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1 APOSTILA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA PROFº LUCIANO SAMPAIO DE ARRUDA 2 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO A Radiologia corresponde à área da medicina que utiliza raios-x, isótopos radioativos e radiações ionizantes para a realização de diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças. Os raios-x foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Konrad Roentgen (1845-1923) em 8 de novembro de 1895, sendo que esta descoberta lhe valeu o Prêmio Nobel de Física em 1901. O impacto de seu trabalho foi tão grande à época que após 12 meses da publicação de seu trabalho na revista Nature (1896) surgiram mais de 1000 trabalhos discorrendo sobre os raios-X. A primeira aplicação do raios-X ocorreu há mais de cem anos, quando o seu inventor, W. Conrad Von Roentgem, havia feito uma experiência com um aparelho o qual, sem que ele soubesse, causava emissão de raios-X como subproduto. Acostumado a trabalhar com laboratório escuro, ele observou que sempre que o aparelho estava funcionando, um pedaço de papelão revestido por produtos químicos deixado sobre a mesa, fluorescia com uma pálida luz verde. Quando ele colocou a mão entre a fonte do feixe de raios e o papelão iluminado, pôde ver seus ossos dentro dos dedos, na sombra de sua mão. Descobriu que os novos raios, que denominou de raios-X, atravessavam a madeira colocando um filme fotográfico na porta de seu laboratório, fazendo assim um “retrato radiográfico”, passados mais de 105 anos de sua descoberta, as aplicações dos raios-X se ampliaram para várias áreas técnicas e científicas (metalúrgicas, construtoras, fabricantes de garrafas, etc.). O primeiro raio X do corpo humano foi obtido por Roentgen, uma radiografia da mão de sua esposa, Anna Bertha Ludwig (Fig. 2). O cientista alemão (Fig. 1) estava dando início ao desenvolvimento de um fantástico método diagnóstico não invasivo que se mantém como fundamental até os dias de hoje Fig.1 - Wilhem Konrad Roentgen 3 Fig. 2 - Radiografia da mão da esposa de Roentgen O nascimento do imageamento nuclear deve-se à descoberta da radioatividade natural, realizada pelo francês Antoine Henri Becquerel e à descoberta do polônio pelo francês Pierre Curie e por sua esposa Marja Sklodowska Curie, polonesa naturalizada francesa, mais conhecida como Marie Curie, no ano de 1898. As descobertas de Becquerel e do casal Curie (Fig. 3) valeram o Prêmio Nobel de Física em 1903. No entanto, o uso de isótopos radioativos para obtenção de imagens médicas (medicina nuclear) data de 1947, quando G. E. Moore publicou na revista Science o uso de Iodo 131 na demonstração de tumores cerebrais. 3 - Casal Fig. Curie 4 O ultra-som é um método diagnóstico que só foi utilizado na medicina em 1942, pelo austríaco Dussik, sendo que seu primeiro uso foi como sonar na segunda guerra mundial. Como Dussik não conseguiu bons resultados, o método permaneceu relativamente abandonado até 1957, quando Howry, considerado o pai da ultra-sonografia diagnóstica, foi condecorado pela Sociedade Americana de Radiologia. Howry utilizava um tanque onde o paciente era mantido imóvel por pesos de chumbo e o transdutor rodava 360 graus fornecendo a imagem. Na área de ginecologia e obstetrícia, na qual o ultra-som é mais amplamente utilizado, o pioneiro foi Thompson (1966). Fig. 4 - Aspecto da imagem ultra-sonografia O primeiro tomógrafo computadorizado foi construído por Godfrey N. Hounsfield, feito que lhe conferiu, junto com Allan McLeod Comarck, sul- africano naturalizado americano, o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1979. Comarck desenvolveu, em 1956, a teoria que múltiplos raios projetados sobre o corpo em vários ângulos mas em um mesmo plano forneceriam imagem melhor que um raio único, como ocorre na radiografia convencional. Comarck publicou sua teoria em um jornal de física aplicada, de modo que era lido por físicos e não por médicos. Hounsfield desenvolveu seu trabalho paralelamente e construiu o tomógrafo. Fig. 5 - Tomógrafo computadorizado 5 O suíço naturalizado americano Felix Bloch e o americano Edward Mills Purcell descobriram em 1945, em estudos independentes, o momento nuclear magnético. Esta descoberta conferiu aos cientistas o Prêmio Nobel de Física de 1952. Em 1991 o também suíço Richard Ernst recebeu o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho em 1966, no qual estudava a modulação de sinais de rádio no sinal da ressonância magnética nuclear (RMN). Foi o seu trabalho que permitiu que, em 1973, Damadian e Lauterbur conseguissem as primeiras imagens por RMN da história. Fig. 6 - Aparelho de RMN As imagens hoje obtidas não são apenas bidimensionais e estáticas, elas podem ser em 3 dimensões que são obtidas nos tomográfos, ou de forma dinâmica, como nos equipamentos de seriografia e hemodinâmica. Técnicas estas possibilitam diagnósticos, só possíveis anteriormente com intervenção cirúrgica, o que reduz riscos e os custos com tratamentos médicos. Transcorridos estes 105 anos, os efeitos, isto é, os riscos e benefícios da radiação em seres vivos, são quase totalmente compreendidos. Os benefícios trazidos pela utilização de raios-X são inegáveis. Sua utilização, hoje em dia, deve e é feita de maneira que sejam minimizados os danos causados pela radiação à saúde, através da utilização de: filmes fotográficos mais sensíveis, intensificadores de imagem, equipamentos automatizados, etc. Existem outros inúmeros artifícios ou precauções, os quais visam minimizar a dose recebida pelo paciente, sem prejudicar a qualidade da imagem produzida. Na sociedade tecnológica em que vivemos cada avanço científico é sempre acompanhado por riscos e benefícios. Nas questões referentes ao uso da energia nuclear e da radiação ionizante, devido ao uso indevido da bomba atômica, assim como da ocorrência de alguns acidentes com material radioativo, é muito comum haver críticas relativas aos riscos, sem que sejam considerados de forma profissional os benefícios trazidos por sua utilização. 6 Para melhor entender esse assunto e para efeito de comparação, pode-se tomar como exemplo a utilização do automóvel, que sem dúvida se tornou parte indispensável da vida moderna, e cujos benefícios são reconhecidos por todos. As críticas relativas aos riscos que um indivíduo está correndo com a sua utilização diária, e os prejuízos ao meio ambiente causados pela emissão de poluentes dos escapamentos dos carros, não são vistos como impedimentos para a sua utilização Estima-se em mais de 50.000 mil mortos em acidentes de carro por ano, somente no Brasil. Por outro lado ao uso da radiação ionizante, que também traz inúmeros benefícios, provoca medo e preocupação com relação aos riscos causados a saúde pela sua utilização. Além disso, não são em geral esclarecidas as dúvidas quanto ao seu uso, ou colocado uma perspectiva geral, quando comparada a outras aplicações tecnológicas de risco. Comissões internacionais e nacionais de especialistas em Proteção radiológica realizam estudos para estabelecer níveis de exposição seguros para os trabalhadores, ocupacionalmente expostos à radiação ionizante, bem como propor maneiras seguras de utilização das fontes de radiação. Foi através desses estudos que Secretária de Vigilância Sanitária – Ministério da saúde, estabeleceu as Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico, conforme a Portaria 453 de 01 de junho de 1998, para todo o território nacional. DIFERENTES FONTES DE RADIAÇÃO Estamos expostos todos os dias a diferentes fontes de radiação. A radiação natural, vinda da Terra e do espaço exterior, dos materiais de construção de nossas casas e apartamentos. Além destes, ingerimos pequenas quantidades de radiação em nossa águae alimentos. O acréscimo de radiação devido à medicina e a indústria tornou-se uma realidade com as tecnologias atuais. Devemos entender aqui que existem alguns tipos de fontes de radiação com efeitos diferentes. Em primeiro lugar vamos diferenciar fontes compostas por produtos radioativos, artificiais ou não, e as máquinas emissoras de radiação. As substâncias radioativas podem ser naturais ou produzidas em laboratório. Elas emitem raios ou partículas que podem nos atingir. Estas fontes devem ser confinadas e controladas durante todo o tempo e podem, caso sejam mal manuseadas, causar acidentes com contaminação radioativa. As máquinas emissoras de radiação ionizante, como o raios-x, não oferecem riscos quando estão desligadas. Como são emitidas por aparelhos eletromagnéticos, as radiações só existe quando há a circulação de corrente elétrica no circuito. Não há radiação presente com o aparelho desligado, seja na sala, ou no paciente. A ESTRUTURA DA MATÉRIA E O ÁTOMO Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas combinações. Atualmente, sabemos que o átomo é a menor estrutura da matéria que apresenta as propriedades de um elemento químico. 7 A estrutura de um átomo é semelhante à do Sistema Solar, consistindo em um núcleo, onde fica concentrada a massa, como o Sol, e em partículas girando em seu redor, denominadas elétrons, equivalentes aos planetas. Como o Sistema Solar, o átomo possui grandes espaços vazios, que podem ser atravessados por partículas menores do que ele. ESTRUTURA DO NÚCLEO O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva, chamados prótons, e de partículas de mesmo tamanho mas sem carga, denominadas nêutrons. O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico, comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. O elemento natural mais simples, o hidrogênio, possui apenas um próton; o mais complexo, o urânio, tem 92 prótons, sendo o elemento químico natural mais pesado. OS ISÓTOPOS O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga elétrica. Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos. O hidrogênio tem 3 isótopos: o hidrogênio, o deutério e o trício (ou trítio). (Hidrogênio = 1 Próton; Deutério = 1 Próton + 1 nêutron; Trício = 1 Próton + 2 Nêutrons.) O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma de 3 isótopos: · U-234, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível); · U-235, com 143 nêutrons, usado em reatores PWR, após enriquecido (0,7%); · U-238, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%). RADIOATIVIDADE O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou à descoberta de um fenômeno interessante: o filme foi velado (marcado) por "alguma coisa" que saía da rocha, na época denominada raios ou radiações. Outros elementos pesados, com massas próximas à do urânio, como o rádio e o polônio, também tinham a mesma propriedade. O fenômeno foi denominado radioatividade e os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de elementos radioativos. Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas. 8 RADIAÇÃO ALFA OU PARTÍCULA ALFA Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da emissão de um grupo de partículas positivas, constituídas por dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. São as radiações alfa ou partículas alfa, núcleos de hélio (He), um gás chamado "nobre" por não reagir quimicamente com os demais elementos. Características físicas: a partícula alfa é semelhante ao núcleo do Hélio, isto é, contém dois prótons e dois nêutrons, tendo carga positiva (+2) Alcance: depositam uma grande quantidade de energia em curtas distâncias, limitando sua penetração a distâncias muito curtas. O alcance é dependente da energia. Para partículas alfa originadas em decaimento radioativo, o alcance no ar é de cerca de 2 a 5 cm. Blindagem a maior parte das partículas alfa não conseguem atravessar mais do que alguns poucos centímetros de ar, uma folha de papel ou a camada externa da pele. Dano biológico: não é considerada como capaz de dano por irradiação externa porque é facilmente parada pela camada superficial de pele. Caso um emissor alfa seja inalado ou ingerido, torna-se uma fonte importante de exposição interna. RADIAÇÃO BETA OU PARTÍCULA BETA Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de nêutrons em relação a prótons, é através da emissão de uma partícula negativa, um elétron, resultante da conversão de um nêutron em um próton. É a partícula beta negativa ou, simplesmente, partícula beta. No caso de existir excesso de cargas positivas (prótons), é emitida uma partícula beta positiva, chamada pósitron, resultante da conversão de um próton em um nêutron. Portanto, a radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo, quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de prótons em nêutrons (pósitrons). Características físicas: a partícula beta tem massa pequena e pode ter carga positiva ou negativa Sua origem mais geral é a emissão pelo núcleo durante o decaimento radioativo. A partícula beta de carga negativa (carga -1) é fisicamente igual a um elétron; a partícula beta de carga positiva (carga +1) é chamada de pósitron. Alcance: o alcance é dependente da energia, partículas beta geradas em decaimentos radioativos tem alcance no ar de até cerca de 3 m; Blindagem a maior parte das partículas beta são blindadas por camadas finas de plástico, vidro ou alumínio. Dano biológico: externamente, as partículas beta podem causar danos ao olho e à pele; caso um emissor beta seja inalado ou ingerido, torna-se uma importante fonte de exposição interna. 9 RADIAÇÃO GAMA E RAIOS X Geralmente, após a emissão de uma partícula alfa (a) ou beta (b), o núcleo resultante desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz, denominada radiação gama. Características físicas: são ondas eletromagnéticas, ou fótons, e não possuem massa nem carga. A diferença entre os raios X e Gama está na sua origem: enquanto o raios-X é originado por movimento de elétrons entre orbitais, os raios Gama tem origem no núcleo do átomo. Os raios X e gama podem ionizar diretamente, por interação com elétrons orbitais, ou indiretamente, por interação através do núcleo, que irá então emitir radiação capaz de provocar a ionização. Alcance (comprimento de atenuação): Como não tem carga ou massa, o poder de penetração é alto e a atenuação depende da energia Raios X ou Gama, iniciados por decaimento radioativo podem penetrar dezenas de metros no ar. Blindagem Raios X ou Gama são melhor atenuados por materiais densos, tais com concreto, chumbo ou aço. Dano biológico: são, principalmente, fontes de exposição externa. NEUTRONS Características físicas: são ejetados do núcleo dos átomos; tem massa semelhante à do próton, cerca de 1800 vezes mais pesados do que uma partícula beta. Por causa de sua massa e por terem carga neutra, os nêutrons geralmente não são capazes de ionizar diretamente ou de interagir com elétrons orbitais. O que ocorre, usualmente é a colisão do nêutron com um núcleo. Uma partícula carregada ou outra radiação pode ser emitida após a colisão, ionizandoentão átomos vizinhos. Alcance (comprimento de atenuação): Por sua massa e falta de carga, nêutrons tem uma habilidade de penetração relativamente alta e são difíceis de parar. Assim com a radiação gama, a atenuação de nêutrons depende da energia. Nêutrons podem atravessar dezenas de metros no ar. Blindagem Os melhores materiais para a blindagem de nêutrons são aqueles quando grande quantidade de hidrogênio ou número atômico baixo, tal como concreto, terra, água, plástico ou parafina. Dano biológico: são, principalmente, fontes de exposição externa, devido à sua alta capacidade de penetração. PARTÍCULAS E ONDAS Conforme foi descrito, as radiações nucleares podem ser de dois tipos: a) partículas, possuindo massa, carga elétrica e velocidade, esta dependente do valor de sua energia; 10 b) ondas eletromagnéticas, que não possuem massa e se propagam com a velocidade de 300.000 km/s, para qualquer valor de sua energia. São da mesma natureza da luz e das ondas de transmissão de rádio e TV. A identificação desses tipos de radiação foi feita utilizando-se uma porção de material radioativo, com o feixe de radiações passando por entre duas placas polarizadas com um forte campo elétrico. ATIVIDADE DE UMA AMOSTRA Os núcleos instáveis de uma mesma espécie (mesmo elemento químico) e de massas diferentes, denominados radioisótopos, não realizam todas as mudanças ao mesmo tempo. As emissões de radiação são feitas de modo imprevisto e não se pode adivinhar o momento em que um determinado núcleo irá emitir radiação. Entretanto, para a grande quantidade de átomos existente em uma amostra é razoável esperar-se um certo número de emissões ou transformações em cada segundo. Essa "taxa" de transformações é denominada atividade da amostra. DESINTEGRAÇÃO OU TRAMUTAÇÃO RADIOATIVA Como foi visto, um núcleo com excesso de energia tende a estabilizar-se, emitindo partículas alfa ou beta. Em cada emissão de uma dessas partículas, há uma variação do número de prótons no núcleo, isto é, o elemento se transforma ou se transmuta em outro, de comportamento químico diferente. Essa transmutação também é conhecida como desintegração radioativa, designação não muito adequada, porque dá a idéia de desagregação total do átomo e não apenas da perda de sua integridade. Um termo mais apropriado é decaimento radioativo, que sugere a diminuição gradual de massa e atividade. MEIA-VIDA Cada elemento radioativo seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se desintegra ou decai) a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar a duração (ou a "vida") de um elemento radioativo foi preciso estabelecer uma forma de comparação. Por exemplo, quanto tempo leva para um elemento radioativo ter sua atividade reduzida à metade da atividade inicial? Esse tempo foi denominado meia-vida do elemento. Meia-vida, portanto, é o tempo necessário para a atividade de um elemento radioativo ser reduzida à metade da atividade inicial. Isso significa que, para cada meia-vida que passa, a atividade vai sendo reduzida à metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não 11 permite mais distinguir suas radiações das do meio ambiente. Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas utilizadas em laboratórios de análise e pesquisa, após 10 (dez) meias-vidas, atinge-se esse nível. Entretanto, não se pode confiar totalmente nessa "receita" e sim numa medida com um detector apropriado, pois, nas fontes usadas na indústria e na medicina, mesmo após 10 meias-vidas, a atividade da fonte ainda é geralmente muito alta. O LIXO ATÔMICO Os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucleares, Usinas de Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou gasosa, que não têm utilidade, não podem ser simplesmente "jogados fora" ou "no lixo", por causa das radiações que emitem. Esses materiais, que não são utilizados em virtude dos riscos que apresentam, são chamados de Rejeitos Radioativos. Na realidade, a expressão "lixo atômico" é um pleonasmo, porque qualquer lixo é formado por átomos e, portanto, é atômico. Ele passa a ter essa denominação popular, quando é radioativo. TRATAMENTO DE REJEITOS RADIOATIVOS Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados para o meio ambiente, se for o caso. Eles podem ser liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química. Rejeitos sólidos, líquidos ou gasosos podem ser, ainda, classificados, quanto à atividade, em rejeitos de baixa, média e alta atividade. Os rejeitos de meia-vida curta são armazenados em locais apropriados (preparados), até sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, podendo, então, ser liberados. Esse critério de liberação leva em conta somente atividade do rejeito. É evidente que materiais de atividade ao nível ambiental mas que apresentam toxidez química para o ser humano ou que são prejudiciais ao ecossistema não podem ser liberados sem um tratamento químico adequado. Rejeitos sólidos de baixa atividade, como partes de maquinaria contaminadas, luvas usadas, sapatilhas e aventais contaminados, são colocados em sacos plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação. Os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento, onde são separados e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radioisótopos. Os materiais radioativos restantes, que não têm justificativa técnica e/ou econômica para serem utilizados, sofrem tratamento químico especial e são vitrificados, guardados em sistemas de contenção e armazenados em Depósitos de Rejeitos Radioativos. 12 UNIDADES FÍSICAS DAS RADIAÇÕES UNIDADE DE EXPOSIÇÃO: A exposição é uma grandeza que caracteriza o feixe de raios-X e gama e mede a quantidade de carga elétrica produzida por ionização, no ar, por essa radiação, por unidade de massa no ar. A unidade de exposição antiga foi o roentgen (R), a nova unidade é o Coulomb por quilograma (C/kg), sendo que 1 R = 2,58.10 –4C/kg. UNIDADE DE DOSE ABSORVIDA: A unidade de dose absorvida, é a energia média cedida pela radiação ionizante à matéria por unidade de massa dessa matéria, a sua unidade antiga foi o rad, onde 1 rad = 0,01J/kg e foi substituída pela nova unidade que é o gray(Gy), sendo que 1 Gy = 1J/kg = 100 rad. UNIDADE DE DOSE EQUIVALENTE: É a unidade que serve para medir a exposição da radiação recebida pelo homem, a unidade antiga era o rem, sendo que 1 rem = 1rad.(fator de qualidade) = 0,01J/kg e foi substituída pelo sievert (Sv), sendo que 1 Sv = 1 Gy . (fator de qualidade) = 1 J/kg. UNIDADE DE ATIVIDADE: A atividade de uma amostra radioativa é o número de desintegrações nucleares de seus átomos, na unidade de tempo. A atividade de uma fonte radioativa diminui para a metade do valor anterior após cada meia-vida física. Esse tipo de diminuição é denominado decaimento exponencial, a unidade antiga era o curie Ci, que foi definido como sendo a atividade de 1 g de rádio: 1 Ci = 3,7.1010 desintegrações por segundo, a nova unidade e o becquerels cuja a abreviação é Bq, e a sua relação com o Ci é: 1 Ci = 3,7.1010 Bq. LIMITES MÁXIMAS DE DOSES DE RADIÇÃO: TRABALHADORES: Em período de 12 meses o trabalhador poderá receber no máximo uma dose de radiação de 50mSv (5 rem). A dose equivalente efetiva acumulada pelo trabalhador em 50 anos não poderá exceder a1 Sv (100 rem). Em 12 meses = 50 mSv ( 5000 mrem) Em 01 mês = 04 mSv ( 400 mrem) Em 01 semana = 01 mSv ( 100 mrem) Em 01 dia = 0,20mSv ( 20 mrem) Em 01 hora = 0,05mSv ( 5 mrem) Obs.: leva-se em consideração que: 04 horas de trabalho ao dia, 05 dias da semana, 50 semanas ao ano. INDIVÍDUO DO PÚBLICO: Um indivíduo do público poderá receber uma dose no máximo 1/50 da dose recebida pelo trabalhador. 13 ACIDENTE DE GOIÂNIA No dia 1º de outubro de 1987, os brasileiros tomaram conhecimento de um acidente radioativo ocorrido na cidade de Goiânia, Estado de Goiás, através dos jornais. Um Aparelho de radioterapia em desuso tinha sido levado no dia 13 de setembro por dois catadores de papel de um prédio abandonado e, 6 dias depois, vendido a um ferro-velho. O acidente não teria sido tão trágico se a fonte de cécio-137, um cilindro metálico de 3,6 cm de diâmetro por 3,0cm de altura, contida no aparelho, não tivesse sido violada. No interior Do cilindro havia pó de cloreto de césio empastilhado, na época da violação, era de 1.375 curies. No dia 13 de setembro um dos catadores de papel teve vômito que ele mesmo atribui ao fato de Ter comido manga com coco, e no dia 15 ele procurou assistência médica por causa de queimaduras na mão e no braço. No dia 23, esse rapaz foi internado no Hospital Santa Rita onde permaneceu durante 4 dias, quando foi transferido para o Hospital de Doenças Tropicais. O outro catador de papel também teve vômitos no dia 13, e no dia 14 do mês seguinte teve que amputar o antebraço direito. Os dois catadores de papel venderam parte do equipamento por Cz$ 1.500,00, no dia 19 de setembro, ao dono de um ferro-velho, que levou a maior parte para a sala de sua casa, no dia 21 de setembro. Uma luz azulada, proveniente do misterioso pó contido na fonte, encantou as pessoas que a violaram. O dono do ferro-velho distribui um pouco desse pó que parecia purpurina a parentes e amigos, dando inicio à contaminação pelo césio-137 de aproximadamente de 250 pessoas e uma dezena de localidades. O dono do ferro-velho afirmou em uma de suas primeiras entrevistas que esteve com a fonte durante 8 dias. Maria Gabriela, a esposa do dono do ferro-velho, teve intuição de que o mal-estar que seus familiares também passaram a sentir poderia ser devido ao pedaço da fonte guardado dentro de sua casa. Auxiliada, então, por um dos empregados do ferro-velho, levou o pedaço da fonte dentro de um saco plástico, em um ônibus, para o Centro de Vigilância Sanitária, no dia 28 de setembro, dizendo: “Meu povo está morrendo”. O médico do Centro, após vários diagnósticos, solicitou a presença de um físico, desconfiado que os sintomas descritos fossem conseqüência de contaminação por material radioativo. No dia 29 de setembro, às 15 horas, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi avisada do acidente, logo após confirmação da suspeita. O diretor do Departamento de Instalações Nucleares da CNEN chegou à Goiânia na madrugada do dia 30, juntamente com mais dois técnicos da CNEN, acionando, a partir de então, um plano de emergência. No dia 1º de outubro, seis pacientes foram enviados ao Hospital Naval Marcílio Dias no Rio de Janeiro, e no dia 3 , mais quatro. 14 A primeira vítima, Maria Gabriela Ferreira, com 37 anos de idade, que havia entrado em contato com o césio-137 pela primeira vez no dia 21 de setembro, quando foi examinada em hospital porque estava com diarréia e vômitos, morreu no dia 23 de outubro de 1987. No mesmo dia horas mais tarde, foi a vez de sua sobrinha, Leide das Neves Ferreira, uma menina de apenas 6 anos, que passou a purpurina pelo corpo e ingeriu um pouco de pó de césio-137, ao seguras o pão que comia com a mão contaminada, no dia 24 de setembro. Nos dias 27 e 28 de outubro morreram, respectivamente, Israel Batista dos Santos (22 anos) e Admilson Alves de Souza (18 anos), funcionário do ferro-velho que manusearam o equipamento no dia 19 de setembro. Segundo o relatório da Polícia Federal, a violação da fonte de césio ocorreu entre os dias 13 e 14 de setembro de 1987, liberando uma massa total de 91g, sendo a do cloreto de césio 19,26g. A atividade da fonte na ocasião da violação era de 1.375 Ci. A CNEN não precisou sobre a fração ainda não localizada. O maior veículo de disseminação da contaminação foram as pessoas diretamente envolvidas. O solo de locais próximos aos focos continha grande concentração de argila, que favoreceu a retenção de ions de césio. Entretanto, nenhuma anomalia foi detectada fora do raio de 50m dos focos principais. Até o momento em foi emitido o relatório, a atividade de radionuclídeos das águas superficiais tinha sido sempre inferior ao limite de detecção de 1,0 Bq/l e quanto ao lençol freático não foi detectado nenhuma contaminação. Um número reduzido de árvores e hortaliças domésticas apresentou contaminação significativa. Elas estavam rigorosamente a um raio de 50m. De 30 de setembro a 20 de dezembro de 1987, 112.800 pessoas foram monitoradas pêlos técnicos da CNEN na cidade de Goiânia. Dessa monitoração constatou-se que menos de 1.000 pessoas (não contaminadas) foram irradias externamente com exposição entre 0,20 e 10mGy. Por outro lado, 249 pessoas apresentaram contaminação interna e/ou externa, das quais 49 tiveram que ser internadas: entre elas, 21 exigiram atendimento médico intensivo e 10 apresentaram estado grave com complicação e uma pessoa teve seu antebraço amputado. Infelizmente, houve 4 óbitos, 2 por hemorragia e 2 por infecção. A dosagem citogenética dos 20 pacientes com a síndrome aguda da radiação forneceu os seguintes dados: grau I – 4 pacientes com dose entre 0,2 e 1Gy; grau II – 3 pacientes com dose entre 1 e 2Gy; grau III – 11 pacientes com dose entre 2 e 6Gy (4 óbitos)– grau IV – 2 pacientes com dose maior que 6Gy. Os 500 técnicos da CNEN que trabalharam na descontaminação, monitoração e assessoria local também foram expostos à radiação emitida pelo césio-137:3% de todo pessoal chegou a atingir o limite diário de 1,5mSv, porém ninguém atingiu o limite semanal de 5,0mSv, nem o limite mensal de 10,0mSv, segundo as normas adotadas pela CNEN. Os rejeitos gerados da descontaminação de pessoas e locais foram compactados, sendo