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Fundamentos da análise estrutural Ponte do Brooklyn. Inaugurada em 1883, a um custo de US$ 9 milhões, esta ponte foi proclamada a “oitava maravilha do mundo”. O vão central, que chega a mais de 40 metros de altura sobre o rio East, estende-se por aproximadamente 490 metros entre as torres. Projetada em parte por avaliação de engenharia e em parte por meio de cálculos, a ponte é capaz de suportar mais de três vezes a carga projetada original. As enormes torres de alvenaria são apoiadas em caixões pneumáticos de mais de 30 por 50 metros em planta. Em 1872, o coronel Washington A. Roebling, diretor do projeto, ficou paralítico devido a acidente de des- compressão, enquanto supervisionava a construção de um dos pilares submersos. Com invalidez perma- nente, dirigiu o restante do projeto na cama, com a ajuda de sua esposa e da equipe de engenharia. C A P Í T U L O Introdução 1.1 Visão geral do texto Como engenheiro ou arquiteto envolvido no projeto de prédios, pontes e outras estruturas, você será obrigado a tomar muitas decisões técnicas sobre sistemas estruturais. Essas decisões incluem: (1) sele- cionar uma forma estrutural eficiente, econômica e atraente; (2) avaliar sua segurança, ou seja, sua resistência e rigidez; e (3) planejar sua edificação sob cargas de construção temporárias. Para projetar uma estrutura, você vai aprender a pôr em prática uma análise estrutural que estabelece as forças internas e deslocamentos em todos os pontos, produzidos pelas cargas de projeto. Os projetistas determinam as forças internas nos membros importantes para dimen- sionar tanto os membros como as ligações entre eles. Além disso, avaliam os deslocamentos para garantir uma estrutura resistente — que não apresente deslocamento ou vibração excessivos sob carga de modo que sua função seja prejudicada. Análise de elementos estruturais básicos Durante os cursos anteriores de estática e resistência dos materiais, você desenvolveu alguma formação em análise estrutural, quando cal- culou as forças de barras em treliças e construiu diagramas de cisalha- mento e momento para vigas. Agora, você vai expandir sua base em análise estrutural aplicando, de maneira sistemática, uma variedade de técnicas para determinar as forças e deslocamentos de diversos ele- mentos estruturais básicos: vigas, treliças, pórticos, arcos e cabos. Esses elementos representam os componentes básicos utilizados para formar sistemas estruturais mais complexos. Além disso, à medida que você trabalhar nos problemas de análise e examinar a distribuição das forças em vários tipos de estruturas, entenderá mais como as estruturas são solicitadas e deformadas pelo carregamento. Gradualmente, você também desenvolverá uma percep- ção clara sobre qual configuração estrutural é a mais adequada para uma situação de projeto em particular. 1 4 Capítulo 1 Introdução À medida que você desenvolver uma percepção quase intuitiva sobre o comportamento de uma estrutura, também aprenderá a avaliar, com alguns cálculos simples, os valores aproximados das forças nas seções mais importantes da estrutura. Essa habilidade será muito útil para você, e permitirá (1) verificar a precisão dos resultados de uma análise feita por computador de estruturas grandes e complexas e (2) estimar as for- ças de projeto preliminares necessárias para dimensionar os componen- tes individuais de estruturas de vários membros, durante a fase inicial do projeto, quando a configuração experimental e as proporções da estrutura são estabelecidas. Analisando estruturas bidimensionais Conforme você pode ter observado ao assistir a construção de um prédio de andares múltiplos, a estrutura, quando está totalmente exposta, é um sistema tridimensional complexo, composto de vigas, colunas, lajes, paredes e contraventamentos. Embora a carga aplicada em um ponto específico de uma estrutura tridimensional solicite todos os membros adjacentes, normalmente a maior parte da carga é transmitida, por inter- médio de certos membros-chave, diretamente para outros membros de apoio ou para a fundação. Uma vez entendidos o comportamento e a função dos vários compo- nentes da maioria das estruturas tridimensionais, normalmente o proje- tista pode simplificar a análise da estrutura real, subdividindo-a em sub- sistemas bidimensionais menores que atuam como vigas, treliças ou pórticos. Esse procedimento também reduz significativamente a comple- xidade da análise, pois as estruturas bidimensionais são muito mais fáceis e rápidas de analisar do que as estruturas tridimensionais. Visto que, com poucas exceções (por exemplo, cúpulas geodésicas construídas com barras tubulares leves), os projetistas normalmente analisam uma série de estruturas bidimensionais simples — mesmo quando estão projetando as estruturas tri- dimensionais mais complexas —, dedicaremos uma grande parte deste livro à análise de estruturas bidimensionais ou planares, aquelas que transmitem as forças situadas no plano da estrutura. Uma vez que você entenda claramente os tópicos básicos abordados neste texto, terá aprendido as técnicas fundamentais necessárias para analisar a maioria dos prédios, pontes e sistemas estruturais normal- mente encontrados na prática profissional. Evidentemente, antes de projetar e analisar com segurança, serão necessários alguns meses de expe- riência em projetos reais em um escritório de engenharia para compreender melhor o processo de um projeto completo da perspectiva profissional. Para aqueles que pretendem se especializar em estruturas, o domínio dos assuntos deste livro fornecerá os princípios estruturais básicos necessários em cursos de análise mais avançados — que abordam, por exemplo, métodos matriciais ou placas e cascas. Além disso, como o projeto e a análise estão intimamente relacionados, você vai utilizar novamente muitos dos procedimentos analíticos deste texto em cursos mais especializados, em projetos com aço, concreto armado e pontes. 5Seção 1.2 O processo do projeto: relação da análise com o projeto 1.2 O processo do projeto: relação da análise com o projeto O projeto de qualquer estrutura — seja o arcabouço de um veículo espacial, um prédio alto, uma ponte pênsil, uma plataforma de perfuração de petróleo no mar, um túnel etc. — normalmente é executado em etapas alternadas de projeto e análise. Cada etapa fornece novas informações que permitem ao projetista passar para a fase seguinte. O processo conti- nua até que a análise indique que não é mais necessária nenhuma altera- ção no tamanho dos membros. As etapas específicas do procedimento estão descritas a seguir. Projeto conceitual Um projeto começa com a necessidade específica de um cliente. Um construtor, por exemplo, pode autorizar uma empresa de engenharia ou arquitetura a preparar planos de um complexo esportivo para abrigar um campo de futebol oficial, assim como lugares para 60 mil pessoas, esta- cionamento para 4 mil carros e espaço para as instalações básicas. Em outro caso, uma cidade pode contratar um engenheiro para projetar uma ponte sobre um rio de 600 metros de largura e suportar certo volume de tráfego por hora. O projetista começa considerando todas as disposições e sistemas estruturais que possam atender aos requisitos do projeto. Frequente- mente, os arquitetos e engenheiros consultam uma equipe nesse estágio, para estabelecer as disposições que proporcionam sistemas estruturais eficientes, além de satisfazer os requisitos arquitetônicos (funcionais e estéticos) do