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ENGENHARIA ECONÔMICA AULA 2 Prof. Guilherme Teodoro Garbrecht 2 CONVERSA INICIAL Olá, caros alunos! Nesta aula, vamos aprender conceitos básicos sobre as demonstrações produzidas pela Contabilidade. As informações contábeis podem auxiliar no processo de análise de investimentos, desde a fase de planejamento, elaboração de orçamentos, controle das atividades até a análise dos resultados. Para isso, precisamos conhecer alguns conceitos inerentes à Contabilidade, além das demonstrações elaboradas pela mesma. A Contabilidade, de acordo com Franco (1990, p. 21), é a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de fornecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. Esse conceito nos indica que todas as operações da empresa são registradas, demonstrando a situação patrimonial e o resultado econômico da entidade. Por meio das demonstrações contábeis, a Contabilidade objetiva fornecer informações, que auxiliem os diversos usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis obrigatórias de acordo com a Lei 6.404/76, no seu art. 176, são: I. Balanço patrimonial; II. Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III. Demonstração do resultado do exercício; IV. Demonstração dos resultados abrangentes; V. Demonstração dos fluxos de caixa; VI. Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. Observação: adicionalmente devem ser preparadas Notas Explicativas, para auxiliar na compreensão das informações das demonstrações. Iremos analisar a estrutura e as informações dos dois principais demonstrativos: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. 3 Balanço Patrimonial (BP) É a demonstração que evidencia a posição patrimonial e financeira de uma entidade, em um determinado momento. O Balanço Patrimonial é uma posição estática, em determinada data, que objetiva demonstrar os bens, direitos e obrigações da empresa. O registro das operações da empresa é realizado pelo Regime de Competência, ou seja, o registro ocorre quando a operação (compra ou venda) é realizada, independentemente de ter havido o pagamento ou o recebimento. Uma venda realizada a prazo, por exemplo, é registrada no momento em que ocorre a operação, e não quando o cliente efetua o pagamento. O BP é dividido em: I. Ativo: representa os bens (os ativos que a empresa possui) e direitos (valores que a empresa tem a receber); II. Passivo e Patrimônio Líquido: representam as obrigações com terceiros (as dívidas que a empresa tem com terceiros, conhecidos como capital de terceiros) e obrigações com sócios (conhecidos como capital próprio). Na sequência, é apresentada uma estrutura básica de um Balanço Patrimonial. Ativo Passivo + Patrimônio Líquido Ativo circulante Passivo Circulante Caixas e Equivalentes de Caixa Fornecedores Caixa Empréstimos Bancos Obrigações Trabalhistas Aplicações Financeiras Obrigações Tributárias Direitos Realizáveis Provisões Contas a Receber (Duplicatas a Receber) Passivo Não Circulante Estoques Fornecedores Impostos a Recuperar Empréstimos Despesas de Exercício Seguinte Financiamentos Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido Realizável à Longo Prazo Capital Social Créditos com Sócios e Coligadas Reservas de Capital Investimentos (-) Ações em Tesouraria Participações em Outras Empresas Reservas de Lucros Imobilizado Ajuste de Avaliação Patrimonial Prédios, Máquinas, Veículos, etc. (-) Prejuízos Acumulados (-) Depreciação Acumulada 4 Intangível Marcas, Patentes, Software etc. (-) Amortização Acumulada TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO O total do Ativo será sempre igual ao total do Passivo, representando a equação: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido A seguir, vamos estudar os principais grupos e as características dos mesmos. Ativo Circulante No Circulante, são classificados: os bens e direitos que se espera que sejam realizados, vendidos ou consumidos no ciclo operacional da entidade; os bens e direitos que são mantidos com o propósito de serem negociados; os que sejam realizáveis até doze meses após a data do balanço. São os itens de curto prazo e sua ordem segue a liquidez com que são transformados em dinheiro. São os bens e direitos com maior giro dentro da empresa, como por exemplo: Caixa e Equivalentes de Caixa: