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BIOSSEGURANÇA E ERGONOMIA
Unidade II
5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA
O objetivo maior da área de segurança e saúde no trabalho é prever a possibilidade de ocorrência 
de situações potencialmente perigosas à integridade física do trabalhador, procurando, ao máximo, 
eliminá‑las na sua origem.
Para que essa meta seja alcançada é necessário que o Serviço Especializado em Engenharia de 
Segurança do Trabalho (SESMT), conjuntamente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
(Cipa) conheçam os riscos provenientes das atividades profissionais, em seus diversos aspectos, como 
insalubridade do ambiente de trabalho, das máquinas e de equipamentos inadequados, de procedimentos 
operacionais ineficientes e das condições inseguras do local de trabalho, bem como outros fatores que 
exponham os colaboradores ao risco em suas atividades.
Após a análise desses fatores, devem ser adotadas medidas de proteção no trabalho que visem 
à prevenção de acidentes e doenças profissionais, que podem ser alcançadas por meio de medidas 
administrativas, de proteção coletiva e de proteção individual.
5.1 Medidas de proteção administrativa
Garantir as condições ideais de trabalho deve ser uma preocupação a se iniciar com a adoção de 
medidas administrativas tomadas pelos profissionais da segurança do trabalho como forma de eliminar 
os riscos que colocam em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador.
Dentre as medidas de proteção administrativa que devem ser adotadas, podemos citar:
• Ordens de serviço, pareceres e instruções implantadas pelo SESMT.
• Restrições impostas pelo empregador na entrada e na saída de locais de risco.
• Procedimentos de trabalho e execução de serviços.
• Proibição de entrada em espaços confinados.
• Preceitos de segurança e saúde no trabalho.
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Unidade II
5.2 Medidas de proteção coletiva
Equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são procedimentos ou equipamentos utilizados ou, até 
mesmo, projetados para a proteção de um grupo de pessoas, a fim de realizar determinada tarefa ou 
qualquer atividade.
Essas medidas são para que a segurança coletiva seja alcançada, ou seja, que se atinja a segurança 
de diversos trabalhadores envolvidos em uma mesma atividade e/ou procedimento de trabalho.
Alguns exemplos de EPCs:
• Exaustores em uma cozinha industrial.
• Redes de proteção.
• Projeto de enclausuramento acústico de um compressor, para evitar escape de ruídos.
• Proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos.
• Grades de proteção contra queda de materiais.
5.3 Equipamento de proteção individual (EPI)
A CLT surgiu como necessidade institucional após a criação da Justiça do Trabalho em 1939. Ela 
é chamada de Consolidação das Leis Trabalhistas, em vez de Código das Leis Trabalhistas, porque seu 
objetivo foi apenas reunir a esparsa legislação trabalhista já existente na época, consolidando‑a. A 
assinatura do documento se deu em 1º de maio de 1943.
Como anexos da CLT, as Normas Regulamentadoras, também conhecidas como NRs, regulamentam 
e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança no 
trabalho no Brasil e são de observância obrigatória por todas as empresas.
No universo das NRs, quem regulamenta os equipamentos de proteção individual é a NR‑6.
De acordo com essa norma, é considerado equipamento de proteção individual (EPI) todo dispositivo 
ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador e destinado à proteção de riscos suscetíveis de 
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (BRASIL, 1978a).
A utilização de EPIs deve ser, em qualquer situação de trabalho, um complemento à 
utilização dos EPCs. Para a determinação de qual deve ser o EPI adequado para o trabalhador, 
o primeiro passo é identificar de quais os riscos ele deve ser protegido. Essa avaliação deve ser 
uma avaliação qualitativa e quantitativa do risco, que definirá qual a potencialidade do dano 
ao organismo do colaborador.
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BIOSSEGURANÇA E ERGONOMIA
O uso de EPIs como capacetes, calçados de segurança, óculos de proteção contra partículas volantes 
e luvas deve ser adotado sempre que todas as medidas de proteção forem utilizadas e mesmo assim 
permanecer o risco para o trabalhador acima dos limites toleráveis de segurança, colocando em perigo 
a integridade física e psíquica do trabalhador.
Após a avaliação e a caracterização do risco, ele deve ser enfrentado em sua origem para que possa 
ser neutralizado ou eliminado. Caso a situação de risco se mantenha, os membros do SESMT deverão 
realizar uma ação de proteção coletiva entre a zona de risco e os trabalhadores.
A adoção de medidas de proteção individual relativas ao trabalhador deve se iniciar com a seleção 
de EPIs apropriados aos agentes de riscos e à natureza antropométrica do trabalhador, como o tamanho 
adequado de calçados e luvas de segurança, que devem ser adequados ao perfil do funcionário.
A NR‑6 do TEM foi criada pela Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, e alterada pela Portaria 
SIT nº 292, de 8 de dezembro de 2011. Ela trata das medidas de proteção individual e define como EPI 
“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de 
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 1978a).
De acordo com essa NR, os EPIs, de fabricação nacional ou importada, só podem ser postos à venda 
ou utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação expedido pelo órgão nacional competente 
em matéria de segurança e saúde no trabalho do MET.
A utilização de EPI, também deve ser avaliada como medida de redução de custos, já que a sua não 
utilização poderá causar mais danos aos trabalhadores e aumentar as despesas.
A empresa é obrigada a fornecer gratuitamente aos empregados EPIs adequados ao risco e em 
perfeito estado de conservação e funcionamento. Cabe ao empregador orientar e treinar o trabalhador 
sobre o uso adequado, a guarda e a conservação dos equipamentos. Sendo assim, o empregador deve, 
principalmente, exigir seu uso.
É de responsabilidade do SESMT, em conjunto com a avaliação da Cipa e dos próprios trabalhadores, 
a recomendação do uso adequado de EPI para cada risco existente de determinada atividade:
• Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de 
acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho.
• Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas.
• Para atender a situações de emergência.
Uma situação que ocorre constantemente em estabelecimentos de saúde, e que expõe outras 
pessoas a riscos desnecessários, é o uso dos equipamentos de proteção individual fora do ambiente 
para o qual o seu uso está previsto. Essa situação vai contra a NR‑6, que indica a importância de 
usá‑los apenas para a finalidade a que se destinam, e ainda se responsabilizar por sua guarda e 
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conservação, não portá‑los fora da área técnica e comunicar ao empregador qualquer alteração que 
o torne impróprio para uso.
O empregador que fornece ao funcionário o EPI deve:
• Exigir seu uso.
• Fornecer EPIs aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de SST.
• Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a conservação dos EPIs.
• Substituir o equipamento imediatamente, quando danificado ou extraviado.
• Responsabilizar‑se pela sua higienização e manutenção periódica.
• Comunicar ao MET qualquer irregularidade observada.
• Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, por meio de livros, fichas ou sistema eletrônico.
Ao empregado, a NR‑6 determina suas responsabilidades em relação ao EPI:• Utilizar apenas para a finalidade a que se destina.
• Responsabilizar‑se pela guarda e pela conservação.
• Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso.
• Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.
Porém, nem todo equipamento que parece ser um EPI garante a segurança do trabalhador. Formas 
construtivas inadequadas ou materiais impróprios podem prejudicar a sua eficiência. Para garantir a 
qualidade do EPI, o Ministério do Trabalho e Emprego instituiu o Certificado de Aprovação de EPI (CA).
Só podem ser comercializados no Brasil aqueles que possuam um CA, e o fabricante só obtém esse 
certificado se tiver um laudo fornecido por um laboratório credenciado pelo Inmetro.
Aos fabricantes também incidem algumas obrigações:
• Cadastrar‑se no órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho.
• Solicitar emissão do CA ao órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho.
• Solicitar a renovação do CA quando vencido o prazo de validade estipulado.
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• Requerer um novo CA quando houver alteração das especificações do equipamento aprovado.
• Responsabilizar‑se pela manutenção da qualidade do EPI que deu origem ao CA.
• Comercializar ou colocar à venda somente o EPI portador de CA.
• Comunicar ao órgão nacional de SST quaisquer alterações dos dados cadastrais fornecidos.
• Comercializar o EPI com instruções técnicas no idioma nacional, orientando sua utilização, sua 
manutenção, sua restrição etc.
• Fazer constar no EPI o número do lote de fabricação.
