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ESTUDO DE CASO - ELIENE RODRIGUES DA SILVA PEREIRA - MAT 178774 - EDUCAÇÃO BÁSICA

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LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Estagio curricular supervisionado em escolas de educação básica com alunos de inclusão
Eliene Rodrigues da Silva Pereira Mat. 178774
1. INTRODUÇÃO
O processo de execução da atividade de estágio curricular em educação especial e inclusiva constitui-se de atividade de análise crítica da realidade educacional, no tocante as ações desenvolvidas por meio dos procedimentos e recursos pedagógicos utilizados e adaptados para as necessidades educativas dos educandos com necessidades educacionais especiais, com base em uma visão ampla e sensível aos inseridos no cotidiano escolar da educação especial e inclusiva. O processo do estágio no âmbito da educação especial e inclusiva é um marco de grande importância, em face da construção da identidade profissional, tanto do educador que se inseri na área da educação especial, quanto para o educador que se encontra no contexto laboral da carreira profissional.
Verifica-se, que a investigação é um dos princípios científicos mais significativos para a construção do conhecimento, sendo indissociável para plena formação do docente, pois possibilita trabalhar com os indicadores que afloram junto aos dados apresentados, permitindo criar hipóteses e questionamentos sobre as propostas adotadas para os alunos com necessidades educacionais especiais. O estágio curricular em educação especial e inclusiva é um instrumento indispensável e importantíssimo para a futura formação na área de especialização em educação especial e educação inclusiva, pois através do estágio se analisa os aspectos essenciais para a prática pedagógica na inclusão escolar e social através de um currículo adaptado à construção de identidades e ao reconhecimento da diversidade humana. 
Entende-se educação especial como a modalidade de educação escolar, ofertado nos educandários, aos educandos portadores de necessidades educativas especiais e possui os mesmos objetivos que a educação geral, isto é, o pleno desenvolvimento do docente, a sua habilitação qualificada para o pleno exercício da cidadania. 
No contexto deste trabalho, será utilizada a terminologia “pessoa com deficiência”, conforme preconiza a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, publicada pela ONU em 2006, e ratificada no Brasil como emenda constitucional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, e pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Segundo o art. 1º desta Convenção:
“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas’. 
Nesse sentido, a deficiência é considerada uma condição humana, que identifica um determinado grupo social que tem impedimentos físicos, sensoriais ou intelectuais. Vale destacar que as normativas em vigência definem como público-alvo da educação especial estudantes1 com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação.
Verifica-se uma necessidade urgente em pensar em uma sociedade inclusiva, onde a meta principal e compreender a diversidade que se encontra intrinsecamente ligada à natureza humana e só a partir de uma sociedade consiga lidar naturalmente com a diversidade, poderá considerar-se mais equitativa, democrática e justa.
As iniciativas que assentam em reformas globais com a finalidade de conseguir escolas inclusivas abrem mais possibilidades do que aquelas que se centram principalmente na resposta educativa individual. Quando estas propostas se alargam também à coordenação de programas sociais, económicos e laborais, aumentam as possibilidades da sua integração social e atribui-se um maior reconhecimento do papel do esforço educativo.
O desafio é pautado principalmente no agrupamento familiar, traduzindo-se na participação permanente do processo educativo do filho e ao conjunto educacional, através do das legislações, projetos educativos que asseguram inclusão de todas as crianças e jovens nas no âmbito escolar, onde se permite um novo olhar da atualidade e das condições que devam existir para uma inclusão plena, que prevaleça a essência do ser humano, independentemente do grau relativo a memória, intelecto, vontade, físico, ou suas características individuais.
Muitas vezes a família vê na escola uma forma de deixar a criança por algumas horas, não pensando no que é bom para a mesma. Algumas crianças nem fazem outros acompanhamentos, apenas o que conseguimos na Escola, a escola faz alguns encaminhamentos que às vezes nem levam as crianças, e em muitos casos não recebemos resposta nenhuma desses encaminhamentos
A participação dos pais no processo educativo dos seus filhos possui enorme influência nas possibilidades de inclusão das escolas. O ambiente familiar, os laços sociais e culturais, permite ampliar o horizonte de possibilidades de adaptação curricular e contribuir no processo de aprendizagem. O trabalho do professor na aula converte-se através da experiência da vivencia e apoio familiar trago por cada indivíduo através da valorização, ampliação e transformação dos esquemas de conhecimento prévio do aluno devido à estimulação da sua atividade mental construtiva. Esta concepção pressupõe a existência de uma relação que se estabelece entre a família, aluno, professor e o conteúdo da aprendizagem.
3. TEXTO PROPULSOR
Pedro, aluno do 3° ano do EF I (antiga 2ª série), sempre foi visto como uma criança que servia apenas para brincar e fazer bagunça, diagnosticado com uma síndrome muito rara: a Síndrome de Williams, mais conhecida como Síndrome de Williams-Beuren. Essa síndrome tem impacto sobre diversas áreas do desenvolvimento, incluindo a cognitiva, a comportamental e a motora, podendo ter déficit de atenção e hiperatividade. 