recursos em dinheiro ou rapidamente transformáveis em dinheiro, como valores em Contas Bancárias ou Aplicações Financeiras. Duplicatas a Receber: também chamadas de contas a receber, pois são os direitos a receber oriundos das vendas a prazo. As vendas a prazo, quando realizadas, configuram-se receitas, mas como não há o recebimento imediato, o registro ocorre como um direito a receber, na conta de Duplicatas a Receber. Estoques: bens da empresa que serão comercializados (mercadorias) ou farão parte do processo produtivo (matéria-prima) para a fabricação de produtos (produtos acabados). Despesas do Exercício Seguinte: constituem-se despesas pagas e que a empresa irá se beneficiar em períodos futuros. Ex: seguro de máquinas, que é contratado por 12 meses. Em função do regime de competência, o 5 registro como despesa será feito nos 12 meses em que o serviço do seguro estará disponível para a empresa. Ativo Não Circulante Registra os bens e direitos cuja realização será no prazo superior a doze meses. Neste grupo são registrados: os bens e direitos utilizados para as atividades da empresa e bens que permanecem na empresa e são destinados ao funcionamento normal da entidade. Divide-se em: Realizável à Longo Prazo: registram-se nesse grupo os bens e direitos com características de Ativo Circulante, mas que serão realizados (transformados em dinheiro) após 12 meses do encerramento do balanço. Ex: uma venda a prazo, com recebimento previsto para 24 meses, deve ser registrada no Ativo Não Circulante. Investimentos: neste grupo, registram-se as participações e investimentos de caráter permanente que a empresa mantem para valorização econômica ou para renda. Ex: empresas que compõem um grupo econômico podem possuir participação em outras empresas, denominadas de coligadas e controladas. Imobilizado: destina-se à manutenção das atividades da empresa e possui caráter permanente. São ativos fixos utilizados pela empresa para a realização de suas atividades. Os bens do ativo imobilizado sofrem com o desgaste, obsolescência, perda tecnológica, etc., e o registro da diminuição de sua capacidade é feito nas contas de depreciação acumulada, exaustão acumulada e amortização acumulada. Intangível: representa os bens incorpóreos, sem substância física, mas destinados à manutenção das atividades da empresa. Ex: direitos de exploração de uma marca. Passivo Circulante No Passivo Circulante, são classificadas: as obrigações que se espera que sejam liquidadas durante o ciclo operacional normal da entidade; obrigações mantidas essencialmente para a finalidade de ser negociado; e que devem ser liquidadas no período de até doze meses após a data do balanço. São as obrigações de curto prazo, como por exemplo: 6 Fornecedores: registram as compras a prazo de mercadorias, matéria- prima e serviços. Também chamados de duplicatas a pagar. Empréstimos: valores captados junto a instituições financeiras, no qual a empresa necessita devolver o principal com acréscimos de juros. Obrigações Trabalhistas: representam os valores de salários a pagar,férias, 13º salário, bem como encargos incidentes sobre a folha de pagamento. Obrigações Tributárias: registram os valores que a empresa tem que pagar como impostos e contribuições, para entes governamentais federais, estaduais e municipais. Provisões: representam valores e despesas que serão pagos futuramente, provêm de eventos que já ocorreram, mas que irão requerer a saída de recursos no futuro. Exemplo: provisões trabalhistas. Passivo Não Circulante São obrigações com terceiros assumidas pela empresa e que serão pagas no longo prazo, superior a 12 meses. Exemplos: fornecedores, empréstimos e financiamentos que possuem a data de vencimento superior a 12 meses. Patrimônio Líquido Registram-se as obrigações para com sócios da empresa. Evidencia os capitais próprios disponibilizados pelos sócios para a entidade. Também registram-se nesse grupo os acréscimos de patrimônio da empresa, fonte da sua atividade, na forma dos lucros gerados nas atividades e não distribuídos, permanecendo na empresa sob a forma de reservas. Origens e Aplicações de Recursos O Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido também se constituem nas origens e aplicações dos recursos da empresa. A origem dos recursos provém de duas fontes de capitais