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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: CONTABILIDADE GERENCIAL AUTORIA: EDMAR LYRIO TEMPORIM Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Contabilidade Gerencial Autoria: Edmar Lyrio Temporim Segunda edição: 2012 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E, por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Caros alunos, meu nome é Edmar e acredito nesse momento como um encontro positivo onde prevalece o interesse e a difusão de conhecimentos. É através da disciplina de Contabilidade Gerencial que vamos interagir via ambiente virtual, procurando diminuir as distâncias em favor da construção de um aprendizado que seja dinâmico o suficiente para nos permitir romper barreiras e estabelecer o padrão de qualidade proposto pela ESAB e aprovado pelo MEC, sempre de posse dos melhores recursos acadêmicos/tecnológicos disponíveis. Costumo dizer que a Contabilidade Gerencial tornou-se adulta, mas ainda, não parou de crescer. Ela se notabiliza porque, em nome da "melhor informação contábil", busca elementos importantes nas mais variadas fontes sobre planejamento, controle e tomada de decisão. É, na verdade, uma coleção de técnicas tomadas emprestadas de outras disciplinas correlatas, o que reforça seu caráter integrativo e motiva a construção dos sistemas de informações contábeis, o quais constituem ferramentas imprescindíveis de auxílio ao empresário na tomada de decisão e criação de valor. Nosso estudo vai percorrer caminhos que permitam conhecer essencialmente os recursos técnicos, através dos quais a disciplina unifica seu conceito gerencial. Cada tema desenvolvido representa importância capital na formação de um sistema de informação que seja útil às mais variadas gestões. Ao bom observador será possível intuir paralelos entre a disciplina e o cotidiano empresarial, de forma a ter presente sua utilidade prática, principalmente àqueles que se dirigem em direção do mercado de trabalho. Esse conjunto de valores me faz otimista e é com esse espírito que pretendo acompanhá-los nessa jornada de conhecimentos sobre a disciplina de Contabilidade Gerencial. Bons Estudos! Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Objetivo O conteúdo desta disciplina foi desenvolvido com o objetivo de apresentar a Contabilidade Gerencial de maneira a atender aos seguintes aspectos: Definir a área de abrangência da Contabilidade Gerencial; Apresentar os conceitos fundamentais de cada tema constante da área de abrangência da disciplina; Apresentar temas que devem ser inseridos num sistema de informação contábil para torná-lo gerencial. Dessa forma, o objetivo é apresentar os fundamentos teóricos de Contabilidade Gerencial, tanto no campo acadêmico, quanto para a prática empresarial, evidenciando o conjunto mínimo de ferramentas para a efetivação da contabilidade gerencial dentro de uma empresa. Ementa Neste estudo há uma preocupação latente em priorizar a informação contábil útil à administração. Para tanto, a Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização, para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 Sobre o Autor Sou Edmar Lyrio Temporim Graduação em Ciências Econômicas; Especialização em Administração Bancária, com ênfase em Gestão Financeira; Especialização em Tecnologia de Gestão Pública e Responsabilidade Fiscal (ESAB); MBA em Finanças Corporativas - Executivo em Finanças - pelo IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 Sumário UNIDADE 1 ......................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 8 UNIDADE 2 ....................................................................................................................................... 10 A Contabilidade Gerencial como fator de criação de valor ............................................................. 10 UNIDADE 3 ....................................................................................................................................... 13 Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira ...................................................................... 13 UNIDADE 4 ....................................................................................................................................... 16 Características e Importância ......................................................................................................... 16 UNIDADE 5 ....................................................................................................................................... 24 Balanço Social: Características e Formalidades ............................................................................ 24 UNIDADE 6 ....................................................................................................................................... 29 ANÁLISE PATRIMONIAL ............................................................................................................... 29 UNIDADE 7 ....................................................................................................................................... 35 OBRIGATORIEDADE NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ..................................................... 35 UNIDADE 8 ....................................................................................................................................... 39 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO ............................................................ 39 UNIDADE 9 ....................................................................................................................................... 44 ANÁLISE DOS ÍNDICES FINANCEIROS ....................................................................................... 44 UNIDADE 10 ..................................................................................................................................... 55 ANÁLISE DE BALANÇO PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ................................................ 55 UNIDADE 11 .....................................................................................................................................65 PRINCIPAIS QUOCIENTES ESTÁTICOS ..................................................................................... 65 UNIDADE 12 ..................................................................................................................................... 69 RECURSOS GERENCIAIS PARA TOMADA DE DECISÕES ........................................................ 69 UNIDADE 13 ..................................................................................................................................... 72 OS ESTOQUES E OS INVESTIMENTOS ...................................................................................... 72 UNIDADE 14 ..................................................................................................................................... 76 TERMINOLOGIA UTILIZADA NA CONTABILIDADE DE CUSTOS ................................................ 76 UNIDADE 15 ..................................................................................................................................... 80 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 ELEMENTOS INDUSTRIAIS: CLASSIFICAÇÃO E FLUXO DE PRODUÇÃO ................................ 80 UNIDADE 16 ..................................................................................................................................... 83 CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS ..................................................................................................... 83 UNIDADE 17 ..................................................................................................................................... 88 O ESTOQUE E A MATÉRIA PRIMA NO PROCESSO INDUSTRIAL ............................................. 88 UNIDADE 18 ..................................................................................................................................... 92 MÃO DE OBRA-DIRETA................................................................................................................ 92 UNIDADE 19 ..................................................................................................................................... 97 SISTEMAS DE CUSTEAMENTO ................................................................................................... 97 UNIDADE 20 ................................................................................................................................... 103 CONCEITO DE MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ......................................................................... 103 UNIDADE 21 ................................................................................................................................... 