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DISSERTAÇÃO MARCOS ROBERTO CARDOSO - VERSÃO OFICIAL

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA COMUNICAÇÃO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGION AL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DAS EMPRESAS DE FOMENTO MERCANTIL ( FACTORING) 
SOBRE AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE RIO DO SUL 
 
 
 
MARCOS ROBERTO CARDOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2008 
MARCOS ROBERTO CARDOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DAS EMPRESAS DE FOMENTO MERCANTIL ( FACTORING) 
SOBRE AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE RIO DO SUL 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional, do Centro 
de Ciências Humanas e da Comunicação da 
Universidade Regional de Blumenau, como requisito 
parcial para obtenção do título de Mestre em 
Desenvolvimento Regional. 
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Negrão Bizzotto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BLUMENAU 
2008 
A INFLUÊNCIA DAS EMPRESAS DE FOMENTO MERCANTIL ( FACTORING) 
SOBRE AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE RIO DO SUL 
Por 
MARCOS ROBERTO CARDOSO 
Dissertação apresentada para obtenção do título 
de Mestre em Desenvolvimento Regional, pela 
banca examinadora formada por: 
______________________________________________________________ 
Presidente: Prof. Dr. Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, Orientador, FURB 
_____________________________________________________________ 
Membro: Profa. Dra. Cristiane Mansur de Moraes Souza - FURB 
_____________________________________________________________ 
Membro externo: Prof. Dr. Fábio Alexandrini - UNIDAVI 
_____________________________________________________________ 
Membro suplente: Prof. Dr. Oscar Dalfovo - FURB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Blumenau, dezembro de 2008 
AGRADECIMENTOS 
O término deste trabalho traz a satisfação da conclusão e, ao mesmo tempo, o 
sentimento de dívida e gratidão para com aqueles que, direta e indiretamente, estiveram 
presentes nesta jornada, pessoas que, com colaboração e compreensão, muitas vezes pela 
minha ausência, contribuíram para que fosse possível a realização desta obra. 
Agradeço especialmente a minha esposa Manuela, companheira paciente e dedicada 
de tantos anos, e ao meu filho André, orgulho e maior acontecimento da minha vida. 
Incentivadores incansáveis, de acolhida certa nos momentos de dificuldade e incerteza. 
Agradeço aos meus pais, Avelino e Lourdes, por todo o sacrifício realizado por mim, 
pela educação e pela força que sempre me transmitiram e ensinaram a ter na busca dos meus 
objetivos e, acima de tudo, pela lição de vida que me passam a cada dia. 
Aos meus irmãos, Ronaldo, Ivan e Darclé, que estiveram atentos a cada passo, 
torcendo, apoiando, vibrando fazendo um pouco deles, também, esta conquista. A idade, o 
tempo e os afazeres podem ter diminuído as possibilidades de convivência, mas a 
proximidade afetiva conquistada desde a infância permanece intacta. 
Agradeço a Manuel e Fernanda, sogro e sogra, avô e avó do André, pela presença e 
carinho. Para mim, na verdade, segundo pai e segunda mãe, que me viram crescer, não desde 
tão pequeno, mas o suficiente para ter neles fonte de consulta e sabedoria que ajudaram, 
também, a guiar meus passos. 
Agradeço ao Prof. Dr. Carlos Eduardo Negrão Bizzotto por aceitar ser meu 
orientador e pelas precisas e tranqüilas considerações, indicações e correções, que 
direcionaram tão bem o foco deste trabalho. 
Aos amigos Cátia Dagnoni, mestra e logo doutora, historiadora invejável e 
companheira de academia; à eficiente e paciente Janaína Caetano, futura economista, que 
organiza e torna mais leve a minha rotina e a Solano André Cunha, parceiro na música e na 
vida. 
Enfim, agradeço à UNIDAVI pelo apoio financeiro e pelo espaço acadêmico que me 
tem dado; ao Prof. Dr. Fábio Alexandrini e ao Prof. Msc. Arnaldo Kuroski pela amizade e 
pelas precisas considerações; à Profa. Msc. Marilei Kroetz pelo auxílio nas pesquisas; ao Prof. 
Luiz Alberto Neves, companheiro de inúmeros projetos; à economista Mariléia Gunther pelo 
apoio na realização das pesquisas, leituras, busca e prospecção de dados. 
A lista de agradecimentos poderia ser mais extensa, pois foram muitos os que me 
dispensaram seus préstimos, carinho e amizade. Por isso, acima de tudo, agradeço a Deus por 
ter colocado em minha vida pessoas maravilhosas que, aqui citadas ou não, tanto contribuíram 
para o meu crescimento intelectual, profissional e humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Felicidade é a certeza de que a nossa 
vida não está se passando inutilmente.” 
 
Érico Veríssimo 
RESUMO 
Nesta dissertação, objetiva-se avaliar a influência das empresas de fomento mercantil – as 
denominadas factorings - sobre a atividade empresarial do município de Rio do Sul, em Santa 
Catarina. Por isso, apresenta-se conceitos, exemplos e dados que podem contribuir para o 
conhecimento e compreensão do potencial de contribuição econômica do factoring para o 
município pesquisado. Inicialmente, descreve-se as características, importância e 
representatividade das micro e pequenas empresas, ressaltando questões que envolvem 
sustentabilidade, em especial o crédito. Em seguida, aborda-se a atividade do factoring: 
histórico, características, modalidades e formas de atuação junto às empresas, distinguindo-o 
de outras atividades com as quais é confundido. Por fim, analisa-se os dados coletados junto 
às micro e pequenas empresas estabelecidas no município de Rio do Sul para verificar a 
contribuição do fomento mercantil para a atividade empresarial. 
Palavras-chave: Factoring. Micro e Pequenas Empresas. Sustentabilidade. Rio do Sul. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This present dissertation has as objective to evaluate the trade foment companies’ influence, 
the factorings, about the corporate activity from the county of Rio do Sul / SC. The work 
presents concepts, examples and facts, that intend to amplify the knowledge and 
understanding of action and factoring’s potential to economical contribution for the country. 
In the beginning, it is made the characteristics presentation, importance and representatively, 
in specially the credit. Following, questions related to the factoring activity are approached, 
its historic, characteristics, modalities, action’s forms, the distinction between the activities 
with it is confused and how it has worked with the companies’ activity. By the end an analysis 
is made throughout the collected facts in an applied search, of trade foments contribution at 
the small and micro companies established in the county of Rio do Sul. 
Key-words: factoring. Micro and Small Companies. Sustainability. Rio do Sul. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ANFAC – Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – factoring 
BACEN – Banco Central do Brasil 
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal 
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 
CDB – Certificado de Depósito Bancário 
CGET – Coordenação Geral de Estatísticas do Trabalho 
DNRC – Departamento Nacional de Registro do Comércio 
FINAME – Financiamento de Máquinas e Equipamentos 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IF – Instituições Financeiras 
IOF – Imposto Sobre Operações Financeiras 
IR – Imposto de Renda 
ISS – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza 
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 
ME – Micro Empresa 
MPE – Micro e Pequena Empresa 
MPME – Micro, Pequenas e Médias Empresas 
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego 
PIB – Produto Interno Bruto 
RAIS – Relatório Anual de Informações Sociais 
RDB – Recibo de Depósito Bancário 
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SECEX – Secretaria deComércio Exterior 
SERASA – Centralização de Serviços dos Bancos S.A 
SPC – Serviço de Proteção ao Crédito 
SPPE – Secretaria de Políticas Públicas de Emprego 
STF – Supremo Tribunal Federal 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 01 - Fluxo das operações de factoring..........................................................................54 
Figura 02 - Localização da cidade de Rio do Sul .....................................................................67 
Gráfico 01 - Número de empresas por porte no Brasil – 2002.................................................23 
Gráfico 02 - Taxa de mortalidade das MPEs formalmente constituídas ..................................27 
Gráfico 03 - Taxa (%) estadual de mortalidade de MPE constituídas em 2005.......................28 
Gráfico 04 - Crédito do sistema financeiro nacional, em percentual do PIB (jan. 1990 a fev. 
