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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E DE QUALIDADE AMBIENTAL Professora: Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett DIREÇÃO NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; STRUETT, Mirian Aparecida Micarelli. Gestão Ambiental na Empresa e Sustentabilidade. Mirian Aparecida Micarelli Struett. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 46 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Ambiental 2. Sustentabilidade 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0024-5 CDD - 22 ed. 628 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Nayara Garcia Valenciano Editoração Flávia Thaís Pedroso Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 01 02 03 sumário 07| QUALIDADE E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE 16| DA PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE AOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) 27| LICENÇAS E CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender o conceito e a evolução da qualidade no tempo. • Verificar o comprometimento da empresa verde na gestão ambiental. • Entender os conceitos sobre empresa verde, ecoeficiência, design for environment e outros modelos baseados na ecologia. • Compreender como ocorre a implantação do sistema de gestão ambiental SGA, ISO 14.001. • Apresentar outras ferramentas importantes da série ISO 14000 e de Auditorias Ambientais. • Discutir conceitos e formas de obtenção das licenças e certificações ambientais. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Qualidade e evolução da qualidade • Da preocupação com o meio ambiente aos sistemas de gestão ambiental (SGA) • Licenças e certificações ambientais SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E DE QUALIDADE AMBIENTAL INTRODUÇÃO introdução Caro(a) aluno(a), Nesta unidade de estudo, serão apresentados a você conceitos e evolução da qualidade e sua influência na gestão ambiental. Apresentaremos algumas estratégias e alternativas que corroboram a empresa verde bem como a implantação do Sistema de Gestão Ambiental e a forma de obtenção de licenças e certificações/selos importantes para uma gestão socioambiental empresarial sustentável. Garantir a sustentabilidade empresarial nos dias de hoje é uma tarefa árdua. Para permanecer no mercado altamente competitivo, é necessário combinar produtividade, manter custos baixos sem abrir mão da qualidade. Neste conteúdo, você conhecerá mais sobre a influência do conceito da qualidade total na gestão ambiental. Para tanto, inicialmente, discorreremos sobre o conceito e a evolução da qualidade começando pelos conceitos da qualidade e dos princípios para a qualidade total, passando pelas Eras da qualidade até a sua influência na gestão ambiental (TQEM), sigla em inglês para Total Quality Environmental Management. A partir da TQEM, apresentamos a você, caro(a) aluno(a), como é o comprometimento da empresa que busca qualidade, a chamada empresa verde, que utiliza princípios da ecoeficiência, do design for environment, dentre outros modelos baseados na ecologia para corroborar a qualidade necessária para o atendimento das expectativas dos clientes. Em seguida, verificaremos como, a partir da preocupação com o meio ambiente, ocorre a implantação do sistema de gestão ambiental, começando pelo Responsible Care Program e a implantação do mais conhecido Sistema de Gestão Ambiental, nacional e internacionalmente, a ISO 14.001. Conjuntamente ao Sistema de Gestão Ambiental, apresentar-se-ão outras importantes ferramentas da série ISO 14000, como a rotulagem ambiental, a análise de ciclo do produto e a importância da Auditoria Ambiental (AA) neste processo. INTRODUÇÃO introdução Por fim, discutiremos quais são as formas de obtenção das licenças e certificações ambientais, iniciando pela AIA, incluindo as já mencionadas ISO’s, para uma melhor gestão socioambiental empresarial mais sustentável. Desejo a você uma boa leitura! Nas primeiras décadas da industrialização, o termo produtividade resumia os objetivos da gestão empresarial. Para Curi (2012), a palavra de ordem era a economia de escala, mas aos poucos, com o aumento da concorrência, as empresas passaram a disputar a liderança em seus setores. Na segunda metade do século XX, a qualidade é imperativa, apesar da grande dificuldade em defini-la, considerando-se as diferenças culturais, sociais e até individuais da sociedade global. Para Marshall Junior et al. (2010, p.1), a qualidade é definida como: “ [...] um conceito espontâneo e intrínseco a qualquer situação de uso de algo tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de um serviço ou a percepções associadas a produtos de natureza intelectual, artística, emocional e vivencial. Estamos frequentemente avaliando e sendo avaliados no ato de gerarmos ou recebermos os elementos que compõem a interação e os atos de consumo presentes em nossa vida. Qualidade e Evolução da Qualidade Pós-Universo 8 Corroborando o conceito de Marshall (2010), Mello (2011) salienta que o cliente tem em mente verificar o custo-benefício da qualidade, pois não se trata apenas de avaliar a qualidade embutida no produto ou do serviço em si. Dentre os benefícios, estão: a durabilidade, a estética, rendimento, segurança, facilidade de uso, dentre outros que agregam valor ao produto. Atualmente, agrega-se ao valor do produto o meio ambiente, a responsabilidade social com os trabalhadores e com a comunidade ao seu redor. Estes dois fatores, meio ambiente e responsabilidade social, não tinham, há 20 anos, o peso que têm agora em relação às expectativas do consumidor (MELLO, 2011). Essa definição leva-nos a uma percepção dinâmica e ampliada da qualidade, onde diversas outras áreas estão envolvidas em um único conceito, seja qualidade ambiental, qualidade do produto, qualidade advinda das expectativas dos clientes, envolvendo ainda responsabilidade social. De acordo com Paladini (2006), há duas maneiras básicas de se observar como essa qualidade é desenvolvida. Inicialmente, produzindo a qualidade, onde a empresa assegura maior atuação no mercado, possui maior competitividade, trabalha com preços mais estáveis, cria maior fidelidade de consumidores e coloca a empresa em posição de vanguarda no mercado. Uma segunda maneira envolve a redução de custos via otimização dos processos e serviços. Se, por um lado, a qualidade pressupõe prevenção, por outro, pressupõe também o controle. Feingenbaum (1994) destacou dez princípios fundamentais para o controle da qualidade total: 1. Qualidade é um processo extensivo: processo sistêmico que envolve toda a cadeia até o consumidor; 2. Qualidade é o que o consumidor julga ser: questione seu consumidor e você saberá o que deverá fazer; 3. Qualidade e custo são soma e não diferença: produzir produtos e serviços constitui estratégia quando há uma maneira criteriosa de custos da qualidade; Pós-Universo 9 4. Qualidade exige zelo individual e coletivo: tarefa deve ser atribuível a todos, não deve ser implantada isoladamente; 5. Qualidadeé um modo de gerenciamento: buscar a melhor maneira de conduzir o processo é a chave do sucesso; 6. Qualidade e inovação são mutuamente dependentes: associar a qualidade ao desenvolvimento de novos produtos ou inovação neste mesmo produto ou serviço; 7. Qualidade é ética: objetivo é a excelência, programas baseados em mapas e gráficos não são suficientes; 8. Qualidade exige aperfeiçoamento contínuo: deve ser meta ascendente e constante; 9. Qualidade é um caminho mais efetivo em custo e menos intensivo em capital no rumo à produtividade: utilizar adequadamente as técnicas da qualidade; 10. Qualidade é implementada com sistema total associado a clientes e fornecedores: capacidade técnica não é o principal problema na qualidade, e sim a falta de liderança. Uma questão muito importante que norteia o conceito de qualidade é a premissa do relacionamento ético entre todos os elementos envolvidos na cadeia de produção, sem esquecer, inclusive, o meio ambiente e a sociedade; e outra, é fazer melhor, com menos custos e entregando ao cliente produtos que correspondam ou superem suas expectativas. De acordo com Mello (2011), há diferentes definições de qualidade, porém três fatores estão intrinsecamente ligados ao conceito: a redução de custos, o aumento da produtividade e a satisfação dos clientes (a Figura 1 pode representar melhor este conceito). Pós-Universo 10 Redução de Custos Aumento de Produtividade Satisfação de Clientes Conceito Básico de Qualidade Figura 1: Conceito Básico da Qualidade Fonte: adaptada de Mello (2011) A evolução da qualidade se deu em três grandes fases ou períodos: a Era da inspeção, a Era do controle estatístico e a Era da qualidade total e a atual Gestão Estratégica da Qualidade (MARSHAL JUNIOR et al., 2010; MELLO, 2011). Veja na Figura 2, sinteticamente, as