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TCC - Caracterização Ambiental e Diagnóstico das APPs da Bacia Hidrográfica...

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CENTRO PAULA SOUZA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JAHU 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MEIO AMBIENTE E 
RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
 
 
ALESSANDRO BULGARELI 
 
 
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E DIAGNÓSTICO DAS APPs DA 
BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DA LAGOA EM BARIRI-SP 
 
 
 
 
Jahu/SP 
1° Semestre/2017 
 
 
 
 
 
ALESSANDRO BULGARELI 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E DIAGNÓSTICO DAS APPs DA 
BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DA LAGOA EM BARIRI-SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jahu/SP 
1° Semestre/2017 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade de 
Tecnologia de Jahu, como parte dos requisitos 
para obtenção do título de Tecnólogo em Meio 
Ambiente e Recursos Hídricos. 
Orientador: Prof. Me. José Carlos Toledo 
Veniziani Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha filha Sarah, 
 minha melhor parte, quem me motiva 
 todos os dias me tornar uma pessoa melhor. 
Dedico este trabalho à minha filha Sarah, 
minha melhor parte, quem me motiva todos dias 
me tornar uma pessoa melhor. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. 
A minha família, meu alicerce, fonte de apoio incondicional. 
A minha filha Sarah e minha mulher Daviane, por sempre estarem do meu lado, não 
importa a situação. 
Ao meu orientador Prof. Me. Kiko, pela confiança, pelo suporte e incentivo, que me 
fizeram acreditar e tornaram possível а conclusão desta monografia. 
Aos demais professores do curso de M.A.R.H. da Fatec – Jahu, que fizeram parte 
dessa jornada: Maria Hermínia, Rosella, Fabiana, Wilson, Pedro Paulo, Valéria, 
Jozrael, Vera, Flávia, Raquel, Dirceu, Natália Tecedor, Natália Galastri, Marina, 
Fernando, Dalva, Buga, Rodrigo e a Cris (auxiliar de docente). 
A todos os amigos que surgiram nesta caminhada, pelos grandes e inesquecíveis 
momentos compartilhados, sentirei saudades. 
A todos aqueles qυе de alguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo 
esta vida valer cada vez mais а pena. 
Muito obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Água que nasce na fonte serena do mundo 
E que abre um profundo grotão 
Água que faz inocente riacho 
E deságua na corrente do ribeirão 
 
Águas escuras dos rios 
Que levam a fertilidade ao sertão 
Águas que banham aldeias 
E matam a sede da população 
 
Águas que caem das pedras 
No véu das cascatas, ronco de trovão 
E depois dormem tranquilas 
No leito dos lagos 
No leito dos lagos 
 
Água dos igarapés 
Onde Iara, a mãe d'água 
É misteriosa canção 
Água que o sol evapora 
Pro céu vai embora 
Virar nuvens de algodão 
 
Gotas de água da chuva 
Alegre arco-íris sobre a plantação 
Gotas de água da chuva 
Tão tristes, são lágrimas na inundação 
 
Águas que movem moinhos 
São as mesmas águas que encharcam o chão 
E sempre voltam humildes 
Pro fundo da terra 
Pro fundo da terra 
 
Terra! Planeta Água 
Terra! Planeta Água 
 Terra! Planeta Água” 
 
 
Guilherme Arantes 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo deste trabalho foi identificar as características ambientais da Bacia 
Hidrográfica do Córrego da Lagoa, em Bariri – SP e diagnosticar as condições das 
suas Áreas de Preservação Permanente (APP) através da elaboração do mapa de 
uso do solo confrontando-o com o mapa de APP, verificando a adequação à 
Legislação Ambiental vigente. Realizou-se também uma análise do manancial São 
Luiz, localizado na bacia, verificando a situação em relação a Outorga de Direito de 
Uso dos Recursos Hídricos. Como fonte de informações foram utilizadas cartas 
topográficas do IGC, imagem de satélite disponibilizadas no Google Earth e como 
ferramenta de trabalho o software gratuito nanoCAD. Os resultados mostraram uma 
bacia predominantemente rural, ocupada em maior parte com cana de açúcar (67%) 
e pastagem (16,5%), enquanto os remanescentes florestais ocupam apenas 6,6% da 
área. Suas APPs estão com pouco mais da metade da área irregular, aspecto muito 
preocupante, principalmente por se tratar de um manancial de abastecimento público. 
Sobre a adequação da captação de água do manancial, foi verificado, segundo os 
dados da Regionalização Hidrológica do estado de São Paulo, que o volume 
outorgável não atenderia a atual demanda, sendo necessária a realização de estudos 
hidrológicos locais para uma possível ampliação da capacidade outorgável ou até 
mesmo a busca de novas áreas de captação suprindo o déficit verificado. A situação 
observada demanda planejamento e ações para uma recuperação ambiental, 
envolvendo novos estudos hidrológicos e projetos de recuperação das matas ciliares, 
visando atendimento a legislação e preservação de seus cursos d’água e suas 
nascentes. 
 
 
Palavras chave: Área de Preservação Permanente - APP; Bacia Hidrográfica; 
Diagnóstico Ambiental; Manancial; Outorga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The objective of this work was to identify the environmental characteristics of the 
Córrego da Lagoa Watershed in Bariri - SP and to diagnose the conditions of its 
Permanent Preservation Areas (APP) areas through the elaboration of the land use 
map by comparing it with the APP map, verifying the Compliance with the current 
Environmental Legislation. An analysis of the São Luís spring located in the watershed 
was also carried out, verifying the situation regarding the Right to Use of Water 
Resources. As a source of information, topographic maps of the IGC, satellite imagery 
made available in Google Earth and as a working tool were used for the free nanoCAD 
software. The results showed a predominantly rural watershed, mostly occupied by 
sugarcane (67%) and pasture (16.5%), while forest remnants occupy only 6.6% of the 
area. Its APPs are with little more than half of the irregular area, aspect very worrying, 
mainly because it is a source of public supply. Regarding the adequacy of the water 
catchment of the spring, it was verified, according to the data of the Hydrological 
Regionalization for the state of São Paulo, that the granting volume would not meet 
the current demand, being necessary the realization of local hydrological studies for a 
possible expansion of the capacity or even the search for new catchment areas, 
supplying the verified deficit. The observed situation demands planning and actions for 
the environmental recovery, involving new hydrological studies and projects of 
recovery of the riparian forests, aiming at the compliance with the legislation, and the 
preservation of its watercourses and their springs. 
 
 
 
Keywords: Permanent Preservation Area - APP; Watershed; Environmental 
Diagnosis; Source; Grants. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 1. Classificação das águas doces segundo CONAMA ...................................28 
Figura 2. APPs nas margens de rios, ribeirões e riachos .........................................34 
Figura 3. APPs em nascentes e olhos d’água ...........................................................35 
Figura 4. APPs em reservatórios ...............................................................................36 
Figura 5. Regionalizações hidrologicamente semelhantes do Estado de SP ............43 
Figura 6. Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego da Lagoa ..........................45 
Figura 7. Imagem e localização do recuo dos cursos d’água ...................................49 
Figura 8. Área onde se encontrava um curso d’água. Atualmente mata ciliar ...........50 
Figura 9. Área onde se encontrava um curso d’água. Atualmente silvicultura ..........50 
Figura 10. Precipitação média anual e Vazão média plurianual .................................51 
Figura 11. Curva de Permanência .............................................................................52Figura 12. Vazão mínima anual de “d” meses consecutivos ......................................53 
Figura 13. Vazão mínima de 7 dias consecutivos com “T” anos de período de retorno 
....................................................................................................................................54 
Figura 14. Bacia Hidrográfica do Córrego da Lagoa: Mapa de Uso do Solo..............58 
Figura 15. Bacia Hidrográfica do Córrego da Lagoa: Mapa de uso do Solo nas áreas 
de APP .......................................................................................................................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 1. Bacia Hidrográfica do Córrego da Lagoa: Características Morfométricas e 
Índices .......................................................................................................................48 
Tabela 2. Área do uso dos solos na Bacia expressas em hectares (ha) e porcentagem 
(%) .............................................................................................................................59 
Tabela 3. Uso dos solos na área de APP expressos em hectares (ha) e porcentagem 
(%) .............................................................................................................................62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11 
2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 14 
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14 
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 15 
3.1 Bacias Hidrográficas ........................................................................................ 15 
3.2 Geoprocessamento .......................................................................................... 18 
3.3 Sensoriamento Remoto ................................................................................... 20 
3.3.1 Sistemas Sensores .................................................................................... 22 
3.4 Sistema de Informação Geográfica .................................................................. 24 
3.5 Abastecimento urbano / Qualidade das águas ................................................ 27 
3.6 Legislação Ambiental ....................................................................................... 32 
3.7 Outorga dos direitos de uso de Recursos Hídricos .......................................... 37 
3.8 Regionalização Hidrológica .............................................................................. 42 
4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 44 
4.1 Área de Estudo ................................................................................................ 44 
4.2 Metodologia ..................................................................................................... 46 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 48 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 63 
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 66 
 
