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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA REGIÃO NORTE DA COMARCA DE PALMAS – TOCANTINS.
FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, empregado, inscrito no CPF/MF sob o nº. XXX.XXX.XXX-XX e Cédula de Identidade de n°. XXX.XXX SSP/XX, residente e domiciliado no Setor Lago Norte, Alameda XX, Lote XX. Plano Diretor Norte, Palmas - Tocantins, não possui endereço eletrônico, através da sua advogada e procuradora, que esta subscreve endereço eletrônico luzimarabraga.adv@gmail.com, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do CPC, propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REVISIONAL DE CONSUMO C/C DANOS MORAIS, em face de:
BRK AMBIENTAL- COMPANHIA DE SANEAMENTO DO TOCANTINS, inscrita no CNPJ nº. XX.XXX.XXX/XXX-XX, estabelecida na quadra 312 Sul, Av. LO 05, Palmas/TO, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe:
I. PRELIMINARMENTE
I.1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Inicialmente cumpre assentar que o PROMOVENTE, encontra-se com dificuldades financeiras, sendo incapaz de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem comprometer o seu orçamento pessoal e de sua família.
Conforme inteligência do Art. 98 do Código de Processo Civil, temos a autorização legal à pessoa desprovida de meios financeiros, a gratuidade da justiça, senão vejamos: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar ás custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. 
Sendo assim, segundo dispõe a lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, art. 98 e SS, a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar ás custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
II. DOS FATOS
O requerente, logo após retornar de suas férias em janeiro de 2018, foi surpreendido com uma fatura no valor exorbitante de R$ 3.880,45 (três mil oitocentos e oitenta reais e quarenta e cinco centavos), conforme notificação de suspensão de fornecimento que vence em 02/04/2018 ou seja segunda feira.
Vale anotar Excelência mesmo que o requerente não estivesse de férias em viagem, não teria consumido o vultuoso valor, como se extrai da planilha abaixo, mesmo assim procurou o fornecedor, no caso a requerida, para melhor esclarecimento, onde foi informado que teria que fazer uma vistoria em sua residência. Feito tal vistoria na forma do laudo anexo, extrai-se que nenhum vazamento foi identificado.
Mesmo assim o requerente foi compelido a efetuar o pagamento, o qual poderia dar-se de forma parcelada com incidência de juros.
O requente não concorda com essa cobrança, pois é indevida e abusiva, vez que conforme extrai-se das contas em anexo a média durante os 12 últimos meses tem valor médio de R$90,00 reais, ainda pelo fato de que mesmo após ter a requerida substituído o hidrômetro, verifica-se nas contas de fevereiro e março que o valor continua dentro da média.
Planilha de consumo médio com base nas contas anexas
	Mês/ano
	Consumo
	dez/16
	7
	jan/17
	9
	fev/17
	5
	mar/17
	0
	abr/17
	1
	mai/17
	6
	jul/17
	3
	ago/17
	6
	set/17
	6
	out/17
	5
	nov/17
	7
	dez/17
	5
	Mês/ano
	Consumo
	jan/18
	146
Planilha de consumo exorbitante em janeiro de 2018
Planilha de consumo fevereiro e março de 2018
	Mês/ano
	Consumo
	fev/18
	5
	mar/18
	4
Insta destacar que além de encontrar-se de férias em janeiro, viajando, o requerente trabalha durante o dia e só encontra-se em casa à noite e finais de semana, bem como que mora sozinho, o que justifica o consumo médio que sempre pagou.
De tudo o que resta é a indignação do requerente, que na sua boa-fé, acredita que a requerida lhe deve uma explicação plausível, vez que até ao PROCON, já efetivou seu descontentamento, visto que sempre manteve média de consumo conforme especificado nas copias das contas em anexo.
III. DO DIREITO
III.1. DA RELAÇÃO CONSUMERISTA 
A proteção da Requerente/Consumidor foi consagrada pela Constituição Federal, consubstanciada no inciso XXXII do artigo 5º: "O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor."