• Providenciar a avaliação da conformidade do EPI no âmbito do Sinmetro, quando for o caso.
• Fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização de seus EPIs.
Ao Ministério do Trabalho e Emprego, também cabe algumas obrigações:
• Cadastrar o fabricante ou importador de EPI.
• Receber e examinar a documentação para emitir ou renovar o CA de EPI.
• Estabelecer, quando necessário, os regulamentos técnicos para ensaios de EPI.
• Emitir ou renovar o CA e o cadastro de fabricante ou importador.
• Fiscalizar a qualidade do EPI.
• Suspender o cadastramento da empresa fabricante ou importadora.
• Cancelar o CA.
Sempre que julgar necessário, o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no 
trabalho pode requisitar amostras de EPIs, identificadas com o nome do fabricante e o número de 
referência, além de qualquer outro requisito.
O TEM também deverá, através de seus órgãos regionais, fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado 
e à qualidade do EPI, além de recolher amostras e aplicar as penalidades que forem cabíveis, caso haja 
o descumprimento da NR‑6.
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 Observação
Nas empresas desobrigadas a constituir SESMT, cabe ao empregador 
selecionar o EPI adequado ao risco, mediante orientação de profissional 
tecnicamente habilitado. 
Pela diversidade dos EPIs, os profissionais de segurança do trabalho ou responsáveis devem atentar 
ao fornecimento adequado do equipamento para os trabalhadores.
Portanto, é importante que seja observada, de maneira criteriosa, como a atividade é exercida e qual 
o tipo de risco que ela oferece, para que o EPI alcance o seu objetivo principal, que é o de proteger o 
trabalhador de acidentes físicos, além de possibilitar conforto em atividades insalubres.
5.3.1 Equipamentos de proteção à cabeça
São exemplos de equipamentos de proteção à cabeça: 
• Capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio.
• Capacete de segurança para proteção contra choques elétricos.
• Capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem térmica.
• Capuz de segurança para proteção do crânio e pescoço contra respingos de produtos químicos.
A touca de proteção serve para proteger tanto o usuário quanto o produto manuseado. 
Protege o usuário por evitar o contato do cabelo com máquinas que possam colocar em perigo o 
trabalhador ao terem contato e, eventualmente, sugar, puxar ou enroscar nos cabelos. Já no caso 
de proteção de produto, a touca capilar evita que cabelos caíam no produto manuseado, o que 
gera o risco de contaminação.
Os protetores faciais protegem o rosto do trabalhador contra impactos, respingos, substâncias 
nocivas, fagulhas e outros materiais biológicos. Também podem proteger contra radiações, dependendo 
do material, espessura e cor do visor.
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Figura 53 – Protetor facial
Os óculos de segurança servem para proteger o trabalhador em atividades que possam causar 
ferimentos nos olhos provenientes de impacto de partículas e respingos, em trabalhos que possam 
causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos e outras lesões 
decorrentes da ação de radiações perigosas.
A figura a seguir mostra um modelo de óculos de segurança. Note que a diversidade de formas dos 
óculos corresponde à diversidade de aplicações de segurança. A aplicação dos óculos de segurança é 
específica e a utilização de um modelo em uma aplicação para o qual ele não tenha sido projetado não 
garante a segurança.
Figura 54 
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As máscaras são proteções para as vias respiratórias. Da mesma forma que os óculos de proteção, 
as máscaras são específicas para o tipo de contaminante. Elas também possuem diversas formas 
construtivas, e sua especificação depende de diversos fatores.
Alguns tipos de máscaras trabalham filtrando o ar exterior, conforme os modelos mostrados nas 
figuras a seguir.
Figura 55 
Figura 56 
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Quando o ar exterior está contaminado demais para poder ser filtrado, ou quando o teor de oxigênio 
no ar é menor que 18%, se torna necessário o uso de aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução 
de ar). Os sistemas de respiração autônomos podem ser associados a roupas especiais de segurança.
Figura 57 
Os protetores auriculares servem para proteger a audição de barulhos intensos. Eles podem ser do 
tipo concha com protetores externos, de inserção e/ou descartáveis.
Figura 58 
5.3.2 Equipamentos de proteção para os membros superiores
As luvas e mangas de proteção devem ser usadas em trabalhos em que haja perigo de lesão provocada 
por materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes; produtos químicos corrosivos, 
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cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de petróleo; materiais ou 
objetos aquecidos; choque elétrico; radiações perigosas; frio e agentes biológicos.
As mangas de proteção também servem para proteger o objeto de trabalho contra contaminações 
por pelos do trabalhador.
Existem cremes protetores que formam uma película sobre a pele, de modo a protegê‑la contra pó, 
solventes ou colas, sem que o trabalhador perca a sensibilidade do tato.
Figura 59 – Luvas de proteção
Figura 60 
5.3.3 Equipamentos de proteção para os membros inferiores
Existem calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares úmidos, lamacentos ou 
encharcados, que são resistentes a agentes químicos e biológicos agressivos e a riscos de origem elétrica.
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Há uma polêmica sobre se a calça deve ser posicionada por dentro ou por fora do cano da bota para 
garantir a segurança do trabalhador. Isso vai depender do tipo de serviço executado.
Se o objetivo é proteger a roupacontra a sujeira, o ideal é que a calça fique por dentro, mas, se o 
trabalho envolve o risco de derramamentos de líquidos ou pós a partir de uma posição acima do cano 
da bota, o ideal é que a calça esteja por fora do cano, pois, caso contrário, a bota atuará como um 
recipiente, agravando o acidente.
Figura 61 – Calçado de segurança
Em áreas limpas e secas, é recomendado o uso de pro‑pés. O pro‑pé é uma espécie de touca para ser 
colocada sobre o calçado, para que este não transmita contaminantes para o ambiente.
Para a proteção da perna, existem perneiras. Elas protegem contra abrasivos, cortes, impactos e 
ataque de cobras.
5.3.4 Equipamentos de proteção para o tronco
Enquadram‑se nesta categoria os aventais, as capas e outras vestimentas especiais de proteção 
para trabalhos em que haja perigo de lesões provocadas por riscos de origem radioativa, biológica 
ou química.
Existem vestimentas de proteção com sistemas de respiração autônoma.
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Figura 62 – Roupa de proteção Figura 63 – Roupa de proteção
6 CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS MÉDICOS HOSPITALARES
6.1 Conceitos gerais
Conforme discutido, os perigos biológicos são os mais presentes entre todos os perigos analisados. A 
quase onipresença dos microrganismos reduz a eficiência de medidas para evitar a sua presença e isso 
resulta na necessidade de adotar medidas para eliminá‑los.
 Lembrete
Consideramos perigos biológicos os microrganismos, os parasitas e as 
toxinas geradas pelos microrganismos. Animais e insetos são considerados 
perigos físicos. 
Eliminação não é uma palavra correta para este caso, pois, conforme será discutido a seguir, não 
existe eliminação total. Sempre existirá a probabilidade da sobrevivência de alguns microrganismos, 
além disso, qualquer processo de limpeza tem prazo de validade. A palavra adequada para esse processo 
é descontaminação.
Descontaminação é uma série de procedimentos cujo objetivo é reduzir a carga de microrganismos 
de um utensílio até um nível aceitável. Esse nível é dado pelo uso que o utensílio a ser descontaminado 
tem. Isso se torna óbvio ao analisarmos alguma situação cotidiana – em uma limpeza doméstica, 
esfrega‑se mais a panela que o vaso sanitário.
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Porém, antes de descrever os processos de descontaminação, é necessário rever alguns conceitos 
associados a isso.
Noções sobre o tratamento matemático da letalidade de microrganismos
Os microrganismos se reproduzem por divisão celular. Uma célula dá origem a duas, duas dão origem 
a quatro e assim por diante. Dessa forma, depois de se adaptarem ao ambiente onde foram inoculados 
(chamada fase lag) os microrganismos começam a se duplicar. Depois de n ciclos, o número inicial de 
microrganismos foi multiplicado por 2n (chamada fase log).
O tempo de duração desses ciclos varia conforme a espécie do microrganismo, mas, na prática, 
consideram‑se 20 minutos como um valor de referência. Assim, após uma hora de espera, o número de 
microrganismos inicial de uma amostra passou por três ciclos de divisão celular, e o número inicial de 
microrganismos foi multiplicado por 8.