 
11 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A água sempre foi essencial a qualquer forma de vida, para sua sobrevivência 
e para seu desenvolvimento. Onde não há água não há vida. Todas as civilizações 
tanto do passado como do presente sempre dependeram da água doce para seu 
desenvolvimento cultural e econômico. Mas apesar dessa dependência da água para 
sua sobrevivência, as sociedades humanas poluem e degradam esse recurso, tanto 
as águas superficiais quanto as subterrâneas, causando perdas extremamente 
elevadas em quantidade e qualidade da água. 
Essa crescente deterioração dos recursos hídricos está relacionada com o 
crescimento e diversificação das atividades agrícolas, o aumento da urbanização e 
das atividades antrópicas nas bacias hidrográficas (TUNDISI; TUNDISI, 2011). 
De acordo com Freire (2007) um fator importante no processo de degradação 
ambiental, principalmente dos recursos hídricos, é o uso e ocupação do solo em uma 
bacia hidrográfica. A falta de planejamento do uso e ocupação do solo frente à 
expansão e o desenvolvimento urbano, sobretudo nas pequenas bacias, torna- se 
preocupante perante à necessidade de abastecimento de água da população, da 
demanda industrial, além da manutenção do equilíbrio do ecossistema. 
Nas três últimas décadas, é substancial o incremento de estudos relativos aos 
recursos hídricos, dada a importância alcançada pelo recurso água em nossa 
sociedade industrial moderna, e a utilização da bacia hidrográfica como unidade 
territorial preferencial desses estudos, subsidiando tanto o planejamento ambiental e 
territorial quanto fundamentando boa parte da legislação ambiental do Brasil e em 
muitos países (MACHADO; TORRES, 2012). 
Segundo Oliveira; Pinto e Lombardi Neto (2005), para uma análise, elaboração 
e aplicação eficaz de um plano de gestão, sendo adotada a bacia hidrográfica como 
unidade de observação, é necessário obter-se o máximo de informações e dados 
referentes a realidade da área, e isso se torna mais viável e prático com auxílio do 
sensoriamento remoto e dos SIG, respectivamente. 
12 
 
A qualidade da água de um manancial reflete o uso e ocupação do solo de sua 
bacia, onde se encontram os principais fatores de risco da degradação do manancial. 
Acontece em maior grau, a perda da qualidade das águas pela poluição, e, em menor 
grau, a perda da quantidade por alterações climáticas e consequentes alterações do 
ciclo hidrológico devido a própria exploração (CAMARGO, 1997). 
A disponibilidade da água tanto em quantidade quanto em qualidade é um fator 
determinante para o desenvolvimento das cidades. Para manter esse recurso 
sustentável é necessário um planejamento voltado a proteção dos mananciais de 
abastecimento, pois a qualidade da água bruta depende da forma pelo qual a bacia 
hidrográfica onde ele está localizado é manejada. Machado e Torres (2012), abordam 
que a água de um manancial é o resultado da drenagem de sua bacia hidrográfica, 
sendo assim suas características físicas, químicas, biológicas e ecológicas são 
sempre dependentes diretamente das ações (uso e ocupação) que se realizam no 
solo dessa bacia, bem como o grau de controle que se tem (ou não) sobre essas 
fontes, garantindo a sua qualidade. Afirmam ainda que a falta de planejamento e de 
gestão adequada dos usos do solo e a utilização indevida dos recursos hídricos, 
especialmente nas áreas dos mananciais destinados ao abastecimento público, têm 
gerado graves problemas econômicos e ambientais. 
Considerando a importância que o uso do solo exerce sobre os mananciais de 
abastecimento público, é fundamental a adoção de técnicas de manejo adequadas 
visando garantir a qualidade e quantidade da produção de água. Neste sentido se faz 
necessária a caracterização ambiental da bacia hidrográfica do córrego da lagoa, 
ainda mais por se tratar de manancial de abastecimento público, responsável por 
grande parte da demanda do município de Bariri. A identificação e mapeamento do 
uso e da ocupação do solo, servirão de base para o planejamento voltado ao manejo 
sustentável da bacia com o objetivo de garantir a estabilidade da disponibilidade dos 
recursos hídricos para a população. 
O uso de tecnologias de mapeamento computacionais possibilita a realização 
de estudos e análises espaciais,apresentando-se como uma alternativa para 
realização desse trabalho. O uso do SIG (Sistemas de Informação Geográfica), para 
o estudo de situações complexas, tem produzidos resultados de grande utilidade e 
com boa qualidade como aponta Soares et al (2012). Dessa forma, quando se faz 
13 
 
necessário mapear, monitorar o uso e ocupação do solo em áreas consideradas 
especiais e que precisam ser preservadas, o emprego de tecnologias de 
geoprocessamento é bastante viável na análise do cumprimento da legislação 
ambiental (SILVA, 2010). 
A qualidade da água de um manancial está intimamente ligada com seus usos 
e atividades desenvolvidas na bacia hidrográfica, bem como a situação de suas matas 
ciliares. A manutenção de um manancial hídrico livre das degradações é uma garantia 
que o mesmo seja capaz de produzir água em quantidade e qualidade adequadas ao 
abastecimento público, além de reduzir custos no tratamento da água. 
Dada a importância da manutenção da quantidade e qualidade da água a ser 
distribuída para a população, é indispensável um estudo da bacia hidrográfica do 
Córrego da Lagoa, que engloba o Manancial São Luiz, realizando a caracterização 
ambiental e mapeamento do uso e ocupação do solo, com auxílio de tecnologias de 
geoprocessamento e sensoriamento remoto. 
Como constado por este trabalho estas técnicas são viáveis na análise do 
cumprimento da legislação ambiental, especialmente, quando se faz necessário 
mapear e monitorar áreas especiais que necessitam ser preservadas, como é o caso 
do manancial São Luiz, promovendo a conservação das condições ambientais 
favoráveis à garantia da produção e reserva de água no manancial e melhoria de suas 
condições ecológicas. 
 
14 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Promover a caracterização e diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica do 
Córrego da Lagoa, verificando a adequação do uso do solo nas Áreas de Proteção 
Permanente (APP) e da Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos à legislação 
vigente. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
• Delimitar a bacia hidrográfica do Córrego da Lagoa e da área de captação de 
água (Manancial São Luiz) para abastecimento da cidade de Bariri-SP. 
• Mapear o uso do solo na bacia hidrográfica do Córrego da Lagoa. 
• Elaborar um mapa de Áreas de Preservação Permanente (APPs Hídricas) 
segundo o novo Código Florestal, Lei 12.651/2012. 
• Analisar a adequação do uso do solo em relação a legislação ambiental na 
bacia do Córrego da Lagoa. 
• Verificar adequação da captação de água à Lei 9.433/1997 referente a outorga 
de uso dos recursos hídricos. 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 Bacias Hidrográficas 
A bacia hidrográfica compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de 
uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até resultar em um 
leito único no seu exutório (TUCCI, 1997), ou seja, uma área de captação natural da 
água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída. 
A bacia hidrográfica é onde se realizam os balanços de entrada proveniente 
das precipitações e saída de água através do exutório, permitindo que sejam 
delineadas bacias e sub-bacias. Sobre o território definido como bacia hidrográfica é 
que se desenvolvem as atividades humanas. Todas as áreas urbanas, industriais, 
agrícolas ou de preservação fazem parte de alguma bacia hidrográfica. Pode-se dizer 
que, no seu exutório, estarão representados todos os processos que fazem parte do 
seu sistema. O que ali ocorre é consequência das formas de ocupação do território e 
da utilização das águas que para ali convergem (PORTO; PORTO, 2008). 
Segundo Tundisi e Tundisi (2011) a bacia hidrográfica tem certas 
características essenciais que a tornam uma unidade muito bem caracterizada e 
permitem a integração multidisciplinar entre diferentes sistemas de gerenciamento 
representando a unidade mais apropriada de planejamento e gestão de recursos 
hídricos, sendo adotada dessa forma em muitos países e regiões. 
 Na área de planejamento ambiental, o conceito de Bacia Hidrográfica tem sido 
amplamente utilizado como unidade de gestão da paisagem, onde em um estudo 
hidrológico envolve explicitamente o conjunto de terras drenadas por um corpo d’água 
principal e seus afluentes e representa a unidade mais apropriada para o estudo 
qualitativo e quantitativo do recurso água e dos fluxos de sedimentos e nutrientes 
(PIRES; SANTOS; DELL PRETTE, 2002). 
 De acordo com Garcez e Alvarez (1988), o ciclo hidrológico, é o comportamento 
natural da água em relação à sua ocorrência, transformações de estado e relações 
com a vida humana. Este sofre grande influência no seu comportamento, diante das 
características topográficas, geológicas, geomorfológicas, pedológicas e térmicas da 
bacia hidrográfica, bem como o tipo de cobertura do seu solo. 
16 
 
