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AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE ITABIRA (MG) - Sarah Fraga Silveira

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
Universidade Federal de Ouro Preto 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
URBANOS NO MUNICÍPIO DE ITABIRA (MG): 
UMA ÊNFASE NA COLETA SELETIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sarah Fraga Silveira 
 
 
 
 
 
 
 
Ouro Preto 
Setembro, 2018 
 
 
Sarah Fraga Silveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
URBANOS NO MUNICÍPIO DE ITABIRA (MG): 
UMA ÊNFASE NA COLETA SELETIVA 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Engenharia Ambiental (ProAmb) da Universidade 
Federal de Ouro Preto (UFOP) como parte dos requisitos 
necessários para obtenção do título de Mestre em 
Engenharia Ambiental. 
Área de Concentração: Meio Ambiente. 
Orientador: Prof. Dr. José Francisco do Prado Filho 
 
 
 
 
Ouro Preto 
Setembro, 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii 
 
Agradecimentos 
Porque nada é possível sozinho, meus sinceros agradecimentos: 
A minha família, por me dar a segurança de que eu sempre posso contar com vocês. 
À Itaurb e seus funcionários, em especial ao Elísio, Leomar, Joana, Renata e Cibele que 
sempre me receberam com muita atenção e respeito e me forneceram as informações. 
Aos participantes do método Delphi, que demonstraram sua boa vontade e 
compartilharam um pouco de seu vasto conhecimento de caso. 
Aos membros da banca Prof. Dr. Raphael Tobias de Vasconcelos Barros e Prof. Dr. 
Aníbal da Fonseca Santiago, por dispenderem seu tempo e sua atenção pela 
consolidação da ciência no Brasil e preenchimento das lacunas do conhecimento. 
Ao meu orientador Prof. Dr. José Francisco, pela presença nessa caminhada. 
Aos amigos do ProAmb, que foram a melhor turma que eu poderia querer. 
Aos amigos do LiGA, que dividiram as horas, os recreios e as risadas. 
Ao bonde, que compartilhou comigo cada passo dessa caminhada. 
Ao Diogo, por me auxiliar com o método Delphi. 
Às meninas da casa Lero-Lero, pelos 2 anos compartilhados. 
 À Fatinha e ao Toquinho, pelo apoio constante. 
Ao Thales, por ser a segurança dos meus dias. 
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que a realização desse trabalho 
fosse possível. 
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. Então à 
CAPES, muito obrigada. 
 
 
 
 
iii 
 
 
Resumo 
O município de Itabira foi um dos primeiros do Brasil a implementar a coleta seletiva. 
Com 27 anos de história, não existe nenhum estudo específico que avalie a situação da 
gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos no município. Como forma de 
criar um referencial teórico para que outros munícipios possam adequar-se ao 
estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o presente estudo 
buscou avaliar o desempenho dos serviços de limpeza pública e manejo dos resíduos 
sólidos, com foco na coleta seletiva e triagem dos resíduos recicláveis. Para alcançar os 
objetivos, foram realizadas quatro linhas de desenvolvimento executadas 
simultaneamente: 1) levantamento dos dados disponíveis para caracterização do 
sistema, por meio de análise documental e comunicação pessoal; 2) levantamento de 
índices de avaliação de sistemas de gestão e gerenciamento de RSU, para sua posterior 
aplicação; 3) validação do índice elaborado pela Funasa (2016) para o programa de 
coleta seletiva e triagem dos resíduos recicláveis de Itabira, por meio do método Delphi, 
com participação de profissionais com conhecimentos específicos do sistema do 
município; 4) entrevista de percepção para identificar o conhecimento e motivação da 
população quanto à separação de resíduos, bem como verificar a disposição em 
contribuir com a sustentabilidade econômica do sistema. Os resultados indicam que o 
gerenciamento é abrangente mas apresenta falhas. Entre os principais problemas estão 
os altos custos associados, sem nenhuma fonte de recursos específica e 73% dos 
entrevistados não estaria disposto a pagar uma taxa específica para manutenção do 
sistema. A baixa taxa de recuperação de materiais recicláveis, a destinação de resíduos 
de construção civil para o aterro sanitário, reduzindo sua vida útil, a ausência do Plano 
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), que consiste em requisito 
obrigatório para acesso à recursos do Estado e da União, também configuram entre os 
problemas identificados. Como aspectos favoráveis, o número de categorias da triagem 
dos resíduos é bem elevado e com boa aceitação de mercado, 89% da população afirma 
separar seus resíduos recicláveis e 74% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com 
o sistema de gerenciamento dos resíduos no município. 
 
 
Palavras-chave: entrevista de percepção; método Delphi; resíduos recicláveis; triagem; 
Lei 12.305/2010. 
 
 
 
 
 
iv 
Abstract 
The municipality of Itabira was one of the first in Brazil to implement selective 
collection. With 27 years of history, there is no specific study that evaluates the 
situation of the management of urban solid waste in the municipality. As a way of 
creating a theoretical reference for other municipalities to be able to adapt to the 
established by the National Solid Waste Policy (PNRS), the present study sought to 
evaluate the performance of public cleaning and solid waste management services, 
focusing on the selective collection and sorting of recyclable waste. To achieve the 
objectives, four lines of development were carried out simultaneously: 1) survey of the 
available data for characterize the system, through documentary analysis and personal 
communication; 2) survey of evaluation index of MSW management and management 
systems, for their later application; 3) validation of the index prepared by Funasa (2016) 
for the program of selective collection and sorting of recyclable waste from Itabira, 
using the Delphi method, with the participation of professionals with specific 
knowledge of the municipal system; 4) perception interview to identify the knowledge 
and motivation of the population regarding the separation of waste in a municipality 
where the selective collection is a reality for a long time, as well as verify the 
willingness to contribute to the economic sustainability of the system. The results 
indicate that management is embracing, but has many flaws. Among the main problems 
are the associated high costs, with no specific source of resources and 73% of 
respondents would not be willing to pay a specific fee for system maintenance. The low 
recovery rate of recyclable materials, the disposal of construction waste to the landfill, 
reducing its useful life, the absence of the Integrated Solid Waste Management Plan 
(PGIRS), which is a mandatory requirement for access to State and the Union fund, are 
also among the problems identified. As a favorable aspect, the number of categories of 
waste sorting is very high and with good market acceptance, 89% of the population 
claims to separate their recyclable waste and 74% of respondents said they are satisfied 
with the waste management system in the municipality. 
 
 
Keywords: perception interview; Delphi method; recyclable waste; waste sorting; Law 
12,305/2010. 
 
 
 
 
 
v 
 
 
Lista de Figuras 
Figura 1: Pirâmide de Informação .................................................................................. 34 
Figura 2: Classes de avaliação do ISLU ......................................................................... 41 
Figura 3: Radar da sustentabilidade da coleta seletiva ................................................... 46 
Figura 4: Fluxograma das etapas do projeto ................................................................... 54 
Figura 5: Mapa de localização de Itabira no Estado de Minas Gerais
........................... 55 
Figura 6: Mapa do sistema de abastecimento de água de Itabira ................................... 58 
Figura 7: Organograma da Itaurb ................................................................................... 71 
Figura 8: Mapa de localização das estruturas de manejo de RSU .................................. 72 
Figura 9: Estação de Transbordo em Ipoema ................................................................. 76 
Figura 10: PEV na zona rural ......................................................................................... 76 
Figura 11: Caminhão para coleta seletiva ...................................................................... 80 
Figura 12: Planta baixa do Centro de Triagem em Itabira ............................................. 82 
Figura 13: Entrada da plataforma onde os resíduos são descarregados ......................... 83 
Figura 14: Centro de Triagem em Itabira ....................................................................... 83 
Figura 15: Formação de fardos ....................................................................................... 83 
Figura 16: Rejeitos para enviar para o aterro ................................................................. 83 
Figura 17: Prensagem de sacolas plásticas ..................................................................... 84 
Figura 18: Separação de plástico rígido ......................................................................... 84 
Figura 19: Gaiolas de plástico rígido triado ................................................................... 84 
Figura 20: Livros novos para trituração ......................................................................... 84 
Figura 21: Papel sendo picotado ..................................................................................... 85 
Figura 22: Fardos de papel para venda ........................................................................... 85 
Figura 23: Fardo de latas ................................................................................................ 85 
Figura 24: Material sendo transportado para armazenamento........................................ 85 
Figura 25: Banca de separação de vidros ....................................................................... 86 
Figura 26: Triturador de vidro ........................................................................................ 86 
Figura 27: Drenagem de óleo das embalagens ............................................................... 86 
Figura 28: Embalagens aerossóis após separação das tampas ........................................ 88 
Figura 29: Separação das tampas de embalagens aerossóis ........................................... 88 
Figura 30: Funcionária realizando a separação de embalagens aerossóis ...................... 88 
Figura 31: Barbeadores descartáveis .............................................................................. 89 
Figura 32: Embalagens de medicamentos ...................................................................... 89 
Figura 33: Material utilizado para amarrar os fardos ..................................................... 90 
Figura 34: Evolução do material recuperado pelo Centro de Triagem........................... 90 
Figura 35: Incêndio no Centro de Triagem .................................................................... 91 
Figura 36: Ponto de recebimento de pneus ..................................................................... 92 
Figura 37: Vidros de esmalte e maquiagem para envio à TerraCycle ............................ 94 
Figura 38: Material de escrita para envio à TerraCycle ................................................. 94 
Figura 39: Trechos de aplicação dos questionários ...................................................... 137 
 
