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2 Microeconomia: Demanda e Oferta A parte mais sensível do corpo humano é o bolso. (Antônio Delfim Netto) 2.1 DEMANDA, OFERTA E MERCADO Demanda e oferta são as forças que movem as economias de mercado. Determi- nam a quant idade demandada e produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido. Os termos demanda e oferta se referem ao comportamento das pessoas quando interagem nos mercados. Um mercado corresponde a u m grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou serviço. Os compradores, em conjunto, geram a demanda pelo pro- duto, e os vendedores, em conjunto, de terminam a oferta do produto. A Teoria da Demanda estuda as diversas formas que a demanda pode assumir e seus determinantes . A Teoria da Oferta analisa todos os fatores que de terminam a oferta de bens e serviços. > O mercado é formado por um grupo de vendedores e compradores de um bem ou ser- viço particular. > Oferta e demanda são as forças de vendedores e compradores que fazem a economia de mercado funcionar. > A Microeconomia estuda a oferta, a demanda e o equilíbrio de mercado. 20 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Os mercados apresentam diversas formas. Um mercado competitivo ou de con- corrência perfeita é u m mercado em que há muitos compradores e muitos vendedo- res, de modo que cada um deles exerce um impacto negligenciável sobre os preços de mercado. Cada vendedor tem u m controle limitado sobre o preço que outros vendedores oferecem por um produto similar. Um vendedor tem poucos motivos para cobrar menos do que o preço corrente e, se cobrar mais, os compradores irão comprar em outro lugar. Do mesmo modo, nenhum comprador individual pode influenciar o preço, porque compra apenas uma pequena fração do total. Os mercados perfeitamente competitivos possuem duas características: (1) os bens oferecidos à venda são homogéneos e (2) os compradores e vendedores são tão numerosos que nenhum único comprador ou vendedor pode influir no preço de mercado. Como compradores e vendedores em regimes competitivos devem aceitar o preço que o mercado determina, diz-se que são tomadores de preços. Apesar da diversidade de mercados encontrados no m u n d o real, é válido admitir inicialmente a concorrência perfeita. Outras estruturas de mercado serão apresen- tadas mais adiante. > Mercado competitivo ou de concorrência perfeita é um mercado com muitos com- pradores e vendedores de produtos homogéneos e que não é controlado por qualquer agente económico. > Devido à existência de muitos vendedores em um mercado competitivo, diz-se que estes são tomadores de preços, ou seja, aceitam os preços que são determinados no mer- cado. Do contrário, caso algum vendedor decida elevar o preço do produto de forma individual, espera-se que a demanda do bem desse vendedor seja zero, uma vez que diversos outros produtores podem vender esse mesmo bem a um preço mais baixo. 2.2 DEMANDA E SEUS DETERMINANTES A quant idade d e m a n d a d a de qualquer bem é a quant idade do bem que os compradores desejam e podem comprar. Uma vez que a quantidade demandada cai quando aumenta o preço e aumenta quando o preço cai, diz-se que a quant idade demandada se relaciona negat ivamente com o preço, como mostrado na Figura 2 .1 . A lei da demanda estabelece que, tudo o mais mant ido constante, quando o preço de um bem aumenta , a quant idade demandada cai. Assim, o preço é o prin- cipal fator a afetar a quant idade demandada de um bem ou serviço. > A resposta dos compradores a vários preços possíveis é expressa na relação de demanda. > A relação de demanda é válida para uma população específica em um período espe- cífico de tempo. Microeconomia: Demanda e Oferta 2 I É possível traçar um gráfico que represente as diferentes combinações de pre- ços e quant idades demandadas , ou seja, uma curva de demanda. Tendo no eixo horizontal a quant idade demandada e no vertical os preços, à linha inclinada para baixo denomina-se curva de demanda . Essa linha é negativamente inclinada por causa da relação inversa ent re preço e quant idade demandada . Ao traçar u m a curva de demanda , é necessário ter em mente que todos os demais fatores que afetam a demanda foram mantidos constantes, ou seja, ceteris paribus. > Ceteris Paribus: implica que todas as demais variáveis relevantes são mantidas cons- tantes, exceto aquela que está sendo estudada no momento. Qo Q, Q x • Figura 2.1 Curva de demanda. Função d e m a n d a A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada, além do preço do próprio bem ou serviço, por outros fatores, tais como renda, preço dos outros bens, gos- tos, hábitos, preferências, expectativas, propaganda, número de consumidores e variedade de bens disponíveis. A seguir, tem-se a função demanda, que basicamente mostra uma relação de causa e efeito entre uma variável dependente, a quantidade demandada, e diversas variáveis explicativas, como preço do produto e renda do consumidor, entre outras. Qf = / ( P j , R , P s , Pc, G, E,P o , N,V) em que: Qf - quant idade demandada do bem i; P; = preço do bem i; 22 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos R = renda do consumidor; Ps = preço dos bens substitutos; Pc = preço dos bens complementares; G = gostos, hábitos e preferências; E = expectativa de preço ou renda; Po = propaganda; N = número de consumidores; V = variedade de bens disponíveis. Bens normais , inferiores e superiores A renda é um determinante importante da demanda . Uma renda maior signi- fica que o indivíduo tem mais dinheiro para seus gastos totais, de modo que ele aumenta seus dispêndios com alguns bens e serviços. A Figura 2.2 a seguir ilustra o impacto de um aumento da renda do consumi- dor na demanda de u m produto. Se a demanda por um bem aumenta quando a renda aumenta , denomina-se esse produto de bem normal. Roupas e sapatos são exemplos de bens normais. Por outro lado, de acordo com a Figura 2 .3 , se a de- manda diminui quando a renda aumenta , trata-se