registradas no Patrimônio Líquido e no Passivo, respectivamente: Próprios; ou de Terceiros. Os capitais próprios correspondem aos valores colocados na empresa pelos sócios ou ainda os recursos das próprias operações da empresa (lucro): 7 a. Sócios ou acionistas: quando uma empresa é constituída, existe a entrega de recursos por parte dos sócios ou acionistas, na forma de dinheiro, bens ou direitos. Este valor é registrado no Patrimônio Líquido da entidade, sendo o Capital Social da mesma. Posteriormente, pode ocorrer um novo aporte de capital por parte dos sócios, que aumentará o capital social; b. Lucros gerados pela empresa: quando as receitas superam os custos e despesas de um período, a empresa obtém lucro. O lucro é registrado no Patrimônio Líquido e, não havendo a distribuição do mesmo aos sócios e acionistas, esse recurso é utilizado nas operações da empresa. Os capitais de terceiros correspondem aos recursos disponibilizados à empresa por terceiros. Pode-se citar os: a. Empréstimos; b. Financiamentos; c. Debêntures; d. Arrendamento Mercantil; e. Outros. Os capitais próprios distinguem-se dos capitais de terceiros pelo: I. Grau de prioridade na liquidação: os capitais de terceiros devem necessariamente ser quitados antes; II. Grau de certeza quanto ao valor: os recursos emprestados por terceiros são regidos por contratos com valores determinados, ao contrário dos capitais próprios, que serão remunerados (sob a forma do lucro) se a empresa obtiver resultado positivo. III. Grau de certeza quanto à data: os mesmos contratos que determinam os valores também determinam as datas que os empréstimos e financiamentos devem ser quitados. O sócio ou acionista não tem uma data, dependerá dos resultados da empresa (se a mesma tiver resultado positivo = lucro). Os bens e direitos registrados no Ativo representam as aplicações dos recursos. O Passivo e o Patrimônio Líquido originam os recursos (de terceiros 8 e próprios) e os mesmos são aplicados na forma de bens, estoques, direitos, caixa etc. no Ativo da Companhia. Para saber mais: Para conhecer melhor o Balanço Patrimonial e as Origens e Aplicações dos Recursos, assista aos vídeos disponíveis a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=vogdvZWmrDw https://www.youtube.com/watch?v=X0UvkRxkVRA Demonstração do Resultado (DR) A Demonstração do Resultado evidencia o resultado econômico da empresa em um determinado período de tempo, normalmente 12 meses. Evidencia se a empresa apresentou lucro ou prejuízo após a realização de suas atividades, pois confronta as receitas com os custos/despesas necessários para a realização das receitas. Se as receitas forem maiores que os custos/despesas, a empresa apresenta lucro no exercício. Se as receitas forem menores que os custos/despesas, a empresa apresenta prejuízo no período. Os registros efetuados na Demonstração de Resultado são realizados seguindo o princípio de competência, que, como já foi visto, evidencia as operações mesmo que não tenha ocorrido ainda o recebimento (nas vendas) ou pagamentos (nos custos e despesas). A estrutura de uma Demonstração do Resultado está apresentada na sequência e depois detalhada, com base na Lei nº 6.404/76 e normas da CVM. Clique no botão abaixo para visualizar: A seguir, vamos dividir em tópicos e olhar as características de cada grupo. (+) Receita Operacional Bruta Venda de Produtos, Mercadorias e Serviços (-) Deduções de Vendas Devoluções / Abatimentos / Impostos Sobre Vendas (=) Receita Líquida (-) Custos dos Produtos Vendidos, Mercadorias ou Serviços (=) Lucro Bruto (+/-) Receitas e Despesas Operacionais (-) Despesas com Vendas https://www.youtube.com/watch?v=vogdvZWmrDw https://www.youtube.com/watch?v=X0UvkRxkVRA 9 (-) Despesas Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais (+) Resultado de Equivalência Patrimonial (=) Resultado antes do Resultado Financeiro e dos Tributos (+/-) Resultado Financeiro (=) Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro (-) Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro (=) Resultado Líquido das Operações Continuadas (+/-) Resultado Líquido de Operações Descontinuadas (=) Lucro/Prejuízo do Período Receita Operacional Bruta Neste grupo, são registradas todas as vendas efetuadas pela empresa, pelo princípio de competência, ou seja, registram-se tanto as