110 SISTEMA RKW ............................................................................................................................ 110 UNIDADE 22 ................................................................................................................................... 113 PONTO DE EQUILÍBRIO ............................................................................................................. 113 UNIDADE 23 ................................................................................................................................... 118 CONCEITOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA ............................................................ 118 UNIDADE 24 ................................................................................................................................... 123 PRODUÇÃO POR ORDEM E PRODUÇÃO CONTÍNUA ............................................................. 123 UNIDADE 25 ................................................................................................................................... 129 PLANEJAMENTO – CONCEITOS FUNDAMENTAIS .................................................................. 129 UNIDADE 26 ................................................................................................................................... 132 PLANEJAMENTO, PLANO E TOMADA DE DECISÃO ................................................................ 132 UNIDADE 27 ................................................................................................................................... 134 ASPECTOS OPERACIONAIS DO PLANEJAMENTO .................................................................. 134 UNIDADE 28 ................................................................................................................................... 139 ORGANIZAÇÃO .......................................................................................................................... 139 UNIDADE 29 ................................................................................................................................... 142 PROCESSO DECISÓRIO ............................................................................................................ 142 UNIDADE 30 ................................................................................................................................... 146 GLOSSÁRIO ................................................................................................................................... 150 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 152 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 UNIDADE 1 Objetivo: Introduzir o módulo e o estudo da Contabilidade Gerencial “Viver é inapreensível; indecifrável é a vida. E, apesar disso, buscamos relatar acontecimentos. Embora inexplicável seja o existir. Ainda assim, atrevemo-nos a indagar; Sem chegar a saber as respostas. Na realidade(?) nem mesmo as perguntas.” (Renard Draner) INTRODUÇÃO A Contabilidade Gerencial destaca-se hoje como um dos segmentos da ciência contábil, talvez o primeiro, em que se verificam os esforços de pesquisa em todo mundo. Apesar disso, muitos acadêmicos, segundo McLean, aceitam o fato de que não existe uma teoria unificada para a Contabilidade Gerencial. Muitos chegam a entender que a Contabilidade Gerencial não passa de uma coleção de técnicas tomadas emprestadas de outras disciplinas correlatas. Apesar da utilização de temas de outras disciplinas, ela se caracteriza por ser uma área contábil autônoma, pelo tratamento dado à informação contábil, enfocando planejamento, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 controle e tomada de decisão, e por seu caráter integrativo dentro de um sistema de informação contábil. A identidade da disciplina é revelada pelo seu caráter integrativo. Enquanto em outros segmentos da ciência contábil os temas são tratados e analisados de forma isolada, na Contabilidade Gerencial todos os temas são tratados dentro de um conjunto único, sem prescindir da integração necessária à informação contábil. Muitos teóricos consideram que a Contabilidade Gerencial é essencialmente para tomada de decisão. Porém, além disso, devemos ter também uma estrutura de informações operacionais e repetitivas, que possibilitem auxílio permanente a todo ciclo administrativo de execução e controle. O ensino à distância tem como mérito estimular a disciplina do aluno, dando-lhe a liberdade de administrar seu tempo de estudo, segundo suas próprias necessidades. Por exemplo, se seu rendimento é melhor imprimindo o conteúdo, faça-o, em nome das facilidades que irá subtrair dessa decisão. Portanto, a partir dos recursos disponíveis, organize um “padrão bom” de aprendizagem e planeje utilizá-lo com o melhor grau de aproveitamento. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 UNIDADE 2 Objetivo: Introduzir um conceito novo, em que se faz destaque para a “informação que cria valor”. Trata-se do império da informação seletiva, direcionadapara o sucesso das organizações. A Contabilidade Gerencial como fator de criação de valor O atual foco das pesquisas sobre a missão das entidades empresariais está centrado no conceito de criação de valor, associando dentro do mesmo escopo o processo de informação gerado pela contabilidade para que as empresas possam cumprir adequadamente sua missão. ATKINSON, BANKER, KAPLAN E YOUNG iniciam seu trabalho mais recente com esse conceito, dizendo: “Contabilidade Gerencial – Informação que cria valor – Sistemas contábeis gerenciais efetivos podem criar valor considerável, pelo fornecimento de informações acuradas e oportunas sobre as atividades necessárias para o sucesso das organizações de hoje.” O atual estágio da Contabilidade Gerencial, que abarca todos os estágios evolutivos anteriores, centra-se no processo de criação de valor por meio do uso efetivo de recursos empresariais. Essa função-objetivo está declarada no Relatório Revisado de Março de 1998, emitido pelo Comitê de Contabilidade Financeira e Gerencial da Federação Internacional de Contadores (International Federation of Accountants – IFAC), sobre os conceitos de Contabilidade Gerencial. A seguir, os principais tópicos relacionados com o tema de geração ou criação de valor, partindo da apresentação dos estágios evolutivos da Contabilidade Gerencial, de acordo com o IFAC. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 Evolução e Mudança na Contabilidade Gerencial “O campo da atividade organizacional, abarcado pela Contabilidade Gerencial, foi desenvolvido através de quatro estágios reconhecíveis”: $ Estágio 1 – Antes de 1950, o foco era na determinação do custo e controle financeiro, através do uso das tecnologias de orçamento e contabilidade de custos; $ Estágio 2 – Por volta de 1965, o foco foi mudado para o fornecimento de informação para o controle e planejamento gerencial, através do uso de tecnologias tais como análise de decisão e contabilidade por responsabilidade; $ Estágio 3 – Por volta de 1985, a atenção foi focada na redução do desperdício de recursos usados nos processos de negócios, através do uso das tecnologias de análise e administração estratégica de custos; $ Estágio 4 – Por volta de 1995, a atenção foi mudada para a geração ou criação de valor através do uso efetivo de recursos, através do uso de tecnologias tais como o exame dos direcionadores de valor ao cliente, valor para o acionista, e inovação organizacional.” “Cada estágio da evolução representa adaptação para um novo conjunto de condições que as organizações enfrentam, pela absorção, reforma, e adição aos focos e tecnologias utilizadas anteriormente. Cada estágio é uma combinação do velho e do novo, com o velho sendo reformado para ajustar-se com o novo em combinação a um novo conjunto de condições para o ambiente gerencial. A Contabilidade Gerencial atual refere-se ao produto do processo de evolução cobrindo os quatro estágios” (IFAC, parágrafos 9 e 15). “Nos estágios 3 e 4, ela (a Contabilidade Gerencial) é vista como uma parte integral do processo de gestão, com informações sendo disponibilizadas em tempo real diretamente para a administração, e com a distinção entre administração de apoio e linha sendo progressivamente embaçada. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 “Nos estágios 3 e 4, a informação é vista como um recurso organizacional, juntamente com outros recursos organizacionais; o foco, agora, contudo, é na redução das perdas e desperdícios desses recursos (tanto em termos reais como financeiros) e em conservar ou alavancar seu uso na geração ou criação de valor” (IFAC, parágrafo 17). A função-objetivo da Contabilidade Gerencial de criação de valor para os acionistas é um conceito objetivo, pois pode ser mensurado economicamente. A criação de valor para o acionista centra-se na geração de lucro empresarial, que, por sua vez, é transferido para os proprietários da entidade, aos denominados acionistas. Exemplificando: a partir de um investimento em ativos, tais como estoques, máquinas, terrenos e mão de obra; o dinheiro aplicado em ativos deve ser contrabalançado por uma quantia idêntica gerada por algum financiamento. Quando começar a vender, a empresa irá gerar dinheiro. Essa é a base de criação de valor, que constitui a finalidade empresarial, e está representado no balanço patrimonial. Assim, o conceito de criação (ou adição) de valor na Contabilidade Gerencial, como em finanças, está ligado ao processo de geração de lucro para os acionistas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 UNIDADE 3 Objetivo: A Contabilidade Gerencial se sustenta na Ciência Contábil e na Administração Financeira, porém, devemos destacar o “uso da informação” nas diferentes situações. Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira Os métodos da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Gerencial foram desenvolvidos para diferentes propósitos e para diferentes usuários das informações financeiras. Há, contudo, numerosas similaridades e áreas de sobreposição entre os métodos da Contabilidade Financeira e a Gerencial. A Contabilidade Gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para os administradores – isto é, aqueles que estão dentro da organização e são responsáveis pela direção e controle de suas operações. A Contabilidade Gerencial pode ser contrastada com a Contabilidade Financeira, que é relacionada com o fornecimento de informações para os acionistas, credores e outros que estão fora da organização. Quadro Comparativo Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Usuários dos relatórios Externos e internos Internos Objetivo dos relatórios Facilitar a análise financeira para as necessidades dos usuários externos Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados, Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado (se cia aberta) Orçamento, contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatório de custo, relatórios especiais não rotineiros para tomada de decisão. Frequência dos relatórios Anual, trimestral e ocasionalmente mensal. Quando necessário à administração Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passado) Históricos e esperados (previstos) Bases de mensuração usadas para quantificar os dados Moeda corrente Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira – moeda forte, medidas físicas, índices etc.) Restrições nas informações fornecidas Princípios Contábeis Geralmente Aceitos Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração. Arcabouço teórico e técnico Ciência Contábil Utilização pesada de outras disciplinas, como economia, finanças, estatística, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 pesquisa operacional e comportamento organizacional. Características da informação fornecida Deve ser objetiva (sem viés), verificável, relevante e a tempo. Deve ser relevante a tempo, podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabilidade e menos precisão. Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientada para o futuro para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 UNIDADE 4 Objetivo: Abordar pontos acerca dos conceitos e utilizaçãoda Contabilidade Gerencial, principalmente no tocante à sua visibilidade e independência em relação às outras disciplinas que sustentam o gerenciamento da informação contábil. Características e Importância Segundo Sérgio de Iudícibus “a Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório”. Anthony (1970), um dos precursores da Contabilidade Gerencial, estabeleceu algumas características, como: tem múltiplos objetivos; não é governada pelos princípios geralmente aceitos; é opcional; focaliza segmentos, assim como o "todo do negócio"; dá menos ênfase à precisão; é parte de outros processos e não um fim em si mesmo. A Contabilidade Gerencial, como ramo do saber, é de fundamental importância na vida econômica atual, principalmente nas complexas economias modernas. Em sentido geral, a Contabilidade Gerencial trata da coleta, apresentação e interpretação dos fatos econômicos. E, como sabemos que os recursos são escassos, ela se ocupa de utilizá-los de forma racional através de um adequado controle dos insumos, com base num confiável sistema de informação gerencial. Assim, a Contabilidade Gerencial se utiliza de ferramentas de várias áreas, mas principalmente da Administração, Economia e da própria Contabilidade, como a parte de custos, geral e análise contábil. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Caráter de Integração da disciplina A Contabilidade Gerencial não existe dentro de uma entidade da mesma maneira que existe a Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Administração Financeira. Em todas as entidades as aplicações dessas disciplinas são visíveis e, dependendo do porte da empresa, existem departamentos distintos que são responsáveis por sua execução. Não é demais lembrar que, no âmbito didático, essas disciplinas são ensinadas isoladamente. Em função disso, é comum, e até esperado, que o aprendizado dos temas de cada disciplina seja feito de forma não integrada. Isso quer dizer que, quando o aluno está aprendendo as técnicas de formação de custo do produto, ele e o professor estão preocupados exclusivamente com isso. Não há preocupação de integração com as demais áreas contábeis, e isso se repete com outras técnicas. Não podemos deixar de anotar que essas disciplinas enfocam as condições para o uso de suas técnicas no processo administrativo. Acontece que elas não podem enfocar o uso integrado com outras disciplinas, porque não há possibilidades didáticas para isso. Esse papel cabe à disciplina de Contabilidade Gerencial. Contabilidade Gerencial como instrumento de administração A Contabilidade Gerencial existe ou existirá se houver uma ação que faça com que ela exista. Uma entidade tem Contabilidade Gerencial se houver dentro dela pessoas que consigam traduzir os conceitos contábeis em atuação prática. Contabilidade Gerencial significa gerenciamento da informação contábil. Gerenciamento é uma ação, um fazer e não um existir. Contabilidade Gerencial significa o uso da contabilidade como instrumento da administração. Se temos a Contabilidade, se temos a informação contábil, mas não a usamos no processo administrativo, no processo gerencial, então não existe gerenciamento contábil, não existe Contabilidade Gerencial. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 Dessa forma, fica claro que a Contabilidade Gerencial deve utilizar-se das técnicas já desenvolvidas por outras disciplinas, até porque nelas o estudo específico é mais aprofundado. Pode parecer absurdo, mas o fato é que até algumas poucas décadas atrás, principalmente no meio acadêmico brasileiro, era comum encontrarmos resistência quanto à possibilidade de a Contabilidade Gerencial interferir positivamente na geração de resultados das empresas. Talvez pela sua “autonomia” em trabalhar recursos técnicos de outras áreas e se fazer presente através do uso da informação contábil como ferramenta para administração. Diante dos fatos, e para que nosso estudo seja compreendido desde sua base original, exercite seu posicionamento pessoal. Faça-o respondendo às perguntas abaixo; sempre imaginando que essa compreensão inicial, sem as amarras técnicas de uma ciência exata, será de fundamental importância para a absorção do conteúdo que veremos ao longo do curso. 1) Você concorda com o grau de “autonomia” conferida à disciplina de Contabilidade Gerencial? Por quê? 2) A Contabilidade Gerencial existe ou só existirá mediante a “provocação” de uma gestão que prime pelo gerenciamento da informação contábil? 3) Qual sua opinião sobre a afirmação de que a Contabilidade Gerencial “não é governada pelos princípios geralmente aceitos”? 4) Manifeste seu pensamento sobre a afirmação: “Contabilidade Gerencial – informação que cria valor”. Obs.: os alunos não estão obrigados a se posicionar (apresentar as respostas) diante das atividades propostas dentro do conteúdo. O objetivo é fixar os conceitos apresentados e, diante da dúvida, pode postá-la na “dúvidas ao tutor” e faremos as correções necessárias. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 A dúvida é fonte de aprendizado. Ela motiva o aluno a buscar outros conteúdos. Existem recursos de toda ordem: nos livros, nas bibliotecas online, etc. Nossa missão é “facilitar” a absorção do conteúdo proposto, inclusive sanando as eventuais dúvidas existentes ao longo do curso. A propósito das dúvidas, também vale a pena consultar os registros já formulados por outros alunos (perguntas e respostas – elas ajudam a fixar os conhecimentos e contribuem para a solução das provas). Para melhor ilustrar a importância das perguntas e respostas, incluímos abaixo uma dúvida respondida, a qual encontra paralelo nas unidades já abordadas: Características da Contabilidade Gerencial (PERGUNTA) Prezado Tutor: O material didático traz citação de Anthony (1970) que diz que "a Contabilidade Gerencial não é governada pelos princípios geralmente aceitos". O que exatamente isto quer dizer já que os princípios são os pilares da Contabilidade e a Gerencial um extrato da Geral. Agradeço a atenção. (28/06/2008) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 Interação (opinião de outro aluno) Adilson Segundo CREPALDI (1998, pág. 18), " a contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais." A contabilidade gerencial é desregulamentada, ou seja, ela não é dirigida por regras e princípios fundamentais da contabilidade ou por autoridades governamentais. Todas as informações levantadas pela contabilidade gerencial são determinadas pela administração, para satisfazer as necessidades estratégicas e operacionais da empresa. Segundo ATKINSON (2000, pág. 36), "a contabilidade gerencial é o processo de produzir informação operacional e financeira para funcionários e administradores." Adilson, baseado no que diz CREPALDI e ATKINSON, podemos considerar que a contabilidade gerencial surgiu para auxiliar os administradores nas tomadas de decisões e todas as informações geradas pela contabilidade gerencial são voltadas exclusivamente para funcionários, administradores e executivos das empresas. Como todas as informações geradas pela contabilidade gerencial são para as tomadas de decisões dos administradores, ela não precisa cumprir normas e princípios da contabilidade. Espero ter colaborado com você e ajudado a esclarecer sua dúvida.Jailson 28/06/2008 Características da Contabilidade Gerencial (resposta do professor) Adilson, Primeiramente cumpre-nos agradecer a valiosa contribuição do colega Jailson. Resta-nos trazer informações que acrescentam e ensinam sobre o pensamento vigente acerca do Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 conceito de Contabilidade Gerencial: Segundo Sérgio de Iudícibus, "a Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes em seu processo decisório." Robert N. Antony, considerado por muitos como um dos precursores da disciplina de Contabilidade Gerencial, é bastante sintético em sua caracterização da disciplina: "A Contabilidade Gerencial, preocupa-se com a informação contábil útil à administração". Segundo a Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos, através de seu relatório nº 1A, "Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos." O ponto fundamental da Contabilidade Gerencial é o uso da informação contábil como ferramenta para a administração, utilizando temas de outras disciplinas das áreas de Ciências Contábeis ou Administração Financeira. Portanto, a afirmação de que a disciplina não é governada pelos princípios geralmente aceitos não diminui o brilhante papel de integração multidisciplinar realizado pela Contabilidade Gerencial em nome de uma melhor gestão empresarial. Sds,Edmar (jun/08) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 (mais uma interação do aluno que construiu a pergunta) Não tenho dúvida quanto à conceituação da Contabilidade Gerencial e ferramenta auxiliar no processo de análise e tomada de decisão. O ponto que quero chegar é em que momento a Contabilidade Gerencial se distancia dos "princípios geralmente aceitos". Há um conflito entre pressupostos da Gerencial com os "princípios"? Seriam "os princípios" obstáculos para a Gerencial? É este aprofundamento que quero fazer e, no meu entender, o objetivo de um curso de MBA/pós é ir mais a fundo nos temas que já foram objeto de estudo nas etapas preliminares de nossa vida acadêmica. Agradeço as contribuições anteriores e as futuras serão bem-vindas. Um ótimo dia a todos!!! Características da Contabilidade Gerencial (outra interação do professor) Adilson, A afirmação é a seguinte: "A contabilidade Gerencial não é governada pelos princípios geralmente aceitos". Quem tem a primazia de ser governada pelos princípios geralmente aceitos é a base científica da contabilidade, ou seja, a contabilidade geral na tarefa sistemática de registrar informações, produzir relatórios (balanço, demonstrativo de resultados, etc). Aí repousam como extensão da contabilidade todas as escriturações, a contabilidade de custos, etc... A Contabilidade Gerencial utiliza dessas informações e de muitas outras; não necessariamente, e apenas, afetas a área contábil (financeira, por exemplo), com o objetivo de voltar-se para a informação que possa ser útil à administração, isto é, internamente. Nos EUA, país que primeiro procurou compilar os princípios contábeis, os princípios foram Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 vistos durante um certo tempo como as premissas para um Sistema de Certificação e Avaliação. Posteriormente foi o conjunto de fatores que separaria a contabilidade americana em duas vertentes: contabilidade financeira (na qual deveriam ser observados os princípios contábeis) e contabilidade gerencial (ramo em que os princípios poderiam não ser seguidos e que por isso poderia ser melhor traduzida também como administração contábil). No Brasil, desde que a Lei 6.404/76 incluiu os princípios como matéria legislativa a ser observada pelos agentes do mercado de capitais, eles são objeto de regulamentação dos órgãos reguladores oficiais. Ou seja, longe de uma informação gerencial interna, trata-se de informação baseada em princípios com lastro científico e, acima de tudo, voltada também para interesses externos (fisco, acionistas, CVM etc). Sds,Edmar(jul/08). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 UNIDADE 5 Objetivo: Apresentar de forma didática e objetiva o Balanço Social aos nossos alunos, por tratar-se de recurso contemporâneo indispensável para demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. Balanço Social: Características e Formalidades A partir de 01.01.2006 a Resolução CFC 1003/2004 aprovou a NBC T 15 - Informações de Natureza Social e Ambiental, tratando especificamente dos procedimentos para apresentação de informações de natureza social e ambiental, com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade social da entidade. As Normas Contábeis são de utilização obrigatória pelas empresas e profissionais, independentemente do porte empresarial. Balanço Social é um conjunto de informações demonstrando atividades de uma entidade privada com a sociedade que a ela está diretamente relacionada, com objetivo de divulgar sua gestão econômico-social, e sobre o seu relacionamento com a comunidade, apresentando o resultado de sua responsabilidade social. Entende-se por informações de natureza social e ambiental: A geração e a distribuição de riqueza; Os recursos humanos; A interação da entidade com o ambiente externo; A interação com o meio ambiente. A primeira tarefa do profissional de contabilidade e finanças para uma adequada formação de dados para o balanço social é ajustar o plano de contas da entidade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 Quanto mais cedo o fizer, mais facilitada será sua tarefa, já que o incremento de informações exigidas nem sempre será suprido pelos relatórios internos ou estatísticos das entidades. Perguntas e Respostas. 1-Quem tem que elaborar o Balanço Social? (Tipo de empresa, porte, etc.) Resposta: Todas as entidades, independente de porte, que querem demonstrar à sociedade a sua responsabilidade social, devem divulgar Informações de Natureza Social e Ambiental. 2. As empresas obrigadas a apresentar são somente aquelas que têm alguma atividade com o social e meio ambiente ou todas independente de ter ou não algum projeto ou ação sócio- ambiental? Resposta: Nenhuma empresa/entidade está obrigada a elaborar ou divulgar Informações de Natureza Social ou Ambiental. Aquela que optar por sua apresentação, deve adotar as regras estabelecidas pela NBC T 15. Não compete ao Conselho Federal de Contabilidade obrigar as empresas a elaborarem Demonstrações, mas somente discipliná-las. De acordo com o item 1.5.1.3., da Resolução CFC nº 1.003/04: "A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída, quando elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com os procedimentos determinados por esta norma". 3. A Resolução menciona entidades, isso tem gerado grande dúvida com relação a quem deve fazer o balanço. O termo entidade na resolução engloba todas as empresas da iniciativa privada e as entidades sem fins lucrativos? Resposta: Sim. O Termo entidade foi utilizado no sentido amplo, englobando todasas unidades com ou sem fins lucrativos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 4. Empresas do segmento de prestação de serviços, terceirizações, comércio, que trabalham com lucro real e/ou lucro presumido, devem apresentar o balanço? Resposta: Conforme resposta ao item 2, não há obrigatoriedade; no entanto, as empresas que optarem por sua apresentação devem adotar as regras estabelecidas pela NBC T 15. 5. Qual o ano que é obrigado a transcrever no Livro Diário as Demonstrações? Resposta: De acordo com o item 1.5.1.5 da NBC T 15 "a Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental deve ser apresentada, para efeito de comparação, com as informações do exercício atual e do exercício anterior". 