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Formação, suspensão e extinção do processo - Artigo

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13. Formação, suspensão e extinção do processo 
Sumário: 13.1. Formação do processo – 13.1.1. Formação gradual da relação jurídica 
processual – 13.1.2. Momento da propositura da ação – 13.1.3. Litispendência – 13.2.1. 
Suspensão do procedimento – 13.2.2. Suspensão própria e imprópria – 13.2.3. Decisão 
de suspensão do processo – 13.2.4. Impugnabilidade da decisão de suspensão do 
processo – 13.2.5. Morte ou perda da capacidade processual da parte – 13.2.6. 
Dissolução de sociedade – 13.2.7. Morte ou perda de capacidade processual do 
representante legal – 13.2.8. Morte ou perda de capacidade processual do advogado – 
13.2.9. Convenção das partes – 13.2.10. Arguição de impedimento ou de suspeição – 
13.2.11. Admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas – 13.2.12. 
Prejudicialidade – 13.2.13. Necessidade de verificação de determinado fato ou a 
produção de certa prova, requisitada para outro juízo – 13.2.14. Força maior – 13.2.15. 
Acidentes e fatos da navegação de competência do tribunal marítimo – 13.2.16. Demais 
casos regulados pelo novo código de processo civil – 13.2.17. Prazo de suspensão – 
13.2.18. Vedação à prática de atos processuais durante a suspensão do processo – 
13.2.19. Arguição de suspeição e impedimento do juiz – 13.2.20. Verificação da existência 
de fato delituoso pela justiça criminal – 13.3. Extinção do processo – 13.3.1. Extinção do 
processo – 13.3.2. Impropriedade do termo “extinção parcial do processo”– 13.3.3. 
Princípio da cooperação e extinção do processo por sentença terminativa – 13.3.4. 
Reconhecimento jurídico do pedido. 
13.1. Formação do processo 
13.1.1. Formação gradual da relação jurídica processual 
O processo resulta da materialização do direito abstrato de ação, o que se dá pela 
propositura da ação por meio de protocolo da petição inicial perante o juízo para o qual 
a peça seja endereçada. 
Não tenho dúvida de que a partir desse momento já existe uma relação jurídica 
processual, ainda que apenas linear, formada entre o autor e o juiz. E com isso já existe 
processo, até porque quando há prolação de sentença liminar, seja para indeferir a 
petição inicial ou para julgar liminarmente improcedente o pedido do autor, o processo 
é extinto por essa sentença. Não é preciso muito esforço para compreender que só é 
possível se extinguir o que exista, de forma que a existência do processo necessariamente 
deve preceder à sua extinção. 
O processo, portanto, não precisa da citação para ser formado, não sendo correto o 
entendimento no sentido de que somente com a citação estar-se-á instaurado o 
processo. Na realidade o processo não se forma gradualmente, mas sim a relação jurídica 
processual, que com a citação do réu deixa de ser linear e passa a ser tríplice. 
13.1.2. Momento da propositura da ação 
O art. 263 do CPC/1973 previa que a propositura da ação se dava com a distribuição em 
foros com mais de uma vara e com o primeiro despacho do juiz em foros de vara única. 
Essa previsão trazia um sério problema no tocante à interrupção da prescrição, porque 
se aplicado o dispositivo legal seria possível que o autor provocasse o Poder Judiciário 
antes do vencimento do prazo prescricional, mas que a distribuição ou o despacho do juiz 
ocorresse somente depois desse vencimento. Se realmente a propositura da ação 
dependesse de um ato do juízo – distribuição ou despacho do juiz – seria possível a 
extravagante hipótese de o autor exercer sua pretensão antes do vencimento do prazo 
prescricional e ainda assim ter seu processo extinto com fundamento na prescrição. 
Como tal situação é extremamente injusta, contrariando inclusive a própria razão de ser 
da prescrição, já que nesse caso a inércia não teria sido do titular do direito, o Superior 
Tribunal de Justiça ignorava a 
previsão legal para entender que a propositura da ação se dava com o protocolo da 
petição inicial. 
O art. 312 do Novo CPC consagra esse entendimento, e em feliz redação prevê que a ação 
se considera proposta desde o protocolo da petição inicial. A propositura da ação é ato 
unilateral do autor, representado pela apresentação da petição inicial em juízo, não 
dependendo, portanto, de nenhum ato judicial que não o certificado de que a petição 
inicial foi protocolada. O registro e/ou a distribuição do processo, atos a serem praticados 
pelo Poder Judiciário, são estranhos ao ato da parte de propor a ação, sendo-lhe sempre 
posteriores. 