principais ideias de acordo com as evoluções e as Eras da Qualidade para a Gestão da Qualidade Total. ERA DA INSPEÇÃO • Produtos são verificados um a um • Cliente participa da inspeção • Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade ERA DO CONTROLE ESTATÍSTICO • Produtos são verificados por amostragem • Departamento especializado faz inspeção da qualidade • Ênfase na localização de defeitos ERA DA QUALIDADE TOTAL • Foco na prevenção dos defeitos • Envolvimento de todos os setores • Criação de sistemas de qualidade • Conceito de qualidade total GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL • Foco na gestão • Envolvimento integral • Superação das expectativas dos clientes • Surgimento das normas ISO Figura 2: Eras da Qualidade para a Gestão da Qualidade Total Fonte: adaptada de Marshal Junior et al. (2010) e Mello (2011) Pós-Universo 11 Cada vez mais a questão ambiental tem sido pauta nas agendas dos executivos das empresas requerida nacionalmente e internacionalmente de acordo com padrões de qualidade ambiental descritos na série ISO 14000. Conforme aponta Donaire (2007, p. 50), “a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas” permitem antecipar que os futuros consumidores também exigirão a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida. As organizações desta forma deverão incorporar a variável ambiental na prospecção de seus cenários e nas tomadas de decisões empresariais. De acordo com Curi (2012), a Gestão Ambiental da Qualidade Total (TQEM) é semelhante ao Total Quality Management (TQM). Desta forma, a gestão deve ficar atenta às reinvindicações do consumidor na hora de decidir os rumos de seus empreendimentos. Essa ferramenta amplia o entendimento das falhas e desperdícios para abranger os impactos ambientais. A ideia da introdução da variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e, consequentemente, o acréscimo dos custos do processo produtivo, porém é possível proteger o meio ambiente e ainda assim obter oportunidades que reflitam em recursos financeiros, como a reciclagem de materiais (economia de recursos para a empresa), reaproveitamento dos resíduos ou sua venda para outras empresas, o desenvolvimento de novos processos produtivos que envolvam tecnologias limpas, transformando-se em vantagens competitivas, o desenvolvimento de produtos novos para consumidores mais conscientes sobre a questão ecológica, a geração de materiais de grande valor industrial (iodo tóxico, estações portáteis de tratamento, mini usinas para uso de pequenas empresas), aparecimento de um mercado de trabalho promissor, que envolva auditores ambientais, gerentes de meio ambiente, advogados ambientais, e outros incrementos de novas funções técnicas específicas (DONAIRE, 2007). As empresas podem obter muitos benefícios como reduzir custos, reduzir riscos, obter maior participação no mercado, maior competitividade e lucro, maior satisfação dos clientes. Para isso, é preciso buscar qualidade e também a excelência ambiental. Assim uma postura pró-ativa em relação às questões ambientais pode ser o primeiro passo para alcançar a melhoria contínua e a aceitação de que é vital para a empresa atender à demanda socioambiental. Pós-Universo 12 Para Elkington e Burke (1989 apud DONAIRE, 2007, p. 50), os dez passos necessários para a excelência ambiental são os seguintes: “ 1. Desenvolva e publique uma política ambiental. 2. Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos. 3. Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo (linha ou assessoria). 4. Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e as metas e responsabilidades. 5. Obtenha recursos adequados. 6. Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e comunidade. 7. Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios. 8. Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental. 9. Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicado à área ambiental. 10. Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidades, acionista, etc. Até que ponto todos os dirigentes empresariais são afetados pelo aumento da consciência ecológica dos consumidores e pelas exigências da legislação? reflita Pós-Universo 13 Concordando com os autores supramencionados, Curi (2011) apresenta alguns aspectos fundamentais de gestão ambiental, aos quais os gestores ambientais devem estar atentos: 1. Utilizar os princípios da Ecoeficiência (consumir direito significa reduzir o uso dos recursos naturais, cortar custos e aumentar lucros). A ideia é eliminar o desperdício e diminuir o custo do produto. 2. Abusar das alternativas verdes (reduzir o consumo de recursos naturais e explorar os recursos naturais com sustentabilidade, aproveitando as oportunidades). 3. Ser socialmente responsável, com uma atuação responsável (investimentos em saúde, segurança e meio ambiente). 4. Utilizar a estratégia da produção mais limpa (não produzir poluentes, utilizar os recursos com mais eficiência – reaproveitamento, reciclagem etc.). Muito parecido com os princípios da Ecoeficiência. As estratégias para prevenção da poluição são: (1) o desenvolvimento de técnicas preventivas, (2) a redução da quantidade de resíduos, (3) o reuso e reciclagem, (4) a recuperação de materiais e energia, e (5) a disposição final dos resíduos inevitáveis. 5. Fazer a gestão a partir dos fundamentos do design for environment, também conhecido como Ecodesign for environment – modelo de gestão para meio ambiente (tomar a decisão correta sobre a produção e utilização dos produtos levando em conta os impactos ambientais). 6. Utilizar-se dos modelos baseados na natureza (ecologia e metabolismos industriais, reaproveitando tudo o que a natureza oferece e transformando- os em insumos ou novos produtos). 7. Estar atento à influência dos Stakeholders e das parcerias e associações com outros atores da sociedade também preocupadoscom o meio ambiente. Pós-Universo 14 Para a implantação de algumas tecnologias e estratégias, são necessárias a gestão de ciclo de produtos e a reciclagem. Esses fatores devem ser analisados também pelo processo da logística reversa (utilizar tecnologias limpas, realizar trocas de materiais e de processos poluentes por outros com índices de poluição menores). Assim, para atingir a meta de índice zero de poluição, devem ser agregados o conceito de ecoeficiência e o princípio de precaução (PHILIPPI JR.; ROMÉRO; BRUNA, 2004). Logística Reversa: o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999, p. 2 apud LEITE, 2009, p. 16). saiba mais A análise do ciclo de vida do produto (ACV) é um importante instrumento de gestão ambiental, pois avalia os impactos em diferentes níveis. Infelizmente, as pessoas não enxergam o ciclo antes de comprar ou descartar um objeto. Verificar, por exemplo, que a sacola plástica utiliza petróleo (recurso não renovável) que, além de escasso, emite CO2 durante sua combustão. A ACV surge como uma forma para conscientização da sociedade, porém não é tarefa fácil calcular seu impacto em todos os estágios. Sua análise envolve: avaliação do consumo de matéria-prima, da transformação da matéria-prima, do transporte, do consumo e descarte (CURI, 2011). Com relação à reciclagem, de acordo com Mazzarotto e Berté (2013), os resíduos sólidos merecem toda a nossa atenção, uma vez que produz degradação ambiental e poluição. Prejudiciais à qualidade de vida das comunidades, cabe às empresas fazerem a sua correta destinação, considerando que, dependendo do tipo de organização, há uma classificação e destinação diferente, de acordo com as características biológicas, físicas e químicas de cada setor. Importante destacar que os resíduos devem ser vistos como uma fonte de matéria-prima e não somente como resíduos a serem descartados. Desta forma, podem ser implantadas, por exemplo, a coleta seletiva e a reciclagem (papel, metal, plásticos, dentre outros) como fontes alternativas econômico-financeiras. Pós-Universo 15 Caminhando neste sentido, a logística reversa vem ganhando força, tanto no foco ambiental (embalagens retornáveis ou preocupação, como as baterias) quanto no foco econômico-ambiental (recuperar custos de produção, exemplos: componentes eletrônicos, indústria de cosméticos, montadoras automobilísticas). O que atribui também maior responsabilidade no que concerne ao ciclo de vida dos produtos e à destinação correta dos resíduos (RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013). As práticas tecnológicas ou contemporâneas, como apontam os autores Philippi Jr., Roméro e Bruna (2004), podem gerar uma interação positiva entre as empresas, o meio natural e meio social. Neste processo podem surgir soluções como a transformação de resíduos, por exemplo, em novas oportunidades de negócios e muitas outras oportunidades de negócio ao pensar e executar as estratégias vinculadas ao meio ambiente. A “Votorantim Celulose e Papel”, desde 