Pertinente anotar, que a problemática da conta de água em questão se enquadra como uma relação de consumo. Trata-se de relação entre consumidor e uma concessionária de um serviço público essencial; o serviço é extremamente complexo (já que envolve tecnologia e dados incompreensíveis a qualquer consumidor); o serviço é de monopólio do Estado e o consumidor paga seus impostos para que o Estado fiscalize essa atividade, o que não ocorre; o serviço é essencial e indispensável ao cotidiano da população, sendo impossível dele se desvencilhar.
Como visto a requerida lançou débitos indevidos na conta de água da Requerente, sem nenhuma justificativa plausível.
Assim sendo, a requerida, não vem operando em conformidade com os princípios que regem as relações de consumo, especificamente o da boa-fé o da transparência, ambos inseridos no art. 4º do Código de Defesa do Consumidor, onde estão expressos:
Art. 4° A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I. Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
III. Harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Quanto às práticas abusivas, o Código de Defesa do Consumidor veda-as no artigo 39. No caso em comento, a requerida violou especificamente o inciso V, que considera prática abusiva exigir do consumidor "vantagem manifestamente excessiva", vale dizer, a prática que esteja em desacordo com as finalidades fixadas na norma do Art. 4º, pois não tomou as medidas cabíveis para sanar o caso.
Assim, caracteriza-se a "vantagem manifestamente excessiva" como a que é obtida por má fé, por malícia, por subterfúgios, embotamento da verdade, a fim de gerar enriquecimento ilícito para o fornecedor.
Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
Não podemos negar que a água revela-se hoje num dos bens mais preciosos da humanidade.
Trata-se de um serviço essencial a ser prestado obrigatoriamente pelo Estado, que, no caso em tela, através de concessão, repassou a responsabilidade pelo fornecimento à Ré, porém, não se desobrigou de zelar pela prestação do serviço.
Portanto, mais um motivo para que a Ré esteja limitada em seus atos, devendo observar da mesma forma os ditames básicos do Direito Administrativo.
E, em agindo arbitrariamente, como descrito no caso em tela, infringirá o princípio da legalidade, além de desrespeitar o disposto no Código de Defesa do Consumidor.
E mais. Menciona o mesmo diploma legal, em seus artigos 22 e 42 que:
Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
Art. 42 - Na cobrança dedébitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Analisando referidos dispositivos de forma combinada, temos que os Órgãos Públicos, por si ou suas empresas concessionárias, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e quantos aos essenciais, contínuos, e ainda, com relação à cobrança de débitos, o consumidor não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Neste sentido, vale colacionar recentíssimo entendimento sobre o tema:
TJ-SC - Apelação Cível AC 20100812499 SC 2010.081249-9 (Acórdão) (TJ-SC) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PLEITO DE RELIGAMENTO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA. SERVIÇO PÚBLICO DE ABASTECIMENTO. COBRANÇA EXCESSIVA. HIDRÔMETRO DEFEITUOSO. RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR INARREDÁVEL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Qualquer disposição que pretenda transferir ao consumidor o risco pelos defeitos de medição do consumo de produtos ou serviços haverá de ser repelida pelo ordenamento jurídico vigente, uma vez tratar-se de responsabilidade dirigida pelo CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR diretamente ao fornecedor.