os rejeitos líquidos solidificados com cimento. Algumas casa e barracos tiveram que ser destruídos e removidos com tudo º Para o acondicionamento de rejeitos foram utilizados diversos tipos de embalagens. Os rejeitos com níveis mais altos de radioatividade foram colocados no interior de tambores de 40 ou 100l que, por sua vez foram colocados dentro de um outro tambor de 200l ou de uma caixa metálica, preenchendo-se o vão com 15 concreto. O volume total de rejeitos acabou sendo de 3.461m³, constituído de 1.400 caixas metálicas de 1,7m³ cada, 3.800 tambores de 200l, 10 containers marítimos de 32m³ cada e 6 embalagens especiais construídas em concreto armado com parede de 20cm de espessura. De 25 de outubro a 19 de dezembro de 1987 foram realizados 275 transportes de rejeitos para o terreno situado a cerca de 20km do centro de Goiânia e a 2,5Km da cidade de Abadia de Goiás. Esse foi o local escolhido para o armazenamento provisório de rejeitos, após muita polêmica, uma vez que as autoridades de cada Estado brasileiro veementemente recusaram receber esse material. Todo o rejeito está colocado sobre 9 plataformas de concreto com dimensões de 60m x 18m x 0,2m. Atualmente, as taxas de exposição nos locais atingidos em Goiânia são inferiores às de Guarapari ou de Poços de Caldas. Cinco Meses depois do acidente, a população de Goiânia praticamente retornou à sua vida normal, sendo todas as áreas contaminadas liberadas. No entanto, a CNEN ainda manteve em Goiânia 11 técnicospara o acompanhamento dos rejeitos radioativos, para o controle do meio ambiente e para o acompanhamento das vítimas. Seis delas ainda apresentavam seqüelas razoavelmente graves como as radiodermites (queimaduras por radiação) e continuaram recebendo tratamento diário. CONTAMINAÇÃO E IRRADIAÇÃO É importante esclarecer a diferença entre contaminação radioativa e irradiação. Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença indesejável de um material em determinado local, onde não deveria estar. A irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato íntimo. Irradiar, portanto, não significa contaminar. Contaminar com material radioativo, no entanto, implica em irradiar o local, onde esse material estiver. Por outro lado, a descontaminação consiste em retirar o contaminante (material indesejável) da região onde se localizou. A partir do momento da remoção do contaminante, não há mais irradiação. Irradiação não contamina mas contaminação irradia. Importante: a irradiação por fontes de césio-137, cobalto-60 e similares não torna os objetos ou o corpo humano radioativos. NATUREZA DOS RAIOS X Os raios X são radiações eletromagnéticas de pequeno comprimento de onda que se propagam em linha reta, com a velocidade da luz, ionizando a matéria, inclusive o ar. Podem ultrapassar, ser absorvido ou refletidos pela matéria, dependendo do peso atômico desta, e da energia dos raios. PRODUÇÃO DE RAIOS-X 16 Raios-X são produzidos quando elétrons de alta energia são subitamente desacelerados, parte de sua energia é convertida em Raios-X e outra parte é perdida em forma de calor. A produção dos elétrons é feita termoionicamente, isto é, são liberados de um filamento de tungstênio, quando este é aquecido, passando-se por ele uma corrente elétrica. Quanto maior a corrente aplicada ao filamento maior será sua temperatura e, conseqüentemente, maior o número de elétrons liberados. Na ampola de vidro aonde são produzidos os Raios-X, é feita de vácuo para que os elétrons possam “andar” livremente, sem se chocar com as moléculas de ar, mudando a sua direção e/ou perdendo energia para o meio. Quando é aplicada uma diferença de potencial entre o filamento (cátodo) e o anteparo ânodo, os elétrons emitidos são repelidos do cátodo e atraídos para o ânodo. Esses elétrons são então acelerados pela diferença de potencial, e ao se chocarem com o anteparo são subitamente desacelerados produzindo Raios-X. Por exemplo, para uma voltagem de 60 kV obtém-se 0,5% de Raios-X e para 200kV obtém-se 1%. Por esse motivo o ânodo tem que ser feito de um material com alto ponto de fusão e capaz de ceder calor rapidamente. Mais uma vez o tungstênio é o material utilizado. O ânodo é ligado ao meio externo através de uma haste de cobre para transmitir o calor produzido para o exterior. Um grande número de ampolas de Raios-X, são imersas em óleo para dissipação do calor produzido, e outros refrigerados a ar ou a água. A necessidade de refrigeração se deve ao fato do feixe de elétrons ser localizado, bombardeando apenas uma parte do ânodo, aquecendo-o. Nos tubos modernos, no entanto, já existem ânodos rotatórios, isto é, ânodos em forma de disco os quais giram em alta velocidade fazendo com que o feixe de elétrons atinja o alvo em uma área maior, distribuindo assim o calor produzido. Nos tubos de Raio-X diagnóstico a corrente aplicada no filamento é da ordem de miliAmperes (mA) e a voltagem de algumas dezenas de kiloVolts (kV). Para cada tipo de ampola, são indicadas, pelo fabricante, as características técnicas do ânodo, as quais referem-se a Carga Máxima de Calor que pode ser suportada pela ampola e o Tempo de Resfriamento necessário. A quantidade de calor transferida ao ânodo é medida em termos de “unidades de calor”, uc. Para cada tipo de ampola o fabricante deve fornecer as Cartas de Calor, a partir das quais pode-se calcular quantas unidades de calor pode ser suportada pelo ânodo, através da seguinte equação. uc = (kVp)*(mA)*tempo(s) Em muitos equipamentos existe um bloqueio automático que não permite cargas que excedam os valores máximos para os quais a ampola foi desenhada. 17 PROTEÇÃO E HIGIENE DAS RADIAÇÕES Efeitos da Radiação em Seres Vivos As células quando expostas à radiação sofrem ação de fenômenos físicos, químicos e biológicos. A radiação causa ionização dos átomos, que afeta moléculas, que poderão afetar células, que podem afetar tecidos, que poderão afetar órgãos, que podem afetar a todo o corpo. No entanto, tende-se a avaliar os efeitos da radiação em termos de efeitos sobre células, quando na verdade, a radiação interage somente com os átomos presente nas células e a isto se denomina ionização. Assim, os danos biológicos começam em consequência das interações ionizantes com os átomos formadores das células. O corpo humano é constituído por cerca de 5 x 1012 células, muitas das quais altamente especializadas para o desempenho de determinadas funções. Quanto maior o grau de especialização, isto é, quanto mais diferenciada for a célula, mais lentamente ela se dividirá. Uma exceção significativa a essa lei geral é dada pelos linfócitos, que, embora só se dividam em condições excepcionais, são extremamente radiossensíveis. Um organismo complexo exposto às radiações sofre determinados efeitos somáticos, que lhe são restritos e outros, genéticos, transmissíveis às gerações posteriores. Os fenômenos físicos que intervêm são ionização e excitação dos átomos. Estes são responsáveis pelo compartilhamento da energia da radiação entre as células. Os fenômenos químicos sucedem aos físicos e provocam rupturas de ligações entre os átomos formando radicais livres num intervalo de tempo pequeno. Os fenômenos biológicos da radiação são uma consequência dos fenômenos físicos e químicos. Alteram as funções específicas das células e são responsáveis pela diminuição da atividade da substância viva, por exemplo: perda das propriedades características dos músculos. Estas constituem as primeiras reações do organismo à ação das radiações e surgem geralmente para doses relativamente baixas. Além destas alterações funcionais os efeitos biológicos caracterizam-se também pelas variações morfológicas. Entende-se como variações morfológicas as alterações em certas funções essenciais ou a morte imediata da célula, isto é, dano na estrutura celular. É assim que as funções metabólicas podem ser modificadas ao ponto da célula perder sua capacidade de efetuar as sínteses necessárias à sua sobrevivência. Sensibilidade da Célula à Radiação Nem todas as células vivas têm a mesma sensibilidade à radiação. As células que tem mais atividade são mais sensíveis do que aquelas que não são, pois a divisão celular requer que o DNA seja corretamente reproduzido para que a nova célula possa sobreviver. Assim são, por exemplo as da pele, do revestimento intestinal ou dos órgãos hematopoiéticos. Uma interação direta da radiação pode resultar na morte ou mutação de tal célula, enquanto que em outra célula o efeito pode ter menor conseqüência. http://members.nbci.com/_XMCM/strahlung137/efe.htm 18 Assim, as células vivas podem ser classificadas segundo suas taxas de reprodução, que também indicam sua relativa sensibilidade à radiação. Isto significa que diferentes sistemas celulares têm sensibilidades diferentes. Linfócitos (glóbulos brancos) e células que produzem sangue estão em constante reprodução e são as mais sensíveis. Células reprodutivas e gastrointestinais não se reproduzem tão rápido, portanto, são menos sensíveis. Célulasnervosas e musculares são as mais lentas e, portanto, as menos sensíveis. As células têm uma incrível capacidade de reparar danos. Por isto, nem todos os efeitos da radiação são irreversíveis. Em muitos casos, as células são capazes de reparar qualquer dano e funcionarem normalmente. Em alguns casos, no entanto, o dano é sério demais levando uma célula à morte. Em outros casos, a célula é danificada, mas ainda assim consegue se