2006, oficializou o seu compromisso com a Declaração Internacional sobre Produção Mais Limpa do PNUMA, realizando em sua fábrica o pré-branqueamento da celulose seguida da recuperação de produtos químicos. A reciclagem interna também faz parte de seu cotidiano. Atualmente, os resíduos de madeira são utilizados nas florestas para servir de adubo. Além disso, seus processos são executados por meio de tecnologia disponível, o que ajuda a mitigar os impactos negativos de suas atividades sobre o meio ambiente. Fonte: Curi (2011) fatos e dados Sabemos que a proposta mundial para o desenvolvimento está ligada à preservação do meio ambiente e baseia-se, sobretudo, no conceito de Desenvolvimento Sustentável. Também é importante destacar que vários foram e podem ser os impactos causados pelo processo produtivo, dadas a questões sobre a competitividade global e meio ambiente. Desta forma, o Desenvolvimento Sustentável “deve ser capaz de compatibilizar o rápido crescimento econômico, o que exige políticas apropriadas, planejamento prévio e investimentos criteriosos” (MAZZAROTTO; BERTÉ, 2013, p.36). De acordo com North (1992 apud DONAIRE, 2007), para responder ao anseio dos consumidores e exigências legais, a primeira coisa que os gestores devem fazer é avaliar o posicionamento de sua empresa em relação à questão ambiental. Neste sentido, apresentam-se as variáveis ou características que seriam consideradas mais amigáveis ou mais agressivas, conforme se verifica no Quadro 1. Da Preocupação com o Meio Ambiente aos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) Pós-Universo 17 Quadro 1: Posicionamento da empresa em relação à questão ambiental Empresas agressivas Classificação Empresas amigáveis VARIÁVEIS VARIÁVEIS (Alta poluição) 1 2 3 4 5 (Baixa poluição) 1. Ramo da atividade 2. Produtos • MP não renováveis • Não há reciclagem • Não há aproveitamento de resíduos • Poluidores • Alto consumo de energia • MP renováveis • Reciclagem • Há aproveitamento de resíduos • Não há Poluidores • Baixo consumo de energia 3. Processo • Poluentes • Resíduos perigosos • Alto consumo de energia • Ineficiente uso dos recursos • Insalubre aos trabalhadores • Não Poluentes • Poucos Resíduos perigosos • Baixo consumo de energia • Eficiente uso dos recursos • Não Afeta trabalhadores 4. Consciência ambiental • Consumidores não conscientes - Consumidores conscientes 5. Padrões ambientais • Baixos padrões • Não obediência às restrições • Altos padrões • Obediência às restriç’ões 6. Comprometimento gerencial • Não comprometido • Comprometido 7. Nível Capacidade do Pessoal • Baixo • Acostumado a velhas tecnologias • Alto • Voltado para novas tecnologias 8. Capacidade de P&D • Baixa criatividade • Longos ciclos de desenvolvimento • Alta criatividade • Curtos ciclos de desenvolvimento 9. Capital • Ausência de capital • Pouca possibilidade de empréstimos • Existência de capital • Alta possibilidade de empréstimos Classificação 1 = empresa muito ameaçada pela questão ambiental e 5 = questão ambiental constitui opor- tunidades de crescimento. Fonte: adaptado de North (1992 apud DONAIRE, 2007). Pós-Universo 18 De acordo com Mazzarotto e Berté (2013, p. 46), “a poluição pode ser entendida como desperdício econômico”, por exemplo. Muitas vezes os resíduos industriais podem ser reaproveitados tanto para geração de energia como para a extração de substâncias reutilizáveis e/ou recicláveis. Nossa preocupação continua, afinal de contas, como afirma Curi (2011, p. 116): “ [...]medidas isoladas não são o bastante para enfrentar os desafios ambientais do século XXI: é preciso formular uma política integrante, dando conta de todos os impactos decorrentes das atividades econômicas da organização. Assim sendo, para atender à preocupação ambiental com o meio ambiente de forma efetiva, surge o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O processo para sua sustentação decorre do controle, da prevenção e de estratégias. Este último pressupõe um nível de sistematização maior. Em 1984, nasceu um dos primeiros Sistemas de Gestão Ambiental conhecido como Responsible Care Program, resultado da ação de indústrias químicas do Canadá, quando criaram um pré-requisito para o ingresso do associado à Chemical Manufacturers Association, as quais exigiam investimentos pesados em saúde, segurança e meio ambiente. Também previa a formação de alianças com o governo, empresas e autoridades, negociando leis para o bem-estar da comunidade e a preservação dos recursos naturais, obedecendo ainda às obrigações legais. Além desse sistema, outro sugerido pela Câmara de Comércio Internacional (ICC) - uma organização não governamental (ONG) especializadaem trocas econômicas - criou 16 princípios demonstrando, desta forma, que a gestão ambiental não é um processo isolado, mas um objetivo estratégico de toda a organização (CURI, 2011). Pós-Universo 19 A International Organization for Standarditzation - ISO é uma organização internacional, fundada em 1947, em Genebra, Suíça. As normas de Série ISO 9000 tornaram-se mundialmente conhecidas. A ISO se refere ao sistema de gerenciamento da qualidade da produção de bens de consumo ou prestação de serviços que possui relação com a gestão da qualidade nas empresas (DONAIRE, 2007; CURI, 2011). A Normalização segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT estabelece normas presentes na fabricação de produtos, transferência de tecnologia, na melhoria de qualidade de vida por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente, e é utilizada cada vez mais como um meio de alcançar a redução do custo de produção e do produto final, mantendo ou melhorando a qualidade. No Brasil, as normas ISO são regulamentadas pela ABNT - NBR. De acordo com a ABNT, o aumento crescente da consciência ambiental e a escassez de recursos levaram as organizações a contribuírem com a redução de impactos ambientais, assim a conformidade com o sistema ABNT-NBR ISO 14001 garante a redução de poluição gerada por organizações, além de contribuir com o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população, servindo como um diferencial competitivo e fortalecendo sua ação no mercado. Com referência às normas ambientais, destaca-se a norma emitida pelo British Standard Institution – BS 7750, preparada pelo Comitê de Política e Normalização Ambiental e da Poluição da Inglaterra, que serviu de referencial para outros países como forma de estabelecer procedimentos para fixar uma política ambiental, oficializada, em 1996, pela ISO como a primeira norma da série ISO 14000, no intuito de estabelecer diretrizes para implementação de um sistema de gestão ambiental. As normas ISO 14001(define diretrizes para o uso da especificação estabelecendo correspondência e compatibilidade com a ISO 9001) e ISO 14004 (são descritas as diretrizes gerais sobre os princípios, os sistemas e as técnicas de apoio do SAG) se referem ao SGA – Sistema de Gerenciamento Ambiental, que visa a integração com os demais objetivos da organização (DONAIRE, 2007). Pós-Universo 20 A Figura 3 demonstra como se configura um sistema de Gestão Ambiental. Análise crítica pela administração Melhoria contínua Política ambiental Implementação e operação Verificação e opção corretiva Planejamento Figura 3: Espiral do sistema de gestão ambiental Fonte: ISO (2004). De acordo com Donaire (2007), o resultado da aplicação do SGA depende do comprometimento de todos os níveis e funções na organização e tem como objetivo a melhoria contínua, buscando sempre superar os padrões vigentes. A norma ISO 14004 especifica os princípios e elementos integrantes de um SGA composto por cinco princípios. 1. Comprometimento e política: é preciso assegurar o comprometimento com o seu SGA a partir do comprometimento e liderança da alta administração, da avaliação ambiental inicial e do estabelecimento da política ambiental. 2. Planejamento: é preciso um plano para cumprir com a política ambiental. Desta forma, primeiramente se identificam os aspectos ambientais e realiza- se a avaliação dos impactos ambientais associados, apoiada pelos requisitos legais e outros que se fizerem necessários, a partir também do levantamento dos critérios internos de desempenho, dos objetivos e metas ambientais e do programa de gestão ambiental. Pós-Universo 21 3. Implementação: para uma efetiva implementação, recomenda-se desenvolver a capacitação (recursos humanos, físicos e financeiros, harmonizando e integrando a SGA, com a devida responsabilidade técnica e pessoal bem como promovendo a conscientização ambiental, motivação, conhecimentos, habilidades e atitudes) e mecanismos de apoio (comunicar, relatar, documentar o SGA, realizar o controle operacional, preparação e atendimento às emergências) para atender a política, objetivos e metas ambientais. 