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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ALUNOS: BRUNO LUCAS RODRIGUES XAVIER – 20171101533 PAULO ROBERTO MARTINS ROLLEMBERG FILHO - 20171103521 ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA PROCESSO RECURSAL CIVIL Rio de Janeiro 2020 O caso em questão a ser utilizado do vídeo é o do Informativo 658/STJ, 1° Turma, REsp 1.797.365/RS. O caso em questão escolhido é importante pelo fato de criar uma divergência dentro do próprio STJ, ele trata da estabilização da tutela antecipada, que está disposta no Art. 304, CAPUT do Novo Código de Processo Civil. O Art. 304 diz que: “ A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso”, dessa forma, fala-se claramente em recurso. Podendo-se dizer que a “estabilização da tutela antecipada” busca prestigiar a tutela jurisdicional de cognição sumária, mediante a adoção de uma espécie de cognição exauriente eventual a depender da manifestação de vontade da parte ré, contra a qual foi deferida a tutela antecipada. Ao criar esse artigo, o legislador estava imaginando uma decisão interlocutória que concede a tutela antecipada antecedente, e esse recurso é o agravo de instrumento. Esse julgamento tratado no tema em questão, o STJ deu ao Art. 304, CAPUT do NCPC, uma interpretação literal, isto é, pelo fato de sair uma interlocutora dando uma tutela antecipada, a única maneira que o réu tem para evitar a estabilização, é o agravo de instrumento. Significando dessa forma, que outras formas de reação que não seja o agravo de instrumento, não são o suficiente para evitar a estabilização. Desde sempre que, na legislação brasileira, a lei por mais simples que seja a sua aplicação vem cedendo às tentações de juízes e Tribunais fazerem prevalecer o seu “sentimento de justiça”. É bem provável que uma das causas desse modo de compreender o Direito, no Brasil, decorra da ênfase que se conferiu à “interpretação teleológica” da lei. Ovídio Baptista da Silva chamava de “tutela sumária autônoma”, aquelas situações em que a antecipação da tutela no que se refere aos seus efeitos não tem nada de provisória, na medida em que impõe consequências que somente poderão ser reparadas por alguma forma subsequente de reposição monetária. Um exemplo bastante comum e atual seria a concessão de tutela antecipada para a realização de um procedimento médico sob as despesas do Estado. Na legislação brasileira, a estabilização da tutela antecipada também poderá ocorrer nos casos em que os efeitos provenientes da decisão que concede a tutela antecipada sejam, faticamente, provisórios. No Brasil, porém, o legislador mostrou-se bastante cauteloso com a possibilidade da estabilização da tutela antecipada, fazendo com que a estabilização da tutela antecipada não opere de plano o que redundaria na imediata extinção do processo, impondo-se ao réu, caso queira reverter a decisão de cognição sumária contra si proferida, a necessidade de propor uma nova ação. A possibilidade de estabilização da tutela antecipada antecedente é uma inovação legislativa trazida pelo CPC/15 e que tem gerado grande debate doutrinário em razão da incerteza jurídica que circunda a sua aplicação prática. Então de um modo geral, vale ressaltar que o STJ acertou ao reinterpretar o instituto da estabilização da tutela antecipada. No caso em concreto trazido como tema, mostra que o réu se adiantou e contestou, aonde ele foi contra a tutela, mas não indo pela via recursal. Só que o STJ entendeu que como não foi pela via recursal, não alterava em nada, porém a 3° Turma do STJ, tinha ido em sentido contrário, dando ao termo “recurso” uma interpretação ampliativa, entendendo como recurso, qualquer espécie de reação do réu. Então por esse motivo, houve uma divergência interna dentro do próprio STJ, sendo que os 2 casos em concretos era uma contestação. Dessa forma, para a 3° Turma só a contestação basta para não estabilizar, porém para a 1° Turma é necessário o agravo de instrumento. Aqui segue o Informativo de Jurisprudência nº 658 que consigna as seguintes informações acerca do inteiro teor do julgado: “A não utilização da via própria – agravo de instrumento – para a impugnação da decisão mediante a qual deferida a antecipação da tutela em caráter antecedente, tornará, indubitavelmente, preclusa a possibilidade de revisão, excetuando a hipótese da ação autônoma. Não merece guarida o argumento de que a estabilidade apenas seria atingida quando a parte ré não apresentasse nenhuma resistência, porque, além de caracterizar o alargamento da hipótese prevista para tal fim, poderia acarretar o esvaziamento desse instituto e a inobservância de outro já completamente arraigado na