2004)....................................................................................................................40 
Gráfico 05 - Formas de financiamento mais utilizadas pelas MPEs ........................................42 
Gráfico 06 - Formas de pagamento aceitas nas vendas a prazo (***)......................................43 
Gráfico 07 - Razões alegadas pelos bancos para não conceder empréstimo (PJ) às MPEs, 
segundo as empresas com propostas de crédito negadas.....................................44 
Gráfico 08 - Ramo de atuação da empresa...............................................................................74 
Gráfico 09 - Número de empregados com vínculo empregatício em dezembro de 2007. .......75 
Gráfico 10 - Situação financeira mais freqüente da empresa ...................................................78 
Gráfico 11 - A empresa busca recursos financeiros em função de que necessidades ..............79 
Gráfico 12 - Utiliza-se freqüentemente de empréstimos bancários ou 
agências de microcrédito .....................................................................................80 
Gráfico 13 - Motivo pelo qual não utiliza empréstimos bancários 
ou agências de microcrédito ................................................................................81 
Gráfico 14 - Principal dificuldade encontrada na busca de recursos financeiros junto a bancos, 
financeiras ou agências de microcrédito..............................................................82 
Gráfico 15 - Títulos utilizados nas vendas a prazo...................................................................89 
Gráfico 16 - Título de preferência ............................................................................................90 
Gráfico 17 - Prazos comuns estabelecidos para as vendas.......................................................92 
Gráfico 18 - Realiza consulta quando vende a prazo para verificar o risco do crédito ............92 
Gráfico 19 - Motivo pelo qual utiliza os serviços das factorings.............................................97 
Gráfico 20 - Como considera o factoring em relação às opções existentes 
no mercado financeiro .........................................................................................98 
Gráfico 21 - Como considera a factoring em relação às opções existentes 
no mercado financeiro .........................................................................................98 
Gráfico 22 - Como considera a factoring em relação às opções existentes 
no mercado financeiro .........................................................................................99 
Gráfico 23 - Como considera a factoring em relação às opções existentes 
no mercado financeiro .........................................................................................99 
Gráfico 24 - Como considera a factoring em relação às opções existentes 
no mercado financeiro .......................................................................................100 
Gráfico 25 - O custo cobrado pela factoring é considerado...................................................101 
Gráfico 26 - Realiza a venda dos títulos sempre com a mesma empresa de factoring..........102 
Gráfico 27 - Conhece os serviços que as factorings oferecem além da compra de títulos ....103 
Gráfico 28 - A factoring com a qual negocia presta serviço além da compra 
dos cheques pré-datados e duplicatas ................................................................103 
Gráfico 29 - Serviços oferecidos pelas empresas de factoring além da compra 
dos cheques pré-datados e duplicatas ................................................................104 
Gráfico 30 - Fator determinante para a escolha da empresa de factoring 
com a qual realiza negócios...............................................................................105 
Gráfico 31 - A empresa consegue trabalhar melhor com o auxílio do factoring?..................106 
Gráfico 32 - Desempenho da empresa após utilizar os serviços do factoring........................106 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
Quadro 01 - Factoring: modalidades, vantagens e desvantagens ............................................60 
Quadro 02 - Banco x factoring x agiotagem ............................................................................62 
Tabela 01 - Classificação das empresas por número de empregados......................................20 
Tabela 02 - Classificação das empresas por Receita Operacional Anual (R$ mil) .................20 
Tabela 03 - Número de empresas formais em atividade no Brasil - 2002 (mil)......................21 
Tabela 04 - Número absoluto de MPE no Brasil - 2003 .........................................................23 
Tabela 05 - Número de estabelecimentos, por setor de atividade e porte - Brasil - 2005.......24 
Tabela 06 - Evolução do número de microempresas, por setor de atividade 
no Brasil – 2001 a 2005.......................................................................................24 
Tabela 07 - Evolução do número de pequenas empresas por setor de atividade 
no Brasil - 2001 a 2005 .......................................................................................25 
Tabela 08 - Taxa de mortalidade das MPE formalmente constituídas....................................27 
Tabela 09 - Dificultadores na gestão das empresas ativas criadas em 2005 ...........................28 
Tabela 10 - Principais responsáveis pela mortalidade das MPEs criadas em 2005 ................29 
Tabela 11 - Evolução do crédito total no Brasil - 2003 a 2006...............................................40 
Tabela 12 - Evolução do crédito total no Brasil - 2005 a 2007...............................................41 
Tabela 13 - Direcionamento das operações de fomento mercantil por 
segmento econômico (%) ....................................................................................65 
Tabela 14 - Total de empresas - por setor e tamanho - estabelecidas em Rio do Sul 
(Classificação SEBRAE).....................................................................................70 
Tabela 15 - Valores de z para alguns níveis de confiança........................................................72 
Tabela 16 - Tempo de vida da empresa....................................................................................75 
Tabela 17 - Número de empregados com vínculo empregatício 
em dezembro - 2004 a 2007 ................................................................................76Tabela 18 - Faturamento médio anual da empresa - 2004 a 2007...........................................76 
Tabela 19 - Principal dificuldade de gestão enfrentada pela empresa.....................................77 
Tabela 20 - Situação financeira da empresa referente à necessidade de capital de giro .........79 
Tabela 21 - Principal forma utilizada para solucionar as necessidades 
de recursos financeiros ........................................................................................83 
Tabela 22 - Atuação dos organismos públicos e privados para facilitar 
a tomada de recursos financeiros.........................................................................84 
Tabela 23 - Principal dificuldade para que a empresa tenha acesso ao crédito bancário 
ou que a levam a evitar tomar empréstimos junto às instituições financeiras.....85 
Tabela 24 - Segunda principal dificuldade para que a empresa tenha acesso ao crédito 
bancário ou que a levam a evitar tomar empréstimos junto às instituições 
financeiras............................................................................................................85 
Tabela 25 - Percentual das vendas à vista ...............................................................................87 
Tabela 26 - Percentual de vendas a prazo................................................................................87 
Tabela 27 - Percentual das vendas a prazo (crediário) ............................................................88 
Tabela 28 - Percentual das vendas com cartão de crédito .......................................................88 
Tabela 29 - Percentual das vendas com cheque pré-datado ....................................................89 
Tabela 30 - Percentual das vendas através de financeiras .......................................................91 
Tabela 31 - Percentual das vendas através de convênios ........................................................91 
Tabela 32 - Tipo de consulta efetuada quando vende a prazo.................................................93 
Tabela 33 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo negociados 
com factorings.....................................................................................................93 
Tabela 34 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo, mantidos em carteira.........94 
Tabela 35 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo, enviados para 
cobrança simples junto a banco...........................................................................94 
Tabela 36 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo, utilizados 
para desconto bancário ........................................................................................95 
Tabela 37 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo de descontados 
com agiota ...........................................................................................................96 
Tabela 38 - Percentual dos títulos gerados pelas vendas a prazo, endossados e 
repassados a fornecedores e outros......................................................................96 
Tabela 39 - Meio pelo qual soube da existência do factoring ..............................................100 
Tabela 40 - Custo mensal, em percentual, cobrado pela factoring com a qual negocia........101 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................15 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA.....................................................................................16 
1.2 OBJETIVOS................................................................................................................16 
1.2.1 Objetivo geral ..............................................................................................................16 
1.2.2 Objetivos específicos...................................................................................................16 
1.3 PERGUNTAS DE PESQUISA ...................................................................................16 
1.4 HIPÓTESES................................................................................................................17 
1.5 JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DO TEMA.....................................................17 
1.6 METODOLOGIA........................................................................................................17 
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................18 
2 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS................................................................19 
2.1 CARACTERIZAÇÃO.................................................................................................19 
2.2 IMPORTÂNCIA E REPRESENTATIVIDADE ........................................................20 
2.3 A SUSTENTABILIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS....................25 
2.4 O CRÉDITO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.................................31 
2.4.1 Breve histórico e importância do crédito.....................................................................31 
2.4.2 Assimetria de informações e o crédito para as MPEs .................................................33 
2.4.3 O crédito para as micro e pequenas empresas no Brasil..............................................39 
3 O FACTORING..........................................................................................................47 
3.1 ORIGENS HISTÓRICAS E CARACTERIZAÇÃO ..................................................47 
3.2 A OPERAÇÃO DE FACTORING..............................................................................51 
3.3 MODALIDADES E A ATUAÇÃO DO FACTORING..............................................55 
3.4 ATIVIDADES CONFUNDIDAS COM O FACTORING..........................................61 
3.4 A ATUAÇÃO DO FACTORING JUNTO À ATIVIDADE EMPRESARIAL...........62 
4 O FACTORING E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE RIO DO SUL.66 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.......................................................66 
4.2 PESQUISA MPES RIO DO SUL -2008 .....................................................................70 
4.2.1 Definição da amostra ...................................................................................................71 
4.2.2 Análise dos dados .......................................................................................................74 
4.2.2.1 Caracterização das empresas ......................................................................................74 
4.2.2.2 Situação financeira .....................................................................................................78 
4.2.2.3 Acesso ao crédito........................................................................................................80 
4.2.2.4 Composição das vendas..............................................................................................86 
4.2.2.5 Prazos e consultas cadastrais ......................................................................................91 
4.2.2.6 Destino dos títulos gerados pelas vendas a prazo.......................................................93 
4.2.2.7 A relação com o factoring..........................................................................................97 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................107 
6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................112 
APÊNDICE - INSTRUMENTO DE PESQUISA .............................................................119 
 
 
1 INTRODUÇÃONos últimos anos, os avanços tecnológicos, a inovação e a globalização, 
principalmente financeira, se tornaram traços marcantes da economia mundial, promovendo 
uma integração ainda maior da economia e fazendo com que a competitividade entre 
empresas e nações se atrele cada vez mais à capacidade de adaptação destas a um contexto de 
aceleradas e complexas mudanças. Nesse Cenário, o crédito caracteriza-se como um dos 
pontos-chave para obter, manter e ampliar vantagens competitivas. 
O crédito pode ser contextualizado dentro de uma série de finalidades, que vão do 
financiamento voltado ao consumo à nobre função de gerar recursos financeiros para dar 
suporte à atividade produtiva. Reconhecendo esses recursos como variáveis-chave para a 
manutenção dos negócios das empresas de qualquer ramo, infere-se que o acesso ao crédito e 
a existência de meios adequados à canalização de recursos financeiros são fatores de suma 
importância para economia mundial. Afinal, a prosperidade empresarial está vinculada à 
disponibilidade de capital ou à capacidade de obtê-lo para manter os negócios, ampliar a 
produção, adotar novas tecnologias e ganhar novos mercados. 