4. Mediação e avaliação: é preciso mensurar, monitorar e avaliar o desempenho ambiental e realizar ações corretivas e preventivas bem como os registros de SGA e a gestão da informação. 5. Análise crítica e melhoria: recomenda-se a análise crítica para o aperfeiçoamento constante do SGA. Para desencorajar a elaboração de falsos compromissos, a ISO 14004 propõe-se a ir direto ao ponto, descrevendo de forma clara e objetiva seus compromissos com o meio ambiente. É o caso da Siderúrgica Usiminas, que resume seu programa de gestão aos 4Rs – reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar. De acordo com Curi (2011, p. 126), “nas usinas de Cubatão e Ipatinga, uma parcela significativa dos resíduos é reaproveitada; a lama resultante da produção é comercializada pela indústria cerâmica, por exemplo”. Como um Sistema de Gestão Integrado, a ISO da série 14000 expandiu-se e, em busca da qualidade, com o passar dos anos, e a partir da demanda cada vez mais exigente da sociedade, trouxe novas normas para aprovação na área de gestão ambiental. Estas últimas, voltadas para a rotulagem, comunicação e análise do ciclo de vida, por exemplo, e das AA (Auditorias Ambientais) representadas pela ISO 19011. Pós-Universo 22 Análise do Ciclo de Vida Rotulagem Ambiental Aspectos Ambientais em normas dos produtos Sistema de gestão ambiental Avaliação de Desempenho Ambiental Gases do Efeito Estufa (GEE) Auditoria Ambiental Gestão Ambiental Figura 4: A série de normas ISO de gestão ambiental Fonte: Seiffert (2011, p. 193) De acordo com Mazzarotto e Berté (2013), durante a elaboração das normas, vários documentos são elaborados para serem submetidos à aprovação da ISO, processo esse que compreende três fases distintas: (1) a necessidade requerida, (2) a elaboração do padrão (standard) e (3) a aprovação. Ressaltam-se também os princípios que a fundamentam: (1) princípio do consenso, (2) da abrangência internacional e (3) da voluntariedade (não há obrigatoriedade, a não ser em caso de interesse em certificação ambiental). A seguir, apresentamos as normas da série ISO 14000 por ordem de importância. Quadro 2: Normas da Série ISO 14000 Norma Especificação ISO 14001:2004 SGA – requisitos com orientações para uso. ISO 14004:2004 SGA – diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. ISO 14005:2010 SGA – diretrizes para implementação faseada de um sistema de gestão ambiental, incluindo a utilização da avaliação de desem- penho ambiental. ISO 14015:2001 Gestão Ambiental – avaliação ambiental dos locais e das organi- zações (GEAA). ISO 14020:2000 Rótulos e declarações ambientais – princípios gerais. Pós-Universo 23 Norma Especificação ISO 14021:1999 Rótulos e declarações ambientais – autodeclarações ambientais (tipo II rotulagem ambiental). ISO 14024:1999 Rótulos e declarações ambientais – tipo I rotulagem ambiental – princípios e procedimentos. ISO 14025:2006 Rótulos e declarações ambientais – tipo III declarações ambientais – princípios e procedimentos. ISO 14031:1999 Gestão Ambiental – avaliação do desempenho ambiental – diretrizes. ISO 14040:2006 Gestão Ambiental – avaliação do ciclo – princípios e estrutura. ISO 14044:2006 Gestão Ambiental – avaliação do ciclo – requisitos e diretrizes. ISO 14050:2009 Gestão Ambiental – vocabulário. ISO 14063:2006 Gestão Ambiental – comunicação ambiental – diretrizes e exemplos. ISO Guide 64:2008 Guia para tratar das questões ambientais nas normas sobre produtos. ISOTR/14049:2000 Gestão Ambiental – avaliação do ciclo - exemplos de aplicação da ISO 14041 para definição de objetivo e escopo e análise de inventário. ISO TR 14062:2002 Gestão Ambiental – integração dos aspectos ambientais na con- cepção e no desenvolvimento de produtos.ISO TS 14048:2002 Gestão Ambiental – avaliação do ciclo – formato de documentação. Fonte: Mazzarotto e Berté (2013, p.106-107) Para Curi (2012), a partir das famílias ISO 14000, temos também a ISO 14020, que se refere à busca pela conformidade na rotulagem ambiental, criando regras para a elaboração desses rótulos. Como exemplo, a ISO recomenda informações precisas, no caso de um lápis não basta dizer no rótulo “amigo das florestas”, é fundamental mencionar de onde veio a matéria-prima – proveniente de reflorestamento, por exemplo – e mais do que isso, apresentar um resumo do ciclo de vida do produto. Pós-Universo 24 Conforme demonstrado no Quadro 2, e sendo tratados como um ponto importante para as ISOs de rótulos verdes, preveem-se três tipos de rotulagens ISOs: 14024 (provar que o processo da análise do ciclo de vida é ecologicamente correto), 14021 (autodeclarações, dispensa a análise do ciclo de vida do produto, realizada a certificação pela parte interessada) e 14025 (envolve divulgar dados do produto, inclusive análise do ciclo de vida do produto, diferente do tipo I, pois não precisa cumprir metas), respectivamente (CURI, 2011). Também a 14031, avaliação do desempenho ambiental, que envolve uma sistemática bem mais complexa englobando o ciclo de vida dos produtos e da empresa em todo o processo, sendo bem mais detalhado quando comparado com a ISO 14001, uma vez que envolve medição, análise, avaliação e descrição do desempenho da organização em relação ao seu SGA (SEIFFERT, 2011). “ O objetivo do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa. Segundo a norma ISO 14031, desempenho ambiental “são os resultados obtidos com a gestão dos aspectos ambientais da empresa”. Ou seja, resultados obtidos na gestão das atividades, produtos e serviços da empresa que podem interagir com o meio ambiente. Desta forma, a implementação de um SGA constitui uma ferramenta estratégica para que a empresa, em processo contínuo, identifique oportunidades de melhorias que reduzam os impactos das suas atividades sobre o meio ambiente, melhorando seu desempenho ambiental. Mas sempre de maneira integralizada à situação de conquista de mercado e de lucratividade (MARTINS; NASCIMENTO, 1998, p. 6). A Norma da Análise do Ciclo de Vida, ISO 14040, propõe um processo que envolve quatro etapas: (1) definição de objetivos e âmbito (descreve-se o produto ou serviço), (2) análise do inventário (mensura consumo dos recursos naturais e emissão de resíduos e efluentes), (3) análise do impacto (analisam-se os efeitos sobre o meio ambiente) e (4) interpretação dos resultados (compara resultados da análise de inventário e impacto). Atualmente, essa metodologia traz inúmeras vantagens para a gestão empresarial (CURI, 2011). De acordo com Donaire (2007), para corroborar uma efetiva política de minimização dos impactos ambientais e da redução de seus índices de poluição, é importante que se adote também a Auditoria Ambiental. Os conceitos servem para elucidar sua importância. Pós-Universo 25 “ Auditoria ambiental é um processo sistemático e formal de verificação, por uma parte auditora, se a conduta ambiental e/ou desempenho ambiental de uma entidade auditada atendem a um conjunto de critérios especificados (PHILLIPI JR; AGUIAR, 2004, p. 811). A Auditoria Ambiental é uma atividade administrativa que compreende uma sistemática e documentada avaliação de como a organização se encontra em relação à questão ambiental. Esta Auditoria que deve ser realizada periodicamente visa facilitar a atuação e o controle da gestão ambiental da empresa e assegurar que a planta industrial esteja dentro dos padrões de emissão exigidos pela legislação ambiental (DONAIRE, 2007, p. 123). As Auditorias Ambientais (AA) passaram a ter lugar de destaque entre os instrumentos de gestão ambiental. A competição internacional e as exigências ambientais levaram à elaboração de ISO 14001 e a correspondentes sistemas de auditoria e certificação ao redor do mundo. Processos como fusões e aquisições de empresas requerem verificações rigorosas, o que leva os empresários a buscarem cada vez mais processos sistemáticos de cuidados com o meio ambiente por meio de auditoria do passivo ambiental (PHILLIPI JR; AGUIAR, 2004). De acordo com Seiffert (2011), a ISO 19011 (Auditoria de Sistemas de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente) e ISO 26000 (Responsabilidade Social) surgiram para complementar o grupo de normas ambientais. A 19011 é, além disso, um subsídio determinante para a implantação do requisito da auditoria de SGA, o qual deve ser completado com uma certificação. É uma norma de orientação para o processo de auditoria de sistemas de gestão ambiental e da qualidade e não especificação. As Auditorias Ambientais (AA) de Sistemas de Gestão em geral incluem o comprometimento com a legislação ambiental, significando na prática uma forma de identificação da legislação (produtos e serviços), uma forma de verificar os requisitos da legislação, se está sendo cumprida, e de ações definidas para corrigir eventos adversos. Da mesma forma, as não conformidades podem ser contra os requisitos em que o sistema se baseia, contra os procedimentos estabelecidos, contra a legislação ambiental, como é o caso