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1
Pensamento Helenístico
Filosofia
2
Aula 
05
Império Macedônico
Fim de uma era
No final do século IV a.C., início do III a.C., o domínio 
macedônico tinha acabado com a autonomia da cidade-
-estado de Atenas (e as demais cidades gregas) e a Ágora 
não era mais o centro político, no qual os debates calorosos 
definiam os destinos dos atenienses, estabelecendo regras, 
elegendo novos gestores, declarando guerras ou conde-
nando filósofos a beber cicuta. As fronteiras do Estado 
se expandiram até onde não se imaginava antes. Agora, 
pessoas de toda parte dividiam as ruas com os atenienses 
antes tão soberbos e cientes de sua superioridade, diluindo 
a ideia do cidadão, tornando-o alguém imerso em um 
universo muito mais amplo, mais prolixo, mais caótico. A 
expansão das fronteiras macedônicas e o câmbio cultural 
com outros povos trouxeram outras formas de enxergar 
a arte, a religião, a economia e tudo isso promoveu uma 
crise no modo de viver do ateniense, com claros reflexos 
na estabilidade espiritual e emocional de sua população. E, 
igualmente, no seu modo de pensar o mundo e o seu lugar 
no mundo.
MOSAICO da batalha de Issus (batalha de Alexandre, o Grande (difundir a 
cultura grega), contra Darius III, o Grande). Século I a.C. Museu Arqueológico 
Nacional de Nápoles. 
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Mas, se por um lado todas as mudanças ocorridas 
trouxeram um novo olhar sobre as coisas, o fundamento 
desse pensar não mudou tanto: as discussões iniciadas 
pelos materialistas de Mileto, pelos intelectuais de Éfeso 
e do sul da Itália e, particularmente, pelos sofistas e 
socráticos de Atenas, continuavam a seduzir e influen-
ciar novos pensadores que buscaram levar adiante as 
discussões cosmológicas e epistemológicas sobre o 
fundamento do Universo e do Ser. Os questionamentos
2 Extensivo Terceirão
sobre o que rege o mundo e sobre o que é possível 
conhecer continuaram presentes e um assunto ganhou 
especial destaque nesse período: o questionamento 
sobre como se deve agir em relação ao Cosmos e ao Ser, 
retomando as discussões éticas de Platão e Aristóteles. 
O pensamento e a língua grega seguiram os rastros 
das conquistas macedônicas, impregnando novas terras 
e novos povos e, igualmente, sendo impregnadas por 
elas. Vastas regiões da Ásia, África e Europa sofreram 
esse impacto, que ficou conhecido com o nome de 
helenismo.
Imaginem a intensidade dessas mudanças: as novas 
cores, cheiros, rostos, roupas, vozes, objetos, práticas, 
pensamentos. Para muitos atenienses, essa mudança 
toda foi um choque que abalou as tradições, o modo de 
vida ao qual estavam acostumados. Alguns aceitaram 
bem, outros questionaram o “ruído” que essas mudanças 
trouxeram. Vamos acompanhar isso agora.
Cínicos e céticos 
Atenas empobreceu e desorganizou-se com a expan-
são macedônica. Suas ruas encheram-se de migrantes e, 
com eles, videntes e profetas a predizer desgraças ou 
prometer um futuro mais promissor. A vida organizada 
dos cidadãos sustentados por escravos e estrangeiros 
comportados e obedientes havia passado. Agora existia 
um clima de incerteza constante no ar e as velhas 
crenças já não pareciam fazer muito sentido. Os deuses 
gregos foram os primeiros a perecerem, porque já não 
eram grande coisa mesmo, e também porque a oferta de 
deuses orientais, místicos e poderosos, aumentara con-
sideravelmente. O sentimento de pertencimento a um 
grupo maior foi outra marca que foi se apagando. Uma 
coisa, pensem vocês, é pertencer a uma cidade-Estado, 
outra é estar imerso em um imenso Império. Você se di-
lui nessa imensidão, sem ter mais referências claras para 
onde se apoiar. Uma saída é voltar-se para si mesmo, 
buscar construir novos sinais de reconhecimento. E, de 
fato, foi isso que aconteceu em Atenas. Era necessária 
uma reestruturação do olhar sobre si e sobre o mundo 
para tentar entender o que estava acontecendo e achar 
um jeito de sobreviver neste novo mundo.
Um dos filósofos desse novo tempo foi Diógenes. 
Vivendo na mesma época de Alexandre, exilado de 
sua cidade natal, Sínope, discípulo de um seguidor de 
Sócrates, Diógenes critica o conceito de cidadão grego e 
também critica as preocupações que marcaram muitos 
dos pensadores da cidade, como a matemática, a cos-
mologia e a metafísica.
Critica até mesmo as mais simples convenções 
sociais, como casa, comida e roupa lavada. O funda-
mento da sua crítica consistia em um princípio básico: 
para sermos felizes, devemos apenas seguir nossa 
GÉRÔME, Jean-Léon. Retrato do filósofo Diógenes sentado em seu 
barril cercado de cães. 1860. 1 óleo sobre tela, color.; 74,5 cm x 101 cm. 
Walters Art Museum, Baltimore, Maryland, Estados Unidos. 
 Diógenes em seu barril
natureza, conhecendo as exigências que ela nos faz. E a 
natureza que nos habita, como animais que somos, não 
exige convenções ou confortos. Apenas o básico, como 
alimentar-se, por exemplo. Agir conforme a natureza, 
desprendendo-se de todas as outras falsas necessidades, 
é a forma de viver feliz e realizado. Os bens aprisionam e 
as necessidades fúteis enfraquecem. 
Diógenes despojou-se de tudo: morava em um bar-
ril, tinha uma única manta e uma cuia na qual recolhia 
alimentos que lhe davam e só. Vivia perambulando pelas 
ruas na sua miséria libertadora. Contam as crônicas que 
o poderoso Alexandre quis conhecê-lo e, postando-se 
em frente ao seu barril, disse-lhe: “Peça o que quiser e eu 
realizarei”. Diógenes então respondeu: “Só não me tire o 
que não pode me dar. Por favor, saia da frente do meu 
barril, você está tapando o Sol!”. 
HERGET, H. M. Alexandre, o Grande, falando com o filósofo Diógenes. 
1891. National Geographic Creative.
Aula 05
3Filosofia 2
Essa postura ascética, desprovida 
de vaidade e preocupação com a pri-
vação e o sofrimento próprio ou dos 
outros fundamentou essa corrente 
de pensamento que ficou conhecida 
como cínica, palavra provavelmente 
associada à palavra grega para cão, 
kynós. Como vimos, os cínicos ima-
ginavam que deveriam ter uma vida 
como a dos animais.
LANDSEER, Edwin Henry. Alexandre e 
Diógenes. 1848. 1 óleo sobre tela, color,. Tate 
Collection, Londres. (Detalhe dos cães).
Curioso que o tempo fez com 
que essa palavra, “cínico”, ganhasse 
uma conotação diferente, negativa, 
quase um xingamento. Por que 
será?
Diógenes foi um discípulo de 
um discípulo de Sócrates, o filósofo 
que viveu em busca da verdade. 
Pirro de Élis, considerado o primeiro 
filósofo cético, ao contrário de Só-
crates, retomou as afirmações dos 
sofistas e o relativismo, a impossi-
bilidade de se afirmar uma verdade 
segura e confiável. Nascido em uma 
cidade no Peloponeso, Pirro acom-
panhou Alexandre em algumas 
de suas incursões pelo Oriente e 
possivelmente pôde acompanhar 
as extremas mudanças de hábitos 
e práticas culturais nesses lugares 
em relação ao que existia na Grécia. 
Voltou para sua terra e dedicou-se 
à pintura e à reflexão. Tornou-se 
conhecido e recebeu a cidadania 
ateniense. 
Pirro afirmava que é impossível 
afirmar algo que não possa ser 
contraditado. Assim, não é possível 
estabelecer uma verdade de caráter 
universal. Para evitar essa tensão, 
a solução proposta por ele foi a 
suspensão dos juízos a respeito da natureza das coisas, inatingíveis para nós. 
A atitude mais sensata seria a ataraxia ou a despreocupação. Como diz um 
ditado, “o que não tem solução, solucionado está”.
Podemos resumir seu pensamento assim: Se não é possível conhecer a 
essência das coisas, mas apenas a sua aparência; se, com base na aparência, 
formulamos opiniões diferentes, muitas igualmente inteligentes mas nenhu-
ma comprovadamente verdadeira, qual a razão de movermos nosso espírito 
e ocuparmos nosso tempo nessas discussões? 
Observem que Pirro não afirma não 
existir uma verdade. Diz apenas não 
ser possível afirmá-la com certeza. Ele 
era um agnóstico, não um ateu. Era um 
carinha prático. Dessa forma, poupando 
o espírito desses apoquentamentos, 
viveu até os 90 anos. Talvez achasse 
que aquele mundo tão diferente não 
merecessemais tanto empenho de 
compreensão.
Às vezes não nos parece que hoje 
vivemos algo semelhante e que pensar 
é uma tolice? 
Estoicos e epicuristas
Nem todos os pensadores encararam as mudanças em Atenas com uma 
postura, digamos assim, de abandono, como fizeram Diógenes e Pirro. Ou-
tros buscaram reorganizar seus pensamentos e incluir a noção de particular 
na noção de universal, tentando construir uma nova ordem de compreensão 
das coisas. Foi o caso de Zenão de Cício, outro migrante em Atenas, fenício 
de Chipre, que fundou uma escola que funcionava em um pórtico (stoa) 
da cidade onde proferia suas aulas. Daí se chamarem estoicos. Os estoicos 
buscaram estabelecer um sistema de compreensão das coisas do mundo (e 
do universo), partindo da ideia de que tudo se relaciona, se concatena, como 
um organismo vivo, alimentado por um sopro vital (o pneuma) que mantém 
tudo agregado e impede a dispersão no infinito e além. 
