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Epidemiologia e profilaxia dos Triatomíneos de importância médica EPIDEMIOLOGIA ECOLOGIA ❖ Distribuição e densidade . ♦ Distribuição: focal ♦ Densidade: Condicionada pela fonte de alimentação. Enquanto ainda houver fontes para o repasto sanguíneo esses insetos permanecerão no local. ❖ Ecótopos silvestres são altamente instáveis ♦ Quando o hospedeiro ou a fonte alimentar desaparece, os triatomíneos são forçados a emigrar em busca de um novo hospedeiro, sejam eles adultos ou imaturos. ♦ Ninfas – limitadas a um deslocamento ambulatório. Capacidade dispersiva lenta (não possuem asas). Capazes de resistir ao jejum prolongado. ♦ Adultos – Dispõem de reduzida reserva alimentar. Deslocam-se pelo vôo, o que permite migrações rápidas e a longas distâncias. ♦ Os triatomíneos – são insetos primitivamente silvestres – algumas espécies se adaptaram aos ecótopos artificiais. *Ecótopos – ragião que apresenta regularidade nas condições ambientais e nas populações. ❖ A ocorrência dos triatomíneos na natureza – depende disponibilidade alimentar e de esconderijo. ♦ Se associam a diferentes fontes de alimentação. ♦ Preferem animais de sangue quente, como aves e mamíferos (sendo comum encontrá-los em ninhos e tocas de animais silvestres como tatu e roedores). ♦ Na ausência de fontes de alimentação habituais, podem se alimentar de animais pecilotérmicos, como anfíbios e répteis. * Pecilotérmicos – temperatura varia de acordo com o meio ambiente. A- Anfíbio como fonte de alimentação; B- réptil fonte de alimentação; C- Gambá fonte de alimentação; D- morcegos fonte de alimentação. ❖ Alguns desenvolveram a capacidade de adaptação ao ambiente artificial. ♦ Característica que difere entre as espécies, sendo então consideradas espécies de importância primária, secundária ou terciária na epidemiologia da doença de Chagas. ♦ Espécies primárias: Especializados em colonizar permanentementa as habitações humanas de determinada região, geralmente em altas densidades, o que pode significar alta taxa de infecção por T. cruzi. Ex: Triatoma infestans. ♦ Espécies secundárias: autóctones (naturais) da região, capazes de invadir e colonizar as casas em pequenas densidades. Na presença de uma espécie primária não são capazes de colonizar o intradomicílio. Em geral, ocupam ecótopos próximos das casas, associados a reservatórios silvestres e peridomiciliares. ♦ Espécies terciárias: exclusivamente silvestres, invadem as casas atraídos pela luz, e podem se alimentar do sangue disponível neste ambiente. ❖ Recursos para se identificar a presença de barbeiros dentro das habituações: ♦ Procura de sinais de dejetos (gotas nas paredes), localizadas principalmente junto das camas. ♦ Procura de insetos e exúvias nas paredes, frestas e nas camas (junto ao colchão); ♦ Pulverização de desalojantes nas paredes para verificar o aparecimento dos barbeiros fugindo das frestas. Ex: DUOTEK CE (composto por diclorvós e alfa-cipermetrina). AMBIENTES DE ENCONTRO DE TRIATOMÍNEOS HEMATÓFAGOS ❖ Ambientes silvestres: ❖ Alto dos coqueiros ou em palhas destes espalhadas no ambiente; ❖ Tronco de árvores ou outros arranjos silvestres caídos, locais onde els identificaram fonte de alimentação ❖ Ambientes domiciliares ♦ Casas com paredes de barro e madeira; paredes com muitas frestas, quartos utilizados com depósitos... ❖ Ambientes peridomiciliares ♦ Escondidos em baixo de telhas ♦ Madeira acumulada próximos a casa ♦ Tijolos aglomerados ♦ Resto de madeira/entulhos PRINCIPAIS ESPÉCIES DE TRIATOMINAE ❖ Todas as espécies de triatomíneos são vetores em potencial do T. cruzi, no entanto, têm importância epidemiológica apenas as espécies que colonizam no domicílio e peridomicílio. ❖ Condições de espécie potencialmente transmissora da doença de Chagas humana: ♦ Á habitação humana; ♦ Alto grau de antropofilia (interesse pelos seres