vendas à vista, quanto as vendas a prazo, dentro de um determinado período de tempo, o exercício social da empresa. Vendas das empresas indústrias = Vendas de Produtos; Vendas das empresas comerciais = Vendas de Mercadorias; Vendas de empresas prestadoras de serviços = Prestação de Serviços. Deduções das Vendas As deduções das vendas são operações que reduzem diretamente das vendas, como: I. Vendas Canceladas; II. Devoluções de Vendas; III. Abatimentos Sobre Vendas; IV. Descontos Incondicionais; V. Impostos Sobre Vendas. Os impostos sobre vendas incidem diretamente sobre a receita operacional bruta, e citamos os seguintes (clique nos botões): 10 Federal: Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI); Programa de Integração Social (PIS); Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Estadual: Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS). Municipal: Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). A incidência do imposto dependerá do tipo de empresa. Sobre as vendas das empresas industriais, incidirá o IPI, PIS, COFINS e ICMS. As empresas comerciais recolhem PIS, COFINS e ICMS. Nas vendas das empresas prestadoras de serviços incide o PIS, COFINS e o ISS. Dependendo do tipo de prestação de serviço realizadas pelas empresas prestadoras de serviços, incidirá também ICMS. Receita Líquida É o resultado das receitas brutas menos as deduções, descritas no tópico anterior. Corresponde ao valor que a empresa recebe pelas vendas de seus produtos, após as deduções, e que será confrontado com os custos e despesas, para a apuração do resultado do período. Custo dos Produtos Vendidos, Mercadorias Vendidas e Serviços Prestados Em uma empresa industrial, corresponde aos gastos realizados pela empresa para a fabricação de um produto, desde os insumos diretos, como a matéria-prima e mão de obra direta, até os gastos indiretos de fabricação, como aluguel da fábrica, mão de obra indireta, depreciação dos equipamentos, entreoutros. Já em uma empresa comercial, corresponde basicamente ao custo de aquisição da mercadoria para revenda. As prestadoras de serviços apresentam seus custos principalmente de mão de obra, mas podem também ter custos de materiais, se fornecerem os mesmos na prestação de serviço. Os produtos e mercadorias são registrados inicialmente no estoque da empresa e, por ocasião da venda, baixados do estoque e transferidos para as contas de custo da DR. Nas próximas aulas, vamos explorar mais os gastos, custos e despesas. 11 Lucro Bruto É o resultado da Receita Líquida menos os custos (CPV/CMV ou CSP). Demonstra o lucro da empresa após deduzidos os custos, mas, antes das despesas e receitas operacionais. Demonstra quanto de lucro a empresa tem para o pagamento das despesas. Receitas e Despesas Operacionais Neste item, são considerados todos os valores referentes às despesas, necessárias para a empresa desenvolver suas atividades, mas não diretamente relacionadas ao produto vendido. Como exemplos de despesas, temos as administrativas, com vendas, marketing, dentre outras. Nesse grupo, também figuram as outras receitas operacionais, que não são as receitas das atividades principais da empresa, como a venda de produtos, mercadorias ou prestação de serviços. Como outras receitas podemos citar: as vendas dos ativos imobilizados, investimentos e intangíveis; os resultados da Equivalência Patrimonial (investimento em outras empresas); e receitas eventuais. Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos Corresponde ao resultado do lucro bruto menos as receitas/despesas operacionais. É o resultado da empresa antes das receitas/despesas financeiras e o valor dos impostos sobre o resultado da empresa (imposto de renda e contribuição social). Resultado Financeiro Compreende as receitas financeiras, como receitas com juros, descontos obtidos, variações cambiais, variações monetárias, dentre outros; e as despesas financeiras, como os pagamentos de juros, descontos concedidos, variações cambiais passivas, variações monetárias passivas. Esse grupo objetiva demonstrar as operações financeiras realizadas pelas empresas. Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro São impostos federais que incidem sobre o lucro do exercício. O lucro tributado é denominado de lucro fiscal. 