projeto. Em seguida, o projetista prepara esboços de natureza arquitetônica, mostrando os principais elementos estruturais de cada pro- jeto, embora nesse ponto os detalhes do sistema estrutural sejam geralmente incompletos. Projeto preliminar Na fase do projeto preliminar, o engenheiro seleciona vários sistemas estruturais do projeto conceitual que parecem ser mais promissores e dimensiona seus componentes principais. Esse dimensionamento prelimi- nar dos membrosestruturais exige um entendimento do comportamento estrutural e conhecimento das condições de carga (peso próprio, aciden- tal, vento e outras) que provavelmente afetarão o projeto. Nesse ponto, o projetista experiente pode fazer alguns cálculos aproximados para estimar as proporções de cada estrutura em suas seções críticas. Análise de projetos preliminares Neste estágio, as cargas precisas que a estrutura suportará não são conhe- cidas, pois o tamanho exato dos membros e os detalhes arquitetônicos do projeto não estão finalizados. Utilizando os valores estimados da carga, o engenheiro realiza uma análise dos diversos sistemas estruturais sob consi- 6 Capítulo 1 Introdução deração para determinar as forças nas seções críticas e os deslocamentos em qualquer ponto que influenciem a resistência da estrutura. O peso real dos membros não pode ser calculado até que a estrutura seja dimensionada exatamente, e certos detalhes arquitetônicos serão influenciados pela estrutura. Por exemplo, o tamanho e o peso do equi- pamento mecânico não podem ser determinados até que o volume da construção seja estabelecido, o qual, por sua vez, depende do sistema estrutural. Contudo, o projetista sabe da experiência passada com estru- turas semelhantes como estimar valores para a carga que sejam aproxi- mações razoáveis dos valores finais. Redefinição das estruturas Usando os resultados da análise dos projetos preliminares, o proje- tista recalcula as proporções dos principais elementos de todas as estru- turas. Embora cada análise tenha sido baseada em valores de carga esti- mados, as forças estabelecidas neste estágio provavelmente são indicativas do que uma estrutura em particular deve suportar; portanto, é improvável que as proporções mudem significativamente, mesmo depois que os deta- lhes do projeto final forem estabelecidos. Avaliação de projetos preliminares Em seguida, os diversos projetos preliminares são comparados com relação ao custo, disponibilidade de materiais, aparência, manutenção, tempo de construção e outras considerações pertinentes. A estrutura que melhor atende aos critérios estabelecidos pelo cliente é escolhida para um maior refinamento na fase de projeto final. Fases finais de projeto e análise Na fase final, o engenheiro faz pequenos ajustes na estrutura esco- lhida para melhorar sua economia ou aparência. Agora o projetista avalia cuidadosamente os pesos próprios e considera as posições específicas da carga acidental que maximizarão as tensões nas seções críticas. Como parte da análise final, a resistência e a rigidez da estrutura são avaliadas para todas as cargas significativas e combinações de carga permanente e acidental, incluindo vento, neve, terremoto, mudança de temperatura e recalques. Se os resultados do projeto final confirmarem que as propor- ções da estrutura são adequadas para suportar as forças primitivas, o projeto estará terminado. Por outro lado, se o projeto final revelar certas deficiências (por exemplo, certos membros são solicitados demais, a estrutura é incapaz de resistir eficientemente às cargas de vento laterais, membros são excessivamente flexíveis ou os custos estão acima do orça- mento), o projetista terá de modificar a configuração da estrutura ou considerar um sistema estrutural alternativo. Aço, concreto armado, madeira e metais, como o alumínio, são todos analisados da mesma maneira. As diferentes propriedades dos materiais são levadas em consideração durante o processo de projeto. Quando os membros são dimensionados, os projetistas consultam nor- 7Seção 1.3 Resistência e utilidade mas técnicas de projeto, as quais levam em conta as propriedades espe- ciais de cada material. Este texto se preocupa principalmente com a análise das estruturas, conforme detalhado anteriormente. Na maioria dos cursos de engenharia, o projeto é estudado em outras disciplinas; contudo, como os dois assun- tos são tão intimamente relacionados, abordaremos necessariamente alguns problemas de projeto. 1.3 Resistência e utilidade O projetista deve dimensionar as estruturas de modo que não apre- sentem falhas nem deformem excessivamente sob quaisquer condições de carregamento. Os membros são sempre projetados com uma capaci- dade significativamente maior do que a exigida para suportar as cargas de serviço previstas (as cargas reais ou as cargas especificadas pelas normas técnicas de projeto). Essa capacidade adicional também deter- mina um fator de segurança contra uma sobrecarga acidental. Além disso, limitando o nível de solicitação, o projetista fornece indireta- mente algum controle sobre as deformações da estrutura. A tensão máxima permitida em um membro é determinada pela resistência à tra- ção ou compressão do material ou, no caso de membros de compressão delgados, pela tensão sob a qual um membro (ou um componente de um membro) flamba. Embora as estruturas precisem ser projetadas com um fator de segu- rança adequado para reduzir a probabilidade de falha a um nível aceitável, o engenheiro também precisa garantir que a estrutura tenha rigidez sufi- ciente para funcionar de forma adequada sob todas as condições de carre- gamento. Por exemplo, as vigas de piso não devem se deslocar excessiva- mente ou vibrar sob carga acidental. Deslocamentos muito grandes das vigas podem produzir rachadura de paredes de alvenaria e tetos de arga- massa ou danificar equipamento que venha a ficar desalinhado. Os pré- dios altos não devem balançar demasiadamente sob cargas de vento (senão o prédio poderá causar náusea nos moradores dos andares superio- res). Os movimentos excessivos não apenas incomodam os moradores, que ficam preocupados com a segurança da estrutura, mas também podem levar à rachadura das paredes de vedação e janelas exteriores. A Foto 1.1 mostra um moderno prédio de escritórios cuja fachada foi construída com grandes painéis de vidro do chão ao teto. Logo depois de construído o edifício, cargas de vento maiores do que as previstas fizeram muitos pai- néis rachar e cair, com perigo evidente para os transeuntes. Após uma investigação completa e mais testes, todos os painéis originais foram removidos. Para corrigir as deficiências do projeto, a estrutura do prédio foi reforçada, e a fachada reconstruída com painéis de vidro temperado mais grosso. As áreas escuras na Foto 1.1 mostram os painéis de compen- sado utilizados temporariamente para envolver o prédio durante o período em que os painéis originais foram removidos e substituídos pelos de vidro temperado mais durável. Foto 1.1: Danos causados pelo vento. Logo depois que as janelas de vidro térmico foram colo- cadas neste edifício de escritórios, começaram a cair e dispersar, espalhando vidro quebrado sobre os transeuntes. Antes que o prédio pudesse ser ocupado, a estrutura teve de ser reforçada e todos os painéis de vidro originais precisaram ser substituídos por vidro temperado mais grosso — procedimentos dispendiosos que atrasaram a inauguração do prédio por vários anos. 8 Capítulo 1 Introdução 1.4 Desenvolvimento histórico dos sistemas