconhecimento internacional do sobredito 
princípio pelos Princípios 1 e 2 da Declaração de Estocolmo, segundo os quais, 
respectivamente, “O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao 
desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que 
lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar, e é portador solene de obrigação 
de melhorar o meio ambiente, para as presentes e futuras gerações [...]” e “os recursos 
naturais da Terra, incluídos o ar, a água, o solo, a flora e a fauna e, especialmente, 
parcelas representativas dos ecossistemas naturais, devem ser preservados em 
benefícios das gerações atuais e futuras [...]” (ANTUNES, 2004, p.32). 
Acrescenta o ilustre jurista que o referido princípio foi reafirmado pela Declaração do 
Rio, proferida na Conferência das Nações Unidas sobre Meio ambiente, realizada em 
1992, no Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92, cujo Princípio 1 declara que “os seres 
humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento 
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio 
ambiente”. 
Merece ainda aplausos o referido dispositivo constitucional por enfatizar, em seguida, 
que o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras 
gerações se impõe não apenas ao Poder Público, mas também à coletividade. 
Em razão de seu caráter difuso, pertencente à categoria de direitos que se enquadra 
como de terceira geração (BOBBIO, 1992) e de sua vital importância para a própria 
sobrevivência do planeta, não poderia, de fato, a Constituição disciplinar a matéria de 
forma diversa, isentando a coletividade da sua também salutar obrigação de preservar 
e proteger o meio ambiente. 
No que concerne especificamente ao Poder Público, além do dever genérico de proteger 
e preservar o meio ambiente, explícito no caput do art. 225, a Constituição anuncia 
expressamente, nos incisos I a VII, do § 1º, um rol de atividades que devem por ele ser 
realizadas com fim de assegurar a efetividade do aludido direito humano fundamental. 
Poder Público, segundo o citado constitucionalista, “é expressão genérica que se refere 
a todas as entidades territoriais, pois uma das características do Estado Federal, como o 
nosso, consiste precisamente em distribuir o Poder Público por todas as entidades 
autônomas que o compõem, para que cada qual o exerça nos limites das competências 
que lhe foram outorgadas pela Constituição” (SILVA, 1998, p.49). 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 26 
Em matéria ambiental, a competência legislativa, em regra, é concorrente entre União, 
Estados e Distrito Federal, de acordo com o art. 24, VI, VII e VIII da CF: 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
[...] VI - florestas, caça, pesca, fauna,conservação da natureza, defesa do 
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da 
poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens 
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Convém frisar que o Município, conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial 
amplamente majoritários, pode também legislar sobre meio ambiente, com 
fundamento no art. 30, incisos I e II, ou seja, “legislar sobre assuntos de interesse local” 
e “suplementar a legislação federal e estadual no que couber”. 
Já a competência administrativa é comum, sendo, portanto, dever de todos os entes da 
Federação, ou seja, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a 
obrigação de preservar e proteger o meio ambiente. 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios: 
[...] III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, 
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os 
sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte 
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas 
formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora. 
É bem verdade que cada ente federativo, por sua vez, organiza e cria seus próprios 
órgãos e entidades outorgando-lhes atribuições específicas para atuarem nas questões 
ambientais, a exemplo do IBAMA, na Administração Federal. Essa repartição de 
competências internas não parece, destarte, afastar a indeclinável obrigação genérica 
que qualquer outro órgão ou entidade que compõe a Administração Pública tem de 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 27 
cuidar do meio ambiente, ainda que não haja previsão expressa na legislação ordinária 
nesse sentido. 
Essa é, sem dúvida, a melhor exegese do caput do art. 225 e da análise sistêmica do 
texto constitucional que, por reconhecer a interdisciplinaridade e transversalidade do 
tema ambiental, fazendo-o penetrar em outras áreas, obriga os setores da 
administração não vinculados diretamente à questão ambiental a inserirem essa 
preocupação no planejamento, desenvolvimento e execução de suas atividades. 
4.1. Princípio da ordem econômica 
No Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, há referência expressa ao 
meio ambiente, sendo a sua defesa erigida ao status de princípio geral da atividade 
econômica, conforme art. 170, VI. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoração do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
[...] VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de 
seus processos de elaboração e prestação (Redação da EC nº 42/03). 