Ora, como tudo se relaciona, forma um sistema, tudo o que existe se 
justifica como parte desse organismo. O problema é que quase sempre não 
somos capazes de visualizar o todo e, vendo apenas uma parte, acredita-
mos que há coisas boas e coisas más, coisas que nos fortalecem e outras 
que nos vitimam. No entanto, afirmam os estoicos, aí reside o erro gerador 
de angústias e ansiedades. Na verdade, não há coisas boas ou más, não há 
acaso, tudo é parte desse todo e não há como evitá-los. Por isso, a atitude 
correta é aceitá-los como destino, não como maldição e viver segundo a 
razão. Esta, sim, é uma tarefa que podemos controlar. O mal, o sofrimento, 
isso é coisa do mundo. Já o vício é do homem. 
Em uma frase, o ideal estoico poderia ser assim resumido: 
“Sou imperturbável em relação ao destino e sou superior a todas as 
paixões. Assim, sou feliz.”
Como Sócrates, o estoicismo acreditava na superioridade da razão como 
forma de se posicionar diante das coisas. A coragem, por exemplo, permite-
-me saber o que devo evitar ou não e assim não me expor a sobressaltos 
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4 Extensivo Terceirão
Epicuro vai defender a vida 
simples, afastada da política e do 
cotidiano da cidade e, ao mesmo 
tempo, sem preocupações com o 
Cosmos e com o Ser. No lugar disso 
tudo, uma postura voltada ao exer-
cício das alegrias que a vida oferece. 
Como ele mesmo afirmava: nossa 
vida não necessita de lucubrações 
vazias, mas sim que vivamos sem 
incômodos.
Diferente de outras correntes 
filosóficas, o epicurismo não buscou 
estabelecer normas de conduta 
corretas, nem demonizar compor-
tamentos. Pelo contrário, teve um 
caráter descritivo, buscando delinear 
práticas boas, ou seja, aquelas que 
ampliavam o prazer ou diminuíam 
o desprazer, e práticas ruins. Prazer 
como satisfação do espírito, paz 
interior, como estado de tranquili-
dade. Ou, à guisa de resumo, como 
o próprio filósofo afirmava:
"Se não transgrides as leis, 
se não perturbas as convenções 
razoáveis, não ofendes os conci-
dadãos, não prejudicas o corpo e 
não dissipas o necessário à vida, 
podes seguir tuas inclinações do 
jeito que te apraz".
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 Busto de Epicuro 
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A razão era, para Epicuro, a 
grande guia para a obtenção dessa 
vida prazerosa. Desenvolver a capa-
cidade de discernir racionalmente 
o que deve ser feito, o que deve ser 
buscado e o que deve ser evitado. 
Como um médico que ajuda o 
desnecessários. Ao contrário de Aristóteles, porém, não acreditavam na 
ideia do “meio-termo”, atribuindo à virtude o mérito e ao vício o defeito. A 
primeira (virtude) coloca-me em consonância com o universo organizado 
racionalmente; a segunda associa-me às paixões, perturbando-me o espírito.
O que não está ao meu alcance controlar (todos e quaisquer aconte-
cimentos do mundo), não deveria me perturbar. A vida feliz era aquela 
que estivesse associada a esse controle do ânimo (ataraxia) e das emoções 
(apatia). O resultado desse exercício, sinônimo de um homem sábio, era a 
autossuficiência ou autarquia.
O estoicismo fez muitos adeptos e ultrapassou fron-
teiras, exercendo influência na Roma imperial e na Idade 
Média Cristã. Também não conheceu classes sociais. 
Entre seus principais seguidores, podemos citar Epiteto, 
um ex-escravo, e Marco Aurélio, imperador romano.
A mesma Atenas que recebeu tantos mágicos e profe-
tas, embusteiros, artistas e pensadores, acolheu também 
Epicuro, esse estrangeiro de Samos, uma ilha do mar 
Egeu, e que fundou em Atenas uma escola em uma casa 
com jardins (kepos) onde acolheu ricos e pobres, livres e 
escravos, homens e mulheres, senhoras da sociedade e cor-
tesãs. Afinal, a Atenas dos cidadãos, metecos e escravos já não era a mesma...
Como seus companheiros de época e lugar, Epicuro buscou enfrentar o dra-
ma de viver em um mundo em convulsão, no qual a referência de lugar e status 
se desfazia, dando espaço para o indivíduo e o universo. Por isso, nosso filósofo 
resolveu apartar-se da cidade (sem abandoná-la) e constituir uma comunidade 
de amigos, para pensar e praticar uma forma de viver que permitisse ser feliz 
em meio àquele caos. Para ele, a vida na cidade implicava aceitar a política e 
o status quo. Mas, a política não servia mais aos atenienses e Epicuro defendia 
uma vida “obscura”, contida, retirada. Na falta da pólis e dos cidadãos, ainda 
restavam os jardins e os amigos.
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Epicuro não negou as coisas do mundo, como Diógenes. Nem negou 
a possibilidade do conhecimento, como os céticos. Também não pregava 
o conformismo com a natureza e o universo, como os estoicos. Da mesma 
forma, não imaginou que a felicidade fosse a plenitude da razão, como Platão 
e Aristóteles. Para Epicuro, o telos, o fim da existência, era o prazer.
Nesse ponto, muitos equívocos são atribuídos ao pensador de Samos. No que 
consistia esse “prazer” como fundamento da felicidade que ele pregava? Orgia e 
devassidão!? Excessos e descalabros!? Não, absolutamente não.
Aula 05
5Filosofia 2
paciente dizendo a ele o que fazer para manter-se sau-
dável. A vontade de seguir a prescrição é do paciente e 
do valor que ele dá ao seu próprio bem-estar. Se ele se 
entrega aos prazeres e aos temores irracionais, não terá 
saúde e paz. Por isso, não é possível uma vida prazerosa 
sem discernimento. Ou, como dizia Epicuro: "Não é pre-
ciso temer a morte, não é preciso temer os deuses e os 
demônios. A vida sem medos e preocupações é a vida do 
sábio. Um sábio que sabe o que deve buscar – a amizade 
e o discernimento – e o que deve evitar – a política e a 
ciência, os temores e vícios irracionais". 
“Não é necessário viver nesse mundo”, ponderou 
Epicuro. 
Até hoje, é uma proposta tentadora, não?
Assimilação
05.01. (UENP – PR) – Julgue as afirmações sobre a filosofia 
helenista.
I. É o último período da filosofia antiga, quando a pólis 
grega desaparece em razão de invasões sucessivas, por 
persas e romanos, sendo substituída pela cosmopólis, 
categoria de referência que altera a percepção de mundo 
do grego, principalmente no tocante à dimensão política.
II. É um período constituído por grandes sistemas e doutri-
nas que apresentam explicações totalizantes da natureza, 
do homem, concentrando suas especulações no campo 
da filosofia prática, principalmente da ética.
III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o epicurismo, o 
ceticismo e o neoplatonismo.
Estão corretas as afirmativas: 
a) Todas elas. 
c) Apenas III. 
e) Apenas I. 
b) Apenas I e II. 
d) Apenas II e III. 
 
05.02. (FCC – SP) – O termo ataraxia designa o ideal 
da imperturbabilidade ou da serenidade da alma, em 
decorrência do domínio sobre as paixões ou da extir-
pação destas.
(Abbagnano, N. Dicionário de filosofia)
O termo ataraxia está fortemente ligado ao
a) epicurismo e estoicismo.
b) hermetismo e ao congruísmo.
c) jansenismo e ao laxismo.
d) idealismo transcendental.
e) materialismo.05.03. (UFPB) – O filme Alexandre representou a vida do 
famoso imperador da Macedônia que constituiu um grande 
império, incluindo a Grécia, o Egito, a Síria, a Pérsia, indo até 
as fronteiras com a Índia. Alexandre foi educado pelo filósofo 
Aristóteles e o seu registro memorável na História deve-se, 
além de seus feitos militares, à difusão da cultura grega nas 
regiões do Oriente por ele conquistadas. 
Esse processo histórico-cultural, conhecido como helenismo, 
caracterizou-se pelo(a):
a) formação de uma nova cultura, sem elementos culturais 
gregos nem orientais.
b) desaparecimento das culturas orientais diante da cultura 
grega ou helênica.
c) conflito cultural irreconciliável entre a cultura grega e as 
culturas orientais.
d) desaparecimento da cultura grega diante das culturas 
orientais (persa e egípcia).
e) constituição de uma cultura diferenciada, com elementos 
gregos e orientais.
05.04. (UFSJ – MG) – Sobre o ceticismo, é CORRETO afirmar 
que 
a) os céticos buscaram uma mediação entre “o ser” e o 
“poder-ser”. 
b) o ceticismo relativo tem no subjetivismo e no relativismo 
doutrinas manifestamente apoiadas em seu princípio 
maior: toda interatividade possível. 
c) Protágoras (séc. V a.C.), relativista, afirmou que “o Homem 
só entende a natureza porque o conhecimento emana 
dela e nela se instala”. 
d) Górgias (485-380 a.C.) e Pirro (365-275 a.C.) são apontados 
como possíveis fundadores do ceticismo absoluto. 
Aperfeiçoamento
05.05. (FUNDATEC – RS) – "Pelo menos desde Sócrates, 
os filósofos gregos refletem sobre a vida humana. Al-
gumas escolas filosóficas antigas fizeram desse tema 
uma preocupação central e desenvolveram a ética como 
forma de "arte de viver", uma reflexão constante sobre 
a vida e um trabalho permanente de cada um sobre sua 
própria vida." (GALLO, 2014). Algumas dessas escolas 
se difundiram durante o período helenístico. Uma dessas 
escolas ganhou popularidade com Diógenes de Sinope. 
Sua filosofia apresentava-se como uma crítica aos costumes 
instituídos, lançando mão de recursos humorísticos e da 
ironia. Essa escola ficou conhecida como: 
a) Cinismo. 
c) Epicurismo. 
e) Pitagorismo. 
b) Etoicismo. 
d) Neoplatonismo. 
Testes
6 Extensivo Terceirão
05.06. (UENP – PR) – Sobre as escolas éticas do período 
helenístico, da antiguidade clássica da Filosofia Grega, 
associe a primeira com a segunda coluna e assinale e 
alternativa correta.
I. epicurismo
II. estoicismo
III. ceticismo
IV. ecletismo
A – É uma moral hedonista. O fim su-
premo da vida é o prazer sensível; 
o critério único de moralidade é o 
sentimento. Os prazeres estéticos e 
intelectuais são como os mais altos 
prazeres. 