13.1.3. Litispendência 
O termo “litispendência” é equívoco, podendo significar pendência da causa (que começa 
a existir quando de sua propositura e se encerra com a sua extinção) ou pressuposto 
processual negativo verificado na concomitância de processos idênticos (mesma ação). 
O art. 312 do Novo CPC adotou o primeiro sentido da expressão para prever que, ainda 
que a propositura da ação se dê com o protocolo da petição inicial, ela só produz quanto 
ao réu os efeitos mencionados no art. 240 do mesmo diploma processual depois que for 
validamente citado. 
Para o autor, há litispendência desde o protocolo de sua petição inicial, enquanto para o 
réu a litispendência depende de sua citação válida. Ou ainda, como prefere parcela da 
doutrina, há litispendência desde a propositura da ação, mas seus efeitos são gerados 
para o autor a partir desse momento e para o réu somente depois de sua citação. 
13.2. Suspensão do processo 
13.2.1. Suspensão do procedimento 
O processo é projetado para ter seu andamento sem interrupção, de forma que qualquer 
paralisação em seu trâmite é considerada pela melhor doutrina como crise do 
procedimento. Sendo a duração razoável do processo um dos princípios processuais 
consagrados tanto na Constituição Federal (art. 5º, LXXVIII) como no Novo Código de 
Processo Civil (art. 6º), é natural se compreender que qualquer suspensão do 
procedimento aumente o tempo de duração do processo, aparentemente conspirando 
contra tal princípio. Ocorre, entretanto, que em razão de determinadas circunstâncias é 
preferível a suspensão que o andamento, sendo tal opção derivada de causas de ordem 
física, lógica e jurídica. 
Diferente do que está previsto no art. 313 do Novo CPC, o dispositivo na realidade não 
consagra causas de suspensão do processo, até porque o processo nunca é suspenso, 
mantendo-se íntegro mesmo durante o prazo de suspensão. O que se suspende é o 
procedimento e não o processo, ou seja, cessa o andamento regular do processo por um 
determinado período. 13.2.2. Suspensão própria e imprópria 
A suspensão do processo é tecnicamente a situação em que todo o procedimento cessa 
durante um determinado período. Ocorre, entretanto, que por vezes, apesar de parcela 
do procedimento continuar a ter andamento, outra parcela fica suspensa, como ocorre 
nos julgamentos de incidentes processuais, que suspendem o procedimento principal, 
mas por fazerem parte do processo, permitem que ele ao menos parcialmente continue 
a tramitar. Tome-se como exemplo o incidente de resolução de demandas repetitivas 
(IRDR). O processo em que foi instaurado será suspenso, mas na realidade o que fica 
suspenso é o procedimento principal desse processo, porque sendo o incidente parte 
dele, o processo parcialmente continuará seu trâmite, por meio do incidente processual. 
Diante dessas duas realidades distintas, a doutrina costuma falar em suspensão própria 
e imprópria do processo, ainda que nesse segundo caso não haja propriamente 
suspensão do processo. Na suspensão própria todo o procedimento cessa seu 
andamento por um determinado período, enquanto na suspensão imprópria a suspensão 
atinge apenas parcela do procedimento, enquanto outra parte tramita normalmente. 
13.2.3. Decisão de suspensão do processo 
É tranquilo o entendimento de que a suspensão depende de uma decisão judicial nesse 
sentido, havendo, entretanto, divergência doutrinária a respeito do conteúdo de tal 
decisão. A doutrina majoritária entende tratar-se de decisão meramentedeclaratória, 
que se limita a dar a certeza jurídica da presença de uma das causas legais de suspensão 
do processo. Minoritariamente, há doutrinadores que defendem a natureza constitutiva, 
já que ela seria capaz de paralisar a atividade processual. 