humanos); ♦ Curto espaço de tempo entre hematofagia e defecação (forma da transmissão da doença de Chagas); ❖ No Brasil, pela ordem de importância, temos as seguintes espécies: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. brasiliensis, T. pseudomaculata e T. sórdida. Com menor importância pode- se citar o Rhodnius neglectus, T. vitticeps e o T. rubrofasciata.. TRIATOMA INFESTANS ❖ É espécie predominantemente domiciliar, colonizando-se em grande quantidade nas frestas das cafuas de barro e pau-a-pique. No Brasil, é menos frequente no peridomicílio (galinheiros). ❖ Nas áreas onde não é combatido pode apresentar infestações altíssimas, 3000 ou mais insetos desntro de uma única casa. ❖ Esta característica conferiu-lhe o título de espécie mais importante no Brasil. ❖ Apesar de não ser autóctone, é responsável por altas taxa de prevalência da doença de Chagas nas suas áreas de ocorrência. ❖ Com o programa de controle vetorial executado pela antiga SUCAM, atual Fundação Nacional de Saúde, a espécie foi eliminada de amplas áreas em nosso país. ❖ Em 2006 Organização Pan-americana de Saúde declarou interrompida a transmissão do Trypanosoma cruzi por este vetor no Brasil (no entanto existem focos residuais de Triatoma infestans no Brasil, em locais como Bhaia Goiás, Rio Grande do Sul e Tocantins). TRIATOMA BRASILIENSIS ❖ Apresenta-se com grande variabilidade cromática, variando entre as formas mais claras e as mais escuras. ❖ É a principal espécie vetora do T. cruzi no Nordeste, sendo encontrado no meio silvestre (sob pedras, em associação com roedores), peridomiciliar e domiciliar. ❖ Espécie extremamente voraz, chegam a atacar o homem e os animais mesmo durante o dia. ❖ Distribuição geográfica: MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, TO e GO. TRIATOMA PSEUDOMACULATA ❖ Junto com o T. brasiliensis é muito frequente nos peridomicílios no Nordeste brasileiro. ❖ Pode colonizar os domicílios, especialmente na região semi-árida. ❖ É bem adaptado a altas temperaturas, comummente fica na parte da casa que recebe sol pela tarde e no telhado. ❖ Sua eficiência na transmissão de T. cruzi é pequena, provavelmente para eliminar poucos tripomastigotas nas fezes e por sugar frequentemente aves (que não transportam T. cruzi). ❖ Frequentemente de pouca importância na transmissão da doença de Chagas no Brasil. ❖ Distribuição geográfica: PI, CE, RN, PB, PE, AL, TO, GO, DF, BA e MG. TRIATOMA SORDIDA ❖ Tem o cerrado como ambiente natural e centro de dispersão. ❖ Assim como o T. pseudomaculata é predominantemente peridomiciliar (frequentemente encontrado em banheiros e galinheiros, pombais, etc.) ❖ Atualmente é a espécie mais capturada do brasil, no entanto não se mostra um vetor poderoso, o que pode se explicar pelo fato de em ambientes silvestres ele estar muito associado com as aves. ❖ Hoje é o principal transmissor da doença de Chagas em Goiás. ❖ Amplamente distribuído: PI, PE, MT, MS, TO, GO, DF, BA, MG, SP, SC, e RS.. PANSTRONGYLUS MEGISTUS ❖ Espécie de grande importância na transmissão da doença de Chagas no Brasil. ❖ Não produz colônias tão grandes como as de T. infestans. ❖ Associada a regiões de clima mais úmido. ❖ Distribuição: PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS, MG, GO e MS. ❖ De S. Paulo para o Sul diminui sua densidade intradomiciliar e sua importância vetorial. ❖ Em Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Pernambuco é autóctone (natural do país ou da região) e principal espécie transmissora. Também já foi encontrada na Argentina, Paraguai e Bolívia. RHODNIUS NEGLECTUS ❖ É uma espécie silvestre que habita diversos ninhos de animais em palmeiras. ❖ Ultimamente, tem sido encontrada colonizandogalinheiros e pombais e, as vezes, invadindo domicílios, indicando a tendência à adaptação à habitações humanas. ❖ No Brasil, é visto nos estados: MG, BA, GO, MG e SP. ❖ É a