de u m bem inferior. Passagem de ônibus e carne de segunda são exemplos de bens inferiores. Figura 2.2 Elevação da demanda proveniente de um aumento da renda para bem normal. Microeconomia: Demanda e Oferta 23 N D, Figura 2.3 Queda da demanda proveniente de um aumento da renda para bem inferior. Existem adicionalmente os bens superiores, também referidos como supérfluos ou de luxo. Nesse caso, a quant idade demandada varia mais que proporcionalmen- te à variação na renda do consumidor, ceteris paribus. Jóias e viagens ao exterior são exemplos de bens superiores. Os bens normais têm a característica de apresentar elevação no consumo na medi- da em que a renda do consumidor aumenta, ou seja, existe uma relação direta entre renda e quantidade demandada. Os bens superiores se caracterizam por o aumento no consumo ser proporcionalmente maior que a variação na renda do consumidor. Por outro lado, para os bens inferiores, a demanda diminui na medida em que a renda aumenta, ou seja, existe uma relação inversa entre renda e quantidade demandada. Bens subst i tutos e complementares A relação da quant idade demandada de um bem ou serviço com os preços de outros bens ou serviços gera dois importantes conceitos: bens substitutos e bens complementares . Quando a queda no preço de u m bem estimula a demanda por esse bem e re- duz a demanda por outro bem parecido com ele, diz-se que se t rata de bens subs- titutos. Como exemplo, tem-se: manteiga e margarina, pão e biscoito, cinema e locação de fitas de vídeo. Se, por outro lado, os bens são complementares, a queda no seu preço eleva a sua demanda e também a demanda pelo outro bem que é consumido junto . Como exemplo, tem-se: gasolina e automóveis, café e açúcar ou adoçante, softwares e computadores e aparelho de DVD e filmes. 24 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos > Bens substitutos: há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no preço da margarina e uma variação na demandade manteiga, ceteris paribus. Se o preço da margarina aumenta, a quantidade demandada de margarina cai e a quantidade demandada de manteiga aumenta. > Bens complementares: há uma relação inversa entre, por exemplo, uma variação no preço do computador e uma variação na demanda de softwares, ceteris paribus. Se o preço de computador aumenta, a quantidade demandada de computadores e de softwares diminui. Os gostos e preferências dos indivíduos também podem afetar a d e m a n d a por bens e serviços. Podem-se ter propagandas ou campanhas publicitárias para aumenta r ou diminuir o consumo dos bens, al terando, dessa forma, as preferên- cias dos agentes. Do mesmo modo, as expectativas com relação ao futuro afetam a demanda dos indivíduos. Por exemplo, uma expectativa de preço ou renda maior no futuro pode ocasionar maior demanda hoje por algum produto. Um maior número de compradores também desloca a curva da demanda para cima. Por outro lado, um aumento na variedade de bens disponíveis age no sentido de deslocar a curva de demanda para baixo. Cabe mencionar que, dependendo do tipo de produto, outras variáveis podem influenciar a demanda . Por exemplo, a demanda de sorvetes é afetada pela estação do ano e pela intensidade do verão, assim como a demanda por casacos é influenciada pelo rigor do inverno. Em resumo, a Tabela 2.1 mostra as principais variáveis que afetam a quanti- dade demandada de u m bem e como ocorre essa alteração. Tabela 2.1 Variáveis que afetam a quantidade demandada de bens e serviços. Variáveis que afetam a quantidade demandada Uma alteração nessa variável gera J Preço Movimento para a esquerda e ao longo da curva de demanda f Renda Desloca a curva de demanda para cima j Preço de bem substituto Desloca a curva de demanda do outro bem para cima j Preço de bem complementar Desloca a curva de demanda do outro bem para baixo J Gostos ou preferências Desloca a curva de demanda para cima | Expectativas de preço ou renda Desloca a curva de demanda para cima | Propaganda Desloca a curva de demanda para cima J Número de compradores Desloca a curva de demanda para cima J Variedade de bens disponíveis Desloca a curva de demanda para baixo Microeconomia: Demanda e Oferta 25 A Figura 2.4 a seguir mostra a curva de d e m a n d a e o que acontece com a quant idade demandada de um bem quando seu preço varia, mantidos constantes todos os outros determinantes da demanda . Quando o preço diminui, a quantida- de demandada aumenta e muda-se do ponto A0 para A r Já quando algum desses outros determinantes varia (por exemplo, elevação da renda) , a curva de deman- da se desloca para cima, como se vê na Figura 2.5. > Variação na quantidade demandada ou na demanda: movimentos ao longo da curva de demanda, causados por alterações no preço do produto. > Variação da demanda: deslocamento da curva de demanda, para a direita ou esquer- da, causado por alterações nos outros fatores afora o preço. Figura 2.4 Deslocamento da quantidade demandada causado por uma variação no preço do produto. 26 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Figura 2.5 Deslocamento da demanda causado por um aumento da renda. Bens de Giffen Também conhecido como paradoxo de Giffen. Corresponde a uma possível exceção à lei da demanda sugerida por Sir Robert Giffen (1837-1910) há mais de cem anos. E um produto que a sua demanda aumenta quando seu preço também aumenta. Giffen observou, no século XIX, na Irlanda, que quando o preço de batatas aumentava, as pessoas consumiam mais batatas . As batatas eram bens inferiores e correspondiam a uma grande parcela dos gastos de al imentação dos irlandeses. Quando seu preço aumentava, as pessoas eram forçadas a diminuir o consumo de bens alimentícios mais sofisticados e, assim, acabavam consumindo mais batatas . Um exemplo brasileiro de bem de Giffen seria o pão. Famílias pobres com- pram mais pão quando os preços de pão aumentam. Isso acontece porque, apesar de mais caro, o pão ainda seria o produto alimentício relativamente mais barato. D e m a n d a de