12 Resultado Líquido das Operações Continuadas Compreende o resultado (lucro ou prejuízo) das operações que a empresa pretende continuar nos próximos períodos. A divisão entre operações continuadas e descontinuadas permite que o usuário da informação contábil identifique operações que a empresa não manterá, ou ainda, aquelas que ela já não mantém. Resultado Líquido das Operações Descontinuadas Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi baixado ou está classificado como mantido para venda. Pode ser uma linha separada de negócios, uma área geográfica de operações, uma controlada que foi adquirida com objetivo de revenda, entre outras. Compreende as receitas e despesas das operações que a entidade determinou como descontinuadas, ou seja, que não permanecerão sob controle da entidade. Lucro ou Prejuízo do Período É o resultado contábil do período analisado. O lucro ou prejuízo é o ganho destinado aos sócios ou acionistas. A sua destinação é determinada pela lei, pelo estatuto ou contrato social da empresa. Para as empresas Sociedades Anônimas, a DR demonstra o lucro ou prejuízo por ação. Para saber mais: Aprofunde seus conhecimentos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício e seu relacionamento com o Balanço Patrimonial, assista ao vídeo abaixo. Em seguida, veja outro modelo de Demonstração do Resultado, clicando no botão a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=uVc7Gih4DNg http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado.htm Gastos É a aquisição de um bem, produto, mercadoria ou serviço, mediante o sacrifício da troca. Os gastos implicam em saídas de recursos da empresa, e os pagamentos realizados para a aquisição de um bem ou serviço representam https://www.youtube.com/watch?v=uVc7Gih4DNg http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado.htm 13 os desembolsos. Os desembolsos podem ocorrer antes, durante ou, ainda, após o bem ou serviço ser adquirido. Gastos podem ser: I. Investimentos; II. Custos; III. Despesas. Investimentos É um gasto que é ativado pela empresa, representando bens, direitos, estoques, dentre outros. Os investimentos compreendem os ativos fixos da empresa, que são adquiridos para geração de renda, permanecendo na empresa durante a sua vida útil (exemplo: Ativo Imobilizado), ou em função dos benefícios futuros que os mesmos proporcionarão à empresa (exemplo: matérias-primas). Custos É um gasto reconhecido como custo no momento em que há o efetivo consumo dos fatores produtivos no processo de produção. Uma matéria-prima, ao ser adquirida e permanecer no estoque, é um investimento realizado pela empresa. Quando a matéria-prima é consumida no processo de fabricação de um novo produto, torna-se nesse momento um custo para a fabricação do bem. Os custos não são somente os bens tangíveis (corpóreos) utilizados no processo de produção, mas tudo o que é necessário à fabricação do produto. Como exemplo, temos a mão de obra direta, a energia elétrica, a depreciação, dentre outros. Quando o produto fabricado estiver concluído, passa novamente a ser um investimento para a empresa, com o objetivo de gerar resultados futuros. Despesas É um gasto que a empresa tem que representa um sacrifício com o objetivo de gerar renda, e não um produto. São gastos necessários para que a empresa consiga vender e distribuir os produtos, mercadorias ou serviços. As despesas não estão diretamente relacionadas com a fabricação dos produtos da empresa, mas, são gastos necessários para que se consiga gerar renda com a venda do item. 14 Perdas A perda é um evento de natureza anormal, involuntária e imprevisível, que uma empresa sofre em relação aos seus recursos produtivos/investimentos que, por sua vez, lhe prejudica de alguma forma; por exemplo: incêndios, furtos, greves etc. Não é um sacrifício realizado com o objetivo de obter renda, portanto, não é considerado custo ou despesa. Se a empresa tiver desperdícios no seu processo produtivo, por exemplo sobras ou rebarbas de matéria-prima, consideradas necessárias e “normais” no processo de fabricação, as mesmas não são consideradas perdas, mas integrantes do processo de produção. Custos e suas nomenclaturas Vamos, agora, analisar os custos e suas classificações. As principais classificações dos custos são em: (i) Diretos ou Indiretos; e (ii) Variáveis ou Fixos. Custos Diretos São