Você como uma professora inovadora e realista, que sabia das reais possibilidades e capacidades do aluno, bem como de suas limitações, que estratégias utilizaria para modificar a visão que o aluno possuía dos anos anteriores da sua vida escolar?
 A Educação Especial, e considerada uma modalidade transversal ao ensino regular, na qual deve atuar de forma articulada da educação infantil até o ensino superior, como integrante incondicional da proposta pedagógica. Partindo do princípio que a educação inclusiva na prática pedagógica é compreendida como a organização do trabalho do professor em sala de aula para a escolarização dos alunos, constituído das fases de planejamento, estratégias de ensino, elaboração de atividades e avaliações, organizada para impulsionar as aquisição de conhecimento, à partir do seu próprio eu e em conformidades com seu tempo e limitações.
A síndrome de Williams é uma doença genética de transmissão autossomática dominante, que apresenta um défice cognitivo em conjunto com discrepância ao nível da organização cognitiva por exibir déficit de competências visuo-espaciais muito abaixo da sua idade (cerca de cinco anos), apresentar incapacidade em realizar tarefas que normalmente são executados por crianças de sete anos mas, em simultâneo, apresentavam uma linguagem descritiva complexa em termos de estrutura morfológica e sintática. Crianças com Williams lembram elfos ou fadas, com pequenos narizes empinados, cabelos encaracolados e um eterno e agradável sorriso nos lábios, programados para cativar. Ao contrário do amplo espectro de autismo, a síndrome de Williams possui uma reconhecida base genética,
O aspeto facial da SWB é caracterizado principalmente por traços muito típicos (face de duende) com bochechas proeminentes, narinas antevertidas, filtro nasal longo, proeminência periorbitária, macrostomia, boca grande, lábios volumosos, queixo pequeno e, frequentemente, íris estrelada. Estas características faciais tornam-se mais evidentes com a idade. 
Existem, ainda, outras características relacionadas com o envelhecimento precoce do cabelo e com a distribuição dos dentes (a dentição de leite é caracterizada pordentes pequenos, irregulares e amplamente afastados, embora na dentição definitiva, os dentes tendam a estar sobrepostos), geralmente, redução da força muscular, reflexos muito ativos ou responsivos em excesso. A postura característica com os ombros inclinados, lordose lombar exagerada e flexão nos joelhos e quadris, mãos são pequenas com os dedos relativamente curtos. 
As habilidades de memória visual e espacial de forma isolada e associada demonstra falha na integração decorrente do comprometimento espacial, de modo que o visual, quando dissociado de relações espaciais. As habilidades visuais parecem incluir a facilidade para reconhecimento facial e de julgamento para expressões emocionais, com auto domínio socioafetivo e ampla capacidade para reconhecer, discriminar e lembrar faces familiares e não familiares contrastando com acentuados déficit nas mais diversas tarefas viso-espaciais. 
Além de problemas físicos e de saúde, os portadores da Síndrome de Williams têm dificuldade para ganhar peso, demora em falar e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, principalmente quando há a necessidade da escrita por meio do uso de lápis ou caneta. 
Na generalidade, SW apontam para três aspetos principais:
1) Em primeiro lugar, os indivíduos com SW apresentam resultados muito elevados, quer em termos de compreensão e produção, quer em testes da linguagem expressiva, associados a níveis metalinguísticos, também elevados, permitindo-lhes a expressão correta de modos gramaticalmente complexos. 
2) Em segundo lugar, estes pacientes são ricos na produção vocabular corrente e ainda na produção de vocábulos invulgares. 
3) Apresentam grande envolvimento afetivo nas suas histórias, manifestações por uma acentua prosódia (e.g., modificações do ritmo e volume da voz), acrescido de comentários acerca dos afetos das personagens, uso de discurso direto, efeitos de som e frases exclamatórias. 
4) Apresenta dificuldades motoras e visuais associadas com o comprometimento na escrita, frequentemente mais prejudicada do que a leitura. 
5) De acordo com o fenótipo clínico, comportamental e cognitivo apresentado por Pedro, pode efetivamente ajudar a professora e os demais profissionais a adquirir uma maior compreensão das capacidades e dificuldades do Pedro e ajudá-lo a enfrentarem em conjunto as necessidades e exigências presentes e futuras. Apesar de não existirem muitos estudos acerca da eficácia da intervenção junto das pessoas com SW, a experiência sugestiona, que mesmo em face das dificuldades comportamentais e emocionais específicas de crianças com esta síndrome, Pedro se apresenta permeável ao efeito da intervenção. Diversos relatos das intervenções comportamentais ao nível da hiperatividade, ansiedade e desinibição social, confirmam que são eficazes para as pessoas com SW. 
Nesse sentido, as adequações dos processos de ensino e aprendizagem do Pedro deve-se fundamentar nos princípios da diferenciação pedagógica e da flexibilização do currículo que integram as medidas educativas adotadas mediante as especificidades do Pedro. Considerar medidas educativas alternativas mais amplas como apoio pedagógico personalizado, utilização de materiais lúdicos, uso de tecnologias de apoio. O recurso ao uso de tópicos ou objetos do interesse do Pedro pode contribuir para as motivar a trabalhar em atividades de menor interesse, como: treinar a coordenação óculo-manual e controlo do lápis, utilizando materiais simples, com pouca informação, ensinar utilizando, canções e rimas, recurso digital como ferramenta pedagógica. 