B – Visa sempre um fim último ético-
-ascético, sem qualquer metafísica, 
mesmo negativa.
C – Se nada é verdadeiro, tudo vale 
unicamente.
D – A paixão é sempre substancialmente 
má, pois é movimento irracional, 
morbo e vício da alma.
a) I – A, II – B, III – C, IV – D 
b) I – A, II – B, III – D, IV – C 
c) I – A, II – D, III – C, IV – B 
d) I – A, II – D, III – B, IV – C 
e) I – D, II – A, III – B, IV – C 
05.07. Qual das frases se refere ao pensamento cínico?
a) Apreender a viver com o necessário e não fazer do des-
necessário algo necessário.
b) Valorizar a razão e a cultura, pois esses são fundamentais 
para a vida humana.
c) A razão é a base para a vida humana.
d) A essência do homem é a sua alma, essa é racional e 
virtuosa.
e) Apreender a viver com o necessário natural e cultural.
05.08. No célebre "Jardim de Epicuro", vicejava uma autênti-
ca comunidade, onde mestre e discípulos viviam de maneira 
quase ascética, consumindo apenas hortaliças que eles pró-
prios cultivavam, às quais acrescentavam apenas pão e água, 
ou ainda queijo em ocasiões especiais. Seja como for, não há 
dúvida de que a real importância da doutrina epicurista está 
muito longe de consubstanciar-se em aspectos puramente 
circunstanciais como esses, que chegam a resvalar para o 
campo do anedótico. 
Sobre Epicuro, na sua cronologia inicial, é correto afirmar que 
o mesmo nasceu em: 
a) Samos. 
b) Atenas. 
c) Troia. 
d) Cólofon. 
e) Teos.
05.09. (MSCONCURSOS – RS) – Leia o trecho da Carta a 
Meneceu.
“Nenhum jovem deve demorar a filosofar, e nenhum 
velho deve parar de filosofar, pois nunca é cedo demais 
nem tarde demais para a saúde da alma. Afirmar que 
a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou é a 
mesma coisa que dizer que a hora ainda não chegou ou 
já passou; devemos, portanto, filosofar na juventude e 
na velhice para que enquanto envelhecemos continue-
mos a ser jovens nas boas coisas mediante a agradável 
recordação do passado, e para que ainda jovens seja-
mos ao mesmo tempo velhos, graças ao destemor dian-
te do porvir. Devemos então meditar sobre tudo…” 
(Epicuro Carta de Epicuro a Menoiceus). 
Para Epicuro, como se expressa na Carta a Meneceu, o ob-
jetivo da filosofia é:
a) A felicidade do homem.
b) A imparcialidade diante das decisões tomadas pelos 
homens.
c) A areté própria do homem.
d) O gozo imoderado dos prazeres mundanos.
e) Estabelecer, refutar e defender argumentos tirados da 
bíblia.
05.10. (MSCONCURSOS – RS) – Em 322, após a morte de 
Alexandre Magno, o sucessor deste decide expulsar de Samos 
todos os colonos atenienses, entre os quais a família inteira 
de Epicuro. Os historiadores da cultura convencionaram 
designar Helenismo as atividades culturais desenvolvidas no 
período transcorrido entre a morte de Alexandre Magno, em 
323 a.C., e o fim da república romana, em 31 a.C., quando 
Augusto (vencedor da batalha de Actium, em 27 a.C.) se 
torna imperador de Roma. A designação refere-se à pre-
sença dominante da língua e da cultura gregas em todo 
o mundo conhecido, numa difusão sem precedentes cuja 
causa inicial foi a convicção de Alexandre, aluno de Aris-
tóteles, de que por seu intermédio a Grécia devia cumprir 
uma missão civilizatória sobre todos os povos da terra. A 
língua grega transformou-se na koiné, dialeto comum em 
todas as terras conquistadas por Alexandre, e Alexandria, 
no Egito, tornou-se a capital cultural da Antiguidade, papel 
que conservou mesmo quando Roma ocupou o lugar de 
centro político e econômico de um império que se estendia 
do Próximo Oriente ao Sul da Europa, do Mediterrâneo ao 
Atlântico. Embora o termo Helenismo pareça indicar apenas 
a hegemonia da cultura grega, na realidade exprime a co-
municação intensa entre as criações culturais helênicas e as 
orientais enquanto submetidas a um mesmo e único poder 
central, ligadas por rotas comerciais e tendo como ponto de 
encontro Alexandria e, mais tarde, Roma. Muitos preferem 
usar a expressão alexandrinismo para acentuar o papel que 
a dinastia dos Ptolomeus conferiu a Alexandria como centro 
de confluência da cultura grega e da oriental, com a criação 
do Museu e da Biblioteca, espaços destinados às atividades 
do conhecimento e das artes.
Aula 05
7Filosofia 2
No caso da história da filosofia, fala-se em período helenístico 
para designar os três grandes sistemas filosóficos predomi-
nantes nessa época. São eles:
a) Ceticismo, epicurismo e estoicismo.
b) Epicurismo, neoplatonismo e patrística.
c) Neoplatonismo, ceticismo e patrística.
d) Escolástica e epicurismo.
e) Ceticismo e escolástica.
Aprofundamento
05.11. (UNICENTRO – PR) – As principais escolas filosóficas, 
na Grécia Antiga, a partir do século III a.C., são o estoicismo e 
o epicurismo, que buscavam a realização moral do indivíduo, 
e, como quase todas as escolas da Antiguidade, concebem 
que o homem deve buscar a sabedoria e a felicidade.
O princípio da ética epicurista está relacionado com a
a) atitude de desvio da dor e da procura do prazer, sendo que 
a concepção do prazer é também espiritual e contribui 
para a paz de espírito e o autodomínio.
b) ideia de que é pela razão que se alcança a perfeição 
moral e que centra a busca dessa perfeição no amor e 
na boa vontade.
c) atitude de aceitação de tudo que acontece, porque tudo 
faz parte de um plano superior,guiado por uma razão 
universal.
d) relação individual e pessoal de cada um com Deus, que 
é concebido como o Criador onisciente e onipresente.
e) noção de que cada indivíduo pode escolher livremente 
entre se aproximar de Deus ou se afastar Dele.
05.12. (UNICENTRO – PR) – O helenismo, nome que identifi-
ca a fusão da cultura grega com a cultura oriental, contribuiu 
para a formação de novas doutrinas filosóficas, que foram 
adotadas pela cultura ocidental, como o ceticismo.
Essa doutrina
a) considerava que a felicidade consistia em não se preten-
der julgar nada, pois acreditavam que as coisas parecem 
ser de certa maneira, mas não se sabe como elas real-
mente são.
b) defendia o conceito de que a felicidade humana consistia 
apenas na busca e na obtenção do prazer.
c) julgava que a virtude e a reflexão eram fundamentais à 
vida.
d) acreditava ser o homem a medida de todas as coisas.
05.13. (UEG – GO) – Em meados do século IV a.C., Alexandre 
Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma série 
de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que 
incluía, entre outros territórios, a Grécia. Essa dominação só 
teve fim com o desenvolvimento de outro império, o romano. 
Esse período ficou conhecido como helenístico e representou 
uma transformação radical na cultura grega. Nessa época, 
um pensador nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os 
fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola filosófica 
que pregava a ideia de que: 
a) seria impossível conhecer a verdade. 
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião. 
c) os princípios morais devem ser inferidos da natureza. 
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo 
prazer. 
05.14. (UNICENTRO – PR) – Os primeiros hedonistas foram 
seguidores da doutrina filosófico-moral, surgida na Grécia 
Antiga, que afirmava que o prazer seria o bem supremo da vida. 
Na sociedade pós-moderna, são considerados tipicamente 
hedonistas os sujeitos que
a) acreditam que o prazer, em geral, é a fonte de todos os 
males e a virtude decorre de se viver de forma simples.
b) defendem a ideia de que o aperfeiçoamento da vida 
espiritual é alcançado unicamente por meio de práticas 
de modificação do corpo, como o jejum, a abstinência e 
a flagelação.
c) acreditam que a única verdade universal vem da fé e 
que no campo da moral não existem verdades absolutas.
d) afirmam que todo sistema ético que não se baseia em 
faltas e observação é rejeitado.
e) se vinculam à ideia de que o alcance da felicidade está 
relacionado à aquisição de bens de consumo.
05.15. (IPM – CE) – O período helenístico caracterizou-se 
por um processo de interação cultural entre a cultura grega 
clássica e a cultura dos povos orientais conquistados. Neste 
período destacaram-se duas novas escolas filosóficas: o 
estoicismo e o hedonismo. Nesse contexto, os estoicos 
defendiam:
a) Que o ser humano devia buscar o prazer da vida;
b) Que o prazer estava vinculado ao bem;
c) Um espírito de completa austeridade moral e física;
d) A realização de uma conduta virtuosa;
e) O domínio das paixões.
05.16. (UNIMONTES – MG) – Para Epicuro (341 – 270 a.C.), a 
morte nada significa porque ela não existe para os vivos, e os 
mortos não estão mais aqui para explicá-la. De fato, quando 
pensamos em nossa própria morte, podemos nos imaginar 
mortos, mas não sabemos o que é a experiência do morrer. 
Epicuro lamenta que
a) as pessoas encarem a morte com coragem.
b) as pessoas amem a morte e a desejem.
c) as pessoas aceitem a morte como seu destino final.
d) a maioria das pessoas fuja da morte como se fosse o 
maior dos males.
05.17. (PUC – GO) – [...] Arandir (numa alucinação) – 
Dália, faz o seguinte. Olha o seguinte: diz à Selminha. 
(violento) Diz que, em toda minha vida, a única coisa 
que salva é o beijo no asfalto. Pela primeira vez. Dália, 
escuta! Pela primeira vez, na vida! Por um momento, 
8 Extensivo Terceirão
eu me senti bom! (furioso) Eu me senti quase, nem sei! 
Escuta, escuta! Quando eu te vi no banheiro, eu não 
fui bom, entende? Desejei você. Naquele momento, 
você devia ser a irmã nua. E eu desejei. Saí logo, mas 
desejei a cunhada. Na praça da Bandeira, não. Lá, eu fui 
bom. É lindo! É lindo, eles não entendem. Lindo beijar 
quem está morrendo! (grita) Eu não me arrependo! Eu 
não me arrependo!