gastos facilmente identificados quanto aos produtos a que pertencem, como por exemplo a matéria-prima e a mão de obra direta. Relacionam-se com os produtos fabricados, sendo facilmente alocados direta e objetivamente. Custos Indiretos São os custos de natureza mais gerais dentro da empresa, não sendo elementos que participam diretamente na produção de um ou mais de um produto. Não é possível alocá-los de modo direto ou objetivamente aos produtos fabricados pela empresa. Nesse caso, a atribuição de tais custos aos produtos deve ser feita com a utilização de critérios de alocação ou rateios. Algumas vezes, os critérios 15 tornam-se arbitrários, mas existe a necessidade de adotar critérios que não distorçam a divisão dos custos entre os produtos ou linhas de produtos. Como exemplo, pode-se citar a mão de obra da supervisão da fábrica ou linha de montagem. Esses custos não são ligados diretamente a um determinado produto, mas, sim, ao conjunto completo de produtos. Nesse caso, precisa seralocado utilizando critérios de rateio. Exemplos de Custos Diretos e Indiretos: a) Custos Diretos: Matéria-prima direta; Mão de obra direta; Materiais consumidos diretamente no processo produtivo; Materiais de embalagem; Componentes do processo de produção; Energia elétrica que possa ter seu consumo mensurado no processo de produção etc. b) Custos Indiretos: Mão de obra indireta; Supervisão da Fábrica; Manutenção dos Equipamentos; Depreciação dos Equipamentos; Energia gasta na iluminação da fábrica; Água; Material de expediente; Aluguel etc. Custos Variáveis Os custos variáveis variam na medida em que ocorrem alterações nos volumes de produção. Esses custos apresentam correlação entre suas quantidades consumidas na produção e as quantidades fabricadas de produto. Quando ocorre um aumento na quantidade produzida, ocorre o aumento do recurso produtivo, utilizado no processo de fabricação do mesmo. Como exemplo principal, temos a matéria-prima. 16 Custos Fixos São os gastos que não se alteram em virtude de modificações na quantidade produzida, permanecendo constante, desde que não ocorra um aumento da capacidade instalada da fábrica, o que produzirá um aumento dos custos fixos. Embora sejam custos fixos, os mesmos podem alterar-se. O custo fixo não se altera em função da quantidade produzida, mas seus valores podem alterar-se. Um exemplo que podemos citar é o do aluguel da fábrica, que é um custo fixo, mas pode alterar-se em função de reajustes nos alugueis. O custo fixo pode ser repetitivo (quando é constante em um determinado período) ou não repetitivo (o valor não é o mesmo em todos os períodos). Outras Classificações: Custos Primários ou de Transformação; Controlável e Não Controlável; Meta e Padrão. Para saber mais: Assista aos vídeos abaixo para compreender melhor a classificação dos custos. https://www.youtube.com/watch?v=_7BrfWI7eoc https://www.youtube.com/watch?v=ggarPLu4XrM Custo dos Produtos Vendidos Como vimos, a matéria-prima é um custo utilizado no processo de fabricação de um produto final, chamado de produto acabado. O produto acabado enquanto permanecer no estoque da empresa, é um investimento realizado pela companhia. Quando o produto é vendido, o mesmo deve ser baixado do estoque e transferido para a Demonstração do Resultado, no Grupo de Custos dos Produtos Vendidos. O Custo dos Produtos Vendidos compõe-se de custos diretos e indiretos, utilizados na fase de produção. Se for uma empresa comercial, o termo é Custo das Mercadorias Vendidas e se for uma prestadora de serviços, é Custo dos Serviços Prestados. Para a determinação dos custos dos produtos vendidos (ou mercadorias ou serviços), são necessárias três etapas. Envolve encontrar o que foi gasto na produção em determinado período. Utilizaremos a fórmula: CP = MD + MOD + CIF https://www.youtube.com/watch?v=_7BrfWI7eoc https://www.youtube.com/watch?v=ggarPLu4XrM 17 Na qual: CP = Custos de Produção MD = Materiais Diretos MOD = Mão de Obra Direta CIF = Custo Indiretos de Fabricação Os materiais diretos são os insumos aplicados diretamente nos produtos, como matéria prima, embalagens, materiais de consumo, etc. A mão de obra direta é aquela utilizada diretamente na transformação do produto. Os custos indiretos são os demais custos, não aplicáveis diretamente ao produto e que necessitam de uma