 Os padrões comportamentais apresentado pelo Pedro permite, através da partilha de informação entre pais e profissionais, aperfeiçoar estratégias educacionais e abordagens comportamentais. A intervenção na deficiência baseia-se, na prestação de cuidados médicos, educativos e sociais, numa perspectiva transdisciplinar e sempre com a participação efetiva da família, com o objetivo de promover o ajustamento e a autonomia pessoal e social.
 Como referido, a linguagem falada e a personalidade altiva pode apresentar falsa expectativa do funcionamento nas outras áreas, o que torna essencial uma avaliação cuidadosa das competências cognitivas e a definição das áreas fortes e fracas, principalmente, a falta de atenção e concentração, a hipersensibilidade aos sons, fato pelo qual as atividades devem ser variadas, de curta duração e com intervalos frequentes para recordar e direcionar a atenção para a tarefa. 
Normalmente é preciso uma adaptação dos conteúdos de aprendizagem, dos métodos pedagógicos e da atenção ao aluno. Esse problema está na combinação da diferenciação curricular com o objetivo de que todos os alunos participem de um currículo comum. O papel do professor passa a ser muito importante, como também a utilização de jogos e brincadeiras com o professor mediador e promotor da aprendizagem e do desenvolvimento colocando o aluno diante de situações tais como: montando cantinhos de jogos, de brincadeiras de faz-de-conta, fazendo surgir situações lúdicas primeiramente com estrutura lógica da brincadeira e uma segunda concepção carregado de conteúdo cultural em um tempo e espaço com uma sequência própria, com isso, a criança entra no mundo imaginário para uma construção da representação mental e da realidade, sem esquecer a ludicidade.
 As tecnologias da informação e comunicação têm o potencial de alterar significativamente o estilo de vida das pessoas com deficiência. 
Para a proceder uma intervenção adequada, deve-se verificar a incapacidade e a funcionalidade, em conjunto com as interações entre o estado de saúde, fatores ambientais externos, fatores pessoais internos de cada indivíduo. 
A escola integradora é aquela que avalia seus alunos de acordo com suas possibilidades e não em comparação com seus colegas e que trabalham particularmente em grupos cooperativos heterogêneos, com mais possibilidades de melhoria e competência social e a autoestima dos alunos. A Escola inclusiva é uma escola onde se contempla a diversidade, vendo-a como uma riqueza, em que as características de cada um contribuem para a riqueza do grupo, em vez de serem vistas como algo que põe em risco a nossa própria integridade, apenas porque é culturalmente diversa da do outro, que temos como parceiro social. 
As atitudes das demais crianças frente ao aluno com alguma necessidade é um dos fatores decisivos para a boa integração social deles, é necessário que o professor trabalhe isso, desde o início, tanto com os pais, como com os alunos, para que não haja nenhuma forma de discriminação frente a este aluno que tem os mesmos direitos de todos de estarem na sala de aula. Verifica-se que o aluno Pedro, com Síndrome de Williams, pode apresentar papel muito importante e especial dentro do grupo, em primeiro lugar porque possui uma riqueza e valores absolutos, que decorre da sua dignidade enquanto pessoa humana. Mas também porque as características deste síndrome, quando devidamente exploradas e valorizadas, permitem ao aluno contribuir para o desenvolvimento harmonioso da turma e da comunidade escolar. 
A interações sociais são componentes essenciais no desenvolvimento pessoal e social da criança, que repercute no processo educativo. A diversidade possibilita abrir portas ao desempenho futuro e à forma de encarar e de sua presença no mundo. Neste contexto, a intervenção educativa em criança com SW amplia o desenvolvimento de competências sociais que, contribuirão, na inclusão plena da criança no meio escolar, familiar e social e, simultaneamente, o enriquecimento pessoal dos restantes alunos da turma. É fundamental um uma relação que implique afetividade, proximidade e empatia, que permita a criação de laços de confiança e amizade.
 Diante de um obstáculo, cada educando reage de forma diferente: uns sentem-se motivados e fazem de tudo para transpor as barreiras; outros atribuem a si a culpa, ficam tristes e acabam e desistindo. Neste caso, o problema deve ser acompanhado, cuidadosamente, para auxiliar o discente a superar as dificuldades de forma construtiva,sem sofrimentos.
No tocante a professora no contexto da intervenção educativa, verifica-se que pode se catalisar as relações com Pedro através de gestos e atitudes, não há uma fórmula pronta, cada necessidade é uma, cada dificuldade de aprendizagem é diferente da outra, mesmo quando o diagnóstico é o mesmo ou similar. A experiência com estas pessoas mostra que, de uma forma geral, funcionam melhor com uma rotina estruturada, bem definida e saem beneficiadas com uma explicação e preparação anterior à mudança das atividades ou das rotinas.

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