A técnica matemática mais simples para se trabalhar com fatores exponenciais é o logaritmo. Quando 
os dados de número de células em função do tempo são colocados em um gráfico, obtém‑se uma curva 
exponencial (a), porém, ao se trabalhar com o logaritmo do número de células em função do tempo, essa 
curva torna‑se uma reta, com que é mais fácil de trabalhar.
Quando é aplicado algum processo para provocar a morte dos microrganismos, a taxa de morte 
concorre com a taxa de crescimento, o que também resulta em valores exponenciais, portanto, são 
valores trabalhados em logaritmo.
O decréscimo de 90% do número de células viáveis é chamado de década, e os processos de 
descontaminação são projetados para eliminar certo número de décadas. Dessa forma, se um processo 
eliminar três décadas de microrganismos, ele irá eliminar 90% de 90% de 90% dos microrganismos. É 
uma redução expressiva, porém nunca chegará a zero.
Infecções em cirurgias
A pele é a principal barreira que o organismo tem para se proteger contra a invasão de microrganismos, 
então as cirurgias podem ser classificadas de acordo com o potencial de contaminação da incisão, 
segundo a Portaria nº 2.616/98:
3.2.1. Cirurgias Limpas – são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou 
passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e 
inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com 
cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que 
não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário;
3.2.2. Cirurgias Potencialmente Contaminadas – são aquelas realizadas em 
tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de 
difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório 
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e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem 
aberta enquadram‑se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos 
digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.
3.2.3. Cirurgias Contaminadas – são aquelas realizadas em tecidos 
recentemente traumatizados e abertos, colonizados por flora bacteriana 
abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas 
aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de 
supuração local. Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização 
de segunda intenção, ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. 
Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria.
3.2.4. Cirurgias Infectadas – são todas as intervenções cirúrgicas realizadas 
em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração 
local) e/ou tecido necrótico (BRASIL, 1998b).
Essa classificação, feita pelo Ministério da Saúde, mostra claramente que muitas vezes o profissional 
da área da saúde precisa conviver com a possibilidade de não conseguir eliminar a flora microbiana 
existente no paciente. Dependendo de cada situação, existe uma probabilidade maior ou menor de 
ocorrência de infecção, e diversos fatores relacionados ao paciente poderão agravar essa probabilidade 
– obesidade, tabagismo, diabetes, idade, desnutrição, tempo de internação e extensão da cirurgia. 
Dependendo do quadro, o profissional da saúde precisará escolher entre diversas técnicas e recursos para 
tentar conter o avanço da infecção. As estratégias mais comuns estão relacionadas com a diminuição do 
tamanho da contaminação e a melhora das defesas imunológicas do paciente.
Note que a classificação dada pelo Ministério da Saúde também dá atenção especial a cirurgias nos 
tratos digestivo, respiratório e urinário. Esses sistemas possuem, naturalmente, uma flora microbiana 
muito numerosa, e o risco da evolução para uma septicemia é muito grande.
A septicemia, sepse ou sépsis é uma infecção geral, resultante da invasão de um microrganismo 
patógeno na corrente sanguínea. Ela pode evoluir a partir de uma infecção comum e pode levar o 
paciente a óbito.
Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH)
A Portaria nº 2.616/MS/GM, de 12 de maio de 1998, da Anvisa, estabeleceu o Programa de Controle de 
Infecções Hospitalares, com o objetivo de reduzir a incidência e a gravidade das infecções hospitalares.
Os hospitais foram obrigados a estabelecer uma comissão técnica, formada por profissionais de nível 
superior, da área da saúde, com o objetivo de assessorar a alta administração do hospital a estabelecer 
ações de controle de infecção hospitalar. Essa comissão é chamada Comissão de Controle de Infecção 
Hospitalar (CCIH).
O presidente da comissão pode ser qualquer um de seus membros, indicadopela direção do hospital.
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Os membros da CCIH serão de dois tipos:
• Consultores – serão representantes do serviço médico, do serviço de enfermagem, do serviço de 
farmácia, do laboratório de microbiologia e da administração.
• Executores – representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e são encarregados da 
execução das ações de controle. Serão, no mínimo, dois profissionais de nível superior da área de 
saúde para cada 200 leitos. Um desses profissionais deve ser, de preferência, enfermeiro.
O número de membros executores é aumentado se o hospital atender a pacientes em UTIs, pacientes 
queimados, submetidos a transplantes de órgãos, de oncologia ou com aids.
A CCIH tem como função elaborar e implementar um programa para controlar as infecções 
hospitalares, contendo:
• Um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares. Esse sistema é a observação 
sistemática da ocorrência da infecção hospitalar, da distribuição entre pacientes e das condições 
que afetam sua ocorrência.
• Normas internas e rotinas para a prevenção e controle das infecções hospitalares.
• Ações para treinamento de funcionários para a prevenção de infecções hospitalares.
• A garantia do uso racional de produtos antimicrobianos, germicidas e materiais médico‑hospitalares.
• A realização da investigação epidemiológica de casos e implantação de medidas de controle.
Essa comissão responde diretamente à alta administração do hospital, que tem também a obrigação 
legal de promover as determinações da CCIC.
6.2 Limpeza
Limpeza é o primeiro passo para o processamento de descontaminação. É um processo de remoção 
mecânica das sujidades e seu objetivo é a remoção de sujidades físicas e químicas. Nessa remoção, 
ocorre também a redução de microrganismos como resultado da ação mecânica.
Um processo de limpeza utilizado no cotidiano é a lavagem de louças. Partiremos desse exemplo 
para explicar as etapas da limpeza em detalhes, mas os conceitos são estendíveis a qualquer aplicação. 
Imagine um prato sujo com molho de tomate.
Enxágue inicial
Se a pessoa que lavar esse prato partir direto para esfregá‑lo com bucha, vai sujar a bucha e espalhar 
resíduos de molho por toda a louça a ser lavada, dificultando todo o processo.
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Porém, se a pessoa iniciar o processo com um enxágue, vai remover as sujidades mais grossas apenas 
pela ação mecânica da água, reduzindo o trabalho futuro e o emprego de sabão.
O enxágue inicial é a principal ação no processo de limpeza. Se benfeito, reduz gastos em tempo 
de operação, em produtos químicos e em tratamento de efluentes, além de aumentar a eficiência das 
próximas operações.
Ação mecânica
Após o enxágue inicial, a pessoa deve esfregá‑lo utilizando uma esponja com sabão.
O enxágue inicial removeu as sujidades que estavam soltas, mas as sujidades incrustadas precisam 
ser removidas por meio do atrito mecânico entre a bucha e a camada superficial da incrustação. O 
sabão é um coadjuvante nesse processo, fazendo a solubilização dos lipídios e das proteínas. Existem 
microrganismos aderidos a essas incrustações e às paredes do prato, e essa ação mecânica removerá 
parte dessa carga.
Essa remoção de microrganismos é pequena em relação aos outros processos de descontaminação.
Porém, como todas essas remoções de microrganismos são proporcionais à quantidade inicial de 
microrganismos, qualquer redução na quantidade de microrganismos na etapa anterior quer dizer 
aumento significativo na eficiência das etapas posteriores.
Enxágue final
Serve para remover os resíduos de detergente, incrustações e microrganismos.
Aqui, continua valendo o conceito: uma operação anterior benfeita reduz os custos operacionais 
das operações posteriores e aumenta a eficiência do processo.
Exemplos de limpeza
Discutimos uma aplicação doméstica, mas os conceitos são os mesmos nas mais diversas aplicações.
Seguem alguns exemplos:
• Em restaurantes – ocorre o uso de máquinas de lavar louças, logo, o esfregaço com bucha é 
substituído por jatos d’água.
• Em indústrias farmacêuticas e de alimentos – a limpeza do interior de tubulações (CIP) é feita 
circulando‑se água e soda cáustica em alta velocidade. A alta velocidade garante o atrito entre o 
fluido e as paredes dos tubos.
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• Em hospitais – é feita a remoção de resíduos dos instrumentos cirúrgicos com o uso de banhos de 
ultrassom. O ultrassom faz a ação mecânica, quebrando as incrustações.
• Em laboratórios – é feita a limpeza da vidraria utilizando‑se escovas.