Segundo o Ministro Eros Roberto Grau (2000, p.265), 
A Constituição, destarte, dá vigorosa resposta às correntes que propõem 
a exploração predatória dos recursos naturais, abroquelado sobre o 
argumento, obscurantista, segundo o qual as preocupações com a defesa 
do meio ambiente envolvem proposta de “retorno à barbárie”. 
Ainda de acordo com o ilustre ministro, o princípio da defesa do meio ambiente trata-
se de um dos princípios constitucionais impositivos (GRAU, 2000) que, conforme o 
constitucionalista português J. J. Gomes Canotilho (2003, p.1166), seriam aqueles que 
“subsumem-se todos os princípios, que impõem aos órgãos do estado, sobretudo ao 
legislador, a realização de fins e a execução de tarefas”. 
Conforme Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 28 
[...] a atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os 
princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente. A 
incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por 
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole 
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade 
econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está 
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a 
‘defesa do meio ambiente’ (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e 
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente 
cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente 
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza 
constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, 
para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são 
inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde, 
segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar 
graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em 
seu aspecto físico ou natural. (BRASIL, 2006). 
Em face do dispositivo constitucional supracitado, não se pode mais conceber um 
desenvolvimento econômico desatrelado de valores ambientais. Cabe portanto, ao 
Estado, com fundamento também no art. 225 da CF, o dever de não apenas proteger o 
meio ambiente nos casos excepcionais em que intervenha diretamente na economia, 
mas, sobretudo, o de exigir o total cumprimento das normas ambientais pelos 
particulares, quando no exercício de sua precípua função regulatória. 
Ademais, deve-se lembrar também que a incorporação ao ordenamento jurídico de 
novos instrumentos econômicos seria um passo importante na direção de tornar efetivo 
o referido mandamento constitucional. De acordo com Arlindo Philippi Jr., Gilda Collet 
Bruna e Vicente Fernando Silveira (2005, p.806): 
A Agenda 21 preconiza que os instrumentos econômicos devem 
incorporar os custos ambientais às decisões de produtores e 
consumidores, diminuindo o viés distorcido da disponibilidade absoluta 
dos recursos naturais. Os preços devem refletir o valor total (custos sociais 
e ambientais) e sua escassez relativa, contribuindo para a mitigação da 
degradação ambiental. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 29 
Registre-se a criação em alguns estados do chamado ICMS ecológico. O Paraná foi o 
pioneiro, seguido pelos Estados de São Paulo (1993), Minas Gerais (1995), Rondônia 
(1996), Rio Grande do Sul (1998), Mato Grosso do Sul (2001) e Mato Grosso (2001). 
Projetos relativos ao tema estão em fase de implementação ou regulamentação em 
Pernambuco, Tocantins e Amapá, e em debate ou tramitação nas casas legislativas dos 
Estados da Bahia, Goiás, Pará, Santa Catarina, Ceará e Rio de Janeiro (LOUREIRO, 2006). 
4.2. A função socioambiental da propriedade 
Em que pese a Constituição de 1967 já ter tratado de forma expressa da função social 
da propriedade, a Constituição de 1988, refletindo mais uma vez o espírito 
preservacionista que a caracterizou, deu um passo adiante nessa matéria incorporando 
a preocupação ambiental no seu conceito. 
Na oportunidade, vale ressaltar os seguintes ensinamentos: 
A Propriedade Privada, absoluta e ilimitada, torna-se incompatível com a 
nova configuração dos direitos, que passam a tutelar Interesses Públicos, 
dentre os quais a preservação ambiental. Assim, o Direito de Propriedade 
adquire nova configuração, e passa a estar vinculado ao cumprimento de 
uma Função Social e Ambiental. É limitado no interesse da coletividade e 
a fim de adequar-se às novas demandas de ordem ambiental (CAVEDON 
apud MASCARENHAS, 2005). 
