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Sérgio Feitosa - Filosofia Medieval - Pré-Uni (2)

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FILOSOFIA 
Professor Sérgio Feitosa 
 
 
OSG 2485/20
1 
 
 
 
 
 
 
O QUE FOI A FILOSOFIA MEDIEVAL? 
 
Entendemos por Filosofia Medieval o contexto de pensamento situado entre o final do Helenismo (séculos IV e V) e o 
início da Modernidade (séculos XV e XVI), o que, na verdade, se trada de uma organização puramente didática. 
Dentro desse intervalo de tempo, a grande produção intelectual se concentrou entre os séculos XII e XIV, período 
correspondente ao desenvolvimento da Escolástica e do surgimento das universidades. 
 
A IDADE DAS TREVAS 
 
A Idade Média, por muito tempo, foi chamada de “Idade das Trevas”, sendo, assim, associada a um período de retrocesso 
econômico, político e, acima de tudo, cultural. 
Essa visão está muito ligada à interferência que a Igreja teria exercido sobre a produção cultural de então, de forma 
censora e repressiva. 
Tal concepção, porém, não se sustenta diante de fatos como a rica produção artística gótica (imponentes catedrais), a 
notável poesia lírica trovadoresca e o extraordinário legado filosófico de grandes pensadores (Pedro Abelardo, Tomás de 
Aquino e Guilherme de Ockham). 
 
Disponível em: http://www.jeanlauand.com/DK1.html. Acesso em: 14 jun. 2018. 
 
A leitura que os primeiros pensadores cristãos fizeram da filosofia grega foi sempre altamente seletiva, tomando aquilo que 
consideravam compatível com o Cristianismo, enquanto religião revelada. Assim, valorizaram sobremaneira a 
a) metafísica platônica (dualismo entre mundo espiritual e material); 
 
b) lógica aristotélica (recursos demonstrativos e dialéticos); 
 
c) retórica dos estoicos e sua ética (resignação, austeridade e autocontrole). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Filosofia Medieval 
 
 
 
 
OSG 2602/20 
2 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A Filosofia grega, em sua fase helenística, aproximou-se do Judaísmo e do Cristianismo. 
 
É importante observar que, na filosofia grega antiga, a unidade do divino era compreendida como unidade de uma esfera 
que aceitava uma pluralidade de entidades, forças e manifestações em diferentes graus e níveis hierárquicos. Assim, a filosofia 
grega não realçava a unicidade de Deus. Dessa forma, em outras palavras, não a questão de se Deus era uno ou múltiplo. 
Platão e Aristóteles, as maiores expressões do pensamento grego, apresentavam os astros como “divinos”. Por outro 
lado, haviam antecipado alguns aspectos do monoteísmo. Platão, no Timeu, destaca a unicidade do Demiurgo (Deus-artífice e 
ordenador do Mundo Sensível); em suas doutrinas não escritas, ainda apresenta o Uno no vértice do Mundo Inteligível. 
Aristóteles apresentava a divindade como um primeiro Motor imóvel único, que pensa a si mesmo. 
A concepção acerca de um Deus que é uno e único (monoteísmo), que é especificamente judaico-cristão, chegou ao 
Ocidente a partir da difusão da mensagem bíblica (“não terás outro Deus além de mim”). A Bíblia corta pela base toda forma 
de politeísmo e idolatria. Essa visão bíblica acerca da unicidade de Deus apresenta-o numa transcendência absoluta, de um 
modo impensável para a filosofia grega. 
A Providência que os pensadores gregos associavam a Deus nunca dizia respeito ao homem individual. Na visão, estoica, 
a propósito, chega a coincidir com o destino. Na visão bíblica, a Providência não apenas é própria de um Deus, que se dirige 
para suas criaturas, particularmente os homens. 
Outra mudança apresentada pela Bíblia foi quanto à “origem dos seres”, os antigos gregos não chegaram a um consenso 
filosófico; as posições eram as mais diversas. Houve várias diferentes aporias na busca dessa solução. A narrativa bíblica, por 
sua vez, expõe a “criação”. Deus criou diretamente as coisas e o homem a partir do nada, diferente do demiurgo platônico que 
se inspirou nas Ideias. A doutrina da “criação” (a partir “do nada”) eliminava a maior parte das aporias que, desde Parmênides, 
perturbavam a ontologia grega. 
Além disso, os pensadores gregos encaravam a questão do homem de uma forma muito restrita. Na verdade, o 
antropocentrismo não foi a essência da filosofia grega, que, ao contrário, estava muito mais voltada à cosmologia. Por outro 
lado, a Bíblia, apresenta o homem como uma obra (criatura) privilegiada de Deus, criada “à imagem” de Deus. 
Acrescente-se que os gregos vincularam a lei moral à lei da natureza. Um Deus que estabelece a lei moral (um Deus 
“nomóteta”) foge à concepção de todos os antigos pensadores gregos. Já para a Bíblia, Deus dá a lei ao homem como um 
verdadeiro “mandamento”, como o fez a diretamente a Adão e Eva. 
A mensagem bíblica, dessa forma, apresenta-se como uma espécie de fermento de civilização, capaz de transcender o 
universo clássico, colaborando de forma decisiva para o desenvolvimento da humanidade. Afinal de contas, todas essas 
conquistas de caráter moral e filosófico passaram a ser apresentados não como objetos científicos, de forma racional e lógica, 
mas, como instrumentos de fé, o que subverteu sobremaneira o modo de pensar dos antigos gregos, os quais tomavam a fé 
como uma estratégia desprezível de conhecimento, associada à sensação. 
 
 
As origens da filosofia cristã 
 
 
 
 
OSG 2602/20
3 
A CIDADE DE ALEXANDRIA, A FILOSOFIA GREGA E O JUDAÍSMO. 
a) O Cristianismo é uma religião derivada do Judaísmo, cujo início e desenvolvimento estão situados no contexto filosófico 
helenístico. 
b) A própria tradição do pensamento ocidental está associada à confluência do Judaísmo, do Cristianismo e da cultura grega. 
c) É intrigante a relação entre o Cristianismo, uma religião, que entende a verdade como uma revelação, e a Filosofia grega, 
cuja origem se deu exatamente da ruptura da razão com a estrutura mítico-religiosa. 
d) O helenismo forneceu a estrutura política e cultural que permitiu a aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, 
o que garantiu posteriormente o surgimento de uma filosofia cristã. 
e) O contexto ideal para essa combinação foi na cidade egípcia de Alexandria, em pleno séc. I a.C., por conta de haver uma 
forte presença das culturas grega e romana, além de uma expressiva cultura judaica e da própria cultura egípcia. 
f) Em Alexandria essas culturas conviviam em grande tolerância religiosa, num espírito de sincretismo e em várias línguas. 
g) A Septuaginta, tradução do hebraico para o grego do Pentateuco (os cinco livros iniciais do Antigo Testamento), havia 
sido feita em Alexandria na época de Ptolomeu II Filadelfo (séc. III a.C.). 
 
FÍLON DE ALEXANDRIA E A FILOSOFIA MOSAICA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse contexto, merece destaque a figura do filósofo judeu-helenista Fílon de Alexandria, também chamado de Fílon, o 
Judeu (25 a.C. – 50 d.C.). 
Fílon viveu em Alexandria e foi responsável por vários comentários sobre o Pentateuco, dando-lhe uma análise filosófica 
de fundo grega, sobretudo platonista. 
Fílon foi o primeiro pensador – de que se tem registro – a tentar uma conciliação entre a mensagem bíblica e o 
pensamento grego, dando origem ao que ele denominou “Filosofia Mosaica”. 
Fílon percebeu e defendia uma verossimilhança entre a Cosmologia de Platão (diálogo Timeu) e a Criação narrada no livro 
do Gênesis. 
Embora não fosse cristão, Fílon permitiu o canal que foi estabelecido entre o Cristianismo e a Filosofia grega. Nesse 
sentido, Fílon é encarado na condição de um precursor do que ficou conhecido como Patrística. 
Para Fílon, o homem é formado a partir da combinação de corpo, intelecto e espírito, embora só este fosse imortal, por 
ser inspirado por Deus. 
Fílon compreendia a ética numa combinação perfeita entre fé e razão e, dessa forma, um caminho ideal e necessário do 
homem a Deus. 
Fílon resgatou o “Logos” e o viu como algo ligado ao Deus criador, permitindo aos primeiros pensadores cristãos a 
associação com a ideia de Verbo divino. Interessante observar que, no grego, “Logos” pode ser empregado no sentido de 
“palavra” e, conforme a Bíblia, Fílon associa o termo à “palavra criadora de Deus”ou “Sabedoria divina”. 
Fílon se utilizava da alegoria filosófica como recurso em sua produção intelectual. Por meio dos textos sagrados, buscava 
conceitos filosóficos. 
O homem, para Fílon, seria constituído por três elementos fundamentais: corpo, alma (intelecto) e espírito, sendo que 
apenas este último seria imortal, por ser diretamente inspirado por Deus. 
Fílon desenvolveu uma concepção de ética que buscava conciliar a fé com a razão, definindo que as ações morais 
precisariam conduzir o homem numa trajetória que o conduzisse a Deus, uma verdadeira migração (como a de Abraão para a 
Terra Santa). O homem precisaria, então, reconhecer sua nulidade e que, na verdade, ele é um dom de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
OSG 2602/20 
4 
 
 
 
 
 
 
 
a) Os primeiros pensadores cristãos foram chamados de apologetas (faziam apologia do Cristianismo). 
 
b) O pensamento desses filósofos e teólogos se chama Patrística (doutrina dos Padres ou Pais da Igreja). 
 
c) Os primeiros Padres da Igreja (como ficaram conhecidos os seguidores da Patrística) estavam ligados à Escola 
Neoplatônica cristã de Alexandria, onde se perceberam os primeiros lampejos de uma Filosofia cristã. 
 
d) O projeto universal do Cristianismo, então, foi beneficiado por sua relação com o Helenismo, uma cultura de língua e 
cultura hegemônicas: a grega. 
 
e) Por esse caráter universal e por sua notável expansão, o Cristianismo foi absorvido pelo Império Romano no séc. IV a.C. 
 
f) O início da expansão cristã sofreu com o conflito entre as diversas comunidades, o que pôs em risco a unidade da religião 
então emergente. 
 
g) O papel que a filosofia grega teve na preservação da unidade cristã foi decisivo, porquanto tenha garantido a formulação 
de uma doutrina única. 
 