Lista de Gráficos 
Gráfico 1: Índice de cobertura da coleta de RSU (%) – Norte (N); Nordeste (NE); 
Centro-oeste (CO); Sudeste (SE); Sul (S); Brasil (BR) .................................................... 5 
Gráfico 2: Disposição final de RSU no Brasil por tipo de destinação (t/dia) ................... 5 
Gráfico 3: Municípios com iniciativas de coleta seletiva no Brasil ................................. 6 
 
 
 
vi 
Gráfico 4: Despesa per capita com o manejo de RSU, segundo a região geográfica ...... 8 
Gráfico 5: Destinação dos RSU em Minas Gerais em 2015............................................. 9 
Gráfico 6: Classificação de desempenho da coleta seletiva ............................................. 9 
Gráfico 7: Cadastro de PGIRS na FEAM ....................................................................... 10 
Gráfico 8: Resíduos enviados para reciclagem – Suécia e Lituânia ............................... 26 
Gráfico 9: Perfil dos participantes do pré-teste: sexo ..................................................... 66 
Gráfico 10: Perfil dos participantes do pré-teste: idade ................................................. 66 
Gráfico 11: Perfil dos participantes do pré-teste: escolaridade ...................................... 66 
Gráfico 12: Variação da execução de capina pela Itaurb ............................................... 73 
Gráfico 13: Quantidade de resíduo recolhido na coleta convencional ........................... 77 
Gráfico 14: Quantidade de resíduo recolhido na coleta seletiva .................................... 80 
Gráfico 15: Quantidade de resíduo recolhido na coleta de apoio ................................... 95 
Gráfico 16: Série histórica de gasto com serviços de limpeza urbana ........................... 99 
Gráfico 17: Variação de gasto com setores de limpeza urbana em 2017 ..................... 100 
Gráfico 18: Variação do preço de venda do papelão .................................................... 102 
Gráfico 19: Variação do preço de venda do papel branco ............................................ 102 
Gráfico 20: Variação do preço de venda das latas de aço ............................................ 102 
Gráfico 21: Variação do preço de venda das latas de alumínio.................................... 103 
Gráfico 22: Variação do preço de venda do vidro ........................................................ 103 
Gráfico 23: Variação do preço de venda do plástico rígido ......................................... 103 
Gráfico 24: Variação do preço do plástico filme .......................................................... 104 
Gráfico 25: Variação do preço de venda do PET ......................................................... 104 
Gráfico 26: Variação do preço de venda de embalagem cartonada (longa vida) ......... 104 
Gráfico 27: Boxplot com a distribuição dos dados obtidos na 1ª rodada do método 
Delphi ........................................................................................................................... 119 
Gráfico 28: Boxplot com a distribuição dos dados obtidos na 2ª rodada do método 
Delphi ........................................................................................................................... 121 
Gráfico 29: Boxplot comparando a distribuição dos dados obtidos na 1ª e 2ª rodadas do 
método Delphi .............................................................................................................. 122 
Gráfico 30: Variação das médias e medianas dos dados obtidos na 1ª e 2ª rodadas do 
método Delphi .............................................................................................................. 123 
Gráfico 31: Variação das medianas e dos pesos sugeridos por Funasa (2016) ............ 124 
Gráfico 32: Indicadores ordenados por importância de acordo com o IPCS ............... 125 
Gráfico 33: Indicadores ordenados por importância de acordo com o Funasa (2016) . 125 
Gráfico 34: Perfil dos participantes: sexo..................................................................... 138 
Gráfico 35: Perfil dos participantes: idade ...................................................................
138 
Gráfico 36: Perfil dos participantes: escolaridade ........................................................ 138 
Gráfico 37: Perfil dos participantes: renda familiar ..................................................... 139 
Gráfico 38: Perfil dos participantes: Quantas pessoas moram na casa......................... 139 
Gráfico 39: Perfil dos participantes: Há quanto tempo mora em Itabira ...................... 139 
Gráfico 40: Existência de coleta convencional............................................................. 141 
Gráfico 41: Existência de coleta seletiva ...................................................................... 141 
Gráfico 42: Motivos para separar o resíduo reciclável ................................................. 141 
Gráfico 43: Tempo de separação do resíduo reciclável ................................................ 141 
Gráfico 44: Motivos para não separar o resíduo reciclável .......................................... 142 
Gráfico 45: Distribuição dos não-recicladores por rotas .............................................. 142 
Gráfico 46: Total de entrevistados x Não-recicladores: sexo ....................................... 143 
 
 
 
vii 
 
 
Gráfico 47: Total de entrevistados x Não-recicladores: idade ..................................... 143 
Gráfico 48: Total de entrevistados x Não-recicladores: escolaridade .......................... 144 
Gráfico 49: Total de entrevistados x Não-recicladores: renda familiar........................ 144 
Gráfico 50: Total de entrevistados x Não-recicladores: Há quanto tempo mora em 
Itabira ............................................................................................................................ 144 
Gráfico 51: Fonte de informações sobre coleta seletiva ............................................... 146 
Gráfico 52: Distribuição de informações sobre coleta seletiva por rota....................... 146 
Gráfico 53: Responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos ................................. 147 
Gráfico 54: Motivos para não pagar taxa de resíduos .................................................. 147 
Gráfico 55: Valores aceitos para taxa de resíduos ........................................................ 148 
Gráfico 56: Satisfação da população em relação ao sistema de gerenciamento dos 
resíduos ......................................................................................................................... 148 
Gráfico 57: Conhecimento sobre os resíduos que devem ser enviados para coleta 
seletiva .......................................................................................................................... 150 
 
Lista de Quadros 
Quadro 1 Modelos institucionais de gestão de resíduos sólidos urbanos ....................... 21 
Quadro 2: Dados de gerenciamento de resíduos recicláveis de diferentes municípios em 
2016 ................................................................................................................................ 24 
Quadro 3 Alternativas de triagem de resíduos................................................................ 29 
Quadro 4: Formas de cobrança pelos serviços de manejo de resíduos sólidos em 
diferentes localidades ..................................................................................................... 31 
Quadro 5: Trabalhos que apresentam índices e indicadores para avaliação da gestão de 
RSU ................................................................................................................................ 35 
Quadro 6: Classificação do IGIRS ................................................................................. 36 
Quadro 7: Critérios de classificação das condições do sistema de gestão...................... 37 
Quadro 8: Intervalo de sustentabilidade do sistema de gestão ....................................... 39 
Quadro 9: Dimensões do ISLU ...................................................................................... 40 
Quadro 10: Resultado do ISLU para Itabira ................................................................... 41 
Quadro 11: Indicadores de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva, 
segundo Bringhenti (2004) ............................................................................................. 42 
Quadro 12: Indicadores de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva, 
segundo Funasa (2010) ................................................................................................... 44 
Quadro 13: Incidência dos indicadores de avaliação de desempenho de Programas de 
Coleta Seletiva ................................................................................................................ 46 
Quadro 14: Indicadores de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva, 
segundo Funasa (2016) ................................................................................................... 47 
Quadro 15: ETAs em Itabira .......................................................................................... 57 
Quadro 16: Avaliação dos índices que cumprem os requisitos ...................................... 60 
Quadro 17: Formação dos participantes do método Delphi ........................................... 62 
Quadro 18: Etapas da 1ª Rodada do Método Delphi ...................................................... 63 
Quadro 19: Etapas da 2ª Rodada do Método Delphi ...................................................... 64 
Quadro 20: Ruas onde as entrevistas foram realizadas .................................................. 68 
Quadro 21: Servidores de limpeza pública ..................................................................... 71 
Quadro 22: Endereço dos Núcleos de Apoio.................................................................. 74 
Quadro 23: Rotas de coleta convencional ...................................................................... 75 
 