6. As empresas, independente do porte ou constituição, deverão publicar o Balanço Social em jornal ou revista? Resposta: As empresas poderão divulgar o Balanço Social no veículo habitualmente adotado para a publicação das demais demonstrações contábeis. 7. Quais as outras formas aceitáveis de divulgação do Balanço Social? Resposta: Não existe outra forma, a não ser aquela a que se refere à NBC T 15. A entidade pode, no entanto, divulgar outras informações adicionais que entender relevantes, conforme o item 1.5.1.3 da NBC T 15: "além das informações contidas no item 1.5.2, a entidade pode acrescentar ou detalhar outras que julgar relevantes". O CFC, por meio dos Conselhos Regionais, exercerá fiscalização sobre as divulgações? E também sobre o Contabilista e/ou Auditores envolvidos nos trabalhos? Resposta: Sim, de acordo com processo de fiscalização das demais demonstrações contábeis. Inclui também os profissionais envolvidos no trabalho, em função da própria demonstração. 9. Como se dará a fiscalização? Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 Resposta: De acordo com os procedimentos fiscalizatórios adotados pelos Conselhos Regionais de Contabilidade que têm por obrigação legal fiscalizar o exercício profissional. As Informações de Natureza Social e Ambiental, quando elaboradas devem ser assinadas por Contabilista e auditadas por Auditor Independente? Respostas: As Informações de Natureza Social e Ambiental, quando elaboradas devem ser assinadas por Contabilista e auditadas por Auditor Independente, "A Demonstração de Informações de natureza Social e Ambiental deve ser objeto de revisão por auditor independente, a ser publicada como relatório deste, quando a entidade for submetida a esse procedimento". Conselho Federal de Contabilidade, Resolução CFC 1003/2004 www.cfc.org.br Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 Contabilidade Ambiental: Há uma consciência quase universal de que os recursos naturais são limitados, e não podem mais ser desperdiçados, sob pena de comprometimento do equilíbrio ecológico de nosso planeta. Diante dessa constatação vamos refletir sobre este tema: 1 – Em que consiste a Contabilidade Ambiental e qual seu objetivo precípuo? 2 – No mundo contemporâneo, qual o papel do profissional contábil na orientação às empresas sobre as atitudes responsáveis diante da realidade ambiental? 3 – Levantemos algumas vantagens da utilização da Contabilidade Ambiental, principalmente considerando que a utilização racional dos recursos ambientais constitui fator de geração de riqueza econômica. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 UNIDADE 6 Objetivo: Apresentar as características fundamentais do balanço patrimonial e seus registros, segundo o grau de liquidez do ativo e a exigibilidade do passivo. ANÁLISE PATRIMONIAL A base patrimonial de uma organização empresarial é constituída de bens direitos e obrigações. Para fazermos uma análise patrimonial de uma organização, inicialmente, precisamos ter uma contabilidade confiável e dispor de seus principais demonstrativos. Neste caso, estamos nos referindo aos dois principais demonstrativos: Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Resultados. Balanço Patrimonial Ativo: O primeiro e mais importante demonstrativo é o Balanço Patrimonial. Ele representa uma fotografia da empresa num dado momento e seus elementos são as contas, cuja nomenclatura tem variação de acordo com o tipo de atividade desenvolvida. Os bens e direitos são os elementos positivos ou ativos e as obrigações, os negativos ou passivos. O Ativo é constituído por dois grandes grupos de contas: o Circulante e o Não Circulante (MP 449/08). As contas do ativo são agrupadas de acordo com a sua rapidez de conversão em dinheiro, ou seja, de acordo com o seu grau de liquidez. Assim, agrupamos em primeiro lugar as contas que já são dinheiro (na ordem decrescente de liquidez – do maior para o menor), a seguir aquelas que se converterão em dinheiro rapidamente (títulos a receber, estoques, etc.). A este grupo de contas denominamos de circulante. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 Em segundo lugar, serão agrupadas as contas que serão transformadas em dinheiro mais lentamente. São ativos de menor grau de liquidez. A este grupo denominamos de ativo não circulante. O Ativo Não Circulante será composto dos seguintes subgrupos: Ativo Realizável a Longo Prazo; Investimentos; Imobilizado; Intangível. De uma forma geral, são classificáveis no Realizável a Longo Prazo contas da mesma natureza das do Ativo Circulante, que, todavia, tenham sua realização certa ou provável após o término do exercício seguinte, o que, normalmente, significa realização num prazo superior a um ano a partir do próprio balanço. No subgrupo Investimentos do Ativo Não Circulante devem ser classificadas as participações societárias permanentes, assim entendidas as importâncias aplicadas na aquisição de ações e outros títulos de participação societária, com a intenção de mantê-las em caráter permanente, seja para se obter o controle societário, seja por interesses econômicos, entre eles, como fonte permanente de renda. O Ativo Imobilizado é formado pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das atividades da empresa, caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas, etc.). O imobilizado abrange, também, os custos das benfeitorias realizadas em bens locados ou arrendados. Os ativos intangíveis compreendem o leque de bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Trata-se de um desmembramento do ativo imobilizado, que, a partir da vigência da Lei 11.638/2007, ou seja, a partir de 01.01.2008, passa a contar apenas com bens corpóreos de uso permanente. Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio adquirido. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 Passivo: No Passivo, as contas são dispostas pelo grau decrescente de exigibilidade, isto é, das obrigações mais exigíveis para as menos exigíveis. Subdivide-se em três grupos: Circulante; Não Circulante e o Patrimônio Líquido. No Circulante são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulante, quando se vencerem no exercício seguinte. No caso de o ciclo operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo. No Passivo Não Circulante são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não-circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. No caso de o ciclo operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social, a concepção terá por base o prazo desse ciclo,facilmente encontradas em empresas de construção civil. Na verdade, são lucros que só constarão do Resultado mais à frente. O Patrimônio Líquido ou Capital Próprio representa a diferença entre o valor dos ativos e dos passivos. É constituído por Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. As Reservas são as parcelas do patrimônio líquido que excedem o valor do capital social integralizado e se subdividem em Reservas de Lucros, de Capital e de Reavaliação (A Lei 11.638/2007 substitui a “Reserva de Reavaliação” pela conta “Ajustes de Avaliação Patrimonial”). As de Lucros são obtidas pela apropriação de lucros da companhia, por exigência legal, estatutária ou outras razões (contingências). As de Capital são contribuições oriundas de proprietários ou de terceiros, que nada têm a ver com receitas ou ganhos. Os Lucros Acumulados ficam em destaque legalmente, mas enquanto não distribuídos podem ser considerados reservas de lucros. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 As Contas Retificadoras ou Redutoras do Patrimônio Líquido, como o próprio nome diz, reduzem o Patrimônio Líquido (PL). Por exemplo: o capital social a realizar; ações em tesouraria (são ações emitidas pela empresa e por ela readquiridas, etc.). A seguir, uma demonstração do Balanço Patrimonial: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO - Ativo Circulante - Passivo Circulante - Ativo Não Circulante - Passivo Não Circulante - Realizável a Longo Prazo - Investimentos - Patrimônio Líquido - Imobilizado - Capital Social - Intangível - Reservas - Prejuízos Acumulados - Contas Retificadoras TOTAL X TOTAL X Nas organizações ocorrem, diariamente, inúmeros fatos contábeis e esses provocam alterações no Balanço da empresa. Essas alterações são registradas mantendo-se o princípio da Igualdade Contábil. Para verificarmos isto, vamos supor o seguinte Balanço Patrimonial: ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa........................$ 2.000 Dívidas de Curto Prazo........$ 1.200 Automóvel...............$ 3.200 Impostos a Pagar..................$ 150 Móveis....................$ 1.500 Dívidas de Longo Prazo.......$ 6.000 Imóveis....................$ 30.000 Patrimônio Líquido...............$ 29.350 TOTAL $ 36.700 TOTAL $ 36.700 1º Caso: aquisição de outro automóvel à vista, no valor de $ 1.000; nesse caso, o dinheiro sai do Caixa, ficando a mesmo com $ 1.000, e vai para a Conta automóvel, que fica com $ 4.200, ou seja, o ativo não se alterou. Esse fato é chamado de permutativo. 