São Paulo e a difusão do Cristianismo 
 
Por muito tempo, o Cristianismo foi encarado como uma seita judaica. Porém, sua constituição como religião 
independente se deu a partir dos esforços (pregações) de são Paulo (Paulo de Tarso), através de suas epístolas aos diversos 
povos do Império Romano (coríntios, gálatas, efésios, filipenses, colossenses, tessalonicenses, etc.). 
Paulo era um judeu helenizado e que se converteu ao Cristianismo. 
Paulo buscou difundir a nova doutrina pelos mais distantes pontos daquele império. 
Destaca-se, desde então, uma religião de caráter ecumênica (universal), e não apenas de um único povo. 
O Cristianismo surgiu com o propósito de difundir os Evangelhos de Cristo e pregar a conversão a outros povos. 
Nos “Atos dos Apóstolos” (15, 1-34), há uma passagem muito 
ilustrativa dessa questão, relatando o “Concílio de Jerusalém”: alguns 
fariseus (judeus devotos ao Torá), mas, convertidos ao Cristianismo, 
pretendiam que a nova religião fosse pregada apenas ao povo judeu, 
enquanto o apóstolo Paulo apoiava a necessidade de difusão do credo a 
todos os povos, razão pela qual ficou conhecido como o “apóstolo dos 
gentios”. 
 
 
 
 São Paulo escrevendo suas cartas Valentin de Boulogne 
 
 
 
Patrística 
 
 
 
 
OSG 2602/20
5 
OS PRIMEIROS PATRÍSTICOS 
 
I. Justino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II. Clemente de Alexandria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III. Orígenes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OPOSIÇÃO À PATRÍSTICA – FIDEÍSMO. 
 
a) É importante frisar que, a despeito do esforço da Patrística em estabelecer uma conciliação entre fé e razão, entre 
Teologia e Filosofia, entre Deus e o Logos, isso não chegou a ser aceito por todos nos primeiros anos do Cristianismo. 
 
b) Dessa forma, registramos alguns nomes de pensadores, a exemplo de Taciano (120-172), Tertuliano (160-220) e Lactâncio 
(240-320), que se opuseram a essa relação. 
 
c) Estes pensadores chegaram mesmo a realçar o aspecto pagão da Filosofia grega, que, em suas visões, representaria algo 
indiscutivelmente pernicioso. 
 
d) Taciano, em sua verdadeira aversão aos cultos pagãos, chegou a propor que o pensamento grego absorveu suas ideias a 
partir do Judaísmo. 
 
e) No contexto dos Padres apologistas, Tertuliano sustenta a incapacidade da filosofia, rejeitando completamente as 
doutrinas gregas. A fé cristã tornaria inútil toda doutrina filosófica apenas racional, porque a fé seria superior à razão. 
 
f) Esta postura de posição, que considera a fé autossuficiente perante a razão, é conhecida como fideísmo. 
 
g) Essa oposição apresentada por pensadores, acerca da relação entre razão e fé, apesar do papel fundamental de muitos 
filósofos cristãos, pode ser percebida por toda a Idade Média. 
De acordo com a tradição, o primeiro filósofo cristão foi Justino (100-165), pensador de forte base platonista 
e estoica. Escreveu Diálogo com Trifão e duas Apologias. Natural da Samaria (Síria/Palestina), Justino se converteu ao 
Cristianismo; em sua fervorosa busca pela verdade, sentiu-se levado de Platão a Cristo. Ensinou filosofia em Éfeso e em 
Roma. Morreu como mártir, decapitado, em virtude de suas convicções religiosas. Justino buscou demonstrar a 
identidade entre Jesus Cristo e o Logos, de modo que aos cristãos é dado poder participar da verdade. Cristo seria, pois, 
o primogênito de Deus e o Logos (Verbo, Palavra, Sabedoria), do qual participa todo gênero humano. Depois de Deus, 
deve-se adorar o Logos, que é nascido de Deus, eterno e inefável, porque ele se fez homem, a fim de curar a 
humanidade de seus males, assumindo-os sobre si mesmo. Para Justino, apenas Deus não é gerado e incorruptível, ao 
passo que tudo o que vem depois de Deus é gerado e corruptível. Por esta razão, as almas mesmas morrem e são 
punidas; se não fossem corruptíveis, as almas não pecariam. Justino morreu na condição de mártir cristão, condenado 
por professar o Cristianismo, no ano 165, decapitado. 
Clemente (150-215) foi um dos primeiros Padres da Igreja. Nascido em Atenas, ou Alexandria, continuou o 
pensamento de Fílon, propondo uma relação entre o pensamento grego e as narrativas bíblicas. Clemente teve um 
papel fundamental na difusão filosófica do Cristianismo, na medida em que trabalhou em cima de fontes que eram 
familiares aos não cristãos, tornando essa religião, portanto, mais aceitável para muitos deles. Clemente propunha que 
a riqueza deveria ser algo compartilhado, a partir da comunhão estabelecida por Deus com os homens, o que lhes 
garantia o “Logos” (razão). Escreveu Protréptico aos gregos, o Pedagogo, os Estrômatas, uma Homília, entre outros 
textos que resistiram ao tempo e hoje se apresentam em forma de fragmentos. 
 
Outro importante membro da Patrística foi Orígenes (185 – 253), cristão, nascido em Alexandria. Discípulo de 
Clemente de Alexandria, Orígenes ensinou a necessidade de interpretar a doutrina cristã como disciplina filosófica, 
sobretudo em uma base neoplatonista. Em uma viagem que realizou à Grécia, em 230, chegou a ser ordenado padre, 
na Palestina. Alvo de perseguições, por conta de suas ideias, Orígenes deixou Alexandria e se fixou em Cesareia, onde 
obteve bastante êxito na difusão de seu pensamento. Todavia, em 253, em meio à onda de perseguição que os cristãos 
sofriam, por determinação de Décio, então imperador romano, Orígenes foi perseguido, torturado e morto por ser 
cristão. 
 
 
 
 
 
OSG 2602/20 
6 
IGREJA CONCILIAR 
 
a) Os defensores da necessidade de uma relação harmoniosa entre a Filosofia e a Teologia encontraram bastante respaldo 
durante os concílios realizados pela Igreja, sobretudo os de Niceia (325), de Constantinopla (381) e de Calcedônia (451). 
 
b) Através desses concílios, ganhou forma uma doutrina tida como legítima e uma perseguição aos opositores de seus 
dogmas, tomados como heréticos. 
 
c) Nesses mesmos concílios, os elementos filosóficos gregos foram empregados como fundamento dos dogmas religiosos. 
 
d) A Filosofia grega passava a se incorporar de uma forma definitiva religião cristã e, portanto, ao pensamento medieval. 
 
e) Na história cristã, até o século VIII, foram realizados sete grandes e decisivos concílios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiro Concílio de Niceia 
Afrescodo século XVI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Concílio de Niceia (325). 
 
Foi o primeiro grande esforço de se atingir uma unidade em torno da Igreja. Foi organizado pelo imperador 
Constantino (272 – 337). Esse concílio foi responsável pela elaboração do Credo Niceno; defendeu que Cristo não teve 
começo, pois foi gerado a partir do Pai. Dessa forma, posicionou-se contra a visão do presbítero Ário, que julgava ser o Filho 
menor que o Pai. Este concílio ainda estabeleceu o período de comemoração da Páscoa, a mais importante festa do 
calendário eclesiástico. 
 
2. Concílio de Constantinopla (381). 
 
Debateu-se a natureza de Cristo e a foi condenada heresia do Arianismo, por ser esta uma doutrina antitrinitária. 
Para o Arianismo, doutrina que negava a consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai; segundo o bispo Ário, não haveria 
como o Filho ser igual ao Pai. Este concílio foi convocado por Teodósio I. 
 
3. Concílio de Calcedônia (451). 
 
Repudiou o Monofisismo, doutrina professada por Eutiques. O concílio confirmou a dualidade de Cristo (divino e 
humano), a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Jesus foi tomado como perfeito, tanto em sua condição humana, como 
divina. 
 
 
 
 
 
OSG 2602/20
7 
 
 
 
 
 
ASCPECTOS BIOGRÁFICOS 
 
Aurelius Augustinus ou Agostinho de Hipona são nomes pelos quais também ficou 
conhecido o grande teólogo e filósofo medieval Santo Agostinho. 
Agostinho nasceu aos 13 de novembro de 354, na cidade de Tagaste, na Numídia, 
região situada no Norte da África, correspondente à atual Argélia. 
Agostinho faleceu aos 28 de agosto de 430, na cidade de Hipona, na mesma região 
da Numídia, onde exercia suas atividades religiosas como bispo. 
 
A FAMÍLIA DE SANTO AGOSTINHO 
 
• Agostinho era filho de Patrício, pagão convertido ao Cristianismo (371), e de Mônica, 
uma cristã fervorosa e que teve uma influência enorme na vida de seu filho. 
• Agostinho teve mais dois irmãos: Navígio e Perpétua. 
• Agostinho teve um filho com uma concubina, chamado Adeodato (372 – 388). 
 
De Tagaste, onde nasceu, migrou e viveu em Madaura (365-370), Cartago (370-383), Roma (383-384), Milão (384-387), 
voltou a morar em Tagaste (388-391) e viveu por fim em Hipona (391-430), como sacerdote e, depois, bispo da cidade. Quer 
dizer, a vida de Agostinho oscilou entre a África, a Europa e sua volta definitiva para a África. 
Em sua cidade natal, Agostinho recebeu seus primeiros estudos de gramática, aritmética, latim e grego. Em 365, foi morar 
em Madaura, de onde regressou em 370, levando uma vida dissoluta. Neste mesmo ano, deixou mais uma vez a cidade, apenas 
retornando em 388, vindo da Itália, permanecendo até 391. 
Quando Agostinho deixou Tagaste pela primeira vez (365), passou a viver em Madaura, também no norte da África, região 
da Numídia, a fim de aprofundar seus estudos. Ali estudou literatura latina e conheceu o paganismo. 
Em 370, após uma fase em Tagaste (relacionou-se com uma concubina, com quem terá um filho dois anos depois), foi a 
Cartago, até 383. Estudou retórica e leu Hostensius, de Cícero, o seu início na filosofia. Manteve relações com o Maniqueísmo. 
 
Em 383, aos 29 anos, em Roma, Agostinho fundou uma escola de retórica e manteve forte amizade com Símaco, o prefeito 
da cidade. 
Em 384, Agostinho migra para Milão, como orador e professor. Ali, foi recebido por autoridades imperiais, intelectuais e 
eclesiásticas com grande simpatia e curiosidade. Conheceu o Neoplatonismo através do bispo Ambrósio e de Mânlio Teodoro, 
lendo Plotino. Conversão (386) e Batismo (25-04-387). 
Voltou a Tagaste em 387. Em Óstia, um porto de Roma, morreu Mônica. Em 388, chegou à África (Tagaste) e estabeleceu 
uma espécie de mosteiro. Em 391, foi ordenado Sacerdote em Hipona, pelo bispo Valério. Ordenado bispo em 395, viveu em 
nesta cidade até sua morte, em 430, quando os vândalos sitiavam a cidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FORMAÇÃO FILOSÓFICA E TEOLÓGICA DO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO. 
 