reproduzir. As células filhas terão falta de algum componente e morrerão. Finalmente, a célula pode ser afetada de tal forma que não morre e é modificada. As células modificadas se reproduzem e perpetuam a mutação, o que poderá significar o começo de um tumor maligno. Efeitos Biológicos A radiação nuclear não é algo que passou a existir nos últimos 150 anos. Ela faz parte de nossa vida. A luz solar é uma fonte natural radioativa. Está na areia da praia, na louça doméstica, nos alimentos, na televisão quando está ligada. Por ano, um ser humano absorve entre 110 mRem a 150 mRem de radiação de fontes diversas. Qualquer ser humano submetido a um exame de concentração de possíveis elementos radioativos em seu corpo, obterá um resultado de concentração de potássio radioativo, que foi acumulado pelo consumo de batata. (O cigarro apresenta chumbo e polônio radioativos.) Em uma explosão nuclear ou em certos acidentes com fontes radioativas, as pessoas expostas recebem radiações em todo o corpo, mas, as doses absorvidas podem ser diferentes em cada tecido. Cada órgão reage de uma certa forma, apresentando tolerâncias diferenciadas em termos de exposição à radiação. Os efeitos somáticos classificam-se em imediatos e retardados com base num limite, adotado por convenção, de 60 dias. O mais importante dos efeitos imediatos das radiações após exposição do corpo inteiro a doses relativamente elevadas é a Síndrome Aguda de Radiação (SAR). O efeito retardado de maior relevância é a cancerização radioinduzida, que só aparece vários anos após a irradiação. O quadro clínico apresentado por um irradiado em todo o corpo depende da dose de radiação absorvida. A unidade para expressar a dose da radiação absorvida pela matéria é o Gray (Gy), definido como a quantidade de radiação absorvida, correspondente a 1 Joule por quilograma de matéria. http://members.nbci.com/_XMCM/strahlung137/canberra.html http://members.nbci.com/_XMCM/strahlung137/quadro.html 19 Doses muito elevadas, da ordem de centenas de grays, provocam a morte em poucos minutos, possivelmente em decorrência da destruição de macromoléculas e de estruturas celulares indispensáveis à manutenção de processos vitais. Doses da ordem de 100 Gy produzem falência do sistema nervoso central, de que resultam: desorientação espaço-temporal, perda de coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões, estado de coma e, finalmente, morte, que ocorre algumas horas após a exposição ou, no máximo, um ou dois dias mais tarde. Quando a dose absorvida numa exposição de corpo inteiro é de dezenas de grays, observa-se síndrome gastrointestinal, caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite, diarréia intensa e apatia. Em seguida surgem desidratação, perda de peso e infecções graves. A morte ocorre poucos dias mais tarde. Doses da ordem de alguns grays acarretam a síndrome hematopoiética, decorrente da inativação das células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) e, principalmente, dos tecidos responsáveis pela produção dessas células (medula). Para doses inferiores a 10 Gy, as possibilidades de uma assistência médica eficiente são maiores. As radiações, como diversos agentes químicos, também têm efeito teratogênico, isto é, provocam alterações significativas no desenvolvimento de mamíferos irradiados quando ainda no útero materno. Inquestionavelmente, as radiações ionizantes são um agente mutagênico, conclusão válida para espécies animais e vegetais, com base em resultados obtidos ao longo de seis décadas de experimentação. Na espécie humana, a detecção de tais alterações é bastante difícil. Mesmo entre os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, a maior população irradiada até hoje e também a mais intensamente estudada, a ocorrência de mutações radioinduzidas não foi satisfatoriamente demonstrada. Descobriu-se uma bactéria que tem a capacidade de ser imune aos efeitos e o mapeamento de seu código genético pode dar uma grande contribuição à medicina nuclear. Sensibilidade Orgânica à Radiação Fatores: Taxa de Reprodução, Suprimento de Oxigênio A sensibilidade dos órgãos do corpo humano está relacionada ao tipo de células que os compõem. Por exemplo, se as células formadoras do sangue são as mais sensíveis devido a sua taxa de reprodução ser rápida, os órgãos formadores do sangue são os mais sensíveis à radiação. As células musculares e nervosas são relativamente mais resistentes à radiação e, portanto, os músculos e o cérebro são menos afetados. A taxa de reprodução das células que formam um órgão não é o único critério para determinar a sensibilidade geral. A importância relativa do órgão para o bem estar do corpo também é importante. Um exemplo de sistema celular muito sensível é um tumor maligno. A camada externa de células se reproduz rapidamente e também tem um bom suprimento de sangue e oxigênio. As células são mais sensíveis quando estão http://members.nbci.com/_XMCM/strahlung137/bact.html 20 se reproduzindo e a presença de oxigênio aumenta a sensibilidade à radiação. Células com oxigênio insuficiente tendem a ser inativas, tais como as células localizadas no interior do tumor maligno. Quando o tumor é exposto à radiação, a camada externa de células que estão se dividindo é destruída, fazendo com que o tumor diminua de tamanho. Se o tumor receber uma alta dose para destruí-lo completamente, o paciente também poderá morrer. Assim, é aplicado uma dose baixa no tumor a cada dia, possibilitando que o tecido são tenha chance de se recuperar de qualquer dano enquanto, gradualmente, diminui o tumor altamente sensível. O embrião em desenvolvimento também é composto de células que se dividem muito rapidamente, com bom suprimento de sangue e rico em oxigênio. Assim como a sensibilidade de um tumor, um embrião sofre conseqüências com a exposição que diferem dramaticamente. Sensibilidade à Radiação do Corpo Inteiro A sensibilidade à radiação do corpo inteiro depende dos órgãos mais sensíveis, que por sua vez, depende das células mais sensíveis. Como já visto, os órgãos mais sensíveis são aqueles envolvidos com a formação do sangue e o sistema gastrointestinal. Os efeitos biológicos no corpo inteiro dependerão de vários fatores, listados abaixo. Se uma pessoa já é suscetível a uma infecção e receber uma alta dose de radiação pode ser mais afetado por ela do que uma pessoa saudável. São estes os fatores: Dose total Tipo de célula Tipo de radiação Idade do indivíduo Estágio da divisão celular Parte do corpo exposto Estado geral da saúde Volume de tecido exposto Intervalo de tempo em que a dose é recebida Níveis de Exposição Os efeitos biológicos da radiação são divididos em duas categorias. A primeira categoria consiste de exposição à altas doses de radiação em breve intervalos de tempo, produzindo efeitos agudos de curta duração. A segunda categoria é formada pela exposição à baixas doses de radiação num período de tempo mais extenso, produzindo efeitos crônicos ou de longa duração. As altas doses tendem a matar as células, enquanto as baixas doses tendem a danificar ou modificá-las. As altas doses podem matar muitas células, danificando tecidos e órgãos. Isto pode provocar uma resposta rápida do corpo, conhecidacomo Síndrome de Radiação Aguda. As baixas doses recebidas num longo período não causam um problema imediato. Os efeitos de baixas doses 21 ocorrem no nível celular e os resultados podem ser observados depois de muitos anos passados. Efeitos de Altas Doses Toda exposição aguda não resulta em morte. Se um grupo de pessoas é exposto a doses de radiação, os efeitos acima podem ser observados. A informação desta tabela foi retirada da NCRP Report No. 89, "Guidance on Radiation Received in Space Activities," 1989. Na tabela, os valores de dose são o limiar para início do efeito observado em pessoas mais sensíveis à exposição. Efeitos de Altas Doses Dose (Rad) Efeitos Observados 15--25 Mudança na contagem sangüínea do grupo 50 Mudança na contagem sangüínea de um indivíduo 100 Vômito (limiar) 150 Morte (limiar) 320--360 DL 50/30* com cuidado mínimo 480--540 DL 50/30* com cuidados médicos 1.100 DL 50/30* com cuidados médicos intensivos (transplante de medula) *DL 50/30 é a dose letal em que 50% dos expostos àquela dose morrerão dentro de 30 dias. Às vezes é difícil entender por que algumas pessoas morrem, enquanto outras sobrevivem depois de serem expostas a mesma dose de radiação. A principal razão para isto é a saúde dos indivíduos quando expostos e quais são suas capacidade individuais em combater os efeitos incidentais da exposição à radiação, bem como suas sensibilidades à infecções. Além da morte, há outros efeitos de dose de alta radiação. Perda de Cabelo (epilação) é similar aos efeitos na pele e ocorre depois de doses agudas de cerca de 500 Rad. Esterilidade pode ser temporária ou permanente em homens, dependendo da dose. Em mulheres, é geralmente permanente, mas para isto requer-se doses altíssimas, da ordem de 400 Rad nas células reprodutivas. Cataratas (turvamento da lente do olho) surgem para um limiar de dose de 200 Rad. Os nêutrons são especialmente relacionados com as cataratas, devido ao fato do olho conter água e esta ser absorvedora de nêutrons. Síndrome Aguda de Radiação Se vários tecidos importantes e órgãos são danificados, pode-se produzir uma reação aguda. Os sinais iniciais e sintomas de SAR são náusea, vômito, fadiga e perda de apetite. Abaixo de 150 Rad, estes sintomas que são diferentes daqueles produzidos por uma infecção viral podem ser a única indicação externa de exposição à 22 radiação. Acima de 150 Rad, uma das três síndromes de radiação se manifestam dependendo do nível da dose. Síndrome Órgãos Afetados Sensibilidade Hematopoiética Órgãos formadores do sangue Altamente sensível Gastrointestinal Sistema Gastrointestinal Muito sensível Sistema Nervoso Central Cérebro e Músculos Menos sensível Resposta Biológica à Doses de Radiação < 5 Rad Nenhum efeito imediato é observado 5--50 Rad Ligeira variação na contagem do sangue 50--150 Rad Ligeira variação na contagem do sangue e sintomas de náusea, vômito, fadiga, etc. 150--1.100 Rad Severas mudanças no sangue serão notadas e os sintomas aparecem imediatamente. Aproximadamente 2 semanas depois, algumas pessoas expostas morrem. Aqueles expostos a 300-500 Rad, até a metade morrerão dentro de 30 dias sem tratamento médico intensivo. A morte ocorre devido a destruição dos órgãos formadores do sangue. Sem glóbulos brancos, as infecções aparecem. Na margem inferior desta faixa de dose, o isolamento, antibióticos e transfusões podem ajudar a medula a gerar novas células e o paciente poderá se recuperar totalmente. Na margem superior desta faixa, é necessário um transplante de medula. 