 As bacias hidrográficas são consideradas ótimas unidades de gerenciamento, 
sejam elementos naturais ou sociais, pois se adotando essa visão, torna-se possível 
fazer um acompanhamento das atividades antrópicas na área e consequentemente 
suas respectivas respostas e reações (GUERRA; CUNHA, 1996). Eles ressaltam 
também que em países desenvolvidos, a adoção da bacia hidrográfica como unidade 
de gestão torna-se cada vez mais utilizada, uma vez que permite um melhor 
planejamento para o manejo dos recursos naturais, equidade na distribuição, 
monitoramento em seus diversos usos e melhorias quali-quantitativas notórias. 
 De acordo com Villela e Mattos (1975) as bacias hidrográficas são 
necessariamente contornadas por uma linha de separação, um divisor, que separa as 
precipitações encaminhando-as para um outro sistema fluvial. O divisor define o 
perímetro da bacia e contorna a área de drenagem, percorre os pontos de máxima 
cotas entre bacias, o que não impede que no seu interior existam picos isolados com 
cota superior a qualquer ponto do divisor. Os autores comentam ainda sobre a grande 
importância das características físicas de uma bacia por causa da estreita relação 
entre o regime hidrológico e estes elementos. 
 Uma bacia hidrográfica tem como suas principais características físicas: 
Densidade de Drenagem (Dd) – indica o grau de desenvolvimento do sistema 
de drenagem, sendo a relação entre o comprimento total dos cursos d’água (L) 
presentes na bacia (efêmeros, perenes ou intermitentes) com a área total da bacia 
(A): 
 
 Índices em torno de 0,5 Km/Km² indicam uma drenagem pobre e índices com 
3,5 Km/Km² ou mais indicam bacias bem drenadas, ou seja, quanto maior o índice 
maior a eficiência de drenagem da bacia (VILELLA; MATTOS, 1975). 
Rede de Drenagem – constituído pelo curso principal e seus afluentes, indica a 
maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. 
Coeficiente de compacidade (Kc) – um parâmetro adimensional, caracteriza a 
forma da bacia. É a relação entre o perímetro da bacia (P) e a circunferência de um 
17 
 
círculo de mesma área que a bacia. Valores próximos a 1 indicam que a forma da 
bacia se aproxima de um círculo, com maior tendência a enchentes: 
 
Fator de forma (Kf) – é definido pela relação entre a largura média da bacia e o 
seu comprimento axial (L), que vai da foz ao ponto mais longínquo da área. A largura 
média da bacia é obtida dividindo-se a área da bacia pelo seu comprimento axial, 
assim o fator de forma resulta: 
 
O fator de forma relaciona a forma da bacia a um retângulo, onde, quanto menor 
for seu valor, mais comprida é a bacia e consequentemente menos sujeita a picos de 
inundação. 
Índice de circularidade (Ic) - estabelece a relação existente entre a área da 
bacia e a área do círculo de mesmo perímetro. Simultaneamente ao coeficiente de 
compacidade, o índice de circularidade tende para a unidade à medida que a bacia se 
aproxima da forma circular. Um coeficiente mínimo igual à unidade corresponderia a 
uma baciacircular, e para uma bacia alongada, seu valor é significativamente inferior 
a 1. 
Ordem dos cursos d’água – classificação que reflete o grau de ramificação e 
bifurcação dentro de uma bacia; 
Extensão média do escoamento superficial – distância média que a água da 
chuva teria que escoar sobre os terrenos da bacia (em linha reta) do ponto da 
precipitação até o curso d’água mais próximo; 
Área de drenagem (A) – constitui a área drenada pelo sistema fluvial delimitada 
por seus divisores topográficos (divisor de águas), projetada em plano horizontal. 
Perímetro (P) – constitui o comprimento médio ao longo do divisor de águas; 
18 
 
Talvegue – linha sinuosa no fundo do vale (curso d’água principal da bacia) 
hidrográfica. 
A forma da bacia é uma característica que interfere no comportamento 
hidrológico, como por exemplo, no tempo de concentração (Tc). Tempo de 
concentração é definido como sendo o tempo, a partir do início da precipitação, 
necessário para que toda a bacia contribua com a vazão no exutório ou na seção de 
controle. Ele está relacionado com a forma, com o comprimento, com a área, e com a 
declividade da bacia. 
De acordo com Gonçalves e Araújo (2012), o aproveitamento dos recursos 
hídricos em uma bacia hidrográfica pode ser feito de maneira mais racional com 
maiores benefícios à sociedade em geral quando cada bacia é estudada 
pontualmente. Levando em consideração todas as suas possíveis características e a 
variabilidade muito grande entre as bacias, é de suma importância a avaliação dos 
parâmetros que caracterizam fisicamente e funcionalmente as bacias hidrográficas 
para se ter conhecimento dos fatores que determinam a natureza e que podem fazer 
comparações entre as bacias. 
 
3.2 Geoprocessamento 
 
 Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, tornou-se possível 
armazenar e representar informações sobre distribuição geográfica de recursos 
minerais, propriedades, animais e plantas, que até pouco tempo era feito em 
documentos e mapas de papel, em ambientes computacionais, abrindo espaço para 
o surgimento do Geoprocessamento (CÂMARA; DAVIS; 2004). 
 Segundo Mello Filho e Silva (2015) o Geoprocessamento é uma tecnologia 
capaz de conceder informações completas, precisas (em função da base de dados 
disponível) e atualizadas, o que possibilita a manipulação eficiente desses dados e 
orienta à tomada de decisão, para que se atinjam os objetivos definidos por programas 
de gerenciamento ambiental ou de administração pública. O incentivo a aplicação de 
instrumentos de Geoprocessamento é essencial para possibilitar novos caminhos que 
vislumbram atividades de análises ambientais, zoneamento, planejamento e gestão 
19 
 
dos recursos ambientais territoriais, estabelecendo metodologias para melhor efetuar 
o uso mais racional e eficiente dos espaços e regiões. 
 Para Veiga e Silva (2010), o geoprocessamento altera a maneira de coletar, 
utilizar e compartilhar a informação, possibilitando o monitoramento do 
desenvolvimento, através de vários meios, como mapas interativos ou imagens de 
satélites que possam permitir a espacialização da extensão dos efeitos das políticas 
e ações de desenvolvimento, sobre o espaço abordado e em tempo real. 
 A expressão geoprocessamento abrange um grande campo da geociência, 
podendo classificar toda atividade associada ao mapeamento da superfície (geo = 
Terra) ou análise de suas características, como processamento de informações 
espaciais, pois está ligado à manipulação de dados que resultem em informações 
ligadas a Terra (BIELENK JÚNIOR; BARBASSA, 2012). 
 Nas palavras de Rocha (2007) o geoprocessamento pode ser definido como 
uma disciplina pluridisciplinar, capaz de integrar equipamentos, programas, 
processos, dados, pessoas e metodologias para coleta, tratamento, avaliação e 
apresentação de informações relacionadas a mapas digitais georreferenciados. 
 De acordo com Câmara e Davis (2004) as ferramentas computacionais para 
Geoprocessamento, chamadas de Sistema de Informação Geográfica, permitem 
realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar banco de 
dados georreferenciados, utilizando técnicas matemáticas e computacionais para o 
tratamento da informação geográfica, que vem influenciando de maneira crescente as 
áreas de cartografia, análise de recursos naturais, transportes, comunicações, 
planejamento urbano entre outros. 
 Buscando examinar fenômenos ou situações observadas em determinado 
lugar no espaço, surge a necessidade da informação integrada e especializada que 
dê dados à tomada de decisão. O fato de o geoprocessamento manipular informações 
geograficamente confiáveis, de forma acessível, rápida, de grande importância ao 
planejamento estratégico, sendo estes dados compatíveis as particularidades de cada 
comunidade e do espaço por elas utilizados ou alterado é sem dúvida, sua 
contribuição de maior importância (VEIGA; SILVA, 2010). 
20 
 
Geoprocessamento é uso automatizado de informações vinculadas a um 
determinado lugar no espaço, por meio de um simples endereço ou coordenadas, no 
qual existem vários sistemas que fazem parte do geoprocessamento, e o SIG 
(Sistema de Informação Geográfica) é o que reúne maior capacidade de 
processamento e análise de dados espaciais (SILVA, 2010). 
Rosa (2005) associa o termo geoprocessamento às geotecnologias, as quais 
se resumem num conjunto de processos destinados a coleta, ao processamento, a 
análise e ao fornecimento de dados georreferenciados, destacando-se a cartografia, 
a topografia, o sensoriamento remoto, os sistemas de informação geográfica e os 
sistemas de posicionamento global, pois auxiliam veemente na tomada de decisões. 
Para Silva (2010), o geoprocessamento é a junção das tecnologias que 
produzem informações necessárias para que se tome decisões e ações, seja para o 
planejamento ambiental ou urbano, com a capacidade de manipular dados ou 
informações, desde que seus elementos possam ser representados num mapa, como 
casas, escolas, hospitais, florestas, rios, etc. 
De acordo com Bielenk Júnior e Barbassa (2012), ao aplicar o 
geoprocessamento em um determinado assunto como recursos hídricos, é necessário 
estar apoiado em três pilares: o conhecimento do tema, define as regras e as formas 
de interação entre os dados; a cartografia, que se atenta a melhor forma de 
espacializá-los; e a informática, trata da ligação entre as informações e as suas 
representações espaciais. 
Zaidan e Silva (2010) dizem que o geoprocessamento permite moldar a 
realidade ambiental, viabilizando o tratamento, a manipulação e a disponibilização de 
dados e informações referentes ao alvo desejado de maneira mais ágil e rápida. 
 
