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DIREITO ADMINISTRATIVO II Profa. Estefânia Gonçalves DIREITO ADMINISTRATIVO II Concessões e Permissões de Serviços Públicos (175 CF e Lei 8987/95): Delegação de serviço público através da descentralização negocial (contratual). O Governo transfere apenas a execução do serviço por prazo estabelecido em contrato. • Não permite a exploração direta de atividade econômica pelo Estado, como regra (173, CF); • E indica que o Estado poderá prestar serviços públicos de forma direta ou indireta (175, CF). Art. 175, CF: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.” Política tarifária: As tarifas remuneram os serviços prestados pela concessionária/permissionária, sendo possível a sua revisão para ajustar o equilíbrio do contrato (art. 9º, § 2º da lei 8987). CRFB/88 DIREITO ADMINISTRATIVO II Estado Gerencial 1° Setor 2° Setor 3° Setor Adm. pública Parceria com a iniciativa privada (com fins lucrativos) Parceria com a sociedade civil (sem fins lucrativos) Adm. Direta Adm. Indireta (delegação legal) Concessão, permissão e PPP (delegação contratual) Organizações não governamentais, com objetivo de prestar serviço público (Ex: Sistema S, OS,OSCIP, Fundações,etc). DIREITO ADMINISTRATIVO II Permissão de serviço público Conceito legal: é a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco (art. 2°, IV, Lei 8987/95). X Art. 40, Lei 8987: “A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.” Precariedade: o particular está sujeito ao livre desfazimento do contrato pela administração pública sem qualquer direito à indenização por eventuais prejuízos (salvo na permissão condicionada). • ADI 1491: O STF entendeu que a natureza jurídica da permissão após a CF/88 é de contrato administrativo (bilateralidade) e rechaçou qualquer distinção conceitual entre permissão e concessão. • Diferença em relação à autorização (ato administrativo discricionário, unilateral e precário): delegação de uma atividade de interesse meramente privado, ainda que traga comodidade a um grupo de pessoas. Ex: escola particular. DIREITO ADMINISTRATIVO II Concessão de serviço público (concessão comum) Conceito legal: é a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado (art. 2°, II, Lei 8987/95). Natureza Jurídica: contrato administrativo (bilateralidade). Art. 4° da lei 8987: ”A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação.” Remuneração: Nas concessões comuns a remuneração do concessionário advém exclusivamente das tarifas cobradas aos usuários. DIREITO ADMINISTRATIVO II O Estado transfere a atividade de execução de alguns poderes-deveres inerentes à função estatal, sem perder a titularidade. O Estado permanece como competente para disciplinar as condições da prestação dos serviços e, se o interesse público o exigir, retomar o objeto concedido, a qualquer tempo e independentemente do prazo previsto no contrato, sem prejuízo da devida indenização ao concessionário. O Estado poderá intervir nas atividades de prestação, fiscalizá-las ou modificar unilateralmente as suas regras, sem prejuízo da garantia do equilíbrio econômico financeiro do contrato. Responsabilidade da concessionária (objetiva): Art. 37, § 6º, CF “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” DIREITO ADMINISTRATIVO II • Concessões “apenas” de serviço público (ex: transporte público); • Concessões de serviço público antecedida da execução de obra pública (ex: construção de uma usina hidrelétrica e geração de energia); • Concessão da exploração de obras já existentes (ex: manutenção de uma rodovia federal). • Funções públicas privativas (controle, regulação, fiscalização); • Legislação e Jurisdição; • Poder de polícia; Objeto na concessão comum Limites na concessão DIREITO ADMINISTRATIVO II Encargos do poder concedente: dever de fiscalizar permanentemente o fiel cumprimento do contrato e da legislação; aplicar sanções; intervir na concessão ou extingui-la, conforme o caso. Encargos da concessionária: dever de prestar o serviço adequado; cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da concessão. Direitos dos usuários: recebimento do serviço público adequado; obtenção de informações do poder concedente e da concessionária para a defesa dos interesses individuais ou coletivos; utilização do serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores. DIREITO ADMINISTRATIVO II Forma de extinção da concessão (lei 8987): Advento do termo contratual: Encerra-se o contrato no momento final previsto no contrato. É a forma natural de extinção. Reversão: Com a extinção da concessão, os bens afetados à prestação do serviço retornam ao Poder Concedente (art. 35, §1º, §2º e §3º, tornando-os em públicos). OBS: é cabível indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis que ainda não foram amortizados ao final do contrato (art. 36). Encampação (art. 37 da lei 8987): Forma de extinção do contrato sem culpa da concessionária, antes do término do prazo contratual, por razões de interesse público (mérito administrativo). O Poder Concedente decide retomar o serviço para prestá-lo diretamente ou