 
 
viii 
Quadro 24: Características da coleta convencional ........................................................ 76 
Quadro 25: Características da coleta de animais mortos ................................................ 77 
Quadro 26: Características da coleta de resíduos públicos............................................. 78 
Quadro 27: Rotas da coleta seletiva ............................................................................... 79 
Quadro 28: Características da coleta seletiva ................................................................. 80 
Quadro 29: Materiais separados no Centro de Triagem ................................................. 87 
Quadro 30: Programas da TerraCycle que a Itaurb participa ......................................... 93 
Quadro 31: Rotas da coleta de apoio .............................................................................. 95 
Quadro 32: Rota da coleta de resíduos de serviços de saúde ......................................... 96 
Quadro 33: Preço unitário dos serviços de limpeza urbana .......................................... 100 
Quadro 34: Receitas e despesas com serviços de limpeza urbana entre 2006 e 2010 .. 101 
Quadro 35: Cidades para onde o material triado em Itabira foi vendido ..................... 105 
Quadro 36: Conferência do conteúdo mínimo exigido no PGIRS ............................... 107 
Quadro 37: Aplicação do Índice proposto por Santiago & Dias (2012) ...................... 111 
Quadro 38: Intervalo de sustentabilidade do sistema de gestão ................................... 116 
Quadro 39: Avaliação de cada dimensão do sistema de gestão ................................... 117 
Quadro 40: Resultados dos indicadores ....................................................................... 133 
Quadro 41: Avaliação de cada aspecto do programa de coleta seletiva ....................... 135 
 
Lista de Tabelas 
Tabela 1: Estimativa da composição gravimétrica dos RSU coletados no Brasil
em 2008
 .......................................................................................................................................... 5 
Tabela 2: Variação da composição gravimétrica em Itabira .......................................... 69 
Tabela 3: Quantidade de respondentes ao método Delphi ........................................... 117 
Tabela 4: Dados obtidos com a aplicação da 1ª rodada do método Delphi .................. 118 
Tabela 5: Dados obtidos com a aplicação da 2ª rodada do método Delphi .................. 120 
 
 
 
ix 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 1 
2. OBJETIVOS ............................................................................................................................................... 3 
2.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................................... 3 
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................ 3 
3. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................................ 3 
3.1. PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL ................................................................................. 4 
3.1.1. Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais .......................................................... 8 
3.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................................... 10 
3.3. GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ........................................................................... 19 
3.3.1. Gestão de resíduos recicláveis em municípios de porte semelhante à Itabira ............................ 22 
3.3.2. Coleta Seletiva ............................................................................................................................. 23 
3.3.3. Participação da população .......................................................................................................... 25 
3.3.4. Centrais de Triagem .................................................................................................................... 28 
3.3.5. Cobrança pelo gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos .................................................... 30 
3.4. ÍNDICES DE QUALIDADE DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ................................................................. 33 
3.4.1. Índice de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (IGIRS) – Vieira (2006) ...................... 36 
3.4.2. Índice de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (IGR) – Ferraz (2008) ......................... 36 
3.4.3. Índice de Qualidade de Gestão de Resíduos Sólidos (IQGRS) – Hamada (2011) ......................... 37 
3.4.4. Nível de Sustentabilidade (NS) – Santiago & Dias (2012)............................................................ 38 
3.4.5. Índice de Gestão de Resíduos Sólidos (IGRSU) – Lopes (2016) .................................................... 39 
3.4.6. Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana para os Municípios Brasileiros (ISLU) – PwC & 
SELUR (2016) ................................................................................................................................................. 39 
3.5. INDICADORES PARA PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA ..................................................................................... 42 
3.5.1. Índice de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva – Bringhenti (2004) ....... 42 
3.5.2. Índice de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva – Funasa (2010) ............ 43 
3.5.3. Índice de avaliação de desempenho de Programas de Coleta Seletiva – Funasa (2016) ............ 45 
4. METODOLOGIA .......................................................................................................................................53 
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................................... 53 
4.2. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RSU ................................................................ 59 
4.3. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 60 
4.4. DIAGNÓSTICO DA COLETA E TRIAGEM DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS ....................................................................... 60 
4.5. PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO ........................................................................................................................ 64 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................................................69 
5.1. COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM ITABIRA ...................................................... 69 
5.2. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM ITABIRA ....................................................................................... 70 
5.2.1. Varrição e Capina ........................................................................................................................ 71 
5.2.2. Núcleos de Apoio ......................................................................................................................... 74 
5.2.3. Coleta Convencional dos RSU ...................................................................................................... 74 
5.2.4. Coleta de Animais Mortos ........................................................................................................... 77 
5.2.5. Coleta de Resíduos Públicos ........................................................................................................ 77 
5.2.6. Coleta Seletiva ............................................................................................................................. 78 
5.2.7. Centro de Triagem ....................................................................................................................... 81 
5.2.8. Logística Reversa ......................................................................................................................... 91 
5.2.8.1. Pneus ........................................................................................................................................... 91 
5.2.8.2. Eletrônicos ................................................................................................................................... 92 
5.2.8.3. Óleos lubrificantes ....................................................................................................................... 92 
 