estruturais Para mostrar uma perspectiva histórica da engenharia de estruturas, apresentaremos brevemente a evolução dos sistemas estruturais, desde os projetos de tentativa e erro usados pelos egípcios e gregos antigos até as configurações altamente sofisticadas empregadas atualmente. A evolução das formas estruturais está intimamente relacionada com os materiais disponíveis, o estado da tecnologia da construção, o conhecimento do projetista sobre o comportamento estrutural (e, muito depois, a análise) e a habilidade dos trabalhadores de construção. Para suas notáveis façanhas de engenharia, os antigos construtores egíp- cios usaram pedras retiradas de pedreiras ao longo do Nilo para construir templos e pirâmides. Como a resistência à tração da pedra, um material frágil, é baixa e altamente variável (devido a uma profusão de rachaduras e vazios internos), os vãos das vigas nos templosprecisavam ser curtos (ver Figura 1.1) para evitar falhas por flexão. Como esse sistema de coluna e verga — vigas de rocha maciça distribuídas igualmente sobre colunas de pedra relativamente grossas — possuía capacidade limitada para cargas horizontais ou verticais excêntricas, as construções tinham de ser relativa- mente baixas. Para dar estabilidade, as colunas precisavam ser grossas — uma coluna delgada cai mais facilmente do que uma grossa. Os gregos, muito interessados em refinar a aparência estética da coluna de pedra, usaram o mesmo tipo de construção com coluna e verga no Parthenon (cerca de 400 a.C.), templo considerado um dos exemplos mais elegantes de construção em pedra de todos os tempos (Figura 1.2). Até o início do século XX, muito tempo depois de a construção com coluna e verga ter sido superada pelos pórticos de aço e concreto armado, os arquitetos continuavam a impor a fachada do clássico templo grego na entrada dos prédios públicos. A tradição clássica dos gregos antigos exer- ceu influência por vários séculos depois do declínio de sua civilização. Construtores talentosos, os engenheiros romanos fizeram uso amplo do arco, frequentemente empregando-o em vários níveis em anfiteatros, aquedutos e pontes (Foto 1.2). A forma curva do arco possibilita um afastamento das linhas retangulares e permite vãos livres muito mais longos do que na construção com coluna e verga de alvenaria. A estabi- lidade do arco de alvenaria exige (1) que sua seção transversal inteira seja solicitada em compressão sob todas as combinações de carga e (2) que os encontros ou blocos de base tenham resistência suficiente para absorver o grande empuxo na base do arco. Os romanos também desen- volveram (em grande parte por tentativa e erro) um método para confi- nar um espaço interior com uma cúpula de alvenaria, que pode ser observada no Panteão ainda existente em Roma. Durante o período gótico das grandes construções de catedrais (Char- tres, Notre Dame), o arco foi refinado pelo corte de material excedente, e seu formato tornou-se bem mais alongado. O teto abobadado, uma forma tridimensional do arco, também apareceu na construção de catedrais. Elementos de alvenaria em arco, chamados arcobotantes, foram usados junto com pilares (grossas colunas de alvenaria) ou paredes para transmi- tir o empuxo dos tetos abobadados para o chão (Figura 1.3). A engenharia Figura 1.1: Antiga construção de coluna e verga encontrada em um templo egípcio. Figura 1.2: Frente do Parthenon, com colunas afuniladas e estriadas para decoração. 9 treliça do teto arcobotante abóbada de pedra clerestório coluna de pedra maciça nave lateralnave centralnave lateral pilar de alvenaria Foto 1.2: Os romanos foram os pioneiros no uso de arcos para pontes, prédios e aquedutos. Pont du Gard. Aqueduto romano construído em 19 a.C. para transportar água pelo vale do Gardon até Nimes. Os vãos dos arcos de primeiro e segundo níveis são de aproximadamente 16 a 24 metros. (Próximo a Remoulins, França.) Figura 1.3: Corte transversal simplificado mos- trando os principais elementos estruturais da cons- trução gótica. Arcos de alvenaria exteriores, cha- mados de arcobotantes, eram utilizados para estabilizar a abóbada de pedra sobre a nave central. O empuxo da abóbada é transmitido por meio dos arcobotantes para robustos pilares de alvenaria no exterior da construção. Normalmente, os pilares se alargam em direção à base da construção. Para que a estrutura seja estável, a alvenaria precisa ser solicitada em compressão por toda parte. As setas mostram o fluxo das forças. 10 Capítulo 1 Introdução desse período era extremamente empírica, baseada no que os pedreiros mestres aprendiam e passavam para os seus aprendizes; essas habilidades eram passadas de geração em geração. Embora catedrais e palácios suntuosos tenham sido construídos durante muitos séculos na Europa por mestres construtores, não ocorreu nenhuma mudança significativa na tecnologia da construção até a produção do ferro fundido em quantidades comerciais, em meados do século XVIII. A intro- dução do ferro fundido possibilitou aos engenheiros desenhar prédios com vigas delgadas, porém fortes, e colunas com seções transversais compactas, permitindo o projeto de estruturas mais leves, com vãos livres mais longos e áreas de iluminação maiores. As paredes resistentes e maciças exigidas para a construção de alvenaria não eram mais necessárias. Posteriormente, o aço com alta resistência à tração e à compressão permitiu a construção de estru- turas mais altas e, finalmente, levou aos arranha-céus atuais. No final do século XIX, o engenheiro francês Eiffel construiu muitas pontes de aço de vãos longos, além de sua inovadora Torre Eiffel, o marco internacionalmente conhecido de Paris (Foto 1.3). Com o desenvolvi- mento dos cabos de aço de alta resistência, os engenheiros foram capazes de construir pontes pênseis de vãos longos. A ponte Verrazano-Narrows, na entrada do porto de Nova York — uma das mais longas do mundo —, tem vão de quase 1 300 metros entre as torres. A adição de reforço de aço no concreto permitiu aos engenheiros transformar concreto simples (um material frágil como a pedra) em mem- bros estruturais resistentes e maleáveis. O concreto armado assume a forma dos moldes temporários em que é derramado e possibilita a cons- trução de uma grande variedade de configurações. Como as estruturas de concreto armado são monolíticas, significando que agem como unidade contínua, elas são estaticamente indeterminadas. Até que métodos aprimorados de análise estaticamente indeterminada permitissem aos projetistas prever as forças internas na construção de concreto armado, o projeto permaneceu semiempírico; isto é, cálculos simplificados eram baseados no comportamento observado e em testes, assim como nos princípios da mecânica. Com a introdução, no início dos anos 1920, do método da distribuição de momentos por Hardy Cross, os engenheiros conseguiram uma técnica relativamente simples para analisar estruturas contínuas. À medida que os projetistas se tornaram familiariza- dos com a distribuição de momentos, puderam analisar pórticos estatica- mente indeterminados, e o uso do concreto armado como material de construção aumentou rapidamente. A introdução da soldagem no final do século XIX facilitou a ligação de membros de aço — eliminou as placas pesadas e as cantoneiras exigi- das pelos métodos de rebitagem anteriores — e simplificou a construção de pórticos de aço de nós rígidos. Nos últimos anos, o computador e a pesquisa da ciência dos mate- riais produziram grandes alterações na capacidade dos engenheiros de construir estruturas para fins específicos, como os veículos espaciais. A introdução do computador e o subsequente desenvolvimento das matri- zes de rigidez para vigas, placas e elementos de casca permitiram aos projetistas analisar muitas estruturas complexas rápida e precisamente. Estruturas que até os anos 1950 exigiam das equipes de engenheiros Foto 1.3: A Torre Eiffel, construída em ferro forjado, em 1889, domina a linha do horizonte de Paris nesta fotografia antiga. Precursora da edifi- cação moderna com estrutura de aço, a torre se eleva a uma altura de 300 m a partir de uma base quadrada de 100,6 m. A base larga e o eixo afuni- lado apresentam uma eficiente forma estrutural para resistir às grandes forças de tombamento do vento. No topo da torre, onde as forças do vento são maiores, a largura da construção é menor. 