Apesar da divergência doutrinária, há um ponto de aceitação generalizada: a decisão de 
suspensão do processo tem eficácia ex tunc, ou seja, retroage à data do evento que deu 
causa à suspensão, devendo-se considerar desde esse momento suspenso o 
procedimento. É no mesmo sentido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
13.2.4. Impugnabilidade da decisão de suspensão do processo 
Por não estar previsto no rol do art. 1.015 do Novo CPC e nem haver qualquer previsão 
expressa nesse sentido, a decisão interlocutória de suspensão do processo não é 
recorrível por agravo de instrumento, salvo se proferida no inventário, cumprimento de 
sentença, processo de execução e liquidação de sentença (art. 1.015, parágrafo único, 
Novo CPC). 
Teoricamente, a decisão seria impugnável em sede de apelação ou contrarrazões, nos 
termos do art. 1.009, § 1º, do Novo CPC, mas nesse caso fica evidente a inutilidade da 
impugnação da decisão somente nesse momento procedimental. Se o processo ficar 
suspenso indevidamente, e depois disso retomar seu andamento até a prolação da 
sentença, exatamente qual a utilidade prática de somente na apelação ou contrarrazões 
se insurgir contra a decisão que determinou a suspensão? 
Diante da manifesta inutilidade da forma impugnativa será cabível o mandado de 
segurança contra essa decisão. Registre-se que o Superior Tribunal de Justiça admite o 
mandado de segurança contra ato judicial justamente quando o recurso cabível é incapaz 
de inverter a sucumbência suportada pela parte. 
13.2.5. Morte ou perda da capacidade processual da parte 
Falecendo a parte durante o processo e sendo o direito nele discutido intransmissível, o 
processo será extinto nos termos do art. 485, IX, do Novo CPC. Nos demais casos, a morte 
da parte será causa de suspensão do processo, nos termos do art. 313, I, do Novo CPC. 
Essa distinção de tratamento é reconhecida pelo art. 313, § 2º, II, do Novo CPC, que prevê 
que a intimação do espólio, sucessor ou herdeiro do autor depende de o direito em litígio 
ser transferível. 
Tendo a decisão sobre a suspensão do processo eficácia ex tunc, o processo estará 
suspenso desde o momento em que a parte faleceu, sendo irrelevante para esse fim o 
momento em que a informação é levada ao juízo ou o da data da decisão de suspensão. 
A suspensão de processo, em virtude de falecimento da parte e cujo objeto seja direito 
transmissível, deve ser analisada com cuidado, porque depois de sua morte é possível 
que sejam praticados atos que não dependam de intervenção da parte, sendo, nesse 
caso, irrelevante se ela está viva ou morta. Nesses casos, não parece adequado afirmar-
se que o processo está suspenso e que tais atos não podem ser praticados (art. 314 do 
Novo CPC). Se os autos estão com o contador judicial, por que ele teria que parar seu 
trabalho em razão do falecimento da parte? Se os autos estão conclusos para a sentença 
e ocorre o falecimento da parte, por que o juiz teria que esperar a regularização 
processual para sentenciar o processo? 
Nos arts. 687 a 692 do Novo CPC está prevista a ação de habilitação, que segundo o art. 
687 do Novo CPC é cabível quando ocorrer o falecimento de uma das partes e os 
interessados houverem de suceder-lhe no processo. Trata-se de ação incidental de 
procedimento especial para habilitar a sucessão processual na hipótese de morte da 
parte. 
Nos termos do § 1º do art. 313 do Novo CPC, a propositura dessa ação suspende o 
processo, sendo exatamente essa a previsão do art. 689 do Novo CPC. Os dois dispositivos 
têm previsão inadequada porque não é a propositura da ação incidental de habilitação 
que suspende o processo, que na realidade estará suspenso desde o falecimento da 
parte. 
Caso não seja ajuizada a ação de habilitação, mas o juiz tome de ofício conhecimento da 
morte da parte, o § 2º do art. 313 do Novo CPC prevê que o juiz determinará a suspensão 
do processo (na realidade o processo já estará suspenso, sendo a decisão meramente 
declaratória), e adotará posturas distintas a depender de o falecimento ter ocorrido com 
sujeito que figure no polo ativo ou passivo da relação jurídica processual. 
Falecido o réu, o juiz ordenará a intimação do autor para que promova a citação do 
respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que 
designar, de no mínimo 2 e no máximo 6 meses. Descumprida a diligência, estará 
configurado o abandono do processo, devendo o processo ser extinto sem resolução do 
mérito, nos termos do art. 485, II, do Novo CPC). 
Falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de 
seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de 
divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão 
processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de 
extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, IV, do Novo CPC). 