 
x 
 
5.2.8.4. Agrotóxicos .................................................................................................................................. 92 
5.2.8.5. Pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes ................................................................................... 93 
5.2.8.6. Outros resíduos ............................................................................................................................ 93 
5.2.9. Coleta de Apoio............................................................................................................................ 94 
5.2.10. Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde .................................................................................... 96 
5.2.11. Aterro de Inertes .......................................................................................................................... 96 
5.2.12. Aterro Sanitário ........................................................................................................................... 97 
5.2.13. Centro de Educação
Ambiental ................................................................................................... 98 
5.2.14. Vigilância e Obra Pública ............................................................................................................. 98 
5.2.15. Levantamento de custos .............................................................................................................. 99 
5.3. PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................... 105 
5.4. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE GESTÃO E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .............................. 110 
5.5. ÍNDICE DE DESEMPENHO DO SISTEMA DE COLETA E TRIAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS RECICLÁVEIS .......................... 117 
5.5.1. 1ª rodada do método Delphi ..................................................................................................... 117 
5.5.2. 2ª rodada do método Delphi ..................................................................................................... 120 
5.5.3. Avaliação do IPCS ...................................................................................................................... 126 
5.5.4. Aplicação do IPCS em Itabira ..................................................................................................... 126 
5.5.4.1. ISCS 1 - Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ........................................................... 127 
5.5.4.2. ISCS 2 - Instrumentos legais na relação da prefeitura com prestadores de serviço de coleta 
seletiva 127 
5.5.4.3. ISCS 3 - Atendimento da população ........................................................................................... 127 
5.5.4.4. ISCS 4 - Autofinanciamento ....................................................................................................... 127 
5.5.4.5. ISCS 5 - Educação/Divulgação ................................................................................................... 128 
5.5.4.6. ISCS 6 - Participação e controle social ....................................................................................... 128 
5.5.4.7. ISCS 7 - Parcerias ....................................................................................................................... 128 
5.5.4.8. ISCS 8 - Inclusão de catadores avulsos....................................................................................... 129 
5.5.4.9. ISCS 9 - Adesão da população .................................................................................................... 129 
5.5.4.10. ISCS 10 - Taxa de recuperação de recicláveis............................................................................. 129 
5.5.4.11. ISCS 11 - Taxa de rejeito ............................................................................................................ 130 
5.5.4.12. ISCS 12 - Condições de trabalho na coleta de resíduos secos .................................................... 130 
5.5.4.13. ISCS 13 - Condições ambientais de trabalho na central de triagem .......................................... 131 
5.5.4.14. ISCS 14 - Saúde e segurança do trabalhador ............................................................................. 131 
5.5.4.15. ISCS 15 - Custos do serviço de coleta seletiva ............................................................................ 132 
5.5.4.16. ISCS 16 - Custo da coleta seletiva /regular + destinação ........................................................... 132 
5.6. ENTREVISTA DE PERCEPÇÃO....................................................................................................................... 136 
5.7. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................................................................................. 149 
5.7.1. Adequação às Política Públicas ................................................................................................. 149 
5.7.1.1. Planos de Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 151 
5.7.1.2. Declaração anual ....................................................................................................................... 151 
5.7.1.3. Coleta seletiva ........................................................................................................................... 152 
5.7.1.4. Logística reversa ........................................................................................................................ 152 
5.7.1.5. Parceria com cooperativas de catadores ................................................................................... 153 
5.7.1.6. Educação ambiental .................................................................................................................. 153 
5.7.1.7. Órgãos colegiados municipais ................................................................................................... 154 
5.7.1.8. Consórcios .................................................................................................................................. 154 
5.7.1.9. Destinação adequada de resíduos sólidos ................................................................................. 154 
5.7.1.10. Considerações adicionais ........................................................................................................... 155 
5.7.2. Diagnóstico do Sistema de Gestão e Gerenciamento dos RSU .................................................. 156 
5.7.3. Diagnóstico do Sistema de Coleta e Triagem de Resíduos Sólidos Recicláveis .......................... 158 
5.7.4. Percepção da População............................................................................................................ 161 
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................................................ 166 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 168 
 
 
 
xi 
 
 
APÊNDICES .................................................................................................................................................... 180 
ANEXOS ........................................................................................................................................................ 195 
 
 
 
 
 
xii 
 
 
 
 
 
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 
A contaminação do solo entrou na pauta das discussões ambientais bem depois da 
poluição das águas e do ar. Isso ocorreu especialmente devido ao caráter cumulativo e a 
relativa baixa mobilidade dos poluentes no solo. Assim, a disposição de resíduos no 
solo, sem qualquer técnica de contenção e proteção do meio, tornou-se prática comum. 
O solo é capaz de absorver e degradar grande parte desses resíduos, mas o aumento da 
população humana e sua concentração nos grandes centros urbanos fizeram com que os 
resíduos sólidos se tornassem um problema ambiental, com grandes desafios de 
gerenciamento por parte do poder público. 
No Brasil, as responsabilidades pelo gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos são de 
competência dos municípios. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela 
Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, veio como instrumento legal para 
orientar estados e municípios na adequada gestão integrada e no gerenciamento dos 
resíduos sólidos. Muito mais do que assumir o resíduo como inservível, conceito muito 
disseminado, a política enxerga as diversas possibilidades para esse material além da 
sua disposição final. Seus objetivos seguem a ideia de não geração, redução, 
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, sendo a disposição final 
ambientalmente adequada a opção apenas para os rejeitos. A Lei Federal nº 12.305/2010 
também reforça a responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos, 
deixando clara a necessidade de participação da sociedade, setor empresarial e poder 
público. 
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) (IBGE, 2008) revelou que 99,96% 
dos municípios brasileiros possuíam algum tipo de serviço de manejo de resíduos 
sólidos urbanos. Entretanto, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016 
(ABRELPE, 2017) ressalta que 17,4% dos resíduos eram dispostos em vazadouros a 
céu aberto e 24,1% em aterros controlados, perfazendo um total de 41,6% dos resíduos 
com disposição final inadequada. Esse resultado foi inclusive superior ao registrado em 
2015, indicando a dificuldade dos municípios em regularizarem-se frente à PNRS. Este 
cenário indica a importância de instrumentos efetivos e modelos adequados para que os 
municípios consigam adequar-se às políticas públicas no âmbito da gestão de resíduos 
sólidos. 
 
 
2 
 
Adicionalmente, a adequação dos municípios não consiste apenas em acabar com os 
lixões. É necessário considerar a condição para disposição final apenas para os rejeitos. 
A composição gravimétrica estimada para o Brasil indica que 51,4% do resíduo sólido 
urbano é composto por matéria orgânica e 31,9% são passíveis de reciclagem (MMA, 
2012). Para que todo esse resíduo de fato seja aproveitado em seu potencial é necessário 
que sejam implementados os instrumentos previstos na PNRS, como a compostagem, a 
coleta seletiva e a logística reversa. 
O prazo para a adequação dos municípios à PNRS encerrou-se em 2014. A disposição 
inadequada dos resíduos pode ser enquadrada na lei de crimes ambientais, estando a 
prefeitura sujeita a multas e Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O Projeto de Lei 
2289/2015, em tramitação no congresso durante o período de execução dessa pesquisa, 
visa prorrogar os prazos estabelecidos pela PNRS, sob a justificativa de que os 
municípios têm encontrado dificuldades financeiras e falta de capacitação técnica para 
se regularizarem. Além da disposição adequada, para adequar-se à PNRS é necessário 
que os municípios se atentem aos instrumentos previstos, como é o caso da implantação 
de programas de coleta seletiva para viabilização do aproveitamento dos resíduos 
recicláveis e redução da quantidade de material enviado para disposição final. 
Diante deste cenário, o município de Itabira (MG) pode apresentar-se como um 
referencial teórico para a adequação de outros municípios às políticas públicas, 
especialmente quanto à coleta seletiva, um dos instrumentos previstos na PNRS. A 
coleta seletiva em Itabira iniciou em 1991, sendo uma das primeiras iniciativas de 
implantação desse tipo de sistema no Brasil, perfazendo 27 anos de experiência. A 
pesquisa Ciclosoft (CEMPRE, 2016) indica que Itabira é um dos poucos municípios 
brasileiros a atender 100% da população com a coleta seletiva, existindo pontos de 
entrega voluntária inclusive na zona rural (ITABIRA, 2016). 
Apesar da longa experiência com a coleta seletiva, não existem trabalhos que explicitem 
e avaliem criteriosamente a gestão de resíduos sólidos urbanos em Itabira. Por 
conseguinte, a presente pesquisa buscará avaliar as várias dimensões do gerenciamento 
dos RSU na cidade, fornecendo uma fonte de informação para que outros municípios 
possam basear-se e regularizar seus sistemas e fornecer à administração local um 
diagnóstico aprofundado sobre o funcionamento do gerenciamento dos RSU, 
 
 
 
3 
 
 
permitindo a identificação de possíveis fragilidades e para eventuais aprimoramentos do 
sistema. Ademais, a pesquisa aproveitará para investigar o conhecimento e motivação 
da população quanto à separação de resíduos em um município onde a coleta seletiva é 
uma realidade há longo tempo, bem como sua disposição a contribuir para 
sustentabilidade econômica do sistema. 
2. OBJETIVOS 
2.1. Objetivo geral 
O objetivo geral da pesquisa consiste no detalhamento e diagnóstico do gerenciamento 
de resíduos sólidos do município de Itabira (MG), com apresentação de propostas para 
eventuais necessidades de melhorias e aprimoramentos do sistema, bem como para sua 
adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos, com ênfase no sistema de coleta 
seletiva. 
2.2. Objetivos específicos 
Os objetivos específicos consistem em: 
● Fazer um levantamento da gestão de resíduos sólidos em Itabira e preparar um 
diagnóstico da gestão e do gerenciamento atual de resíduos sólidos no 
município e verificar sua adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos; 
● Diagnosticar a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos recicláveis com 
atenção à coleta seletiva e triagem dos resíduos, com a aplicação de índice 
desenvolvido especificamente para o município; 
● Verificar a percepção da população local quanto aos serviços de manejo de 
resíduos prestados, suas motivações e o nível de conhecimento sobre separação 
de resíduos recicláveis na coleta seletiva municipal. 
3. REVISÃO DA LITERATURA 
A revisão da literatura dividiu-se em cinco itens principais que permitissem a discussão 
dos resultados encontrados nessa pesquisa. Inicialmente fez-se um panorama sobre a 
situação dos resíduos sólidos e verificou-se a evolução das políticas públicas 
relacionadas aos resíduos para contextualizar a realidade brasileira. O terceiro item trata 
dos conceitos de gestão e gerenciamento e a organização dos sistemas de limpeza 
 