mercado A demanda de mercado é o somatório de todas as demandas individuais por um dado bem ou serviço. Sendo assim, a quant idade d e m a n d a d a no mercado como um todo depende dos fatores que determinam a quantidade demandada por compradores individuais. A quant idade demandada pelo mercado não depende apenas do preço do bem, mas também da renda, gostos e expectativas de todos os consumidores, bem como dos preços dos bens relacionados e demais fatores. Suponha, por exemplo, que o mercado de chocolate seja composto pela de- manda de João e Maria e que, a diferentes preços da barra de chocolate (Pc), as quantidades demandadas deles (Qj e Qm) variem, como a seguir: 2.3 C Microeconomia: Demanda e Oferta 27 Pc Qj Qm Dmercado 0 10 5 15 2 5 3 8 4 2,5 2 4,5 Nesse exemplo simples, vê-se que a d e m a n d a de mercado de chocolates corresponde à d e m a n d a de Maria por chocolates mais a demanda de João por chocolates. Exercício resolvido Dada a seguinte equação de demanda : Q x = 500 - 2Px + 0,5Py + 40R, onde: Qx = quant idade demandada do bem x; Px = preço do bem x; Py = preço do bem y; R = renda. Pede-se: a) O bem y é complementar ou substituto de x? Por quê? Trata-se de um bem substi tuto: isso é indicado pelo sinal positivo do coeficiente de Py ( + 0 , 5 ) . Este sinal indica que, se Py aumentar, Qy cai e Qx aumenta , ceteris paribus. b) O bem x é normal ou inferior? Por quê? É u m bem normal : o sinal do coeficiente da variável renda é positivo ( + 4 0 ) . c) Supondo P x = 1; P = 4 e R = 100, qual o valor de Qx? Basta substituir os valores de Px P y e R na equação de demanda : Q x = 500 - 2(1) + 0,5(4) + 40(100) Qx = 4500 2.3 OFERTA E SEUS DETERMINANTES A quant idade ofertada de qualquer bem ou serviço refere-se ao montan te de bens que os vendedores estão dispostos e podem vender. O preço do bem é u m dos determinantes mais importantes da quant idade ofertada. Quando o preço é elevado, a venda é lucrativa e, portanto, a quant idade ofertada é grande. Do con- 28 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos trário, se o preço estiver baixo, o negócio será menos lucrativo e o vendedor pro- duzirá menos do bem. Uma vez que a quant idade ofertada aumenta à medida que o preço aumenta e cai quando o preço se reduz, diz-se que a quant idade ofertada se relaciona positivamente com o preço do bem. A relação entre preço e quant idade ofertada, apresentada na Figura 2.6, é chamada lei da oferta: tudo o mais mant ido constante, quando o preço de um bem aumenta , a quant idade ofertada do bem também aumenta . > A oferta é a quantidade de um bem ou serviço que os produtores vendem no mercado, por determinado preço e em determinado momento. > A reação dos produtores aos diferentes níveis dos preços baseia-se primordialmente na estrutura de seus custos de produção. Função oferta As principais variáveis que afetam a oferta de dado bem ou serviço são: preço do bem, preço dos fatores e insumos de produção, preço de outros bens, tecnologia, expectativas e número de empresas. A função oferta, que tem como variável de- pendente a quant idade ofertada em função de diferentes variáveis explicativas, é apresentada a seguir: Q? = / ( P i 5 P, P0 B ,T,I, S, E, N) em que: = quant idade ofertada do bem i; Microeconomia: Demanda e Oferta 29 o vendedor pro- íta à medida que ntidade ofertada na Figura 2.6, é >reço de um bem ]em no mercado, primordialmente nço são: preço ns, tecnologia, o variável de- sxplicativas, é P; = preço do bem i; Pj = preço dos insumos; POB = preço de outros bens; T = tecnologia; I = impostos; S = subsídios; E = expectativa de preço; N = número de empresas. Existe uma relação positiva entre preço e quant idade ofertada de certo bem ou serviço. Quando o preço do bem ou serviço aumenta , a quant idade ofertada aumenta . Naturalmente, os produtoressó incorrem em custos maiores se o preço final do produto vendido for mais elevado. Se o preço de um ou mais insumos de pro- dução aumenta , há uma tendência da produção de u m determinado bem se tornar menos lucrativa, levando a uma diminuição da quant idade ofertada. Se o preço dos insumos subir demais, pode ser preferível interromper a produção e não ofer- tar mais esse bem. A quant idade ofertada, portanto, se relaciona negat ivamente com o preço dos insumos usados em sua produção. Se o preço de um bem substituto subir, os produtores podem pensar em não produzir o bem existente e considerar a possibilidade de ofertar outro bem, cujo preço subiu. Uma mudança na tecnologia reduz os custos de produção e possibi- lita u m aumento da oferta do bem ou serviço. Maiores impostos, por outro lado, desest imulam a quant idade ofertada e maiores subsídios estimulam a quant idade ofertada. Expectativas de que o preço do bem aumentará diminuem a quant idade ofertada presente. Ou seja, o produtor prefere esperar o preço de seu produto su- bir para então ofertá-lo no mercado. Por fim, se o número de empresas aumenta , a quant idade ofertada aumenta . Cabe mencionar que, no caso dos produtos agrí- colas, a oferta é muito afetada pelas condições climáticas. Da mesma forma que a demanda , é possível estabelecer combinações de pre- ços e quant idades ofertadas que representem o comportamento dos vendedores: à medida que o preço sobe, os vendedores oferecem quantidades cada vez maio- res de u m bem. Assim, a curva que relaciona preço e quant idade ofertada é deno- minada curva de oferta. A curva de oferta é posit ivamente inclinada, pois, ceteris paribus, um preço maior implica numa maior quant idade ofertada. Em outras palavras, a curva de oferta mostra o que acontece com a quantidade ofertada de um bem quando seu preço varia, mantendo constantes todos os outros determinantes da oferta. De acordo com a Figura 2.7, a redução do preço ocasio- na u m movimento para a esquerda e ao longo da curva de oferta (de AQ para Aj), 30 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos ceteris paribus os demais determinantes da oferta. Porém, quando um desses de- terminantes muda, a