A função de intermediador entre agentes econômicos superavitários e deficitários é 
tradicionalmente exercida pelos bancos. Porém, a dificuldade das micro, pequenas e médias 
empresas (MPMEs) oferecerem garantias e fornecerem dados sobre sua situação econômico-
financeira e conduta administrativa aumentam a incerteza, tornando o crédito menor, mais 
caro e dificultando a obtenção de recursos junto a estes agentes financiadores. Isso é um 
percalço para a sustentabilidade das MPMEs que, além de uma tecnologia gerencial eficiente, 
precisam de crédito para manter o capital de giro e fazer investimentos. 
Nesse contexto, surgem as empresas de fomento mercantil, conhecidas como 
factorings, que agem como adquirentes de créditos obtidos nas transações mercantis e 
fornecem os valores necessários à manutenção e ampliação dos negócios, principalmente das 
MPMEs. 
Neste estudo, objetiva-se aprofundar os conhecimentos sobre a origem, evolução 
forma de atuação e importância das empresas de fomento mercantil, as quais, acredita-se, 
contribuem significativamente para a sobrevivência das micro, pequenas e médias empresas. 
 16 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 
O fomento mercantil (factoring) é uma atividade expressiva para o desenvolvimento 
do setor produtivo de Rio do Sul/SC? Em outras palavras, o factoring tem contribuído para a 
melhoria das condições de funcionamento, crescimento e perpetuidade das micro e pequenas 
empresas estabelecidas no município? 
1.2 OBJETIVOS 
1.2.1 Objetivo geral 
Avaliar a contribuição da atividade de fomento mercantil para as micro e pequenas 
empresas estabelecidas no município de Rio do Sul. 
1.2.2 Objetivos específicos 
1. Analisar as características e a dimensão do mercado das MPEs de Rio do Sul; 
2. demonstrar como o fomento mercantil tem atuado em Rio do Sul e qual sua 
contribuição para a manutenção e perpetuidade dos negócios das micro e 
pequenas empresas estabelecidas no município; 
3. apontar as perspectivas do fomento mercantil na cidade de Rio do Sul. 
1.3 PERGUNTAS DE PESQUISA 
Os objetivos do estudo foram trabalhados, respondendo as seguintes perguntas de 
pesquisa: 
1. Quais são as contribuições do fomento mercantil para a sustentabilidade e o 
desenvolvimento das micro e pequenas empresas do município de Rio do Sul? 
2. Quanto as micro e pequenas empresas estabelecidas em Rio do Sul têm se 
utilizado dos serviços disponibilizados pelas factorings? 
3. Quais os impactos decorrentes da utilização dos serviços de factorings para os 
micro e pequenos negócios? 
4. Quais são as perspectivas do fomento mercantil em Rio do Sul? 
 17 
1.4 HIPÓTESES 
As hipóteses que norteiam esta pesquisa são: 
1. as empresas de fomento mercantil têm sido atuantes e representam a opção 
desburocratizada no suporte aos negócios das micro e pequenas empresas de Rio 
do Sul; 
2. as factorings têm disponibilizado recursos financeiros que proporcionam um 
melhor fluxo de caixa, viabilizam o recebimento à vista das vendas efetuadas a 
prazo, dinamizam e possibilitam a expansão dos negócios das micro e pequenas 
empresas do município; 
3. o número de empresas que recorre a factorings em Rio do Sul é expressivo, 
sendo a taxa de mortalidade das empresas que utilizam os serviços das factorings 
menor do que a observada no mercado em termos gerais; 
4. as factorings de Rio do Sul compram duplicatas, cheques pré-datados e têm 
potencial para ofertar uma ampla variedade de serviços como, por exemplo, 
assessoria na gestão creditícia e orientação à gestão empresarial. 
1.5 JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DO TEMA 
O interesse na investigação e na conseqüente condução destes objetivos se justifica, 
ao proporcionar um diagnóstico da forma como as empresas de fomento mercantil vêm 
atuando em Rio do Sul e como têm contribuído para a sustentabilidade e crescimento das 
MPEs do município. A realização deste projeto deve-se ao fato de estar o suporte financeiro 
diretamente ligado ao processo de crescimento econômico e, por conseqüência, ao 
desenvolvimento regional. Além disso, este estudo pode contribuir para que estudantes, 
professores, empresários e planejadores públicos aprofundem seus conhecimentos sobre as 
dinâmicas do desenvolvimento empresarial de Rio do Sul e do papel que as factorings 
desempenham neste processo. 
1.6 METODOLOGIA 
Na busca de respostas para as questões levantadas e com o intuito de se obter bases 
históricas, filosóficas, econômicas e jurídicas para melhor compreender o tema, realizou-se 
 18 
esta pesquisa bibliográfico-exploratória, com aplicação de questionário estruturado e análise 
quali-quantitativa. 
Na primeira etapa, realizou-se a revisão bibliográfica para seleção e fichamento da 
literatura existente, utilizando-se como fonte livros, periódicos, teses e sites que tratam do 
tema. Na segunda, desenvolveu-se a pesquisa exploratória através da identificação, seleção, 
análise e registro de dados contidos em documentos pertencentes a arquivos públicos e 
particulares como os do SEBRAE, IBGE, JUCESC, Prefeitura Municipal, empresas, anuários 
estatísticos e jornais. Na terceira, aplicou-se um questionário estruturado - com questões 
abertas e fechadas - aos micro e pequenos empresários do município de Rio do Sul que, por 
sua vez, constituem a amostra desta pesquisa. 
As informações obtidas foram apresentadas através de texto, tabelas e gráficos, a fim 
de revelar como vem agindo, qual o grau de contribuição e como é vista a atividade de 
fomento mercantil no município pesquisado. Na análise de dados, empregou-se técnicas, 
procedimentos estatísticos e comparou-se os resultados as informações obtidas nas pesquisas 
bibliográfica e documental. 
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO 
Este trabalho é composto por cinco capítulos. Primeiro: esta introdução. Segundo: 
revisão de literatura sobre micro e pequenas empresas e questões que afetam sua 
sustentabilidade, como as dificuldades de acesso ao crédito e obtenção de recursos 
financeiros. Terceiro: sobre o factoring, suas origens, caracterização, aspectos operacionais, 
modalidades, campos de atuação, diferenças em relação às atividades com as quais é 
confundido e como tem atuado junto à atividade empresarial. Quarto: caracterização da área 
em estudo e análise dos dados coletados na pesquisa de campo, aplicada com o intuito de 
elucidar a contribuição do fomento mercantil para às micro e pequenas empresas 
estabelecidas no município de Rio do Sul. Quinto: considerais finais que apresentam as 
conclusões deste estudo e recomendações para futuras pesquisas. 
 19 
2 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
As micro e pequenas empresas se constituem em um dos principais pilares de 
sustentação da economia brasileira, pois representam aproximadamente 99% das organizações 
existentese são responsáveis por cerca de 60% dos empregos formais do País (SEBRAE, 
2004). 
2.1 CARACTERIZAÇÃO 
A classificação das empresas quanto a ser micro ou pequena varia de acordo com o 
país e, em alguns casos, com a região do país, embora a formação dos blocos econômicos 
tenha aumentado a uniformidade entre os critérios utilizados para esta classificação. A União 
Européia, por exemplo, considera como micro e pequenas empresas aquelas que tenham até 
250 empregados. No continente americano, os países que integram o Tratado Norte-
Americano de Livre Comércio (NAFTA) - bloco econômico formado por Estados Unidos, 
Canadá, México e Brasil - consideram micro e pequenas empresas aquelas que possuem até 
500 empregados. Na Coréia do Sul e Japão, o conceito abrange as empresas com até 300 
empregados, já em Taiwan o limite é de 200 empregados. É também bastante comum a 
utilização de critérios mais restritos para os setores de comércio e serviços. 
Segundo Puga (2000), as empresas costumam também ser classificadas em função da 
receita bruta anual (Brasil e União Européia, por exemplo) e do capital realizado (Coréia do 
Sul, Japão e Taiwan). Determinados órgãos nacionais de apoio a MPEs estabelecem 
definições próprias. É o caso da Small Business Administration (SBA) dos Estados Unidos, 
que classifica as empresas de acordo com a atividade econômica, respeitando o grau de 
competição da indústria, o tamanho médio e as barreiras à entrada. 
Além da existência de critérios distintos para classificá-las, existem diferenças 
metodológicas na apuração de informações sobre a importância das MPEs. No Brasil, de 
acordo com a Lei nº. 9.841, de 1999, com valores atualizados pelo Decreto nº. 5.028, de 2004, 
definiu-se microempresa como a pessoa jurídica ou firma individual que tiver receita bruta 
anual igual ou inferior a R$ 433 mil e empresa de pequeno porte como a pessoa jurídica ou 
firma mercantil que tiver receita bruta anual superior a R$ 433 mil e igual ou inferior a R$ 2,2 
milhões. Cabe ressaltar que estes valores são atualizados com base na variação acumulada 
 20 
pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) ou por outro índice oficial que 
venha a substituí-lo. 
As análises de investimento e crédito do SEBRAE (2004a) consideram a 
classificação de porte de empresa de acordo com o número de empregados, como segue: 
Tabela 1 - Classificação das empresas por número de empregados 
SETOR MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE 
Indústria/Construção até 19 de 20 até 99 de 100 até 499 acima de 499 
Comércio/Serviço até 09 de 10 até 49 de 050 até 099 acima de 099 
Fonte: (SEBRAE, 2004a) 
A classificação de porte de empresa adotada pelo BNDES (2004a) e aplicável à 
indústria, comércio e serviços, conforme a Carta Circular nº. 64/02, de 14 de outubro de 2002, 
toma como base a receita operacional anual apresentada na tabela 2. 