Dália – Selminha te odeia! (Arandir volta para a 
cunhada, cambaleante. Passa a mão na boca enchar-
cada.)
Arandir (com voz estrangulada) – Odeia. (muda de 
tom) Por isso é que recusou. Recusou o meu beijo. 
Eu quis beijar e ela negou. Negou a boca. Não quis o 
meu beijo.
Dália – Eu quero!
Arandir (atônito) – Você?
Dália (sofrida) – Selminha não te beija, mas eu.
Arandir (contido) – Você é uma criança. (Dália aperta 
entre as mãos o rosto de Arandir.)
Arandir – Dália. (Dália beija-o, de leve, nos lábios.)
Dália – Te beijei.
Arandir (maravilhado) – Menina!
Dália (quase sem voz) – Agora me beija. Você. Beija.
Arandir (desprende-se com violência) – Eu amo Sel-
minha!
Dália (desesperada) – Eu me ofereço e Selminha não 
veio e eu vim.
Arandir – Dália, eu mato tua irmã. Amo tanto que. 
(muda de tom) Eu ia pedir. Pedir à Selminha para 
morrer comigo.
Dália – Morrer?
Arandir (desesperado) – Eu e Selminha! Mas ela não 
veio!
Dália (agarra o cunhado. Quase boca com boca, sô- 
frega) – Eu morreria.
Arandir – Comigo?
Dália (selvagem) – Contigo! Nós dois! Contigo! Eu 
te amo!
[...]
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
1995. p. 98-100.)
O texto faz menção a desejo. É curioso observar como o ato 
de desejar está sempre presente na vida humana desde o 
nascimento. O desejo de se descobrir, o desejo de viver, o 
desejo de passar no vestibular, o desejo de ser feliz e o desejo 
de ter. O desejo é força propulsora que nos move. Nada nos 
empurra mais à ação que a vontade de possuir. O capitalismo, 
sabendo dessa nossa fraqueza de querer possuir, acabou por 
se apoderar dela. Ele lucra cada dia mais com o consumismo 
dos indivíduos. Esse consumo alicerçado numa fome insa-
ciável de comprar nasce muitas vezes no subconsciente do 
homem, com a alienação imposta pela chamada “indústria 
cultural”. A ideia de que o consumo não é desejo natural, 
mas antinatural, está alicerçada na filosofia de um filósofo 
grego da Antiguidade. Ele defende que o maior prazer só 
é alcançável por meio do conhecimento, da amizade e de 
uma vida moderada, livre do medo e da dor. E que o homem 
sábio busca a realização dos desejos naturais e necessários, 
combate os desejos antinaturais e artificiais e evita com todas 
as suas forças os desejos dispensáveis.
Marque a alternativa que apresenta o autor desse pensa-
mento:
a) Epicuro
b) Platão
c) Protágoras
d) Diógenes
05.18. (FUNCAB – RJ) – O epicurismo e o estoicismo foram 
as duas filosofias éticas predominantes no período hele-
nístico. O estoicismo, em contraposição à ética epicurista, 
relaciona o bem:
a) à atividade da alma segundo a razão.
b) ao prazer por coisas materiais.
c) à indiferença diante da dor e do sofrimento.
d) aos costumes ou convenções sociais.
e) ao dever de cumprir o que é ordenado pela lei divina.
Desafio
05.19. (UECE / CEV) – O declínio do império grego asso-
ciado ao desajuste da consciência coletiva tornou possível 
o surgimento de perspectivas filosóficas mais centradas em 
conteúdo ético. Considerando tais perspectivas, relacione 
corretamente seus defensores com os respectivos conteúdos 
éticos, numerando a Coluna II de acordo com a Coluna I.
Coluna I
1. Céticos
2. Cirenaicos
3. Estoicos
4. Epicuristas
Coluna II
( ) Os prazeres corporais são garan-
tidos pela paz de espírito.
( ) Os prazeres corporais são meio e 
objetivo da vida humana.
( ) A apatia é consequência de fata-
lismo ontológico.
( ) É impossível estabelecer os meios 
e os objetivos da vida humana.
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
a) 1, 2, 4, 3.
b) 3, 4, 2, 1.
c) 4, 2, 3, 1.
d) 3, 4, 1, 2.
Aula 05
9Filosofia 2
05.01. a
05.02. a
05.03. e
05.04. d
05.05. a
05.06. d
05.07.a
05.08. a
05.09. a
05.10. a
05.11. a
05.12. a
05.13. a
05.14. e
05.15. c
05.16. d
05.17. a
05.18. c
05.19. c
05.20. 17 (01 + 16)
Gabarito
05.20. (UEM – PR) – “Acostuma-te à ideia de que a morte 
para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal re-
sidem nas sensações, e a morte é justamente a privação 
das sensações. A consciência clara de que a morte não 
significa nada para nós proporciona a fruição da vida 
efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e 
eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada 
de terrível na vida para quem está perfeitamente con-
vencido de que não há nada de terrível em deixar de 
viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da morte, 
não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas 
porque o aflige a própria espera.”
(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed. Unesp, 2002, p. 27. In: 
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. SP: Saraiva, 2006, p. 97).
A partir do trecho citado, é correto afirmar que 
01) a morte, por ser um estado de ausência de sensação, 
não é nem boa, nem má. 
02) a vida deve ser considerada em função da morte cer-
ta. 
04) o tolo não espera a morte, mas vive apoiado nas suas 
sensações e nos seus prazeres. 
08) a certeza da morte torna a vida terrível. 
16) a espera da morte é um sofrimento tolo para aquele 
que a espera.
10 Extensivo Terceirão
Filosofia
2
Filosofia Medieval – Santo Agostinho 
e Santo Tomás de Aquino
Aula 06
Mudanças
O helenismo, principalmente com o estoicismo e o 
epicurismo, apresentaram mudanças expressivas em re-
lação ao pensamento predominante durante o período 
clássico, com Sócrates, Platão e Aristóteles. A principal 
razão está associada às mudanças que marcaram a 
Grécia do domínio macedônico e da expansão de Ale-
xandre, levando o pensamento filosófico para o Oriente 
e trazendo de lá pessoas e ideias, alterando a paisagem 
e o modo de viver de Atenas e outras cidades-estado. 
Essas mudanças políticas e sociais, somadas às constan-
tes ameaças de invasões violentas, mexeram profunda-
mente com a visão de mundo dos gregos. Lembrem, 
por exemplo, de como os estoicos vão se preocupar em 
como sobreviver a estas tensões e concluem que a saída 
é ignorá-las, aceitando-as como parte do grande arranjo 
do Universo. Muito engenhoso! O destino é o responsá-
vel, não há o que fazer, logo, o sábio é o que aceita e vive 
com as turbulências, abstendo-se de qualquer polêmica. 
Os epicuristas, por sua vez, buscaram o distanciamento 
da pólis e entregaram-se a reflexões sobre como tirar 
partido das pequenas coisas, dos prazeres sem excessos, 
da amizade, de objetivos que agora não tinham mais a 
pretensão de explicar o mundo verdadeiramente, mas 
de suportá-lo da melhor maneira.
Esta tendência tornou-se ainda mais clara no último 
século antes de Cristo e no primeiro da nossa era, com 
as transformações mais rápidas da paisagem política e 
social, marcadas pela desagregação do Império Mace-
dônico e pela expansão dos romanos por praticamente 
toda a Europa, norte da África e Oriente Médio. A Grécia 
deixou de ser o centro da Antiguidade. O “umbigo” cul-
tural havia se transferido para Alexandria, entreposto de 
múltiplas experiências culturais, religiosas e filosóficas 
e que expressavam as diversas formas de tentar ver e 
entender aquele mundo em transformação e de pouca 
transparência. Em meio a todas essas novas tendências 
e também em muitas outras que buscavam nas velhas 
fontes seus fundamentos para manifestar incredulidades 
e temores, sobressaiu um tema que passou a dominar o 
pensamento dessa época conturbada: a salvação. 
Observe que curioso e, ao mesmo tempo, instigan-
te: a Filosofia nasce em meio à crítica da insuficiência 
das explicações míticas e prometendo uma explicação 
válida e universal para as perguntas sobre a origem do 
mundo, a realidade por trás das aparências, a verdade 
dos conceitos, os comportamentos corretos como 
forma de alcançar o Bem e a Felicidade. No entanto, a 
Filosofia não logrou o êxito absoluto que pretendia e 
muitos questionamentos ampliaram, com o passar do 
tempo, dúvidas em relação às diversas formas de expli-
car o Ser e os seres. Os céticos, por exemplo, chegaram 
mesmo a propor que a obtenção desse conhecimento 
era impossível e, portanto, não deveríamos perder 
nosso tempo com ele. Some a isso os temores e as 
incertezas das mudanças e aí poderemos perceber que 
o pensamento deu uma volta completa. O pensamento 
voltou a se ancorar novamente nas soluções místicas, 
sem necessidade de provas cabais nem de uma ra-
cionalidade refinada. A base agora passou a ser uma 
fórmula de salvação que buscava pelo Ser Supremo e 
sua contemplação. Um misto de filosofia platônica e 
mitologia bíblica. Esse pensamento, como veremos a 
seguir, vai marcar o fim da chamada Idade Antiga e 
praticamente toda a Idade Média.
Santo Agostinho e a maio-
ridade da teosofia
Ao longo dos séculos I a V da nossa era, a filosofia 
grega como a conhecemos vai se tornando apenas 
uma mancha persistente no modo de pensar, marcado 
agora pela obsessão da salvação da alma e pela busca de 
compreensão sobre como agir para este fim. 
Várias correntes de pensamento se estabelecem, 
com variações muitas vezes imperceptíveis de postura, 
mas suficiente para disputarem o domínio da nova 
“verdade”, a revelação divina, o caminho para a salvação. 
Um exemplo dessas doutrinas foi a dos gnósticos. 