6.3 Desinfecção
Desinfecção é um processo mais severo, cujo objetivo é destruir os microrganismos no estado 
vegetativo, sejam patogênicos ou não. Esse processo pode ocorrer por meios físicos ou químicos.
Partículas, incrustações, gorduras e qualquer outro tipo de sujidade funcionam como uma camada 
protetora dos microrganismos, por isso, antes de se executar uma desinfecção, é fundamental que se 
faça uma limpeza.
6.3.1 Processos físicos de desinfecção
O principal processo físico de desinfecção é a elevação da temperatura. Em altas temperaturas, 
interrompe‑se a divisão celular dos microrganismos e começa a acontecer a morte das células. Quanto 
maior o tempo na temperatura alta, mais células vão morrer. Quanto mais alta a temperatura, mais 
rápido esse processo acontece. Esse é o chamado binômio tempo versus temperatura.
Quando se aumenta a temperatura, tanto a membrana celular quanto as proteínas são afetadas. Isso 
porque os ácidos graxos que compõem a parede celular aumentam sua permeabilidade, permitindo a 
entrada de substâncias indesejáveis no interior da célula. Além disso, o aumento da temperatura acelera 
as reações dentro das células, atingindo níveis inaceitáveis para o funcionamento celular, ou ainda 
desnaturando proteínas.
Consideram‑se altas as temperaturas acima de 60 ºC. O tempo de exposição vai depender do tipo de 
microrganismo e da quantidade de células a serem eliminadas. Cada microrganismo tem características 
próprias na determinação desses parâmetros.
 Lembrete
O efeito dos processos de eliminação de microrganismos é proporcional 
à quantidade inicial de microrganismos, por isso, nunca chegará a zero. 
Após a exposição à alta temperatura, um recurso muito utilizado é a redução da temperatura, para 
que os microrganismos sobreviventes não voltem a se multiplicar.
O processo mais conhecido de desinfecção por meios físicos é a pasteurização do leite. Até 1952, o 
leite era vendido de porta em porta, vindo diretamente da fazenda produtora. Porém, nessa mesma época, 
ocorria no Brasil um surto de tuberculose. A bactéria responsável por esse surto era a Micobacterium 
bovis, a da tuberculose bovina.
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Ao perceber essa relação, foi instituída a obrigação da pasteurização do leite, proibindo o comércio 
in natura (Decretos nº 39.093/56 e 66.183/70). Os parâmetros de pasteurização são fixados por lei nos 
seguintes valores:
• Pasteurização lenta – 62 ºC durante 30 minutos.
• Pasteurização rápida – 72 ºC durante 20 segundos.
Esses valores são calculados para a eliminação da M. bovis. Note que a variação desses não é linear.
6.3.2 Processos químicos de desinfecção
Nem todos os materiais suportam temperaturas elevadas. Para esses casos, é necessário lançar mão 
de produtos químicos para fazer a desinfecção, tomando muito cuidado na avaliação da compatibilidade 
química com os utensílios. A desinfecção química acontece porque algumas substâncias têm a capacidade 
de danificar a parede celular.
A desinfecção por produtos químicos pode ser dividida em três níveis, dependendo da resistênciado 
microrganismo a ser combatido:
• Desinfecção de baixo nível – é quando objetiva eliminar bactérias vegetativas, vírus médios ou lipídicos.
Um dos produtos mais comuns nesse processo é o quaternário de amônia, utilizado na limpeza de 
superfícies, paredes e mobiliários; tem a vantagem de ser pouco tóxico para humanos, mas pode causar 
irritações na pele e ataca borrachas sintéticas, cimento e alumínio.
• Desinfecção de nível médio – o objetivo é eliminar, além dos microrganismos citados no baixo 
nível, os fungos e alguns tipos de vírus. Álcool etílico a 70%, compostos fenólicos entre 2% e 5% 
e hipoclorito de sódio a 1% são produtos utilizados nesse processo.
Os compostos fenólicos com concentração de 2% a 5% precisam de um período de exposição de 20 a 
30 minutos. O consumo de produto é relativamente baixo, pois são pouco afetados por matéria orgânica, 
mas têm a desvantagem de impregnar materiais porosos, não sendo indicado para artigos que entrem em 
contato com o trato respiratório (borracha, látex). São contraindicados para uso em berços e incubadoras.
O hipoclorito a 1%, além de outros compostos clorados, tem ação rápida e baixo custo, mas é corrosivo 
para metais, inclusive o aço inox. É irritante das vias respiratórias e inativado por matéria orgânica.
O álcool etílico a 70% também é de ação rápida e de baixo custo, mas ataca plásticos, borrachas e 
verniz, além de ser inflamável. Curiosamente, o aumento da concentração do álcool reduz a eficiência 
do produto, pois ele evapora antes de degradar a parede celular dos microrganismos.
• Desinfecção de alto nível – elimina microbactérias e esporos, além dos microrganismos citados 
anteriormente. Os produtos mais usados são o glutaraldeído a 2% e o ácido peracético.
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O glutaraldeído precisa de tempo de exposição de 20 a 30 minutos. Não produz corrosão de 
instrumentais e não altera componentes de borracha ou plástico, mas impregna matéria orgânica e 
pode ser retido por materiais porosos, além de ser irritante de vias aéreas, ocular e cutânea.
O ácido peracético a 0,2% precisa de tempo de exposição de 5 a 10 minutos, é pouco tóxico, mas 
bastante irritante das vias aéreas. É corrosivo para metais (aço, bronze, latão, ferro galvanizado).
 Observação
Não faz sentido enxaguar o utensílio após a desinfecção química, pois 
a água de enxágue também possui uma carga microbiana própria. Além 
disso, o resíduo do produto ajuda a garantir a qualidade da operação. Por 
isso, é muito importante especificar corretamente o processo e o produto 
a serem utilizados. 
6.4 Esterilização
Esterilização é a destruição de todas as formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus. Da mesma 
forma que a desinfecção, esse processo pode ocorrer por meios físicos ou químicos.
Como já foi discutido, o resultado final de um processo de eliminação de microrganismos é 
proporcional à quantidade inicial de microrganismos, por isso é muito importante que se façam uma 
limpeza e uma desinfecção antes da esterilização.
 Observação
Os processos de limpeza e desinfecção são frequentemente ignorados 
por causa da falsa ideia de que a esterilização vai matar todos os organismos. 
Portanto, é importante salientar que por ser uma redução proporcional, o 
resultado nunca vai ser zero. 
6.4.1 Processos físicos de esterilização
O principal processo físico de esterilização também é relacionado com o binômio tempo versus 
temperatura, porém as condições de processo são mais severas.
O processo de esterilização mais conhecido é a produção do leite longa vida ou UHT. Nesse processo, 
o leite cru é centrifugado (limpeza mecânica), a temperatura é elevada até cerca de 80 °C e mantida 
durante alguns segundos (desinfecção), para depois ter sua temperatura elevada a cerca de 150 °C e 
mantida por alguns segundos (esterilização).
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Outro processo de esterilização bastante difundido é aquele que ocorre por meio de radiações. As 
mais usadas são a radiação gama, as micro‑ondas e a radiação ultravioleta.
A radiação gama, emitida pelo cobalto‑60 ou pelo césio‑137, é utilizada em materiais sensíveis 
ao calor, mas sua eficiência é condicionada à densidade do material, que irá determinar o grau de 
penetração da radiação.
Ela afeta diretamente alguns processos fisiológicos, eliminando microrganismos e inativando enzimas.
As micro‑ondas são ondas eletromagnéticas com frequência em torno de 2,5 GHz. Elas afetam 
diretamente a água, elevando sua temperatura.
A radiação ultravioleta, além de afetar diretamente os processos fisiológicos, também forma 
como resíduo o ozônio, uma substância que ataca a parede celular dos microrganismos. Porém, sua 
penetrabilidade é menor que a da radiação gama.
6.4.2 Processos químicos de esterilização
Existem duas formas de esterilização com produtos químicos: com produtos líquidos e com 
produtos gasosos.
A esterilização com produtos líquidos é feita por meio da imersão do utensílio num banho contendo 
o produto. Os esterilizantes mais utilizados nesse processo são o glutaraldeído a 2%, o ácido peracético 
a 0,2% e o peróxido de hidrogênio a 6%. São produtos semelhantes aos da desinfecção, mas o tempo 
de exposição é maior.