A conclusão da existência de uma verdadeira “função socioambiental da propriedade” 
se extrai da análise sistemática de diversos dispositivos constitucionais, dentre os quais 
se destacam o art. 5º, XXIII, segundo o qual “a propriedade atenderá à sua função social”, 
o art. 170 e seus incisos II, III e VI, que diz que a propriedade privada, a função social da 
propriedade e a defesa do meio ambientesão princípios da ordem econômica, o art. 
182, § 2º, que trata da função social da propriedade urbana, o art. 184, referente à 
desapropriação por interesse social de imóvel rural, o art. 186, que descreve os 
requisitos para a conformação da função social, bem como e o próprio art. 225, já 
analisado anteriormente. 
O art. 186, que trata especificamente da propriedade rural, merece ser aqui transcrito 
na íntegra por exigir de forma explícita para o efetivo cumprimento da função social a 
utilização adequada dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 30 
Art.186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos 
em lei, aos seguintes requisitos: 
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação 
do meio ambiente; 
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores. 
Convém lembrar que Novo Código Civil, instituído pela Lei nº 10.406/02, procurando se 
amoldar a esses novos contornos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, ao 
direito de propriedade, contemplando o fim socioambiental a que ela se destina, diz 
expressamente em seu art. 1228, § 1°: 
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as 
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as 
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, 
bem como evitada a poluição do ar e das águas. 
A função socioambiental da propriedade, sendo, portanto, matéria constitucional e 
também disciplinada pela legislação ordinária, não pode jamais deixar de ser observada 
pelo Estado. A busca de sua efetivação pelo Poder Público se revela imprescindível para 
o desenvolvimento sustentável. 
4.3. Referências constitucionais explícitas e implícitas 
A doutrina pátria costuma apontar a existência de normas constitucionais explícitas e 
implícitas, tratando da matéria ambiental. 
No que tange às normas explícitas, além dos dispositivos constitucionais já 
mencionados, destacam-se os seguintes artigos: art. 5º, inciso LXXIII (confere 
legitimação a qualquer cidadão para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural); art. 20, inciso II (considera bens da 
União as terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental); art. 91, § 1º, inciso 
III (outorga ao Conselho de Defesa Nacional a competência para “propor os critérios e 
condições de utilização das áreas indispensáveis à segurança do território nacional e 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 31 
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente nas áreas de fronteira e nas relacionadas 
com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo”; art. 129, 
inciso III (declara ser uma das funções institucionais do Ministério Público “promover o 
inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do 
meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”; art. 174, § 3º (determina que 
o Estado “favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando 
em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos 
garimpeiros); art. 200, inciso VIII (atribui, textualmente, ao Sistema Único de Saúde – 
SUS a obrigação de colaborar na proteção do meio ambiente); art. 216, inciso V (declara 
constituir patrimônio cultural brasileiro “os conjuntos urbanos e de valor histórico, 
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”; art. 220, § 
3º, II (diz que lei federal deve “estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à 
família de se defenderem [...] da propaganda de produtos, práticas e serviços que 
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”); e art. 231, § 1º (define as terras 
tradicionalmente ocupadas pelos índios como aquelas “por eles habitadas em caráter 
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à 
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem estar e às necessárias à sua 
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”) (SILVA, 1998). 
Quanto às normas implícitas, não se faz necessário para os restritos limites desse 
trabalho tentar identificar todas elas, nem mesmo transcrever as já reveladas pela 
doutrina. Basta registrar que, para enumerar algumas delas, a doutrina se baseou nas já 
apontadas transversalidade e interdisciplinaridade do Direito Ambiental. 
É o que se verifica, por exemplo, quando certos autores indicam o art. 21, XX que trata 
da competência da União para “instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, 
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos” como uma dessas 
inúmeras normas implícitas (ANTUNES, 2004; SILVA, 1998). 
O último autor citado fundamenta a referida conclusão, asseverando que diretrizes para 
o desenvolvimento urbano, incluindo habitação, saneamento básico e transportes 
urbanos é matéria urbanística que inclui o Direito Ambiental, lembrando ainda que deve 
ser preocupação da União regular, segundo ele, “assunto de enorme potencial 
contaminador – transportes urbanos – onde carece interferir para impor conduta não 
poluidora” (SILVA, 1998, p.28). 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 32 
 
Sistematizando... 