curva de oferta se desloca, como apresentado na Figura 2.8. Figura 2.7 Redução dos preços diminui a quantidade ofertada do bem ou serviço. Figura 2.8 Deslocamento da curva de oferta para esquerda por elevação no preço do insumo. Oferta é uma expressão que se refere à posição da curva de oferta, enquanto quant idade ofertada diz respeito ao quantitativo que as empresas desejam ven- der. Um deslocamento da curva de oferta é denominado alteração da oferta e u m movimento ao longo da curva de oferta é chamado alteração na quant idade ofer- tada ou na oferta. A Tabel; e a maneira Tabela 2.2 Variáv( quant Preço do Preço do: Preço de Tecnolo, Impostos Subsídios Expectati' futuros d( Númer Oferta de A oferte tada no mei los vendede Suponl responsáve quena cida duais das li > Variação na quantidade ofertada ou na oferta: movimentos ao longo da curva de ofer- ta, causados por alterações no preço do produto. > Variação da oferta: deslocamento da curva de oferta, para a direita ou esquerda, cau- sado por alterações nos outros fatores afora o preço. Microeconomia: Demanda e Oferta 3 I ;ses de- ira 2.8. A Tabela 2.2 mostra as principais variáveis que afetam a quant idade ofertada e a maneira como ocorre essa alteração. Tabela 2.2 Variáveis que afetam a quantidade ofertada de bens e serviços. Variáveis que afetam a quantidade ofertada • Uma alteração nessa variável gera 7 Preço do bem Movimento para a direita e ao longo da curva de oferta f Preço dos insumos Desloca a curva de oferta para a esquerda • • • • • • • • • • • • • • • • • I I J Preço de outros bens Desloca a curva de oferta para a esquerda J Tecnologia Desloca a curva de oferta para a direita J Impostos Desloca a curva de oferta para a esquerda J Subsídios Desloca a curva de oferta para a direita A Expectativas de maiores preços ' futuros do produto Desloca a curva de oferta para a esquerda J Número de empresas Desloca a curva de oferta para a direita Oferta de mercado A oferta de mercado é o somatório das ofertas individuais. A quant idade ofer- tada no mercado depende dos fatores que determinam a quant idade ofertada pe- los vendedores individuais. Suponha, por exemplo, que somente duas lojas de livros, lojas A e B, sejam responsáveis pelo abastecimento de livros no mercado como um todo de uma pe- quena cidade. A oferta de mercado de livros é, então, a soma das ofertas indivi- duais das lojas A e B, como pode ser visto a seguir: Plivro QlojaA QlojaB Smercado 0 0 0 0 •••• • • H B HHHHK 3 2 2 4 32 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos 2.4 EQUILÍBRIO DE MERCADO A combinação da oferta com d e m a n d a gera o equilíbrio de mercado E, que pode ser visualizado na Figura 2.9. Traçando as curvas de oferta e demanda num mesmo gráfico, Quant idade x Preço, é possível observar um ponto em que essas duas curvas se cruzam. Esse ponto é denominado de equilíbrio de mercado. Nele, tem-se o preço de equilíbrio e a quant idade de equilíbrio. Equilíbrio é uma situação em que a oferta e a demanda coincidem. Ao preço de equilíbrio, a quant idade do bem que os compradores desejam e podem com- prar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e podem vender. O preço de equilíbrio é também denominado preço de ajustamento do mercado, porque a este preço todo o mercado foi a tendido. > Equilíbrio: situação onde não existe excesso ou escassez de oferta e demanda. A quantidade Qe que os consumidores desejam comprar é igual à quantidade que os pro- dutores desejam vender. O preço Pe que os consumidores desejam pagar é igual ao preço que os vendedores dese- jam vender. (i) É c (ii) e c Quandc 2.10, a qua res p o d e m ; nível de eqi Quandc do preço dt ofertada. D; ro grande d aumentar o dos preços i > Excesso der tudi > Excesso consegu Q Q Figura 2.9 Equilíbrio de mercado de um bem ou serviço. Figura 2.1 Excesso de oferta e de d e m a n d a Fora do ponto de equilíbrio, ou seja, quando há desequilíbrio de mercado, duas situações são possíveis: Microeconomia: Demanda e Oferta 33 (i) excesso de oferta: situação em que a quant idade ofertada é maior que a quant idade demandada ; (ii) excesso de demanda: situação em que a quant idade demandada é maior que a quant idade ofertada. Quando o preço está acima do preço de equilíbrio, de acordo com a Figura 2.10, a quant idade ofertada é superior à quant idade demandada . Os fornecedo- res podem aumenta r as vendas reduzindo os preços e isso conduz os preços a u m nível de equilíbrio. Quando há excesso de demanda , como na Figura 2 .11 , o preço está abaixo do preço de equilíbrio e a quant idade demandada é maior do que a quant idade ofertada. Dado que muitos compradores estão interessados em adquirir um núme- ro grande de bens, os fornecedores podem aproveitar a escassez do produto para aumentar os preços. Portanto, em ambos os casos de desequilíbrio, o ajustamento dos preços conduz o mercado na direção do equilíbrio entre oferta e demanda . > Excesso de oferta: preço está acima do equilíbrio e os produtores não conseguem ven- der tudo o que desejam a esse nível de preço. > Excesso de demanda: o preço está abaixo do preço de equilíbrio e os consumidores não conseguem comprar a quantidade desejada a esse nível de preços. Excesso de oferta (Q. > Figura 2.10 Excesso de oferta com preço acima do preço de equilíbrio. uas 34 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Qs Qd Q. Figura 2.11 Excesso de demanda com preço abaixo do preço de equilíbrio. Alterações d o equilíbrio Devem-se seguir três passos para se analisar possíveis alterações do equilíbrio: I - decidir se o evento interfere na curva de oferta ou de demanda (ou em ambas) ; II - decidir em qualdireção a curva se desloca (direita ou esquerda) ; III - usar o diagrama de oferta e demanda para ver como o deslocamento altera o equilíbrio. Nas economias de mercado, os preços são sinais que or ientam as decisões económicas e assim alocam os recursos escassos. Para cada u m dos bens da eco- nomia, o preço assegura que oferta e demanda se igualem. O preço de