Eles acreditavam que a salvação espiritual poderia ser 
alcançada por meio da obtenção de um conhecimento 
superior. Quanto mais distante desse conhecimento, 
mais apegado à matéria, fonte do mal, menos propenso 
à salvação. Esse tal conhecimento dos gnósticos não era 
a racionalidade nem a matemática de Platão. Tratava-se, 
pois, de um conhecimento místico e disponível apenas 
para alguns “eleitos”. Aos outros, restava apenas seguir 
fielmente seus ensinamentos, ou perder-se na danação 
(que é o contrário da salvação). 
Aula 06
11Filosofia 2
Entre essa plenitude da presença com o divino e o 
vazio do distanciamento e do apego à matéria, ou seja, 
luz e trevas, os gnósticos imaginaram a existência de 
um sem-número de seres intermediários. Mais tarde, 
essa influência vai justificar a hierarquia de anjos do 
catolicismo, com seus serafins, querubins, potestades, 
arcanjos, entre outros. Outra interpretação gnóstica 
dos textos bíblicos mesclada com influências persas e 
hindus (com pitadas de platonismo) foi o maniqueísmo. 
Esta corrente defendia a existência de um Deus bom e 
um Deus mau e a existência humana se justificaria pela 
luta de um em relação ao outro. 
Como é possível perceber, e poderíamos falar muito 
mais sobre isso, a gnose teve múltiplas tendências e 
nenhuma regulação doutrinária. Por isso, contribuiu 
muito para a consolidação do cristianismo, pois obrigou 
os cristãos, ao refutarem muitos dos seus argumentos, 
estabelecerem de forma dogmática os princípios nos 
quais eles acreditavam. Esse papel importante foi 
realizado por vários padres da Igreja, daí esse conjunto 
de ideias definidoras da doutrina cristã ficar conhecida 
como patrística. Entre eles, nomes como Justino, Orí-
genes, Basílio, Gregório de Nissa e Tertuliano. Em meio 
a uma plêiade de pensadores religiosos cristãos, um se 
destacou e veio a se tornar um dos alicerces da Igreja 
Católica, Aurélio Agostinho.
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BOTTICELLI, Sandro. Agostinho, 1480. 1 afresco color, 152 cm x 112 cm. 
Ognissanti, Florence.
Nascido em 354, no norte da África, Agostinho viveu 
a época do ocaso do Império Romano, marcado pelo 
início das invasões bárbaras. Agostinho, embora tenha 
tido criação cristã (é bom lembrar que as perseguições 
ao cristianismo já haviam cessado no Império Romano e 
o cristianismo foi legalizado desde 313), viveu como um 
cidadão comum, chegando a ter um filho, mesmo sem 
ser casado. Sabe-se que leu as obras de Cícero e nutria 
simpatia pelo maniqueísmo e pela gnose, manifestando 
desde cedo a ideia da existênciade um saber que não se 
reduzisse apenas à fé. Por volta dos 30 anos foi viver em 
Milão, sede do Império, onde passou a trabalhar como 
professor de retórica. 
Imerso nos estudos e discussões filosóficas e re-
ligiosas, hesitou entre o ceticismo e o pensamento de 
Plotino. Mas, foi Ambrósio quem o “fisgou” e o fez tender 
para a religião, ainda respeitando a ciência, mas cada vez 
mais inclinado ao misticismo. Ele mesmo relata em sua 
obra autobiográfica, Confissões, de que teria tido uma 
revelação em meio às suas orações. Tal revelação indica-
va que ele deveria dedicar-se inteiramente à Bíblia. Daí, 
para a conversão, foi um pulo. 
Agostinho abandona a profissão de professor e 
volta para a África, onde acaba tornando-se bispo, 
na cidade de Hipona. Funda uma comunidade e põe 
em prática, como doutrina para seus seguidores, as 
palavras do apóstolo Paulo: Comportemo-nos ho-
nestamente, como em pleno dia, sem comer e beber 
desmedidamente, sem luxúria e sem dissoluções, sem 
contendas e ciúmes. Revestivos da veste nova do Se-
nhor Jesus Cristo e não cuideis do vosso corpo a ponto 
de despertar os apetites.
Além de pregar os ensinamentos da Bíblia, Agosti-
nho escreveu muito, sendo sua obra mais importante 
e conhecida, Cidade de Deus, livro no qual Agostinho 
tece comentários sobre a Igreja e o Estado e lança 
sementes sobre a necessária submissão do Estado à 
Igreja. Além disso, discorre longamente sobre a História 
desde a criação, em um sentido evolutivo, do primitivo 
à redenção, com a chegada de Cristo. Esse enfoque teve 
uma influência marcante na noção de tempo histórico, 
como o concebemos até hoje.
Diferente de Plotino (embora claramente influen-
ciado por ele), Agostinho afirma a existência de um 
Deus criador e todas as coisas da Terra como criaturas 
criadas por este Deus criador. Dos gnósticos manteve 
a ideia de uma ordenação das coisas, como uma pirâ-
mide, com Deus no ponto mais alto. Apesar do apreço 
pelo platonismo, estava convencido de que a filosofia 
não era a morada mais segura para a alma. Da mesma 
forma, simplesmente proteger-se do mundo negando a 
possibilidade de conhecê-lo, como queriam os céticos, 
também não parecia ser o correto. 
12 Extensivo Terceirão
A saída, para o bispo de Hipona, era voltar-se para 
si mesmo, pois, se duvidamos de tudo, como faziam os 
céticos, é fato que não podemos negar que somos nós 
quem duvidamos de tudo! Logo, se há uma certeza no 
mundo é a nossa existência e é nela que devemos apos-
tar. Essa elucubração racional (que lembra muito o que 
depois veremos em Descartes) não era, para Agostinho, 
o fim, mas o meio. Por meio dela – Eu sou – pergunta-se 
o que fundamenta essa verdade? A resposta é a Ideia 
de Verdade (olha o Platão aí!) e acima dessa Ideia de 
Verdade um ser Criador que não é criatura, um ponto de 
partida universal, ou seja, Deus.
Para Agostinho, esses dois polos – Deus e alma – eram 
o epicentro de toda a sua especulação intelectual. O resto 
era o resto. Essa alma, para Agostinho, poderia conhecer 
Deus, mas somente por meio da iluminação desse próprio 
Deus. Assim, todo o conhecimento verdadeiro submetia-
-se a uma obediência à palavra de Deus. Fora dele, não 
haveria verdade, somente trevas e sofrimento.
Você consegue antecipar no que, historicamen-
te, essa postura vai dar?
Um problema muito interessante surgido com essa 
convicção de que fora de Deus não há verdade e que tudo 
provém de Deus, Criador de tudo e todos, é a existência 
do mal. Para Agostinho, o mal é a ausência do bem. Por-
tanto, não há o mal de forma objetiva, mas sempre como 
uma falta, uma carência da presença do Bem. 
Essa também teve uma consequência histórica 
muito significante. Você saberia apontar qual?
E quanto ao pecado? 
Agostinho associa o pecado ao livre-arbítrio. Mas, 
como é possível não pecar? Por meio da vontade de 
Deus. E por que Deus não salva a todos? Porque não 
temos direito à salvação. É a vontade de Deus, sobre a 
qual não somos capazes de compreender.
Vai aí uma charada filosófica: se Deus é onipo-
tente e a graça depende exclusivamente dele, por 
que é necessária uma ordem moral na Terra?
Agostinho morre em 430, depois de ter visto a ex-
pansão dos “bárbaros” pelo império, como, por exemplo, 
o saque de Roma pelos godos, liderados por Alarico, em 
410. Sua obra teve grande influência sobre a Igreja Cató-
lica e muitos de seus pensamentos tornaram-se regras 
da dogmática católica. De maneira que ninguém pode 
se dizer católico sem saber que é, também, um pouco 
agostiniano. E um pouquinho platônico também.
Invasões bárbaras
O processo de dissolução do Estado Romano na 
Europa foi ocorrendo lentamente e mais lentamente 
ainda foi a percepção que as pessoas tiveram dessa 
mudança. Exceção feita aos habitantes dos grandes 
centros urbanos (que não eram muitos), a rotina mar-
cada pelo trabalho duro e sem grandes perspectivas, 
com uma média de vida que não chegava aos 35 
anos, permanecia a mesma. O cristianismo já havia se 
disseminado e capilarizado o suficiente não somente 
para resistir às novas ideias e costumes “bárbaros”, 
mas, principalmente, para ir se infiltrando nas novas 
populações que o adotaram no todo ou em grande 
parte. 
Como já estudamos, a Filosofia, desde o início da 
Era Cristã transformara-se em Teosofia e a salvação 
tornara-se mais importante que o conhecimento. As 
ideias platônicas, fortemente infiltradas de pitagoris-
mo, estoicismo e influências bíblicas, constituíram a 
base do pensamento chamado de Patrística, isto é, 
pensamento relativo aos padres da Igreja, e que tive-
ram em Santo Agostinho seu nome mais consistente. 
Com o esvaziamento dos centros urbanos, na cha-
mada Alta Idade Média (séculos V a X), essa teosofia 
concentrou-se nos mosteiros, onde textos e doutrinas 
continuaram a ser transcritos, revistos e ampliados. 
Ao contrário do que é comum dizer, a Idade Média 
não foi uma idade de trevas, mas, indubitavelmente, 
foi o período em que o pensamento grego conheceu 
um longo período de estagnação, seja pelas mudanças 
que já haviam sido introduzidas nas ideias originais 
de Platão (daí se dizer que o pensamento da patrística 
é neoplatônico), seja pelo fato de que ideias como as 
dos céticos e dos epicuristas foram deliberadamente 
“esquecidas” pelos padres, enquanto o estoicismo foi 
cristianizado. 
Da mesma forma, o pensamento de Aristóteles foi, 
em grande parte, deixado de lado, quase esquecido. 
Suas obras, raro em raro, eram citadas nos mosteiros e 
as correntes de discussão religiosa partiam, quase na 
sua totalidade, das ideias de um Platão “cristianizado”.
E então, o que permitiu a volta da circulação do 
pensamento aristotélico na Europa?