 
3.3 Sensoriamento Remoto 
 
 A origem do Sensoriamento Remoto está vinculada ao surgimento da fotografia 
aérea, e está estreitamente ligada ao uso militar, podendo ser dividida no período de 
1860 a 1960, e de 1960 aos dias atuais (FLORENZANO, 2002). 
21 
 
 Ainda segundo este autor, na primeira Guerra Mundial, inicia-se o uso de aviões 
para realizar fotos aéreas, e na Segunda Guerra Mundial houve um grande 
desenvolvimento do Sensoriamento Remoto, quando foi desenvolvido o filme 
infravermelho (para diferenciar vegetação de alvos pintados de verde) e introduzido 
novos sensores. A partir de 1960, foram tiradas as primeiras fotografias da superfície 
terrestre através de satélites orbitais, que demonstraram o potencial e as vantagens 
da aquisição de imagens orbitais, o que incentivou a construção de mais satélites de 
coleta de dados meteorológicos e recursos terrestres. 
O Sensoriamento Remoto é um conjunto de atividades capaz de obter 
informações dos objetos que compõe a superfície da terra, através de sua interação 
com a energia eletromagnética emitida ou refletida por eles, não havendo nenhum 
contato direto entre si. Essas interações são definidas pelas propriedades físico-
químicase biológicas, tornando passíveis de serem identificadas e interpretadas as 
imagens e os dados coletados pelos sensores (MORAES, 2002). 
Em uma definição ampla, a tecnologia que permite a aquisição de informações 
sobre objetos sem contatos físicos com eles, pode ser definida como Sensoriamento 
Remoto, ou seja, a utilização de sensores para a aquisição de tais informações. Esses 
sensores utilizam a energia proveniente do objeto, a convertem em sinal passível de 
ser registrado e apresenta de forma adequada à extração de informações, segundo 
Novo (1992). 
Silva (2010) comenta que, as informações sobre o objeto são derivadas a partir 
da detecção das modificações que ele impõe sobre os campos de força que o cercam, 
ou seja, Sensoriamento Remoto utiliza as propriedades físico-químicas dos objetos 
com base nas interações eletromagnéticas com os alvos e o meio ambiente para 
aquisição e análise das informações. 
Figueiredo (2005), diz que cada alvo interage de maneira diferente com a 
radiação solar incidente na superfície terrestres e as composições físico-químicas dos 
objetos ou feições terrestres é que determinam a diferença. Cada alvo absorve ou 
reflete de modo diferente cada uma das faixas do espectro de luz incidente. 
Para Florenzano (2002) o sensoriamento remoto é um conjunto de tecnologias 
que nos fornecem imagens e dados pelos sensores eletrônicos instalados em satélites 
artificiais. Esta radiação é transformada em sinais elétricos, registrados e enviados as 
22 
 
estações na terra, sendo posteriormente transformados em gráficos, imagens ou 
tabelas. Através da interpretação desses dados é possível obter-se informações da 
superfície da terra e identificar os objetos que nela estão representados. 
O sensoriamento remoto é a tecnologia que mais fornece dados para estudos 
e análises de fenômenos espaciais (FITZ, 2008), sendo necessário para a aquisição 
de dados desejados alguns elementos como a fonte da qual fornecerá energia 
(radiação), o alvo/objeto desejado e o sensor (sistema de imageamento e detecção). 
De acordo com Jensen (2011), um dos atributos de grande valia quanto à 
funcionalidade do sensoriamento remoto, é que este obtém o registro das feições 
terrestres em um momento específico no tempo. Vários destes registros, de uma 
mesma feição terrestre, coletadas ao longo do tempo, oferecem juntos a possibilidade 
de identificação dos processos em evolução, além do mais, auxiliam na realização de 
previsões quanto esses elementos dinâmicos. 
No Brasil, os principais fatores para o país aderir e buscar um aprimoramento 
em relação ao desenvolvimento do sensoriamento remoto, segundo Rosa (2005) 
foram: a extensão do território brasileiro e o pouco conhecimento da disponibilidade 
de recursos naturais, isso aliado ao alto custo de obtenção de dados de modo 
convencional. 
 
3.3.1 Sistemas Sensores 
 
Qualquer equipamento capaz de transformar alguma forma de energia 
(radiação eletromagnética) em um sinal passível de ser convertido em informações 
sobre o ambiente pode ser definido como sensor. Eles podem ser classificados como 
sensores passivos e sensores ativos (NOVO, 1992). Os sensores passivos dependem 
de uma fonte de irradiação externa para que possam operar, eles detectam a radiação 
solar refletida ou emitida pelos objetos da superfície. Já os sensores ativos produzem 
sua própria radiação, um bom exemplo são os radares, eles produzem a energia 
radiante que irá interagir com os objetos da superfície. 
A definição do termo “sensores” pode ser compreendido como dispositivos 
capazes de captar energia refletida ou emitida por uma superfície qualquer e 
23 
 
memorizá-la na forma de variados dados digitais como imagens, gráficos, dados 
numéricos, etc., que são susceptíveis de serem acondicionados, manipulados e 
analisados através de softwares específicos (FITZ, 2008). 
Também é possível classificar os sensores segundo a função de seu produto 
originado, diz Fitz (2008), assim eles são classificados em sensores não-imageadores, 
ou seja, sintetiza os dados coletados e transmite-os na forma de dados digitais 
diversos, como gráficos e tabelas, e sensores imageadores, onde os dados coletados 
e as áreas “varridas” por ele são traduzidos no formato de imagens, semelhante a 
fotografias. 
Para Figueiredo (2005) um sensor tem a finalidade de captar a radiação 
eletromagnética e transformá-la em valores digitais proporcionais a intensidade de 
energia captada ou em pulsos eletrônicos, um sensor pode ser definido como uma 
máquina fotográfica a qual fica instalada em um determinado ponto fixo ou móvel 
(satélites). Eles podem ser classificados também segundo a sua fonte: sensores 
passivos, onde a luz solar é a principal fonte de energia, pois utilizam a radiação 
eletromagnética emitida e refletida da superfície terrestre; e sensores ativos, os quais 
utilizam radiação eletromagnética artificial, ou seja, há a necessidade de gerar energia 
a qual o sensor irá captar. Consiste em emitir energia até atingirem a superfície 
terrestre, onde interagem com os alvos determinados, refletem e retornam para o 
satélite. 
Segundo Florenzano (2002) a energia com qual operam os sensores remotos 
é a radiação eletromagnética, que pode ser de fonte natural, como a luz do sol e o 
calor emitido pela terra, ou pode ser de fonte artificial, como, por exemplo, a do flash 
de uma máquina fotográfica e o sinal produzido por um radar. Essa energia se propaga 
em forma de ondas eletromagnéticas com a velocidade da luz (300.000 K/s), é medida 
em “frequência” (número de vezes que uma onda se repete por unidade de tempo, em 
unidades de hertz-Hz) e “comprimento” (distância entre dois picos de ondas 
sucessivas, em unidades de metro). A distribuição da radiação eletromagnética é 
representada pelo Espectro Eletromagnético. 
Cada objeto na superfície terrestre como a vegetação, a água, o solo, 
absorvem, refletem e transmitem a radiação eletromagnética de acordo com o 
comprimento de onda baseado em suas características bio-físico-químicas, e devido 
24 
 
as suas variações é possível distinguir os objetos nas imagens de sensores remotos 
(FLORENZANO, 2002). 
Figueiredo (2005) esclarece que a menor parcela imageada e indivisível é 
denominada pixel e é impossível identificar qualquer alvo dentro de um pixel pois seu 
valor integra todo o feixe de luz proveniente da área do solo correspondente ao 
mesmo. A dimensão do pixel é denominada de resolução espacial, quanto menor a 
dimensão do pixel maior é a resolução espacial da imagem. As imagens de maior 
resolução espacial têm melhor poder de definição dos alvos terrestres, cada sistema 
sensor tem uma capacidade de definição do tamanho do pixel. 
Florenzano (2002) comenta que resolução se refere à capacidade de um 
sensor enxergar os objetos da superfície terrestre, assim a resolução espacial pode 
ser definida como o menor elemento ou superfície distinguível por um sensor. 
Segundo Antunes e Centeno (2007) quanto maior a resolução, também maior 
é a quantidade de informações que podem ser obtidas das imagens. No caso da 
resolução espacial, a quantidade de detalhes visíveis na imagem aumenta, 
possibilitando a visualização e identificação de objetos que em uma resolução mais 
grosseira não seria possível, pois estariam invisíveis. 
Fitz (2008) explica que a interpretação das imagens geradas por sensoriamento 
remoto obedece aos princípios básicos da interpretação aerofotogramétrica, pode ser 
definida como fotointerpretação, uma técnica que busca identificar, interpretar e obter 
informações de fenômenos e objetos de imagens fotográficas, podendo ser estendida 
à interpretação de imagens de satélite e radar quando trabalhadas na faixa do visível. 
Em todos os casos, a interpretação baseia-se na percepção do intérprete, por isso é 
de fundamental importância a familiarização do local de trabalho e torna-se 
interessante a realização de umestudo das características geográficas da região do 
estudo. 
 