equilíbrio determina o quanto os compradores compram e o quanto os produtores vendem. A Figura 2.12 mostra uma alteração de equilíbrio (E0 para causada por um aumento da demanda . Um aumento da demanda , ceteris paribus, gera maior quant idade e um preço mais elevado do produto no mercado. Figura 2.12 A Figura elevação da c de maior qu£ Figura 2.13 > Uma el > Uma n > Uma e quanti > Uma r quanU Microeconomia: Demanda e Oferta 35 s v • S / ' s \ » \ s \ » \ 9 u i V D 0 Qo Q, • Figura 2.12 Alteração no equilíbrio devido a uma elevação da demanda. A Figura 2.13 mostra a alteração do equilíbrio E0 para E p decorrente de uma elevação da oferta. Um aumento da oferta, ceteris paribus, conduz a uma situação de maior quant idade e menor preço no mercado. Figura 2.13 Alteração no equilíbrio devido a uma elevação da oferta. > Uma elevação da demanda causa uma elevação no preço e na quantidade de equilíbrio. > Uma redução da demanda causa uma redução no preço e na quantidade de equilíbrio. > Uma elevação da oferta causa uma redução no preço de equilíbrio e um aumento na quantidade de equilíbrio. > Uma redução da oferta causa uma elevação no preço de equilíbrio e uma redução na quantidade de equilíbrio. 36 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Cabe mencionar que ocorrem, muitas vezes, no mercado, alterações simul- tâneas nas curvas de demanda e oferta, gerando consequentemente resultados diversos às alterações isoladas de demanda e de oferta. Exercício resolvido Dados D = 32 - 4P e S = 20 + 2P onde: D = função demanda; S = função oferta; P = preço. a) Determinar o preço de equilíbrio e a respectiva quant idade. Em equilíbrio, D = S 32 - 4P = 20 + 2P 6P = 12 Pe = 2 Para determinar Qe, basta substituir o valor de P = 2 em qualquer das fun- ções acima, S ou D. S = 20 + 2(2) = 24 24 b) Se D = 12, qual o novo preço? Com esse preço, existe excesso de demanda ou oferta? Qual é a medida desse excesso? 12 = 32 - 4(P) P = 5 e S = 20 + 2(5) = 30 A quan t idade ofertada é maior que a quan t idade d e m a n d a d a e, por tanto , existe um excesso de oferta de 18 unidades do produto. 2.5 ELASTICIDADE Elasticidade é u m conceito que, em termos gerais, capta o impacto, a sensi- bilidade em uma variável proveniente de u m a mudança em outra variável. No universo da demanda e oferta, a elasticidade mede a resposta da quant idade de- mandada ou da quant idade ofertada às variações em seus determinantes . Microeconomia: Demanda e Oferta 37 > Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, ceteris paribus. > Elasticidade é sinónimo de sensibilidade, resposta, reação ou impacto de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis. Existem quatro tipos mais usuais de elasticidade em Microeconomia: I - elasticidade-preço da demanda ; II - elasticidade-renda; III - elasticidade-preço cruzada da demanda ; IV - elasticidade-preço da oferta. Elasticidade-preço da d e m a n d a A lei da d e m a n d a afirma que u m a queda no preço de um bem aumen ta a quantidade demandada deste bem. A elasticidade-preço da demanda mede o grau em que a quant idade demandada responde às variações de preço e se expressa como o quociente entre a variação percentual da quant idade demandada do bem, produzida por uma variação de seu preço em 1%, mantendo-se constante os de- mais fatores. , , , Variação % da quantidade demandada Elasticidade-preço da demanda = Variação % do preço A elasticidade-preço da demanda é sempre negativa, dado que o preço e a quant idade demandada do produto variam em direções opostas. Diz-se que a demanda de um bem é elástica se a quant idade demandada res- ponde substancialmente às variações no preço. Por outro lado, a demanda de um bem é inelástica se a quant idade demandada responde ligeiramente às variações no preço. Ainda nesse sentido, existem dois casos extremos: quando a demanda é per- feitamente inelástica e quando a demanda é perfeitamente elástica. A Figura 2.14 mostra o comportamento da curva de demanda quando ela é perfeitamente ine- lástica, por tanto, com elasticidade igual a zero. Do contrário, quando se tem uma curva de demanda paralela ao eixo das quantidades, como na Figura 2.15, tem- se a elasticidade perfeitamente elástica, com valor igual a infinito. Tem-se ainda a elasticidade unitária, em que a variação percentual na quant idade é igual à varia- ção percentual no preço, de tal forma que a elasticidade assume valor igual a 1. 38 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Figura 2.14 Demanda perfeitamente inelástica (E — 0). Figura 2.15 Demanda perfeitamente elástica (E = oo). > Perfeitamente inelástica: consumidores são completamente insensíveis às variações nos preços. Elasticidade é zero, a quantidade demandada não reage à variação nos preços. > Perfeitamente elástica: consumidores são extremamente sensíveis às variações nos preços. Elasticidade é infinita, os compradores não estão dispostos a pagar mais que determinado preço, qualquer que seja a quantidade do bem. > Elasticidade unitária: a resposta na quantidade demandada é igual à variação nos preços. A elasticidade-preço da demanda depende de u m grande número de forças económicas, sociais e psicológicas que afetam os desejos individuais. Contudo, existem algumas regras gerais relativas aos fatores que de terminam a elasticida- de-preço da demanda . Microeconomia: Demanda e Oferta 39 Quais ben s são mais elásticos? A demanda tende a ser mais elástica se o bem é supérfluo, se há muitos bens substitutos no mercado, se o mercado é restrito e se o horizonte de análise tem- poral é de longo prazo. Por outro lado, a demanda tende a ser mais inelástica se o bem for essencial ou necessário, se existem poucos substitutos, quando o mercado não é bem deli- mitado e quando o horizonte de análise temporal é de curto prazo. Os bens necessários tendem a ter demandas inelásticas. A razão é que, para a maioria das pessoas, consultas médicas, por exemplo, são uma necessidade e ve- leiros, supérfluos. Ou, ainda, u m aumento no preço do feijão