2º Caso: aquisição de equipamentos a prazo no valor de $ 500, nesse caso teremos aumento do Ativo, com a Conta equipamentos $ 500, mas também do Passivo, com o Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 aparecimento de uma obrigação como duplicatas a pagar $ 500. Essa alteração é compensativa, pois altera o Ativo e o Passivo, mas não altera o Patrimônio Líquido. 3º Caso: pagamento de multas no valor de $ 50. Esse fato reduz o caixa, assim como o Patrimônio Líquido, pois é considerado uma despesa. Logo, é uma alteração modificativa diminutiva. 4º Caso: recebimento de aluguel de imóvel no valor de $ 200. É considerada uma receita de $ 200 que aumentará o caixa, assim como o Patrimônio Líquido no valor de $ 200. Esse fato é uma alteração modificativa aumentativa. 5º Caso: venda de um imóvel que custou $ 10.000 por $ 15.000. Nesse caso temos uma receita de $ 15.000 e uma despesa de $ 10.000, que corresponde ao custo da mercadoria. Nesse caso, o Patrimônio Líquido sofreu uma variação positiva de $ 5.000. - Receita de vendas $ 15.000 - Custo da mercadoria vendida $(10.000) ________ $ 5.000 Esse fato é chamado misto, pois combina as alterações anteriores. Na prática, são os mais comuns e podem ser aumentativos (receitas) ou diminutivos (despesas), conforme o Patrimônio Líquido aumente ou diminua. Com isso verificamos um pouco do mecanismo dos fatos contábeis. A partir deles, teremos uma visão do que está ocorrendo nas empresas, principalmente no Patrimônio Líquido. Fazendo-se uma análise parcial do Balanço, a partir de seus grupos Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido é possível saber, superficialmente, a situação da empresa, apenas através do seu Patrimônio Líquido: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 Uma empresa ao apresentar seu Patrimônio Líquido, e se viermos a chamá-lo de PL positivo ou maior que zero, demonstra ter um Ativo (bens e direitos) maior que o Passivo (obrigações), logo, revela a existência de riqueza própria. Uma situação de "Passivo a Descoberto" revela que as obrigações foram maiores que o Ativo, ou seja, o Patrimônio Líquido está negativo e a empresa se encontra em má situação. Uma empresa que apresenta seu Ativo igual ao Passivo Exigível encontra-se numa situação nula ou de equilíbrio aparente, revelando que a mesma possui bens a sua disposição, mas os deve pagar totalmente ou situação de inexistência de riqueza (PL = 0). Existem outras situações, como: a plena, na qual a empresa não apresenta obrigações; e a de inexistência de ativos; entretanto, ambas são raras. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 UNIDADE 7 Objetivos: Destacar o enfoque da Lei 11.638/2007 no que diz respeito à obrigatoriedade de publicação das demonstrações contábeis. OBRIGATORIEDADE NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Segundo o Art. 176 da Lei Societária, ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I. Balanço Patrimonial (BP); II. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); III. Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE); IV. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) V. Se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Ao listar as demonstrações contábeis obrigadas por Lei, importante destacar que a Lei 11.638 de 31 de dezembro de 2007 traz como novidade a obrigatoriedade sobre a elaboração das seguintes demonstrações: Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e Demonstração do Valor Adicionado (DVA). EMPRESAS DE GRANDE PORTE - EXERCÍCIOS ENCERRADOS A PARTIR DE 01.01.08 O Art. 3º da Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, determina que se aplique às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Isto sobre escrituração, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 elaboração de demonstrações financeiras e obrigatoriedade de auditoria independente, por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários. Para os efeitos desta determinação, considera-se de grande porte, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). Desta forma, as demonstrações financeiras das sociedades limitadas de grande porte devem, doravante, obedecer aos ditames da Lei 6.404/1976, dos exercícios sociais encerrados a partir de 2008. Atenção: As bancas examinadoras de concursos públicos têm cobrado algumas mudanças abordadas pela Lei 11.638/07 e suas derivações. A sua vigência é válida e a inobservância desses pontos pode incorrer na perda de pontos valiosos para os menos atentos. Informação & Tecnologia Nota fiscal eletrônica e a gestão contábil Uma verdadeira revolução ocorre nos procedimentos das empresase seu relacionamento com o fisco: a implantação da nota fiscal eletrônica, que substitui a Nota Fiscal modelo 1 ou 1-A, pelos contribuintes do IPI e/ou ICMS. Várias prefeituras também já estão utilizando a versão eletrônica para os contribuintes do ISS. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 E o que isso tem a ver com a contabilidade? Tudo. Pois as facilidades previstas pelo novo sistema podem agilizar os procedimentos contábeis, principalmente no tocante aos registros pertinentes e na economia de tempo com arquivamentos e localização de documentos. Os principais benefícios da utilização da NF-e para as empresas serão: Redução de custos de impressão; Redução de custos de aquisição de papel; Redução de custos de envio do documento fiscal Redução de custos de armazenagem de documentos fiscais; Simplificação de obrigações acessórias, como dispensa de AIDF; Redução de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais de Fronteira; Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com clientes (B2B). Mas além destes benefícios, as empresas adquirentes de mercadorias terão facilidades pela: Eliminação de digitação de notas fiscais na recepção de mercadorias; Planejamento de logística de entrega pela recepção antecipada da informação da NF e; Redução de erros de escrituração devido a erros de digitação de notas fiscais; Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com fornecedores (B2B). Ou seja, o grande ganho será decorrente da integração do sistema NF-e com o sistema contábil e fiscal das empresas, facilitando em muito o trabalho dos contabilistas. Obviamente, tais vantagens são potenciais, ou seja, o gestor contábil precisará planejar e adequar tais situações, prevendo mudanças de rotinas e procedimentos, para que os ganhos de produtividade ocorram na escala desejada. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 Veja também outros artigos relacionados a este assunto: *Ajuste SINIEF 72005: http://www.portaltributario.com.br/legislacao/convenios/ajustesinief7_2005.htm Como funciona a Nota Fiscal Eletrônica: http://www.portaltributario.com.br/guia/notafiscaleletronica.htm SPED Contábil: http://www.portaldecontabilidade.com.br/noticias/sped.htm= Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 UNIDADE 8 Objetivo: Destacar a dinâmica do demonstrativo em revelar o lucro ou prejuízo da empresa. Seu estudo é oportuno e cumpre demonstrar os componentes que permitiram alcançar o resultado. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO A demonstração do resultado do exercício, conforme o próprio nome sugere, demonstra o resultado obtido pela empresa no período, isto é, o lucro ou prejuízo. É importante notar que, enquanto o Balanço Patrimonial representa a posição da empresa em determinado momento, a Demonstração do Resultado acumula as receitas, os custos e as despesas relativas a um período de tempo, mostrando o resultado e possibilitando conhecermos seus componentes principais. O resultado de uma empresa para um exercício pode ser definido por: "A diferença entre as Receitas auferidas durante o exercício e as Despesas incorridas, que contribuíram para a formação de tais Receitas, ao longo do mesmo exercício." A seguir, temos um Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), correspondente aos utilizados nas práticas atuais. Segundo a Escola Americana, os resultados são organizados em uma única coluna, com diversos saldos parciais destacados, segundo o interesse gerencial. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS RECEITA BRUTA DE PRODUTOS E SERVIÇOS $ XX (-) Impostos faturados (XX) (-) Abatimentos e Devoluções (XX) = RECEITA LÍQUIDA DE PRODUTOS E SERVIÇOS XX (-) Custo Produtos e Serviços Vendidos (XX) = LUCRO BRUTO XX (-) Despesas operacionais (XX) (-) Depreciações e Amortizações (XX) = LUCRO DA ATIVIDADE XX (+/-) Resultado Financeiro XX (-) Despesa com Contas Incobráveis (XX) = LUCRO OPERACIONAL XX (+) Receitas Não Operacionais XX (-) Despesas Não Operacionais (XX) = LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (LAIR) XX (-) Compensação de Prejuízos Acumulados (XX) (-) Provisão para Imposto de Renda (XX) = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO XX (-) Participações Estatutárias (XX) (-) Reserva Legal (XX) = LUCRO DO EXERCÍCIO (À DISPOSIÇÃO DOS ACIONISTAS) XX (-) Provisão para Dividendos (XX) = RESULTADO APÓS DISTRIBUIÇÃO (LUCROS RETIDOS) XX Tratando-se de uma empresa comercial, temos que a Receita Bruta consiste no conjunto de vendas à vista e a prazo, durante o exercício; para formar a RECEITA LÍQUIDA, os descontos e as devoluções são abatidos da receita, assim como os impostos incidentes sobre a mercadoria (ICMS, ISS, IPI) e diversos outros, de acordo com a atividade econômica. O Lucro Bruto é a diferença entre a Receita e o Custo das mercadorias vendidas. O LUCRO DA ATIVIDADE passou a ser indicado com maior frequência a partir de 1996, abatendo-se do lucro bruto o custo operacional da loja. Neste caso, são incluídos os salários dos vendedores, impostos sobre a folha de pagamento, benefícios sociais diversos, aluguel, contas de luz, telefone, condomínio, imposto predial, material de embalagem, despesas com propaganda e marketing, etc. Se o Lucro da Atividade não for indicado, o mais importante será o Lucro Operacional. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 O LUCRO OPERACIONAL é obtido através das receitas e despesas financeiras, perdas com o não recebimento de vendas feitas a prazo, etc. O LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (LAIR) é obtido a partir de itens não operacionais, ou seja, não ligados ao objeto da empresa, como exemplo: venda de itens obsoletos, aluguel de espaços ociosos, etc. O RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO é obtido do LAIR após deduzir o Imposto de Renda. A compensação de prejuízos que a empresa tenha tido em passado recente leva ao Imposto de Renda se calculado sobre um lucro menor. A Provisão para imposto de renda é uma estimativa que as empresas fazem do imposto incidente sobre os lucros do período. Trata-se de uma estimativa, já que seu valor exato só é determinado no decorrer do ano seguinte, com o preenchimento de formulários específicos da Receita Federal. O LUCRO DO EXERCÍCIO à disposição dos acionistas é obtido deduzindo-se as Participações Estatutárias, a Reserva Legal e outras Reservas. As Estatutárias são as participações de empregados, diretores estabelecidos no estatuto da empresa. A Reserva Legal retém 5 % do lucro. O RESULTADO APÓS A DISTRIBUIÇÃO indica o aumento do Patrimônio Líquido após a dedução dos dividendos. A seguir, vamos analisar duas firmas através de seus demonstrativos: Firma A Firma B Receita de Vendas $ 20 $ 20 (-) Custo Produtos Vendidos (13) (22) = Lucro Bruto 7 (2) (-) Despesas Operacionais (10) (1) = Prejuízo do Exercício (3) (3) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 Conclusão: embora as firmas tenham terminado o exercício com receitas e prejuízos iguais, a Firma A, em princípio, encontra-se em uma situação menos grave, pois seu prejuízo é decorrente das despesas operacionais em excesso, o que pode ser mais facilmente resolvido com ações administrativas enérgicas. Já a Firma B demonstra que o seu prejuízo é decorrente de um alto custo dos produtos, o que implica numa solução mais complexa de ser resolvida. OBSERVAÇÃO: o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) nas empresas comerciais é obtido por meio de um demonstrativo auxiliar, qual seja: Estoque Inicial $ XX + Compras Realizadas XX = Estoque Disponível XX (-) Estoque Final (XX) = Custo das Mercadorias Vendidas XX ATENÇÃO: Invariavelmente a Demonstração de Resultados constitui ferramenta gerencial de grande valor parao gestor financeiro. Seja no cotidiano profissional ou no ambiente acadêmico, as cobranças (exemplo: concursos) a esse demonstrativo é sempre destacada, pelo seu alcance na identificação dos resultados das empresas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 Apenas para efeito de fixação de conhecimento, partir dos conhecimentos pronunciados na Unidade 8, busque informações “reais” de uma empresa (pode ser uma microempresa) em jornais, revistas ou qualquer outra publicação e, com base no MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO, tente montar a referida demonstração e apurar o resultado da empresa escolhida. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 LíquidoPatrimônio 100 x Renda de Imposto do Antes Final Lucro Próprio capital do adeRentabilid UNIDADE 9 Objetivo: Responder algumas questões como: o que é um índice financeiro; como calcular um índice financeiro; como interpretar um índice financeiro; como utilizar um índice financeiro e a importância de cada um dos índices analisados. ANÁLISE DOS ÍNDICES FINANCEIROS Após estudar alguns demonstrativos, conveniente ver alguns indicadores, como: Rentabilidade A rentabilidade do capital próprio ou remuneração do capital dos proprietários na empresa deve ser maior que os juros de mercado, se o capital fosse emprestado. O capital próprio, como já foi visto anteriormente, é o patrimônio líquido, que é constituído de capital realizado, reservas de capital, de reavaliação, de lucros e prejuízos acumulados. Cálculo da rentabilidade do capital próprio: O cálculo da Rentabilidade do capital próprio baseando-se no capital próprio inicial, final, médio aritmético: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 1. Capital próprio inicial ou patrimônio líquido no início do exercício Sendo TRi = taxa de rentabilidade inicial LFa = lucro final antes do imposto de renda PLi = patrimônio líquido inicial 2. Capital próprio final ou patrimônio líquido no final do exercício Sendo F = final. 3. Capital próprio médio aritmético, isto é, o patrimônio líquido inicial mais o final dividido por dois. Endividamento total Demonstra o grau de endividamento do ativo com o capital de terceiros. Quanto mais próximo de 1, maior o endividamento com terceiros. Quanto mais próximo de Zero, significa uma relativa autonomia financeira ou baixo endividamento total. PLi 100 x LFa TRi F F PL 100 x LFa TR 2 P P 100 x L T LFLi Fa Rm Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 Cálculo do Endividamento Total (ET): Sendo o Passivo Total igual ao Passivo Circulante mais o Exigível em Longo Prazo. Garantia de Capital de Terceiros O capital de terceiros é representado pelo Passivo Total (circulante e exigível em longo prazo) que são obrigações ou dívidas. A relação entre o Patrimônio Líquido (capital próprio) e o Passivo Total indica a capacidade financeira da empresa de garantir as obrigações contraídas com terceiros. O cálculo: O resultado do GT demonstra a proporção de recursos próprios aplicados para cada unidade de recursos obtidos de terceiros. O GT alto corresponde a um baixo endividamento total e vice-versa, ou seja, um baixo GT indica um alto endividamento. Total Ativo Total Passivo ET PT PL GT ou Total Passivo Líquido Patrimônio Terceiros de Capital de Garantia Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 Imobilização do Capital Próprio Os bens e direitos que compõem o ativo imobilizado devem ser financiados (é o que se recomenda) por recursos próprios. Ou seja, o Patrimônio Líquido deve ser plenamente suficiente para financiamento dos bens e direitos do Ativo Imobilizado. O resultado indica o percentual de recursos dos proprietários destinado aos bens e direitos do Ativo Imobilizado. Quanto menor for o grau de imobilização do Capital Próprio, melhor a posição financeira (Capital Circulante). Observação: quando for possível identificar os recursos obtidos de terceiros amortizáveis em longo prazo, aplicados na aquisição de bens e direitos do Ativo Permanente (ou seja, o exigível em longo prazo vinculado ao Ativo Permanente) usa-se outra fórmula, qual seja: PL ELP - AP ICP PL AP ICP ou Líquido Patrimônio Permanente Ativo Próprio Capital do ãoImobilizaç Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 Liquidez Geral Mede a capacidade financeira da empresa (curto e longo prazos) em sentido amplo. O resultado representa a relação da capacidade financeira para cada unidade de obrigações. Indicadores de Velocidade para Análise Financeira ROTAÇÃO DE VALORES CIRCULANTES 1. Rotação do Capital Circulante Líquido: número de vezes do capital circulante líquido em função das vendas. ELP PC RLP AC LG ou Prazo Longo a Exigível Passivo Circulante Passivo Prazo Longo a Realizável Ativo Circulante Ativo Geral Liquidez período) do final e (início Líquido Circulante Capital do Média Brutas Vendas Líquido Circulante Capital do Rotação 2 CLp CLi VB RCL Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 49 Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante ou CCL = AC - PC Observação: dividindo-se o número de dias do ano (360) pelo indicador de rotação, temos o prazo médio de reposição dos valores circulantes: Exemplo: se o grau fosse 2,53, então o prazo médio de reposição dos valores circulantes seria 360 / 2,53 = 142 dias para repor o capital circulante líquido. O ideal é menor prazo médio e maior grau de rotação. 2. Rotação do Estoque de Matérias Primas. rotação) de(grau r 360 PM primas-matérias de estoques dos reposição de médio Prazo Rotação 360 PM final prima-matéria de Estoque EMPf inicial prima-matéria de Estoque EMPi primas-matérias de Consumo CMP 2 EMPf EMPi CMP REMP Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 50 A meta é um maior grau de rotação e um menor prazo médio. 