Tabela 2 - Classificação das empresas por Receita Operacional Anual (R$ mil) 
SETOR MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE 
Indústria/Comércio/Serviço até 1.200 de 1.200 até 10.500 de 10.500 até 60.000 acima de 60.000 
Fonte: (BNDES, 2004a) 
Com isso, é possível observar que mesmo existindo um decreto federal que 
estabelece os critérios e valores para a classificação das empresas quanto ao porte (Decreto 
Federal n° 5.028 de 31 de março de 2004), cada instituição adota seus próprios critérios e 
valores. Neste trabalho, a classificação das empresas em micro e pequenas será feita com base 
na proposta do SEBRAE (2004a). 
2.2 IMPORTÂNCIA E REPRESENTATIVIDADE 
Em 2002, o total de empresas em atividade no Brasil alcançou a marca de 4.918.370 
unidades divididas entre os setores da indústria, construção, comércio e serviços (IBGE, 
2003). O conjunto das MPEs atingiu a significativa marca “de 99,2% do total de empresas 
sendo responsável por 57,2% dos empregos totais e por 26,0% da massa salarial” (SEBRAE, 
2004 p. 11). Já as empresas de grande porte representaram apenas 0,3% do total das firmas, 
como pode ser atestado na tabela 3: 
 21 
Tabela 3 - Número de empresas formais em atividade no Brasil - 2002 (mil) 
MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE TOTAL SETOR 
Unid. % Unid. % Unid. % Unid. % Unid. % 
Indústria 439 90,7 37 7,7 7 1,4 1 0,3 484 100 
Construção 116 91,9 8 6,5 2 1,3 0,2 0,2 1.265 100 
Comércio 2.338 95,4 106 4,3 5 0,2 3 0,1 2.451 100 
Serviços 1.712 92,3 123 6,6 11 0,6 0,6 0,6 1.856 100 
Total 4.606 93,6 274 5,6 24 0,5 0,3 0,3 4.918 100 
Fonte: (IBGE, 2003) 
As micro e pequenas empresas têm significativa participação na economia brasileira, 
tanto na geração de emprego quanto no crescimento da renda. Pode-se quantificar e qualificar 
a relevância desses agentes utilizando-se os estudos realizados pelo IBGE (2003) e pelo 
SEBRAE (2004), em parceria com a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA). Estes 
estudos apresentam dados e informações próximos à conjuntura atual, cujos diagnósticos 
demonstram relação de causa-efeito entre a atuação das empresas de menor porte e os 
indicadores de performance: geração de emprego, renda e valor adicionado. 
Os percentuais de participação de pessoal ocupado (50,7%, 47% e 60,8%) e o 
percentual de empresas (95,5%, 95,9% e 97,6%), respectivamente para os anos de 1985, 1994 
e 2001, nos setores do comércio e serviços, segundo dados do IBGE (2003), contribuem para 
enfatizar a relevância das micro e pequenas empresas no mercado brasileiro. 
A pesquisa anual do comércio e de serviços no ano de 2001 aponta que: 
as MPEs estimadas nos dois setores geravam emprego para cerca de 7,3 milhões de 
pessoas, correspondendo a 9,7% do total da população ocupada. Respectivamente, 
os indicadores de receita operacional líquida e valor adicionado alcançavam R$ 
168,2 bilhões e R$ 61,8 bilhões (IBGE, 2003, p. 1). 
Esta pesquisa, segundo o IBGE (2003), apresenta dados referentes ao acréscimo de 
valor adicionado por unidade de receita, através do indicador “quociente de valor 
adicionado”, que representa a geração de renda. Os acréscimos de remuneração aos agentes 
envolvidos, no caso micro e pequenas empresas, e o crescimento econômico pelo efeito do 
encadeamento evidenciam a elevada contribuição das empresas de pequeno porte, com 37%, 
em relação às de médio e grande porte, com 24%. 
O estudo do IBGE (2003) faz, também, uma exposição da estrutura de custos das 
empresas analisadas. Aparecem como componentes majoritários os itens de mão-de-obra e 
material utilizado, que representam cerca de 80% do total, no período de 1998 a 2001. Tais 
informações corroboram para a compreensão da contribuição das MPEs como geradoras de 
emprego e renda. 
 22 
Em função deste potencial, há muito tempo, as micro e pequenas empresas vêm 
sendo alvo da atenção de analistas econômicos. A partir de meados da década passada, as 
discussões envolvendo a relevância das micro e pequenas empresas e a sua relação com o 
desenvolvimento econômico e social ganharam notável espaço entre os diversos segmentos da 
sociedade. La Rovere (1999) afirma que, no pós-fordismo, essa atenção se intensifica à 
medida que aumenta a valorização da flexibilidade e a rapidez de adaptação às demandas do 
mercado, que são características marcantes de muitas MPEs. 
A visão da importância da micro e pequena empresa nacional torna-se ainda mais 
clara com os números disponibilizados pelo SEBRAE (2004), que demonstram ser estas 
empresas formadoras de cerca de 43% da renda total dos setores industrial, comercial e de 
serviços, respondendo por 30% do PIB. Além disso, são responsáveis pelo emprego de 
aproximadamente 60% da força de trabalho e 42% da massa salarial. No entanto, participam 
de apenas 2% no total das exportações. 
O Boletim das Exportações das MPEs Industriais; as pesquisas sobre a Economia 
Informal Urbana (ECINF/IBGE, 2003), Mortalidade de Empresas no Brasil (SEBRAE, 2004); 
e as bases estatísticas como o Cadastro Central de Empresas do IBGE, os dados da RAIS do 
Ministério do Trabalho e Empregoe os registros de novas empresas do Departamento 
Nacional de Registro do Comércio (DNRC), segundo SEBRAE (2005), apontam que: o 
número de microempresas no Brasil, entre 1996 e 2002, evoluiu de 2.956.749 para 4.605.607, 
com crescimento acumulado de 55,8%, passando a participação percentual no total de 
empresas de 93,2%, em 1996, para 93,6%, em 2002. Dados disponíveis no Departamento 
Nacional de Registro do Comércio (DNRC) apontam, ainda, que “em 2000, 64% da empresas 
instaladas no sul do país eram microempresas” (SEBRAE, 2004, p. 27). 
Segundo SEBRAE (2004), o número total de pessoas ocupadas nas microempresas 
passou de 6.878.964 para 9.967.201 (crescimento de 44,9%) entre 1996 e 2002, elevando a 
participação percentual no total de ocupações nas empresas de 31,8% para 36,2%. A 
participação na massa total de salários passou de 7,3%, em 1996, para 10,3%, em 2002. Já o 
número de pequenas empresas em atividade entre os dois anos elevou-se de 181.115 para 
274.009 (crescimento de 51,3%). O número de pessoas ocupadas passou de 4.054.635 para 
5.789.875 (crescimento de 42,8%), evoluindo a participação percentual no total de empregos 
de 18,8% para 21,0%. Entre os anos de 2002 e 2003, verifica-se crescimento maior de 
emprego nas micro e pequenas empresas (3,0% e 3,3%) em relação ao aumento do emprego 
nas médias e grandes. 
 23 
De acordo com SEBRAE (2005), as empresas formais geraram 27.561.924 de 
empregos em 2002. Deste total, 57,2 % foram empregados pelas micro e pequenas empresas, 
somando 15.757.076 pessoas. O setor no qual as MPEs mais contrataram foi no de comércio, 
com 58,9% dos empregos. O segundo setor que mais gerou postos de trabalhos, neste 
segmento empresarial, foi o de serviços, com 28,8% do total. 
Pesquisas do SEBRAE (2005) e do IBGE (2003, 2005b) mostram que a quantidade 
de MPEs formais e informais, urbanas e rurais somam 20 milhões no Brasil (tabela 4). 
Tabela 4 - Número absoluto de MPE no Brasil - 2003 
MPE Nº (MILHÕES) DADOS 
Formais, urbanas 5,717 RAIS 
Informais, urbanas 10,336 IBGE 
Rurais 4,1 INCRA 
Total 20,153 
Fonte: SEBRAE (2005), IBGE (2003, 2005b) 
O IBGE (2005) divulgou um relatório específico sobre as MPEs brasileiras, 
informando que a participação destas no número total de empresas nacionais chega a 99,2%, 
conforme ilustra o gráfico 1: 
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Micro Pequena Média Grande
Micro
Pequena
Média
Grande
 
Gráfico 1 - Número de empresas por porte no Brasil – 2002 
Fonte: IBGE (2005); Elaboração SEBRAE/UED. Site www.sebrae.org.br 
De acordo com os dados da RAIS (2005), somente nas áreas urbanas, existiam mais 
de dois milhões de micro e pequenos estabelecimentos formais com empregados no ano de 
2005. A tabela 5 apresenta a distribuição destes estabelecimentos por setor de atividade e 
porte. 