gera menos impac- to na quant idade demandada de feijão, enquanto u m aumento no preço de uma joia acarreta mais facilmente uma diminuição na quant idade demandada de jóias. Bens que dispõem de substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica, porque é mais fácil para o consumidor trocar um bem por outro . Por exemplo, o requeijão é, provavelmente, menos elástico que a manteiga, que pode ser mais facilmente substituída pela margarina. O horizonte de tempo também influencia na elasticidade dos bens. Os bens tendem a ter uma demanda mais elástica em longos horizontes temporais. Um pro- duto como a gasolina, por exemplo, quando tem seu preço aumentado , não gera respostas imediatas em termos de grande diminuição da quant idade demandada . E provável que a demanda não caia muito nos meses iniciais. Com o tempo, no entanto, os consumidores procurarão alternativas, como carro a álcool ou utiliza- ção de transporte coletivo. No curto prazo, a gasolina é u m produto relativamente inelástico, enquanto no longo prazo é mais elástico. Em mercados mais restritos, a demanda é mais elástica porque é mais fácil encontrar substitutos próximos para os bens. Uma marca específica de creme den- tal pode ser substituída por diversas outras marcas e a elasticidade de demanda é elevada. Por outro lado, mercados muito amplos apresentam elasticidade da de- manda baixa. O mercado de alimentos, de maneira ampla, é de difícil substituição, sendo,portanto, um mercado inelástico às variações nos preços. A magni tude da elasticidade-preço da demanda é que sinaliza se o produto é elástico ou inelástico. Uma alta elasticidade-preço implica numa grande resposta da quant idade demandada às variações no preço, característica de bens elásticos. E uma baixa elasticidade-preço significa uma pequena resposta da quant idade demandada às variações de preço, característica de bens inelásticos. E possível classificar as curvas de demanda , como na Figura 2.16, de acordo com sua elasticidade. A demanda é inelástica quando é menor do que 1, de modo que a quant idade varia proporcionalmente menos do que o preço. É elástica quan- 40 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos do é maior do que 1, de modo que a quant idade varia proporcionalmente mais do que o preço. A elasticidade-preço da demanda está int imamente relacionada com a incli- nação da curva de demanda . Quanto mais horizontal for uma curva de demanda , maior será a elasticidade-preço da demanda . Quanto mais vertical for uma curva de demanda , menor será a elasticidade-preço da demanda . Elasticidad Q. Qn Figura 2.16 Curvas de demanda inelástica e elástica. Exercício resolvido Suponha que u m aumento do picolé de $ 2 para $ 2,20 provoque uma queda na quant idade demandada de 10 para 8 unidades mensais. Calculando a variação percentual do preço, tem-se: AP = (2,20 - 2,00) / 2,00 = 0,10 x 100 = 10% Da mesma forma, tem-se a variação da quant idade demandada como: AQ = (8 - 10) / 1 0 = - 0,20 x 100 = -20% Assim, tem-se: Elasticidade-preço da demanda = = - 2 10% Nesse caso, a elasticidade é igual a 2, implicando que a variação na quantida- de demandada é duas vezes maior do que a variação do preço. Como a quant idade demandada de u m bem se relaciona negat ivamente com seu preço, a variação percentual da quant idade terá sempre o sinal oposto ao da variação percentual do preço. No exemplo, a variação percentual do preço é de onalmente mais ada com a incli- va de demanda , ai for uma curva que uma queda indo a variação Microeconomia: Demanda e Oferta 4 I 10% positivos (refletindo u m aumento) e a variação percentual da quant idade de- mandada é de 2 0 % negativos (refletindo uma redução) . Portanto, a elasticidade- preço da demanda é sempre um número negativo. Elasticidade-renda da d e m a n d a Além da elasticidade-preço da demanda , tem-se a elasticidade-renda da de- manda , que mede como a quant idade demandada varia quando a renda dos con- sumidores varia. A elasticidade-renda é a variação percentual da quant idade de- mandada dividida pela variação percentual da renda. Isto é, Elasticidade-renda da demanda Variação % da quantidade demandada Variação % da renda Como a maior parte dos bens é normal , rendas maiores implicam em aumen- tos na quant idade demandada dos produtos . Dado que a quant idade demandada e a renda se movem na mesma direção, os bens normais têm elasticidade-renda positiva. Bens como carne de qualidade inferior e passagens de ônibus são bens inferiores: rendas mais altas reduzem a quant idade demandada desses produtos. Nesse caso, a elasticidade-renda é negativa. > Elasticidade-renda > 1 > Elasticidade-renda > 0 e < 1 > Elasticidade-renda < 0 > Elasticidade-renda = 0 Bens Superiores ou Supérfluos Bens Normais Bens Inferiores Bens Renda-Neutros la como: 0 na quantida- ivamente com 1 oposto ao da do preço é de Bens e serviços necessários tendem a ser inelásticos quanto à renda. Como exemplos, têm-se: al imentação, combustível, roupas básicas etc. Bens e serviços supérfluos tendem a ser elásticos quanto à renda. Como exem- plos, têm-se: carros de luxo, casacos de pele, res taurantes sofisticados, viagens ao exterior etc. Elasticidade-preço cruzada da d e m a n d a É a variação percentual da quant idade demandada do bem A, dada uma va- riação percentual no preço do bem B, ceteris paribus. 