II.I - DA INVERSÃO DO ÔNUS DAPROVA
Demonstrada a relação de consumo, resta consubstanciada a configuração da necessária inversão do ônus da prova, conforme disposição expressa do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
A inversão do ônus da prova é consubstanciada na impossibilidade ou grande dificuldade na obtenção de prova indispensável por parte do Autor, sendo amparada pelo princípio da distribuição dinâmica do ônus da prova implementada pelo Novo Código de Processo Civil:
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor;
Parágrafo 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Trata-se da efetiva aplicação do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade. Nesse sentido, a jurisprudência orienta a inversão do ônus da prova para viabilizar o acesso à justiça:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE E INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS – ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA – SERVIÇO DE TELEFONIA – NEGATIVAÇÃO DO NOME DO CONSUMIDOR – RELAÇÃO CONSUMERISTA EVIDENCIADA – HIPÓTESE EM QUE A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA SE MOSTRA PRESENTE – ÔNUS PROBATÓRIO QUE INCUMBIA À EMPRESA NO TOCANTE À REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO - OCORRÊNCIA DE FRAUDE PRATICADA POR TERCEIROS QUE NÃO PODE SER SUPORTADA PELO CONSUMIDOR – CONFIGURAÇÃO DOS DANOS MORAIS EM RAZÃO DE INDEVIDA NEGATIVAÇÃO DE SEU NOME – CRITÉRIOS PARA SUA FIXAÇÃO BEM DELINEADOS – SENTENÇA MANTIDA – No caso em tela, tratando-se de relação de consumo, a inversão do ônus da prova se mostra necessária pois incumbia à fornecedora, com muito mais facilidade, provar que o consumidor de fato contratou seus serviços de telefonia. Ainda que tenha havido fraude praticada por terceiros, as consequências danosas daí decorrentes não podem ser suportadas pela parte hipossuficiente desta relação, de modo que, se a empresa aufere os bônus, deve suportar os ônus da atividade que desenvolve. Ônus probatório do qual não se desincumbiu a Telefônica, de modo a caracterizar a irregularidade da inscrição do nome da autora em cadastro de inadimplentes. Desnecessidade quanto à produção de prova pericial, já que os documentos constantes dos autos, aliados à inversão ônus probatório, evidenciam a ocorrência da fraude. Dano moral presumido, despicienda prova quanto à sua ocorrência. Critérios bem delineados quanto ao dano moral, que deve considerar as condições das partes, sua função punitiva e pedagógica. (TJSP; Recurso Inominado 1000984- 55.2017.8.26.0653; Relator (a): Bruna Marchese e Silva; Órgão Julgador: Turma Recursal Cível e Criminal; Foro de Santos - 12ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 25/04/2018; Data de Registro: 25/04/2018).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. INVERSÃO DO ÔNUS A PROVA. POSSIBILIDADE. HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESENTE O REQUISITO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. RECURSO DESPROVIDO. (a) O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova. Assim, a inversão do ônus nesse microssistema não se aplica de forma automática a todas as relações de consumo, mas depende da demonstração dos requisitos da verossimilhança da alegação ou da hipossuficiência do 16ª Câmara Cível - TJPR 2 consumidor, consoante dispõe o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Os elementos que constam dos autos são suficientes para demonstrar que a autora encontrará dificuldade técnica para comprovar suas alegações em juízo, uma vez que pretendem a revisão de vários contratos, os quais não estão em seu poder. (b) Insta salientar que os requisitos da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência não são cumulativos, portanto, a presença de um deles autoriza a inversão do ônus da prova. (TJPR - 16ª C.Cível - 0020861-59.2018.8.16.0000 - Paranaguá - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - J. 08.08.2018)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA. PARTE COM MAIOR CONDIÇÃO DE PRODUÇÃO. (..) DECISÃO FUNDAMENTADA. POSSIBILIDADE. I ? O § 1º do art. 373 do CPC consagrou a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova ao permitir que o juiz altere a distribuição do encargo se verificar, diante da peculiaridade do caso ou acaso previsto em lei, a impossibilidade ou excessiva dificuldade de produção pela parte, desde que o faça por decisão fundamentada, concedendo à parte contrária a oportunidade do seu cumprimento. II Negouse provimento ao recurso. (TJ-DF 07000112620178070000 0700011-26.2017.8.07.0000, Relator: JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, Publicado no PJe : 02/05/2017 ).
Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com uma empresa de grande porte, indisponível concessão do direito à inversão do ônus da prova, que desde já requer.
II.2. DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS
No caso sub judice, o requerente está sendo cobrado por faturas que são indevidas, eis que não consumiu tanta água. É pessoa humilde, sendo a única pessoa que reside no imóvel. Logo não há como justificar R$ 3.880,45 (três mil trezentos e oitenta reais e quarenta e cinco centavos), de água, em apenas dois meses.
Portanto, requer desde já que Vossa Excelência declare inexistentes os débitos, pois caso contrário entenda, constituirá enriquecimento sem causa por parte da requerida eis que impossível provar a legalidade da cobrança.
Portanto, mister é de que seja desconstituído o débito, declarando a sua inexistência. 