 
4 
 
pública e manejo de resíduos, com foco na coleta seletiva e suas implicações. 
Finalmente, a revisão encerra com o levantamento de índices utilizados para avaliação 
da qualidade dos sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos e de 
programas de coleta seletiva no Brasil, para sua possível aplicação ao sistema em 
Itabira. Ressalta-se que algumas referências com resultados específicos do município 
entraram como produto dos levantamentos e por este motivo não aparecem na revisão. 
3.1. Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil 
Grande parte das atividades humanas gera algum tipo de resíduo. O desenvolvimento 
econômico, o crescimento populacional, a urbanização e a revolução tecnológica vêm 
sendo acompanhados por alterações no estilo de vida e nos modos de produção e 
consumo da população (GOUVEIA, 2012), gerando um aumento na produção de 
resíduos sólidos. Quando dispostos de maneira inadequada, este material configura-se 
como um dos principais problemas ambientais enfrentados pela sociedade, podendo 
contaminar o ar, a água subterrânea, a água superficial, o solo e ainda causar problemas 
de saúde pública com o contato direto de seres humanos com os resíduos ou 
propiciando a proliferação de vetores. 
Os resíduos domiciliares (originários de atividades domésticas) e resíduos de limpeza 
urbana (originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços 
de limpeza urbana) caracterizam os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) (BRASIL, 2010). 
O Brasil gerou 214.405 toneladas de RSU por dia no ano de 2016, com uma geração per 
capita de 1,040 kg/hab./dia (ABRELPE, 2017). A composição gravimétrica dos RSU 
pode variar dependendo da população, condições climáticas, hábitos de consumo, renda 
familiar e até mesmo fatores culturais. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 
publicado em agosto de 2012, apresenta uma estimativa da composição gravimétrica 
dos RSU no Brasil, proveniente da média baseada em estudos realizados entre 1995 e 
2008. A Tabela 1 mostra essa estimativa. 
A composição gravimétrica apresentada na Tabela 1 indica que do total de RSU 
produzidos, 51,4% é matéria orgânica, 31,9% são materiais passíveis de reciclagem e 
16,7% são aqueles que não possuem alternativas economicamente viáveis de 
tratamento, considerados rejeitos. Para evitar que esses materiais se tornem problemas 
ambientais, são necessárias ações de gerenciamento adequadas. 
 
 
 
5 
 
 
Tabela 1: Estimativa da composição gravimétrica dos RSU coletados no Brasil em 2008 
Resíduos
Participação (%) Quantidade (t/dia) 
Material reciclável 31,9 58.527,40 
 Metais 2,9 5.293,50 
 Aço 2,3 4.213,70 
 Alumínio 0,6 1.079,90 
 Papel, papelão e tetrapak 13,1 23.997,40 
 Plástico total 13,5 24.847,90 
 Plástico filme 8,9 16.399,60 
 Plástico rígido 4,6 8.448,60 
 Vidro 2,4 4.388,60 
Matéria orgânica 51,4 94.335,10 
Outros 16,7 30.618,90 
Total 100,0 183.481,50 
Fonte: MMA (2012) 
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008 indicou que 99,96% dos municípios 
brasileiros possuíam algum tipo de serviço de manejo de resíduos sólidos. Esse valor, 
entretanto, não significa uma gestão adequada dos resíduos. O Panorama dos Resíduos 
Sólidos no Brasil 2016, desenvolvido pela ABRELPE (Associação Brasileira de 
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) (2017), indica que o índice de 
cobertura da coleta de RSU no país equivalia a 91% (Gráfico 1), sendo que 41,6% deste 
material ainda era disposto de maneira irregular (em vazadouros a céu aberto ou aterros 
controlados) (Gráfico 2). 
Gráfico 1: Índice de cobertura da coleta de 
RSU (%) – Norte (N); Nordeste (NE); Centro-
oeste (CO); Sudeste (SE); Sul (S); Brasil (BR) 
Gráfico 2: Disposição final de RSU no Brasil 
por tipo de destinação (t/dia) 
 
 
Fonte: ABRELPE (2017) Fonte: ABRELPE (2017) 
Entre os anos de 2015 e 2016 houve uma redução do montante de RSU enviados para 
aterro sanitário (Gráfico 2). Essa piora no cenário pode estar vinculada à redução dos 
 
 
6 
 
recursos aplicados ao gerenciamento dos RSU no ano de 2016 (ABRELPE, 2017). 
Ainda que aterros sanitários sejam preferíveis à aterros controlados e lixões, essa não 
deve ser a alternativa principal. Apenas os rejeitos devem ser encaminhados para 
disposição final (BRASIL, 2010). Como comentado anteriormente, mais de 30% do 
RSU é composto por materiais recicláveis. Desses, muitos são aterrados sem qualquer 
iniciativa de aproveitamento. 
A dificuldade em recuperar todo o material reciclável pode estar relacionada ao fato da 
coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil ser um serviço público, enquanto a 
reciclagem é uma atividade industrial (BESEN et al., 2014). Para viabilizar o processo 
de reciclagem, é importante que os municípios implementem a coleta seletiva, em 
contrapartida as indústrias precisam absorver os resíduos triados em seu processo 
produtivo. A ABRELPE (2017) projetou que 3.878 municípios brasileiros apresentam 
alguma iniciativa de coleta seletiva, correspondendo a 69,6% (Gráfico 3). 
Gráfico 3: Municípios com iniciativas de coleta seletiva no Brasil 
 
Fonte: ABRELPE (2017) 
O valor levantado pela ABRELPE (2017) é muito superior ao indicado pelo CEMPRE 
(2016), que indicou 1055 municípios com coleta seletiva no Brasil, correspondendo a 
apenas 18% do total de municípios brasileiros. Essa diferença pode ser explicada pelos 
critérios utilizados pela ABRELPE em incluir qualquer iniciativa, mesmo que 
simplificada e pontual, como disponibilização de alguns pontos de entrega voluntária 
(PEVs) ou convênios com cooperativas de catadores. Ainda que tenha essa 
discrepância, é consenso entre os levantamentos que o número de municípios com 
coleta seletiva no Brasil tem aumentado, especialmente após a publicação da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, que estabelece a coleta seletiva como um de 
 
 
 
7 
 
 
seus instrumentos. 
Outra consideração importante quanto à gestão adequada dos RSU refere-se à 
sustentabilidade econômica dos sistemas. O Diagnóstico do Manejo de Resíduos 
Sólidos Urbanos – 2016 indica que 43,1% dos municípios participantes da pesquisa 
cobravam pelos serviços de coleta, transporte e destinação final dos resíduos. A 
principal modalidade de cobrança consiste na inclusão de taxa específica no boleto do 
IPTU (86,1%), seguido de taxa em boleto de água (9,6%). Ainda assim, 53,3% dos 
municípios com taxa não alcançaram 50% de autossuficiência financeira do órgão 
gestor com o manejo de resíduos (MCIDADES, 2017), indicando que, mesmo aqueles 
que cobram, repassam valores muito inferiores ao necessário para manter as atividades. 
De todos os 3.670 municípios que responderam à pesquisa, apenas 27 arrecadam valor 
igual ou superior a 100% da despesa (0,7%). 
O diagnóstico de manejo dos RSU feito pelo Ministério das Cidades ainda apresenta a 
despesa per capita com o manejo dos resíduos. O indicador médio da despesa rateada 
pela população urbana gera um valor anual de R$107,40/hab, sendo variável de acordo 
com a faixa populacional (quanto maior a população, maior a despesa). O Gráfico 4 
mostra a variação da despesa per capita segundo as regiões brasileiras. O ano de 2016 
registrou queda nas despesas per capita em comparação ao ano de 2015, ficando em 
patamar inferior até mesmo ao registrado em 2014. O MCidades relaciona essa queda à 
crise econômica vivida pelo país, que retrocedeu as despesas. O diagnóstico também 
apresenta a hipótese de custo unitário por domicílio (assumindo 3 habitantes por 
residência), onde chega a valores variando de R$17,00 a R$57,00 de acordo com a faixa 
populacional. 
 