42 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Elasticidade-preço Variação % da quantidade demandada de A cruzada da demanda Variação % do preço de B Por exemplo, se u m aumento de 2 0 % no preço dos sapatos levar a uma queda de 5% na demanda por meias, diz-se que a elasticidade-preço cruzada da deman- da de meias é igual a - 5%/20%, ou - 0,25. A elasticidade-preço cruzada pode ser positiva ou negativa. Quando ela é positiva, os bens A e B são substitutos. Quando ela é negativa, os bens A e B são complementares, como é o caso dos sapatos e meias. > Elasticidade-preço cruzada > 0 • bens substitutos > Elasticidade-preço cruzada < 0 • bens complementares Elasticidade-preço da oferta É possível mensurar também a elasticidade da oferta. A lei da oferta afirma que quanto mais alto o preço do produto, maior a quant idade ofertada do mes- mo. A elasticidade-preço da oferta mede o quanto a quant idade ofertada de u m bem responde às alterações nos preços. Diz-se que a oferta de um bem é elástica se a quant idade ofertada do bem reage substancialmente a uma variação em seu preço. De outra forma, a oferta de u m bem é inelástica se a quant idade ofertada do bem reage pouco a uma variação em seus preços. , Variação % da quantidade ofertada Elasticidade-preço da oferta = — Variação % do preço A elasticidade-preço da oferta é sempre positiva, dado que o preço e a quan- t idade ofertada do produto variam na mesma direção, ou seja, quando o preço aumenta , a quant idade ofertada aumenta e vice-versa. A elasticidade-preço da oferta depende da possibilidade que os vendedores têm de alterar a quant idade ofertada do bem que produzem. Na maioria dos mer- cados, u m de te rminante chave da elasticidade da oferta é o período de tempo considerado. Em geral, a oferta é mais elástica no longo prazo do que no curto prazo. Em curtos intervalos de tempo, a quant idade ofertada não responde muito ao preço. Mas, no longo prazo, as empresas podem construir novas fábricas ou fechar as antigas, além da possibilidade de novas empresas entrarem no mercado. Assim, no longo prazo, a quant idade ofertada pode alterar-se substancialmente em resposta às variações no preço. Microeconomia: Demanda e Oferta 43 Suponha, por exemplo, que quando o preço do biscoito aumenta de $ 3,00 para $ 3,30, os fabricantes de biscoito aumentem a sua produção de 10 mil bis- coitos/mês para 11.500 biscoitos/mês. A variação percentual do preço seria cal- culada da seguinte forma: AP = (3,30 - 3,00) / 3,00 = 0,10 x 100 = 10% Da mesma forma, a variação percentual da quant idade ofertada seria: AQ = (11.500 - 10.000) / 10.000 = 0,15 x 100 = 1 5 % Assim, Elasticidade-preço da oferta = 1 5 % 10% = 1,5 Como a elasticidade-preço da oferta de 1,5 é maior do que 1, a quant idade ofertada de biscoitos varia proporcionalmente mais do que o preço de biscoitos. A elasticidade-preço da oferta está in t imamente associada à inclinação da curva de oferta. No caso extremo de uma elasticidade igual a zero, a oferta é per- feitamente inelástica e a curva de oferta é vertical, conforme a Figura 2.17, que mostra que mesmo que o preço do bem varie de R$ 5,00 para R$ 10,00, a quan- t idade ofertada permanece em 100. Nesse caso, a oferta é constante, qualquer que seja o preço. À medida que aumen ta a elasticidade, a curva de oferta vai se inclinando, com a quant idade ofertada respondendo mais às variações do preço. A Figura 2.18 apresenta uma curva de oferta inelástica. Quando o preço do bem sobe de R$ 5,00 para R$ 7,00, ou seja, há uma elevação de 40%, a quant idade ofertada eleva-se em apenas 10%. Na Figura 2.19, tem-se a elasticidade de oferta unitária, o que significa que os aumentos no preço e quant idade ofertada são proporcio- nais. Nesse caso, com uma elevação de 4 0 % nos preços, a resposta da quant idade ofertada aumenta no mesmo percentual . Já a Figura 2.20 mostra uma curva de oferta elástica, ou seja, enquanto os preços passam de R$ 5,00 para R$ 7,00, com aumento de 40%, a quant idade ofertadase eleva em 80%, aumentando de 100 unidades para 180. No extremo oposto, na Figura 2 .21 , está a oferta infinitamen- te elástica, caso em que a elasticidade-preço da oferta se aproxima do infinito e a curva se torna horizontal, indicando que mudanças muito pequenas no preço provocam grandes variações na quant idade ofertada. Microeconomia: Demanda e Oferta 45 p X Figura 2.21 Oferta perfeitamente elástica (E = c°J. > Oferta Perfeitamente Elástica = 00 > Oferta Relativamente Elástica > 1 > Oferta Unitária = 1 > Oferta Relativamente Inelástica < 1 > Oferta Perfeitamente Inelástica = 0 Exercício resolvido Complete o quadro a seguir, dados o preço unitário e a quant idade demanda- da de refrigerantes, e conclua se o produto possui demanda elástica ou inelástica: 46 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Preço unitário Quantidade do refrigerante demandada Variação percentual da quantidade (AQ/Q X 100) Variação percentual do preço (AP/P x 100) Elasticidade da demanda (Ep) (R$) (P) ( e m m i l ) (Q) R$l,50 45 R$ 1,75 30 ° . 2 5 ,™ ——xlOO 1,50 0,25/1,50 -15/45 = - 2 Dessa forma, o valor encontrado para a elasticidade-preço da demanda é igual a - 2, ou seja, a demanda é elástica, pois o aumento percentual do preço gerou uma queda percentual na quant idade demandada igual a 2. 2.6 PRINCIPAIS REGIMES DE MERCADO O mercado é todo lugar onde se realizam compras e vendas de bens e serviços. Existem diferentes mercados, segundo o tipo de ofertantes ou produtores, quais sejam: Concorrência Perfeita, Monopólio, Oligopólio e Concorrência Monopolísti- ca. Essas estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais: I - número de firmas produtoras no mercado; II - diferenciação do produto; III - existência de barreiras à entrada de novas empresas. Concorrência perfeita Um mercado de Concorrência Perfeita possui as seguintes características: I - número grande de empresas produtoras e de compradores , agindo de forma independente , de tal maneira que nenhum deles tenha con- dições ou poder suficiente para influir na oferta, na demanda e nos preços de equilíbrio; II - semelhança nos produtos vendidos pelas empresas produtoras, de tal modo que o consumidor seja indiferente entre adquirir o produto da firma X, Y ou Z; III - as empresas ent ram e saem do mercado livremente, ou seja, não exis- tem empecilhos ou barreiras à ent rada de novas firmas no mercado ou saída de firmas existentes do mercado; IV - dada a padronização dos produtos e dado o número elevado de ven- dedores e compradores, o preço é o elemento essencial na competição Microeconomia: Demanda e Oferta 47 pelos clientes. As empresas são tomadoras de preços, ou seja, elas