cultura jurídica, qual seja, a preclusão. Isso porque, embora a apresentação de contestação tenha o condão de demonstrar a resistência em relação à tutela exauriente, tal ato processual não se revela capaz de evitar que a decisão proferida em cognição sumária seja alcançada pela preclusão, considerando que os meios de defesa da parte ré estão arrolados na lei, cada qual com sua finalidade específica, não se revelando coerente a utilização de meio processual diverso para evitar a estabilização, porque os institutos envolvidos – agravo de instrumento e contestação – são inconfundíveis. Interpretação diversa acabaria impondo requisitos cumulativos para o cabimento da estabilização da tutela deferida em caráter antecedente: i) a não interposição de agravo de instrumento; e ii) a não apresentação de contestação. Ora, tal conclusão não se revela razoável, porquanto a ausência de contestação já caracteriza a revelia e, em regra, a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora, tornando inócuo o inovador instituto. Outrossim, verifica-se que, durante a tramitação legislativa, optou-se por abandonar expressão mais ampla – "não havendo impugnação" (sem explicitação do meio impugnativo) – e o art. 304 da Lei n. 13.105/2015 adveio contendo expressão diversa – "não for interposto o respectivo recurso". Logo, a interpretação ampliada do conceito caracterizaria indevida extrapolação da função jurisdicional”. E aqui a decisão contraria o precedente firmado no REsp nº 1.760.966/SP, em 04 de dezembro de 2018, em que a 3ª Turma do STJ decidiu que a contestação também seria apta a elidir a estabilização de tutela antecipada: “[...] A ideia central do instituto, portanto, é que, após a concessão da tutela antecipada em caráter antecedente, nem o autor e nem o réu tenham interesse no prosseguimento do feito, isto é, não queiram uma decisão com cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa julgada material. Por essa razão, é que, conquanto o caput do art. 304 do CPC/2015 determine que "a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso", a leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte contrária. Sem embargo de posições em sentido contrário, o referido dispositivo legal disse menos do que pretendia dizer, razão pela qual a interpretação extensiva mostra-se mais adequada ao instituto, notadamente em virtude da finalidade buscada com a estabilização da tutela antecipada. Nessa perspectiva, caso a parte não interponha o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que defere a tutela antecipada requerida em caráter antecedente, mas, por exemplo, se antecipa e apresenta contestação refutando os argumentos trazidos na inicial e pleiteando a improcedência do pedido, evidentemente não ocorrerá a estabilização da tutela. [...]". O entendimento esposado pela doutrinae pela jurisprudência privilegia uma interpretação lógico-sistemática e teleológica do dispositivo. Ao concluir que o legislador pretendeu estabilizar a concessão da tutela somente naqueles casos em que não haja oposição da parte adversa, entendem que a contestação do réu é apta a evitar a referida estabilização da tutela, posto que configura uma forma de manifestação de inconformismo com a decisão. Com julgamento do mencionado REsp 1.797.365/RS, se cria grande expectativa pelo irrestrito respeito à legalidade. Atualmente, apesar de a maioria ser a favor do entendimento que a palavra “recurso” no art. 304 do novo CPC tenha um sentido mais amplo. Hoje o tema é demasiadamente discutido pelos operadores de direito, ocasionando diversas discordâncias e interpretações e por conta disso, é necessário aguardar um posicionamento do Supremo Tribunal de Justiça para sanar tais divergências. Referências bibliográficas: ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. Disponível em> https://jus.com.br/artigos/71233/a-estabilizacao-da-tutela-antecipada-no-novo-codigo-de- processo-civil - Acesso 08/10/2020 ART. 304 DO CPC - ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE. Disponível em> https://migalhas.uol.com.br/coluna/cpc- marcado/296287/art--304-do-cpc---estabilizacao-da-tutela-antecipada-em-carater-antecedente - Acesso 08/10/2020 ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. Disponível em> https://www.conjur.com.br/2019-dez-07/diario-classe-stj-acerta-reinterpretar-instituto- estabilizacao-tutela- antecipada#:~:text=Pode%2Dse%20dizer%20que%20a,foi%20deferida%20a%20tutela%20an tecipada ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE . Disponpivel em> https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10783/Estabilizacao-da-tutela-antecipada- antecedente
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