para promover outra outorga, com características diversas do contrato então vigente. Requisitos: Lei autorizativa especifica, prévia indenização em dinheiro e interesse público (decreto do executivo). Caducidade (art. 38 da lei): O Poder público poderá extinguir o contrato quando a concessionária descumprir a lei ou o contrato (não prestar o serviço ou prestar de forma insatisfatória (término por culpa). Requisitos: Comunicação para que a concessionária possa sanar a irregularidade; Instauração de processo administrativo, assegurada a ampla defesa; declaração da caducidade por decreto; Indenização (dos valores ainda não amortizados) que poderá ser posterior (e por precatório). Declarada a caducidade o poder público retomará a execução e não será responsável por dívidas da concessionária. DIREITO ADMINISTRATIVO II Rescisão: O Poder concedente é a parte inadimplente no contrato. A concessionária poderá ajuizar ação judicial para rescindir o contrato por culpa da adm. pública (art. 39 da lei) e ser indenizado pelas parcelas não amortizadas ou depreciadas dos bens reversíveis e também pelas perdas e danos sofridos, sem interromper a prestação do serviço público (até o trânsito em julgado). OBS: não incide a regra do artigo 78, XV da lei 8666/93, pois na concessão o serviço está afetado à coletividade. Art. 78 da lei 8666: ”Constituem motivo para rescisão do contrato (...) XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação.” Anulação (efeito ex tunc):é declarada quando o contrato for realizado com vício de legalidade. Se o concessionário não tiver culpa, será indenizado na forma do art. 59 da lei 8666/93 (aplicação subsidiária). Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual: é o encerramento do contrato em decorrência da inviabilidade da execução do serviço público. O poder público retomará a execução do mesmo e não será responsável por dívidas da concessionária. DIREITO ADMINISTRATIVO II Concessão especial (PPP): (lei 11.079/2004) Conceito: é que uma concessão de serviço público sob regime jurídico diferenciado. Diferença em relação à concessão comum: Nas parcerias público-privadas há pagamento de contraprestação pela Administração Pública, com ou sem cobrança de tarifa dos usuários. Patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas no moldes da Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 que, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, envolve o pagamento de uma contraprestação pecuniária por parte do governo ao agente privado (máximo 70% da remuneração), pois as tarifas não são suficientes para compensar os investimentos. Ex: Exploração de rodovia, o pedágio custa R$10,00 reais. O poder público pode custear até R$7,00 reais do valor. Administrativa é contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta (pode custear 100% do contrato), ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Ex: construção e administração de presídios. Tipos DIREITO ADMINISTRATIVO II PPP/ peculiaridades Objeto: Prestação de serviços públicos com ou sem a execução de obras. Vedada a contratação que tenha como objeto único mão de obra, o fornecimento e instalação de equipamento ou a execução de obra pública. Valor MÍNIMO do contrato: 10 milhões de reais. Período de prestação: mínimo 5 anos e no máximo 35 anos, incluindo a prorrogação. Aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, mas não ao Poder Judiciário. A responsabilidade do Estado é solidária. É possível a repartição de riscos entre as partes, inclusive os pertinentes a caso fortuito, força maior, fato príncipe e álea econômica extraordinária. Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante destas sociedades. Licitação: modalidade concorrência; tipo menor preço. Caso concreto O Estado W resolve criar um hospital de referência no tratamento de doenças de pele. Sem dispor dos recursos necessários para a construção e a manutenção do Hospital da Pele, pretende adotar o modelo de parceria público-privada. O edital de licitação prevê que haverá a seleção dos particulares mediante licitação na modalidade de pregão presencial, em que será vencedor aquele que oferecer o menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração estadual. Está previsto também, no instrumento convocatório, que a Administração deverá, obrigatoriamente, deter 51% das ações ordinárias da sociedade de propósito específico a ser criada para implantar e gerir o objeto da parceria. Esta cláusula do edital foi impugnada pela sociedade empresária XYZ, que pretende participar do certame. Diante disso, responda, justificadamente, aos itens a seguir: A) A modalidade e o tipo de licitação escolhidos pelo Estado W são juridicamente adequados? B) A impugnação ao edital feita pela sociedade empresária XYZ procede? DIREITO ADMINISTRATIVO II Estefânia de Oliveira Gonçalves Advogada. Professora do Curso de Direito e da Pós Graduação Lato sensu da Universidade Estácio de Sá. Mestra em Direito e Especialista em Direito Público. DIREITO ADMINISTRATIVO II Obrigada! DIREITO ADMINISTRATIVO II
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