3.4 Sistema de Informação Geográfica 
 
A ferramenta SIG foi originalmente desenvolvida para facilitar os trabalhos dos 
cartógrafos, mas hoje é amplamente utilizada no planejamento, modelagem, 
25 
 
inventários e estimativas. Seu principal objetivo é o suporte à tomada de decisões 
para gerenciamento do uso do solo, recursos hídricos, ecossistemas aquáticos e 
terrestres, ou qualquer entidade distribuída espacialmente, para promover uma 
conexão entre a localização, a proximidade e a distribuição espacial e melhor 
aproveitamento do território. Seu campo de aplicação pode variar desde a geografia, 
geologia, geotecnia, hidrologia, meio ambiente, computação, economia, agrimensura, 
engenharias (ambiental, florestal e civil) e planejamentos urbanos e regionais (SILVA, 
2010). 
De acordo com Rosa (2005) o SIG é um conjunto de ferramentas para coleta, 
armazenamento, recuperação, transformação e exibição de dados espaciais do 
mundo real para um conjunto particular de propósitos. A base cartográfica é o seu 
ponto de partida, a qual deve ser respeitada alguns princípios na elaboração, como o 
elipsoide de referência, datum geodésico, precisão gráfica, generalização e a projeção 
cartográfica. 
O SIG é uma área do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e 
computacionais para o tratamento da informação geográfica, é uma ferramenta 
computacional do Geoprocessamento. O SIG permite armazenar e integrar 
informações geográficas de diferentes fontes e escalas, essas informações devem ser 
georreferenciadas, ou seja, com localização geográfica definida através de 
coordenadas (FLORENZANO, 2002). Em estudos e monitoramento do meio 
ambiente, no planejamento de cidades, regiões e diferentes tipos de atividades e 
serviços, é de grande utilidade o uso do SIG. 
Nas palavras de Lang e Blaschke (2009), o SIG é um sistema composto de 
hardware, software e dados, usado em tarefas que envolvam arquivo, gestão, 
manipulação, análise e difusão de dados areolares, é um sistema computacional de 
alta capacidade que permite manuseio de grandes conjuntos de dados. 
Para operar a ferramenta SIG, em um contexto institucional, é necessário a 
compreensão de cinco elementos básicos, segundo Silva (2010): 
• Hardware: qualquer tipo de plataforma computacional, incluindo 
computadores pessoais. Quanto aos periféricos de entrada são 
utilizadas mesas digitalizadoras, scanners, etc. No que se refere a 
periféricos de saída, são utilizadas impressoras especiais e plotters. 
26 
 
• Software: desenvolvido em níveis sofisticados, constituído de módulos 
que executam as mais variadas funções. 
• Dado: elemento fundamental para o SIG representam 70% do custo total 
da implantação do SIG. 
• Profissional: a pessoa responsável pelo projeto, implantação e uso do 
SIG, é o elemento mais importante. 
• Métodos: técnicas e critérios que irão nortear o uso do SIG. 
Para a utilização de um SIG é necessário a existência de um banco de dados 
georreferenciados, ou seja, relacionados a um sistema de coordenadas conhecido, 
esses dados são os que podem ser representados espacialmente (imagens, mapas 
temáticos ou planos de informações) e podem ser de dois tipos: vetorial ou matricial 
(FITZ, 2008). 
O banco de dados é composto pela base de dados física e por programas que 
gerencia esses dados, ou seja, organizam os mesmos, com a finalidade de agilizar a 
sua procura, manutenção e controle. As estruturas de representação dos dados 
espaciais de um SIG podem ser classificadas em raster ou vetorial. A estrutura raster 
(ou matricial) divide o espaço em elementos discretos e é obtida através de uma malha 
com linhas verticais e horizontais, formando as células (pixel - picture element ou 
quadrículas). As dimensões dessas células é que definem a precisão do processo 
(nível de resolução). A estrutura vetorial, por outro lado, considera o espaço de forma 
contínua, reduzindo os dados espaciais a três formas básicas: pontos, linhas ou 
polígonos (FRANÇOSO; FREITAS; MELLO, 1993). 
 Segundo Lang e Blaschke (2009), o modelo vetorial é apropriado para retratar 
objetos espacialmente discretos, quando todas suas entidades espaciais possam ser 
delimitadas claramente, como por exemplo tipo de solos, tipo de biótipos, estradas, 
rios, sistemas em linhas, fontes, etc. No caso do modelo raster, a representação deve 
ser de fenômenos espaciais com ocorrência contínua, fenômenos que possam 
assumir um outro valor no espaço. Assim, a área de estudo é dividida em pequenas 
células, na forma de quadrado mínimos, esse modelo pode ser utilizado na 
distribuição de substâncias tóxicas, altitude do terreno, valor do pH do solo, por 
exemplo. 
27 
 
Um importante atributo do SIG é a obtenção de novas informações geradas a 
partir de dados já coletados. Este armazena e manipula, permitindo a inclusão, 
exclusão, substituição e cruzamento de várias informações georreferenciadas 
(COSTA; SILVA, 2010). 
O SIG deve ser capaz de produzir tabelas, mapas, gráficos e relatórios munido 
de suas características essenciais, com um número mínimo de recursos, deixando os 
resultados visualmente agradáveis e compreensíveis, para que o produto final possa 
ser entendido inclusive por leigos (FITZ, 2008). 
De acordo com Câmara (1995) as aplicações para o uso do SIG são muito 
amplas, incluindo agricultura, meio ambiente, urbanismo, entre outros, havendo no 
mínimo três maneiras, não excludentes, de serem utilizados: como ferramenta para 
produção de mapas, como suporte para análise espacial de fenômenos e como banco 
de dados geográficos, com funções de armazenamento e recuperação da informação 
espacial. 
 
3.5 Abastecimento urbano / Qualidade das águas 
 
A água para abastecimento urbano é considerada o uso mais nobre e 
prioritário, a qualidade de vida dos seres humanos depende diretamente da água e de 
sua qualidade, pois ela é utilizada para o funcionamento adequado do seu organismo, 
na alimentação, na higiene pessoal, etc. Assim o homem depende de uma oferta 
adequada de água para sua sobrevivência (GALASTRI, 2015). 
Os mananciais são fontes de água existentes na natureza que possibilitam 
atender as necessidades de uso, podendo ser de águas superficiais (rios, lagos, 
reservatórios) ou subterrâneas. O uso mais recorrente da água para o abastecimento 
urbano é o proveniente de mananciais superficiais, pois esses dispõem de maior 
vazão disponível e menor custo de obtenção da água que os mananciais subterrâneos 
(TUCCI; MENDES, 2006). 
Ainda segundo estes autores, o homem utiliza a água de diferentes fontes na 
natureza como rios, lagos, lagoas, reservatórios, poços, da chuva, etc., para satisfazer 
diversas necessidades como, higiene e limpeza, preparação de alimentos, produção 
28 
 
industrial, criação animal (aquicultura), dessedentação de animais, agricultura 
(irrigação), geração de energia elétrica, lazer, navegação, entre outros. Estes diversos 
usos requerem padrões de qualidade da água adequados para cada tipo de atividade. 
Para tanto, existem legislações específicas que estabelecem os limites dos 
parâmetros permitidos e adequados para os diferentes usos da água. 
No Brasil o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da 
resolução nº 357, de 17/03/2005, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e 
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, e estabelece as condições e padrões 
de lançamento de efluentes, e a Portaria nº 2.914, de 12/12/2011, dispõe sobre os 
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo 
humano e seu padrão de potabilidade como pode ser observado na figura 1. 
 
Figura 1 - Classificação das águas doces, segundo CONAMA, quanto ao seu uso 
 
Fonte: http://www.igam.mg.gov.br/gestao-das-aguas/enquadramento 
 O art. 8° da Resolução 357/2005 diz que o conjunto de parâmetros de qualidade 
de água selecionadopara subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser 
monitorado periodicamente pelo Poder Público e o art. 10 estabelece que os valores 
29 
 
máximos estabelecidos para os parâmetros relacionados em cada uma das classes 
de enquadramento deverão ser obedecidos nas condições de vazão de referência. 
Segundo Galastri (2015), nos casos de sistemas de abastecimento público de 
água, objetiva-se uma produção e o fornecimento de uma água dita potável, ou seja, 
cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, atendam ao padrão 
de potabilidade e não ofereçam riscos à saúde. 
De acordo com a Portaria nº 2.914, de 12/12/2011, os parâmetros de 
potabilidade da água estão agrupados em características físicas (turbidez, cor, odor e 
sabor, sólidos totais, temperatura), químicas (pH, alcalinidade, dureza, condutividade 
elétrica, cloro, flúor, oxigênio dissolvido - OD, demanda bioquímica de oxigênio - DBO, 
demanda química de oxigênio - DQO, nitrogênio, fósforo, componentes orgânicos e 
inorgânicos, agrotóxicos) e biológicas (coliformes, algas e cianobactérias). 
Para que se possa, portanto, avaliar se uma água oferecida a população é 
potável, assegurando a manutenção dessa condição, deve-se realizar o controle de 
qualidade, ou seja, um conjunto de atividades exercidas de forma contínuas pelos 
responsáveis pela operação do sistema de abastecimento, realizando além das 
análises e exames laboratoriais, um estudo sobre as características gerais do 
manancial (GALASTRI, 2015). 
A capacidade de sobrevivência humana em uma região está diretamente 
associada à quantidade e qualidade de água disponível. Sua crescente utilização tem 
levado à redução de sua disponibilidade e à sua degradação, causada pela sua 
poluição, principalmente pelo lançamento de despejos domésticos e industriais, lixo 
urbano e detritos (GUZZO, 2002). 
Machado e Torres (2012) ressaltam que água destinada ao abastecimento 
urbano é o de uso mais nobre, porém ela apresenta uma variedade de usos que são 
agrupados em consultivos ou não consultivos. São considerados consultivos aqueles 
que o uso da água implica no seu consumo, na sua redução quantitativa, como por 
exemplo a irrigação, o abastecimento humano (urbano e rural), a dessedentação de 
animais, o uso industrial e a mineração. Já os não consultivos são aqueles que não 
alteram a quantidade de água disponível para o uso simultâneo ou para outros fins, 
como por exemplo a navegação, geração de energia, pesca, turismo e recreação. 
30 
 