segunda espécie de maior importância na transmissão da doença de Chagas no estado de Goiás. MÉTODOS DE CONTROLE ❖ Triatomíneos – responsáveis por +80% dos casos de doença de Chagas. ❖ São os principais alvos no controle desta doença. MÉTODOS MAIS INDICADOS PARA O CONTROLE DE MANEIRA INTEGRADA ❖ Melhoria das moradias rurais a fim de impedir que lhe sirvam de abrigo. Experiências mostraram que as de alvenaria podem ser rapidamente povoada por triatomíneos, se não organizada e limpa, pois oferecem esconderijo a eles. ❖ Melhoria das condições de higiene no peridomicílio, o afastamento dos animais das casas e a limpeza frequente das palhas. Este espaço tem grande importância na manutenção destas espécies próximas ao domicílio. ❖ O uso de inseticida. Extremamente eficaz, corresponde ao método mais barato e rápido de controle. O USO DE INSETICIDA É EXTREMAMENTE EFICAZ! ❖ Até década de 80 – usavam-se organoclorados (BHC e Dieldrin), organofosforados (Malathion) e carbanatos (Propoxur). Por não serem biodegradáveis, o seu uso continuado levou a intoxicação de animais e do homem, que culminou na suspensão da sua fabricação. ❖ Atualmente, usa-se piretróides (deltametrina, cipermetrina e a lambdaciolotrina) que possuem alto poder inseticida, degradação rápida no solo, evitando problemas de contaminação ambiental, longo efeito residual, baixa toxicidade, efeito repelente, sem odor. ❖ Não existem relatos de resistência de triatomíneos a nenhum dos inseticidas citados, exceto pelo Rhodnius prolixos ao Dieldrin (organoclorado) em alguns focos restritos na Venezuela. ❖ É importante integrar a organização do domicílio, limpeza do peridomicílio e o uso de inseticidas. SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL E EM GOIÁS ❖ Doença de Chagas é uma protozoose de maior importância epidemiológica no estado de Goiás, Brasil. ❖ Considerada no meio científico como uma doença negligenciada. ❖ Sua prevalência e distribuição estão intimamente relacionadas a fatores ambientais, sócio-culturais e políticos. ❖ A transmissão vetorial sempre esteve associada ao estreito contato do homem-triatomíneos, principalmente na zona rural, com infestação intradomiciliar. ❖ A doença de Chagas foi responsável por 3.321 óbitos em Goiás, no período de 1999 a 2002. ❖ O estado de Goiás recebeu em março de 2000, o certificado da Organização Pan-Americana de Saúde, considerando eliminado do seu território o Triatoma insfestans, até então a principal espécie vetora da doença de Chagas na região. ❖ Situação atual dos triatomíneos no estado de Goiás: ♦ Ordem atual de importância no estado ♦ 1 ª – Triatoma sordida ♦ 2 ª – Rhodnius neglectus ♦ 3 ª – Panstrongylus megistus ♦ 4 ª – Triatoma pseudomaculata ❖ Municípios de Goiás onde os triatomínios foram capturados: ❖ Com a eliminação do T. insfestans, as espécies de T. sórdida e R. neglectus se destacam, atualmente, como as mais importantes do estado de Goiás. ❖ T. sórdida foi a que apresentou os maiores indicadores de infestação e densidade, mostrando preferência pelo ambiente peridomiciliar. ❖ R. neglectus evidenciou uma significativa infestação intradomiliciar, embora a densidade da espécie tenha sido significativamente maior no peridomicílio. ❖ Foi capturado e identificado apenas um exemplar de Triatoma infestans no intradomicílio. Este fato está associado às ações de controle desenvolvidas ao longo do tempo, que se mostraram eficazes para o T. infestans, por não ser uma espécie autóctone. XENODIAGNÓSTICO ❖ É o método de diagnóstico indireto de escolha quando se quer detectar o T. cruzi na fase crônica da doença. ❖ Pode ser natural ou artificial: ♦ Xenodiagnóstico natural: colocando-se os triatomíneos para sugar o braço do paciente. ♦ Xenodiagnóstico artificial: é hoje o mais utilizado pois o triatomínio não entra em contato com o paciente.
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