 
 
8 
 
Gráfico 4: Despesa per capita com o manejo de RSU, segundo a região geográfica 
Fonte: MCIDADES (2018) 
3.1.1. Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais 
O município de Itabira está localizado no estado de Minas Gerais. Dessa forma, torna-se 
interessante verificar a situação do Estado quanto a destinação dos resíduos sólidos 
urbanos. O Panorama da Destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos no Estado de Minas 
Gerais em 2015 (FEAM, 2016) indica que a geração per capita de RSU no Estado é 
0,680 kg/hab/dia, valor consideravelmente inferior à média nacional. Sobre a destinação 
dos resíduos, 57,71% da população urbana era atendida por sistemas de tratamento e/ou 
disposição final de RSU regularizados ambientalmente (FEAM, 2016). Ainda assim, 
isso equivale à apenas 35% dos municípios. O Gráfico 5 apresenta a destinação dos 
RSU por tipologia no Estado em 2015. 
Apenas 11 municípios possuem simultaneamente aterro sanitário e unidades de triagem 
e/ou compostagem regularizados. Itabira enquadra-se entre eles. Reforçando a 
possibilidade de o município servir como referência para outras localidades. 
 
 
 
 
9 
 
 
Gráfico 5: Destinação dos RSU em Minas Gerais em 2015 
Fonte: FEAM (2016) 
Quanto à programas de coleta seletiva, a FEAM (2016) identificou 227 municípios que 
implantaram o sistema no Estado. Desses, 125 responderam à um questionário 
situacional enviado pela FEAM. Os resultados obtidos podem ser verificados no 
Gráfico 6. Percebe-se que apenas 29% dos respondentes apresentaram desempenho bom 
ou satisfatório. 
Gráfico 6: Classificação de desempenho da coleta seletiva 
 
Fonte: FEAM (2016) 
Adicionalmente, o Panorama da Destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos no Estado de 
Minas Gerais em 2015 também comenta a respeito dos Planos de Gestão Integrada de 
Resíduos Sólidos (PGIRS) que são instrumento obrigatório previsto pela Política 
Nacional de Resíduos Sólidos. Em 2015, apenas 17% dos municípios cadastraram seus 
respectivos PGIRS. Desses, 33% apresentaram pendências, precisando regularizarem-
 
 
10 
 
se. O Gráfico 7 apresenta o cadastro de PGIRS na FEAM até 2015. 
Gráfico 7: Cadastro de PGIRS na FEAM 
 
Fonte: FEAM (2016) 
3.2. Políticas Públicas de Gestão de Resíduos Sólidos 
Trindade (2012) comenta que a institucionalização de políticas ambientais vem em um 
processo contínuo de tentativa e erro, sendo necessário o aprendizado para que o 
sistema detecte os erros e possa agir sobre eles. Isso justifica as dificuldades ainda 
encontradas no gerenciamento dos resíduos. As diretrizes para a adequada gestão dos 
resíduos sólidos apareceram de forma tímida no arcabouço legal do país. Distribuída em 
leis, decretos, portarias e resoluções, a discussão tomou força
nos últimos 20 anos, 
sendo ainda muito incipiente no contexto nacional, quando comparada às discussões 
sobre poluição hídrica e atmosférica. A seguir será apresentada uma evolução das 
políticas públicas que abordam a temática no Brasil e em Minas Gerais. Ressalta-se que 
o termo “lixo” foi mantido quando a referida lei assim o fazia. 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) trata indiretamente e de forma generalizada 
sobre a questão dos resíduos sólidos. O art. 23 (inciso VI e IX) define como 
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a 
proteção do meio ambiente e combate à poluição em todas as suas formas, bem como a 
promoção de programas de melhorias das condições de saneamento básico. 
Complementarmente, segundo o art. 30, inciso V, compete aos municípios “organizar e 
prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de 
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”. A limpeza 
urbana consiste em um serviço de caráter essencial, logo assume-se essa como uma 
responsabilidade dos municípios. 
 
 
 
11 
 
 
Em Minas Gerais, a Política Estadual de Saneamento Básico foi sancionada em 1994, 
com a Lei Estadual n° 11.720/94. Para os efeitos da lei, estavam incluídos dentro das 
ações cabíveis ao saneamento básico a coleta, reciclagem e disposição adequada dos 
resíduos sólidos. A lei reforça em seu art. 3° o direito de todos ao saneamento básico e a 
autonomia dos munícipios quanto à organização e à prestação desses serviços, como 
previsto no art. 30 da Constituição Federal. 
Em 1995 o Governo de Minas Gerais publicou a Lei Robin Hood (Lei Estadual nº 
12.040/95) que dispunha sobre a distribuição da parcela de receita do produto da 
arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre 
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação 
(ICMS). Essa lei visava descentralizar a distribuição da cota-parte do ICMS dos 
municípios, desconcentrar a renda e transferir recursos para regiões mais pobres (FJP, 
2010). Entre os critérios de cálculo dos percentuais de distribuição, estava incluído o 
ICMS Meio Ambiente (ou Ecológico). Essa medida buscava incentivar os municípios a 
investir em alternativas ambientalmente adequadas de saneamento básico e unidades de 
conservação. No que concerne aos resíduos sólidos, estavam aptos a receber o incentivo 
os municípios cujos sistemas de tratamento ou disposição final de lixo atendesse no 
mínimo 70% da população. 
A primeira iniciativa do Governo de Minas Gerais direcionada para o gerenciamento 
dos resíduos sólidos urbanos especificamente, ocorreu em 1997 com o Programa 
“Minas Joga Limpo”. Focada em um programa de saneamento ambiental para 
localidades de até 20.000 habitantes, seu objetivo era ajudar as administrações 
municipais a se aparelharem e equiparem, tendo prioridade os municípios que tivessem 
recursos próprios para implantação dos serviços e obras (BARROS & SILVA, 2006). 
Brandão (2006) comenta que a meta era envolver 693 municípios, mas que apenas 298 
foram efetivamente envolvidos, sendo 66 com população acima do limite pré-
estabelecido. Dentre esses que receberam os projetos, Barros & Silva (2006) afirmam 
que “a maioria nem iniciou ou não concluiu a obra por falta de recursos, de terreno 
adequado ou de assessoria técnica”, sendo o Programa paralisado pelo Estado em 1999. 
Em fevereiro de 1998 foi decretada a Lei Federal 9.605/98 que dispunha sobre as 
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 
 