Essa imersão deve ser feita com extremo cuidado para que não fiquem bolhas de ar adsorvidas 
nas superfícies dos utensílios, já que essas bolhas não permitem o contato entre a superfície a ser 
esterilizada e o produto esterilizante. Por essa razão, não é recomendável utilizar‑se a esterilização por 
produtos líquidos. Esse problema não ocorre com o uso de produtos químicos gasosos.
O produto gasoso de esterilização mais comum, muito usado em hospitais, é o óxido de etileno (EtO). 
Ele é inflamável e carcinogênico, mas, se misturado com dióxido de carbono (8,5% de EtO e 91,5% de 
CO2), torna‑se seguro para trabalhar.
6.4.3 Monitoramento do processo de esterilização
O grande problema dos riscos biológicos é que não vemos os microrganismos. Por isso, é necessário 
que se façam testes para verificar se a esterilização foi eficiente de fato.
O teste mais seguro para garantir que o produto foi esterilizado é promover a cultura dos 
microrganismos, mas se trata de um procedimento que leva dias para apresentar algum resultado. Em 
um hospital onde se fazem milhares de esterilizações por mês, isso seria inviável.
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Para resolver a essa questão, fazem‑se avaliações práticas periódicas dos procedimentos e dos 
equipamentos, colocando‑se indicadores químicos ou biológicos da eficiência da esterilização.
Essas verificações são feitas nas seguintes situações:
• Na instalação e após a manutenção de equipamentos envolvidos no processo.
• Após qualquer modificação proposta no processo de esterilização.
• Periodicamente, para se estabelecer um histórico de confiabilidade do processo.
Por exemplo: um laboratório comprou uma autoclave úmida nova. Apesar de nova, não dá para 
garantir que o equipamento é eficiente, pois, se a distribuição de temperaturas no interior dele não for 
uniforme, alguma região do equipamento pode não ser esterilizada. Algo semelhante acontece no forno 
de um fogão doméstico: um lado do assado sempre queima mais que o outro.
No primeiro teste do equipamento, posiciona‑se o indicador na pior posição possível e inicia‑se o 
procedimento. Se ocorrer a esterilização, o equipamento está liberado para produção. Esse teste deverá 
ser repetido, por exemplo, a cada 12 horas.
Se, após alguns dias, o equipamento continuar eficiente, o tempo entre os testes pode ser estendido, 
já que o equipamento tem se mostrado confiável.
Como testes rápidos, podem ser utilizados:
• Tiras indicadoras – são tiras impregnadas com tinta termoquímica que muda de coloração 
quandoexposta à temperatura. São colocadas sobre todos os produtos a serem esterilizados.
• Teste Bowie e Dick – é um teste semelhante às tiras indicadoras que avalia remoção de ar, 
penetração do vapor, tempo e temperatura. Normalmente, é usado na primeira operação do dia.
• Indicadores biológicos – são culturas padronizadas de microrganismos comprovadamente 
resistentes a processos térmicos menos severos. Caso essa cultura sobreviva ao processo de 
esterilização, significa que este é falho.
6.5 Classificação dos artigos médico‑hospitalares
Dependendo da aplicação do utensílio, será exigido um nível de descontaminação. Na área da saúde, 
cada instrumento ou utensílio utilizado é um transmissor de infecções em potencial.
Os artigos médico‑hospitalares são classificados em:
• Artigos não críticos – são os que não entram em contato com pacientes ou que interagem 
apenas com a pele íntegra. Apesar de apresentarem baixo risco de transmissão de infecções, 
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podem servir de disseminação de microrganismos entre os pacientes. Por exemplo: comadres, 
jarros, bacias, aparelhos de pressão e termômetros.
• Artigos semicríticos – são os artigos que entram em contato com a membrana mucosa que 
reveste os órgãos internos, como tubo digestivo, intestino ou pulmões, ou com a pele não 
íntegra. A pele íntegra é impermeável a microrganismos, mas, se estiver rompida, permitirá 
o ingresso destes. Estão incluídos nessa categoria endoscópios, equipamentos de terapia 
respiratória etc.
• Artigos críticos – são aqueles que penetram em tecidos ou têm contato com o sangue, portanto, 
possuem alto risco de infecção. Por exemplo – agulhas hipodérmicas, instrumentos cirúrgicos, 
cateteres etc.
Note que entender e aplicar o critério de classificação é muito mais importante do que generalizar.
Dessa forma, uma comadre que venha a ser utilizada por um paciente com queimaduras na região dos 
glúteos, por exemplo, deve ser tratada como um artigo semicrítico e não como um artigo não crítico, 
como seria normalmente.
De acordo com a classificação do artigo médico‑hospitalar, o processo de descontaminação deve ser 
especificado da seguinte forma:
• Artigos não críticos devem receber apenas a limpeza.
• Artigos semicríticos devem receber a limpeza e, posteriormente, a desinfecção.
• Artigos críticos devem receber a limpeza, a desinfecção e, posteriormente, a esterilização.
 Observação
Existem diversos catálogos sobre instrumentação cirúrgica disponíveis 
na internet. Por meio deles, você pode se familiarizar com os nomes 
específicos de diversos artigos médico‑hospitalares. 
7 PGRRS
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2004), a saúde ambiental “se refere aos aspectos 
da saúde e qualidade de vida humana determinados por fatores ambientais, sejam físicos, químicos, 
biológicos ou sociais”.
Ainda destaca a teoria e a prática de avaliação, correção, controle e prevenção daqueles fatores que 
presentes no ambiente podem afetar potencialmente de forma adversa a saúde humana de gerações 
presentes e futuras.
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Atualmente, aproximadamente de 1 a 3% dos resíduos urbanos são provenientes de serviços de 
saúde, transformando estas instituições em grandes geradoras de resíduos infectantes.
O objetivo do gerenciamento de resíduos de saúde corresponde à atenção especial e aos cuidados 
com o ambiente no que se refere ao uso e descarte de materiais com resíduos biológicos, químicos e 
radioativos. Também deve estar direcionado para o processo de uso e de descarte de insumos ou de seus 
subprodutos, sendo de responsabilidade da instituição e do profissional que os manipula.
A Resolução Conama nº 005/1993 define resíduos sólidos como resíduos nos estados sólido e 
semissólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola 
e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de 
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem 
como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública 
de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face 
à melhor tecnologia disponível (BRASIL, 1993a).
No entanto, as normas e resoluções existentes classificam os resíduos sólidos em função dos riscos 
potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também em função da natureza e origem.
Com relação aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, a NBR 10.004/2004 classifica 
os resíduos sólidos em duas classes: classe I e classe II.
Os resíduos classe I, denominados perigosos, são aqueles que, em função de suas propriedades 
físicas, químicas ou biológicas, podem apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente. São caracterizados 
por possuírem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, 
toxicidade e patogenecidade.
Os resíduos classe II denominados não perigosos são subdivididos em duas classes: classe II‑A e 
classe II‑B.
• Os resíduos classe II‑A – não inertes podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, 
combustibilidade ou solubilidade em água.
• Os resíduos classe II‑B – inertes não apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados a 
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com exceção dos aspectos cor, 
turbidez, dureza e sabor.
Com relação à origem e à natureza, os resíduos sólidos são classificados em: domiciliar, comercial, 
varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, 
industriais, agrícolas e resíduos de construção civil.
Com relação à responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos, pode‑se dividi‑los em dois 
grandes grupos.
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O primeiro grupo refere‑se aos resíduos sólidos urbanos, compreendido pelos:
• Resíduos domésticos ou residenciais.
• Resíduos comerciais.
• Resíduos públicos.
O segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais, abrange:
• Resíduos industriais.
• Resíduos da construção civil.
• Rejeitos radioativos.
• Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários.
• Resíduos agrícolas.
• Resíduos de serviços de saúde.
Os resíduos provenientes da assistência à saúde são possíveis veículos de contaminação e 
de poluição do solo, ar e água. Estão incluídos no grupo que exige tratamento específico para a 
preservação do meio ambiente.
Assim, toda instituição deve ter o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde 
(PGRSS), garantindo a exposição mínima dos trabalhadores bem como de outras pessoas e do ambiente.