1.000-- 2.000 Rad A probabilidade de morte aumenta para 100% dentro de 1 ou 2 semanas. Os sintomas iniciais aparecem imediatamente. Poucos dias depois, há uma piora drástica, devido à destruição do sistema gastrointestinal. Uma vez que o sistema gastrointestinal pára de funcionar, nada pode ser feito e o tratamento médico é apenas um paliativo para a dor. > 2.000 Rad A morte é uma certeza. Em doses acima de 5.000 Rad, o sistema nervoso central (cérebro e músculos) não consegue mais controlar as funções corporais, como respiração e circulação sangüínea. A morte ocorre dentro de dias ou horas. Nada pode ser feito. Como visto, nada pode ser feito se a dose for muito alta e destruir o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso central. Por isto, nem sempre um transplante de medula é bem sucedido. 23 Determinação dos Efeitos Biológicos Para qualquer agente biologicamente perigoso é muito difícil correlacionar a dose administrada com a resposta ou o dano provocado. A quantidade de dano no caso da radiação pode ser a freqüência de uma dada anormalidade na célula de um animal versus a dose recebida. Há algumas evidências de que os efeitos genéticos da radiação constituem um fenômeno linear e uma das suposições fundamentais no estabelecimento de normas de proteção radiológica e no controle da atividade da radiação em programas de saúde pública tem sido levar em conta o efeito linear da radiação. Portanto, é sempre suposto algum grau de dano quando a população é exposta a pequena quantidade de radiação. Esta suposição torna a tarefa de estabelecer normas de proteção à radiação muito ingrata. Levando-se em conta que os seres vivos apresentam certo grau de radiossensiblidade ou radioresistência, normalmente, tem-se trabalhado com uma curva de dose e resposta limiar, isto é, a partir de um determinado valor de dose haverá um efeito associado, e não mais quando a radiação se torna infimamente presente. Modelo de Risco Linear É de consenso geral entre especialistas que os riscos da radiação estão relacionados a um modelo linear proporcional e não a um modelo limiar, que a partir de determinado valor comecem a aparecer os efeitos. Tais estimativas de risco são estritamente aplicáveis a uma população irradiada e não a um indivíduo. Para estimativas individuais, a Probabilidade de Causas (PC) é freqüentemente usada, levando-se em consideração não apenas a dose, mas também fatores adicionais que podem influenciar o desenvolvimento de efeitos específicos em determinado indivíduo. A exposição à radiação não é garantia de males. Mas, devido a um modelo linear, quanto mais exposição, mais risco e não há dose de radiação tão pequena que não produza um efeito colateral. Efeitos da Exposição à Baixas Doses de Radiação Há três categorias gerais para os efeitos resultantes à exposição à baixas doses de radiação. Efeitos Genéticos: sofrido pelos descendentes da pessoa exposta Efeitos Somáticos: primariamente sofrido pelo indivíduo exposto. Sendo o câncer o resultado primário, diz-se muitas vezes Efeito Carcinogênico. Efeitos In-Utero --Alguns erradamente consideram estes como uma consequência genética da exposição à radiação, porque o efeito é observado após o nascimento, embora tenha ocorrido na fase embrionária/fetal. No entanto, trata-se de um caso especial de efeito somático, porque o feto é exposto à radiação. 24 Efeitos Genéticos: mutação da células reprodutivas transmitidas aos descendentes de um indivíduo exposto Os efeitos genéticos atingem especificamente as células sexuais masculinas e femininas, espermatozóides e óvulos. As mutações são transmitidas aos descendentes dos indivíduos expostos. A radiação é um agente mutagênico físico. Há também agentes químicos, bem como agentes biológicos (vírus) que causam mutações. Um fato importante a lembrar é que a radiação aumenta a taxa de mutação espontânea, mas não produz quaisquer novas mutações. Entretanto, uma possível razão para que os efeitos genéticos resultantes de exposição a baixas taxas de dose não tenham sido observados é que as células reprodutivas podem espontaneamente absorverou eliminar estas mutações nos primeiros estágios da fertilização. Nem todas as mutações são letais ou prejudicam o indivíduo, porém é mais prudente considerar que todas as mutações são ruins, e assim, pela norma NRC (10 CFR Part 20), a exposição à radiação deve ser a mínima absoluta ou As Low As Reasonably Achievable (ALARA). Isto é particularmente importante, pois qualquer que seja a dose sempre haverá um efeito proporcional à ela, sem haver um limiar para início dos efeitos. Efeitos Somáticos em Indivíduos Expostos O resultado primário é o câncer. Os efeitos somáticos (carcinogênicos) são, de uma perspectiva ocupacional de risco, os mais significativos, principalmente para os trabalhadores da área que podem ter consequências na sua saúde, a saber, o câncer. A radiação é um exemplo de agente físico carcinogênico, enquanto o cigarro é um exemplo de agente químico que causa câncer e os vírus, agentes biológicos. Diferente dos efeitos genéticos da radiação, o câncer radioinduzido é bem documentado. Muitos estudos foram realizados que indicam a relação entre radiação e o câncer. Alguns indivíduos estudados e os cânceres induzidos: câncer de pulmão--trabalhadores de minas de urânio câncer dos ossos--pintores de mostrador de relógio à base de rádio câncer de tiróide--pacientes em terapia câncer de seio--pacientes em terapia câncer de pele--radiologistas leucemia--sobreviventes de explosões de bombas, exposição intra- uterina, radiologistas, pacientes em terapia Efeitos In-Utero em Embriões/Fetos Os efeitos podem ser: morte intrauterina retardamento no crescimento desenvolvimento de anormalidades 25 cânceres na infância Os efeitos intrauterinos envolvem a produção de mal formações em embriões em desenvolvimento. A radiação é um agente físico teratogênico. Há muitos agentes químicos (como a talidomida) e muitos agentes biológicos (como os vírus que causam sarampo) que também podem produzir mal formações enquanto o bebê ainda está no estágio de desenvolvimento embriônico ou fetal. Os efeitos da exposição in-utero podem ser considerados como subconjunto de uma categoria geral de efeitos somáticos. As mal formações produzidas não indicam um efeito genético, pois quem está sendo exposto é o embrião e não as células reprodutivas dos pais. Os efeitos da exposição intruterina dependerão do estágio de desenvolvimento fetal. Semanas após a concepção Efeito 0-1 (pré-implantação) morte intrauterina 2-7 (organogênese) retardamento no crescimento/desenvolvimento de anormalidades/câncer 8-40 (estágio fetal) o mesmo acima com menor risco, associado com possíveis anomalias funcionais Risco de Radiação Há riscos associados com qualquer valor de exposição à radiação. Os riscos aproximados para as três categorias de efeitos de exposição a baixos níveis de radiação são: Efeito Casos de Excesso para 10.000 por Rad Genético 1 para 2 Somático (câncer) 2 para 10 In-Utero (câncer) 2 para 6 In-Utero (todos os efeitos) 10 para 100 Genético Os riscos de exposição a 1 Rem de radiação aos órgãos reprodutores são de aproximadamente 50 a 1.000 vezes menor que o risco espontâneo para várias anomalias. Somático Para cânceres radioinduzidos, o risco estimado é pequeno se comparado a uma incidência normal de 1 a 4 chances de desenvolver qualquer tipo de câncer. No entanto, nem todos os cânceres estão associados à exposição à 26 radiação. O risco de morte devido a um câncer radioinduzido é a metade do risco de adquirir um câncer. In-Utero Os riscos espontâneos de anormalidades fetais é de cerca de 5 a 30 vezes maior do que o risco de exposição a 1 Rem de radiação. No entanto, o risco de câncer em crianças devido à exposição in-utero é quase o mesmo que o risco para adultos expostos à radiação. Devido a sensibilidade intrauterina, a NRC, em 10 CFR Part 20, requer que em mulheres grávidas, a dose de radiação seja mantida abaixo ou igual a 0.5 Rem durante toda a gestação, o que é um décimo da dose anual permitida para trabalhadores ocupacionais. Este limite se aplica para a trabalhadora que declarar