3. Rotação da produção em processo ou Rotação do Estoque de Produtos em Elaboração. Rotação do Estoque de Produtos em Elaboração = Custo de Produção dividido pela média dos Estoques de Produtos em Elaboração inicial e final. Meta maior rotação e menor prazo de reposição. 4. Rotação de Estoque de Produtos Elaborados 2 EPCf EPCi CP REPC Rotação deGrau 360 Reposição de médio) PM(prazo 2 EPEf EPEi CPV REPE Elaborados Produtos de Final e Inicial Estoques dos Média Vendidos Produtos dos Custo Elaborados Produtos de Estoque de Rotação Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 51 Meta menor prazo médio e maior grau de rotação. 5. Rotação das Contas a Receber É a relação entre as vendas a prazo com as contas a receber. Vendas a prazo = Venda Total - Venda à Vista VB = vendas totais VV = vendas à vista CRi = contas a receber inicial CRf = contas a receber final Rotação deGrau dias 360 Reposição de PM final) e (inicial Receber a Contas das Médio Saldo Prazo a Vendas Receber a Contas das Rotação ou 2 CRf CRi VV - VB RCR Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 52 PM indica o prazo médio de recebimento das contas a receber. Observação: o prazo médio de conta a receber NÃO pode ser maior do que o prazo médio de financiamento de vendas, pois significará que a empresa não está recebendo em dia suas duplicatas e há muitos inadimplentes. Cálculo do prazo médio de financiamento das vendas: Vendas: Vendas a prazo: 30 dias 1.000 60 dias 2.500120 dias 3.700 _______________ 7.200 Rotação deGrau dias 360 PM dias 4,17 7.200 1.000 x dias 30 dias 30 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 53 Prazo Médio de Financiamento = 4,17 + 20,83 + 61,67 = 86,67 dias 6. Rotação de Crédito de Fornecedores (contas a pagar) Calcula-se, primeiramente, a rotação para obter depois o prazo médio de crédito com fornecedores, isto é, o prazo médio de contas a pagar. dias 20,83 7.200 2.500 x dias 60 dias 60 dias 61,67 7.200 3.700 x dias 120 dias 120 esfornecedor a créditos de final e inicial saldo o entre Média prazo a Compras esFornecedor de Créditos de Rotação 2 CFf CFi C RCF Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 54 O Prazo Médio: Meta menor grau de rotação e maior prazo médio. Observação: comparando-se o prazo médio de recebimento de contas a receber é de boa política financeira que o prazo médio (PM) de pagamento aos fornecedores seja maior do que o prazo médio (PM) de recebimento de contas a receber. Por que numa empresa o descasamento de prazos pode denunciar dificuldades financeiras? Que artifício uma empresa poderia adotar para melhorar o índice de participação de capitais de terceiros, sem que tenha havido aporte de capital pelos sócios, geração de lucro ou pagamento de dívida? Qual relação se pode estabelecer entre prazo médio de pagamento das compras e prazo médio de financiamento das vendas? Qual relação se pode estabelecer entre prazo médio de recebimentos das vendas com prazo médio de pagamento a fornecedores? Rotação deGrau 360 PM Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 55 UNIDADE 10 Objetivo: Cumpre retratar os métodos de análise vertical e horizontal, como contribuição na interpretação da estrutura e tendências dos números de uma empresa, além de conjugar esforços auxiliares na análise dos índices financeiros e no dimensionamento nos riscos de uma empresa. ANÁLISE DE BALANÇO PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A análise financeira e de balanços impõe alguma dificuldade na sua compreensão, o que acaba por recomendar certo grau de maturidade ao contador gerencial. Existem vários indicadores, entretanto, o ideal é escolher alguns índices e quocientes, procurando compará-los de período a período com padrões preestabelecidos para se tentar, a partir daí, ter uma ideia mais apurada de quais problemas merecem uma investigação maior. A análise financeira e de balanços deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações, pois, devidamente manuseada, além de apontar os problemas, ela pode se tornar um poderoso painel de controle da administração. Os balanços, para efeito de análise, devem ser os mais resumidos possíveis, e as áreas- problema devem ser analisadas com maior profundidade. A análise vertical e a horizontal devem ser utilizadas conjuntamente. Elas são mais detalhadas e envolvem todos os itens das demonstrações, revelando algumas dificuldades nas empresas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 56 Análise Vertical (ou análise por coeficientes) Compara cada elemento do conjunto em relação ao total do conjunto, evidenciando a porcentagem de participação de cada elemento no conjunto. Mede a participação percentual de contas, subgrupos, ou grupos de contas em relação ao Ativo (ou Passivo) Total ou a Receita (Bruta ou Líquida) Total. Fórmula geral: Análise Horizontal (ou da evolução) Analisa a evolução das contas, subgrupos e grupos de contas dos Demonstrativos Financeiros num determinado período de tempo. Evolução nominal considera a evolução da conta em relação ao período base. Evolução real desconta os efeitos da inflação. Fórmula geral: Analítico eCoeficient 100 x Total Passivoou Ativo contas de grupoou subgrupo Conta, base)-(ano 100) (índice base-período 19X0 (ano) série da períodoqualquer 19XN 100 x 19X0 em grupoou subgrupo conta, daValor 19XN em grupoou subgrupo conta, daValor Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 57 Observe através do exemplo abaixo a evolução dos grupos do ativo em relação ao Ativo Total: Empresa Beta S.A 19X6 % 19X7 % 19X8 % 19X9 % DISPONIBILIDADES 20 6 15 3,5 10 2 8 1,5 RECEBÍVEIS A CURTO 90 27 85 20 20 5 22 4 ESTOQUES 60 18 80 19 110 25 130 24 RECEBÍVEIS A LONGO 10 3 20 5 25 6 30 6 IMOBILIZADO 150 44 200 48 250 57 300 56 INVESTIMENTOS 5 1 15 3,5 15 3 30 6 MISCELÂNEOS 3 1 5 1 10 2 12 2,5 ATIVO TOTAL 338 100 420 100 440 10 0 532 100 Observações a partir da tabela: O Ativo Total teve acréscimos de 24 % entre 19X6 e 19X7. De 5 % de 19X7 a 19X8. De 21 % de 19X8 a 19X9; Houve diminuição da participação do Disponível sobre o Ativo Total, o que pode ser considerado bom; Os estoques sofrem acréscimo de 18 % para 19 % e para 25 % em 19X8, decrescendo em 19X9 para 24 %, porém acima do nível inicial. Seria recomendável uma investigação maior sobre o item estoques; Os Recebíveis em curto prazo diminuem bastante de 19X6 a 19X7, de 27 % para 20 % e sofrem um decréscimo brutal em 19X8, que deve ter as causas investigadas. Em 19X9 mantêm-se baixos; Em compensação, a empresa transferiu recursos para investimento em Imobilizado, que aumentou sua participação de 44 % em 19X6 para 48 % em 19X7 e 57 % em 19X8, mantendo-se estável em 19X9; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 58 Observa-se que a empresa está queimando investimentos em dinheiro e recebíveis para investir em estoques e imobilizado; Essas indagações suscitadas pela análise vertical e horizontal só poderão ser melhor respondidas em um estágio mais avançado da análise. No demonstrativo operacional, a análise vertical cumpre sua maior utilidade: Empresa Beta S.A. DEMONSTRATIVOS OPERACIONAIS (DRs) 19X8 19X9 Vendas 385 100 % 520 100 % (-) Custos das vendas 193 50 % 244 47 % = Lucro com mercadorias 192 50 % 276 53 % (-) Outras Despesas Salários 80 65 % 115 65 % Depreciações 10 8 % 15 8 % Impostos 8 6 % 12 7 % Outras 25 21 % 123 32 % 36 20 % 178 34 % = Lucro operacional 69 18 % 98 19 % (-) Despesas financeiras 10 3 % 36 7 % = Lucro AIR 59 15 % 62 12 % (-) Provisão para Imposto de Renda 9 2 % 12 2 % = Lucro líquido $ 50 13 % $ 50 10 % Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 59 Através da análise vertical percebemos que o item Lucro Operacional se manteve e até melhorou o desempenho em relação à 19X8. O custo das vendas, que era 50 % das mesmas, diminuiu para 47 %, aumentando a participação do lucro nas vendas. Entretanto, a rubrica Outras Despesas aumentaram, passando de 32 % para 34 %. No item Despesas Financeiras, verifica-se o fator primordial que fará o desempenho da empresa empobrecer, pelo menos no DR. Passaram de 3 % para 7 % das vendas, bastante alta, mas não alarmante. Quais os motivos dessa mudança? É preciso investigar com profundidade, para que se possa alterar. A queda nesse item afeta todos os demais. Por exemplo: o lucro líquido de 13 % sobre as vendas passa para 10 %. Assim, a análise de balanços revela mais áreas de problemas a serem investigadas do que soluções. Entretanto, cabe ao Contador Gerencial discernir com acuidade os fatores que motivaram certo comportamento e apontá-los ao Diretor Financeiro. Abaixo, um exemplo de análise horizontal e vertical da Empresa Alfa S.A. ANÁLISE HORIZONTAL Demonstração do Resultado do Exercício, padronizada, da Empresa Alfa S.A. CONTAS EXERCÍCIO x1 EXERCÍCIO x2 EXERCÍCIO x3 RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 1.071.225 1.408.625 1.522.334 (-) CUSTO DE
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