Na hipótese de perda da capacidade processual da parte, a suspensão do processo serve 
para que ingresse no processo um representante processual, porque nesse caso a parte 
perde a capacidade de estar em juízo, só podendo atuar no processo por meio de um 
representante processual. Nesse caso deve se seguir o procedimento previsto no art. 76 
do Novo CPC. 
13.2.6. Dissolução de sociedade 
Há doutrina que equipara a morte da parte à extinção da pessoa jurídica, de forma que, 
havendo a dissolução da sociedade, caberia a suspensão do processo, sendo, a essa 
hipótese, aplicadas as regras previstas para a morte da parte e de sua sucessão no 
processo. 
Esse entendimento, entretanto, não é pacífico, havendo corrente doutrinária que 
entende ser inadequada essa equiparação, porque diante da dissolução da sociedade 
sempre haverá alguém encarregado de representá-la judicialmente, até final liquidação 
de seus direitos e obrigações. Por outro lado, na maioria dos casos, a extinção da pessoa 
jurídica decorre de ato voluntário de seus membros, não devendo se dar a eles o poder 
de suspender o processo pelo simples fato de terem extinguido a pessoa jurídica. 
Para essa parcela doutrinária, portanto, a extinção da pessoa jurídica não é causa de 
suspensão do processo, devendo o procedimento seguir normalmente. 
13.2.7. Morte ou perda de capacidade processual do representante legal 
Se existe um representante legal no processo é porque falta à parte representada a 
capacidade de estar em juízo. No caso de morte ou de perda da capacidade processual 
desse representante processual, a parte volta a não ter capacidade de estar em juízo, 
cabendo a indicação de um novo representante processual para que se regularize sua 
situação no processo. 
O procedimento para a regularização é aquele previsto no art. 76 do Novo CPC, sendo 
entendimento tranquilo na doutrina que a hipótese não se aplica aos casos de morte ou 
perda de capacidade processual do “presentante” de pessoa jurídica, porque nesse caso 
outra pessoa tomará o lugar do “presentante” morto ou que se torna incapaz, sem que 
haja obstáculos à continuidade do processo. Apenas para exemplificar, morto o prefeito, 
que “presenta” a Municipalidade em juízo, assume o cargo em seu lugar o vice-prefeito, 
não havendo razão para a suspensão do processo. 
13.2.8. Morte ou perda de capacidade processual do advogado 
O art. 313, I, do Novo CPC, prevê como causa de suspensão do processo a morte ou a 
perda de capacidade processual do patrono da parte. Essa perda da capacidade 
processual deve ser entendida de forma ampliativa, porque o processo deve ser suspenso 
não só quando o advogado perde sua capacidade civil (por exemplo, é interditado), mas 
tambémquando perde sua capacidade postulatória (por exemplo, quando é suspenso 
pela Ordem dos Advogados do Brasil). 
A suspensão aqui tratada só se justifica se o advogado morto ou que perdeu sua 
capacidade for o único constituído nos autos, de forma que, havendo mais de um 
advogado constituído, o processo deve prosseguir normalmente com o outro procurador 
remanescente. Há, entretanto, situação excepcional quando o advogado foi contratado 
especificamente para praticar determinado ato processual. Imagine uma oitiva por carta 
precatória em que o advogado contratado, que tem domicílio profissional no local da 
audiência, venha a falecer e por essa razão obviamente não comparece à audiência. Ou 
ainda um advogado contratado para uma sustentação oral que vem a falecer antes da 
sessão de julgamento. Entendo que nesse caso, mesmo havendo mais de um advogado 
constituído, o processo deve ser suspenso. 
Nos termos do § 3º do art. 313 do Novo CPC, no caso de morte do procurador de qualquer 
das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará 
que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 dias. Nos termos do art. 139, VI, 
do Novo CPC, o juiz poderá dilatar esse prazo diante das particularidades do caso 
concreto. 
Caso não haja a regularização, as consequências variam a depender de a omissão ser 
conduta adotada pelo autor ou pelo réu. Sem advogado faltará capacidade postulatória 
ao autor, e sem esse pressuposto processual subjetivo o processo não poderá prosseguir, 
sendo caso de extinção do processo sem resolução do mérito nos termos do art. 485, IV, 
do Novo CPC. 