11 Seção 1.5 Elementos estruturais básicos meses para a análise, agora podem ser avaliadas com mais precisão em questão de minutos, por um único projetista usando um computador. 1.5 Elementos estruturais básicos Todos os sistemas estruturais são compostos de vários elementos estruturais básicos — vigas, colunas, tirantes, treliças e outros. Nesta seção, descreveremos as principais características desses elementos bási- cos para que você aprenda como utilizá-losmais eficientemente. Tirantes, cabos de suspensão — barras axialmente carregadas em tração Como todas as seções transversais das barras axialmente carregadas são tracionadas de modo uniforme, o material é usado com máxima eficiência. A capacidade de tensionar membros é uma função direta da resistência à tração do material. Quando as barras são construídas de materiais com alta resistência, como as ligas de aço, até as barras de seções transversais peque- nas têm capacidade de suportar cargas grandes (ver Figura 1.4). Como característica negativa, as barras de seções transversais pequenas são muito flexíveis e tendem a vibrar facilmente sob cargas móveis. Para reduzir essa tendência à vibração, a maioria das normas técnicas de constru- ção determina que certos tipos de barras tracionadas devem ter uma quanti- dade mínima de rigidez à flexão, impondo um limite superior em seu índice de esbeltez l/r, em que l é o comprimento da barra e r é o raio de giração. Por definição, r 2I A, em que I é o momento de inércia e A é a área da seção transversal. Se a direção da carga inverte repentinamente (uma condi- ção produzida pelo vento ou por um terremoto), uma barra tracionada esbelta flambará, antes que possa oferecer qualquer resistência à carga. Colunas — barras axialmente carregadas em compressão As colunas também transmitem carga em compressão direta muito eficientemente. A capacidade de uma barra em compressão é uma função de seu índice de esbeltez l/r. Se l/r é grande, a barra é esbelta e falhará por flambagem, quando as tensões forem baixas — frequentemente sem muito aviso. Se l/r é pequeno, o membro é compacto. Como os membros compactos falham por excesso de carregamento — por esmagamento ou escoamento —, sua capacidade para carga axial é alta. A capacidade de uma coluna esbelta também depende da contenção fornecida em suas extremidades. Por exemplo, uma coluna esbelta em balanço — engas- tada em uma extremidade e livre na outra — suportará uma carga equiva- lente a um quarto daquela suportada por uma coluna idêntica com as duas extremidades articuladas (Figura 1.5b e c). Na verdade, colunas suportando carga axial pura só ocorrem em situações idealizadas. Na prática, a ligeira curvatura inicial das colunas ou uma excen- tricidade da carga aplicada cria momentos de flexão que devem ser levados em conta pelo projetista. Além disso, em estruturas em concreto armado ou elementos soldados, nas quais as vigas e colunas são conectadas por ligações tirantes TT W F F (a) (b) (c) (d) Pc P M 4Pc Figura 1.4: Tanque de armazenamento químico apoiado por tirantes tracionados suportando a força T. Figura 1.5: (a) Coluna carregada axialmente; (b) coluna em balanço com carga de flambagem Pc; (c) coluna biarticulada com carga de flambagem 4Pc; (d) viga-coluna. 12 Capítulo 1 Introdução rígidas, as colunas transmitem carga axial e momento fletor. Esses membros são chamados de vigas-colunas (veja a Figura 1.5d). Vigas — cisalhamento e momento de flexão criados por cargas As vigas são membros delgados carregados perpendicularmente ao seu eixo longitudinal (ver Figura 1.6a). Quando a carga é aplicada, a viga se deforma em uma curva suave. Em uma seção típica de uma viga, desenvolvem-se forças internas de cisalhamento V e momento fletor M (Figura 1.6b). A não ser em vigas curtas e extremamente carregadas, as tensões de cisalhamento τ produzidas por V são relativamente pequenas, mas as tensões normais de flexão longitudinais produzidas por M são grandes. Se a viga tem comportamento elástico, as tensões normais de flexão em uma seção transversal (compressão na parte superior e tração na parte inferior) variam linearmente a partir de um eixo horizontal, pas- sando pelo centroide da seção transversal. As tensões de flexão são dire- tamente proporcionais ao momento fletor e variam em amplitude ao longo do eixo da viga. As vigas rasas (delgadas) são relativamente ineficientes na transmissão da carga, pois o braço entre as forças C e T que constitui o momento interno é pequeno. Para aumentar o tamanho do braço, frequentemente é removido material do centro da seção transversal e concentrado nas superfícies supe- rior e inferior, produzindo uma seção em forma de I (Figura 1.6c e d). Treliças planas — todos os membros axialmente carregados Treliça é um elemento estrutural composto de barras delgadas cujas extremidades são supostamente conectadas por articulações sem atrito. Se treliças de nós articulados são carregadas apenas nos nós, desenvolve-se um carregamento axial em todas as barras. Assim, o material é usado com máxima eficiência. Normalmente, as barras da treliça são montadas em padrão triangular — a configuração geométrica estável mais simples (Figura 1.7a). No século XIX, geralmente as treliças recebiam seus nomes como homenagem aos projetistas que estabeleciam uma configu- ração específica de barras (ver Figura 1.7b). O comportamento de uma treliça é semelhante ao de uma viga, pois a alma sólida (que transmite o cisalhamento) é substituída por uma série de barras verticais e diagonais. Eliminando a alma sólida, o projetista mesa (c) alma mesa (d) alma de compensado (a) P RA RB (b) braço de alavanca T CMV par internotensões normais de flexão t c mesa (c) alma (a) RA RB (b) braço de alavanca T CMV RA par internotensões normais de flexão t c mesa (c) alma mesa (d) alma de compensado RB braço de alavanca par interno Figura 1.6: (a) A viga deforma em uma curva suave; (b) forças internas (cisalhamento V e momento fletor M); (c) seção de aço em forma de I; (d) viga I de madeira laminada colada. 