 93,6% 
 5,6% 
 
 0,5% 
 
 0,3% 
 24 
Tabela 5 - Número de estabelecimentos, por setor de atividade e porte - Brasil - 2005 
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS, POR SETOR DE ATIVIDADE E PORTE 
Porte Comércio Serviços Indústria Construção Total 
Micro 830.048 689.766 219.620 60.067 1.799.501 
Pequena 119.300 127.669 40.492 9.159 296.620 
Média 8.124 14.943 8.524 1.780 33.371 
Grande 4.312 13.251 1.609 242 19.414 
Total 961.784 845.629 270.245 71.248 2.148.906 
Fonte: MTE.RAIS (2005) 
Elaboração: DIEESE 
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados 
 
 
Segundo o IBGE (2003), em 2003, havia no Brasil cerca de 10,3 milhões de 
pequenos empreendimentos informais. Quando se leva em conta a redução do número de 
empregos, causada pelas mudanças tecnológicas e nos processos de trabalho de grandes 
empresas, fica explícita a tendência deste segmento tornar-se cada vez mais representativo 
para a geração de trabalho e renda e, portanto, para a conformação do mercado trabalhista no 
País. Se por um lado, a micro ou pequena empresa é uma alternativa de ocupação para uma 
pequena parcela da população que tem condições de desenvolver seu próprio negócio, por 
outro, ela é uma alternativa de emprego formal ou informal para grande parcela da força de 
trabalho excedente, que não consegue emprego em empresas de maior porte, muitas vezes, 
por falta de qualificação. A tabela 6 expõe a evolução do número de microempresas por setor 
de atividade econômica entre 2001 e 2005. 
Tabela 6 - Evolução do número de microempresas, por setor de atividade no Brasil – 
2001 a 2005 
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MICROEMPRESAS, POR SETOR DE A TIVIDADE 
Setor 2001 2002 2003 2004 2005 
Comércio 675.022 715.423 746.138 786.198 830.048 
Serviços 600.403 628.463 644.911 666.961 689.766 
Indústria 195.346 202.151 205.316 211.819 219.620 
Construção 59.629 62.392 58.794 59.483 60.067 
Total 1.530.400 1.608.429 1.655.159 1.724.461 1.799.501 
Fonte: MTE. RAIS (2005) 
Elaboração: DIEESE 
Obs: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados 
 25 
Micro e pequenas empresas contribuem de forma importante para o crescimento e 
desenvolvimento do País, minimizando significativamente os efeitos do desemprego. Na 
tabela 7, observa-se os números referentes ao crescimento da quantidade de pequenas 
empresas no Brasil, por setor de atividade econômica, entre 2001 e 2005. 
Tabela 7 - Evolução do número de pequenas empresas por setor de atividade no Brasil - 
2001 a 2005 
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE PEQUENAS EMPRESAS, POR SETOR DE ATIVIDADE 
Setor 2001 2002 2003 2004 2005 
Comércio 88.941 96.265 102.439 111.748 119.300 
Serviços 106.342 111.724 115.065 120.893 127.669 
Indústria 34.015 35.320 36.086 39.024 40.492 
Construção 8.647 8.752 8.329 8.693 9.159 
Total 237.945 252.061 261.919 280.358 296.620 
Fonte: MTE. RAIS (2005) 
Elaboração: DIEESE 
Obs: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados 
A pesquisa SEBRAE (2005) aponta, também, que entre os anos de 1996 e 2001, as 
micro, pequenas e médias empresas respondiam por algo em torno de 84% dos novos 
empregos com carteira assinada e que os pequenos empreendimentos necessitavam de baixos 
investimentos. Atualmente, esse segmento é responsável pela maioria dos empregos 
oficialmente registrados (56%), o que corresponde a 14,5 milhões de trabalhadores. 
2.3 A SUSTENTABILIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
Levando-se em conta o alto índice de mortalidade das MPEs e a importância destas 
para a economia brasileira, percebe-se a necessidade de estudos para identificar quais 
variáveis limitam a sobrevivência destas empresas em longo prazo. As pesquisas do SEBRAE 
(2004, 2005) e SEBRAE/VOX POPULI (2007) apontam para dificuldades enfrentadas pelas 
empresas de menor porte, que apresentam um elevado percentual de fechamento por não 
conseguirem superar os entraves surgidos no decorrer de suas atividades. 
Estudos sobre o desempenho competitivo das MPMEs indicam que existem 
limitações a este desempenho que são comuns às empresas de países desenvolvidos 
e em desenvolvimento, tais como máquinas obsoletas, administração inadequada e 
dificuldades de comercialização de seus produtos em novos mercados 
(LEVISTKY,1996 apud LA ROVERE, 2001, p. 3). 
 26 
Micro e pequenas empresas apresentam uso generalizado de máquinas obsoletas e 
baixa capacidade de inovar. Conforme Fallgatter (2006), na década de 90, quando o Brasil 
iniciou o processo de abertura de mercado aos produtos estrangeiros, as empresas nacionais 
iniciaram, internamente, por questão de sobrevivência, uma ampla transformação gerencial e 
tecnológica. Porém, faltou um ingrediente fundamental: a inovação. 
Segundo o IBGE (2000 apud FALLGATTER, 2006), no Brasil, 62% da receita 
líquida da indústria é proveniente de uma estrutura composta por empresas que atuam em 
setores de baixa e média-baixa tecnologia. Apenas 8,1% das receitas líquida da indústria 
nacional advêm de setores considerados de alta tecnologia. No caso das MPEs, esta 
característica está intimamente relacionada às dificuldades que estas empresas encontram em 
obter crédito. 
Estudoscomo ONUDI (2002), IBGE (2002) e ANPEI (2004) verificam também a 
relação entre o porte da empresa e sua estratégia de inovação. As conclusões 
apontam para uma maior concentração de inovações radicais pelas empresas de 
grande porte, sugerindo como possível justificativa a maior disponibilidade de 
recursos para investimentos em P&D e no processo de inovação de um modo geral 
por estas empresas, em relação às de pequeno e médio porte (FALLGATTER, 2006, 
p. 39). 
Mecanismos de crédito específicos para MPEs existem tanto nos países 
desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, às vezes, no entanto, podem ser de 
difícil acesso. No Brasil, há diversas linhas de financiamento especiais para pequenas 
empresas, porém, a simples exigência de estar em dia com as obrigações fiscais para obter 
crédito exclui a maioria delas. Nos países desenvolvidos, as garantias exigidas para a 
concessão de empréstimos são, em geral, elevadas, impedindo a utilização destes recursos, 
principalmente por microempresas. Acs e Audrestch (1992 apud LA ROVERE, 2001) 
afirmam que as condições para a tomada do crédito por parte das MPEs são menos favoráveis 
do que impostas às grandes empresas. 
A fragilidade das empresas de menor porte no que se refere à gestão do negócio é 
evidente. Dados e informações precisas disponíveis fornecem os subsídios necessários para 
que se possa conhecer o mercado, traçar estratégias e tomar decisões. Para tanto, porém, se 
faz necessária uma capacitação administrativa que abranja habilidades como: formular 
demonstrativos, controlar custos, conhecimento de regras financeiras etc. Mas, em geral, 
quem está à frente do micro ou pequeno negócio não possui capacitação para as atividades de 
administrador. 
No Brasil, segundo relatório SEBRAE (2004, p. 24), “todo ano 470 mil novas 
empresas são criadas, porém, uma grande parcela (cerca de 200 mil) desses empreendimentos 
 27 
fecham suas portas, acarretando, por conseguinte, impactos significativos nos indicadores 
sócio-econômicos das regiões e do País”. De acordo com outro estudo do SEBRAE (2005), o 
índice de mortalidade das micro, pequenas e médias empresas é elevado, cerca de 50% delas 
fecham antes de completar o segundo ano de funcionamento e 60% não atingem o quarto ano. 
A tabela 8 apresenta a taxa de mortalidade das MPEs formalmente constituídas nos 
anos de 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005, em âmbito nacional e por região. 
Tabela 8 - Taxa de mortalidade das MPE formalmente constituídas 
ANO BRASIL NORTE NORDESTE CENTRO-
OESTE 
SUDESTE SUL 
2000 56,9% 53,4% 62,7% 53,9% 61,1% 58,9% 
2001 56,4% 51,6% 53,4% 54,6% 56,7% 60,1% 
2002 49,4% 47,5% 46,7% 49,4% 48,9% 52,9% 
2003 35,9% 27,8% 38,6% 37,5% 39,1% 36,3% 
2004 31,3% 28,4% 29,0% 34,6% 28,1% 36,6% 
2005 22,0% 29,9% 18,9% 21,6% 16,1% 23,9% 
Fonte: Adaptado de SEBRAE /VOX POPULI (2007) 
O comportamento das taxas de natalidade e mortalidade das empresas mostra-se 
bastante sensível à variável “porte” das empresas. Os números expostos na tabela 8 podem ser 
mais bem visualizados no gráfico 2. 
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Brasil
Norte
Nordeste
Centro-Oeste 
Sudeste
Sul
 
Gráfico 2 - Taxa de mortalidade das MPEs formalmente constituídas 
 Fonte: Adaptado de SEBRAE /VOX POPULI (2007) 
A pesquisa realizada pelo SEBRAE/VOX POPULI (2007) contemplou uma amostra 
estatisticamente representativa de 14.181 MPEs distribuídas nas 26 unidades da federação e 
no Distrito Federal. Na seqüência, o gráfico 3 apresenta os índices de mortalidade estadual, no 
Brasil, em 2005. 