por escrito seu estado de gravidez, senão aplica-se os limites convencionais. Obs.: Unidade de Atividade A atividade de uma amostra com átomos radioativos (ou fonte radioativa) é medida em: 1 Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo 1 Ci (Curie) = 3,7 x 1010 Bq PROTEÇÃO RADIOLÓGICAS Como um profissional responsável pelas próprias ações, a responsabilidades da proteção radiológicas tanto do paciente quanto dos companheiros de trabalho é muito importante para os radiologistas. Um estudo completo e a compreensão da proteção radiológica é essencial para todo radiologista, mas está além do escopo deste texto sobre anatomia e posicionamento. Entretanto, a aplicação ou os princípios aplicados de proteção radiológica são partes essenciais de todo radiologitsa sempre certificar-se de que a dose de radiação recebida tanto pelo paciente quanto pelo radiologista seja a mínima possível. Para a Proteção Radiológica três aspectos são fundamentais: a)Tempo de Exposição A redução do tempo de exposição ao mínimo necessário , para uma determinada miliamperagem (mA) e Voltagem (Kv), é uma das maneiras mais práticas para a redução da exposição à radiação.Este conceito é fundamental em equipamentos de Escopia. É possível ligar e desligar o feixe durante um exame de Escopia sem que se perca as informações necessárias para o diagnóstico. Além disso, é importante mencionarmos que é comum o aumento no Tempo de Exposição devido a problemas com a revelação de filmes. A limpeza da reveladora, o grau de escurecimento da câmara escura, a temperatura e velocidade de revelação, podem afetar a qualidade da imagem, fazendo com que os técnicos aumentem o Tempo de Exposição para obtenção de uma 27 imagem mais nítida. Um controle rotineiro dos condições de revelação é fundamental para a Proteção Radiológica dos indivíduos ocupacionalmente expostos, dos pacientes e para minimização dos custos para a Instituição. b) Distância da Fonte O aumento da distância entre o indivíduo e a fonte é uma forma barata e eficiente de Radioproteção. Quanto mais distante da fonte de radiação menor a intensidade do RX. A intensidade da radiação (I) é proporcional ao inverso do quadrado da distância. Em exames de Escopia, nos quais o técnico e/ou médico obrigatoriamente devem permanecer dentro da sala, posicionando-os à aproximadamente 50cm da mesa pode levar a uma diminuição significativa na dose de radiação recebida. c) Blindagem Em muitos casos a Blindagem Fixa ou Móvel é a única solução para reduzir as doses recebidas pelos trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação. Acessórios como biombos, aventais de chumbo, protetores de tireóide, etc, podem reduzir em mais de 90% as exposições provenientes dos equipamentos de raios-X, dependendo da energia do feixe e da espessura dos acessórios de Pb. Precauções Obrigatórias Durante os Exames - Sempre utilizar o Monitor Individual durante a jornada de trabalho. - Nos exames, em que seja necessária a permanência do técnico próximo ao paciente, sempre utilizar os acessórios para Radioproteção, isto é : avental, protetor de tireóide, e óculos plumbíferos. -Em equipamentos que possuem tubo inferior é sempre importante manter a Franja de Pb corretamente posicionada. Esta precaução se deve ao fato dos aventais não serem longos o suficiente para blindar a radiação do tubo, localizado na parte inferior da mesa. -Em exames de Escopia realizados diretamente através da tela intensificadora, deve se assegurar queo vidro que recobre o Écran seja Plumbífero.Além disso, o Técnico deve acostumar sua visão a pouca luz, minutos antes do exame em um local escuro, para que não seja necessário aumentar excessivamente a corrente, procedimento este muitas vezes usado com o objetivo de facilitar a observação da imagem produzida. - Nos exames em que não há necessidade do técnico permanecer próximo ao paciente, este deve sempre se posicionar atrás do biombo, ou na cabine de comando. 28 - Quando for necessário segurar o paciente, o técnico deverá verificar a possibilidade do acompanhante, devidamente protegido com os acessórios para Radioproteção. - As portas da sala de exame devem sempre permanecer totalmente fechadas durante a realização dos exames.Este cuidado se deve ao fato de que é muito comum que haja pacientes nas proximidades da sala aguardando sua vez para o exame - Informar ao paciente de que ele deverá permanecer imóvel, evitando, em muitos casos, a repetição de exames, e portanto a um tempo maior de exposição do paciente e do técnico. - Utilizar sempre as técnicas recomendadas para o tipo de exame. - Informar ao serviço de manutenção dos problemas ou mudanças observadas no equipamento, evitando em muitos casos a repetição desnecessária de exames. - Verificar se pacientes femininas estejam grávidas. Em caso afirmativo consultar o médico responsável pela radiologia sobre o procedimento adequado para esta situação. PROTEÇÃO DO RADIOLOGISTA Em janeiro de 1994, a Comissão Reguladora Nuclear (CNR) modificou alguns padrões relacionados às doses permissíveis máximas. O termo concreto agora para dose permissível é recomendações de limitação da dose. A recomendação de limitação da dose para trabalhadores sujeitos a exposição ocupacional é de 5 rem (50 mSv) da dose efetiva (DE) corporal total por ano. Estes 5 rem ou 50 mSv algumas vezes são denominados como limite de dose efetiva anual para exposição ocupacional de todo corpo. A DE para trabalhadores submetidos a exposição ocupacional, como radiologistas, é muito maior do que o limite de dose para a população geral, que é de 0,1 rem (1 mSv) por ano para exposição contínua ou freqüente, e de 0,5 rem (5 mSv) por ano para exposição anual infreqüente. A medida da dose trimestral máxima é igual à de DE anual. Por exemplo, se os 5 rem foram recebidos por radiologista em um trimestre, ele deve ser designado para outra função no restante daquele ano. O limite da DE acumulativo durante toda a vida para um trabalhador submetido à exposição ocupacional é de 1 rem (10mSv) multiplicados pelos anos de vida. Por exemplo, um radiologista de 50 anos tem uma dose acumulada permissível máxima de 50 rem (500mSv). Entretanto, devido ao pequeno risco de efeitos a longo prazo da radiação de baixo nível, é importante que os radiologistas limitem sua exposição à menor quantidade possível, ou ainda menos do que os 5 rem permissíveis por ano. 29 A exposição deve ser monitora para cada trabalhador submetido à exposição ocupacional. Se 0,1 rem ( 1 mSv) ou mais de exposição poderia se recebido por ano, a área deve ser supervisionada por um profissional qualificado de proteção radiológica. Menores de 18anos de idade não devem ser empregados em situações nas quais sofram exposição ocupacional. O limite de DE para menores é o mesmo do público em geral ou seja 0,1 rem (1 mSv) por ano MONITORAÇÃO DO PESSOAL: Dosímetros de filme ou DTL (dosímetros termoluminescentes) devem sempre ser usados por todos os trabalhadores que possam receber mais de um quarto da dose permissível máxima. Devem ser usados na área do colarinho fora do avental fora do avental de chumbo. Os dosímetros de filme, que são os mais usados, precisam ser trocados e lidos mensalmente, e os DLT no mínimo a cada 3 meses. RADIOLOGISTAS GRÁVIDAS: A radiologista e outras trabalhadoras submetidas à exposição ocupacional grávidas devem tomar todas as precauções possíveis para manter a exposição do embrião/feto a menor possível. A dose equivalente máxima recomendada para o feto é de 0,05rem (0,5mSv), durante qualquer período de um mês, e 0,5 rem (5 mSv), durante todo o período de gestação. Também radiologistas grávidas devem usar um segundo dosímetro ou outro dispositivo de monitoração na área do abdome sob o avental de chumbo, além do habitual usado fora deste avental na área do tórax. Estes dispositivos de monitoração devem ser claramente identificados qual é o usado sob o aveltal no abdome e qual na área do colarinho. PRINCÍPIOs ALARA: Há um princípio de proteção denominado ALARA que vai muito além na proteção do trabalhador do que o nível da DE. Este princípio afirma que a exposição ocupacional deve ser mantida "As Low As Reasonably Achievable" (no menor nível possível). Este é um importante princípio pelo qual todos os radiologistas devem ser esforçar-se, e a seguir é fornecido um resumo de quatro formas importantes pelas quais ele pode ser alcançado. 1º) Sempre usar um dosímetro ou dispositivo de monitoração. Embora o dosimetro não diminua a exposição do usuário, registros precisos a longo prazo das leituras do dosímetros são importantes para determinar práticas de proteção. 2º) Se for necessário conter os pacientes, isso dever ser feito por uma outra pessoa que não seja um trabalhador sujeito à exposição ocupacional. Esta pessoa nunca deve ficar na frente do feixe primário ou útil e sempre deve usar aventais e luvas de proteção. Deve-se utilizar aparelhos ou faixas de contenção sempre que possível e, apenas como último recurso deve alguém permanecer na sala para conter os pacientes, esta pessoa nunca deve pertencer à equipe de radiologia. 3º) Praticar o uso da colimação, filtração do feixe primário, técnicas de kVp ótimo, écrans e filme de alta velocidade, e mínima repetição de exames. A exposição do radiologista é devida basicamente à radiação dispersa do 30 paciente e outras fontes. Portanto, a redução da exposição do paciente resulta também em redução da exposição do radiologista. 