Qual o significado da constituição de 1988 
para a Política Ambiental no Brasil? 
Faça um quadro comparativo das 
 competências concorrentes e comuns aos entes federativos. 
Comente a função socioambiental 
 da propriedade. 
 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 33 
5. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM 
MATÉRIA AMBIENTAL – LEI COMPLEMENTAR Nº 
140/2011 
Baseada em um modelo de federalismo cooperativo, a Constituição Federal de 1988, 
estabeleceu, conforme mencionado, em seu art. 23, III, VI e VII, a competência comum 
entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios para a atuação em matéria 
ambiental, reservando à lei complementar a fixação de normas de cooperação entre os 
mesmos, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito 
nacional (art. 23, parágrafo único). 
Nesse sentido, no exercício do poder de polícia administrativa, todos os entes 
federados, por intermédio de seus órgãos ambientais, estariam aptos a fiscalizar e 
licenciar atividades e empreendimentos utilizadores de recursos naturais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação 
ambiental. 
A falta de regulamentação do mencionado dispositivo constitucional e a ausência de 
regras claras sobre a repartição de competências administrativas sempre geraram 
dúvidas e incertezas quanto ao órgão ambiental competente para o exercício de 
determinadas ações, especialmente no tocante as atividades de fiscalização e 
licenciamento. 
Os princípios constitucionais da predominância de interesses e da eficiência 
administrativa que, especialmente ante a ausência da referida regulamentação 
deveriam nortear a atuação dos órgãos incumbidos de promover a defesa e proteção do 
meio ambiente, não se revelaram suficientes para evitar ações dúplices, desperdício de 
recursos públicos, nem para oferecer à sociedade a segurança jurídica necessária. 
Na tentativa de regular a matéria e eliminar as infindáveis discussões na doutrina e 
conflitos na práxis administrativa e nos Tribunais, a Resolução nº 237/97 do CONAMA 
estabeleceu critérios e parâmetros para a repartição de competências entre os entes 
federativos para fins de licenciamento ambiental. 
Ocorre que, além de não tratar de outros temas relativos à atuação administrativa 
ambiental da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ao disciplinar 
matéria reservada, a lei complementar revelou-se,segundo a Resolução CONAMA nº 
237/97, nesse particular, inconstitucional pela forma. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 34 
Nesse sentido, a Lei Complementar nº 140 de 08 de dezembro de 2011 veio a suprir uma 
importante e imensa lacuna legislativa existente até então no Brasil. 
Passados mais de vinte anos da promulgação da Constituição Federal de 1988, e 
finalmente foi editada a Lei Complementar nº 140/11, regulamentando o art. 23, 
parágrafo único, no que diz respeito à matéria ambiental. 
Em que pesem as suas evidentes imperfeições, poderá essa lei nortear as ações 
administrativas, possibilitando uma redução dos conflitos de competência entre os 
diversos órgãos ambientais e o aumento da segurança jurídica para os empreendedores, 
bem como contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da gestão ambiental 
no âmbito municipal e consequente fortalecimento do Sistema Nacional de Meio 
Ambiente – SISNAMA. 
A Lei Complementar nº 140/11 fixa normas para a cooperação entre a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da 
competência comum em matéria ambiental, regulamentando o art. 23, parágrafo único, 
da Constituição Federal, no que concerne aos temas previstos nos incisos III, VI e VII do 
caput desse artigo. 
Tem por objetivos fundamentais (art. 3º): 
• a) proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente; 
• b) garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio 
ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a 
redução das desigualdades sociais e regionais; 
• c) harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de 
atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e 
garantir uma atuação administrativa eficiente; 
• d) garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as 
peculiaridades regionais e locais. (LEI COMPLEMENTAR Nº 140/11). 
Estabelece, em seu art. 4º, que os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos 
seguintes instrumentos de cooperação institucional: 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 35 
• a) Consórcios públicos; 
• b) Convênios, acordos de cooperação técnica e outros Instrumentos similares com 
órgãos e entidades do Poder Público; 
• c) Comissões Tripartites Nacional e Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito 
Federal, formadas, paritariamente, por representantes de todos os entes 
federativos; 
• d) Fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; 
• e) Delegação de atribuições e de ações administrativas de um ente federativo a 
outro. (LEI COMPLEMENTAR, Nº 140/11). 