Agostinho recebeu profunda e decisiva influência espiritual de sua mãe, Mônica, a partir de sua firme fé e coerente 
testemunho cristão. 
Agostinho, em sua estada em Cartago, teve acesso à leitura do livro Hortensius, do pensador romano Cícero, a obra que 
o fez despertar um profundo interesse pela Filosofia. Através dessa obra, Cícero apresenta uma ideia de felicidade nos moldes 
helenísticos, isto é, a sabedoria como instrumento de felicidade. 
Agostinho teve uma relação muito forte com o Maniqueísmo, por volta do ano 373, nos seus 19 anos de idade. O 
Maniqueísmo era uma religião herética, fundada por Mani, no séc. III e que propunha a crença num racionalismo vivo, num 
materialismo e num radical dualismo entre o bem e o mal. 
Santo Agostinho (354 – 430) 
Santo Ambrósio (340 – 397), bispo de Milão, notável pastor e erudito, fecundo escritor, tanto em teologia como 
em exegese bíblica. Não se destacou como um pensador original, Ambrósio depende bastante dos Padres gregos. Seu 
destaque se deu nos seus escritos ético-pastorais. Com Ambrósio, o conceito greco-romano de officium (criado pelos 
estoicos e realçado por Panécio e Cícero) foi repensado em bases cristãs, assumindo categoria moral estável no Ocidente. 
O bispo Ambrósio exerceu notável influência sobre Santo Agostinho, de quem foi mestre. 
 
 
 
 
 
OSG 2602/20 
8 
Agostinho teve uma experiência muito direta com a filosofia cética, por volta de 383-384, com base na ideia de que o 
homem deve duvidar de tudo, haja vista não poder ter a certeza acerca de nada. 
Agostinho viveu em Milão (384-388), quando teve um contato mais direto com a Bíblia, sobretudo dos textos de São Paulo 
(sentido da fé, da graça e da redenção), por influência do bispo Ambrósio, que o batizou no Cristianismo. 
Nessa mesma época, Agostinho teve acesso ao pensamento neoplatônico e a questão da realidade imaterial e da não-
realidade do mal. 
Agostinho, em sua última fase da vida, já em Hipona, como bispo, dedicou-se a debates polêmicos e por batalhas contra 
as heresias. Agostinho se posicionou contra os maniqueístas, os donatistas (acreditavam que a Igreja não deveria perdoar e 
admitir pecadores) e os pelagianistas (negavam o pecado original, a corrupção da natureza humana, o livre-arbítrio e a 
necessidade da graça divina para a salvação). 
 
O FILOSOFAR NA FÉ 
 
Agostinho revolucionou o modo de pensar e a relação entre filosofia e teologia no Ocidente. 
Em termos filosóficos, seu pensamento foi bastante influenciado pela filosofia de Plotino, que lhe ofereceu novas 
categorias, as quais romperam os esquemas do seu materialismo e de sua concepção maniqueísta da realidade substancial do 
mal. 
Sob o ponto de vista religioso, a conversão e a fé em Cristo e em sua Igreja mudaram também o modo de viver de 
Agostinho, abrindo-lhe novos horizontes para seu próprio pensar. 
A fé tornou-se substância de vida e pensamento e, assim, tornou-se não só o horizonte de sua vida, mas também de seu 
pensamento. 
Nascia o filosofar-na-fé, nascia a “filosofia cristã”, amplamente preparada pelos Padres gregos, mas que só iria chegar ao 
perfeito amadurecimento com Agostinho. 
Vale salientar, porém, que o pensamento de Agostinho não se se trata de uma forma de fideísmo, isto é, a fé não substitui 
nem elimina a inteligência. Para Agostinho, fé e razão são complementares. 
Agostinho apresenta, pois, de uma forma bem mais densa e profunda, o que se convencionou chamar de “filosofar na 
fé”, isto é, a “filosofia cristã”, uma mensagem que mudou por mais de um milênio o pensamento ocidental. 
 
A DESCOBERTA DA PESSOA – A METAFÍSICA DA INTERIORIDADE 
 
Para Santo Agostinho, ao contrário do pensamento grego, o grande problema filosófico não está no cosmo, mas no 
homem. Santo Agostinho não apresenta a questão do homem de uma forma abstrata (a essência do homem em geral). 
Agostinho expõe o problema do homem na forma concreta do eu, como pessoa, como indivíduo. Em sua grande obra, 
“Confissões”, Agostinho se apresenta como protagonista desua filosofia, sendo, simultaneamente, observante e observado. 
Agostinho exibe seu espírito nas tensões íntimas de sua “vontade”. 
Os antigos gregos não focaram na questão da “vontade”. O confronto entre a vontade humana e a vontade divina (a 
problemática religiosa), é que leva, para Agostinho, à descoberta do eu como pessoa. 
Agostinho concorda com a visão socrática de que o homem “é uma alma que se serve de um corpo”. Em Agostinho, o 
conceito de alma e o conceito de corpo assumem novo significado, em virtude do conceito de criação, do dogma da 
“ressurreição” e, sobretudo, do dogma da encarnação de Cristo. 
Para Agostinho, o homem interior é imagem de Deus e da Trindade. No homem há uma série de tríades, que refletem de 
vários modos a Trindade, tendo no vértice a tríade ser, conhecer e amar, que espelha as três pessoas da Trindade e sua 
estrutura uno-trina. Assim, Deus se espelha na alma. Não é indagando o mundo, mas escavando a alma que se encontra Deus. 
 
A VERDADE E A ILUMINAÇÃO 
 
Na relação que existe entre a alma e Deus, o aspecto fundamental é o conceito de “verdade”, uma verdade que é interior 
e racional. A alma, provocada pelos estímulos do corpo, age e busca no interior de si a representação do objeto sensorial 
(aquele que está externamente ao homem). A alma julga as coisas com base na razão, a partir de critérios que são imutáveis. 
Existe uma natureza imutável, superior à alma humana. Daí vem a verdade, que dá origem aos critérios da alma. A verdade é 
a medida de todas as coisas e o próprio intelecto é “medido” em relação a ela. Essa verdade que captamos com o puro 
“intelecto” é constituída pelas Ideias, que são as supremas realidades inteligíveis. 
Agostinho compreende a visão platônica acerca das “Ideias”, e entende que elas servem de paradigma para as coisas que 
existem. Todavia, discorda da “doutrina da reminiscência” de Platão, dando-lhe uma nova interpretação. Agostinho propor, no 
lugar daquela, a “doutrina iluminação”. A doutrina da iluminação é uma releitura da doutrina da reminiscência sob a ótica 
criacionista. Para Agostinho, Deus é Ser transmite ser às coisas; Deus, também, é Verdade, e transmite às mentes a capacidade 
de conhecer a Verdade. Segundo Agostinho, Deus nos atrai e nos dá a paz como Amor. Apenas a parte mais elevada da alma 
chega ao conhecimento das Ideias. A alma necessita de “purificação” para alcançar “assimilação”, condição já destacada pelos 
antigos gregos, mas que alcança valências evangélicas com Agostinho (a boa vontade e a pureza de coração). 
 
 
 
 
 
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DEUS 
 
A Verdade, para Agostinho, pode ser tomada em várias acepções. Quando, em sua dimensão mais intensa, ela coincide 
com Deus. A exposição da existência da Verdade corresponde à exposição da existência de Deus. 
Agostinho busca a verdade a partir da exterioridade à interioridade do espírito humano e, na sequência, encontrando a 
Verdade, passa-se ao Princípio de toda a verdade, isto é, a Deus. 
Deus pode ser percebido, segundo Agostinho, nas características de perfeição que há no mundo, o que evoca a ideia de 
uma artífice; no consenso dos homens, de que haveria um criador de tudo aquilo que existe; na estratificação do bem, a partir 
do que Deus seria associado ao estrato máximo, um Bem supremo. 
A intenção de Agostinho em demonstrar a existência de Deus ultrapassa a intenção puramente intelectual. Ele busca 
oferecer ao homem uma forma de amar a Deus, a fim de que, dessa forma, consiga completar o vazio do espírito, trazer paz 
ao coração e conseguir alcançar a felicidade. 
Deus manifesta atributos que Agostinho compreende como essenciais: Ser, Verdade, Bem (e Amor). Quanto à condição 
de Ser, para o filósofo, Deus é expresso em linguagem ontológica (substância primeira) e bíblica (“Eu sou Aquele que é”). Deus 
é todo o positivo que se manifesta na criação, sem os limites que nela se apresentam. 
 
TRINDADE 
 
Outro conceito fundamental do pensamento de Agostinho é o de Trindade, pelo qual ele fala de um único Deus que 
apresenta sua identidade substancial em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que apresentam a mesma substância (essência) 
e não são diferenciáveis em hierarquia. Essas três Pessoas são inseparáveis no Ser. A Trindade é um único verdadeiro Deus. 
Para Agostinho, cada uma das três pessoas é distinta das demais quanto à relação, mas não são distintas em termos 
ontológicos. 
A Trindade se manifesta em todas as criaturas, desde simples vestígios, nas coisas e no homem exterior, à própria imagem 
de Deus, na alma humana. Esta mesma alma humana reflete a mente, o conhecimento e o amor. O conhecimento de Deus, 
que é Uno e Trino, ilumina o conhecimento do homem, tal qual um corpo que se projeta diante de um espelho em sua imagem. 
 
A DOUTRINA DA CRIAÇÃO 
 
À aporia metafísica, advinda desde os pré-socráticos, sobre a origem de um mundo que surge de um Ser que origina 
outros seres, Agostinho traz a proposta bíblica da criação, para um universo de discussões filosóficas. 
Embora os plantonistas tivessem uma visão semelhante ao criacionismo bíblico, eles entendiam que a figura de Deus 
(Demiurgo) estaria abaixo das Ideias, num plano inferior ao Mundo Inteligível. Além disso, o Demiurgo criou o Mundo Sensível 
a partir de uma massa preexistente (“chora”), que foi plasmada e deu origem às coisas sensíveis. 
Na visão criacionista, as coisas são criadas a partir do nada (ex nihilo), logo, não existe substância de Deus e nem uma 
“matéria prima” anterior. 
Agostinho busca explicar a realidade a partir de três possíveis perspectivas: 
I. Geração. Acontece quando há uma derivação da própria substância do gerador. Exemplo: o filho que deriva do pai. O 
gerado representa algo de idêntico (em substância) ao gerador; 
II. Fabricação. Acontece quando aquilo que é fabricado deriva de algo preexistente fora do fabricante (de uma matéria). 
Exemplo: todas as coisas que o homem produz; 
III. Criação. Acontece quando algo existe a partir do nada absoluto, isto é, não procede nem da própria substância, nem 
de uma substância externa. Exemplo: o mundo criado por Deus. 
 