4º) Seguir a regra cardinal de três partes de proteção radiológica, o princípio do tempo, distância e proteção. O radiologista deve minimizar sem tempo em um campo de exposição, ficar o mais distante da fonte possível e utilizar proteção de chumbo quando estiver no campo de exposição. Isso é importante na radiografia de traumatismo e móvel, principalmente com unidades de fluoroscopia digital com o braço em C móvel. Estas são usadas em cirurgia ortopédica ou do trato biliar, localização de corpo estranho, inserção de marca-passo e procedimentos de intervenção vascular. PROTEÇÃO DO PACIENTE Todo profissional radiologista está sujeito a um código de ética que inclui responsabilidade pelo controle e limitação da exposição à radiação dos pacientes sob os seus cuidados. Esta é uma responsabilidade séria, e cada uma das oito formas específicas, apresentada a seguir, para reduzir a exposição do paciente deve ser compreendida e posta em prática consistentemente conforme descrito adiante. Estas são: 1) Repetição mínima de radiografias. 2) Filtração correta. 3) Colimação precisa. 4) Proteção de área especifica (proteção das gonodas e mamas femininas). 5) Proteção para gestações. 6) Uso de fatores de exposição ótimos. 7) Uso de combinações écrans-filme de alta velocidade. 8) Minimizar a exposição do paciente através do conhecimento da dosagem para o paciente (órgão) por exame e como esta pode ser reduzida. São exemplos o uso correto de protetores gonodais e mamários, o uso de maior kVp, técnicas com menor mAs, e o uso de incidências PA em vez de AP para reduzir a dose para a tiróide, redião do pescoço e mamas femininas nos procedimentos da parte superior do tóraxe cabeça. 1) REPETIÇÃO MÍNIMAS DE RADIOGRÁFIAS: A primeira e mais básicas forma de evitar radiação desnecessária é evitar a repetição desnecessária de radiográfias. Uma das causas primárias de repetição de radiográfias é a má comunicação entre o ragiologista e o paciente. movimento e da necessidade de repetição das radiográfias. Instruções respiratórias confusas e não compreendidas são uma das causas mais comuns de movimento e da necessidade de repetição das radiográfias. Quando os procedimentos não são claramente explicados, o paciente pode apresentar maior ansiedade e nervosismo devido ao medo do desconhecido. Esta tensão decorrente da incerteza e do medo freqüente aumenta o estado de confusão mental do paciente e compromete sua capacidade de cooperar totalmente. A fim de evitar isso, o radiologista deve levar o tempo necessário, mesmo se dispuser de pouco tempo e escalas de trabalho apertadas, para explicar cuidadosamente e completamente as instruções respiratórias, bem 31 como o procedimento em geral em termos simples que possam ser compreendidos pelo paciente. Os pacientes devem ser avisados antecipadamente de quaisquer movimentos ou ruídos estranhos emitidos pelo equipamento durante a exposição. Também qualquer sensação de queimação ou outros possíveis efeitos de injeções durante exposição devem ser explicados a eles. O descuido no posicionamento ou a seleção de fatores de exposição incorretos também são as causas comuns de repetições e devem ser evitados. O posicionamento correto e preciso requer um bom conhecimento e compreensão de anatomia porque estes permitem ao radiologista visualizar o tamanho, formatos e localizações das estruturas radiografadas. 2) FILTRAÇÃO CORRETA: A filtração do feixe primário de raios X reduz a exposição do paciente pela absorção da maioria daqueles raios X "inúteis" de menor energia que expõem basicamente a pele e o tecido superficial do paciente. O efeito da filtração é um "endurecimento do feixe de raios X, resultando em um aumento da energia efetiva ou da penetrabilidade do feixe de raios X. A filtração é descrita de duas formas. A primeira é a filtração inerente ou integrante das estruturas que constituem o próprio tubo de raios X. Para a maioria dos tubos de raios X, esta é equivalente a aproximadamente 0,5mm de alumínio. A Segunda, e a mais importante para os radiologistas, é a filtração adicional, que é o grau de filtração acrescentado entre o tubo de raios X e o colimador, e dentro do próprio colimador. A filtração total mínima (inerente mais adicionada) equivale a 2,5mm de alumínio para equipamento que produza 70 kVp ou mais. O alumínio é o metal mais comumente usado para filtros em radiologia diagnóstica. O grau de filtração adicional necessária estabelecido por leis federais depende da faixa de kVp operante do equipamento. Os fabricantes do equipamento de raios X são obrigados atender a estes padrões. Verificação periódica da filtração: A filtração do equipamento de formação de imagens diagnósticas deve ser avaliada anualmente e após um grande reparo do equipamento, como substituição do tubo ou do colimador. Isso deve ser feito por pessoal qualificado, tal como um físico médico. A responsabilidade do radiologista é assegurar que o material de filtração apropriado para cada tubo seja verificado quando necessário e que permaneça no lugar. 3)COLIMAÇÃO PRECISA: A colimação precisa é outra forma importante de reduzir a exposição do paciente por limitação do tamanho e do formato do feixe de raios X apenas à área de interesse do clínico, ou àquela área que deva ser visualizada no filme ou em outro receptor de imagem. A colimação cuidadosa e precisa é enfatizada e demonstrada em todo este texto. O colimador ajustável é comumente usado em equipamento radiográfico diagnóstico para fins gerias. O campo iluminado define o campo de raios X em equipamento precisamente calibrado e pode ser usado de forma eficaz para determinar a área de tecido irradiado. Os padrões de segurança exigem que os colimadores sejam precisos dentro de 2% da DfoFi. 32 O conceito de divergência do feixe de raios X deve ser considerado na colimação precisa. Portanto, o tamanho do campo iluminado que aparece na superfície cutânea do paciente apresentar-se-á menor que o tamanho verdadeiro da área anatômica que está colimando. Isso é mais evidente que um exame lateral da coluna torácica ou lombar no qual há considerável distância entre a superfície cutânea e o filme na bandeja de Bucky. Neste casos, o campo iluminado quando colimado corretamente na área de interesse parecerá muito pequeno, exceto se for considerada a divergência do feixe de raios X. Colimação e Dose Tecidual: A colimação precisa e rigorosa da área de interesse resulta em dramática redução da dose tecidual á medida que se afasta da borda do campo de raios X colimado. Por exemplo, a dose 3 cm da borda do campo de exposição será de aproximadamente 10% daquela recebida no campo. A uma distância de 12 cm, a dose será de apenas de 1% daquela dentro do campo. Limitação Positiva Automática do Feixe (LPAF): todo equipamento de raios X para fins gerais fabricado entre 1974 e 1993 nos Estados Unidos e Canadá requer colimadores com características de LPAF que automaticamente colimam o feixe de raios X útil ao tamanho do filme. (esta exigência tornou-se opcional após 3 de maio de 1993, devido a uma modificação na regulamentação da FDA.) A característica de LPAF consiste em sensores na porta –chassi que, quando ativados pela colocação de um chassi no porta- chassi (bandeija de Bucky), automaticamente emite sinal para o colimador ajustar o feixe de raios X àquele tamanho de filme. O dispositivo de LPAF pode ser desativado ou suprimido com uma chave, mas isso só dese ser realizado em condições especiais nas quais seja necessário maior colimação por controle manual. Uma luz vermelha de alerta é automaticamente acionada indicando que o sistema de LPAF foi desativado, e as regras exigem que a chave não possa ser removida enquanto o sistema esta sendo suprimido. Colimação Manual: Mesmo com a colimação automática, a LPAF, o operador também pode reduzir manualmente o tamanho do campo de colimação ainda mais que aquele ajustado automaticamente pelo tamanho do filme. Isso deve ser feito para todos os exames nos quais o tamanho do filme seja maior do que a área crítica que está sendo radiografada. Também é necessária colimação manual precisa para exames de membros superiores e inferiores realizados no tampo da mesa nos quais o dispositivo de LPAF não esteja ativado. Esta prática de fechar a colimação apenas à área de interesse diminui a exposição ao paciente de duas formas. Em primeiro lugar, reduz o volume de tecido irradiado diretamente, e também a radiação dispersa associada. Esta radiação dispersa resultante da ausência de colimação precisa ou de outra proteção não apenas causa aumento desnecessário de exposição do paciente, mas também resulta uma redução da qualidade da imagem pelo efeito de "velamento" da radiação dispersa. (Isto é particularmente verdadeiro em áreas de grande volume de tecido, tal como abdome ou tórax.) 33 Três Razões para a Colimação de Quatro Lados: Além de reduzir a exposição do paciente e melhorar a qualidade da imagem, ima terceira razão para esta regra de pelo menos alguma colimação visível em todos os quatro lados é um sistema de verificação que assegura que houve colimação máxima. Se não houver borda de colimação visível na radiografia em qualquer um ou mais dos lados em exames feitos no tampo da mesa onde não haja colimação automática, então obviamente não há evidência de que o feixe primário foi totalmente restrito. Outro benefício de pelo menos alguma
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