do papel de conformidade que a empresa tem que estabelecer quando busca a certificação ISO 14001. Pós-Universo 26 A NBR ISO 19011:2002 surgiu para substituir as NBRs 14010, 14011 e 14012 dentre outras importantes. Tanto a NBR ISO 9000 quanto as da série NBR ISO 14000 enfatizam a importância das auditorias como uma ferramenta contínua de monitoramento da política de qualidade e/ou ambiental da organização. Fonte: Curi (2012) saiba mais Como se pode perceber, a sobrevivência dos negócios depende de estratégias administrativas integradas a outras áreas de gestão que tornam a empresa ainda mais eficiente que o tratamento isolado de fatores socioambientais de gestão. Portanto, há a necessidade de maior aprofundamento no processo administrativo e integração com a área socioambiental. PERDIGÃO E SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO Líder nacional de vendas, a Perdigão também quer se destacar no exterior. Não é fácil, pois o consumidor estrangeiro costuma ser ainda mais exigente com a qualidade dos produtos. De acordo com a Revista Exame (2005 apud CURI, 2011), as 13 cidades que abrigam a empresa sempre se beneficiaram de seus programas sociais que contribuíram para consolidar o bom relacionamento com o público. Desde 2002 integrou ao seu Sistema de Gestão ingredientes como qualidade, proteção do meio ambiente e cuidados com a segurança ocupacional. Os itens produzidos em Marau (RS) são exportados para Holanda e Inglaterra, conhecidos como os clientes mais difíceis de agradar. Marau – hoje, um modelo de sustentabilidade - tem 98% dos efluentes industriais tratados e a coleta seletiva dá conta de todos os resíduos da fábrica. A redução de 4,1% no consumo de energia também foi acompanhada da diminuição de 11,8% da emissão de carbono. A saúde e a segurança no trabalho não foram esquecidas, o número de acidentes de trabalho caiu 42% contribuindo para o bem-estar dos empregados. Hoje ostenta importantes certificados como ISO 9001 (qualidade), ISO 14001 (SGA) e OHSAS 18001 (saúde e segurança). Foi premiada em 2005 pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa. Criou Instituto Perdigão de Sustentabilidade, onde se incluem programas de reuso da água, de inclusão digital e programa de florestas renováveis. Fonte: Curi (2011) minicaso Ter um Sistema de Gestão Ambiental é muito importante porque serve para proteger o meio ambiente, aumentar a eficiência das atividades e melhorar a imagem que os clientes têm da empresa. E uma maneira inteligente de conquistar a confiança do cliente é a partir da obtenção das certificações (CURI, 2011). De acordo com Schenini (2005), antes deiniciar suas atividades, a empresa necessita, inicialmente, obter o licenciamento ambiental junto ao órgão competente local por meio do EIA-RIMA. Uma vez em funcionamento, as empresas devem ser auditadas e fiscalizadas para verificar sua adequação e aderência às legislações. De acordo com Curi (2011), em 1981, a Lei nº 6.938 já estabelecia o licenciamento ambiental como instrumento de política pública para regular as atividades com elevado nível de poluição ambiental e a resolução CONAMA nº237/97 reiterou a importância do licenciamento. O primeiro passo é o EIA RIMA, em seguida, os comentários e audiências públicas que conferem ao processo a publicidade exigida por lei. Durante o processo, o órgão público pode intervir no projeto, sugerindo adequações. Só necessitam solicitar a licença aqueles que constam na lista de atividades com potencial poluidor elevado. Licenças e Certificações Ambientais Pós-Universo 28 O EIA/Rima é exigido para diversos empreendimentos ou atividades, de acordo com a Resolução Conama 01/86. Qualquer empreendimento ou atividade pode causar algum tipo de impacto. E dependendo do tipo de impacto, podem se caracterizar como poluidor elevado. Conheça no link a seguir os mais exigidos segundo a Lei: http://www.meioambiente.mg.gov. br/licenciamento/370. Acesso em: 10 abril. 2015 Fonte: Brasil (2014, online) saiba mais O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é o responsável pela concessão de licenças e projetos com impacto ambiental, que seguem 8 etapas: (1) o órgão competente solicita o EIA-RIMA ou solicita um relatório simplificado; (2) requer-se a licença ambiental dando-lhes a publicidade exigida por lei – casos polêmicos; (3) o pedido é deferido ou indeferido; (4) pode ser dadas as licenças em três modalidades – licença prévia (prazo 5 anos), licença de instalação (prazo 6 anos) e licença de operação (prazo de 4 a 10 anos); (4) o órgão público estabelece um período de vigência para a licença; (5) antes de 120 dias de vencimento da licença, deve-se procurar o órgão novamente; (6) dá-se um novo período, que pode ser diferente do anterior, (7) se julgar necessário, o órgão pode fazer novas exigências no ato da renovação, (8) a licença pode ser suspensa ou renovada (CURI, 2011). Na área ambiental, as empresas têm buscado a diferenciação no mercado, por meio da rotulagem ambiental ou selos verdes para certificarem seus produtos, e na forma de descarte ambientalmente correto para se adequarem às exigências dos consumidores, principalmente no mercado internacional. Pós-Universo 29 Muitas podem ser as barreiras ambientais ou verdes, uma delas é realizada a partir da barreira comercial (regulamento, leis, práticas ou política governamental imposta) para proteger os produtos contra competição interna. No Brasil, por exemplo, o Instituto Nacional de Metrologia – INMETRO faz a fiscalização, normalização e certificação dos produtos importados e produzidos no país. Essas barreiras tendem a conduzir os países à harmonia entre normas e interesses, inclusive no que se refere às normas ambientais. A ABNT, por exemplo, cita que os selos e certificações podem abrigar tendencionalidades e imprecisões que objetivam favorecer alguns setores produtivos de países desenvolvidos. O Protecionismo pode estar em uma roupagem de proteção ambiental ou mesmo criando-a para estabelecimento de estratégias comerciais com o objetivo de obtenção de lucro (MAZZAROTTO; BERTÉ, 2013). De acordo com os autores Stadler e Maioli (2011), na Alemanha, desde 1977, a certificação Blaue Angel - considerado o mais antigo dos selos em atuação no mercado - está ligada a mais de 3.600 produtos certificados. Em 1990, a Green Seal, uma ONG dos EUA, cria padrões ambientais para testar produtos. Em 1992, o parlamento Europeu criou a Ecolabel, selo válido para toda a União Europeia, mais exigida para produtos importados, e, no Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT criou o selo de qualidade ambiental que certifica os produtos disponíveis no mercado, considerando seu ciclo de vida. A partir da década de 90, as organizações passaram a utilizar uma nova maneira de gerenciar seus resíduos a partir da técnica dos 4Rs: redução, reutilização, reciclagem e recuperação, buscando uma melhor geração de resíduos, recuperação de materiais e descarte correto. No mundo todo, organizações e empresas que possuem atuação global utilizam os selos verdes e certificam seus produtos e serviços de forma que atendam às necessidades dos consumidores. Dentre eles, o NordicSwan (1988, países nórdicos), o Environmental Choice (Canadá, 1988), Eco Mark (Japão, 1989 e Índia, 1991), dentre outros (STADLER; MAIOLI, 2011; SEIFFERT, 2011). Pós-Universo 30 A seguir, são apresentados alguns selos verdes, certificações nacionais e internacionais mais conhecidos e utilizados pelas organizações, empresas e eventos no Brasil. Basta você acessar os links para conhecer um pouco mais sobre cada um deles. Selo CarbonFree Este selo atesta que determinada atividade teve suas emissões de gases do efeito estufa inventariadas (metodologia GHG Protocol) e compensadas por meio do restauro da mata atlântica. Quem adere ao programa recebe o selo que pode ser utilizado como forma de comunicação e publicidade, e nele constam o número de árvores plantadas e a quantidade de GEEs neutralizadas <www.iniciativaver- de.org.br>. Forest Stewardship Council (FSC) Este selo tem como objetivo a certificação da prática sustentável e o manejo sus- tentável dos produtos florestais. Certificadora internacional, desde 1993 possui três certificados: manejo florestal (manejo sustentável), cadeia de custódia (em toda a cadeia) e madeira controlada (controle da fonte de madeira). As normas podem ser consultadas no site <www.br.fsc.org>. Selos do Conselho Nacional de Defesa Ambiental (CNDA) O selo verde é a ecoetiqueta que atesta a qualidade ecológica, socioambiental do produto ou serviço que tem o apoio da sociedade civil, é fornecida por em- presas que comprovam por meio de laudos técnicos que seus ciclos de vida são amigáveis ao planeta. As ecoetiquetas institucionais premiam os esforços de ajustamento de conduta e participações em campanhas que apoiam movimentos socioambientais. Os selos premiam os