13Seção 1.5 Elementos estruturais básicos pode reduzir significativamente o próprio peso da treliça. Como as tre- liças são muito mais leves do que as vigas de mesma capacidade, são mais fáceis de erigir. Embora a maioria das ligações de treliça seja for- mada pela soldagem ou pelo aparafusamento das extremidades das barras em uma placa de conexão (ou ligação) (Figura 1.8a), uma análise da treliça baseada na suposição de ligações articuladas produz um resul- tado aceitável. Embora as treliças sejam muito rígidas em seu plano específico, são muito flexíveis quando carregadas perpendicularmente a esse plano. Por isso, as cordas de compressão das treliças devem ser estabilizadas e ali- nhadas por meio de contraventamento cruzado (Figura 1.8b). Por exem- plo, nos prédios, os sistemas de teto ou piso ligados aos nós da corda superior servem como apoios laterais para evitar a flambagem lateral desse membro. Figura 1.7: (a) Montagem de elementos triangu- lares para formar uma treliça; (b) dois tipos comuns de treliça com nomes dados em homena- gem ao projetista original. painel corda inferior corda superior diagonal montante (a) treliça Pratt treliça Warren (b) 14 Capítulo 1 Introdução Arcos — membros curvos fortemente solicitados em compressão direta Normalmente, os arcos são solicitados em compressão sob seu peso próprio. Devido ao uso eficiente do material, os arcos têm sido construí- dos com vãos de mais de 600 metros. Para estar em compressão pura, um estado de tensão eficiente, o arco deve ser projetado de modo que a resul- tante das forças internas de cada seção passe pelo centroide. Para deter- minado vão e elevação, existe somente uma forma de arco na qual a solicitação direta ocorrerá para um sistema de forças em particular. Para outras condições de carga, desenvolvem-se momentos fletores que podem produzir grandes deslocamentos em arcos delgados. A escolha da forma de arco apropriada por parte dos antigos construtores nos períodos romano e gótico representou um entendimento bastante sofisticado do comportamento estrutural. (Como os registros históricos relatam muitas falhas de arcos de alvenaria, obviamente nem todos os construtores enten- deram a ação do arco.) Como a base do arco cruza os apoios extremos (chamados de encontros ou pegões)em um ângulo agudo, a força interna nesse ponto exerce um empuxo horizontal, assim como vertical, sobre os encon- tros. Quando os vãos são grandes, as cargas são pesadas e a inclinação Figura 1.8: (a) Detalhe da ligação aparafusada; (b) ponte de treliça mostrando o contraventa- mento cruzado necessário para estabilizar as duas treliças principais. (a) (b) corda inferior treliça treliça contraventamento do portal diagonal da treliça longarina contraventamento cruzado da corda superior, todos os painéis contraventamento cruzado da corda inferior, todos os painéis transversinas balancim chapa de piso assentada em longarinas não mostradas (a) (b) corda inferior treliça treliça entamento longarina contraventamento cruzado da corda superior, todos os painéis contraventamento cruzado da corda inferior, todos os painéis transversinas chapa de piso assentada em longarinas não mostradas barras da treliça chapa de ligação 15Seção 1.5 Elementos estruturais básicos do arco é rasa, o componente horizontal do empuxo é grande. A não ser que existam paredes de rocha naturais para absorver o empuxo horizontal (Figura 1.9a), devem ser construídos encontros maciços (Figura 1.9b) ou as extremidades do arco devem ser interligadas por um tirante (Figura 1.9c) ou o encontro deve ser apoiado em estacas (Figura 1.9d). Cabos — membros flexíveis solicitados em tração por cargas transversais Os cabos são membros relativamente delgados e flexíveis, compostos por um grupo de fios de aço de alta resistência trançados mecanicamente. Trefilando barras de liga de aço por meio de moldes — processo que alinha as moléculas do metal —, os fabricantes são capazes de produzir fios com resistência à tração que chega a 1,86 GPa. Como os cabos não têm nenhuma rigidez à flexão, só podem transmitir força de tração direta (obviamente, eles se deformariam sob menor força compressiva). Devido à sua alta resistência à tração e maneira eficiente de transmitir carga (por tração direta), as estruturas a cabo têm força para suportar as grandes cargas de estruturas de vão longo com mais economia do que a maioria dos outros elementos estruturais. Por exemplo, quando as distâncias dos vãos ultrapassam 600 metros, os projetistas normalmente escolhem pon- tes pênseis ou estaiadas (ver Foto 1.4). Os cabos podem ser usados para construir tetos, assim como torres estaiadas. Sob o próprio peso (uma carga uniforme atuando ao longo do arco do cabo), o cabo assume a forma de catenária (Figura 1.10a). Se o cabo suportar uma carga distribuída uniformemente sobre a projeção hori- zontal de seu vão, assumirá a forma de parábola (Figura 1.10b). Quando a flecha (a distância vertical entre a corda do cabo e o cabo na metade do vão) é pequena (Figura 1.10a), o formato do cabo produzido pelo próprio peso pode ser bem próximo de uma parábola. encontro encontro tirante pista (b) (a) rocha rocha T T arco H H estaca inclinada estaca inclinada (d ) (c) R R Figura 1.9: (a) Um arco com extremidades fixas suporta a pista sobre um desfiladeiro onde pare- des de rocha fornecem um apoio natural para o empuxo do arco T; (b) encontros grandes destina- dos a suportar o empuxo do arco; (c) tirante adi- cionado na base para suportar o empuxo horizon- tal; fundações projetadas apenas para reação vertical R; (d) fundação colocada sobre estacas; estacas inclinadas usadas para transferir o com- ponente horizontal do empuxo para o chão. Figura 1.10: (a) Cabo na forma de catenária sob o próprio peso; (b) cabo parabólico produzido por uma carga uniforme; (c) diagrama de corpo livre de uma seção de cabo suportando uma carga ver- tical uniforme; o equilíbrio na direção horizontal mostra que a componente de tração horizontal H no cabo é constante. V2 T2 2 L/2 (a) (b) w L/2 corda do cabo flecha TT parábola V1 H V2 T2 T1 H 1 2 L/2 (a) (b) w (c) w L/2 corda do cabo flecha TT parábola 16 Foto 1.4: (a) Ponte Golden Gate (Baía de São Francisco). Inaugurada em 1937, o vão principal de mais de 1 280 metros era o mais longo daquela época e manteve esse título por 29 anos. O projetista principal foi Joseph Strauss, que anteriormente colaborou com Ammann na ponte George Washington, em Nova York; (b) ponte do rio Rhine, em Flehe, próximo a Dusseldorf, Alemanha. Projeto de torre única. A linha única de cabos é ligada ao centro do piso da ponte e existem três faixas de rolamento em cada lado. Essa disposição depende da rigidez à torção da estrutura do piso da ponte para obter uma esta- bilidade global. (a) (b) 17Seção 1.5 Elementos estruturais básicos Devido à falta de rigidez à flexão, os cabos passam por grandes alterações na forma, quando cargas concentradas são aplicadas. A falta de rigidez à flexão também torna muito fácil pequenas forças perturbadoras (por exemplo, o vento) causarem oscilações (tremor) em tetos e pontes apoiados por cabos. Para utilizar eficientemente cabos como membros estruturais, os engenheiros inventaram diversas técnicas para minimizar as deformações e vibrações produzidas por sobrecarga. As técnicas para enrijecer cabos incluem (1) pré-tensiona- mento, (2) uso de cabos ancorados; e (3) adição de peso próprio extra (ver Figura 1.11). Como parte dos sistemas de cabo, devem ser projetados apoios para absorver as reações das extremidades do cabo. Onde existe rocha sólida disponível, os cabos podem ser ancorados de forma econômica, cimen- tando a ancoragem na rocha (ver Figura 1.12). Se não houver rocha dis- ponível, devem ser construídas fundações pesadas para ancorar os cabos. No caso de pontes pênseis, são necessárias torres grandes para suportar o cabo, do mesmo modo que um poste suporta um varal de roupas. cabos tracionados pilares blocos de concreto fundação torre cabos ancorados T T T T fixações (a) (b) (c) T T T T cabo teto apoiado Figura 1.11: Técnicas para enrijecer cabos: (a) torre estaiada com cabos pré-tensionados com apro- ximadamente 50% de sua resistência à tração máxima; (b) rede de cabos tridimensional; cabos ancorados estabilizam os cabos inclinados para cima; (c) teto em cabo coberto por blocos de con- creto para manter o cabo tracionado a fim de eliminar as vibrações. Cabos apoiados por pila- res maciços (colunas) em cada extremidade. T fixação barra com olhal cabo argamassa especial (grout) rocha Figura 1.12: Detalhe de uma ancoragem de cabo na rocha. 