não têm condições de impor preços de mercado; V - existe transparência no mercado, ou seja, todos os participantes têm pleno conhecimento das condições gerais do mercado. Os produtos agrícolas e as feiras de produtos hortifrutigranjeiros são exemplos que mais se aproximam da Concorrência Perfeita. Monopólio O Monopólio é u m regime de mercado oposto à Concorrência Perfeita, que se caracteriza por possuir apenas uma firma no mercado. Como se trata de uma única firma, a demanda total do mercado é igual à demanda da empresa. Suas principais características são: I - existe apenas uma empresa no mercado, dominando completamente a oferta do setor; II - não existem produtos substitutos para o produto vendido pelo mono- polista, de tal forma que os compradores não possuem outras opções de compra; III - existem barreiras à entrada ou dificuldades de ingresso de outras em- presas no mercado, o que faz com que não haja concorrentes e o mo- nopolista domine completamente o mercado; IV - existe poder de mercado, ou seja, o monopolista tem capacidade de influir nos preços e no abastecimento do mercado , pois controla a produção; V - por dominarem os mercados, os monopólios raramente se utilizam do marketing e a propaganda tem outras finalidades; VI - os monopólios surgem porque certos recursos são propriedade de uma única empresa ou porque o governo concede a determinada empresa a exclusividade na produção de certo bem ou serviço. A produção de diamantes De Beers na África do Sul, que detém 80% da produ- ção mundial de diamantes, é u m exemplo de monopólio de uma empresa privada que tem a maior parcela da propriedade de u m recurso. Por outro lado, atividades ligadas à prospecção de petróleo são exemplos de monopólios criados pelo gover- no, visando ao interesse nacional. Existem também monopólios garantidos por patentes, direitos autorais e fran- quias. Muitas vezes, observa-se adicionalmente o monopólio natural, ou seja, uma única empresa pode oferecer u m produto ou serviço para o mercado inteiro por u m custo menor do que duas ou mais empresas. É o caso de empresas de distri- 48 Economia • Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos buição de água, como COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e SAAE (Serviço Autónomo de Agua e Esgoto), onde não compensa duas empresas distintas investirem em rede de encanamento de uma mesma cidade. O monopólio pode surgir por diferentes razões: > Causas naturais: surge através da posse de terra que contém determinados minérios, águas termais etc. > Licenciamento: o Estado pode permitir a existência de certos monopólios ou criá-los através de leis de licenciamento. > Indivisibilidades: devem-se às descontinuidades no processo de produção. É impossível ter meia ponte ou meia estrada. McCormick et al. (1976) Por último, cabe ressaltar que o monopolista não tem curva de oferta. Ante- r iormente, esta foi definida como positivamente inclinada, com o preço e a quan- tidade ofertada variando na mesma direção. Contudo, num mercado monopolista, não existe uma relação única entre quant idade ofertada e preço. Ou seja, uma mesma quant idade pode ser vendida a diferentes preços ou diferentes quantida- des podem ser vendidas ao mesmo preço. Oligopólio O Oligopólio é u m caso intermediário de regime de mercado, caracterizado pela existência de poucas grandes empresas com poder de fixar os preços de venda dos seus produtos. E o regime de mercado mais próximo do Monopólio. Suas características mais marcantes são: I - há apenas poucos grandes vendedores , que suprem a maior parcela do mercado; II - a empresa oligopolista pode produzir tanto produtos padronizados, como é o caso das atividades de mineração, como produtos diferen- ciados, como é o caso dos automóveis; III - como são poucas empresas produtoras , o controle sobre o preço do produto é grande, havendo possibilidades de acordos, conluios e for- mação de cartéis com as empresas, agindo de forma combinada. Res- salta-se que quando um cartel é formado, ele passa a agir com todos os poderes de u m monopólio. Microeconomia: Demanda e Oferta 49 A essência do compor tamento oligopolístico é que cada firma sabe que uma mudança em seu comportamento terá efeitos perceptíveis nas vendas e lucros dos seus concorrentes. Concorrência monopolística E u m regime de mercado também intermediário, sendo o mais próximo da Concorrência Perfeita, apesar de ter alguns aspectos similares ao Monopólio e Oli- gopólio. Suas principais características são: I - existem muitas empresas concorrendo pelos mesmos consumidores; II - há diferenciação de produtos, com cada empresa oferecendo u m pro- duto ligeiramente diferente dos demais; III - há livre entrada e saída no mercado, sem qualquer restrição para as empresas; IV - há certo controle de preço, dependendo da diferenciação do produto . O mercado de livros, discos, restaurantes, móveis e barzinhos é exemplo de Concorrência Monopolística. Um livro é um livro, mas um livro de Jorge Amado não substitui u m outro de Paul Krugman. O mesmo acontece com os discos; se o consumidor aprecia música clássica, ele não substitui facilmente um disco de Mozart por u m disco de Djavan. O consumidorque gosta de comida italiana não troca a ida a uma cantina por u m jan tar n u m restaurante de comida japonesa. Pode-se concluir, assim, que não existe u m tipo único de mercado, existem vários. Alguns deles têm características mais próximas da Concorrência Perfeita, outros de Monopólio, Oligopólio ou Concorrência Monopolística. > Concorrência Perfeita: produtos homogéneos, compradores e vendedores são toma- dores de preços. > Monopólio: um único vendedor controla os preços. > Oligopólio: poucos vendedores, competição não agressiva. > Concorrência Monopolística: muitos vendedores, produtos diferenciados. RESUMO Este capítulo examinou o funcionamento de uma economia de mercado, mais precisamente as questões relacionadas à demanda e oferta dos bens e serviços,
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