amigos do meio ambiente, amigo do paciente, etc. <www. cnda.org.br>. Certificações de Produtos Orgânicos A certificação de produtos orgânicos atesta por escrito que determinado produto, processo ou serviço obedece às normas e práticas orgânicas (MAPA tem a lista das acreditadas). Certificação por Auditoria – concedida pela SisOrg, é feita por uma certifica- dora pública ou privada credenciada no Ministério da Agricultura, e obedece a procedimentos e critérios reconhecidos internacionalmente, além dos requisitos técnicos estabelecidos pela legislação brasileira. Sistema Participativo de Garantia – caracteriza-se pela responsabilidade coleti- va dos membros do sistema, que podem ser produtores, consumidores, técnicos e demais interessados. Controle Social na Venda Direta – a legislação brasileira abriu uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos orgânicos para a agricultura familiar. Exige-se, porém, o credenciamento em uma organização de controle social ca- dastrado em órgão fiscalizador oficial. Com isso, os agricultores familiares passam a fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. <www.organicsnet.com.br/>. Pós-Universo 31 Certificações para Construções Sustentáveis O GBC Brasil (Green Building Council) e a Fundação Vanzolini são alguns dos organismos que conduzem certifi- cações no Brasil - respectivamente, os selos Leed e Aqua. Um edifício pode ser certificado por um ou mais selos. LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) A certificação LEED foi lançada em 2009 e desenvolvida pela USGBC (Green Building Council, dos EUA) para medir o desempenhoambiental de design, cons- trução e manutenção de edifícios. Utiliza-se a soma de créditos e, de acordo com a pontuação, a organização pode alcançar o standart de certificada, Silver, Gold ou Platinum <www.gbcbrasil.org.br>. AQUA (Alta Qualidade Ambiental) O AQUA é um processo de gestão total do projeto que engloba a qualidade de vida do usuário, economia de água, energia, disposição de resíduos e manu- tenção, contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região. É uma adaptação para o Brasil da “Démarche HQE”, da França <www.van- zolini.org.br>. PROCEL – Eficiência Energética em Edificações O selo PROCEL Edificações é um selo brasileiro de eficiência energética e atua de forma conjunta com os ministérios de Minas e Energia, Ministério das Cidades, uni- versidades, centros de pesquisa e entidades não governamentais, tecnológicas, econômicas e de desenvolvimento. São considerados três quesitos: iluminação, condicionamento de ar e envoltória (fachada, vidros, janelas etc.) O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou linha de crédito especial para hotéis em construção ou reforma para a COPA <www.procelinfo.com.br>. Ele também esteve presente nas edificações da COPA 2014 e Olimpíada. Selo PROCEL O selo Procel de Economia de Energia ou simplesmente Selo Procel tem como objetivo orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando assim economia na conta de energia elétrica. Também estimula a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a preservação do meio ambiente. Diversas empresas utilizam este selo para seus equipamentos (bombas, coletores solares, condicionadores de ar, lâmpadas, lavadoras de roupa, geladeiras, reatores, reser- vatórios, televisores etc.). Este selo foi instituído por Decreto em 1993, concedido pelo Programa Nacional de Conservação e Energia Elétrica (PROCEL), coordena- do pelo Ministério das Minas e Energia e Eletrobrás. LIFE - Lasting Initiative for Earth Criada em 2009 pela Fundação AVINA, O Boticário de proteção à natureza, Posigraf e Sociedade de pesquisa em vida selvagem e ambiental (SPVS), com o objetivo de administrar uma certificação especializada em biodiversidade, em organiza- ções públicas e privadas. A LIFE se propõe a avaliar os impactos à biodiversidade por parte da organização e a subsequente mitigação ou compensação dos refe- ridos impactos por meio de uma gama de ações concretas para a conservação da biodiversidade que são contempladas com base em prioridades. A organização deve demonstrar que tem atendido aos critérios mínimos da me- todologia <www.institutolife.org.br>. Pós-Universo 32 As leis de certificação de produtos orgânicos estão sempre sofrendo alterações. Um exemplo é a modificação em 2014 na estrutura dos selos a serem colocados nas embalagens. Para maiores informações em certificações no Brasil, acesse também o site: <http://ibd.com.br/pt/Default.aspx>. atenção As Auditorias Ambientais para o processo de certificação Para Mazzarotto e Berté (2013), a Auditoria Ambiental (AA) visa a uma análise profunda do andamento e cumprimento das normas estabelecidas em um SGA, conforme vimos anteriormente, porém quando o objetivo é a certificação de produtos, processos ou serviços relacionados a uma determinada norma, as auditorias podem ser classificadas como: (1) Auditoria de primeira parte: corresponde às auditorias internas, (2) Auditoria de segunda parte: quando ocorre a avaliação dos sistemas por uma empresa independente e, (3) Auditoria de terceira parte: realizada por uma acreditadora, com o objetivo de obter uma certificação. Barbieri (2007 apud CURI, 2011) aponta quatro tipos de certificações: 1. Autoavaliações - a declaração é emitida pela própria organização, descrendo o que ela faz pelo meio ambiente. 2. Confirmação da autodeclaração por partes interessadas - stakeholders confirmam que a autodeclaração da empresa é verdadeira. 3. Confirmação da autodeclaração por organização externa - um órgão independente confirma que a autodeclaração da empresa é verdadeira. 4. Certificação ou registro do SGA por uma organização externa - a empresa segue as normas criadas pelo órgão independente e, depois de avaliada, recebe uma certificação. Pós-Universo 33 Conforme percebemos nos quatro tipos de certificações apontadas, de acordo com Curi (2011), nos três primeiros tipos, a empresa decide como quer cuidar da natureza; enquanto no último, a definição é dada por uma organização externa, cabendo à empresa seguir as recomendações. O quarto tipo é o mais procurado pelas empresas, por transmitir maior confiabilidade. Em geral, Curi (2011) aponta que a certificação envolve três entidades, conforme demonstrado na Figura 5: Organismo Normalizador Organismo Credenciador Organismo Certificador Figura 5: As três entidades envolvidas no processo de certificação Fonte: Curi (2011, p. 95) • Organismo Normalizador: a ISO cria as normas, porém não é sua função avaliar se as empresas merecem ou não a certificação. Como já vimos no tópico anterior, a ABNT é a sua representante no Brasil e aparece como Normas ABNT-NBR. • Organismo Credenciador: são representados pelos Organismos de Certificação Credenciados (OCCs) responsáveis por dar uma credencial ou autorização para que um organismo possa conceder certificações. No Brasil, essa função é do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO), criado pela Lei nº 5.966/73 que segue as regras do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) ocorrendo na prática pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). O INMETRO credencia uma instituição e verifica se ela é realmente capaz de conduzir os processos de certificação. Mas não necessariamente deve-se recorrer ao INMETRO para adquirir a certificação, pois dependendo de sua clientela (se forem dos EUA, por exemplo), eles provavelmente buscarão um órgão acreditado pelo Comitê de Registro de Credenciamento pelos EUA (Register Accreditation Board – RAB). Neste caso, o interessante é ter a autorização da RAB. Pós-Universo 34 • Organismo Certificador: a empresa precisa ser aprovada por organismo credenciador. Em vez de ficar limitado ao INMETRO, procure também os órgãos Internacionais Register Accreditattion Board (RAB - EUA), Nacional Accreditation Council for Certification Bodies (NACCB-Reino Unido) e o Japan Accredititation Board (JAB – Japão). Para as empresas brasileiras após o aval do organismo credenciador, o primeiro passo será duas auditorias, a primeira apresentando o SGA para eventuais correções e outra auditoria em 90 dias; ou para aquelas com maior segurança, podem fazê-la em uma única auditoria, porém tem-se que tomar cuidado, pois se for reprovada, perde a segunda chance e fica sem a certificação. Se quiser manter a certificação, tem que se submeter a auditorias semestrais e, de três em três anos, reinspeção e recertificação. A ABNT é a mais famosa e também opera com certificado internacional. Importante salientar, como afirma Seiffert (2011), que o automonitoramento realizado pela própria organização quanto ao seu desempenho ambiental é fundamental para assegurar que o seu padrão esteja ao menos cumprindo a regulamentação estadual, municipal e federal aplicável ao seu empreendimento. Caso tenha implantado um SGA ou produção mais