Os órgãos responsáveis pelas normas e regulamentações no manejo dos resíduos dos serviços de 
saúde são:
• Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
• ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
• Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Ainda, quando houver o manejo de resíduos químicos, também haverá a fiscalização da Cetesb – 
Companhia Elétrica de Tecnologia de Saneamento Ambiental.
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 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos a respeito do tema, leia na íntegra 
as seguintes normas da ABNT:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.809/93: dispõe 
sobre procedimentos de manuseio dos resíduos de serviços de saúde no ambiente 
interno. Rio de Janeiro, 1993. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria.
sc.gov.br/index.php/download/category/119‑saude‑ambiental?download 
=768:nbr‑n‑12‑809‑1997‑manuseio‑de‑residuos‑de‑servico‑de‑saude>. 
Acesso em: 20 dez. 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004/04:classifica os resíduos em perigosos e não perigosos. Rio de Janeiro, 
2004. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.
php/download/category/119‑saude‑ambiental?download=767:nbr‑n‑10 
‑004‑2004‑classificacao‑de‑residuos‑solidos>. Acesso em: 20 dez. 2016.
De acordo com a RDC Anvisa nº 306/04 e a Resolução Conama nº 358/2005, são definidos como 
geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive 
os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos 
para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento; 
serviços de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos 
de ensino e pesquisa na área da saúde; centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos 
farmacêuticos, importadores e distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in 
vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre 
outros similares.
Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção especial 
em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, 
tratamento e disposição final) em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por 
apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos.
Dentre os componentes químicos destacam‑se as substâncias ou preparados químicos – tóxicos, 
corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos sob pressão – gases, 
quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de laboratórios, mercúrio de 
termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados etc.
Dentre os componentes biológicos destacam‑se os que contêm agentes patogênicos que possam 
causar doença e dentre os componentes radioativos utilizados em procedimentos de diagnóstico e 
terapia, os que contêm materiais emissores de radiação ionizante.
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Unidade II
Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela definição das políticas 
públicas pelos resíduos de serviços saúde (Anvisa e Conama) esses resíduos representam um potencial 
de risco em duas situações:
• Para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o pessoal ligado à assistência 
médica ou médico‑veterinária, seja o pessoal ligado ao setor de limpeza e manutenção.
• Para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de qualquer tipo de resíduo, 
alterando as características do meio.
 Observação
O risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes 
que ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos 
materiais perfurocortantes sem utilização de proteção mecânica. 
A Resolução RDC 306/2004 (BRASIL, 2004), que dispõe sobre a obrigatoriedade do Plano de 
Gerenciamento de Resíduos em Serviços de Saúde, descreve que as ações de manejo dos resíduos sólidos 
deve conter ações de:
• Geração.
• Segregação.
• Acondicionamento.
• Coleta.
• Armazenamento.
• Transporte.
• Destino final.
O momento da geração é quando o profissional inicia um processo de trabalho que irá finalizar 
com um resíduo a ser descartado. Nesse momento o profissional já deve ter planejado ações para 
que a geração deste resíduo não cause nenhum impacto ou risco a sua saúde ou a do paciente ou 
dano ao ambiente.
No momento da segregação, a operação deve ser realizada a considerar a identificação e a separação 
dos resíduos no momento da geração. É necessário que o empregador garanta o uso de EPI adequado 
pelos profissionais. A segregação tem como principal objetivo evitar a mistura de resíduos incompatíveis.
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O acondicionamento é o momento de guarda dos resíduos em recipientes adequados de acordo 
com o seu tipo e suas características, logo após a sua manipulação e geração. Consiste no ato de 
embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações 
de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a 
geração diária de cada tipo de resíduo.
Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em sacos impermeáveis e resistentes à ruptura e ao 
vazamento, de acordo com a NBR 9191/2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Deve ser 
respeitado o limite de peso de cada saco, além de ser proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento. 
Devem ser sinalizados com símbolos internacional de risco.
RISCO INFECTANTE
RISCO INFECTANTE
Figura 64 
RISCO 
BIOLÓGICO
RISCO 
QUÍMICO
Figura 65 Figura 66 
Figura 67 
Após o acondicionamento, acontece a coleta interna, que se dá pelo recolhimento e transporte do 
local onde foi gerado o resíduo até o seu abrigo dentro da instituição de saúde. Deverá ser realizada a 
coleta de acordo com a necessidade da unidade, sendo, no mínimo, uma vez ao dia. O transporte até o 
local destinado ao armazenamento temporário até a sua retirada deverá acontecer de maneira segura, 
e com utilização adequada dos profissionais que fazem essa coleta e transporte.
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O armazenamento temporário dos resíduos deve ser feito em local específico e apropriado, pois visa 
a guarda dos recipientes com os resíduos já acondicionados. Deve ser um local em ambiente externo, 
exclusivo, e com acesso para os veículos coletores.
A coleta final é o transporte até a unidade de tratamento ou destinação final. Nesse momento, se 
devem utilizar técnicas de preservação da integridade física do pessoal designado para essa atividade, 
da população e do ambiente, e estar de acordo com as normas dos órgãos de limpeza urbana.
O tratamento final é o processo realizado dentro dos padrões de segurança que modifica as características 
físicas, químicas ou biológicas dos resíduos eliminando ou minimizando o risco associado a estes.
A destinação ou tratamento final de cada classe é a seguinte:
• Grupo A = risco biológico = incineração, autoclave, micro‑ondas, tratamento químico, radiação 
ionizante.
• Grupo B = risco químico = devolver ao fabricante.
• Grupo C = rejeitos radioativos = aterro sanitário industrial.
• Grupo D = resíduo comum = reciclagem ou aterro sanitário comum.
• Grupo E = perfurocortante = incineração.
A elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de saúde pressupõe as seguintes etapas:
• Definir os objetivos gerais.
• Construir a equipe de trabalho e designar as responsabilidades.
• Diagnosticar a situação atual.
• Elaboração de forma detalhada o PGRSS.
• Efetivar o PGRRS, garantindo uma adequada coordenação.
• Controlar e reavaliar periodicamente a implementação do PGRSS.
A realização de cada um desses passos requer a aprovação da direção do estabelecimento de saúde 
e exige a coordenação das atividades com os departamentos e setores envolvidos.
Os principais objetivos no estabelecimento da elaboração de um PGRSS são:
• Melhorar as medidas de segurança e higiene no trabalho.
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• Proteger a saúde e o meio ambiente.
• Cumprir a legislação vigente.
• Reduzir a quantidade e a periculosidade dos resíduos perigosos.
• Substituir os materiais perigosos, sempre que possível, por outros de menor periculosidade.
A equipe de trabalho a ser responsável pelo plano será composta de membros da CCIH e do SESMT, 
sendo suas atividades:
• Avaliar a eficiência do sistema de manejo.
• Reportar à direção médica as denúncias de irregularidade na gestão, recomendando as medidas 
corretivas.
• Sugerir osconteúdos da capacitação de pessoal e estabelecer programas de informação e 
comunicação dirigidos à população em geral.
A Resolução Conama 358/2005 (BRASIL, 2005), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final 
dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências, classifica os resíduos provenientes de 
serviços de saúde como:
• Grupo A = resíduos com possível presença de agentes biológicos.
• Grupo B = resíduos químicos.
• Grupo C = resíduos radioativos.
• Grupo D = resíduos comuns.
• Grupo E = resíduos perfurocortantes ou escarificantes.
O Anexo I desta resolução define cada grupo da seguinte maneira:
I – Grupo A – resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características 
de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.
A1
• Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto 
os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura 
e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de 
laboratórios de manipulação genética.
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• Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza 
de contaminação biológica por Agentes Classe de Risco 4, microrganismos com relevância 
epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne 
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.
• Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou 
por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta.
• Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e 
materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos 
corpóreos na forma livre.
A2
• Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a 
processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações, 
e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância 
epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo 
anatomopatológico ou confirmação diagnóstica.
A3
• Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com 
peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cm ou idade gestacional menor que 20 
semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente 
ou familiares.
A4
• Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
• Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento 
médico‑hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
• Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes 
de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e 
nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador 
de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de 
transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.
• Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de 
cirurgia plástica que gere esse tipo de resíduo.
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• Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue 
ou líquidos corpóreos na forma livre.
• Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos 
ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica.
• Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a 
processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações.
• Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós‑transfusão.
A5
• Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais 
resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação 
com príons.
II – Grupo B – resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública 
ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade 
e toxicidade.
• Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; 
digitálicos; imunomoduladores; antirretrovirais, quando descartados por serviços de saúde, 
farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos 
farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.
• Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes 
para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.
• Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).
• Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas.
• Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR‑10.004 da ABNT (tóxicos, 
corrosivos, inflamáveis e reativos).
III – Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos 
em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de 
Energia Nuclear‑CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
Enquadram‑se nesse grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino 
na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que 
contenham radionuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação.
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IV – Grupo D – resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao 
meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
• Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto 
alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de 
soro e outros similares não classificados como A1.
• Sobras de alimentos e do preparo de alimentos.
• Resto alimentar de refeitório.
• Resíduos provenientes das áreas administrativas.
• Resíduos de varrição, flores, podas e jardins.
• Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.
V – Grupo E – materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, 
escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; 
tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados 
no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
Além da destinação adequada, como já vimos de cada classe, no momento da segregação e 
acondicionamento devem ser consideradas as seguintes necessidades:
Grupo A – deve ser acondicionado em saco plástico branco leitoso, resistente e impermeável. Devem 
ainda possuir a identificação com o símbolo de substância infectante, sendo o desenho e seu contorno 
na cor preta e o fundo branco.
Grupo B – devem ser acondicionados em sua embalagem original, dentro de um recipiente 
inquebrável, envolvido por um saco, sendo este identificado com símbolo de risco associado e com 
discriminação de substância química e frases de risco.
Grupo C – devem ser acondicionados em recipientes blindados, identificados pelo símbolo 
internacional de presença de radiação ionizante em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, 
acrescido da expressão material radioativo.Grupo D – se os materiais forem de destinação para reciclagem, devem ser acondicionados em 
recipientes identificados usando código e cores, bem como suas nomeações, baseadas na Resolução 
Conama 275/2001, e símbolos de material reciclável. Os demais resíduos devem ser acondicionados em 
embalagens de coloração cinza ou preta.
Grupo E – devem ser acondicionados em recipientes rígidos preenchidos somente até 2/3 da sua 
capacidade. Devem ser identificados com símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo 
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branco e desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de resíduo perfurocortante, indicando o 
risco que apresenta o resíduo.
8 ERGONOMIA
8.1 Ergonomia
A expressão “análise ergonômica do trabalho” começou a ser utilizada após a publicação de uma 
nova versão de uma das normas que disciplinam as matérias de segurança e saúde do trabalhador no 
Brasil, a qual dizia textualmente que “cabe aos empregadores realizar a análise ergonômica do trabalho”. 
Trata‑se da Norma Regulamentadora de Ergonomia 17, ou NR‑17, do Ministério do Trabalho e Emprego 
(BRASIL, 1978e), que, em sua nova versão, ampliava o campo normativo da ergonomia.
Essa ampliação normativa da ergonomia muda a responsabilidade, que era restrita a conselhos sobre 
como levantar e carregar pesos, e passa a incluir mais quatro itens:
• O mobiliário de trabalho.
• Algumas condições dos ambientes de trabalho. 
• Os equipamentos (todos os equipamentos) de trabalho.
• A organização do trabalho, as regras e tempos de trabalho.
A NR‑17 – Ergonomia, de acordo com o seu texto:
[...] visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições 
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo 
a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao 
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos 
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria 
organização do trabalho.
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às 
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador 
realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no 
mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma 
Regulamentadora (BRASIL, 1978e).
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) deve ser uma análise feita em campo, baseada naquilo que 
é realizado pelos trabalhadores nas situações de trabalho.
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A AET tem como característica avaliar as situações de trabalho, privilegiando a relação entre as 
condições de execução do trabalho e as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores (GUERIN et al., 
2001 apud SIMONELLI et al., 2010).
A realização da análise ergonômica do trabalho deve levar em consideração que este é, por natureza, 
uma atividade social e econômica, assim, sua condição é indissociável da organização. Dessa maneira, 
essa análise deve contemplar três aspectos:
• A tarefa que define o trabalho a ser realizado, antecipando os resultados e determinando as 
condições para a sua execução.
• A atividade para a realização das tarefas com a utilização do corpo e da inteligência do homem.
• Os resultados efetivos dessa atividade.
Realizando a AET de maneira adequada é possível observar o trabalho real, compreendendo como o 
trabalhador utilizava suas habilidades intelectuais e cognitivas para entender o ambiente do processo 
de trabalho e assim realizar as ações para completar a tarefa.
Entretanto, essa prática de observação acaba sendo muito peculiar de cada observador, pois é 
subjetiva à determinação “do que” e “como” observar. Para que não aconteça nenhum ou o menor 
número possível de viés de observação, a definição de uma sistematização determinando quais serão os 
objetivos dessa análise poderá auxiliar na conclusão da AET. Segundo Simonelli et al. (2010), essa análise 
deve observar as seguintes categorias:
• As posturas físicas assumidas pelos funcionários para a realização das atividades.
• As ações e as tomadas de informações pelos funcionários durante a realização da atividade.
• Os deslocamentos dos funcionários para executar a atividade.
• O arranjo físico do ambiente.
• As dimensões dos postos de trabalho.
• As habilidades sensoriais (visual e auditiva), motoras e cognitivas necessárias à realização da atividade.
Segundo Zurimendi (1994 apud SIMONELLI et al. 2010, p. 70):
A ergonomia, na abordagem da AET, não estabelece diferença quanto ao 
trabalhador apresentar incapacidade ou não, pois seu pressuposto é de que a 
dinâmica das condições reais de execução do trabalho é a que define a forma 
específica da realização da atividade. Desta forma, a ergonomia situada pode 
contribuir para a compreensão e a avaliação das situações de inclusão no 
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trabalho, apontando soluções específicas para certos problemas, sejam esses 
de caráter fisiológico, patológico, transitório ou de diferentes dificuldades.
A AET garante a melhora das condições de trabalho através de seu objetivo principal, que é garantir o 
aumento da produtividade e a qualidade dos produtos. Com as modificações das condições de trabalho, o 
seu objetivo acaba se justificando em si mesmo, promovendo finalmente uma mudança real e duradoura 
dos comportamentos dos trabalhadores.
Os conceitos de ergonomia no Brasil começaram tardiamente em relação a outros países mais 
industrializados, apenas em 1960, sendo incialmente utilizados nas empresas de engenharia de produtos. 
Na década de 70, com um grande número de acidentes de trabalho em decorrência das condições de 
trabalho, ela passa a ser utilizada em todos os ramos industriais.
Em 1975, aconteceu o 1º Seminário Brasileiro de Ergonomia, sendo discutido o enfrentamento aos 
acidentes e às duras condições de trabalho na mineração do carvão e na siderurgia na Europa, e de que 
maneira essa experiência poderia contribuir para os problemas dos acidentes do trabalho presentes 
naquela época, que já buscava uma nova abordagem da análise do trabalho e de suas condições.
Foi a partir da década de 80 que começou o desenvolvimento real da AET, contribuindo adequadamente 
para os problemas de saúde associados ao trabalho. Nessa época, estava acontecendo uma epidemia de 
tenossinovites entre digitadores, e a metodologia da AET surgiu como uma estratégia adequada para 
avaliar as condições de trabalho, buscando por alternativas de melhoria daquele ambiente.
Com essa ação, houve um efeito muito positivo, a publicação de nova versão da Norma 
Regulamentadora 17 (NR‑17) no início dos anos de 1990, fundamentada nos princípios da AET e 
que, pela primeira vez, incorporava na legislação brasileira a questão da organização do trabalho 
(BRASIL, 2002).
Apenas a publicação da NR‑17 não foi suficiente para a melhoria dos ambientes de trabalho, mas 
serviu como instrumento para a apropriação da AET, principalmente em diversas instituições públicas – 
na saúde, no trabalho ou na justiça –, na academia e até em algumas empresas particulares. A prática 
de uma análise ergonômica que atendia aos requisitos qualitativos da norma serviu para fazer avançar a 
compreensão da ergonomia da atividade, e não apenas melhorar a condição para evitar punições fiscais 
por órgãos de fiscalização.