DOUTRINA DAS IDEIAS E DOUTRINA DAS RAZÕES SEMINAIS 
 
Agostinho emprega as Ideias como elementos fundamentais na compreensão da criação. Porém, diferentemente de 
Platão, elas não seriam entidades situadas acima de Deus (Demiurgo), mas, dentro do próprio Deus, como “pensamentos desse 
Deus”, o “Verbo de Deus”. Dessa forma, a criação foi ato de um Deus que, de forma racional, criou cada coisa a partir de um 
referencial de seu próprio pensamento, onde estariam as Ideias. 
A fim de explicar a criação, Agostinho, além da Doutrina das Ideias, Agostinho desenvolveu a Doutrina das Razões 
Seminais, criadas pelos estoicos e reelaborada por Plotino. Para Agostinho, Deus fez tudo o que existe, mas nem tudo está 
totalmente concretizado, pois nos criados existe uma “semente”, que podem se desenvolver e originar outros seres. A evolução 
seria, na visão agostiniana, a realização e a concretização dessas “razões seminais”, verdadeiro prolongamento da ação 
criadora de Deus. Por seu caráter racional, o estaria no ápice do mundo sensível. 
 
 
 
 
 
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A ETERNIDADE E A ESTRUTURA DA TEMPORALIDADE 
 
Santo Agostinho é responsável por uma das mais interessantes análises acerca da questão “tempo” já realizadas 
filosoficamente. Para Santo Agostinho, antes de Deus criar o céu e a terra, simplesmente não havia o tempo. Perguntar-se, por 
exemplo: o que Deus faria antes de criar o tempo, não faria, então, o menor sentido. O tempo é uma criação de Deus e, dessa 
forma, pensar Deus em função do tempo tem sentido, pois situa Deus em uma categoria que vale só para suas criaturas. Deus 
é eterno. 
“Tempo” e “Eternidade” são duas dimensões que não têm medidas em comum. É um erro aplicar o conceito de tempo 
ao eterno, por suas dimensões distintas. 
O tempo é composto por três partes: passado (aquilo que não é mais), presente (aquiloque está sendo) e futuro (aquilo 
que não é ainda). O presente, na visão de Agostinho, seria, na verdade, um contínuo deixar de ser (uma tendência constante 
ao “não-ser”). O tempo se encontra no espírito do homem, que é onde se encontram os registros do passado (memória), do 
presente (intuição) e do futuro (espera). 
 
O MAL E SEU ESTATUTO ONTOLÓGICO 
 
A questão do mal é um dos pontos mais importantes do pensamento de Santo Agostinho. Afinal de contas, se tudo aquilo 
que existe vem de Deus, que é o grande criador das coisas, de onde se origina o mal? 
Em parte de sua vida, Agostinho foi simpatizante das ideias maniqueístas, que entendem a realidade de uma forma dual: 
o bem e o mal são seres e não haveria como haver uma conversão entre ambos. Todavia, com sua conversão ao Cristianismo 
e sua formação filosófica, Agostinho apresenta uma nova interpretação para esse tema: o mal é a privação ou deficiência do 
ser, que, portanto, é naturalmente bom. 
Agostinho, porém, aprofunda essa discussão, propondo debater a questão do mal sobre três possíveis aspectos: 
 
I. O mal metafisico-ontológico. 
 
 
 
 
 
 
 
II. O mal moral. 
 
 
 
 
 
 
 
III. O mal físico. 
 
 
 
 
 
A VONTADE, A LIBERDADE E A GRAÇA 
 
“Era eu que queria e eu que não queria: era exatamente eu que nem queria plenamente, nem rejeitava plenamente. Por 
isso, lutava comigo mesmo e dilacerava-me a mim mesmo”. Ao escrever isso, Agostinho destaca os conflitos emanados da 
vontade, trazendo este elemento às reflexões filosóficas, superando os limites da antropologia grega. Partindo de sua própria 
realidade, Agostinho passa e entender a mensagem bíblica precisamente em sentido “voluntarista”, fora dos esquemas 
intelectualistas do mundo grego. 
O conceito de liberdade que Agostinho desenvolve passa a associá-la à vontade, e não à razão, como defendiam os gregos. 
Dessa forma, Agostinho contraria o pensamento socrático, que condicionava o comportamento ético ao domínio do 
conhecimento (epistemologia). Para Sócrates, seria impossível que o homem, conhecendo o bem, praticasse o mal. Segundo 
Agostinho, ao contrário, seria possível o homem, racionalmente, conhecer o bem, e, por uma questão de vontade, rejeitá-lo. 
Para Agostinho, a razão e a vontade pertencem ao espírito humano, mas a vontade é uma faculdade diferente da razão. A 
razão conhece e a vontade escolhe, podendo escolher até o irracional. 
O mal não existe na natureza. O que existe são graus inferiores de ser em relação a Deus. Todavia, mesmo 
aquilo que, concebido numa perspectiva superficial, sugere um “defeito”, mas, na verdade, numa visão universal, 
desaparece. Por exemplo, animais nocivos são associados a um “mal”, mas, nós estamos os avaliamos com o utilitarismo 
e, dessa forma, estamos errados. Todas as coisas, mesmo aquelas aparentemente mais insignificantes, têm sua razão 
de ser e, assim, representam algo positivo. 
 
É o pecado e o pecado está associado à má vontade, que não tem uma “causa eficiente”, mas, muito mais, uma 
“causa deficiente”. A vontade, por natureza, deveria tender à escolha do Bem supremo. O problema, porém, é que há 
muitos bens criados e finitos, e a vontade pode tender a eles e, corrompendo a ordem hierárquica: a vontade pode 
preferir a criatura a Deus. O fato de ter recebido de Deus uma vontade livre é um grande bem; mas o mal é o mau uso 
desse grande bem. 
 
Este é representado pelas doenças, pelos sofrimentos, pelos tormentos do espírito e pela morte e tem sentido 
muito claro para quem filosofa na fé: o mal físico decorre do pecado original, ou seja, é uma consequência do mal moral. 
 
 
 
 
 
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Para Agostinho, o primeiro desvio da vontade manifestado pelo homem foi o pecado original, um pecado de soberba. A 
vontade só é realmente livre quando não escolhe o mal. Diante do pecado original, Agostinho interpreta a verdade como que 
se corrompendo e enfraquecendo, trazendo ao homem a necessidade da graça divina, haja vista a incapacidade de escolha 
moral do homem, que não é autárquico. 
 
 
Disponível em: http://www.willtirando.com.br/santo-agostinho-x-boecio/ 
 
A “CIDADE CELESTE” E A “CIDADE TERRENA” 
 
O pensamento político de Santo Agostinho está fundamentado na distinção entre o 
bem e o mal, que estão diferenciados a partir da concepção que o homem desenvolve 
acerca do amor. 
O bem seria o amor que o homem, individual ou coletivamente, manifesta por Deus; 
ao passo que, o mal seria, individual ou coletivamente, o amor que o homem manifestaria 
por si mesmo. 
Quando os homens, em comunidade, praticam o bem, manifestando o seu amor 
por Deus, constituem o que Agostinho chama de “Cidade celeste”. 
 Por outro lado, a “Cidade terrena” viria da prática do mal, isto é, do amor que os 
homens manifestariam por si mesmos, desprezando Deus. Os cidadãos desta cidade 
estariam destinados à salvação. 
 A concepção que Santo Agostinho desenvolve acerca da história assume um 
sentido inovador, desconhecido pela filosofia clássica. A história teria um começo 
(criação) e um fim (juízo final e ressurreição). Haveria, ainda, uma fase intermediária, 
marcada por três importantes momentos: 
I. pecado original; 
II. espera da vinda do Salvador; 
III. encarnação e paixão do Filho de Deus, com a constituição de sua Igreja. 
 
A encarnação e a paixão do Filho de Deus trazem consigo a edificação da Igreja. A história teria uma espécie de fim, diante 
da ressurreição, quando se alcançará o repouso eterno. 
 
GUERRA JUSTA 
 
Trata-se de uma doutrina que estabelece em que circunstância um conflito é moralmente correto. A guerra é tomada 
em uma dimensão preventiva, sendo a causa imediata uma questão de menor importância. Foi desenvolvida por Santo 
Agostinho a partir de suas leituras de Cícero, que justificava, por sua vez, os ataques de Roma aos povos que lhes causassem 
prejuízos e, diante de um pedido formal do Império romano, não os solucionassem durante um prazo de trinta dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Santo Agostinho também ficou conhecido como Agostinho de Hipona, em virtude da importância que esta cidade africana 
teve em sua vida, por conta dela estar associada ao seu 
a) nascimento. c) episcopado. 
b) falecimento. d) matrimônio. 
 
2. Entre as principais obras escritas por Santo Agostinho, é possível destacar 
a) Ética a Nicômaco. c) Suma Teológica. 
b) A Cidade de Deus. d) O Ser e o Nada. 
 
3. Em sua formação filosófica, sobretudo na visão metafísica, Agostinho sofreu muita influência do pensamento de 
a) Protágoras. c) Políbio. 
b) Pródicos. d) Platão. 
 
4. Agostinho, em sua obra Confissões, afirma ter iniciado seu interesse pela Filosofia após a leitura do clássico: 
a) História, de Heródoto. c) Teogonia, de Hesíodo. 
b) Hortensius, de Cícero. d) Antilogias, de Protágoras. 
 
5. Acerca da questão do pecado original, Agostinho se viu envolvido em grande debate com uma heresia de sua época, que 
discordava da visão deste filósofo, por entender que negava esse conceito. Trata-se do 
a) Arianismo. c) Pelagianismo. 
b) Anabatismo. d) Nestorianismo. 
 