Quando os mananciais de superfície têm a finalidade de abastecimento público 
e passam a fazer parte de um sistema de captação, deve-se examinar 
cuidadosamente todos os elementos que digam respeito as condições mínimas de 
qualidade dessa água, pois os mananciais, raramente estão livres de contaminação, 
mesmo nas bacias com pouca ou nenhuma atividade antrópica. A ocupação 
desordenada de uma bacia provoca grandes alterações na qualidade da água devido 
a poluição gerada pela atividade urbana, como o despejo de esgoto doméstico e 
industrial, escoamento de águas pluviais, dejetos de animais e também atividades 
rurais pelo uso de agrotóxicos e excesso de fertilizantes (GASPARINI, 2001). 
Para informar a população e orientar as ações de planejamento e gestão de 
qualidade da água, principalmente para abastecimento público, a Agência Nacional 
de Águas - ANA, constatou a necessidade da utilização de índices de qualidade da 
água que sintetizem os parâmetros físico-químicos, facilitando a comunicação com a 
sociedade. 
Dentre os índices de qualidade da água utilizados no Brasil, destaca-se o índice 
de qualidade da água bruta para fins de abastecimento público (IAP), ou seja, a água 
in natura encontrada na natureza, sem qualquer tipo de tratamento. O IAP foi criado 
por técnicos integrantes da CETESB, da SABESP, de institutos de pesquisa e de 
universidades, ele é composto por três grupos de parâmetros: 
• Índice de Qualidade das Águas (IQA): temperatura d’água, pH, oxigênio 
dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes fecais, nitrogênio total, 
fósforo total, resíduo total e turbidez; 
• Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas (ISTO): 
a. Parâmetros que avaliam a presença de substâncias tóxicas (teste de 
mutagenicidade, potencial de formação de trihalometanos, cádmio, chumbo, 
cromo total, mercúrio e níquel); e 
b. Parâmetros que afetam a qualidade organoléptica da água (fenóis, ferro, 
manganês, alumínio, cobre e zinco). 
Segundo a ANA, a avaliação da qualidade da água obtida pelo IQA apresenta 
limitações, já que este índice não analisa vários parâmetros importantes para o 
abastecimento público, tais como substâncias tóxicas (metais pesados, pesticidas, 
31 
 
compostos orgânicos), protozoários patogênicos e substâncias que interferem nas 
propriedades organolépticas da água. 
De acordo com a Cetesb, a principal desvantagem do IQA consiste na perda 
de informação das variáveis individuais e da sua interação. O índice, apesar de 
fornecer uma avaliação integrada, jamais substituirá uma avaliação detalhada da 
qualidade das águas de uma determinada bacia hidrográfica. 
Segundo Telles (2013) o índice de qualidade das águas (IQA) foi desenvolvido 
para avaliar a qualidade da água bruta visando o abastecimento público, após 
tratamento, utilizando parâmetros indicadores de contaminação causado pelo 
lançamento de esgotos domésticos. Começou a ser utilizado no Estado de São Paulo 
pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) em 1975, hoje é o 
principal índice de qualidade da água utilizada no Brasil. Foi criado nos Estados 
Unidos pela National Sanitation Foundation. 
No Brasil, das 27 unidades da Federação, apenas 17 possuem redes de 
monitoramento da qualidade da água, de acordo com a ANA, o que totaliza 2.259 
pontos de coleta, com um número variado de parâmetros analisados. O índice de 
qualidade da água (IQA) vem sendo utilizado por décadas como o principal indicador 
de qualidade da água no país, ele foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água 
visando ao abastecimento público. Os nove parâmetros que compõe o IQA são: 
oxigênio dissolvido, coliformes fecais, potencial hidrogeniônico (pH), demanda 
bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e 
resíduo total. 
Desde 2002, a CETESB utiliza índices específicos para cada uso do recurso 
hídrico: 
• IAP - Índice de Qualidade de Águas Brutas para Fins de Abastecimento 
Público; 
• IVA - Índice de Preservação da Vida Aquática; 
• IB – Índice de Balneabilidade. 
 O IAP, comparado com o IQA, é um índice mais fidedigno da qualidade da 
água bruta a ser captada. Do mesmo modo, o IVA foi considerado um indicador mais 
adequado da qualidade da água visando a proteção da vida aquática, por incorporar, 
32 
 
variáveis mais representativas, especialmente a toxicidade e a eutrofização. 
Observou-se, ainda, que ambos os índices poderão ser aprimorados com o tempo, 
com a supressão ou inclusão de variáveis de interesse. 
 
3.6 Legislação Ambiental 
 
No Brasil, a partir de 1934, com a sanção do “Código das águas” e do primeiro 
“Código Florestal”, é que o país começou a dar maior importância as questões 
ambientais, principalmente sobre a águas. Um pouco depois, em 1965, o segundo 
Código Florestal Brasileiro, impôs limites e condições para ocupação da terra e uso 
dos recursos hídricos Lei n° 4.771/1965. 
O Novo Código Florestal Brasileiro surgiu do projeto de Lei nº 1.876/99 e veio 
para substituir o Código Florestal Brasileiro de 1965. A reforma por meio de uma nova 
lei já era debatida entre ruralistas e ambientalistas desde a década de 90. Antes de 
ser aprovado, o Novo Código tramitou na Câmara dos Deputados por 12 anos. 
Atualmente está em vigor o novo Código Florestal, a Lei Federal n° 12.651/2012 
aprovada pelo Congresso Nacional, porém sancionada com diversos vetos pela 
Presidenteda República e depois de vários imbróglios jurídicos finalmente está sendo 
aplicada, apesar de ainda existir muitos questionamentos a seu respeito, 
principalmente pelos que são defensores do meio ambiente. 
O Novo Código Florestal estabelece normas gerais sobre a proteção da 
vegetação, Áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal, a 
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos 
produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê 
instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. 
As áreas de preservação permanente, cujos conceitos são áreas protegidas, 
cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os 
recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade, beleza da paisagem, 
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das 
populações humanas, são determinadas no Código Florestal 12.651/12, 
considerando-se: 
http://www.infoescola.com/meio-ambiente/reserva-legal/
http://www.infoescola.com/ecologia/incendio-florestal/
33 
 
• As faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura 
mínima variável de 30 a 500 metros, de acordo com a largura do curso d’água; 
• As áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima 
de 100 metros em zonas rurais e 30 metros em zona urbana; 
• As áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de 
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na 
licença ambiental do empreendimento; 
• As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, independentes 
de topografia, num raio mínimo de 50 metros; 
• As encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 
100% na linha de maior declive; 
• As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
• Os manguezais; 
• As bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em 
faixa nunca inferior a 100 metros em projeções horizontais; 
• No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 
metros e inclinação média maior que 25°; 
• As áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação; 
• Em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 
50 metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
De acordo com a Lei Florestal 12.651/2012 artigo 4° inciso I, são consideradas 
áreas de preservação permanente (figura 2) em relação as faixas marginais de 
qualquer curso d’água natural perene ou intermitente, excluído os efêmeros, desde a 
borda da calha do leito regular em largura mínima de: 
a) 30 metros – cursos d’água inferior a 10 metros de largura; 
b) 50 metros – cursos d’água entre 10 e 50 metros de largura; 
c) 100 metros – cursos d’água entre 50 e 100 metros de largura; 
d) 200 metros – cursos d’água que tenham entre 200 e 600 metros de 
largura; 
e) 500 metros – cursos d’água com largura acima de 600 metros de largura. 
 
http://www.infoescola.com/biomas/restinga/
http://www.infoescola.com/geografia/dunas/
http://www.infoescola.com/geografia/mangues-manguezal/
34 
 
 Figura 2 - APPs nas margens de rios, ribeirões e riachos 
 
 Fonte: www.ciflorestas.com.br 
Ainda no mesmo Artigo, inciso III, as áreas no entorno de reservatórios d’água 
artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, são áreas de 
preservação permanente, exceto nos casos em que os reservatórios artificiais de água 
não resultem de barramento ou represamento de cursos d’água. No entorno de 
reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 hectares, a área de 
preservação permanente precisa ter no mínimo 15 metros. 
O Art. 4º considera Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou 
urbanas, as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer 
que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros, como 
mostra a figura 3: 
 