 28 
14,3 14,3 14,7 16
16,5 17,1 17,5 17,6 18,5
18,7 18,7 19,2 20,3
21,3 21,3 22 22 22,4 22,5 22,7
24,1 24,2 25,2 25,5
28,3
37,8 39,7
50,7
0
10
20
30
40
50
60
ES MG SE P
I
RN SP PA BA DF AL R
J
PB RO GO MS CE
BR
AS
IL MA RS PE SC AM PR MT TO AP AC RR
 
Gráfico 3 - Taxa (%) estadual de mortalidade de MPE constituídas em 2005 
Fonte: SEBRAE/VOX POPULI (2007) 
A pesquisa representada no gráfico 3 realizou, entre 25 de abril a 30 de junho de 
2007, 7.172 entrevistas com empresários de estabelecimentos de micro e pequeno porte 
criados em 2005, sendo 6.726 com empresas ativas e 446 com empresários que tiveram suas 
empresas extintas, de uma base inicial de 10.364 MPEs. 
A tabela 9 apresenta os fatores considerados como os maiores dificultadores na 
gestão das empresas ativas no Brasil, segundo dados levantados pela pesquisa. 
Tabela 9 - Dificultadores na gestão das empresas ativas criadas em 2005 
POLITICAS PUBLICAS E ARCABOUÇO LEGAL 73% 
Carga tributária elevada 65% 
Falta de crédito bancário 22% 
Problemas com a fiscalização 7% 
CAUSAS ECONÔMICAS CONJUNTURAIS 69% 
Concorrência muito forte 35% 
Inadimplência/Maus pagadores 28% 
Recessão econômica no país 26% 
POLITICAS PUBLICAS E ARCABOUÇO LEGAL 73% 
Carga tributária elevada 65% 
Falta de crédito bancário 22% 
Problemas com a fiscalização 7% 
CAUSAS ECONÔMICAS CONJUNTURAIS 69% 
Concorrência muito forte 35% 
Inadimplência/Maus pagadores 28% 
Recessão econômica no país 26% 
Falta de clientes 22% 
Continua
 29 
Continuação 
FALHAS GERENCIAIS 55% 
Falta de capital de giro 39% 
Problemas financeiros 19% 
Falta de conhecimentos gerenciais 10% 
Ponto/Local Inadequado 6% 
Desconhecimento de mercado 4% 
Qualidade do produto/serviço 3% 
LOGISTICA OPERACIONAL 36% 
Falta de mão-de-obra qualificada 33% 
Instalações inadequadas 6% 
NÃO ENFRENTA NENHUMA DIFICULDADE 4% 
OUTRAS 0% 
NS/NR 0% 
BASE * 6.726 
Fonte: SEBRAE/VOX POPULI (2007, p. 126) 
*Admitia respostas múltiplas 
 
As entrevistas foram distribuídas proporcionalmente por porte e setor de atividade 
econômica e com representatividade para cada um dos 26 estados mais o Distrito 
Federal e cada uma das cinco grandes regiões do país de forma suficiente para 
atingir a margem de erro especificada em cada nível de agregação (SEBRAE/VOX 
POPULI, 2007, p. 11). 
Os fatores apontados como principais responsáveis pela mortalidade das empresas 
encontram-se expostos na tabela 10. 
Tabela 10 - Principais responsáveis pela mortalidade das MPEs criadas em 2005 
FALHAS GERENCIAIS 68% 
Falta de capital de giro 37% 
Problemas financeiros 25% 
Ponto/local inadequado 19% 
FALTA DE CONHECIMENTOS GERENCIAIS 13% 
Desconhecimento de mercado 11% 
Qualidade do produto/serviço 4% 
CAUSAS ECONÔMICAS CONJUNTURAIS 62% 
Falta de clientes 27% 
Concorrência muito forte 25% 
Inadimplência/maus pagadores 19% 
Recessão econômica no país 18% 
POLITICAS PUBLICAS E ARCABOUÇO LEGAL 54% 
Carga tributária elevada 43% 
Problemas financeiros 16% 
LOGISTICA OPERACIONAL 21% 
Falta de mão-de-obra qualificada 16% 
Instalações inadequadas 6% 
Continua 
 30 
Continuação 
NÃO ENFRENTA NENHUMA DIFICULDADE 7% 
OUTRAS 4% 
NS/NR 3% 
BASE * 446 
Fonte: SEBRAE/VOX POPULI (2007, p. 131) 
*Admitia respostas múltiplas 
A tabela 10 aponta como principais causas para as dificuldades de gestão e 
fechamento das empresas: falta de capital de giro, ausência de clientes, problemas financeiros, 
existência de maus pagadores, falta de crédito bancário, recessão econômica do País e 
estabelecimento em ponto ou local inadequado. Esses fatores podem estar relacionados à 
ausência de um planejamento estratégico, de um plano de negócios, a um planejamento mal 
feito (fator, nesse caso, gerencial), à conjuntura econômica e à tributação. 
Esse cenário fica ainda mais claro quando se observa que entre as causas apontadas 
para o fracasso encontram-se: falta de capital de giro, com 37% de ocorrência, indicando 
descontrole do fluxo de caixa; problemas financeiros, com 25%, indicando situação de alto 
endividamento; ponto inadequado, ocorrência de 19%, representando falhas no planejamento 
inicial. Esses itens somados a falta de conhecimentos gerenciais, apontado em 13% das 
respostas, formam um quadro de questões cruciais para as falhas de gestão dos negócios. 
Destacam-se, também, outros fatores como a falta de clientes, problemascom maus 
pagadores e a recessão econômica no País, que resultam de causas econômicas conjunturais. 
O fator falta de clientes pressupõe falhas no planejamento inicial da empresa. A alta carga 
tributária foi o item mais citado tanto pelas empresas que encerraram as atividades quanto 
para aquelas que continuam no mercado. Ambas destacaram as políticas públicas e os 
aspectos legais como fatores com alto grau de influência no gerenciamento e sustentabilidade 
das MPEs. 
O relatório SEBRAE (2004b) ressalta que, situações desfavoráveis podem ser 
previstas pelo empresário, se este fizer uso de técnicas administrativas. Degen (1989) afirma 
que o fracasso das MPEs é fruto da falta de experiência e capacidade gerencial do 
empreendedor, de seu conhecimento inadequado do mercado e da insuficiência de capital no 
início do empreendimento. Para Longenecker et al. (1998), o fracasso ocorre por causas 
relacionadas a fatores econômicos, financeiros e falta de experiência. 
Em resumo, de acordo com os dados divulgados pelas pesquisas apresentadas, pode-
se concluir que os fatores responsáveis pela elevada mortalidade das empresas estão 
 31 
preponderantemente relacionados à fragilidade gerencial. Essa fragilidade repercute de forma 
acentuada na condução das empresas e na sua sustentabilidade. Para as empresas de menor 
porte, os problemas gerenciais residem principalmente na falta de informação, de capacidade 
e habilidades suficientes para gerir o negócio. A falta de dados consistentes e de 
conhecimento administrativo prejudica a tomada de decisão, começando pela escolha do 
empreendimento, passando pela forma de financiamento das operações, política de vendas, 
estratégia de compras e estrutura de produção. A ausência de dados consistentes e tempestivos 
também prejudica a visão que o mercado possui a respeito da empresa afetando, inclusive e 
principalmente, as análises para a concessão de crédito. 
Berger e Undel (1998) estudam a disponibilidade das fontes de crédito em função do 
tamanho, idade e disponibilidade de informação sobre a empresa, deixando claro que, o 
desenvolvimento das habilidades de identificação e formalização dos dados do 
empreendimento são requisitos essenciais para uma boa administração econômico-financeira 
e para a capacidade de obtenção de crédito. 
2.4 O CRÉDITO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
Embora tenham se destacado no contexto econômico brasileiro devido à capacidade 
de gerar contrapartidas sociais, as MPEs enfrentam muitos empecilhos quando o assunto é 
acesso ao crédito oficial e privado, pois têm sérias dificuldades para atender as exigências dos 
agentes financeiros para concessão dos recursos financeiros necessários ao empreendimento. 
2.4.1 Breve histórico e importância do crédito 
Leite (2005) conta que, há mais de 2.000 anos, Hammurabi, Rei da Babilônia, fez 
gravar num bloco de pedra fórmulas de gestão comercial e normas que regulamentavam os 
procedimentos do comércio da época. Estas gravações faziam parte do chamado “Código de 
Hammurabi”. Comércio era pressuposto de confiança, crédito. Nos primórdios da civilização, 
a forma de obter e transferir recursos a terceiros surgiu da necessidade do tráfego de 
mercadorias. Foi utilizada pelos caldeus, babilônios, fenícios, etruscos, gregos e romanos, 
entre outros povos que faziam comércio no Oriente Médio e no Mediterrâneo. Registros 
históricos demonstram que o comércio é tão velho quanto a humanidade. Alguns 
pesquisadores vão buscar no "Código de Hammurabi" as origens históricas dos bancos e de 
outras atividades comerciais relacionadas ao crédito, inclusive o factoring. 
 32 
O advento da inserção da moeda nas relações comerciais fez com que o dinheiro, se 
tornasse, definitivamente, o instrumento de troca por excelência, nem sempre, porém, existia 
em quantidade e no momento desejados. Frente à necessidade alheia e diante da possibilidade 
de ganho, passou-se a aceitar e acreditar que a palavra empenhada seria cumprida. A crença 
de que um valor presente podia ser trocado por um valor futuro fez nascer o crédito, que se 
disseminou e, até hoje, facilita trocas, impulsiona a circulação de capitais com maior rapidez e 
permite que os recursos financeiros sejam usados da melhor forma possível. 