A ergonomia da atividade quando aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) apresenta como 
fundamentos teóricos e metodológicos programas que operacionalizam práticas assistencialistas que 
buscam compensar os desgastes vivenciados pelos trabalhadores nos ambientes corporativos.
A ergonomia tem por objetivo adaptar o trabalho ao ser humano, e considerando a abordagem da 
QVT, deveidentificar as causas mais profundas do mal‑estar no trabalho.
Sob a ótica das organizações, a QVT é um preceito de gestão organizacional que se expressa por 
um conjunto de normas, diretrizes e práticas no âmbito das condições, da organização e das relações 
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socioprofissionais de trabalho que visa à promoção do bem‑estar individual e coletivo, o desenvolvimento 
pessoal dos trabalhadores e o exercício da cidadania organizacional nos ambientes de trabalho.
Já sob a ótica dos trabalhadores, ela se expressa por meio das representações globais (contexto 
organizacional) e específicas (situações de trabalho) que estes constroem, indicando o predomínio de 
experiências de bem‑estar no trabalho, de reconhecimento institucional e coletivo, de possibilidade de 
crescimento profissional e de respeito às características individuais (FERREIRA, 2012).
A figura a seguir descreve como o modelo de Ergonomia da Atividade Aplicada à Qualidade de 
Vida no Trabalho (EAA‑QVT) identificam a necessidade de níveis analíticos, fatores estruturadores e 
métodos voltados para a avaliação da qualidade de vida, sendo caracterizada por uma necessidade de 
conhecimentos que explicam os mecanismos e os fatores que influenciam as condutas dos indivíduos 
em situação de risco ou não no trabalho.
Estratégias operatórias de mediação 
individual/coletiva
Eficaz
método. AETIneficaz
Mal‑estar no trabalho
(representações negativas) Coexistência
Físico / cognitivo / afetivo
Cultura organizacional
Contínuo de representações dos trabalhadores
Risco de adoecimento Qualidade de vida no trabalho (QVT)
Condições 
de trabalho
Organização
de trabalho
Relações 
socioprofissionais do 
trabalho
Reconhecimento 
e crescimento 
profissional
Elo trabalho e 
vida escolar
Bem‑estar no trabalho
(representações positivas)
Nível microergonômico
Custo humano do trabalho
Figura 68 – Modelo descritivo teórico‑metodológico da Ergonomia da Atividade 
Aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho (EAA‑QVT)
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No quadro a seguir são apresentados os fatores que representam o bem‑estar e o mal‑estar 
no trabalho. Eles podem levar o trabalhador a vivenciar sentimentos positivos, que serão fatores 
de promoção da saúde nas situações de trabalho e indicam a presença de qualidade de vida, e os 
sentimentos negativos, que podem ser um fator de risco para a saúde e segurança no ambiente de 
trabalho, indicando, desta maneira, a falta de qualidade de vida.
Quadro 3 – Fatores estruturantes das representações de bem‑estar e mal‑estar no trabalho
Condições do 
trabalho
Equipamentos arquitetônicos (piso, paredes, teto, portas, janelas, 
decoração, arranjos físicos, layouts); ambiente físico (espaços 
de trabalho, iluminação, temperatura, ventilação, acústica); 
instrumental (ferramentas, máquinas, aparelhos, dispositivos 
informacionais, documentação, postos de trabalho, mobiliário 
complementar); matéria‑prima (materiais, bases informacionais); 
suporte organizacional (informações, suprimentos, tecnologias, 
políticas de remuneração, de capacidade e de benefícios).
Organização do 
trabalho
Missão, objetivos e metas organizacionais (qualidade e 
quantidade, parametragens); divisão do trabalho (hierárquica, 
técnica, social); processo de trabalho (ciclo, etapas, ritmos, 
tipos de pressão); padrão de conduta (conhecimento, atitudes, 
habilidades previstas, higiene, trajes/vestimenta); trabalho 
prescrito (planejamento, tarefas, natureza e conteúdo das 
tarefas, regras formais e informais, procedimentos técnicos, 
prazos); tempo de trabalho (jornada, duração, turnos, pausas, 
férias, flexibilidade); gestão do trabalho (controles, supervisão, 
fiscalização, disciplina).
Relações 
socioprofissionais 
do trabalho
Relações hierárquicas (chefia imediata, chefia superiores); relações 
com os pares colegas de trabalho, membros de equipes); relações 
externas (cidadãos‑usuários dos serviços públicos, clientes e 
fornecedores de produtos e serviços privados, prestadores de 
serviços, auditores, fiscais).
Reconhecimento 
e crescimento 
profissional
Reconhecimento (do trabalho realizado, do empenho, da 
dedicação, da hierarquia [chefia imediata e superiores], da 
instituição, dos cidadãos‑usuários/clientes/consumidores, 
da sociedade); crescimento profissional (uso da criatividade, 
desenvolvimento de competências, capacitações, oportunidades, 
incentivos, equidade, carreira).
Elo trabalho e vida 
social
Sentido do trabalho (prazer, bem‑estar, valorização do tempo 
vivenciado na organização, sentimento de utilidade social, 
produtividade saudável); importância da instituição empregadora 
(significado pessoal, significado profissional, significado familiar, 
significado social); vida social (relação trabalho‑casa, relação 
trabalho‑família, relação trabalho‑amigos, relação trabalho‑lazer, 
relação trabalho‑sociedade).
Adaptado de: Ferreira (2015).
Já na figura a seguir é abordado um modelo de investigação da qualidade de vida, que tem como 
ponto de partida a demanda que levou àquela investigação. Tem destaque neste tipo de avalição a 
compreensão da causa dos indicadores positivos e negativos e de que maneira influenciam a qualidade 
de vida no ambiente de trabalho.
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Passo 4 Redação política
Passo 5 Formulação de 
Programa de Qualidade 
de Vida
Passo 3 
Diagnóstico 
microergonômico
Passo 2 
Diagnóstico 
microergonômico
Passo
Definição do público‑alvo
Definição: QVT, princípio, diretrizes
Recorte da situação‑problema com 
base nos resultados do diagnóstico
Aplicação do Inventário de 
Avaliação de Qualidade de Vida 
no Trabalho ‑ IA‑QVT
Formalização do programa
Divulgação do programa
Validação com o público‑alvo
Pré‑validação: gestores e equipe
Definição: projetos, ações, 
indicadores
Validação com o público‑alvo
Sensibilização dos participantes
Levantamento do perfil dos 
participantes e adaptação do 
IA‑QVT
Sensibilização do público‑alvo
Pré‑validação: gestores e equipe
Planejamento da coleta de dados
Tratamento dos dados 
quantativos e qualitativos
Etapa 2 ‑ Formulação 
de política de QVT
‑ Pactuação ética: contrato psicológico
‑ Alinhamento cognitivo de gestores e equipe
‑ Plano de ação e cronograma
Divulgação do programa 
Formalização do programa 
Tratamento
dos resultados
Elaboração de 
relatório
Elaboração de 
relatório
Análise
Validação
Validação
Grupo focal
Divulgação
Divulgação
Entrevistas
Observações
Medidas
Tratamento dos dados
Tratamento
dos resultados
Coleta de dados
Etapa 1 ‑ Diagnóstico da QVT?
Etapa 3 ‑ Formulação 
do programa de QVT
Demanda: como promover a QVT?
Figura 69 – Modelo metodológico em ergonomia aplicada à qualidade de vida no trabalho
 Observação
Dar uma definição para Qualidade de Vida no Trabalho sempre será um 
desafio, por se tratar de um conceito que é muito individual e particular. 
O conceito de qualidade de vida pode passar por várias áreas e de maneira 
diferente entre uma mesma classe de trabalhadores. Essa definição pode 
permear condições relacionadas a como os processos de trabalho são 
executados, e também de que maneira o trabalhador recebe pelo trabalho 
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BIOSSEGURANÇA E ERGONOMIA
executado. O importante é determinar quais são os fatores positivos e que 
causam bem‑estar ao trabalhador e fazer a manutenção destes, e identificar 
aqueles negativos para que possam ser corrigidos. 
8.2 Vigilância ocupacional
As ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador são um conjunto de atividades relacionadas ao 
binômio saúde‑trabalho, destinadas às ações de vigilância sanitária e epidemiológica, à promoção e 
à proteção da saúde dos

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