 
 
 
 
 
a) Podemos encarar Escolástica como sendo a Filosofia e a Teologia que se ensinavam nas Escolas Medievais, mais do que, 
na verdade, um conjunto de doutrinas. 
 
b) A partir do século VI, com o fechamento das escolas pagãs, por um Edito baixado pelo Imperador Justiniano (529), temos 
um golpe fatal na cultura pagã, que já vinha em declínio. 
 
c) Temos assim, por volta do século IX, a abertura de novas escolas ou a absorção das antigas em novas instituições, por 
parte da Igreja Católica, dando, dessa forma, início à formação de uma nova cultura filosófica e teológica. 
 
d) Essas escolas poderiam ser monacais ou abaciais (conduzidas por monges ou abades), episcopais (anexas a uma catedral) 
ou palatinas (anexas à corte). 
 
e) Escola termina sendo um método de pensamento e de ensino que conciliava a fé cristã com um sistema racional, com 
ênfase na dialética e nalógica. 
 
f) Nas escolas medievais, os escolásticos (acadêmicos) ensinavam artes, divididas em Trivium (gramática, retórica e lógica) 
e Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). 
 
g) Escolástica derivou da necessidade de aprofundamento das questões teológicas e filosóficas daquele período. 
 
h) Atingiu sobremaneira as universidades medievais. 
 
i) O seu auge se deu com o pensamento de Santo Tomás de Aquino e sua obra principal, Summa Theologica. 
 
j) A grande questão da harmonização da fé e da razão foi a tônica de praticamente todo o pensamento medieval e com a 
Escolástica não foi diferente. 
 
k) Todavia, no princípio, o pensamento de Santo Agostinho encarava uma supremacia maior da fé sobre a razão. 
Exercícios sobre Santo Agostinho 
Escolástica 
 
 
 
 
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l) O pensamento desenvolvido na Escolástica, porém, defendia uma maior autonomia da razão, sobretudo pela recuperação 
da influência de Aristóteles na tradição filosófica. 
 
m) Mesmo assim, a Escolástica não defendia a sobreposição da fé pela razão. 
 
n) A Escolástica ofereceu um programa que pudesse empregar melhor a defesa dos dogmas cristãos em um contexto cada 
vez mais pluralista. 
 
o) Os fundamentos da tradição escolástica foram lançados por Boécio por meios de seus ensaios filosóficos e teológicos. 
 
 
 
 
 
 
a) Anício Mânlio Torquato Severino Boécio nasceu em Roma (480) e morreu em Pávia (524). 
 
b) Boécio foi filósofo, teólogo, poeta e político. 
 
c) Boécio é considerado o último dos romanos e o primeiro dos escolásticos, buscando tornar 
a cultura grega mais conhecida aos latinos. 
 
d) Boécio traduziu e comentou a obra Isagoge, uma obra escrita por Porfírio (234 – 304) e que 
representa uma curta introdução pedagógica ao estudo das categorias de Aristóteles. 
 
e) Boécio traduziu e/ou comentou outras obras gregas clássicas. Assim o fez com o Órganon, de Aristóteles, e inúmeros 
tratados acerca de Matemática, Lógica e Teologia. 
 
f) Vale salientar, ainda, a importância de Boécio nos estudos de música, registrados em De institutione musica (Introdução 
à Música), obra na qual deixou grande legado sobre teoria musical. Haveria três tipos de música: “audível” (instrumental), 
“humana” (voz do homem) e mundana (celestial e inaudível aos homens). As três formas deveriam estar, segundo Boécio, 
em harmonia matemática. 
 
g) Boécio chegou a senador e cônsul em Roma, além de chefe de governo na corte do rei Teodorico, o Grande, um bárbaro 
ostrogodo. A despeito de sua posição, foi acusado de conspiração contra o imperador, em favor do Império Bizantino. 
Por esta razão, Boécio foi preso, torturado e sentenciado à morte. 
 
h) Na prisão, Boécio escreveu sua obra-prima: De Consolatione Philosophiae (A Consolação da Filosofia). Aqui, Boécio relata 
ter sido visitado por uma mulher, que seria a encarnação da Filosofia, e esta teria ensinado que: 
1º. A filosofia está em grau de mostrar ao homem a verdadeira felicidade, além de afastá-lo dos bens fictícios e aleatórios. 
 
2º. A filosofia ensina a crer na Providência divina, apesar da presença do mal, porque ensina a ver a orientação universal 
da realidade para o bem. 
 
i) Por seus estudos sobre a Lógica aristotélica, sobretudo a partir do Isagoge, de Porfírio, Boécio traz a questão dos 
“universais” à Escolástica. 
 
j) Boécio defende um “realismo moderado” (o universal só existe no intelecto, sendo, assim, incorpóreos). Para Boécio, não 
existe o “homem universal” na realidade, mas, apenas homens singulares. Todavia, abstraindo as características comuns 
(típicas da espécie ou do gênero) dos homens singulares, chegamos aos universais. 
 
k) O estudo da Lógica, apesar de não muito original, embora bastante refinado chega à Idade Média por meio de Boécio. 
 
l) Além do forte interesse manifestado nos estudos sobre a Lógica aristotélica, Boécio também uma profunda influência 
platônica e neoplatônica em suas obras, sobretudo quando entende que o Uno, o Bem e Deus são a mesma coisa. 
 
m) Boécio entende que o homem se afasta da humanidade e, dessa forma, deixa de ser homem, convertendo-se em animal. 
 
n) A felicidade não está nas coisas terrenas. Deus é a própria felicidade. 
 
Boécio 
 
 
 
 
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a) Sua Filosofia estava baseada no neoplatonismo, a partir de suas leituras do Pseudo-
Dionísio Areopagita. 
 
b) Teologia Positiva: afirma que a Deus são atribuídas todas as perfeições das criaturas. 
 
c) Teologia Negativa: nega como insuficientes todas as perfeições; é superafirmativa. 
 
d) Escoto Erígena entendia os universais de uma forma realista. O filósofo enxergava a 
dialética como forma de pensamento e, ao mesmo tempo, estrutura da realidade. 
 
e) A dialética seria a arte fundada pelo Criador no ato da criação. 
 
f) Não existiria diferença entre religião e filosofia, pois ambas fariam referência a Deus. 
 
g) Para Escoto Erígena, não haveria como entrar no céu sem filosofia. 
 
h) Irlandês, foi imporante nome na corte do rei Carlos, o Calvo. 
 
A Natureza 
 
Segundo Escoto Erígena, através de sua obra De divisione naturae, a realidade estaria dividida em quatro partes: 
 
1ª) Deus, isto é, a natureza que não foi criada, mas que pode criar. 
 
2ª) Logos, isto é, a natureza que foi criada e que pode criar. 
 
3ª) Cosmos, isto é, a natureza que foi criada, mas que não pode criar. 
 
4ª) Fim da História, que não foi criada e nem pode criar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Santo Anselmo é considerado um dos grandes iniciadores da Escolástica e foi o responsável por um consagrado 
argumento ontológico que discute a existência de Deus. 
 
b) Santo Anselmo é comumente associado aos principais lugares de sua vida: Aosta (por conta de seu nascimento), Bec 
(onde se situava seu mosteiro) e Cantuária (sede de seu arcebispado). 
 
c) Anselmo entrou para a Ordem dos beneditinos em 1060, na Abadia de Bec. 
 
Escoto Erígena (810 – 877) 
Santo Anselmo (1033 – 1109) 
 
 
 
 
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d) Santo Anselmo nasceu em Aosta. Filho de Gandolfo (que era lombardo) e de Ermenberga (de origem burgúndia), Anselmo 
era de membro de uma opulenta família. 
e) Anselmo manifestou interesse pela vida religiosa quando contava quinze anos de idade, mas, diante da oposição do pai, 
não pode realizar seu objetivo naquele momento. Aos vinte três anos, após uma fase em que esteve doente e com a 
morte da mãe, Anselmo saiu de casa e migrou até a região da Normandia (norte da França), onde, já aos vinte e sete anos, 
foi admitido como noviço, na abadia beneditina da cidade (comuna) de Bec. 
 
f) Ao lado de João Escoto Erígena, Anselmo é um dos fundadores da Escolástica, ao afirmar que, se, no nosso intelecto 
podemos imaginar algo perfeito como Deus, isso em si já é prova de que Ele existe de fato. 
 
g) Na abadia beneditina de Bec, Anselmo teve duas grandes escaladas: prior (1063) e abade (1078). 
 
h) Em 1093, após um processo de negociação com Guilherme II (Inglaterra), tornou-se arcebispo da Cantuária. 
 
i) Anselmo se envolveu na Querela das Investiduras e entrou em conflito com Henrique I, da Inglaterra. 
 
j) Anselmo influenciou nomes como Boaventura, Tomás de Aquino, João Duns Escoto e Guilherme de Ockham. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As obras de Santo Anselmo: 
 
1. Monológio. 
2. Proslógio. 
3. O Gramático. 
4. Os diálogos sobre a Verdade. 
5. Livre Arbítrio. 
6. A Queda do Diabo. 
7. Cur Deus Homo? (Por que Deus era um homem?). 
8. Epístola sobre a encarnação do verbo. 
9. Na concepção virginal e pecado original. 
10. As epístolas sobre o sacrifício de ázimos e fermentados. 
 
 
 
 
 
 
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a) Na Filosofia e na Teologia ocidentais, a personagem mais emblemática foi, no século XI, 
Santo Anselmo de Cantuária. Já no século XII, essa posição pertencerá a Pedro Abelardo, 
sobretudo por sua influência às escolas universitárias. 
 
b) Pedro Abelardo foi sempre um pensador insatisfeito e crítico,sobretudo quando estudante. 
Ele não aceitava as doutrinas professadas por seus mestres, principalmente no que se 
referem à natureza dos universais e ao uso da dialética. 
 
c) Pedro Abelardo era natural da cidade de Le Pallet, no Noroeste francês, em 1079. Sua 
família tentou destiná-lo à carreira militar, mas sua inclinação o levou à Filosofia. 
 
d) Foi discípulo de Roscelino de Compiègne e de Guilherme de Champeaux. 
 
e) No magistério, tentou fundar escolas em Melun e em Corbeil, só obtendo êxito na colina de Santa Gênoveva, em Paris. 
 
f) Manteve um caso amoroso com Heloísa, sobrinha do cônego Fulberto, o que lhe trouxe sérios prejuízos, embora, daí 
tenha nascido um filho, Astrolábio. Heloísa seguirá sua vida como freira e Abelardo, como monge. 
 
g) Entre 1114 e 1118, Pedro Abelardo lecionou na Escola de Notre-Dame, considerada o primeiro núcleo de uma 
universidade livre na França. Esse foi o período mais profícuo de sua atividades no magistério. 
 
h) Em virtude de suas ideias, foi organizado o Concílio de Soissons (1121), que condenou sua visão acerca do mistério da 
Santíssima Trindade. Em 1140, o Concílio de Sens rejeitou suas teses relativas à lógica e ao papel da razão na interpretação 
das verdades cristãs. 
 
i) A fim de se defender, Pedro Abelardo recorreu ao Papa, numa viagem desgastante e cansativa, que o levou a buscar 
refúgio em Cluny, tendo sido acolhido por Pedro, o Venerável. Ali mesmo, em oração, morreu em 1142. 
 