Os árabes. Entre os séculos VIII e XII, os árabes for-
maram um grande império, absorvendo populações 
e ideias que formavam o antigo Império Macedônico, 
depois Romano do Oriente. Confrontados com uma 
cultura mais sofisticada e complexa, os árabes não 
hesitaram em absorvê-la, mesmo que submetendo-a 
aos ditames de sua religião. A despeito disso, vicejou 
nesses territórios uma imensa atividade intelectual 
e importantes obras foram escritas usando como 
Aula 06
13Filosofia 2
referência textos de Platão e de Aristóteles, desco-
nhecidos até então da Europa cristã.
Um desses intelectuais brilhantes que deixou 
textos de cunho aristotélico que exerceram forte 
influência sobre a Europa foi Avicena (980-1037). 
Seus textos foram traduzidos para o latim no século 
XII e tiveram em Tomás de Aquino um de seus mais 
intensos interpretadores.
Os árabes invadiram a Europa no século VIII e 
formaram na Península Ibérica um posto avançado 
do islamismo. Até o século XV, a Europa islâmica foi 
um lugar de contato intenso de ideias e religiões, 
um espaço privilegiado para a formulação de novas 
abordagens e para o aprendizado dos velhos mestres 
gregos. Quem se destaca nesse período e nesse lugar 
é Averróis (1126-1198), nascido no século XII, em Cór-
doba (hoje cidade da Espanha). Ele foi um dos mais 
importantes comentaristasda obra de Aristóteles 
e contribuiu sobremaneira para a disseminação dos 
seus textos na Europa cristã.
No século XIII, essas incursões do pensamento 
aristotélico começam a se fazer sentir no pensamento 
europeu. As ideias consolidadas da teologia cristã, 
marcadamente platônicas, como, por exemplo, a de 
que a realidade verdadeira estava além do mundo 
material e de que a alma era imortal, não condiziam 
com o pensamento filosófico aristotélico, que asso-
ciava a alma à forma do corpo. Igualmente, a ideia 
da Trindade (Pai-Filho-Espírito Santo), consolidada 
na dogmática cristã, não era compatível com a ideia 
de um Criador imóvel, responsável por tudo o que 
se move, segundo a noção de Aristóteles. Enfim, o 
pensamento cristão, a partir do século XIII, não podia 
mais negar a presença do velho pensador grego, a 
assombrar as “certezas” secularmente consagradas. A 
Igreja, assim, como o pensamento europeu, sofrerão 
novas mudanças. 
Escolástica
Os monastérios não eram apenas locais de oração e 
penitência, mas também centros de formação de novos 
operadores do cristianismo. Daí, desde o século VII, foi 
sendo gestada uma educação cristã que, mais tarde, 
ficou conhecida como escolástica, que quer dizer “aque-
le que é instruído”. Dos monastérios para as escolas 
episcopais e ordens religiosas e, depois do século XII, nas 
universidades, essa forma de instruir tornou-se comum. 
Os escolares aprendiam o Trivium – gramática, retórica 
e dialética – e o Quadrivium – aritmética, geometria, 
astronomia e música – como suportes para melhor 
compreenderem as verdades reveladas da teologia. A fi-
losofia também tinha esse papel auxiliar. Tudo convergia 
para o conhecimento revelado.
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VOLTOLINA, de Laurentius. Escola escolástica. Século 14. 
1 óleo sobre tela color, 18 cm x 22 cm.
Com a impossibilidade de negar a “presença” de 
Aristóteles, a escolástica passou a adaptá-lo aos ditames 
da dogmática religiosa. Mas essa não era propriamente 
uma tarefa fácil, principalmente pelo fato de o pensa-
mento cristão ter sido edificado tendo Platão como 
referência principal. 
E por que Aristóteles despertou tanto interesse aos 
intelectuais europeus do século XIII?
Porque a Europa estava mudando rapidamente. O fim 
das invasões bárbaras permitiram um ressurgimento lento, 
mas persistente, do comércio e da atividade urbana. Esse 
“renascimento comercial e urbano” passou a exigir novas 
respostas para novas perguntas, o que o dogmatismo 
cristão já não era capaz de dar conta. O comércio colocou 
novamente pessoas de lugares diferentes em contato 
com novas ideias e novas dúvidas. A “mágica” da filosofia 
se repetia: estranhamento com situações novas, busca 
de respostas, falta delas, questionamentos, inquietude, 
perguntas, busca de novas respostas. Os pensadores da 
Igreja não demoraram para perceber isso e buscaram em 
Aristóteles uma adequação para esse novo momento 
histórico, dando mais importância aos questionamentos, 
liberdade para perguntar, método para investigar, tudo 
isso sem negar a fé e os fundamentos da Igreja. Com isso, 
libera-se o pensamento especulativo e permite-se que a 
ciência volte a ser estimulada – lembre da importância da 
ciência para a produção e para o comércio – e as questões 
“mundanas” voltam a ter relevância. Essa preocupação com 
o real, com a classificação das coisas, com a explicação dos 
fenômenos tinha, em Aristóteles, um suporte muito mais 
adequado do que “o mundo das Ideias” de Platão.
Na medida em que as mudanças econômicas foram 
se processando, o interesse pelas “novas ideias” foi au-
mentando. Das clausuras dos mosteiros, o pensamento 
foi ganhando o espaço das universidades e das ordens 
religiosas, como os dominicanos, que passaram a dedicar 
tempo e estudo para conformar as novas exigências aos 
princípios religiosos que não desejavam ver alterados.
14 Extensivo Terceirão
Tomás de Aquino
CRIVELLI, Carlo. Santo Tomás de Aquino. 1476. 
1 têmpera, color., 60,5 cm x 39,5 cm. The National 
Gallery, Londres.
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Discípulo de Alberto Magno, o italiano e do-
minicano Tomás de Aquino (1225-1274) foi o mais 
importante representante da escolástica aristotélica. 
Autor de obra caudalosa, da qual a mais conhecida é 
a Suma Teológica. Para ele, embora seu conhecimento 
fosse vasto, Aristóteles era a autoridade filosófica mais 
respeitável do panteão de pensadores que contribuí-
ram para a doutrina cristã. Seus escritos doutrinários 
e sua metodologia argumentativa (dialética) de 
ensinar, apesar de não serem unânimes em sua época, 
acabaram por se tornar a referência da filosofia cristã. 
Não por outra razão, Tomás recebeu o título de Doctor 
angelicus.
Dois princípios orientaram as suas obras: 
1. A filosofia não se confunde com a teologia, 
portanto não há problema em considerá-la verda-
deira nem estudá-la sem temores.
2. A filosofia submete-se à religião, porque, 
como há uma única verdade, é evidente que essa 
verdade é a da revelação divina. Tudo o que pode 
ser revelado, pode ser conhecido racionalmente.
Quanto ao resto, pela fé. Por exemplo: não há uma 
explicação racional sobre a Trindade, ou sobre o início 
e o fim dos tempos, conforme apresentados pela Bíblia. 
Por outro lado, tudo que se refira ao Ser e seus funda-
mentos é possível de conhecimento pela razão. 
A realidade pode ser conhecida pela razão, não 
apenas na sua concretude, mas também no seu valor e 
na sua finalidade. Pois, assim como Aristóteles, Tomás de 
Aquino afirmava que tudo o que existe tem um fim, que 
é o Bem, e todos os seres estão em potência e em ato, de 
forma que vão se atualizando. Nesse sentido, Deus é ato 
puro, atualidade eterna.
Como mais tarde defenderão iluministas como John 
Locke (1632-1704), Tomás de Aquino afirmava que não 
temos conhecimentos inatos. Nosso pensamento é 
como uma cópia do que percebemos e com base nessa 
imagem da percepção construímos nossos conceitos, 
abstraindo os detalhes e fixando-se nas permanên-
cias das coisas percebidas. Esses conceitos é que nos 
permitem formular regras de aplicação geral e assim 
ultrapassar o campo das coisas percebidas, podendo 
especular, formulando hipóteses. Ou seja, para Santo 
Tomás de Aquino, seguindo Aristóteles, não existem as 
coisas reais como cópias de uma coisa genérica (Ideia). 
É exatamente o contrário: as ideias (conceitos) são 
abstrações mentais que só são possíveis partindo das 
coisas reais. 
Outro conceito do qual Tomás de Aquino parte de Aris-
tóteles é o que distingue matéria e forma. Para ele, a alma, 
por exemplo, é a forma do corpo, como a forma do vaso na 
argila. Ela, a forma, que define a função da matéria. Mas há 
uma diferença entre a “alma” do vaso e a alma do homem. 
No caso do vaso, em caso de quebra, tudo acaba. No caso 
do homem, não. Por isso a alma humana é imortal.
Aqui, Tomás fez uma “adequação” de Aristóte-
les. Mas não era pra menos: sem uma alma imortal, 
como poderia haver o paraíso e a eternidade?
Olhem agora essa charada: se, para Tomás de 
Aquino, o conhecimento deriva da percepção das 
coisas reais, como é possível afirmar racionalmente a 
existência de Deus?
Na Suma Teológica, Aquino apresenta cinco vias para 
provar a existência de Deus. Todas elas estão baseadas 
na ideia aristotélica de ato e potência. Tudo o que se 
move (isto é, passo potência a ato, como a semente que 
dá origem à planta) existe. Como isso é perceptível, dele 
pode-se inferir sentenças genéricas, universais. Lembre 
que igualmente, partindo de Aristóteles, tudo que existe 
(e se move) tem um fim, que é aproximar-se do Bem (ou 
Deus). Da mesma forma, lembre que Aristóteles era um 
ser classificador e distinguia as coisas por sua menor 
e maior complexidade. Assim, naturalmente, o menor 
tende a dirigir-se ao maior, o menos complexo ao mais 
complexo e assim por diante. De posse desse repertório 
de conceitos aristotélicos,Tomás de Aquino afirmou que 
Deus existe:
Aula 06
15Filosofia 2
a) Porque não é possível imaginar que um ser mova 
o outro (lembre das aulas de física e do que gera o 
movimento de um objeto) e essa cadeia siga até o in-
finito. É necessário que, em um momento, exista um 
Ser que mova, mas não seja movido por ninguém (o 
primeiro motor). 
b) Uma coisa causa a outra e aí a história se repete até 
que haja uma coisa que cause sem ter sido causada 
por outra (a causa primeira).
c) Uma coisa é contingente e provém de outra que é 
igualmente contingente, até o infinito. Para evitar 
isso, é necessário que uma coisa seja necessária e 
tenha gerado a primeira coisa contingente.
d) Uma coisa que é simples é derivada de outra que 
é mais complexa, esta, por sua vez, deriva de outra 
mais complexa ainda, até o limite de uma coisa 
Suprema, da qual todas derivam.
e) Tudo está relacionado e orienta-se a um fim e deve 
haver um fim que não seja ao mesmo tempo o come-
ço de outra coisa.