18 Capítulo 1 Introdução Pórticos rígidos — solicitados por carga axial e momento Exemplos de pórticos rígidos (estruturas com nós rígidos) aparecem na Figura 1.13a e b. As barras de um pórtico rígido, que normalmente suportam carga axial e momento, são chamadas de vigas-pilares. Para que uma ligação seja rígida, o ângulo entre as barras vinculadas a essa ligação não deve mudar quando carregado. Em estruturas de concreto armado, as ligações rígidas são simples de construir, devido à natureza monolítica do concreto vertido. Contudo, as ligações rígidas fabricadas com vigas de aço com mesas (Figura 1.6c) geralmente exigem enrijecedores para trans- ferir as forças intensas nas mesas entre as barras que compõem a ligação (ver Figura 1.13c). Embora as ligações possam ser formadas por rebita- gem ou aparafusamento, a soldagem simplifica muito a fabricação de ligações rígidas em pórticos de aço. Placas ou lajes — carga transmitida por flexão As placas são elementos planares cuja profundidade (ou espessura) é pequena, comparada ao comprimento e à largura. Normalmente, elas são usadas como pisos em prédios e pontes ou como paredes de tanques de armazenamento. O comportamento de uma placa depende da posição dos apoios ao longo das bordas. Se placas retangulares são apoiadas em bordas opostas, elas se flexionam em curvatura única (ver Figura 1.14a). Se os apoios são contínuos em torno das bordas, ocorre flexão de curvatura dupla. Como as chapas são flexíveis, por causa da pequena espessura,a dis- tância que podem vencer sem se deformar excessivamente é relativamente pequena. (Por exemplo, as lajes de concreto armado podem abranger aproximadamente de 3,6 a 4,8 metros.) Se os vãos são grandes, normal- mente as lajes são apoiadas em vigas ou reforçadas pela adição de nervu- ras (Figura 1.14b). Se a ligação entre uma laje e sua viga de apoio é projetada adequada- mente, os dois elementos agem em conjunto (condição chamada de ação composta) para formar uma viga T (Figura 1.14c). Quando a laje atua como a mesa de uma viga retangular, a rigidez da viga aumenta por um fator aproximadamente igual a 2. Corrugando as placas, o projetista pode criar uma série de vigas altas (chamadas placas dobradas) que podem vencer longos vãos. No aero- porto Logan, em Boston, EUA, uma placa dobrada de concreto proten- dido do tipo mostrado na Figura 1.14d se estende por mais de 82 metros para atuar como teto de um hangar. Cascas finas (elementos de superfície curvos) — tensões atuando principalmente no plano do elemento As cascas finas são superfícies curvas tridimensionais. Embora sua espessura seja muitas vezes pequena (é comum terem alguns centíme- tros no caso de uma casca de concreto armado), elas podem vencer grandes vãos, devido à resistência e rigidez inerentes à forma curva. Cúpulas esféricas, que são comumente utilizadas para cobrir praças de (a) enrijecedores (c) (b) (d ) (a) enrijecedores (c) (b) (d ) (b) (d ) (b) (d ) Figura 1.13: Estruturas com nós rígidos: (a) pórtico rígido de um andar; (b) viga Vierendeel, cargas transmitidas por tração direta e flexão; (c) detalhes de uma ligação soldada no canto de um pórtico rígido de aço; (d) detalhe do reforço do canto do pórtico de concreto em (b). 19Seção 1.5 Elementos estruturais básicos esporte e tanques de armazenamento, são dos tipos mais comuns de cascas construídas. Sob cargas uniformemente distribuídas, as cascas desenvolvem tensões no plano (chamadas tensões de membrana) que suportam a carga externa eficientemente (Figura 1.15). Além das tensões de mem- brana, que normalmente têm magnitude pequena, também se desen- volvem tensões de cisalhamento perpendiculares ao plano da casca, momentos fletores e momentos de torção. Se a cobertura tiver bordas que possam equilibrar as tensões de membrana em todos os pontos (ver Figura 1.16a e b), a maior parte da carga será transmitida pelas tensões de membrana. Mas se as bordas da casca não puderem forne- cer reações para as tensões de membrana (Figura 1.16d), a região da casca próxima às bordas se deformará. Como essas deformações criam cisalhamento normal à superfície da casca, assim como momentos, deve-se engrossar a casca ou fornecer um elemento de borda. Na maioria das cascas, o cisalhamento e os momentos da borda diminuem rapidamente com a distância da borda. A capacidade das cascas finas de abranger grandes áreas desobstruídas sempre despertou grande interesse dos engenheiros e arquitetos. Contudo, o alto custo para moldar a casca, os problemas acústicos, a dificuldade de produzir um teto impermeável e problemas de flambagem com tensões baixas têm restringido seu uso. Além disso, as cascas finas não são capa- zes de suportar cargas intensamente concentradas sem a adição de nervu- ras ou outros tipos de enrijecedores. (a) (c) mesa conector de cisalhamento alma (b) (d) laje laje viga (típica) viga de aço flexão de curvatura simples flexão de curvatura dupla Figura 1.14: (a) Influência das bordas na curvatura; (b) sistema de viga e laje; (c) laje e vigas atuam como uma unidade. À esquerda, a laje de concreto se funde com a viga para formar uma viga T; à direita, o conector de cisalhamento une a laje de concreto à viga de aço produzindo uma viga composta; (d) teto de placa dobrada. Figura 1.15: Tensões de membrana atuando em um pequeno elemento de casca. Ty Ty Tx Tx W VV V V 20 Capítulo 1 Introdução 1.6 Montando elementos básicos para formar um sistema estrutural estável Prédio de um andar Para ilustrar como o projetista combina os elementos estruturais bási- cos (descritos na Seção 1.5) em um sistema estrutural estável, discutire- mos em detalhes o comportamento de uma estrutura simples, conside- rando a estrutura de um andar tipo caixa da Figura 1.17a. Essa construção, representando um pequeno estabelecimento de armazenagem, consiste em pórticos de aço estrutural cobertos com painéis leves de metal corru- gado. (Por simplicidade, ignoramos as janelas, portas e outros detalhes arquitetônicos.) Na Figura 1.17b, mostramos um dos pórticos de aço localizado imediatamente dentro da parede da extremidade (indicada como ABCD na Figura 1.17a) do prédio. Aqui, a plataforma do teto de metal é apoiada na viga CD que se estende entre duas colunas de ligação localizadas nos cantos do prédio. Como mostrado na Figura 1.17c, as extremidades da viga são conectadas nas partes superiores das colunas por parafusos que passam pela mesa inferior da viga e uma chapa de topo soldada na parte superior da coluna. Como esse tipo de conexão não pode transmitir momento eficientemente entre a extremidade da Figura 1.16: Tipos de cascas comumente cons- truídas: (a) cúpula esférica apoiada continua- mente. É fornecida a condição de contorno da ação de membrana; (b) cúpula modificada com apoios próximos entre si. Devido às aberturas, a condição de membrana é um pouco alterada nas bordas. Deve-se engrossar a casca ou fornecer vigas de borda nas aberturas; (c) paraboloide hiperbólico. Geratrizes em linha reta formam esta casca. São necessárias vigas de borda para fornecer reação para as