limpa, esse processo assume importância ainda maior, porque não se restringe somente ao monitoramento de parâmetros legais, mas também à verificação de outros indicadores operacionais e estratégicos associados à sua implantação. Em 2009, a Justiça Federal decidiu suspender o licenciamento da Usina Hidrelétrica Juruema. A licença foi concedida pela Secretaria do MeioAmbiente em resposta a um consórcio com a Maggi Energia, Linear Participações e MCA energia. De acordo com o Ministério, era falsa a capacidade de geração prevista nos estudos encaminhados, reduzindo drasticamente o potencial da Usina, declarando apenas 25 Megawatts. A mentira foi constatada quando foram verificados dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a qual em um relatório revelou uma potência de 46 Megawatts, número que tornaria obrigatório o EIA-RIMA. Além disso, se as informações não tivessem sido mascaradas, a Secretaria do Meio Ambiente as teria encaminhado corretamente para o IBAMA. Fonte: Curi (2011) fatos e dados atividades de estudo 1. Conforme apresentado na nossa discussão, muitos são os benefícios para a empresa que busca a qualidade dos seus produtos, processos e/ou serviços. Atualmente, agrega-se um valor maior do produto ao meio ambiente, a responsabilidade social. Considerando os conceitos atrelados à qualidade, leia as afirmações que se seguem: I. É um conceito difícil de definir se considerarmos as diferenças culturais, sociais e até individuais da sociedade. II. Dentre os benefícios a serem alcançados, têm-se a durabilidade, estética, rendimento, segurança, facilidade de uso por exemplos. III. Três fatores estão intrinsecamente ligados ao conceito: a redução de custos, o aumento da produtividade e a satisfação dos clientes. IV. Para alcançar a excelência ambiental, primeiramente é preciso desenvolver e publicar uma política ambiental. V. Dentre os aspectos fundamentais de gestão ambiental, são contempladas a utilização dos princípios da ecoeficiência e a atuação responsável. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I está correta. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmações I, II, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. atividades de estudo 2. As principais ideias de acordo com as evoluções e as Eras da Qualidade para a Gestão da Qualidade Total estão relacionadas a três grandes fases ou Eras: (1) Era da Inspeção; (2) Era do Controle Estatístico; (3) Era da Qualidade Total, culminando na (4) Gestão da Qualidade Total. Considerando o contexto, leia as afirmações a seguir: I. Os produtos são verificados por amostragem e existe um departamento especializado em realizar a inspeção da qualidade. II. A inspeção dos produtos é realizada um a um pelos clientes. III. Há a criação de sistemas de qualidade com o envolvimento de todos os setores. IV. A inspeção encontra os defeitos, mas não produz qualidade. V. Essa gestão enfatiza envolvimento integral e surgimento das normas ISO. Considerando as afirmações, relacione-as com as Eras ou Fases: a) 2, 1, 3, 1, 4. b) 3, 2, 1, 4, 2. c) 1, 2, 3, 4, 2. d) 2, 3, 1, 2, 4. e) 1, 4, 2, 1, 3. atividades de estudo 3. O resultado da aplicação do SGA depende do comprometimento de todos os níveis e funções na organização e tem como objetivo a melhoria contínua, buscando sempre superar os padrões vigentes. A norma ISO 14004 especifica os princípios e elementos integrantes de um SGA composto por cinco princípios. Considerando esses princípios, leia as afirmações que se seguem: I. É preciso assegurar o comprometimento da liderança da alta administração com o SGA. II. Não há necessidade de uma política ambiental definida, desde que haja um planejamento para identificar os aspectos ambientais. III. Recomenda-se o desenvolvimento e a capacitação (recursos humanos, físicos e financeiros, harmonizando e integrando a SGA, com a devida responsabilidade técnica e pessoal). IV. Deve haver a promoção da conscientização ambiental, motivação, conhecimentos, habilidades e atitudes para atender a política, objetivos e metas ambientais. V. Mensurar, monitorar e avaliar o desempenho ambiental e realizar ações corretivas e preventivas bem como os registros de SGA e a gestão da informação são imprescindíveis, assim como a análise crítica e aperfeiçoamento constante. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I está correta. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmações I, III, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. atividades de estudo 4. As Auditorias Ambientais (AA) passaram a ter lugar de destaque entre os instrumentos de gestão ambiental, principalmente pelo motivo da competição internacional e das exigências ambientais advindas da sociedade. Esses fatores levaram à elaboração da ISO 14001 e a correspondentes sistemas de auditoria e certificação ao redor do mundo. Com relação às Auditorias Ambientais, é correto afirmar: a) É um processo sistemático, porém informal, de verificação das normas ambientais. b) Serve para dificultar a atuação e o controle da gestão ambiental da empresa. c) Deve assegurar que a planta industrial esteja dentro dos padrões de emissão exigidos pela legislação ambiental. d) As normas ambientais a serem seguidas devem ir contra as normas da SGA. e) Nenhuma das afirmações anteriores está correta. resumo O conceito de qualidade envolve muitos conceitos como: as diferenças culturais, sociais, individuais e a redução de custos, o aumento da produtividade e a satisfação atrelada à qualidade ambiental, do produto e da expectativa dos clientes. Como vimos neste material de estudo, as Eras da qualidade se deram em três fases, sendo elas: Era da inspeção, Era do controle estatístico e Era da Qualidade Total, culminando finalmente no que conhecemos hoje por Gestão Estratégica da Qualidade e evoluindo o seu conceito para Gestão da Qualidade Ambiental Total (TQEM), dada a importância do tema ambiental nas empresas. Para enfrentar os desafios propostos, surge o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e as certificações e selos que atestam que a empresa cumpre com suas obrigações socioambientais e como ela segue o processo de Gestão para a busca da excelência ambiental. Na década de 80 e 90 evidenciou-se a busca pela qualidade, com o surgimento do Responsible Care Programe e da International Organization for Standarditzation – ISO, regulamentada no Brasil pela ABNT por meio das ISOs das séries 14000, e várias outras mencionadas à área da gestão ambiental. Conforme discutido anteriormente, atualmente a confiança do cliente precisa ser conquistada pelas empresas. O primeiro passo para isso é buscar a certificação EIA-RIMA, principalmente quando tem-se potencial elevado de poluição. As etapas para esse processo, desde a solicitação do EIA-RIMA até a licença, foram apresentadas e, como você pode perceber, a certificação pode ser suspensa ou renovada se a empresa não estiver de acordo com o cumprimento de alguns pré-requisitos, como o atendimento à legislação, por exemplo. Ao final do nosso material de estudo, foram apresentadas formas de obtenção desses selos e certificações incluindo os selos verdes mais conhecidos nacionalmente e internacionalmente bem como de cada etapa de avaliação da Auditoria Ambiental, sendo apresentadas suas principais características. leitura complementar Como obter as certificações ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e ABNT 16001: O passo-a-passo para as empresas se certificarem De maneira sucinta, segundo reportagem publicada em 2010 pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, para que uma empresa alcance a certificação, o passo inicial consiste na aquisição de uma brochura ou arquivo eletrônico que contém as normas ISOs que deverão ser seguidas. O passo seguinte para a empresa é contratar uma certificadora independente que poderá afirmar se os padrões estão sendo aplicados corretamente. Realizado esse processo, a empresa será considerada certificada. A norma OHSAS 18001 pode ser obtida por meio de uma brochura impressa vendida no site do QSP (Centro de Qualidade, Segurança e Produtividade) a R$ 290,00e chega até o endereço do comprador em até 48 horas. Já as normas ISO 9001, ISO 14001 e ABNT 16001 custam, em média, R$ 100 cada e são entregues em até sete dias úteis a contar da solicitação, com frete por conta do interessado, e também em formato digital, com impressão a partir do link <www.abnt.org.br>. Após a aquisição, o próximo passo é a implantação de um sistema de gestão que corresponda aos requisitos existentes nessas normas. Também é importante estar atento ao fato de que a presença de um consultor durante esse processo não é fundamental. Contudo, a atuação deste profissional pode contribuir para acelerar o processo de implantação do sistema, principalmente em pequenas e médias empresas, que normalmente têm um quadro de colaboradores mais