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memorial gabriel 30-09

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MANAUS/AM.
Processo: xxxxxxxxxxx
		ROBERTA, já devidamente qualificado nos autos da ação penal movida pelo Ministério Público Estadual, vem perante Vossa Excelência, por seu procurador que está subscreve, apresentar na forma do artigo 403, §3º do CPP MEMORIAIS, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
· BREVE RELATO DOS FATOS
No dia 23 de fevereiro de 2016, Roberta encontrava-se em um curso preparatório na cidade de Manaus-AM, e ao final da aula foi até a cantina do curso para comprar um café, deixando seu notebook carregando na tomada da sala. Após comprar sua bebida. Voltou até a sala retirou o notebook que estava na tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi informada que ocorrera um registro de ocorrência na Delegacia de Policia em seu desfavor, o qual afirma que através de imagens de câmeras de segurança foi possível identificar que Roberta subtraiu o notebook de Claudia.
	Claudia é colega de turma de Roberta do cursinho, e entre o lapso temporal em que Roberta foi buscar o seu café e voltar para a sala de estudos, Claudia retirou o notebook de Roberta que estava carregando e colocou o seu, confundindo dessa forma Roberta.
	Após ter tomado ciência do seu engano, Roberta no dia seguinte, antes mesmo de qualquer busca e apreensão do bem, restituiu a coisa subtraída.
· DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
- Absolvição por ausência de Dolo
	Para a caracterização do tipo penal furto simples (artigo 155, CP), o qual a ré esta sendo acusada, esta totalmente errado, levando-se em consideração que Roberta não teve o DOLO SUBJETIVO de furtar, ela apenas confundiu os objetos, pois o seu notebook estava no carregador. Essa absolvição por ausência de dolo esta prevista no artigo 20 § 2º do CP;
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984;
	De acordo com os fatos narrados a cima, o erro somente ocorreu pelo fato da querelante ter trocado os objetos, no caso os notebooks, retirando o objeto da Roberta do carregador e colocando o seu sem que a querelada soubesse , então, podemos afirmar que a querelada somente pegou o objeto errado pelo fato da querelante ter trocado os objetos de lugar, induzindo assim ao erro de Roberta ao pegar o objeto. E para confirmar o quão BOA FÉ, a querelada estava, assim que soube do seu erro, ela se retratou e devolver o objeto a sua dona .
	Então, de acordo com o artigo 20, § 2° do CP, quando o erro é determinado por terceiro, nesse caso, a senhora Claudia, própria dona do objeto que gerou esse transtorno.
- Principio da Insignificância
	O objeto, no caso o notebook possui o valor de R$ 3000,00( três mil reais), não é um objeto considerado caro no meio jurídico doutrinário, de acordo com GRECCO; 
“Assim, após ser o bem jurídico a ser protegido pelo tipo penal, fica ao intérprete, operadores do direito, analisar a infração penal criada, ajustá-la ao raciocínio minimalista, afastando a tipicidade das condutas que atingem de forma mínima ou insignificante os bens jurídicos protegidos. (GRECO, 2006, p. 94).
- Suspenção Condicional do Processo
Roberta, foi denunciada pela prática do crime de furto simples, tipificado no artigo 155, CAPUT, do Código Penal. A ré não possui nenhum registro ou anotação em Antecedentes Criminais, como juntado ao processo e assim que a ré reconheceu o seu erro, se dispôs a resolvê-lo, mostrando a sua fé objetiva. Então pelo fato de não possui nenhum antecedente criminal, não responde por a nenhum processo e preenche os requisitos da Suspenção Condicional da pena, conforme tipificado no artigo 77 § II, do CP e artigo 89 § I da Lei 9099/95;
Art. 77 LEI 7.209/84- Código Penal
CAPUT - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 89 da LEI9099/95
CAPUT- Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal ).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de freqüentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
Requeresse que seja feita a transação penal fazendo a SUSPENÇÃO CONDICIONAL DO PROCESSO e passe para o Juizão Especial, por ser um crime de menos potencial ofensivo e ligado ao Principio da Insignificância por se preencher todos os requisitos de acordo com os fatos concretos narrados e com a previsão legal acima citada.
· DA FIXAÇÃO DA PENA
Requer a Vossa Excelência que mediante os fatos narrados acima, de acordo com a previsão legal elencada , percebe-se que o que houve foi apenas um mal entendido e nada mais, por esse motivo, entende-se que não há pena a ser aplicada nesse caso concreto citado.
Se esse não for o entendimento de vossa excelência, que seja então aplicada uma multa, de acordo com o artigo 155, § 2° do CP;
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
· DOS REQUERIMENTOS
A) Requer a absolvição da ré, devido ao erro de tipo e ao principio da Insignificância.
B) Se não for aceito, que seja então a transação do processo, fazendo a suspenção condicional para o Juizado especial.
C) Em caso de condenação, requer a fixação da pena base no mínimo legal, o reconhecimento da atenuante da confissão e a substituição pela pena de multa, segundo art. 155, §2º do CP.
Destes Termos
Pede Deferimento.
GABRIELA DOS SANTOS FERRUGINI
Manaus, 29 de agosto de 2016.
OAB/AM.

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