35 
 
 Figura 3 - APPs em Nascentes e olhos d’água 
 
 Fonte: www.ciflorestas.com.br 
Segundo a Lei Florestal 12.651/2012 artigo 3°, inciso XVII, XVIII e XIX, define-
se: 
• Nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta 
perenidade e dá início a um curso d’água; 
• Olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que 
intermitente. 
• Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso 
d’água durante o ano. 
O Artigo 5° da Lei Florestal 12.651/2012, diz que para o caso de reservatórios 
destinados à geração de energia elétrica ou abastecimento público, as Áreas de 
Preservação Permanente também serão definidas no ato do licenciamento ambiental, 
no entanto terão de obedecer aos seguintes parâmetros (figura 4): 
• Em zona rural a largura da faixa deverá medir entre 30m e 100m; 
• Em zona urbana, a largura da faixa deverá medir entre 15m e 30m. 
36 
 
 Figura 4 - APPs em reservatório 
 
 Fonte: https://www.ecodebate.com.br 
 
No caso de reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia 
ou abastecimento público que foram registrados ou tiveram seus contratos de 
concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória nº 2.166-67, 
de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância 
entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. 
Segundo Artigo 5°, capítulo 1°, na implantação de reservatório d’água artificial 
destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, 
desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das 
Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno. Deverá também ser 
apresentado no âmbito do licenciamento ambiental, o “Plano Ambiental de 
Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com o termo de 
referência expedido pelo órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA 
não podendo seu uso exceder a 10% do total da Área de Preservação Permanente. 
37 
 
Toda a vegetação situada em Áreas de Preservação Permanente deverá ser 
mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa 
física ou jurídica, de direito ou público ou privado, como diz o Artigo 7° da Lei Florestal 
12.651/2012. 
 
3.7 Outorga dos direitos de uso de Recursos Hídricos 
 A Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH foi instituída pela Lei Federal 
n° 9.433, de janeiro de 1997. No seu Artigo 2° inciso I tem como um dos seus objetivos 
assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em 
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos. 
 No seu Artigo 5°, da Lei Federal 9.433/1997 estabelece os instrumentos da 
Política Nacional dos Recursos Hídricos, que são: 
I. Os Planos de Recursos Hídricos; 
II. O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água; 
III. A outorga dos direitos de uso de Recursos Hídricos; 
IV. A cobrança pelo uso de Recursos Hídricos; 
V. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. 
A PNRH, Lei Federal n° 9.433/1997, no seu Artigo 11 diz que a outorga dos 
direitos de uso de Recursos Hídricos tem como objetivo assegurar o controle 
quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso 
a água. 
O Art. 13 estabelece que “Toda outorga estará condicionada às prioridades de 
uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e respeitar a Classe em que o 
corpo hídrico estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao 
transporte aquaviário, quando for o caso”. 
Segundo a ANA (2011) um instrumento que pode condicionar a análise das 
outorgas é o enquadramento dos corpos d’água em classes, uma forma de classificar 
38 
 
os corposd’água conforme o uso preponderante. As principais finalidades desse 
instrumento são assegurar qualidade compatível com a sua destinação e reduzir 
custos de combate à poluição. 
A outorga de direito de uso ou interferência de recursos hídricos é um ato 
administrativo, de autorização ou concessão, mediante o qual o Poder Público faculta 
ao outorgado fazer uso da água por determinado tempo, finalidade e condição 
expressa no respectivo ato. Se uma pessoa, empresa ou organização quiser fazer uso 
das águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas, terá que solicitar uma 
autorização, concessão ou licença (Outorga) ao Poder Público (DAEE, 2016). 
Segundo a Lei Federal n° 9.433/1997, Artigo 12, estão sujeitos a outorga pelo 
Poder Público os direitos dos seguintes usos de Recursos Hídricos: 
I. Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d’água 
para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de 
processo produtivo; 
II. Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo 
de processo produtivo; 
III. Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou 
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou 
disposição final; 
IV. Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 
V. Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água 
existente em um corpo d’água. 
A outorga para captação de águas superficiais pode ser aplicada de derivações 
ou captações realizadas a fio d’água em rios córregos ou ribeirões, com retiradas de 
água diretamente do curso d’água ou de pequenas barragens com reservatório de 
volume desprezível. A análise quanto à disponibilidade hídrica é avaliada em função 
da adoção de vazões de referência mínimas ocorridas naturalmente nos cursos de 
água ou em decorrência de intervenções hidráulicas como barragens. Outro grupo de 
outorgas para captação de águas trata de reservatórios para a regularização de 
vazões. Nesse caso, a vazão outorgável é aquela regularizada, mas que permite, ao 
mesmo tempo, a manutenção de vazões mínimas a jusante do reservatório para 
39 
 
atendimento das demandas ambientais e outros usos antrópicos porventura 
existentes, nesse caso de captações em reservatórios, o objetivo principal é dividir a 
vazão regularizada para os usuários existentes ou previstos em seu entorno (ANA; 
2011). 
O mesmo Art. 12, §1º, estabelece que algumas formas de uso da água podem 
ser consideradas insignificantes, tirando, com isso, a obrigatoriedade da outorga, mas 
não a responsabilidade de computá-las e quantificá-las nos balanços quali-
quantitativos, pois um conjunto de usos insignificantes pode tornar-se significativo. 
Não são objeto de outorga de direito de uso de recursos hídricos, mas 
obrigatoriamente de cadastro no CNARH - Cadastro Nacional de Usuários de 
Recursos Hídricos: 
• O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de 
pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; 
• As derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; 
• As acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. 
Para o usuário que não cumprir as normas relativas à outorga, a Lei Federal n° 
9.433/97 caracterizou, em seu artigo 49, as infrações às normas de utilização de 
recursos hídricos e no Art. 50, definem-se as penalidades aos infratores, que incluem 
advertência por escrito, multas que podem alcançar os dez mil reais, dependendo da 
gravidade da falta cometida, embargo, provisório ou definitivo, além da reposição, no 
seu antigo estado, dos recursos naturais degradados por força da infração cometida. 
A Lei n° 9.984/2000, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA, conferiu a 
esta Agência a competência para emitir outorgas de direito de uso dos recursos 
hídricos de domínio da União. A maioria dos Estados e o Distrito Federal possuem 
órgãos próprios com competência legal para emitir as outorgas de direito de uso das 
águas de seus domínios. 
No Estado de São Paulo cabe ao DAEE o poder outorgante, por intermédio 
do Decreto 41.258, de 31/10/96, de acordo com o artigo 7º das disposições transitórias 
da Lei Estadual 7.663/91. Além da outorga, o DAEE também tem outras atribuições 
http://www.daee.sp.gov.br/legislacao/arquivos/799/DECRETO_412581996.pdf
http://www.daee.sp.gov.br/legislacao/arquivos/748/LEI_76631991.pdf
40 
 
como fiscalização, planejamento, cadastramento, participação e suporte técnico aos 
Comitês de Bacias Hidrográficas. 
De um modo geral (DAEE, 2016), quem deve pedir a outorga é todo usuário 
que fizer uso ou interferência nos recursos hídricos na implantação de qualquer 
empreendimento que demande a utilização de recursos hídricos (superficiais ou 
subterrâneos), na execução de obras ou serviços que possam alterar o regime 
(barramentos, canalizações, travessias, proteção de leito, etc.), na execução de obras 
de extração de águas subterrâneas (poços profundos), na derivação de água de seu 
curso ou depósito, superficial ou subterrâneo (captações para uso no abastecimento 
urbano, industrial, irrigação, mineração, geração de energia, comércio e serviços, 
etc.), no lançamento de efluentes nos corpos d'água. 
Para a emissão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos, é preciso 
conhecer e/ou estimar as disponibilidades hídricas em determinada bacia hidrográfica 
e, por meio de critérios técnicos, verificar a possibilidade de atender às demandas dos 
diversos usuários da água, ou seja, precisa-se saber a quantidade de água a ser 
disponibilizada, considerando os seus múltiplos usos e a capacidade de suporte do 
corpo hídrico em questão (ANA, 2016). 
Assim, são utilizados dados probabilísticos como as vazões de referência, que 
são vazões mínimas e de permanência, de forma a caracterizar uma condição de 
garantia de água no manancial, de modo que quando essas vazões mínimas ocorram, 
os usuários, ou os usos prioritários mantenham suas retiradas de água. A partir daí se 
calcula a vazão outorgável, aquela disponível para ser liberada para outorga, 
disponibilizada para diversos usos. A vazão de referência é o estabelecimento de um 
valor de vazão que passa a representar o limite superior de utilização da água em um 
corpo hídrico (RIBEIRO, 2000). 
As vazões de referência mais utilizadas para outorga e gestão de recursos 
hídricos são: 
• Vazão mensal (Qmens) – média mensal das vazões diárias de 
determinado mês; 
41 
 