É o que requer desde já.
II.3. DOS DANOS MORAIS INDENIZÁVEIS
Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a configuração dos “danos morais” sofrido pelo Autor. 
A moral é reconhecida como bem jurídico,recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna:
Art. 5º V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Outros sim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil, assim estabelecem:
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a reparálo.
Também, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: (...).
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
No que concerne aos danos morais, a sua finalidade é oferecer compensação ao lesado atenuando seu sofrimento, e quanto ao causador do dano tem caráter dissuasório para que não pratique mais ato lesivo a personalidade das pessoas.
E, em agindo de forma negligente, como descrito no caso em tela, ao desrespeitar o disposto no Código de Defesa do Consumidor. Menciona tal diploma legal, em seu artigo 22 que:
Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
O ato ilícito, evidenciado na conduta desidiosa da empresa requerida em imputar o requerente um consumo tão expressivo de água para justificar tamanho valor. 
O dano, que corresponde às profundas perturbações que a Requerente sofreu em suas relações cotidianas, pois se encontrou em uma situação constrangedora, angustiante, ao ser pela requerida acusada de estar tentando obter vantagem ilícita em seu consumo de água. 
O nexo de causalidade transparece com clareza, uma vez que os danos advindos ao Autor decorreram direta e exclusivamente da conduta negligente, imprudente e comissiva da Requerida.
Impunha-se, portanto, que essa compressão experimentada pela Requerente foi causada, única e exclusivamente pela irresponsabilidade e negligência da Requerida, já demonstrados anteriormente, o que está permitindo o Requerente sofrer um abalo moral e injusto. 
O dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma comoção interna, um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em outra pessoa nas mesmas circunstâncias.
Esse é o caso em tela, onde está claramente demonstrada na narrativa dos fatos e da documentação acostada a esta exordial, Levando-se em consideração o modo como foi compelido a efetuar o pagamento, parcelado com incidência de juros.
A Indenização por dano moral tem caráter duplo: a reparação da dor e a educação-punição do causador do dano para que não torne a praticar o ato. Assim, o valor da indenização não deve ser tanto a causar o enriquecimento ilícito do requerente, mas ao mesmo tempo não pode ser ínfimo a ponto de nada representar para as causadoras do dano.
 Quanto ao valor da indenização a ser fixado, deve levar em consideração o poder econômico da parte Requerida e seu status social. Por se tratar de uma empresa de grande porte no mercado deve arcar com as consequências danosas da lesão que causou, e a esta cumpre adotar medidas que torne seguro e certo o serviço disponibilizado a sociedade.
Considerando ser a requerida empresa de grande porte, acredita-se que a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e ao critério reparação/educação-punição acima explicitado.
V - DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer se digne Vossa Excelência:
1. Determinar a citação da requerida, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar o presente feito, no prazo de lei, e o acompanhar até o seu final, sob pena de arcar com os ônus da revelia;
2. A inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
3. No mérito, a procedência total da presente, no sentido de anular a fatura e readequar os valores cobrados, obedecendo à média de consumo mínimo, eis que como denota do próprio histórico de consumo o requerente sempre pagou o valor mínimo: 
4. Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, para o fim de que seja DECLARADA INEXISTENTE a dívida entre o requerida e a requerente, representada pelas faturas de janeiro de 2018 no valor de R$ 3.880,45 (três mil trezentos e oitenta reais e quarenta e cinco centavos). 
5- Que seja emitida novas faturas, com valores readequados; 
6. Condenação da requerida a pagar ao requerente INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, sugerindo-se valor não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), tendo em vista a extensão do dano causado à postulante e bem assim o intuito punitivo e pedagógico, no sentido de evitar que a parte requerida repita o ato causador do dano;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pelos documentos acostados e testemunhas para que com essas salutares previdências se faça a translúcida e esperada JUSTIÇA. 
Nestes termos, pede deferimento. 
Dá à causa o valor de R$ 13.880,45 (treze mil trezentos e oitenta reais e quarenta e cinco centavos).
Palmas – TO, data e hora do protocolo.
Luzimara Braga Cantuario
Advogada

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