Estudos recentes, realizados por Amado (1999), demonstram que variáveis 
monetárias podem ser responsáveis pela manutenção e ampliação de diferenças de renda 
regionais. Dow (1993) constata que a teoria monetária pós-keynesiana considera a moeda 
como parte do processo econômico, o que impede uma clara distinção entre o lado monetário 
e o real da economia. Para os pós-keynesianos, a moeda integra o processo econômico através 
do crédito, determinando o investimento. 
Bernanke e Gertler (1989, p. 14) defendem a hipótese de que a robustez da situação 
patrimonial dos agentes econômicos é um fator importante na determinação do nível de 
atividade econômica. Esses autores corroboram com a opinião de investigadores do ciclo 
econômico de que o nível de solvabilidade dos agentes é um importante determinante do nível 
de atividade econômica. 
No início da era industrial - com o aumento das transações comerciais e o 
aprimoramento do sistema de produção para suprir os carentes mercados de produtos - o 
crédito tornou-se um dos elementos centrais do processo de evolução do modo capitalista de 
produção, principalmente no que tange ao crescimento e desenvolvimento econômico gerado 
pela inovação e aprimoramento dos processos. É praticamente impossível desvincular tais 
transformações dos mecanismos de fornecimento de crédito que fomentaram 
empreendimentos nos mais variados setores. Desde então, o financiamento pode ser 
considerado peça crucial para o desenvolvimento. 
O crédito implica ceder parte de um patrimônio a alguém que o solicita, mediante 
garantias de retorno. Schrickel (1995, p. 25) afirma que: 
crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, 
temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que 
esta parcela volte a sua posse integralmente, depois de decorrido o tempo estipulado. 
Esta parte do patrimônio pode estar materializada por dinheiro (empréstimo 
monetário) ou bens (empréstimo para uso, ou venda com pagamento parcelado, ou a 
prazo). 
 33 
Uma empresa que possui planos de investimento pode levantar os recursos 
financeiros necessários através de diferentes canais. O primeiro e mais óbvio é internamente, 
através de receitas monetárias pela venda de bens e serviços gerando superávits que serão 
utilizados para o autofinanciamento. A segunda possibilidade é apelar para a liquidez de seus 
ativos, vendendo-os para a obtenção dos recursos necessários ao investimento pretendido. A 
terceira opção é o endividamento. 
Gerar superávits internos nem sempre é possível, e quando o é pode não ocorrer na 
velocidade necessária para atender a demanda ou a urgência, em virtude da 
oportunidade/necessidade que representam os projetos existentes. 
A venda de ativos pode não ser possível em virtude da baixa liquidez no mercado, 
naquele momento, para o bem em questão. Além disso, pode ser que a venda não seja 
desejada pelos proprietários ou não existam bens que possam ser vendidos para a 
capitalização do projeto. 
O endividamento exige a existência de agentes superavitários dispostos a canalizar 
seus recursos para os projetos da empresa interessada, que se encontra em posição de déficit 
ou com necessidade de capital. 
Instrumentos de crédito não criam oportunidades, mas permitem que boas 
oportunidades sejam aproveitadas. Uma sociedade sem crédito é uma sociedade de 
oportunidades limitadas, em que projetos lucrativos não saem do papel. Stiglitz e Greenwald 
(2003) argumentam sobre a necessidade de focar o papel do crédito para contribuir com a 
atividade econômica de uma maneira geral, destacam também o papel da informação na 
determinação dequem toma o crédito e o papel dos bancos neste processo. Tradicionalmente, 
os bancos mantêm o foco na prática do crédito e exercem a função de intermediadores entre 
agentes econômicos superavitários e deficitários. 
2.4.2 Assimetria de informações e o crédito para as MPEs 
A importância em se abordar, neste trabalho, a assimetria de informações está no 
relacionamento estabelecido pelas pequenas empresas com os agentes fornecedores de 
crédito. A assimetria de informação se caracteriza pelo fato de que, em determinados 
mercados, uma das partes sabe muito mais do que a outra sobre a real qualidade do que está 
sendo negociado. 
 34 
A assimetria da informação é um fenômeno relativamente recente na história do 
homem. Antes da evolução das tribos primitivas para as supertribos, que originaram as 
cidades modernas, as pessoas se conheciam mutuamente e a assimetria de informações era 
praticamente nula. Hoje em dia, o homem vive no anonimato em decorrência da hiper-
população, sendo que, ninguém mais conhece ninguém e a assimetria de informações é 
enorme. 
O Relatório do Banco Mundial (1989) aponta a assimetria de informações como um 
dos principais problemas na intermediação financeira, por ser uma relevante fonte de risco, ou 
seja, pela possibilidade do devedor não pagar. Stiglitz e Weiss (1981) advertem que a 
assimetria de informações é problema que repercute mesmo antes da formalização dos 
contratos e pode conduzir ao racionamento de crédito no mercado de financiamentos. No 
entanto, ocorre também após a formalização do contrato, seja em decorrência de determinadas 
ações tomadas pelo devedor e que não são observadas pelo credor, seja pelo resultado de 
ações da natureza (também observadas somente pelo devedor) e que afetam o retorno 
esperado do empreendimento. 
Ao se avaliar a sustentabilidade dos pequenos negócios, ou seja, sua capacidade de 
sobrevivência sem que haja a intervenção do Estado, pode-se perceber que são várias as 
situações em que uma empresa necessita de recursos não disponíveis como, por exemplo, nos 
descasamentos em seu fluxo de caixa ou quando surge a necessidade de investimento em 
infra-estrutura. Nesses momentos, a solução vem, muitas vezes, do mercado, através de 
recursos de terceiros ou de instituições financeiras. 
No caso das micro e pequenas empresas, a captação de recursos passa, 
obrigatoriamente, pela intervenção de um agente que viabilize o encontro entre oferta e 
procura de crédito. Portanto, para tais empresas, a captação própria no mercado não significa 
uma alternativa de capital, como para grandes empresas. Isso ocorre pela incapacidade da 
empresa em gerar credibilidade (confiança) junto aos agentes financiadores, sem que exista o 
aval de outra instituição. 
Tradicionalmente, a função de intermediador entre agentes econômicos 
superavitários e deficitários é exercida pelos bancos. São instituições que têm, em seu foco 
principal, a prática do crédito; com antecipação de recursos futuros para utilização imediata. 
O risco do crédito inerente a cada operação gera insegurança nos credores quanto ao 
recebimento dos recursos adiantados. Quanto menos informação disponível houver sobre uma 
 35 
empresa, maior a incerteza em torno da capacidade desta honrar o compromisso assumido e, 
portanto, menor ou mais caro será o seu crédito. Esta assimetria de informações é um 
fenômeno fortemente presente no mercado de crédito. 
Segundo Ventura (2000, p. 65-66): 
no crédito a confiança é o elemento subjetivo, o que governa; ela é a base do crédito. 
A apreciação, o juízo favorável que o possuidor do capital fizer de uma pessoa ou de 
um grupo de pessoas (firma) é o que permite a operação de crédito. Entretanto, essa 
confiança, apreciação ou juízo favorável, tem um fundamento positivo, que se 
estabelece ou pela garantia material que o devedor possa oferecer para o resgate do 
empréstimo, ou pelo conceito moral que ele goze. 
As ferramentas de mensuração de risco utilizadas pelos bancos são bastante úteis na 
execução da política implementada em cada instituição, mas, não garantem o sucesso das 
relações banco-cliente. Medidas tomadas na direção de maior conhecimento do cliente são 
bastante relevantes para o monitoramento do risco de crédito. 
Em se tratando de clientes de grande porte, o acesso às informações relativas à sua 
performance é mais fácil, isto porque a sua estrutura interna permite e exige a formalização de 
dados pertinentes a cada fase dos processos para embasamento na tomada de decisões. O 
acompanhamento de mercado de grandes empresas também é facilitado pela evidenciação de 
seu desempenho; ressaltando seu poder de mercado como fator de interesse para 
consumidores, investidores e meios de comunicação. 
Para micro e pequenas empresas, entretanto, a tarefa de conhecimento é mais sutil, 
exigindo maior aproximação do seu dia-a-dia. O seu desempenho de mercado, frente à própria 
dinâmica deste demanda contato, muitas vezes direto e individualizado, com o objetivo de 
caracterizar o comportamento dos agentes. 
Sob uma realidade de insegurança em relação aos seus ativos de crédito e com intuito 
de remunerar seus acionistas, os bancos priorizam a segurança dos negócios por meio da 
administração do risco de crédito e, conseqüentemente, dos problemas de gerenciamento da 
liquidez. Cria-se, dessa forma, uma verdadeira restrição ao crédito das micro e pequenas 
empresas. Na outra ponta desse ambiente de transparência no mercado de crédito encontra-se 
o tomador de recursos, que participa da relação por meio do fornecimento de informações 
exigidas com precisão e tempestividade, gerando uma necessidade de organização interna e 
boa administração. 
As micro e pequenas empresas possuem infra-estrutura administrativa reduzida e, 
muitas vezes, não contam com a habilidade gerencial necessária, o que compromete a 
 36 
disponibilidade de informações e a capacidade de oferecer garantias, o que dificulta a 
obtenção de crédito. Além das dificuldades administrativas, as MPEs têm maior restrição para 
acesso ao crédito, tanto pelas garantias que podem oferecer, quanto pelas taxas de juros 
cobradas. A causa pode estar em uma frágil situação econômico-financeira ou na ausência de 
informações, refletindo o seu risco ou incerteza. 
