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Escala de Motivação para Alunos de Ensino Primário (6ª e 7ª classes) Hortência Gaurassue Zacarias Magibire de Sousa Jacinta Fernanda Miquitaio Castigo Sara Brígida da Cunha Jorge Romão Resumo O presente estudo faz referência a aplicação da Escala da Motivação para Aprender de Alunos do Ensino Fundamental (EMA), no Brasil, de Edna Neves e Evely Boruchovitch, aplicado a 110 alunos da (6ª e 7ª classes) do ensino básico, na Escola Primaria Completa do Macurungo, na cidade da Beira. Do total da amostra, 55 alunos foram da 6ª classe e 55 da 7ª classe, dos quais 53 do sexo Masculino e 57 do sexo Feminino e deste universo 33 alunos já reprovaram. O alfa de Croanbach foi de .69, indicando uma consistência interna aceitável. Pela análise factorial exploratória, obteve-se uma escala de dois factores: Motivação intrínseca (MI) e Motivação Extrínseca (ME) que explicaram 17.3% e 15.8% da variância Total. Depois da aplicação da escala e posterior análise no SPSS, chegou-se a conclusão de que as diferenças em função de sexo, local de residência e de ser ou não repetente não são significativas, tendo em conta que o nível de significância foi superior a .05. Palavras-Chave: Avaliação da Motivação, alunos, Ensino Básico. A motivação é um dos factores importantes no processo de ensino e aprendizagem, sendo, portanto, necessário perceber até que ponto os dois tipos de motivação (intrínseca e extrínseca) se interrelacionam. Para a efetivação do estudo, recorremos a Escala de Motivação para Aprender (EMA) criada por Edna Neves e Evely Boruchovitch aplicada na EPC de Macurungo. Fizeram parte da amostra 55 alunos da 6ª classe e 55 alunos da 7ª classe, os participantes eram de ambos os sexos, sendo que 53 eram do sexo masculino e 57 do sexo feminino; a faixa etária oscilava entre 10 a 15 anos. Os dados foram colectados de forma colectiva, onde as instruções e as questões da escala eram lidas pelos aplicadores. Os alunos eram explicados sobre o preenchimento da escala e em caso de dúvidas poderiam apresentar, não só, os aplicadores passavam de carteira em carteira para verificar se o preenchimento estava correcto ou ainda se não estavam a duplicar as respostas. Esta escala foi aplicada em 2 dias, tendo em conta o horário dos alunos. Usando o programa SPSS, fez-se a análise factorial ou estudo da dimensionalidade, verificou-se a consistência interna de cada dimensão encontrada, exploramos a relação da escala com as variáveis: sexo, idade, local de residência e reprovação e finalmente exploramos as diferenças em função do sexo, local de residência, e de ser ou não repetente. 1. Análise Factorial ou Estudo de Dimensionalidade No presente trabalho foram extraídos dois fatores (fator 1, isto é, motivação extrínseca e fator 2, motivação intrínseca). Os dois factores extraídos foram constituídos por 10 itens cada, tal como ilustra a tabela 1. Importa referir que os itens dos fatores identificados se agrupam de acordo com a teoria apresentada pelos autores Neves e Boruchovitch. Tabela 1 Distribuição dos itens por Factores com a carga Factorial Apresentada Itens da Escala Fatores e suas cargas 1 2 2. Eu estudo por medo dos meus pais brigarem comigo .599 4. Eu faço o TPC por obrigação .577 6. Eu estudo porque minha professora ou professor acha importante .582 8. Eu estudo por medo dos meus pais me colocarem de castigo .696 10. Eu só estudo para não me sair mal na escola .540 12. Eu só estudo para agradar meus professores .681 14. Eu estudo apenas aquilo que a professora avisa que vai cair na prova .375 16. Eu só faço meus deveres de casa porque meus pais acham importante .486 18. Eu só estudo porque quero tirar notas altas .417 20. Eu só estudo porque meus pais mandam .649 1. Eu estudo porque estudar é importante para mim .412 3. Eu estudo porque quero aprender cada vez mais .445 5. Eu gusto de estudar assuntos difíceis .438 7. Eu faço minhas lições de casa, mesmo que meus pais não me peçam .537 9. Eu gusto de ir para escola porque aprendo assuntos interessantes lá .660 11. Eu tenho vontade de conhecer e aprender assuntos novos .676 13. Eu fico interessado(a) quando a professora começa uma lição nova .572 15. Eu fico tentando resolver uma tarefa, mesmo quando ela é difícil para mim .569 17. Eu estudo porque estudar me dá prazer e alegria .585 19. Eu estudo porque gosto de ganhar novos conhecimentos .581 2. Análise da consistência interna De seguida foi analisada a consistência interna dos fatores identificados. Tal como ilustrado na tabela 2, os coeficientes da correlação dos itens com o total corrigido, apresentam boas propriedades psicométricas, isto é, acima do minimo exigido (.20), bem como o valor do alfa de Cronbach que se situou no .76. Tabela 2 Consistência Interna do Factor 