E tudo isso o que é? 
...
...
...
Deus.
E aí, o que acha? Irrefutável?
O fato é que, com Tomás de Aquino, a filosofia 
reencontrou um lugar no pensamento marcadamente 
teosófico da Europa medieval e a ciência livrou-se de 
algumas amarras que a impediam de “respirar”. No 
entanto, esse outro patamar não foi suficiente (onde 
passa boi, passa boiada) e a especulação filosófica, cuja 
porteira foi escancarada pela escolástica, não demorou 
a se voltar contra ela própria e contra os pressupostos 
aristotélicos, o que marcará a entrada do pensamento 
ocidental na modernidade. 
É o que veremos. Um passo de cada vez.
Testes
Assimilação
06.01. (UEG – GO) – Durante seu reinado, Carlos Magno 
buscou reverter o quadro de estagnação cultural gerado 
pelas invasões bárbaras, quando muito do conhecimento da 
Antiguidade clássica havia se perdido. Reuniu então, com o 
apoio da Igreja, grandes sábios que deveriam transmitir sua 
sabedoria nas escolas da época. Esses grandes mestres foram 
chamados scholasticos. 
As matérias ensinadas por eles nas escolas medievais eram 
chamadas de artes liberais e foram divididas em 
a) fé e razão. 
b) matemática e gramática. 
c) trívio e quadrívio. 
d) teologia e filosofia. 
06.02. (ESPM – SP) – Seu principal objetivo era demons-
trar, por um raciocínio lógico formal, a autenticidade 
dos dogmas cristãos. A filosofia devia desempenhar um 
papel auxiliar na realização deste objetivo. Por isso a 
tese de que a filosofia está a serviço da teologia. 
(Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do Pensamento Político)
O texto deve ser relacionado com: 
a) a filosofia epicurista. 
b) a filosofia escolástica. 
c) a filosofia iluminista. 
d) o socialismo. 
e) o positivismo. 
06.03. (UFU – MG) – Na medida em que o Cristianismo 
se consolidava, a partir do século II, vários pensadores, 
convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos 
da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, 
começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação 
cristãs, tentando uma síntese com elementos da filo-
sofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos da 
filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas 
do Cristianismo. Esses pensadores ficaram conhecidos 
como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante 
a escrever na língua latina foi santo Agostinho.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. São Paulo: Saraiva, 
1996, p. 128. (Adaptado)
Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do 
século II ao século X, ficou conhecido como 
a) Escolástica. 
b) Neoplatonismo. 
c) Antiguidade tardia. 
d) Patrística. 
06.04. (UECE) – “O maniqueísmo é uma filosofia reli-
giosa sincrética e dualística fundada e propagada por 
Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III, que 
divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus, e 
Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e o 
espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização 
do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para 
toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do 
Bem e do Mal.”
Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
16 Extensivo Terceirão
Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo Agos-
tinho) afirmava que 
a) Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o Mal 
absoluto.
b) as criaturas só são más numa consideração parcial, mas 
são boas em si mesmas 
c) toda a criação era boa e tornou-se má, pois foi dominada 
pelo pecado após a Queda. 
d) a totalidade da criação é boa em si mesma, mas singular-
mente há criaturas boas e más. 
Aperfeiçoamento
06.05. (UNCISAL – AL) – A filosofia de Santo Agostinho é 
essencialmente uma fusão das concepções cristãs com o 
pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, Agostinho 
de Hipona afirma existirem verdades superiores e inferiores, 
sendo as primeiras compreendidas a partir da ação de Deus. 
Como se chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação 
de Deus que leva o homem a atingir as verdades superiores? 
a) Teoria da Predestinação. 
b) Teoria da Providência. 
c) Teoria Dualista. 
d) Teoria da Emanação. 
e) Teoria da Iluminação. 
06.06. (UFU – MG) – A Patrística, filosofia cristã dos primeiros 
séculos, poderia ser definida como 
a) retomada do pensamento de Platão, conforme os mode-
los teológicos da época, estabelecendo estreita relação 
entre filosofia e religião. 
b) configuração de um novo horizonte filosófico, proposto 
por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de modo a res-
gatar a importância das coisas sensíveis, da materialidade. 
c) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os 
moldes teológicos da época. 
d) criação de uma escola filosófica, que visava combater os 
ataques dos pagãos, rompendo com o dualismo grego. 
06.07. (UFU – MG) – Agostinho, em Confissões, diz: 
"Mas após a leitura daqueles livros dos platônicos e 
de ser levado por eles a buscar a verdade incorpórea, 
percebi que 'as perfeições invisíveis são visíveis em suas 
obras' (Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)".
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por: MARCONDES, Danilo. 
Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do 
autor.
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho 
a) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia 
platônica. 
b) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos bíblicos. 
c) separa nitidamente os domínios da filosofia e da religião. 
d) foi despertado para o conhecimento de Deus a partir da 
filosofia platônica. 
06.08. (UECE) – Em diálogo com Evódio, Santo Agos-
tinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre-
-arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto 
que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha 
à tua opinião que não podemos agir com retidão a 
não ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que 
Deus no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me 
respondeste que a vontade livre devia nos ter sido dada 
do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da qual 
ninguém pode se servir a não ser com retidão”.
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47.
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da von-
tade, em Agostinho, é correto afirmar que 
a) o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao pecado e ao 
afastamento de Deus. 
b) o poder de decisão – arbítrio – da vontade humana é o 
que permite a ação moralmente reta. 
c) é da vontade de Deus que o homem não tenha capa-
cidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor pelo 
homem é maior do que o pecado. 
d) a ação justa é aquela que foi praticada com o livre-
-arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por meio do 
livre-arbítrio. 
06.09. (UFU – MG) – Sobre a Filosofia Patrística (séc. I ao séc. 
VII d. C.), assinale a alternativa incorreta. 
a) Fé e Razão são irreconciliáveis porque pertencem a 
domínios distintos, isto é, à Fé convém cuidar apenas da 
salvação da alma e da vida eterna futura, à Razão convém 
cuidar apenas das coisasdo mundo. 
b) Fé e Razão são irreconciliáveis porque a Fé é sempre 
superior à Razão. 
c) Fé e Razão são conciliáveis, mas a Fé deve subordinar a 
Razão. 
d) Fé e Razão são conciliáveis porque Deus, criador perfeito, 
não introduziu nenhuma discórdia no interior do homem. 
06.10. (ENEM / PPL) – Enquanto o pensamento de Santo 
Agostinho representa o desenvolvimento de uma filo-
sofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São 
Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então 
vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível 
desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com 
a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu 
caminho para o estudo da obra aristotélica e para a 
legitimação do interesse pelas ciências naturais, um 
dos principais motivos do interesse por Aristóteles 
nesse período.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da 
obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica 
a) valorizar a investigação científica, contrariando certos 
dogmas religiosos. 
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida 
toda a moral religiosa. 
Aula 06
17Filosofia 2
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras 
instituições religiosas. 
d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a 
expansão do cristianismo. 
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antir-
religiosos, seguindo sua teoria política. 
Aprofundamento
06.11. (ENEM / PPL) – Se os nossos adversários, que 
admitem a existência de uma natureza não criada por 
Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas con-
siderações estão certas, deixariam de proferir tantas 
blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria 
dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte su-
prema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo 
que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do 
mal porque 
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus. 
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. 
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. 
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, 
o mal. 
e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o 
bem e o mal. 
06.12. (UFU – MG) – Com efeito, existem a respeito de 
Deus verdades que ultrapassam totalmente as capaci-
dades da razão humana. Uma delas é, por exemplo, 
que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades 
que podem ser atingidas pela razão: por exemplo, que 
Deus existe, que há um só Deus etc. 
AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro: A possibilidade de 
descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 
1979, p. 61. 
Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova 
a) por meios metafísicos, resultantes de investigação inte-
lectual. 
b) por meio do movimento que existe no Universo, na me-
dida em que todo movimento deve ter causa exterior ao 
ser que está em movimento. 
c) apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e 
dispensável. 
d) apenas como exercício retórico. 
06.13. (UFU – MG) – A teologia natural, segundo Tomás 
de Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a 
parte que ele elaborou mais profundamente em sua 
obra e na qual ele se manifesta como um gênio verda-
deiramente original. Se se trata de física, de fisiologia 
ou dos meteoros, Tomás é simplesmente aluno de 
Aristóteles, mas se se trata de Deus, da origem das 
coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás é ele mesmo. 
Ele sabe, pela fé, para que limite se dirige, contudo, só 
progride graças aos recursos da razão.
GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 657.
De acordo com o texto acima, é correto afirmar que 
a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição da 
obra de Aristóteles. 
b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para entender a 
natureza das coisas. 
c) as verdades reveladas não podem de forma alguma ser 
compreendidas pela razão humana. 
d) é necessário procurar a concordância entre razão e fé, 
apesar da distinção entre ambas. 
06.14. (UFU – MG) – Leia o trecho extraído da obra Confissões.
Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa RES-
POSTA: Está gravada dentro de nós a luz do vosso 
rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a 
todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para 
que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.
SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154. 
Coleção Os Pensadores
Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, marque 
a alternativa correta. 
a) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos ime-
diatamente as verdades eternas em Deus. Essas verdades, 
necessárias e eternas, não estão no interior do homem, 
porque seu intelecto é contingente e mutável. 
b) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre o 
intelecto humano, deixando-o ativo para o conhecimento 
das verdades eternas. Essas verdades, necessárias e imu-
táveis, estão no interior do homem. 
c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz 
recordar as verdades eternas que a alma possuía antes 
de se unir ao corpo. 
d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz 
recordar as verdades eternas que a alma possuía e que 
nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação. 
06.15. (UFU – MG) – Sobre Tomás de Aquino, considere o se-
guinte trecho, extraído de uma conhecida História da Filosofia.