 
12 
 
ambiente. Entre os crimes ambientais passíveis de pena inclui-se causar poluição por 
lançamento de resíduos sólidos em níveis que possam resultar em danos à saúde 
humana, provocar morte de animais ou destruição significativa da flora. A pena prevista 
é de reclusão de um a cinco anos. 
No mesmo ano em que se encerrou o “Minas Joga Limpo”, o Governo Federal publicou 
a Lei Federal 9.795/1999, que trata da Política Nacional de Educação Ambiental. 
Apesar de não fazer referência direta sobre a questão dos resíduos sólidos, o art. 5° 
apresenta os objetivos fundamentais da educação ambiental, trazendo no inciso IV o 
“incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na 
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade 
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania”. 
O Diário do Executivo de Minas Gerais publicou em dezembro de 2000 a Lei Estadual 
n° 13.766/00, que dispõe sobre a política estadual de apoio e incentivo à coleta seletiva 
de lixo. De acordo com essa lei, o Estado apoiaria e incentivaria os municípios que 
quisessem implantar políticas de coleta seletiva. Entre as incumbências do poder 
público Estadual estavam a prestação de “assistência técnica, operacional e financeira 
ao município, por meio de convênio ou instrumento congênere”, promover campanhas 
educativas e tornar disponíveis máquinas, veículos e equipamentos. 
No ano seguinte, foi publicada a Política Estadual de Reciclagem de Materiais (Lei 
Estadual n° 14.128/01) que objetivava incentivar o uso, a comercialização e a 
industrialização de materiais recicláveis. Para isso, o Poder Executivo, entre outras 
competências, deveria incentivar o desenvolvimento de programas municipais de 
reciclagem de materiais e promover campanhas de incentivo à realização de coleta 
seletiva. 
Concomitante a Política Estadual de Reciclagem, o Conselho Estadual de Política 
Ambiental (COPAM), convocou os municípios com população superior a 50.000 
habitantes para o licenciamento ambiental de sistema adequado de disposição final de 
lixo pela Deliberação Normativa (DN) n° 52/01. Seguindo o cronograma, os municípios 
convocados teriam até dezembro de 2005 para formalizar o processo de Licença de 
Operação de seus sistemas adequados de destinação final. Ademais, todos os municípios 
do Estado teriam um prazo de até seis meses para minimizar os impactos ambientais nas 
 
 
 
13 
 
 
áreas de disposição final de lixo, respeitando alguns requisitos mínimos, entre eles a 
compactação e recobrimento do lixo e proibição da permanência de pessoas no local 
para fins de catação. A referida deliberação sofreu diversas prorrogações em seus 
prazos, mas Lopes & Barros (2011) acreditam que essa ainda demonstrou-se um 
mecanismo relativamente eficiente para pressionar os municípios, pois, em 2001 96,5% 
dos municípios dispunham seus resíduos em lixões e em 4 anos esse valor caiu para 
66%. Ainda assim, em 2005 foram lavrados Autos de Infração pelo descumprimento 
das deliberações por parte de 600 municípios e, em 2010, 84% ainda descumpriram o 
Termo de Ajustamento de Contas (TAC) firmado com a Fundação Estadual do Meio 
Ambiente – FEAM (LOPES, 2016). 
Em agosto de 2003 foi lançado o Programa Minas Sem Lixões para auxiliar os 
municípios à alcançarem o estabelecido pela DN 52/01. Coordenado pela FEAM, 
contou com as parcerias da Fundação Israel Pinheiro (FIP) e com as Universidades 
Federais de Lavras (UFLA) e de Viçosa (UFV). Entre suas ações estão incluídos apoio 
aos municípios na gestão dos resíduos, com a implantação de sistemas de tratamento e 
disposição regularizados, implantação da coleta seletiva e formação de consórcios para 
gestão compartilhada de RSU (FEAM, 2016). Lopes (2016) comenta que até o final de 
2011 houve um acréscimo de mais de 5,5 milhões de habitantes com acesso a sistemas 
regularizados junto ao COPAM em consequência à implantação do Programa, sendo 
que os maiores avanços ocorreram até 2009. 
Com uma política de regularização progressiva da problemática dos RSU e dando 
continuidade à DN 52/01, em 2004 o COPAM publicou a DN 75/04. A partir da nova 
deliberação, todos os municípios com população entre 30.000 e 50.000 habitantes foram 
convocados a licenciarem sistemas adequados
de destinação final de RSU. Devido às 
dificuldades encontradas pelos municípios em regularizarem-se, assim como a DN 
52/01, a DN 75/04 também teve prorrogação dos seus prazos. 
Com um intervalo de 13 anos com a Política Estadual de Saneamento Básico, em 
janeiro de 2007, o Governo Federal publicou a Lei do Saneamento Básico (Lei Federal 
nº 11.445/07). No novo texto a questão dos resíduos sólidos é tratada de forma mais 
abrangente do que o estabelecido pela política estadual. Para os efeitos da Lei, 
saneamento básico inclui a limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, em seu 
 
 
14 
 
“conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, 
transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição 
e limpeza de logradouros e vias públicas”. Os artigos 6° e 7° ainda tratam sobre a 
questão dos resíduos: 
“Art. 6o O lixo originário de atividades comerciais, industriais e de 
serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao 
gerador pode, por decisão do poder público, ser considerado resíduo 
sólido urbano. 
Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana 
e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes 
atividades: 
I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na 
alínea c do inciso I do caput do art. 3odesta Lei; 
II - de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento, 
inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos 
relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; 
III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros 
públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública 
urbana. ” (BRASIL, 2007) 
A Lei do Saneamento Básico ainda apresenta outras considerações relevantes ao 
contexto desse trabalho. Os titulares dos serviços públicos podem delegar a organização 
e prestação desses serviços e deverão elaborar os Planos de Saneamento Básico. Além 
disso, fica estabelecido pela Lei que deve ser assegurada a sustentabilidade econômico-
financeira mediante remuneração pela cobrança dos serviços sempre que possível. O 
Art. 35 determina que as taxas para prestação de serviços de limpeza urbana e manejo 
de RSU devem levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão 
considerar o nível de renda da população atendida, as características dos lotes urbanos e 
o peso ou o volume médio coletado por habitante ou domicílio. A Lei também alterou a 
Lei Federal n° 8.666/93, permitindo a contratação de cooperativas de catadores para 
coleta, processamento e comercialização de RSU recicláveis ou reutilizáveis sem 
necessidade de licitação. 
Em junho de 2008 o COPAM estabeleceu novas diretrizes para adequação da 
disposição de RSU em Minas Gerais, por meio da DN 118/08. Essa deliberação traz os 
requisitos mínimos a serem implantados nos depósitos de lixo até a implantação de um 
 
 
 
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sistema adequado. Concomitantemente, a DN 119/08 reiterou a convocação dos 
municípios com mais de 30.000 habitantes a formalizarem seus processos de 
licenciamento para sistema de tratamento e/ou disposição final e em outubro do mesmo 
ano, a DN 126/08 convocou os municípios com população entre 20.000 e 30.000. 
A Lei Estadual n° 18.030 publicada em 2009 alterou a distribuição da parcela da receita 
do produto da arrecadação do ICMS pertencente aos municípios. O ICMS Ecológico 
passou de 1,00% para um percentual de 1,10%, mas incluiu o subcritério “mata seca”. 
Fonseca et al. (2015) comentam que, apesar do acréscimo, o índice de 1,10% ainda é 
um dos menores aplicados no país, entre os estados que possuem este tipo de legislação. 
Concomitante à alteração do ICMS Ecológico, foi aprovada a Política Estadual de 
Resíduos Sólidos – PERS (Lei Estadual n° 18.031/2009). A Lei classifica os resíduos 
quanto a sua natureza (perigosos ou não-perigosos) e quanto a sua origem (geração 
difusa ou determinada) e se baseia nos princípios de não-geração, prevenção, redução, 
reutilização e reaproveitamento, reciclagem, tratamento, destinação final 
ambientalmente adequada e a valorização dos resíduos sólidos. Entre suas diretrizes, 
incluem-se a universalidade, a regularidade, a continuidade e a funcionalidade dos 
serviços públicos de manejo dos resíduos, a responsabilidade compartilhada entre poder 
público, geradores, transportadores, distribuidores e consumidores e o incentivo ao uso 
de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados. 
A PERS também institui que cabe ao poder público fomentar a instituição da logística 
reversa, a implantação do sistema de coleta seletiva nos Municípios e a sustentabilidade 
econômica do sistema de limpeza pública. Estão previstos 13 instrumentos da Política, 
os quais incluem indicadores para o estabelecimento de padrões setoriais relativos à 
gestão dos resíduos e os Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), que 
deveriam ser elaborados em um prazo máximo de cinco anos para que os municípios 
tenham acesso a recursos do Estado. A PERS determina que a organização e o 
gerenciamento dos sistemas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, 
transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos domiciliares são serviços 
públicos de caráter essencial de responsabilidade do poder público municipal, sendo que 
os usuários dos sistemas ficam obrigados a acondicionar os resíduos para coleta de 
forma adequada e em local acessível à coleta. 
 