tensões de membrana; (d) cúpula com apoios distantes entre si. Forças de membrana não podem se desenvolver nas bordas. São necessárias vigas de borda e espes- samento da casca em torno do perímetro; (e) cúpula com um anel de compressão no topo e um anel de tração na parte inferior. Esses anéis for- necem reações para as tensões de membrana. As colunas devem suportar somente carga vertical; (f) casca cilíndrica. (a) (b) (c) vigas de borda seção A-A A A Flambagem com ruptura de lado a lado: esse tipo de falha é evitado pela adição de nervuras de reforço ou tornando a casca mais grossa (e)(d) ( f ) anel de compressão anel de tração viga de borda 21Seção 1.6 Montando elementos básicos para formar um sistema estrutural estável (a) (c)(b) (d) (e) ( f ) flamba tracionada V V P P –P –V P A 0 B CD V F = 0 w A D C D C B 2 wL 2 wL 2 wL 2 wL L L w Posição dos pórticos contraventados no prédio (ver Figura 1.17b), mostrados com linhas tracejadas. Todos os outros membros estruturais foram omitidos. A B CD A B CD telhado isolamento plataforma do teto viga chapa de topo coluna tubular vista posterior detalhe A vista frontal plataforma do teto ver detalhe A viga coluna placa de base parafuso de ancoragem contraventamento C BA D viga e o topo da coluna, o projetista supõe que ele atua como uma arti- culação de diâmetro pequeno. Como essas junções aparafusadas não são rígidas, membros leves adicionais (geralmente barras circulares ou cantoneiras de aço) são dispostos diagonalmente entre colunas adjacentes no plano do pórtico e servem para estabilizar ainda mais a estrutura. Sem esse reforço diagonal (Figura 1.17b), a resistência do pórtico às cargas laterais seria pequena e a estrutura não teria rigidez. Os projetistas inserem contraventamento semelhante nas outras três paredes — e, às vezes, no plano do teto. O pórtico é ligado à fundação por meio de parafusos que passam por uma placa de base leve de aço, soldada na parte inferior da coluna. As extremidades inferiores dos parafusos, chamados parafusos de ancoragem, são engastadas nas bases de concreto, localizadas imedia- Figura 1.17: (a) Visão tridimensional do prédio (a seta indica a direção na qual a plataforma do teto se estende); (b) detalhes do pórtico com con- traventamento com ligações aparafusadas;(c) detalhes das ligações entre viga e coluna; (d) modelo idealizado do sistema estrutural transmi- tindo cargas gravitacionais do teto; (e) modelo da viga CD; (f) modelo idealizado de sistema de tre- liça para transmitir carga lateral atuando à direita. A barra diagonal DB se deforma e é ineficiente. 22 Capítulo 1 Introdução tamente sob a coluna. Normalmente, os projetistas supõem que uma conexão aparafusada simples desse tipo atua como um apoio de pino; isto é, a conexão impede que a base da coluna se desloque vertical e horizontalmente, mas não tem rigidez suficiente para evitar a rotação (frequentemente, os estudantes de engenharia presumem erronea- mente que uma placa de base plana aparafusada em uma base de con- creto produz uma condição de extremidade fixa, mas não levam em consideração a grande perda de restrição rotacional induzida mesmo por pequenas deformações de curvatura da placa). Embora a conexão aparafusada tenha capacidade de aplicar uma pequena, porém incerta, quantidade de restrição rotacional na base da coluna, normalmente o projetista a trata de forma conservadora como um pino sem atrito. Contudo, normalmente é desnecessário obter uma cone- xão mais rígida, pois é cara e a rigidez adicional pode ser fornecida de forma mais simples e econômica, aumentando o momento de inércia das colunas. Se os projetistas quiserem produzir um apoio fixo na base de uma coluna para aumentar sua rigidez, devem utilizar uma placa de base grossa e reforçada, e a fundação deve ser maciça. Projeto de pórtico para carga gravitacional. Para analisar esse pequeno pórtico sob a ação de carga gravitacional, o projetista presume que o peso do teto e de qualquer carga acidental vertical (por exemplo, neve ou gelo) é suportado pela plataforma do teto (atuando como uma série de pequenas vigas paralelas) no pórtico mostrado na Figura 1.17d. Esse pórtico é ideali- zado pelo projetista como uma viga conectada nas colunas por uma ligação presa com pinos. O projetista despreza o contraventamento diagonal como um membro secundário — supostamente inativo quando a carga vertical atua. Como supostamente nenhum momento se desenvolve nas extremida- des da viga, o projetista a analisa simplesmente como uma barra biapoiada, com uma carga uniforme (ver Figura 1.17e). Como as reações da viga são aplicadas diretamente sobre as linhas de centro das colunas, o projetista presume que a coluna transmite apenas compressão direta e se comporta como um membro de compressão carregado axialmente. Projeto para carga lateral. Em seguida, o projetista verifica as cargas laterais. Se uma carga lateral P (produzida pelo vento, por exemplo) é aplicada no topo do teto (ver Figura 1.17f), o projetista pode supor que uma das diagonais, atuando junto com a viga de teto e com as colunas, forma uma treliça. Se as diagonais são membros leves e flexíveis, ape- nas a diagonal que vai de A a C, que alonga e desenvolve forças de tração à medida que a viga se desloca para a direita, é presumida como efetiva. Supõe-se uma deformação na diagonal oposta BD, pois ela é delgada e colocada em compressão pelo movimento lateral da viga. Se a direção do vento invertesse, a outra diagonal BD se tornaria efetiva e a diagonal AC deformaria. Conforme ilustramos nesse problema simples, sob determinados tipos de cargas alguns membros entram em ação para transmitir as car- gas para os apoios. Desde que o projetista saiba como escolher um caminho lógico para essas cargas, a análise pode ser bastante simplifi- cada pela eliminação de membros não efetivos. 23Seção 1.7 Análise por computador 1.7 Análise por computador Até o final dos anos 1950, a análise de alguns tipos de estruturas inde- terminadas era um procedimento longo e maçante. A análise de uma estrutura com muitas ligações e barras (uma treliça espacial, por exemplo) poderia exigir muitos meses de cálculos de uma equipe de engenheiros estruturais experientes. Além disso, como muitas vezes eram necessárias várias suposições sobre o comportamento estrutural para simplificação, a precisão dos resultados finais era incerta. Atualmente, estão disponíveis programas de computador que podem analisar a maioria das estruturas rapida e precisamente. Ainda existem algumas exceções. Se a estrutura tem uma forma incomum e complexa — um recipiente de contenção nuclear de paredes grossas ou o casco de um submarino —, a análise por computador ainda pode ser complicada e demorada. A maioria dos programas de computador para análise de estruturas é escrita para produzir uma análise de primeira ordem; isto é, eles presu- mem (1) que o comportamento é linear e elástico; (2) que as forças dos membros não são afetadas pelas deformações (mudança na geometria) da estrutura e (3) que nenhuma redução na rigidez à flexão é produzida nas colunas por forças de compressão. Os métodos clássicos de análise abordados neste livro produzem uma análise de primeira ordem, conveniente para a maioria das estruturas, como treliças, vigas contínuas e pórticos, encontradas na prática da enge- nharia. Quando é utilizada uma análise de primeira ordem, as normas técnicas para o projeto estrutural fornecem os procedimentos empíricos necessários para ajustar as forças que podem ser subestimadas. Embora