j) Pedro Abelardo entendia que é por meio da dúvida que se desenvolve uma pesquisa e, através desta, ao conhecimento 
da verdade. Essa pesquisa seria dada com a análise linguística e terminológica dos textos. 
 
k) Pedro Abelardo enaltece a dialética e entende que é nas normas da lógica que está a própria razão. A razão é a sede da 
consciência crítica acerca das teses ou afirmações. A razão dialética é uma razão crítica. 
 
l) O pensamento de Pedro Abelardo incomodou muitas autoridades em sua época, pois representava uma espécie de 
dessacralização dos dogmas cristãos, na medida em que colocava a razão crítica entre o pensamento dos homens e o 
Logos divino, muito embora Abelardo buscasse tornar mais compreensível o mistério cristão, e não profaná-lo. 
 
m) Pedro Abelardo estabelece a diferença entre “intelligere” (inteligência humana) e “comprehendere” (conhecimento dado 
por Deus). 
 
n) Na ética, Pedro Abelardo enxerga a consciência como centro de irradiação da vida moral. O instinto é pré-moral e a 
consciência, moral. 
 
o) A exemplo de Santo Anselmo, Pedro Abelardo entende que a revelação divina apresenta os conteúdos que são 
necessários de esclarecimento por meio de analogias racionais. Porém, ao contrário de Santo Anselmo, Abelardo não 
acredita que a razão apresenta explicações definitivas. 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Abelardo (1079 – 1142) 
 
 
 
 
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a) Na Europa medieval, por volta dos séculos IX e XII, os estudos de gramática foram bastante 
desenvolvidos, a ponto de provocarem uma ampla discussão entre “vocês” (vozes, 
palavras) e “res” (coisa). O grande pensador João de Salisbury (1115 – 1180) chegou a 
afirmar que “a gramática é o berço de toda a filosofia”. 
 
b) A autoridade de Padres e da própria Bíblia começou a ser questionada por conta do 
fortalecimento que o pensamento racional adquiriu, exatamente por conta dos estudos 
gramaticais. Isso despertou uma forte reação de grupos mais tradicionalistas, para quem 
aquela autoridade era de origem divina e, por isso, não deveria ser discutida. 
 
c) A dialética esteve, por essa época, diretamente ligada ao avanço dos estudos gramaticais e deu ainda mais projeção ao 
pensamento racional. O principal pensador a estabelecer essa relação entre dialética e gramática foi exatamente Pedro 
Abelardo. A dialética está intimamente ligada à lógica e, dessa forma, à razão em exercício, estabelecendo rigor na análise 
dos termos do discurso, propondo um exame crítico na relação entre as palavras (vocês) e as coisas (res). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Realismo moderado. Encara o universal como algo que já existe na mente de Deus, como na coisa e também depois da 
coisa já existente. Defensor do Realismo moderado: Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274). 
 
b) Realismo exagerado. Foi a corrente que defendia a posição platônica de forma extrema. Acreditava e defendia que os 
universais são entes reais, verdadeiras Ideias, que servem de paradigma para os indivíduos concretos. Representou uma 
concepção metafísica de claro viés tradicionalista. Os universais seriam res (coisa). Defensor do Realismo exagerado: 
Guilherme de Champeaux (1070 – 1121). Via perfeita harmonia entre universais e a realidade. 
 
c) Nominalismo. Corrente que rejeita plenamente a visão plantonista de universais. Para os nominalistas, os universais são 
apenas nomes que indicam uma multiplicidade de indivíduos. Acredita que os universais não têm valor, nem semântico, 
nem predicativo. Universais seriam meros flatus vocis (sopros de voz). Defensor do Nominalismo: Roscelino de 
Compiègne (1050 – 1120). Universais não se remetem a algo de objetivo. 
 
d) Conceitualismo. Representou uma forma de aristotelismo, compreendendo que o universal é um conceito obtido por 
abstração, e não um arquétipo ideal. Não atribui os universais nem à res, nem às vocês. Os universais são as captações 
do intelecto. Defensor do Conceitualismo: Pedro Abelardo (1079 – 1142). A razão separa os diversos elementos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Querela dos Universais 
Mas o que foi a “Querela dos Universais”? 
 
Foi uma série de debates acalorados, de caráter linguístico, gnosiológico e teológico, acerca da relação entre linguagem 
(vocês) e realidade (res), suscitada pelos avançados estudos de gramática e de dialética no século XII. A questão estava em 
estabelecer o fundamento e o valor dos termos universais (“animal”, “homem”, por exemplo) que são associados a uma 
infinidade de indivíduos. Em outras palavras, como estabelecer satisfatoriamente a relação entre as ideias (categorias 
mentais), traduzidas com termos linguísticos, e as realidades extra mentais (coisas). Enfim, os grandes pensadores de então 
buscavam uma equação que equilibrasse a relação entre as palavras (vocês) e as coisas (res), entre o pensamento e o ser. 
 
 
 
 
 
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Os árabes, em seu processo de expansão militar e territorial, saindo da Península Arábica, chegaram 
a todo o Oriente Médio e ao Norte da África. Daí, no século VIII, partiram para a conquista do Europa, 
em sua parte Sudoeste, isto é, Península Ibérica. Liderados por Tárik, os mouros (muçulmanos do norte 
africano), em 711, conseguiram entrar em solo europeu, o que despertou uma acirrada resistência dos 
cristãos (Guerra de Reconquista), que durou até o século XV, com a derrota dos árabes. De qualquer 
forma, há de se impressionar não apenas o período em que os árabes permaneceram naquela parte do 
território europeu, cerca de oitocentos anos, mas, as grandes realizações artísticas, científicas e 
filosóficas. Entre estas, destaca-se a difusão do conhecimento clássico, que, por ironia, foi ameaçado ou 
destruído pela própria cristandade, ao longo da Idade Média. 
Fixados na Península Ibérica, os árabes fundaram o Emirado de Córdoba, o qual se tornou 
posteriormente independente de Bagdá, chegando a Califado. Córdoba chegou a ser a cidade mais desenvolvida, rica e cultura 
de toda a Europa ocidental, graças ao conhecimento e senso prático que os árabes ali empreenderam. 
 
O ARISTOTELISMO DE AVICENA 
 
Avicena (980 – 1037), respeitado filósofo e médico persa, apresentou a primeira forma sistemática de aristotelismo aos 
pensadores medievais. 
Autor de O livro da cura (18 volumes), escreveu sobre temas como retórica, lógica, poética, física, metafísica. 
Seu pensamento é profundamente influenciado pelo Neoplatonismo, pelo Islamismo, o que tornou mais fácil a influência 
aristotélica no Ocidente, entre pensadores comoTomás de Aquino e João Duns Escoto. 
Avicena estabelece uma clara diferença entre os conceitos de “ente” e “essência”. Ente é o concreto e essência é o 
abstrato. 
Exemplo de ente: o homem. Exemplo de essência: humanidade. 
O ente existe de fato e a essência prescinde da existência, pois representa a definição. 
O ente pode dividir-se em ser necessário (ele é de fato e de direito, não pode deixar de ser: Deus) e ser possível (ele é de 
fato, mas, em si mesmo, poderia também não existir). 
 
O ARISTOTELISMO DE AVERRÓIS 
 
Interessante observar que o pensamento de Avicena, em parte influenciado por Aristóteles, não 
causou polêmica entre os filósofos cristãos, em virtude do fato de buscar conciliar a filosofia com os 
dogmas corânicos, o que não aconteceu com o aristotelismo de Averróis. 
Averróis afirma querer delimitar os universos do saber e da fé corânica, mas a certeza que tem na 
razão é irrestrita. Averróis acredita na eternidade do mundo e nega a imortalidade da alma singular. 
Averróis entendia o pensamento filosófico de Aristóteles como a suprema verdade. 
Averróis buscou estabelecer os limites do pensamento islâmico, a despeito de sua segurança 
ilimitada quanto ao poder de esclarecimento da razão. 
A filosofia de Averróis, por sua base aristotélica e de sobreposição da razão sobre a fé, preocupou 
as autoridades eclesiásticas, provocando inflamados debates entre pensadores cristãos no Ocidente. 
Averróis é autor de “Tratado decisivo sobre a concordância entre filosofia e religião”, obra que ficou desconhecida na 
Idade Media. 
Averróis viveu entre 1126 e 1198 e foi um dos mais importantes pensadores medievais, sobretudo por seus comentários 
à obra de Aristóteles. 
Averróis acreditava que a Filosofia e a Teologia convergiam para uma única verdade, muito embora, diante da dúvida, a 
razão se sobrepusesse à fé, pois a religião teria símbolos não muito perfeitos e o pensamento racional os esclareceria. 
Averróis acreditava que o mundo seria eterno e derivado do Motor imóvel, também eterno. Porém, o Motor imóvel seria 
uma causa final do mundo, e não causa eficiente, como defendia o pensamento de Avicena. Deus seria uma causa final do 
mundo. 
Averróis diferencia “Intelecto possível” e “Intelecto agente”. Intelecto possível é a inteligência humana, apenas potencial 
e tem necessidade da inteligência divina (Intelecto agente) para passar da potência ao ato, embora seja única para toda a 
humanidade. 
Averróis defende que há uma unicidade do intelecto possível, que é imortal e que conhece os universais. 
Averróis nega a imortalidade pessoal e a responsabilidade moral do indivíduo após a morte, o que entra em choque com 
os dogmas cristãos e, portanto, provocaram resistência ao aristotelismo. 
 