• Vazão média de longo período (Q) – uma das variáveis fundamentais 
nas funções de regionalização para estimativa das vazões mínimas; 
• Vazão específica média (Qesp) – estimada pela relação entre a vazão 
média de longo período (Q) e a respectiva área de drenagem (Km²); 
• Vazões com 90% e 95% de permanência (Q90 e Q95) – representa a 
vazão que é igualada ou superada em 90% e 95% do tempo, 
respectivamente; 
• Vazão mínima ecológica ou de preservação ambiental Q7,10 - vazão 
mínima de 7 dias de duração e 10 anos de tempo de recorrência, com 
um risco de 10% de ocorrer valores menores ou iguais a este em 
qualquer ano. São vazões mínimas necessárias para garantir a 
sobrevivência dos ecossistemas, inclusive o aquático. 
O Estado de São Paulo, através da Lei 9.034/1994, no seu Art. 13 estabelece 
que a vazão de referência para orientar a outorga de direitos de recursos hídricos é 
calculada com base na média mínima de 7 dias consecutivos e 10 anos de período 
de retorno (Q7,10) e nas vazões reguladoras por reservatórios, descontadas as 
perdas por infiltração, evaporação e outros processos físicos, decorrentes da 
utilização das águas e as reversões de bacias hidrográficas. O Art. 14 estabelece 
ainda que, quando a soma das vazões captadas em uma determinada bacia 
hidrográfica, ou em parte desta, superar 50% (cinquenta por cento) da respectiva 
vazão de referência, a mesma será considerada crítica e haverá gerenciamento 
especial. 
Os critérios para outorga de águasuperficial do Brasil variam dependendo do 
órgão outorgante, no caso do Estado de São Paulo o DAEE-SP utiliza como vazão 
máxima outorgável 50% da Q7,10 por bacia e até 20% da Q7,10 para cada usuário. 
Com relação a outorgas em nascentes, sabendo-se que as mesmas constituem 
áreas de preservação permanente (CONAMA nº 303, de 20/03/2002, que dispõe 
sobre parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente), é 
necessário, para que seja autorizada intervenção nessas áreas, um Decreto de 
Utilidade Pública, para o caso de obras (por exemplo, hidrelétrica), ou Declaração de 
Interesse Social, para o caso de captações de água para abastecimento humano. 
42 
 
Independentemente do tipo de intervenção nas áreas de nascentes, o 
empreendimento deverá possuir a correspondente licença ambiental. 
É preciso atentar que a outorga é um instrumento estruturado com o Plano de 
Recursos Hídricos, o Enquadramento dos Corpos D’água e a Cobrança pelo Uso da 
Água, uma vez que os critérios de destinação da água serão definidos pelo Plano, 
esses critérios deverão respeitar as metas de qualidade do Enquadramento e, ainda, 
deverão determinar os montantes a serem arrecadados pela Cobrança. 
 
3.8 Regionalização Hidrológica 
A Regionalização Hidrológica consiste em um conjunto de ferramentas que 
exploram ao máximo os dados disponíveis, para estimar variáveis hidrológicas em 
locais sem dados ou com dados em quantidade insuficiente (TUCCI, 2002). O autor 
descreve as etapas recomendadas, para diferentes tipos de informações hidrológicas 
a serem regionalizadas: 
• Definição dos limites da área a ser estudada; 
• Determinação das variáveis dependentes e das explicativas envolvidas 
na regionalização; 
• Seleção dos dados e cálculo de todas as variáveis; 
• Elaboração das relações regionais e definição das regiões com 
comportamento hidrológico semelhante. 
De acordo com Wolff (2013), o termo regionalização está ligado ao de regiões 
homogêneas, ou seja, aquelas que apresentam comportamento hidrológico similar, 
que por sua vez é função da reunião de fatores climáticos e físicos. 
A regionalização hidrológica é uma ferramenta que possibilita a avaliação de 
maneira rápida, em conformidade à agilidade que a administração dos recursos 
hídricos requer para suas decisões. 
Desde os anos de 1980 o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado 
de São Paulo (DAEE) vem realizando estudos para estimar a disponibilidade hídrica 
43 
 
das bacias hidrográficas paulistas, que não disponham de dados hidrográficos 
observados. 
A metodologia da Regionalização Hidrológica no Estado se São Paulo foi 
proposta por intermédio da elaboração da carta de isoietas médias anuais para o 
estado e da análise conjunta das variáveis hidrológicas, foram definidas 21 regiões 
hidrologicamente homogêneas no Estado de São Paulo, identificadas por letras 
maiúsculas de “A” a “U” (Figura 5). 
 Figura 5 - Regionalizações hidrologicamente semelhantes do Estado de SP 
 
 Fonte: Liazi et.al., (1988) apud Wolff (2013) 
Através de simulações e ponderações, a metodologia permite a avaliação da 
disponibilidade hídrica em qualquer curso d’água do território paulista, permitindo a 
avaliação em locais onde não existe série histórica de vazões, ou se existe, a extensão 
da série é pequena, é sem dúvida uma ferramenta de grande importância no 
gerenciamento dos recursos hídricos. Os estudos foram apoiados nos totais anuais 
44 
 
precipitados em 444 postos pluviométricos, 219 estações fluviométricas para as 
descargas mensais e 88 postos fluviométricos para observação das séries históricas 
de vazões diárias e tornando possível estimar as seguintes variáveis hidrológicas: 
vazão média de longo período; vazão mínima de duração variável de um a seis meses 
associada à probabilidade de ocorrência; curva de permanência de vazões; volume 
de armazenamento intra-anual necessário para atender dada demanda, sujeito a 
um risco conhecido; vazão mínima de sete dias associada à probabilidade de 
ocorrência (DAEE, 2016). 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 Área de Estudo 
A área de estudo escolhida foi a bacia hidrográfica do Córrego da Lagoa que 
se localiza nas coordenadas geográficas entre as Latitudes 22° 03’ 59” e 22° 05’ 13” 
e entre as Longitudes 48° 43’ 14” e 48° 40’ 19” (figura 6). É uma microbacia com uma 
área de 5,31 Km², de 2ª ordem e com uma rede total de drenagem de 3,84 Km, seu 
curso d’água principal com 2,86 Km de extensão. 
Nesta bacia hidrográfica encontra-se o Manancial São Luiz, ocupando uma 
área total na zona rural de 35,33 ha, é a principal fonte de abastecimento de água do 
município de Bariri-SP, com capacidade de produção de água superior a 400 m³/h 
(0,11 m³/s ou 111,11 L/s), de acordo com o SAEMBA – Serviço de Água e Esgoto do 
Município de Bariri. No manancial, o afloramento das águas é difuso, formando um 
grande número de nascentes por toda a área, segundo o SAEMBA, o manancial é 
responsável por cerca de 45% do abastecimento de água da cidade. A água das 
nascentes é represada e captada por bombas, recebe uma pré-filtragem e uma pré-
cloração e é transportada através da rede adutora cerca de 2,5 Km até a ETA – 
Estação de Tratamento de Água, onde recebe tratamento completo e em seguida a 
água é enviada aos reservatórios e depois distribuída para população. 
De acordo com o SAEMBA, a quantidade média estimada de água que é 
tratada na ETA por dia é de 5.600 m³ (233,33 m³/h ou 0,064 m³/s ou 64,81 L/s). 
 
Bariri encontra-se nas coordenadas geográficas Latitude 22°04’28” S e 
Longitude 48°44’25” W, coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator) E 
45 
 
733173, N 7557212 na zona 22, a uma altitude de 447 metros do nível do mar, possui 
441,7 km², cercados pelo bioma Cerrado e Mata Atlântica, com clima subtropical, 
precipitação média anual de 1.120 mm por ano e temperatura média de 21,5°C e com 
uma população de 31.603 (IBGE, 2010). Inserido na bacia hidrográfica Tietê-Jacaré 
que corresponde a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) 13. 
 
 
Figura 6 – Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego da Lagoa 
Fonte: Mapa elaborado por Alessandro Bulgareli e Prof. Me. José Carlos T. Veniziani Jr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 4.2 Metodologia 
 
O método empregado é o da pesquisa descritiva, que busca verificar os fatos e 
dados em um determinado período. 
Para a obtenção da base cartográfica utilizada neste trabalho foram utilizadas 
as cartas topográficas do IGC (Instituto Geográfico Cartográfico), na escala 1:10.000, 
as folhas n° 056/072 sob o código SF-22-Z-B-II-2-NO-C do ano de 1980 (Bariri II), n° 
056/073 sob o código SF-22-Z-B-II-2-NO-D do ano de 1980 (Paina), nº 057/072 sob o 
código SF-22-Z-B-II-2-NO-E do ano de 1980 (Lagoa do Muriaé), n° 057/073 sob o 
código SF-22-Z-B-II-2-NO-F do ano de 1980 (Bairro dos Alves). 
Estas cartas foram inseridas no software NanoCAD e ajustadas ao sistema de 
coordenadas UTM da Zona 22 do hemisfério Sul com Datum SIRGAS 2000. Para isso, 
foi necessário proceder a transformação das coordenadas de referência do Sistema 
original da carta (UTM 22 S - Córrego Alegre) para o sistema UTM 22 S - Sirgas 2000. 
Para esta conversão foi utilizado a Calculadora Geográfica, uma ferramenta on line 
disponibilizada no site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os 
valores obtidos da conversão das coordenadas foram utilizados para o ajuste das 
cartas ao sistema UTM 22 S - Sirgas 2000. 
Foram então vetorizadas as informações referentes a rede de drenagem, as 
represas e as curvas de nível e pontos cotados e na sequência foi traçado o divisor 
de águas. Foram também calculadas a área, perímetro, a extensão do talvegue 
principal e da rede de drenagem, densidade de drenagem e ordem da bacia, sendo 
calculados também, o Fator de Forma (Kf), o Coeficiente de Compacidade (Kc) 
conforme metodologia disponível em Christofoletti

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