Para as grandes empresas, a formalização de dados operacionais e de gestão não 
representa entrave para a obtenção de crédito, visto ter disponíveis as informações através de 
sua estrutura interna. Para as MPEs, contudo, torna-se inviável a exigência de um controle 
acurado de suas informações. A contratação de um especialista se torna mais onerosa à 
medida que a despesa deve ser diluída em um menor número de operações. 
Ter como acessar o crédito é imprescindível quando se enfrenta problemas de 
liquidez, e, a capacidade de apresentar informações prontas e precisas a respeito da empresa 
solicitante e o relacionamento estabelecido com os detentores de capital formam a via que 
conduz até ele. 
A assimetria de informações existente nos contratos de crédito é um obstáculo a ser 
superado. Passa pela maior disponibilidade de informações referentes ao devedor, sob a ótica 
do credor. O fornecimento de dados confiáveis e suficientes promove a melhoria na qualidade 
gerencial, na gestão das Instituições Financeiras (IFs) e na tomada de crédito. 
As empresas sociedades anônimas de capital aberto normalmente oferecem uma 
maior transparência e facilidade para a análise financeira, enquanto outras naturezas 
jurídicas de empresas, como as que são por cotas de responsabilidade limitada, e, 
sobretudo aquelas de médio e pequeno porte, tendem a oferecer menor transparência 
e por conseqüência maior dificuldade para a análise financeira (BROM, 2003, p. 
65). 
A falta de crédito é uma das maiores barreiras para a criação de pequenos negócios 
no Brasil, levando os pequenos empreendedores a buscarem dinheiro fora dos bancos. Além 
darelevante participação dos pequenos negócios na economia do País, o distanciamento entre 
as micro e pequenas empresas do sistema financeiro nacional é evidente. Então elas recorrem 
a alternativas para colocar dinheiro em caixa. 
Akerloff (1970), Hoff, Braverman e Stiglitz, (1993) ressaltam a importância da 
compreensão de que toda transação financeira se apóia na visão, por parte do credor, da 
capacidade futura do devedor honrar seus compromissos sendo, portanto, um contrato 
intertemporal e de cumprimento incerto. Os concessores de crédito dependem da qualidade da 
avaliação de riscos, que mede antecipadamente a confiabilidade dos devedores. Na origem da 
 37 
relação de troca, há uma assimetria de informação entre o tomador e o credor, conforme 
ressaltado anteriormente. Essa assimetria de informação gera dois tipos de problema: a 
seleção adversa e o risco-moral. A existência de assimetria de informações no mercado 
financeiro reduz a eficiência deste, dada a problemática do risco moral e seleção adversa 
enfrentada pelos investidores (MISHIKIM, 2000). 
A seleção adversa é o fenômeno, ou situação, em que o preço é extremamente 
elevado para o “bom” pagador e acessível para o “mau” pagador, fazendo com que haja uma 
alocação ineficiente dos recursos. Este problema acontece antes que a transação ocorra. A 
seleção adversa torna-se um problema no mercado financeiro devido ao fato de que é mais 
provável que tomadores com riscos de crédito elevados demandem crédito aumentando, 
assim, a probabilidade que estes sejam selecionados. Sabendo de antemão desta relação, os 
concessores podem decidir não conceder empréstimos, pois não conseguem distinguir os bons 
dos maus tomadores de crédito. A perspectiva de inadimplência faz com que as instituições 
financeiras incorporem nas suas taxas de juros o item risco, para minimizar a variável 
incerteza, em um nível elevado em relação ao bom pagador e em nível adequado para um 
potencial inadimplente. Efetiva-se assim um contrato menos eficiente, que aplica taxas 
idênticas tanto para o melhor quanto para o pior cliente. 
No risco moral ou, perigo moral, de acordo com Fry (1995), a premissa básica é a de 
que os indivíduos não têm o mesmo incentivo para cuidar da propriedade de outras pessoas 
com o mesmo zelo com que cuidam de seus próprios interesses, ou seja, há um incentivo 
menor em zelar pelo dinheiro emprestado do que pelos recursos próprios. Este problema 
ocorre depois que a transação é efetuada. 
O risco moral se refere ao risco dos tomadores de crédito se engajarem em atividades 
indesejáveis do ponto de vista do emprestador, pois reduzem a probabilidade de que o 
empréstimo seja pago. Da mesma forma que a seleção adversa, o risco moral pode ocasionar o 
fim da concessão de crédito como uma forma de proteção ao risco do emprestador. 
Braga (2000) afirma que o risco ou perigo moral ocorre quando um fato ex-post ao 
acordo firmado, de conhecimento de uma das partes pode afetar a negociação prejudicando a 
contraparte. Existem situações em que o fato gerador, que provoca a relação assimétrica, 
ocorre após a formalização do acordo (contrato). Tal evento pode ser gerado pelo próprio 
devedor sendo de seu exclusivo conhecimento, ou por decorrência de fenômenos naturais, 
cuja observação também lhe é individualizada. Ou seja, quando o estímulo fornecido para o 
estabelecimento de um contexto de informações assimétricas é proporcionado após a 
assinatura do contrato dá-se o nome de risco moral. 
 38 
Ainda sobre risco moral, Pindyck e Rubinfeld (1994, p. 817) assinalam que “este 
ocorre quando a parte segurada pode influenciar a probabilidade ou magnitude do evento que 
é fato gerador do pagamento”. O agente responsável pela situação e por eventuais danos sofre 
uma alteração nos padrões de comportamento quando este é afetado pelo risco moral. Por 
exemplo: 
se o consumidor pode adquirir um seguro de bicicleta, então o custo infringido ao 
indivíduo de ter a sua bicicleta roubada é muito menor. Se a bicicleta é roubada, 
então a pessoa simplesmente tem que avisar a Cia. de seguros e receberá o dinheiro 
para substituí-la. No caso extremo, onde a Cia. reembolsa completamente o 
indivíduo pelo roubo da bicicleta, o indivíduo não possui nenhum incentivo para 
tomar cuidado. Esta falta de incentivo para tomar cuidado é chamada “perigo moral” 
(VARIAN, 1994, p. 653-654). 
Segundo Varian (1994, p. 655), pode-se estabelecer conceitos para risco moral e 
seleção adversa: 
perigo moral se refere às situações onde um lado do mercado não pode observar as 
ações do outro. Por este motivo é algumas vezes chamado de problema de ação 
oculta. Seleção adversa se refere à situação onde um lado do mercado não pode 
observar o “tipo” ou qualidade dos bens no outro lado do mercado. Por este motivo é 
denominado de problema de tipo oculto. 
Mishikin (2000) afirma que o risco moral ocorre quando o tomador direciona o 
crédito para outras atividades, que não as previamente contratadas, de alto risco, que 
aparentemente representam promessa de retornos maiores para o investimento, que podem, no 
entanto, não se concretizarem, comprometendo o pagamento da dívida. Nessas circunstâncias, 
as chances da concessão de um empréstimo a um mau pagador aumentam muito e fazem com 
que haja restrições, por parte dos agentes financeiros, na oferta de linhas de crédito. 
O que se verifica é que a assimetria de informações afeta tanto o lado da oferta 
quanto o lado da demanda crédito. Dada a falta de informações, o ofertante, para não colocar 
em risco a sua carteira de empréstimo, pode não conceder crédito a todo tomador interessado. 
Já os tomadores devem atentar para as informações a respeito dos termos dos contratos ou 
diferentes documentos que estão assinando para evitar comprometer sua renda ou capital em 
virtude de uma desinformação contratual. 
Medidas preventivas e alternativas que buscam reduzir as conseqüências que podem 
decorrer do problema de assimetria de informações são muito importantes para MPEs. Risco 
moral e seleção adversa, provocados pela assimetria de informações, são fenômenos que 
impactam diretamente no comportamento do mercado de crédito, que é determinante para o 
desempenho e perpetuação dos negócios das empresas de pequeno porte. 
 39 
2.4.3 O crédito para as micro e pequenas empresas no Brasil 
O Brasil apresenta uma atividade financeira sofisticada em todos os seus aspectos 
relevantes, porém, com baixo aprofundamento financeiro; sendo o crédito e o financiamento 
muito reduzidos, caros e de acesso difícil para a maior parte dos interessados, afetando, 
principalmente, as MPEs e os empreendimentos econômicos em geral. Os custos elevados e 
as fortes restrições de acesso ao crédito criam dificuldades de financiamento na economia 
brasileira, limitando a capacidade de crescimento das empresas por não permitirem o acesso 
destas aos serviços financeiros de que necessitam. Por outro lado, retiram parcela significativa 
da renda gerada daquelas que conseguem manter relações permanentes com os bancos, pela 
transferência ao setor financeiro na rolagem de suas dívidas, em virtude das taxas de juros 
praticadas. 
O custo do crédito no Brasil é muito alto, sob qualquer parâmetro de comparação 
internacional. A taxa média de juros do crédito em termos reais (já descontada a 
inflação, portanto) foi de 40,3% ao ano no Brasil, em 2003, a mais alta entre 93 
países analisados em estudo recente do instituto de Estudos para o Desenvolvimento 
Industrial (IEDI, 2004 In: ARAÚJO, 2004, p. 17). 
O crédito escasso e os juros elevados são um dos principais fatores que dificultam a 
gestão e causam a mortalidade elevada das MPEs. As condições precárias de acesso aos 
serviços financeiros por parte desse importante e gigantesco segmento da economia brasileira 
representam um entrave significativo para sua transformação efetiva em fonte de renda 
estável e de absorção do progresso

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