A delegação de ações administrativas será feita mediante convênio, devendo, para 
tanto, o ente federativo destinatário da delegação, conforme o art. 5º, dispor de: 
a) Conselho de Meio Ambiente; e 
b) Órgão ambiental capacitado, considerado aquele que possua técnicos 
próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número 
compatível com a demanda das ações a serem delegadas. (LEI 
COMPLEMENTAR, N° 140/11) 
A Resolução CONAMA Nº 237/07, ao descrever os requisitos para que o órgão ambiental 
pudesse licenciar, se referia a “técnicos próprios ou contratados”. Para fins específicos 
de delegação de ações administrativas, a Lei Complementar nº 140/11 é, nesse sentido, 
bem mais restritiva, privilegiando e, de certa forma, estimulando a criação de consórcios 
públicos. 
É de se notar que os municípios, por meio de consórcios públicos por eles formados, 
poderão contribuir sobremaneira para tornar mais eficiente a gestão ambiental no 
Brasil. 
Além do aumento de sua capacidade técnica para atendimento de demandas de sua 
competência originária, a instituição de consórcios públicos poderá facilitar a delegação 
pelos estados aos mesmos, visando à realização do licenciamento ambiental de 
empreendimentos e atividades de impacto regional, desafogando os primeiros, 
abarrotados de processos, otimizando o uso de recursos públicos e tornando os 
processos mais céleres. 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 36 
Imprescindível para o alcance desses objetivos é a constituição, pelo consórcio público, 
de uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais qualificados experientes, 
preferencialmente concursados, para a atuação na área ambiental. 
No Capítulo III da referida lei complementar foram estabelecidas as ações de 
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com vistas a 
atingir os objetivos previstos no art. 3º, bem como garantir o desenvolvimento 
sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas governamentais. 
Nesse particular, buscou o legislador disciplinar a repartição de competências entre os 
entes federados para o desenvolvimento de diversas atividades administrativas, 
destacando-se, entre elas, o licenciamento, a fiscalização ambiental e a autorização para 
supressão e aprovação de manejo vegetal, cujas competências para o seu exercício 
serão a seguir analisadas. 
5.1. Licenciamento Ambiental 
5.1.1. União 
De acordo com o art. 7º, XIV da referida lei complementar compete a União promover 
o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
• a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
• b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na 
zona econômica exclusiva; 
• c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
• d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
• e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
• f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato 
do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, 
conforme disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; 
• g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e 
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em 
Formar EAD - Fiscalização Ambiental - Página 37 
qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de 
Energia Nuclear (CNEN); ou 
• h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de 
proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um 
membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e considerados os 
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. 
(LEI COMPLEMENTAR, Nº 140/11) 
No que se refere às alíneas “a”, “b”, “c”, “e” e “g” não houve qualquer alteração de 
cunho material. As hipóteses ali previstas já eram assim disciplinadas pela Resolução 
CONAMA nº 237/07. 
Nota-se que foi suprimida a hipótese prevista no art. 4º, III da Resolução CONAMA nº 
237/97, qual seja, “cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais 
do País ou de um ou mais Estados”. 
A extensão do impacto direto da atividade ou empreendimento jamais poderia, no 
entanto, ser desconsiderada pelo legislador, pois é corolário lógico do princípio 
constitucional da predominância de interesses. Empreendimentos ou atividades cujos 
impactos diretos atinjam mais de um Estado ou ultrapassem as fronteiras do país, 
atingindo outras nações, não podem, evidentemente, deixar de ser licenciados pelo 
órgão ambiental federal, no caso, o IBAMA. Qualquer tentativa na prática administrativa 
nesse sentido pode representar séria ofensa à Constituição Federal. 
O critério da dominialidade do bem para fins de licenciamento ambiental adotado para 
a hipótese da alínea “b”, que também constava da Resolução CONAMA nº 237/97, 
sempre foi objeto de questionamento por parte da doutrina e da jurisprudência que 
frequentemente arguia a sua inconstitucionalidade. (MILARÉ, 2005). 
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