alocação com o uso de critérios específicos para dividir os custos pelos produtos ou linhas de produtos. Por exemplo, para fabricação de móveis, precisamos dos seguintes materiais em determinado período: a) Materiais Diretos Madeira R$ 1.000,00 Tinta R$ 200,00 Colas R$ 100,00 Parafusos R$ 50,00 b) Mão de Obra Direta Mão de Obra Direta R$ 900,00 c) Custos Indiretos Mão de Obra Supervisão R$ 500,00 Ferramentas R$ 100,00 Depreciação R$ 200,00 CP = MD + MOD + CIF CP = 1.350,00 + 900,00 + 800,00 CP = R$3.050,00 Custo da Produção Acabada (CPA) O custo da produção acabada é o valor total que saiu da produção e foi compor o estoque da empresa, como produto pronto. Ele é obtido considerando quanto a empresa já tinha de gasto no período anterior na forma de estoque inicial de produto em processo (EIPP) mais o que foi adicionado no período, isto é, o CP que foi calculado anteriormente menos o que sobrou na produção no final do período (EFPP): 18 CPA = EIPP + CP - EFPP No qual: EIPP = Estoque Inicial de Produto em Processo CP = Custo de Produção EFPP = Estoque Final de Produto em Processo Exemplo: Utilizando os mesmos valores anteriores, vamos supor que o saldo anterior era de R$ 1.200,00 e o saldo final foi de R$ 1.450,00, em determinado período: CPA = EIPP + CP - EFPP CPA = 1.200,00 + 3.050,00 – 1.450,00 CPA = R$ 2.800,00 No período, foram concluídos (terminados ou acabados) produtos no valor de R$ 2.800,00. Custo dos Produtos Vendidos (CPV) Corresponde ao custo do produto que foi comercializado no período. É o valor do estoque inicial somado com o custo da produção acabada menos o estoque final de produção acabada. É o valor efetivamente vendido dos produtos no período. CPV = EIPA + CPA - EFPA No qual: CPV = Custos dos Produtos Vendidos EIPA = Estoque Inicial dos Produtos Acabados CPA = Custo dos Produtos Acabados EFPA = Estoque Final dos Produtos Acabados Exemplo: Utilizando os mesmos valores anteriores, vamos supor que o saldo anterior era de R$ 1.000,00 e o saldo final foi de R$ 1.200,00, em determinado período: CPV = EIPA + CPA - EFPA 19 CPV = 1.000,00 + 2.800,00 – 1.200,00 CPV = R$ 2.600,00 No período foram vendidos bens e o custo dos produtos vendidos foi de R$ 2.600,00. Como vimos, os gastos em bens como prédios, máquinas e equipamentos, dentre outros, são registrados como um Imobilizado da companhia, e serão utilizados para a geração de renda para a empresa, compondo os investimentos da empresa. Mas os bens, com o passar do tempo, tem sua capacidade produtiva diminuída, em função de desgaste pelo uso, desgaste pela ação do tempo ou ainda pela própria obsolescência tecnológica. O registro dessa perda no valor dos bens é denominado de depreciação, amortização ou exaustão. Depreciação É a diminuição do valor dos bens de uso da empresa, pelo desgaste, ação da natureza ou obsolescência. A depreciação é calculada sobre os bens materiais, corpóreos ou tangíveis, classificados no Ativo imobilizado. O registro é feito periodicamente, diminuindo-se o valor do bem (por meio da criação de uma conta redutora) e contabilizando-se como Custo ou Despesa, dependendo do uso do bem, se no processo produtivo, para a geração dos produtos, ou utilizados nos processos administrativos, de vendas, dentre outros, necessários à empresa, mas não diretamente ligados à fabricação dos produtos. Amortização Corresponde à diminuição de valor de um ativo intangível, ao longo da sua vida útil. Os bens que possuem existência ou duração limitada possuem o registro da diminuição do valor do capital aplicado ao longo do prazo legal ou contratualmente limitado. Como exemplo, se a empresa tem uma determinada marca ou patente e pode utilizar por um período de tempo determinado, o valor amortizável desse item será calculado em função do prazo legal ou contratual que poderá utilizar. 