“O sistema tomista baseia-se na determinação rigo-
rosa das relações entre a razão e a revelação. Ao ho-
mem, cujo fim último é Deus, o qual excede toda a 
compreensão da razão, não basta a investigação filo-
sófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades que 
a razão pode alcançar sozinha, não é dado a todos 
alcançá-las, e não está livre de erros o caminho que a 
elas conduz. Foi, portanto, necessário que o homem 
fosse instruído convenientemente e com mais certeza 
pela revelação divina. Mas a revelação não anula nem 
torna inútil a razão: ‘a graça não elimina a natureza, 
antes a aperfeiçoa’. A razão natural subordina-se à fé 
tal como no campo prático as inclinações naturais se 
subordinam à caridade.”
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia . Lisboa: Presença, 1978, p. 29-30, Vol. IV.
18 Extensivo Terceirão
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de Aquino 
a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem ser 
explicadas plenamente pela razão humana. 
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas racionais em 
compreender as verdades da fé cristã. 
c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as exigên-
cias da razão humana. 
d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno de crença 
o que pudesse ser cientificamente comprovado. 
06.16. (UFU – MG) – Tomás de Aquino não via conflito 
entre a fé e a razão, sendo possível para a segunda atingir 
o conhecimento da existência de Deus. Contudo, Tomás de 
Aquino defende a relação harmônica entre ambas, pois, se 
a razão demonstra a existência de Deus, ela o faz graças à fé 
que revela tal verdade. Assim, a filosofia de Tomás de Aquino 
insistiu nos limites do conhecimento humano. 
Com base nas afirmações precedentes, assinale a alternativa 
correta. 
a) O conhecimento humano atinge a verdade do mundo e 
de Deus sem precisar se servir de outra ordem que não 
aquela da própria razão, o que se confirma com o fato 
de que os governantes organizam o mundo conforme 
sua inteligência. 
b) A realidade sensível é a via direta e exclusiva para a 
ascensão do conhecimento humano, porque, tal como 
afirmou Santo Anselmo, a perfeição de Deus tem, entre 
seus atributos, a existência na realidade mundana. 
c) Existe um domínio comum à fé e à razão. Este domínio é 
a realidade do mundo sensível, morada humana, que a 
razão pode conhecer, porquea realidade sensível oferece 
à razão os vestígios imperfeitos da substância de Deus. 
d) A razão humana é impotente para tratar de ideias que 
estejam além da realidade do mundo sensível. Deus, 
portanto, nada mais é que uma palavra que deve ser 
reverenciada como o centro sensível de irradiação de 
tudo o que existe. 
06.17. (UECE) – “Portanto, deve-se dizer que como a 
lei escrita não dá força ao direito natural, assim tam-
bém não pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; 
pois, a vontade humana não pode mudar a natureza. 
Portanto, se a lei escrita contém algo contra o direito 
natural, é injusta e não tem força para obrigar. Pois, 
só há lugar para o direito positivo, quando, segundo 
o direito natural, é indiferente que se proceda de uma 
maneira ou de outra, como já foi explicado acima. Por 
isso, tais textos não hão de chamar leis, mas corrupções 
da lei, como já se disse. E portanto, não se deve julgar 
de acordo com elas.”
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
Com base na passagem acima, é correto afirmar que 
a) a lei escrita só é legítima se for baseada no direito natural. 
b) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos costumes. 
c) o direito natural só é legítimo se expresso na lei escrita. 
d) não há diferença entre direito natural e direito positivo. 
06.18. (UEM – PR) – “Embora o cristianismo não seja 
uma filosofia, ele afeta de forma profunda o pensa-
mento filosófico da época [Idade Média], uma vez 
que o filósofo cristão se depara com o problema da 
sua realidade finita e imperfeita diante da divindade 
infinita e perfeita.”
ARANHA, M. L. de A. Temas de filosofia. 3ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.110.
Sobre a patrística e a escolástica, assinale o que for correto. 
01) A filosofia medieval assume a herança dos filósofos 
gregos, sobretudo Platão (na patrística) e Aristóteles 
(na escolástica), de forma submissa e dogmática. 
02) Santo Agostinho (354-430) é o maior representante 
da filosofia patrística. A patrística preocupava-se em 
encontrar justificativas racionais para as verdades re-
veladas. 
04) Segundo a filosofia patrística, a revelação divina en-
sina quem tem fé a utilizar corretamente o conheci-
mento sensível. 
08) Tomás de Aquino (1225-1274) considera a filosofia 
como conhecimento racional e tem como um dos 
seus principais temas filosóficos a adequação entre as 
coisas e o entendimento. 
16) O problema de maior relevância para a filosofia do século 
XIII é a querela dos universais, doutrina filosófica segundo 
a qual os realistas preponderam sobre os nominalistas. 
Desafio
06.19. (UEM – PR) – A patrística surge no séc. II d.C. e es-
tende-se por todo o período medieval conhecido como alta 
Idade Média. É considerada a filosofia dos Padres da Igreja. 
Entre seus objetivos encontramos a conversão dos pagãos, 
o combate às heresias e a consolidação da doutrina cristã.
Sobre a patrística, assinale o que for correto. 
01) A patrística deixa de ser predominante como doutri-
na do cristianismo quando, a partir do séc. IX, surge 
uma nova corrente filosófica denominada escolásti-
ca, que atinge o apogeu no séc XIII. 
02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo escre-
veu o livro Confissões, razão pela qual é considerado 
o primeiro filósofo cristão. 
04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo 
Agostinho, tomam ideias da filosofia clássica grega, 
particularmente de Platão, que são adaptadas às 
necessidades das verdades expressas pela teologia 
cristã. 
08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e razão 
caracteriza-se por um predomínio da fé sobre a ra-
zão; em Santo Agostinho, a razão é auxiliar da fé e a 
ela subordinada. 
16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averrois, aju-
dou Santo Agostinho a compreender os princípios da 
filosofia de Aristóteles, sem a qual Santo Agostinho 
não poderia construir seu próprio sistema filosófico.
Aula 06
19Filosofia 2
Gabarito
06.01. c
06.02. b
06.03. d
06.04. b
06.05. e
06.06. a
06.07. d
06.08. b
06.09. d
06.10. a
06.11. d
06.12. b
06.13. d
06.14. b
06.15. c
06.16. c
06.17. a
06.18. 14 (02 + 04 + 08)
06.19. 13 (01 + 04 + 08)
06.20. 21 (01 + 04 + 16)
06.20. (UEM – PR) – A Patrística foi a Filosofia Cristã dos 
primeiros séculos de nossa era. Consistia na elaboração dou-
trinal das crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa 
contra os ataques dos pagãos e contra as heresias. Dado o 
encontro entre a nova religião e o pensamento filosófico 
greco-romano, o grande tema da Filosofia Patrística foi o 
da possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé e razão. 
Santo Agostinho, expoente dessa filosofia, sobre a relação 
fé e razão, defendia a tese que se pode resumir nesta frase: 
“Credo ut intelligam” (Creio para entender). 
A esse respeito, assinale o que for correto. 
01) Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das 
Ideias à luz do cristianismo e formula a teoria da ilu-
minação segundo a qual o homem recebe de Deus 
o conhecimento das verdades eternas: à semelhança 
do sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar 
correto. 
02) De acordo com Santo Agostinho, a razão é superior 
e precede a fé; pois, se o homem, ser racional, for in-
capaz de entender os ensinamentos religiosos, não 
poderá acreditar neles. 
04) Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com a ra-
zão, esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela subor-
dinada. 
08) Para Santo Agostinho, fé e razão são inconciliáveis, 
pois os mistérios da fé são insondáveis e manifestam-
-se como uma loucura para a razão humana. 
16) A fé, para Santo Agostinho, não oprime a razão, mas, 
ao contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé manti-
nha fechados. A partir dos princípios da fé, a razão, por 
suas próprias forças, deduzirá consequências e tentará 
resolver os problemas que Deus deixou para nossas 
livres discussões.
20 Extensivo Terceirão
Filosofia
2
Filosofia e Idade Moderna
Aula 07
Estados se fortalecem, a 
Igreja racha
A passagem do século XV para o XVI foi marcado 
por mudanças que vinham sendo gestadas há tempos, 
tanto nas ideias quanto nas ações. Uma delas foi a 
Reforma Protestante. Martinho Lutero, religioso 
agostiniano e professor em Wittenberg, em 1517, fixou 
nas portas do castelo da cidadezinha um conjunto de 
teses contra a prática da venda de indulgências pelos 
católicos e iniciou uma revolução que mudou a Igreja 
para sempre. 
àquela pedrinha que rompe de vez o equilíbrio do 
morro e o faz desmoronar. “A gota-d’água”, como diz 
o ditado. O fato é que desde o século XIII a Igreja Cató-
lica e o papado vinham sendo questionados em seus 
desvios dos evangelhos e pelo fausto e poder de seus 
representantes. O papado tornara-se um cargo muito 
mais político do que religioso e o desejo expansionista 
de Roma lembrava muito mais um Estado militarizado 
do que uma instituição religiosa. Toda essa gula expan-
sionista da Igreja e a manutenção dos exércitos para 
tanto, exigia muitos recursos e várias foram as práticas 
pouco cristãs de arrecadação que foram usadas. “Im-
postos” eclesiásticos, passando pela venda de peças 
sagradas – com um exagero tal que se dizia, na época, 
que se juntassem todos os fragmentos “originais” da 
cruz de Cristo que eram vendidos na Europa, daria 
para construir um navio – até a venda da absolvição 
antecipada, chamada de indulgências.
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 Martinho Lutero (1483-1546)
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É certo, sabemos, que as coisas não acontecem 
assim, movidas por uma só ação, como uma mágica 
ou um milagre. A atitude de Lutero se assemelha mais 
Ao mesmo tempo, as mudanças econômicas – 
consequências da crise do século XIV – desafiavam as 
populações mais pobres e as impeliam, mais do que 
nunca, à busca da salvação em Deus. Mas o Deus dos 
cristãos andava ávido demais por boas ações e boas 
obras como condição de se alcançar a Graça, e a po-
breza da população em geral a condenava ao inferno

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