 
16 
 
A PERS prevê a possibilidade de os municípios realizarem consórcio público para 
realizarem conjuntamente a gestão dos resíduos. Ainda em 2009, o estado de Minas 
Gerais, por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA), desenvolveu o 
Plano de Regionalização para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos 
(PRGIRS), com o intuito de incentivar e apoiar tecnicamente a formação dos consórcios 
intermunicipais (LOPES, 2016). Foram propostos os Arranjos Territoriais Ótimos 
(ATOs), formados com base nos dados ambientais, socioeconômicos, de transporte e 
logística e de resíduos. Após a formação de 285 agrupamentos, foram instituídos 51 
ATOs, onde cada um possui pelo menos uma cidade-polo, com uma população de no 
mínimo 100 mil habitantes, preferencialmente (FEAM, 2017). Ressalta-se que Itabira 
seria a cidade polo do ATO 27, composto por outros 17 municípios, a saber: Ferros, 
Santo Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Passabem, Itambé do Mato 
Dentro, Santa Maria de Itabira, Nova Era, São Gonçalo do Rio Abaixo, João 
Monlevade, Bela Vista de Minas, São Domingos do Prata, Dionísio, São José do 
Goiabal, Rio Piracicaba, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), foi instituída no ano seguinte à PERS, 
após mais de 20 anos de discussão no Congresso Nacional, pela Lei Federal n° 
12.305/2010 e apresenta princípios e objetivos bem similares à Política estadual. A 
PNRS, entretanto, possui uma quantidade maior de instrumentos, perfazendo dezenove. 
Entre eles estão os planos de gestão de resíduos sólidos, que passaram a ser obrigatórios 
para todos os entes federados. Com isso, os Estados também precisam elaborar os 
planos de resíduos sólidos para terem acesso a recursos da União. Outros instrumentos 
reforçados quanto à sua importância estão a coleta seletiva e os sistemas de logística 
reversa, sendo priorizado o desenvolvimento de cooperativas de catadores de materiais 
reutilizáveis e recicláveis e o incentivo aos acordos setoriais. Agrotóxicos, pilhas e 
baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletrônicos 
tornaram obrigatórios a estruturação e implementação dos sistemas de logística reversa 
por parte dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. 
A classificação dos resíduos passou a ser quanto à origem ou quanto à periculosidade.
“Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte 
classificação: 
 
 
 
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I - quanto à origem: 
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em 
residências urbanas; 
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de 
logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; 
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; 
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: 
os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas 
“b”, “e”, “g”, “h” e “j”; 
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados 
nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; 
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e 
instalações industriais; 
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, 
conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos 
órgãos do Sisnama e do SNVS; 
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, 
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, 
incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para 
obras civis; 
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades 
agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos 
utilizados nessas atividades; 
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, 
aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e 
passagens de fronteira; 
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, 
extração ou beneficiamento de minérios; 
II - quanto à periculosidade: 
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características 
de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, 
patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e 
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à 
qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma 
técnica; 
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea 
“a”.”(BRASIL, 2010) 
 
 
18 
 
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos ganhou destaque na 
PNRS, abrangendo fabricantes, importadores, distribuidores, consumidores e os 
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Os 
consumidores são obrigados a acondicionar e disponibilizar de forma adequada os 
resíduos sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de 
gestão integrada de resíduos sólidos. Quanto ao titular dos serviços, esse deve adotar 
procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos reutilizáveis, estabelecer a coleta 
seletiva, realizar atividades definidas por acordo setorial, implantar sistema de 
compostagem para resíduos orgânicos e dar disposição final ambientalmente adequada 
aos rejeitos. A PNRS também prioriza, na obtenção dos incentivos instituídos pelo 
Governo Federal, os consórcios públicos com o objetivo de viabilizar a descentralização 
e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos. 
Para viabilizar o cumprimento da PNRS e PERS, o COPAM publicou a DN 170/2011 
estabelecendo prazos para o cadastro dos PGIRS pelos municípios mineiros, tendo a 
última fase se encerrado em 2014, junto ao prazo determinado pela PNRS. 
Em novembro de 2011 o Governo Estadual aprovou a Lei Estadual n° 19.823, que 
dispõe sobre a Bolsa Reciclagem, uma concessão de incentivo financeiro a catadores de 
materiais recicláveis. Para o recebimento da Bolsa Reciclagem, as cooperativas 
precisam manter atualizados seus dados cadastrais, ser reconhecida por comitê gestor e 
apresentar relação de repasses feitos a cooperados ou associados beneficiados pelo 
incentivo. Pelo menos 90% dos valores transferidos devem ser repassados aos 
catadores, sendo permitido a utilização do restante no custeio de despesas 
administrativas, investimento em infraestrutura e aquisição de equipamentos, 
capacitação de cooperados, formação de estoque e divulgação. 
A DN COPAM 172/2011 instituiu o Plano Estadual de Coleta Seletiva de Minas Gerais 
(PECS). De acordo com a deliberação, os municípios que receberão o apoio do Estado 
para implantação ou ampliação da coleta seletiva serão selecionados anualmente pela 
FEAM, sendo feita aplicação de sistema de pontuação estabelecido no PECS. Para 
participar da seleção o município deve manifestar à FEAM o interesse em receber o 
apoio do Estado até 31 de março de cada ano. 
A DN COPAM 180/2012 regulamentou sobre a regularização ambiental de 
 
 
 
19 
 
 
empreendimentos referentes ao transbordo, tratamento e/ou disposição final de RSU 
instalados ou operados em sistema de gestão compartilhada, tratando sobre a 
titularidade do processo e os critérios e adesão de novos municípios ao consórcio 
público. A deliberação estabelece ainda que o prazo máximo para estocagem dos 
resíduos nas estações de transbordo deverá ser 24 horas, salvo casos previamente 
autorizados pelo órgão público. 
Em relação aos acordos setoriais de logística reversa estabelecidos pela PNRS, em 2012 
foi assinado o acordo para implantação do sistema de logística reversa de embalagens 
plásticas de óleo lubrificante e em 2013 a DN COPAM 188/2013 estabeleceu diretrizes 
e prazos para publicação dos editais de chamamento público de propostas de 
modelagem de sistemas de logística reversa em Minas Gerais. O prazo para pneus 
encerrou-se em 2013, pilhas e baterias em 2014, lâmpadas fluorescentes em 2015 e 
equipamentos eletrônicos em 2016. O acordo para a logística reversa de lâmpadas 
fluorescentes de sódio e mercúrio e de luz mista foi assinado em 2014, ressalta-se que 
de acordo com o cronograma, Itabira tem previsão de receber a implementação do 
programa apenas a partir do 4º ano após seu início (IEF, 2018). 
Ainda em 2014, com o fim do prazo estabelecido pela PNRS para acabar com os lixões, 
a Resolução Conjunta SEMAD/FEAM 2146/2014 criou um Grupo de Trabalho para 
realização de análise da viabilidade técnica para a suspensão das atividades irregulares 
de disposição de resíduos sólidos. O Grupo de Trabalho deveria definir diretrizes e 
procedimentos para atuação do Estado, bem como convocar os municípios para 
celebração de Termos de Ajustamento de Conduta. 
Em 25/11/2015 foi assinado o acordo setorial para implantação do sistema de logística 
reversa de embalagens em geral, com primeira fase com ações concentradas nas cidades 
e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Distrito Federal, 
Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo 
(MMA, 2018). 
3.3. Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos 
Para melhor compreensão da pesquisa é importante esclarecer o significado dos termos 
gestão e gerenciamento, para evitar interpretações errôneas. Serão assumidas as 
 
 
20 
 
definições estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, como se segue: 
“Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, 
direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, 
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos 
sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de 
acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos 
ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos (...); 
Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas 
para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a 
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e 
social (...)” (BRASIL, 2010) 
De forma simplificada, o gerenciamento apresenta-se como a lógica processual ou 
operacional e a gestão engloba o planejamento e a coordenação de todas as etapas do 
gerenciamento, bem como suas dimensões política, econômica, ambiental, cultural e 
social (ARAÚJO & JURAS, 2011 apud BARROS, 2012). 
Lima (2002) comenta sobre dois modelos

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