sejam mais complicados de usar, os programas de segunda ordem, que levam em conta o comportamento inelástico, mudanças na geometria e outros efeitos que influenciam a magnitude das forças nos membros, são mais precisos e produzem uma análise mais fiel. Por exem- plo, arcos longos e delgados sob cargas móveis podem passar por mudanças na geometria que aumentam significativamente os momentos de flexão. Para estruturas desse tipo, é essencial uma análise de segunda ordem. Normalmente, os engenheiros utilizam programas de computador preparados por equipes de especialistas em estruturas que também são hábeis programadores e matemáticos. Obviamente, se o projetista não estabelecer uma estrutura estável ou se uma condição de carga importante for negligenciada, a informação fornecida pela análise não será adequada para produzir uma estrutura útil e segura. Em 1977, a falha da grande treliça espacial tridimensional (ver páginas 72 e 682) que apoiava o teto de aproximadamente 90 por 110 metros do Hartford Civic Center Arena é um exemplo de projeto estrutural em que os projetistas confiaram em uma análise incompleta feita por computador e não produziram uma estrutura segura. Dentre os fatores que contribuíram para esse desastre estavam dados imprecisos (o projetista subestimou o peso próprio do teto em mais de 680 mil kg) e a incapacidade do programa de computador de prever a carga de flambagem das barras sob compressão na treliça. Em outras palavras, havia no programa a suposição de que a estrutura era estável — suposição essa presente na maioria dos antigos programas de computador utilizados para analisar estruturas. Logo depois 24 Capítulo 1 Introdução que uma tempestade de inverno depositou uma pesada carga de neve enso- pada pela chuva e pelo gelo no teto, a flambagem de certas barras delga- das sob compressão na treliça do teto causou o desmoronamento repen- tino do teto inteiro. Felizmente, a falha ocorreu horas depois que 5 mil espectadores de um jogo de basquete tinham deixado o prédio. Se a falha tivesse ocorrido horas antes (quando o prédio estava ocupado), centenas de pessoas teriam morrido. Embora não tenha havido nenhuma perda de vida, o lugar ficou inutilizado por um tempo considerável, e foi necessá- rio muito dinheiro para limpar os destroços, reprojetar o prédio e recons- truir a praça de esportes. Embora o computador tenha reduzido o número de horas de cálculos necessárias para analisar estruturas, o projetista ainda precisa ter um dis- cernimento básico sobre todos os tipos de falha em potencial para avaliar a confiabilidade das soluções geradas pelo computador. A preparação de um modelo matemático que represente adequadamente aestrutura conti- nua sendo um dos aspectos mais importantes da engenharia de estruturas. 1.8 Preparação dos cálculos A preparação de um conjunto de cálculos bem definido e completo para cada análise é responsabilidade importante de cada engenheiro. Um conjunto de cálculos bem organizado não somente reduzirá a pos- sibilidade de erros, mas também fornecerá informações fundamentais, caso a resistência de uma estrutura existente precise ser investigada no futuro. Por exemplo, talvez o proprietário de um prédio queira determi- nar se um ou mais andares podem ser adicionados à estrutura existente sem solicitar em excesso o arcabouço estrutural e as fundações. Se os cálculos originais são completos e o engenheiro pode determinar as cargas de projeto, as tensões admissíveis e as hipóteses nas quais a aná- lise e o projeto original foram baseadas, a avaliação da resistência da estrutura modificada fica facilitada. Ocasionalmente, uma estrutura falha (no pior caso, vidas são perdi- das) ou se mostra insatisfatória em serviço (por exemplo, pisos afundam ou vibram; paredes racham). Nessas situações, os cálculos originais serão examinados com cuidado por todos os envolvidos para estabelecer a res- ponsabilidade do projetista. Um conjunto de cálculos desleixado ou incompleto pode causar danos à reputação de um engenheiro. Como os cálculos exigidos para resolver os problemas propostos neste livro são semelhantes aos feitos por engenheiros profissionais em escritó- rios de projeto, os estudantes devem considerar cada tarefa como uma oportunidade de aprimorar os conhecimentos necessários para produzir cálculos de qualidade profissional. Com esse objetivo em mente, são ofe- recidas as seguintes sugestões: 1. Formule o objetivo da análise em uma frase curta. 2. Faça um esboço claro da estrutura, mostrando todas as cargas e dimensões. Use um lápis apontado e uma régua para desenhar as linhas. Figuras e números claros e organizados têm uma aparência mais profissional. 25 Seção 1.8 Preparação dos cálculos 3. Inclua todas as etapas de seus cálculos. Cálculos não podem ser facilmente verificados por outro engenheiro a não ser que todas as etapas sejam mostradas. Escreva uma ou duas palavras dizendo o que está sendo feito, conforme for necessário para esclarecimento. 4. Verifique os resultados de seus cálculos por meio de uma checagem estática (isto é, escrevendo equações de equilíbrio adicionais). 5. Se a estrutura for complexa, verifique os cálculos fazendo uma análise aproximada (consultar Capítulo 14). 6. Verifique se a direção das deformações é coerente com a direção das forças aplicadas. Se uma estrutura é analisada por computador, os deslocamentos dos nós (parte dos dados de saída) podem ser representados em escala em um gráfico para produzir uma visão clara da estrutura deformada. Resumo Para iniciar nosso estudo da análise estrutural, examinamos a relação • entre planejamento, projeto e análise. Nesse processo correlacionado, o engenheiro de estruturas primeiramente estabelece uma ou mais configurações iniciais das formas estruturais possíveis, estima os pesos próprios, seleciona as cargas de projeto importantes e analisa a estrutura. Analisada a estrutura, os membros principais são redimensionados. Se os resultados do projeto confirmarem que as suposições iniciais estavam corretas, o projeto está concluído. Se houver grandes diferenças entre as proporções iniciais e finais, o projeto será modificado, e a análise e o dimensionamento serão repetidos. Esse processo continua até que os resultados finais confirmem que as proporções da estrutura não exigem mais modificações. Examinamos também as características dos elementos estruturais • comuns que compõem prédios e pontes típicos. Eles incluem vigas, treliças, arcos, pórticos com ligações rígidas, cabos e cascas. Embora a maioria das estruturas seja tridimensional, o projetista que • desenvolve um entendimento do comportamento estrutural muitas vezes pode dividir a estrutura em uma série de estruturas planares mais simples para análise. O projetista é capaz de escolher um modelo simplificado e idealizado que represente precisamente os fundamentos da estrutura real. Por exemplo, embora a alvenaria exterior ou janelas e painéis de parede de um prédio ligados ao arcabouço estrutural aumentem a rigidez da estrutura, normalmente essa interação é desprezada. Como a maioria das estruturas é analisada por computador, os • engenheiros de estruturas devem desenvolver uma compreensão do comportamento estrutural para que, com alguns cálculos simples, possam verificar se os resultados da análise feita pelo computador são razoáveis. As falhas estruturais não somente envolvem altos custos, mas também podem resultar em lesões nas pessoas ou perda de vidas.
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