20 Exaustão Exaustão está relacionada com a redução da capacidade de um recurso mineral ou florestal. Os recursos minerais ou florestais possuem sua capacidade física exaurida, à medida que ocorre a extração dos referidos recursos. Se uma determinada jazida tem seu prazo de uso determinado em contrato (o prazo de concessão), os valores gastos para sua aquisição devem sofrer exaustão no período do contrato. Se a mesma jazida não tem umprazo de extração, mas sabe-se a quantidade possível de minério a ser extraído, o valor da exaustão corresponderá ao percentual extraído do total em determinado período. Ex: se uma mina de carvão tem capacidade de 10.000 toneladas e em determinado período foram extraídas 1.000 toneladas, a quota de exaustão corresponde a 10% do valor de aquisição da mina. Métodos de Cálculo da Depreciação A partir de 2008, com a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade, existe a depreciação para fins fiscais, com taxas de depreciação determinadas pela Receita Federal e a depreciação com base na vida útil do bem. A vida útil econômica do bem é determinado pela empresa, com base em estudos e na real capacidade de produção do bem. As empresas devem utilizar a depreciação fiscal para o atendimento ao fisco e a depreciação com base na vida útil para a contabilização da Despesa com Depreciação, que, dependendo da utilização do bem, será um custo dos produtos fabricados ou uma despesa. O cálculo da depreciação é realizado mensalmente e o valor a ser depreciado é chamado de Valor Depreciável, que corresponde ao valor original de aquisição menos o valor residual. O valor residual é o valor que a empresa estima que irá conseguir com a venda do bem no final da vida útil para a empresa. Veremos os principais métodos a seguir. Método Linear ou Constante São aplicadas taxas constantes durante o tempo de vida útil estimada para o bem. É o método mais utilizado. A depreciação por esse método é calculada dividindo-se o valor depreciável pelo tempo de vida útil do bem, e é representado pela seguinte fórmula: 21 Depreciação = (Valor Custo - Valor Residual) / Vida útil Valor do Bem = R$10.000,00 Valor Residual = R$ 2.320,00 Valor a ser depreciado = R$ 7.680,00 Vida útil estimada = 4 anos Depreciação Anual = 7.680,00 / 4 = 1.920,00 Depreciação Mensal = 7.680,00 / 48 = 160,00 Método da Soma dos Dígitos ou soma dos algarismos dos anos Neste método as taxas são variáveis, determinadas pela soma dos algarismos que formam o tempo de vida útil do bem, que representam o denominador da fração. A depreciação é maior no início e menor no final, representando a maior produtividade no início do período e menor produtividade nos anos seguintes. Valor do Bem = R$10.000,00 Valor Residual = R$ 2.320,00 Valor a ser depreciado = R$ 7.680,00 Vida útil estimada = 4 anos Soma dos dígitos = 1 + 2 + 3 + 4 = 10 1º ano = (4 / 10) x 7.680,00 = 0,4 x 7.680,00 = 3.072,00 2º ano = (3 / 10) x 7.680,00 = 0,3 x 7.680,00 = 2.304,00 3º ano = (2 / 10) x 7.680,00 = 0,2 x 7.680,00 = 1.536,00 4º ano = (1 / 10) x 7.680,00 = 0,1 x 7.680,00 = 768,00 Método das Horas de Trabalho / Utilizadas Existem equipamentos que tem a vida útil estimada em horas de trabalho e nesse caso a depreciação pode ser calculada com base nas horas trabalhadas. A quota anual de depreciação é expressa pela seguinte fórmula: 22 Valor do Bem = R$10.000,00 Valor Residual = R$ 2.320,00 Valor a ser depreciado = R$ 7.680,00 Quota de depreciação anual (1º período) = 800 / 10.000 horas = 0,08 ou 8% Depreciação 1º período = 7.680,00 x 0,08 = 614,40 Quota de depreciação anual (2º período) = 1.200 / 10.000 horas = 0,12 ou 12% Depreciação 2º período = 7.680,00 x 0,12 = 921,60 E assim sucessivamente até depreciar todas as 10.000 horas disponíveis para uso da máquina. Método das Unidades Produzidas Esse método determina a taxa de depreciação com base no número de unidades produzidas. É utilizado para o cálculo da depreciação de equipamentos que possuem sua limitação em relação ao total de unidades produzidas. A quota anual de depreciação é expressa pela seguinte fórmula: Valor do Bem = R$10.000,00 Valor Residual = R$ 2.320,00 Valor a ser depreciado = R$ 7.680,00 Quota de depreciação anual (1º período) = 60.000 / 600.000 unidades = 0,10 ou 10% Depreciação 1º período = 7.680,00 x 0,10 = 768,00 Quota de depreciação anual (2º período) = 80.000 / 6000.000 unidades = 0,13333 ou 13,33% Depreciação 2º período = 7.680,00 x 0,13333 = 1.024,00 E assim sucessivamente até depreciar todas as 600.000 unidades que forem produzidas. 23 Para saber mais: Para entender mais sobre os conceitos de depreciação, vida útil dos ativos, métodos de cálculos e teste de recuperabilidade de ativos, assista o vídeo listado a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=PQH6P7s_gQk https://www.youtube.com/watch?v=PQH6P7s_gQk