Filosofia Árabe 
 
 
 
 
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A influência sobre o pensamento ocidental na Idade Média não partiu apenas dos filósofos 
muçulmanos, mas, de judeus também. 
Espalhados pelo oriente, os judeus, porém, conseguiam manter suas tradições em torno da sua 
religião, a despeito de determinadas influências que sofreram da cultura árabe, sobretudo dos pontos 
em comum que existam entre ambos. 
Salomão Ibn Gabirol, também chamado de Avicebron, foi um filósofo judeu, nascido em Málaga 
(Andaluzia, Espanha), que viveu entre 1021 e 1058. Escreveu dois tratados (em árabe): A fonte da 
vida e A correção dos caráteres, este últmo, uma discussão sobre questões éticas e morais. 
Fonte da vida é uma obra de inspiração neoplatônica, que discute sobre diversas questões que 
vão da cosmologia à ontologia. 
O mais emblemático pensador judeu medieval foi, porém, Moisés Maimônides (1135 – 1204), nascido em Córdoba e 
falecido no Cairo. Foi rabino, médico e filósofo, desenvolveu profundos estudos e publicou obras riquíssimas acerca do 
pensamento mosaico. Extremamente influenciado pelo pensamento de Aristóteles, apreendido por meio da cultura árabe, 
organizou um sistema de notável caráter racional. 
Por perseguição do califado Amoada, deixou a Espanha e partiu para o Marrocos e, depois, Palestina e, finalmente, Egito. 
Aqui se destacou como filósofo, teólogo e, sobretudo, médico. Autor de Guia dos perplexos, sua obra mais conhecida, 
Maimônides busca dirigir-se a todos que se angustiam diante da “perplexidade” dos supostos contrastes entre razão e fé. Para 
o filósofo, o pensamento racional e a verdade revelada são perfeitamente conciliáveis. As verdades descobertas pelo homem 
são derivadas das verdades reveladas por Deus. Identificava os princípios fundamentais da Metafísica, sobretudo aristotélica, 
incorporados na Bíblia. Convicto quanto à existência de Deus, acrescenta ainda a ser este uno e incorpóreo. 
Influenciado por Avicena, acreditava que as coisas que existem são contingentes, isto é, não têm em si mesmas as razões 
necessárias de sua própria existência, remetendo-se, assim, a um Ser necessário (Deus). Porém, diferente de Avicena, 
Maimônides não acreditava na eternidade do mundo, defendendo, pois, a tese da criação. O mundo não é “necessário”, mas, 
“contingente”. O mundo é fruto da livre vontade de Deus. Maimônides teve muitas de suas teses retomadas por pensadores 
escolásticos, a exemplo do grande Tomás de Aquino. 
 
 
 
 
 
 
 
a) Frade dominicano alemão, chegou a bispo, Alberto Magno foi um notável filósofo e teólogo medieval, considerado santo 
pela Igreja Católica. 
 
b) Alberto Magno acreditava que o filósofo e o teólogo se detinham às questões que envolviam Deus, a despeito de o 
fazerem por vias distintas. 
 
c) A Filosofia o faria apenas pela razão, com premissas evidentes. A Religião o faria além da razão, a partir da inspiração 
divina. 
 
d) A Filosofia, para Alberto Magno, partiria dos dados de fato, exercitando uma visão teórica e destacada das coisas. 
Enquanto isso, a Fé partiria da revelação, implicando num envolvimento afetivo. 
 
e) A fé, por fim, atingiria a verdade que a razão não seria capaz. 
 
f) Dessa forma, Alberto Magno insiste que o Teólogo faria uso de uma “razão superior”, que alcançaria não as coisas, mas 
as causas eternas das coisas. A razão superior nos levaria à sabedoria. 
 
g) O Filósofo, ao contrário, teria a seu dispor a razão inferior, que se detém ao estudo das coisas apenas. A razão inferior 
nos levaria à ciência. 
 
h) Alberto Magno foi a primeira grande expressão filosófica e científica de impacto no que tange à filosofia aristotélica na 
cultura ocidental latina 
 
Filosofia Hebraica 
Alberto Magno (1193 – 1280) 
 
 
 
 
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i) Depois de um período de magistério em algumas comunidades alemãs, foi ilustre docente em Paris de 1245 a 1248, 
retornando depois para Colônia. 
 
j) Após breve estadia na corte pontifícia de Anagni como conselheiro e em Ratisbona como bispo, estabeleceu-se em 
Colônia, onde morreu em 1280. 
 
k) Entre os escritos científicos dignos de nota, podemos recordar: Sobre os vegetais e as plantas, Sobre os minerais e Sobre 
os animais. 
 
l) Entre seus escritos filosóficos, podemos lembrar: a Metafisica e um comentário ao Liber de causis, bem como suas 
paráfrases da Ética, da Física e da Política de Aristóteles. 
 
m) Por fim, dos seus escritos teológicos são dignos de nota: o Comentário às Sentenças, de Pedro Lombardo, a Summa de 
creaturis e o De Unitate intellectus (contra os averroístas). 
 
 
 
Santo Alberto Magno ensinando 
(Gregorio Vasquez de Arce y Ceballos, séc. XVII. Coleção Privada, Bogotá/Colômbia) 
 
 
 
 
 
 
 
• Tomás de Aquino nasceu na cidade de Roccasecca, na província italiana de Frosinone, na região do Lácio, ano de 1225. 
 
• Filho de Landulfo, conde de Aquino, e de Teodora, sofreu pressão de sua família para que seguisse a carreira religiosa 
beneditina, a exemplo de seu tio paterno, Sinibaldo, abade do Mosteiro de Monte Cassino. 
 
• De 1230 a 1239, estudou nesse mosteiro, sendo retirado após complicações entre o Estado e a Igreja e enviado para 
Nápoles, onde estudaria na universidade. 
 
• Enquanto estudou na universidade,em Nápoles, Tomás de Aquino estudou os pensamentos de Maimônides, de Averróis e 
de Aristóteles. 
 
• Estudou ali entre 1239 e 1244, quando, finalmente, optou em seguir a vida religiosa na Ordem dos Pregadores 
(Dominicanos), o que despertou a reação contrária de sua família. 
 
Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274) 
 
 
 
 
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da revista Action Philosophers. Original em inglês extraído do site http//sumateologicawordpress.com/2012/05/30/tomas-em-quadrinhos/ 
Tradução livre: MÁRCIO CARVALHO (ocaminhoteologicablogspot.com) 
 
• Na viagem que fez para Roma, a fim de migrar para Paris, foi feito capturado por seus irmãos, por ordem de sua mãe, sendo 
aprisionado, ora no castelo no Monte San Giovanni Campano, ora no castelo em Roccasecca. 
 
• Tomás de Aquino ficou prisioneiro de sua família por cerca de um ano (1244), período no qual deu aulas para suas irmãs e 
se correspondeu com dominicanos. 
 
• Foi nesse período que os irmãos de Tomás de Aquino teriam contratado uma prostituta, que deveria seduzi-lo e dissuadi-
lo da ideia de sua vida dominicana. Tomás de Aquino teria expulsado-a usando um ferro em brasa, diante de sua firme 
decisão em manter-se em celibato. 
 
• Diante da resistência de Tomás de Aquino, sua mãe resolveu ceder, liberando o filho, que seguiu para Nápoles e, na 
sequência, para Roma. 
 
• Tomás de Aquino vai à França em 1245, a fim de estudar na Universidade de Paris. Em Paris, conheceu o dominicano Alberto 
Magno, a quem esteve fortemente ligado por um determinado período. 
 
• Tomás de Aquino acompanhou Alberto Magno em sua mudança para Colônia, em 1248. Diante do laconismo de Tomás de 
Aquino, seus amigos o apelidaram de “Boi Mudo”, ao que, em sua defesa, disse Alberto Magno: “Esse boi mudo, através 
de sua doutrina, ainda mugirá e será ouvido pelo mundo inteiro”. 
 
 
 
 
da revista Action Philosophers. Original em inglês extraído do site http//sumateologicawordpress.com/2012/05/30/tomas-em-quadrinhos/ 
Tradução livre: MÁRCIO CARVALHO (ocaminhoteologicablogspot.com) 
 
 
 
 
 
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• Tomás de Aquino voltou a Paris em 1252, onde lecionou até 1259. 
 
• De 1259 a 1261, voltou a Nápoles. De 1261 a 1265, viveu em Orvietto. De 1265 a 1269, viveu em Roma. 
 
• De 1269 a 1272, voltou a Paris, a fim de ser o regente mestre da Universidade. Nessa fase, teve sérios conflitos com outros 
religiosos, por suas posições em favor do aristotelismo. 
 
• A partir de 1272, licenciado da Universidade de Paris, passa a viver e lecionar em Nápoles. 
 
• Morreu na abadia cisterciense de Fossanova em 1274, durante uma viagem em que se feriu num galho de uma árvore, 
dirigindo-se pela via Ápia ao Concílio de Lyon, por determinação do Papa. 
 
 
 
da revista Action Philosophers. Original em inglês extraído do site http//sumateologicawordpress.com/2012/05/30/tomas-em-quadrinhos/ 
Tradução livre: MÁRCIO CARVALHO (ocaminhoteologicablogspot.com) 
 
 
 
 
 
 
 
• Santo Tomás de Aquino foi o representante máximo da Escolástica e verdadeiro gênio metafísico. 
 
• Seu pensamento é uma preparação para a fé (preambulum fidei). 
 
• Trata-se de uma filosofia de caráter apologético, isto é, que permite discussão com quem não aceita nenhuma fé. 
 
• O objeto primário das reflexões tomistas é Deus, não o homem ou o mundo, pois, somente no contexto da revelação é que 
se torna possível raciocinar sobre o homem e sobre o mundo. 
 
• O objeto primário das reflexões tomistas é Deus, não o homem ou o mundo, pois, somente no contexto da revelação é que 
se torna possível raciocinar sobre o homem e sobre o mundo. 
 
Relação entre Razão e Fé em Tomás de Aquino 
 
 
 
 
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Existiria uma razão autônoma da fé em Santo Tomás de Aquino? 
 
• Existe em Santo Tomás de Aquino uma razão e uma filosofia como preambula fidei. 
 
• A filosofia não exaure tudo o que se pode dizer ou conhecer. 
 
• Dessa forma, a filosofia precisa estar integrada à teologia, isto é, ao que está, na doutrina sagrada, ligado a Deus, ao homem 
e ao mundo. 
 
• Filosofia e Teologia falam de Deus, do homem e do mundo. 
 
• A diferença entre ambas, porém, está no fato de que a Filosofia oferece um conhecimento imperfeito em relação a questões 
que a Teologia está em condições de esclarecer. 
 
• A fé melhora a razão e a Teologia melhora a Filosofia. 
 
• A Teologia não substitui a Filosofia. 
 
• É preciso partir de verdades racionais, porque a razão nos une. 
 
• É sobre a base racionais que se podem obter os primeiros resultados universais. 
 
• Que pressuposto pode tornar possível a discussão com os pagãos ou gentios, senão aquilo que nos assemelha a isto: razão? 
 
 
 
 
 
 
• Em sua produção metafísica, Santo Tomás de Aquino estabelece a diferença entre “ente” e “essência”. 
 
• O ente pode ser lógico (conceitual) e real (extramental). 
 
• Nem sempre um ente lógico tem um correspondente ente real. Por exemplo: cegueira é um ente lógico (conceitual), que 
não tem um correspondente real. 
 
• Essa posição é chamada de “realismo moderado”, dentro da chamada Querela dos Universais. 
 
• Tudo o que existe é ente. 
 
• Deus e o mundo, dessa forma, também são entes. 
 
• Deus, porém, é ser, enquanto que o mundo tem ser. 
 
• A essência é “o que é” de uma coisa. É a potência de ser. 
 