1 Item Correlação de item total corrigida Alfa de Cronbach se o item for excluído Q8 ,515 ,724 Q12 ,537 ,722 Q20 ,507 ,728 Q2 ,449 ,733 Q6 ,474 ,729 Q4 ,430 ,735 Q10 ,411 ,738 Q16 ,363 ,745 Q18 ,302 ,755 Q14 ,270 ,758 Alfa=.76 O Segundo factor apresentou igualmente optimas propriedades psicométricas, isto é, os coeficientes da correlação dos itens com o total corrigido, bem como o valor de alfa de Cronbach que correspondeu a .75, como ilustra a tabela 3. Tabela 3 Consistência Interna do Factor 2 Itens Correlação de item total corrigida Alfa de Cronbach se o item for excluído Q11 ,502 ,716 Q9 ,502 ,716 Q17 ,435 ,725 Q19 ,470 ,720 Q13 ,446 ,724 Q15 ,403 ,730 Q7 ,394 ,732 Q3 ,323 ,740 Q5 ,321 ,743 Q1 ,311 ,742 Alfa=.75 3. Análise das Relações entre a Escala de Motivação e as Suas Variáveis Foram analisadas as relações entre a escala de motivação e as variáveis: idade, sexo, local de residência e reprovação. Foram identificadas relações estatísticas significativas positivas moderadas entre a escala da motivação extrinseca e a idade dos alunos, r=.315, p=.001, e entre a escala total de motivação e a idade dos alunos, r=.305, p=.001. Assim, quanto maior for a idade dos alunos, maior sera a motivação extrinseca, bem como, a motivação no geral. Não foram identificadas outras relações estatísticas significativas, tal como apresentado na tabela 4. Tabela 4 Relações entre a Escala de Motivação e as Restantes Variáveis Escala Idade Sexo Local de Residencia Reprovação Motivação Extrinsceca .315** .005 .104 .100 Motivação Intrinseca .092 .119 -.069 .077 Motivação Total .305** .402 .036 .128 4. Análise das Diferenças da Motivação dos Alunos em Função das Restantes Variáveis Por último foram analisadas as diferenças da motivação dos alunos em função das restantes variáveis. Inicialmente foram analisadas as diferenças da motivação em função do sexo dos alunos. Os resultados não revelam diferenças estatísticas significativas da motivação em função do sexo dos alunos, como mostrado na tabela 5. Tabela 5 Diferenças da motivação dos alunos em função do sexo Sexo Masculino (n=53) Sexo Feminino (n=57) Escalas M DP M DP t p Motivação Extrinseca 1.94 .62 1.94 .68 -.049 .961 Motivação Intrinseca 3.13 .59 3.26 .50 -1.24 .217 Motivação Total 2.54 .44 2.61 .40 -.84 .406 De seguida, foram analisadas as diferenças da motivação em função do local de residência dos alunos. Igualmente, não foram observadas diferenças significativas da motivação em função do local de residência dos alunos, tal como ilustra a tabela 6. Tabela 6 Diferenças da motivação dos alunos em função de local de residência Rural (n=53) Urbano (n=57) Escalas M DP M DP t p Motivação Extrinseca 1.97 .67 2.01 .63 -1.09 .278 Motivação Intrinseca 3.25 .56 3.17 .53 .72 .472 Motivação Total 2.56 .45 2.59 .39 -.38 .707 Finalmente, foram analisadas as diferenças da motivação em função da reprovação ou não dos alunos. Tal como noutras análises, nãoforam verificadas diferenças significativas na motivação dos alunos em função da reprovação ou não, como ilustra a Tabela 7. Tabela 7 Diferenças da motivação dos alunos em função de reprovação ou não Reprovados (n=33) Não Reprovados (n=77) Escalas M DP M DP t p Motivação Extrinseca 2.04 .80 1.90 .58 -1.05 .298 Motivação Intrinseca 3.27 .57 3.18 .53 -.80 .427 Motivação Total 2.66 .52 2.54 .36 -1.34 .188 Considerações finais Apesar da escala ter sido elaborada para o contexto Brasileiro, os resultados obtidos, ao aplicar em alunos do ensino básico, no nosso contexto (Moçambicano) revelam que esta escala pode ser aplicada em Moçambique. Porém destaca-se a necessidade de aumentar o número de amostra em futuros estudos para que a consistência interna da escala seja considerada forte, ja que no presente estudo, a amostra foi de 110 alunos e o valor do alfa de Cronbach foi de .69. Importa salientar que, das análises estatísticas feitas, concluiu-se que os itens agrupam- se de acordo com a teoria, surgindo dois (2) factores, nomeadamente: Motivação intrinseca e Motivação Extrinseca. Da análise entre a escala da motivação e suas variáveis somente foram identificadas relações estatísticas significativas positivas moderadas entre a escala da motivação extrinseca e a idade dos alunos, r=.315, p=.001, e entre a escala total de motivação e a idade dos alunos, r=.305, p=.001. E da análise das diferenças entre a motivação dos alunos em função do sexo, local de residência e reprovação ou não, importa salientar que não form encontradas diferenças significativas. Referências Bibliográficas Field, A. Descobrindo a ESTATÍSTICA usando o SPSS; 2ªEdição; Artmed Editora; 2009. Neves, E. R. C. & Boruchovitch, E. Escala de Avaliação da Motivação para Aprender de Alunos do Ensino Fundamental (EMA); 2007.
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