enxuto. Feito o processo de adequação aos requisitos, é necessário que a empresa contrate uma certificadora para atestar se a mesma está em conformidade com as normas. Os valores cobrados pelas certificadoras às organizações variam conforme o ramo de atuação e o tamanho. Por exemplo, em 2010, foi possível registrar o preço médio de uma certificação, válida por três anos para pequena empresa, em torno de R$ 2 mil por ano. Para empresas de médio porte, esse valor é de R$ 3,5 mil por ano, em média. Outras informações sobre valores podem ser acessadas no site na Fundação Vanzolini (<http://www.vanzolini.org.br/>). Fonte: adaptado de Camargo (2015, online) material complementar Qualidade e Gestão Ambiental: Sustentabilidade e Implantação da ISSO 14001 Autor: Luiz Antônio Abdalla de Moura Editora: Editora Juarez de Oliveira Sinopse: o livro de Moura traz importantes informações sobre a questão ambiental. Inicia com um breve histórico sobre meio ambiente, em seguida apresenta as vantagens competitivas obtidas pelas empresas ao melhorarem seu desempenho ambiental, inclusive a partir do uso das normas da série ISO 14.000, sugerindo ações para implantação eficiente da Norma Internacional ISO 14.001, com o uso de ferramentas simples, porém de grande sucesso, empregadas na implantação de Sistemas da Qualidade. É um livro de fácil compreensão, destinado a estudantes e outros profissionais interessados no desempenho ambiental das empresas, contém tópicos comentando a importância da conscientização ambiental, o desenvolvimento sustentável, conceitos de qualidade total e as normas ambientais da família ISO 14.000, em particular a Norma ISO 14.001 – Sistemas de Gestão Ambiental. São sugeridas ações visando à elaboração da política ambiental e identificação dos requisitos legais e a implantação de um SGA. Apresenta também comentários sobre análises de risco, rotulagem ambiental, programas específicos de uso racional da água e energia, gerenciamento de resíduos sólidos e tecnologias visando reduzir a poluição. Apresenta também mais de uma centena de sites contendo informações na internet, que apresentam farto e valioso material sobre assuntos correlacionados ao livro. ISO 14001, Sistemas de Gestão Ambiental: Implantação Objetiva e Econômica Autor: Mari Elizabete Bernardini Seiffert Editora: Atlas, 2011 Sinopse: atualmente, a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA - ISO 14001) é considerada como um elemento estratégico para organizações ambientais a torná-las mais competitivas em um mercado globalizado. Isto é particularmente importante para empresas de pequeno a médio porte, cuja amplitude do impacto ambiental é ainda pouco conhecida, particularmente em virtude de seu maior número. Neste livro, a implantação de SGAs é discutida com base na experiência prática e embasamento teórico, onde com uma linguagem clara e objetiva a autora discute cada etapa envolvida no processo de implantação de SGAs. A forma como o livro está estruturado permite ao leitor com um conhecimento superficial sobre o assunto compreender o processo de implantação de um SGA e a lógica envolvida bem como fornece informações valiosas para profissionais interessados em implantar ou reformular um SGA. Além disso, apresenta e discute a integração dos sistemas ISO 9001 - ISO 14001 e enfoca o processo de implantação cooperativo para empresas de pequeno a médio porte. Entre os capítulos abordados, destacam-se: A empresa e o meio ambiente; Abordagem de implantação; Fase de planejamento; Fase de implantação; Fase de verificação e ação corretiva e preventiva. material complementar Na Web TEODOSIO, Armindo dos Santos de Souza; BARBIERI, Jose Carlos; CSILLAG, J.M. Sustentabilidade e competitividade: novas fronteiras a partir da gestão ambiental. Revista Gerenciais, v.5, p. 37-49, 2006. O artigo discute o conceito da sustentabilidade e o uso de estratégias competitivas e gestão ambiental. São considerados dois eixos importantes nesta análise sobre a evolução da sustentabilidade sob a ótica dessas estratégias. Neste ínterim, são caracterizadas também algumas controvérsias teóricas em relação ao conceito do campo ambiental, pressupondo pontos de convergência entre os dois enfoques. A leitura deste artigo é relevante principalmente porque os autores se propõem a discutir os impactos da incorporação de variáveis do gerenciamento ambiental ao conceito de sustentabilidade da competitividade, ampliando assim a noção da sustentabilidade para com os empreendimentos empresariais. Disponível em: <http://www.uninove.br/PDFs/Publicacoes/revistagerenciais/rgerenciaisesp/ rgesp03b12.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2014. Dia depois de Amanhã Ano: 2004 Sinopse: conta a história da atração do ser humano pelo imaginário de pensar a própria aniquilação da espécie humana. Jack Hall, personagem principal, é o cientista que se ergue solitário contra o poder constituído. Se o aquecimento global prosseguir, a massa de água despejada nos mares pelo derretimento das calotas polares irá alterar o fluxo das correntes oceânicas, com uma consequente era glacial. Muitos morrem em Tóquio (pedras e gelos), uma nevasca instaura o caos em Nova Délhi, uma onda de frio varre a Inglaterra e tornados devastam Los Angeles. De uma estação meteorológica vem o aviso de que as previsões de Hall se confirmaram e as temperaturas caem cada vez mais, caindo vários graus por dia. Presos em uma biblioteca, nada queima tão bem quanto os livros sobre lei fiscal, enquanto milhares de americanos tentam cruzar ilegalmente a fronteira para o México, mas só passam depois de concordarem em perdoar a dívida externa da América Latina. A história é uma ficção que fala sobre o aquecimento global. A economia é ainda mais frágil que o clima, diz o presidente que vem a assinar o Protocolo de Kyoto, que controla os gases associados ao efeito estufa. O filme termina com os astronautas, olhando para a Terra a partir da Estação Espacial, mostrando a maior parte do hemisfério norte, coberto de gelo e neve, e uma redução significativa da poluição. Comentário: em todo o mundo, o clima violento provoca destruição em massa. Esses dados são reais, e aquecimento global e a renitência americana em preveni-lo. É uma mensagem bastante dramática sobre a importância do meio ambiente e da gestão ambiental. referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Disponível em: <www.abnt.org.br>. Acesso em: 07 abr. 2015. CAMARGO, Heloiza. Como obter as certificações ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e ABNT 16001. Pequenas Empresas e Grandes Negócios. Disponível em:<http://revistapegn.globo. com/Revista/Common/0,,EMI161127-17195,00-COMO+OBTER+AS+CERTIFICACOES+ISO+ISO+ OHSAS+E+ABNT.html>. Acesso em: 25 fev. 2015. CURI, Denise. Gestão Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. ____. Gestão Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 2007. FEINGENBAUM, Armand V. Controle da qualidade total: aplicação nas empresas. Trad. Regina Claudia Loverri. RT. José Carlos de Castro Waeny. v. 4. São Paulo: Makron Books, 1994. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da qualidade. Série gestão empresarial. 10. ed.Rio de Janeiro: FGV, 2010. MARTINS. Gustavo Muller; NASCIMENTO, Luis Felipe. TQEM: A introdução da variável ambiental na qualidade ambiental. 1998. Disponível em: <http://www.esalq.usp.br/pangea/artigos/pangea_ qualidade.pdf>. Acesso em: 15 out. 2014. MAZZAROTTO, Angelo Augusto Vale de Sá; BERTÉ, Rodrigo. Gestão Ambiental no Mercado Empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2013. MELLO, Carlos Henrique Pereira. Gestão da Qualidade. São Paulo: Ed. Pearson, 2011. PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. PHILIPPI JR, Arlindo; ROMÉRO, Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Collet. Curso de Gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2004. RAZZOLINI FILHO, Edelvino; BERTÉ, Rodrigo. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. ROGERS, D. S.; TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backward: reverse logistics trends and practices. Reno: Universidade de Nevada, 1999. referências SCHENINI, Pedro Carlos (org). Gestão Empresarial socioambiental. Florianópolis: NUPEGEMA, 2005. SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de ação e educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. STADLER, Adriano; MAIOLI, Marcos Rogério. Organizações e desenvolvimento sustentável. Curitiba: Ibpex, 2011. TACHIZAWA,Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. resolução de exercícios 1. e) Todas as afirmações estão corretas. 2. a) 2, 1, 3, 1, 4. 3. d) Somente as afirmações I, III, IV e V estão corretas. 4. c) Deve assegurar que a planta industrial esteja dentro dos padrões de emissão exigidos pela legislação ambiental. Qualidade e Evolução da Qualidade
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