• Apenas em Deus potência e existência coincidem. 
 
• No homem e no mundo, potência e existência não há correspondência. 
 
• Apenas Deus é necessário (possui como próprio o ato de ser). 
 
• O mundo é contingente (possui o ser por participação). 
 
• Para Santo Tomás de Aquino, o ato de ser tem proeminência sobre a essência, a tal ponto que sua filosofia pode ser 
considerada uma metafísica do ser. 
 
• O problema dominante é, portanto, estabelecer o que é o ser (e não o que é a essência), ou por que existe o ser e não o 
nada. 
 
Ontologia de Santo Tomás de Aquino 
 
 
 
 
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• Mas a solução pertence ao âmbito do mistério, e ao homem cabe maravilhar-se a cada momento do fato de que tudo o 
que é existe, enquanto seria mais lógico que não existisse. 
 
• Todo ente compreende em si o uno, o verdadeiro e o bom (os assim chamados transcendentais do ser), motivo pelo qual 
se pode dizer que o ser é uno, verdadeiro e bom. 
 
• Dizer que o ser é uno significa afirmar que ele é intrinsecamente não contraditório; mas também este caso a unidade se 
predica de Deus e do homem apenas por analogia. 
 
• Deus com efeito, é verdadeiramente simples; o homem, ao contrário, é uma unidade por composição (essência + actus 
essendi). 
 
• Tudo o que é, é também bom porque é fruto da bondade difusiva de Deus. Nessa luz Deus se apresenta como Sumo bem. 
 
• Dado que Deus é causa do criado, o próprio criado apresenta algumas semelhanças com Deus. Por outro, a transcendência 
de Deus implica também uma insuperável dessemelhança entre o Criador e o criado, a ponto de nosso conhecimento de 
Deus (pelo fato de que Deus não tem nenhuma essência específica) tornar-se impossível, e exprimível apenas por via 
negativa. 
 
 
 
 
 
 
• Na maior parte da história registrada, as mulheres têm sido consideradas subordinadas aos homens. 
 
• Deus, para Tomás de Aquino, é aquele no qual tudo se unifica e adquire e coerência. 
 
• Deus deve ser alcançado por caminhos “a posteriori”, ou seja, a partir dos efeitos, do mundo. Na ordem ontológica, pois, 
Deus precede suas criaturas como a causa precede os efeitos. Todavia, na ordem gnosiológica, Deus vem depois das 
criaturas, no sentido de que é alcançado a partir da consideração do mundo, que remete ao seu autor. 
 
• O marco inicial das vias é formado por elementos advindos da cosmologia aristotélica, que Tomás emprega num momento 
em que o aristotelismo era a filosofia predominante. 
 
A PRIMEIRA VIA (DO MOVIMENTO) 
 
a) Tudo aquilo que se move é movido por outro ser. 
 
b) Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também ser 
movido por um outro ser e, assim, sucessivamente. 
 
c) Se não houvesse um primeiroser movente, cairíamos num processo 
indefinido. 
 
d) Logo, conclui Tomás, é necessário que haja um primeiro ser movente que 
não seja movido por nenhum outro ser. 
 
e) Esse ser primeiro (Primeiro Motor) é Deus. 
 
 
 
Teologia de Santo Tomás de Aquino 
 
 
 
 
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A SEGUNDA VIA (DA CAUSA) 
 
a) Todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa 
eficiente de suas existências. 
 
b) Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. 
 
c) Tomás afirmava ser impossível remontar indefinidamente à procura das 
causas eficientes. 
 
d) Logo, seria necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, 
responsável pela sucessão de efeitos. 
 
e) Essa causa primeira é Deus. 
 
 
 
A TERCEIRA VIA (DA CONTINGÊNCIA) 
 
a) Este argumento é uma variante do segundo. 
 
b) Afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de 
existir. 
 
c) Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez, 
nada existiu. 
 
d) Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe 
somente começa a existir em função de algo que já existia. 
 
e) É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu; um ser 
absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa de sua existência, 
mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres 
contingentes. 
 
f) Esse ser necessário é Deus. 
 
 
 
 
QUARTA VIA (DOS GRAUS DE PERFEIÇÃO) 
 
 
 
 
 
 
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a) Em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição. 
 
b) Assim, afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira, etc. 
 
c) Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que deve existir um ser com o 
máximo dessa qualidade, no nível da perfeição. 
 
d) Devemos adminitrir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade, sendo, 
portanto, um ser máximo e pleno. 
 
e) Esse ser é Deus. 
 
 
QUINTA VIA (DO FINALISMO) 
 
a) Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, 
existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma 
finalidade, semelhante à flecha lançada pelo arqueiro. 
 
b) Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que 
dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seus 
objetivos. 
 
c) Esse ser é Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• O homem, que para Santo Tomás de Aquino é natureza racional, conhece o fim das coisas, mas não tem uma compreensão 
imediata do fim último de todas as coisas, isto é, de Deus. 
 
• Se tivesse a visão de Deus, seria fatalmente atraído por ele, porém, conhecendo apenas fins parciais, sua vontade é livre 
de querê-los ou não querê-los. 
 
• O homem tem, por outro lado, uma disposição natural para compreender os princípios das ações boas, mas pode também 
deliberadamente rejeitá-los e, portanto, pecar: o pecado, por conseguinte, depende do livre-arbítrio. 
 
• Santo Tomás de Aquino distingue quatro tipos de lei: a lex aeterna, a lex naturalis, a lex humana e a lex divina. 
 
• A lex a eterna é o plano racional de Deus, a ordem do universo. Ora, esta ordem é em parte desconhecida para o homem 
e em parte conhecida: a parte conhecida constitui a lei natural, cuja essência pode se reduzir à seguinte máxima: “deve-
se fazer o bem e evitar o mal, e o bem é aquilo que tende à conservação e o mal à destruição de si”. 
 
• Ligada à lei natural está a lei humana, isto é, o direito positivo posto pelo homem. Este deriva da lei natural de dois modos: 
ou por dedução (e então se tem o jus gentium) ou por especificação (e então se tem o jus civile). Por exemplo, faz parte 
do jus gentium a proibição do homicídio, enquanto faria parte do jus civile a sanção para quem pratica o homicídio. 
 
• Se a derivação da lei natural é essencial para a lei humana, então é evidente que ela não pode contradizê-la. 
 
Teoria do Direito de Santo Tomás de Aquino 
 
 
 
 
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• Uma norma que contradissesse a lei natural não seria justa, e portanto não seria lei: é, portanto, dever de cada um 
desobedecer à lei injusta, assim como é dever rebelar-se contra o tirano enquanto agente do mal. 
 
• Acima destas leis existe a lei divina - que foi revelada no Evangelho − e que está ligada ao fim sobrenatural do homem, ou 
seja, à bem-aventurança eterna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Preces 
• Sermões 
• Suma Contra os Gentios 
• Suma Teológica 
• Exposição sobre o Credo 
• O Ente e a Essência (1248-1252) 
• Compêndio de Teologia (1258-1259) 
• Comentários ao Evangelho de São João 
• Comentários da Epístola de São Paulo 
• Comentário às Sentenças 
 
 
 
 
 
1. O nome de Santo Tomás de Aquino, na Idade Média, está diretamente ligado às interpretações por ele introduzidas no 
pensamento ocidental, sob forte influência de 
a) Sócrates. c) Aristóteles. 
b) Platão. d) Santo Agostinho. 
 
2. Santo Tomás de Aquino foi um religioso ligado à ordem dos 
a) jesuítas. c) beneditinos. 
b) dominicanos. d) cistercienses. 
 
3. Santo Tomás de Aquino é considerado como o maior expoente da filosofia 
a) Patrística. c) Racionalista. 
b) Escolástica. d) Empirista. 
 
4. Santo Tomás de Aquino foi responsável por uma quantidade muito extensa de obras, destacando-se dentre tantas 
a) Órganon. c) Suma Teológica. 
b) Confissões. d) Discurso sobre o Método. 
 
5. Santo Tomás de Aquino era natural da cidade italiana de 
a) Roma. c) Nápoles. 
b) Colônia. d) Roccasecca. 
 
Principais obras de Santo Tomás de Aquino 
Exercícios sobre Santo Tomás de Aquino 
 
 
 
 
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• Um dos nomes mais significativos do pensamento medieval, sem sombra de dúvidas, é o do 
franciscano Guilherme de Ockham, que marcou de forma incisiva a transição entre os 
séculos XIII e XIV. 
 
• Considerado o “príncipe dos nominalistas”, Ockham foi tomado por algum tempo como um 
representante de questões vagas e imprecisas, desprovidas de conexão lógica com a 
realidade. 
 
• Todavia, a singularidade de seu pensamento foi reconhecida posteriormente, nas mais 
expressivas áreas do saber lógico, científico, filosófico e teológico. 
 
• Ockham se notabilizou também por suas teorias físicas, principalmente, pela concepção do saber físico especificamente 
empírico. 
 
• Ockham, no campo político-religioso, realçou a autonomia do caráter temporal em relação ao espiritual, com suas 
implicações políticas e institucionais. 
 
• Guilherme nasceu no condado de Surrey, na aldeia de Ockham, situada a vinte milhas de Londres, em 1280, 
 
• Com pouco mais de vinte anos de idade, Ockham ingressou na ordem franciscana. 
 
• Por comentar as Sentenças, de Pedro Lombardo, bacharelou-se em 1318 em Oxford. 
 
• Acusado de heresia, em 1324, Ockham se transferiu para o convento franciscano de Avignon, convocado pelo papa João 
XXII. Dos escritos de Ockham, sete pontos foram considerados heréticos, trinta e sete foram tidos como falsos e quatro 
como temerários. 
 
• Por esse período, Ockham concluiu suas principais obras, a Summa logicae e o Tractatus de sacramentis. 
 
• A situação de Guilherme de Ockham se tornou ainda mais delicada em virtude da polêmica iniciada no interior da ordem 
franciscana, acerca da questão da pobreza, pois o pensador se colocou entre aqueles que se opunham radicalmente à 
posição moderada do Papa. 
 
• Guilherme de Ockham, que apoiava o imperador, fixou-se depois em Munique da Baviera, onde veio a morrer em 1349, 
vítima de epidemia de cólera. 
 
 
A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO NA VISÃO DE GUILHERME DE OCKHAM 
 
• Ockham não concordava com a ideia de uma relação harmoniosa entre razão e fé e, muito menos, do caráter subsidiário 
da filosofia em relação à teologia. Opunha-se, dessa forma, aos esforços traçados por nomes como Agostinho, Tomás, 
Boaventura, Escoto e tantos outros, no sentido de conciliar a relação entre razão

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