Sendo o réu omisso, não tem qualquer sentido a extinção do processo, que favoreceria o 
réu omisso e prejudicaria o autor que, nem que queira, poderá regularizar a capacidade 
postulatória do réu. A consequência, portanto, é outra, prevendo o art. 313, § 3º, do 
Novo CPC que nesse caso o juiz ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu. 
A previsão deve ser bem compreendida, porque confunde a revelia com seus efeitos. 
Caso o falecimento do advogado do réu ocorra depois de já apresentada sua contestação, 
mesmo que não haja a regularização nos termos do art. 313, § 3º, do Novo CPC, será 
impossível considerar-se esse réu revel, já que a revelia é um estado de fato gerado pela 
ausência jurídica da contestação. E apresentada validamente a contestação não será 
gerado o principal efeito da revelia que é a presunção de veracidade dos fatos alegados 
pelo autor. Nessa situação, a única consequência será a geração de outro efeito da 
revelia, a da dispensa da intimação do réu. 
13.2.9. Convenção das partes 
A suspensão do processo por acordo das partes prevista no art. 313, II, do Novo CPC é 
apenas uma especificação da cláusula geral dos negócios jurídicos processuais prevista 
no art. 190 do Novo CPC. Tratando-se de acordo bilateral, está sujeito às exigências 
formais do art. 190 do Novo CPC, exigindo-se que seja celebrado por partes capazes, em 
processos em que se admita a autocomposição e que nenhuma das partes esteja em 
situação de vulnerabilidade. 
Não há exigência de motivação do acordo, não sendo dado ao juiz indeferir o pedido 
formulado pelas partes. 
Esse acordo específico de suspensão do processo tem uma limitação temporal prevista 
no art. 313, § 4º, do Novo CPC, não podendo ser superior a 6 meses. O legislador 
equacionou o interesse das partes com o interesse público na continuidade e 
encerramento do processo dentro de um prazo razoável. Registre-se que esse prazo não 
é aplicável à execução quando a motivação da suspensão for o cumprimento da 
obrigação pelo executado, sendo nesse caso o tempo de suspensão o necessário para tal 
cumprimento (art. 922 do Novo CPC). 
Apesar de entendimento arraigado na doutrina à luz do CPC/1973 de que não caberia 
suspensão convencional do processo durante o transcurso de prazo peremptório, já 
replicado em alguns entendimentos à luz do Novo Código de Processo Civil, entendo que 
esse impedimento não sobreviveu à nossa sistemática dos prazos criada pelo novo 
diploma legal. A partir do momento em que o art. 139, VI, do Novo CPC permite ao juiz a 
prorrogação de todo e qualquer prazo, entendo que não existem mais prazos 
peremptórios, sendo todos dilatórios. Dessa forma, a suspensão convencional será 
sempre admitida, ainda que pendente o prazo para a prática de ato processual. 
Reforçando a natureza meramente declaratória da decisão de suspensão do processo, a 
doutrina é tranquila em apontar que o processo estará suspenso desde a data em que o 
acordo for celebrado, sendo irrelevante o momento em que ele é levado ao 
conhecimento do juízo e por ele homologado. Registre-se corrente doutrinária que 
entende que, ainda que a suspensão não dependa de decisão, ela só tem início quando 
o ato processual é praticado pelas partes nos autos do processo. 
Há divergência doutrinária a respeito da possibilidade de as partes convencionarem a 
suspensão do processo quando o ato processual estiver em curso. Para parcela da 
doutrina, não se admite tal espécie de suspensão durante uma audiência ou de sessão 
de julgamento pelo tribunal, enquanto outra parcela não vê qualquer impedimento. 
Prefiro o entendimento contrário, porque pode justamente ser durante o ato processual 
que surja razão para as partes se motivarem a suspender o processo. Por outro lado, não 
parece adequado criar restrições ao exercício da vontade das partes quando a própria lei 
é omissa nesse sentido. 
13.2.10. Arguição de impedimento ou de suspeição 
O art. 313, III, do Novo CPC prevê como causa de suspensão do processo a arguição de 
impedimento ou de suspeição, e, ainda que seja omisso o dispositivo nesse sentido, a 
única arguição de impedimento e suspeição capaz de suspender o processo é a do juiz, 
não havendo suspensão quando a arguição se dirigir ao membro do Ministério Público 
(art. 148, § 2º, do Novo CPC) ou a auxiliares da Justiça. 
A mera arguição da suspeição ou impedimento do juiz suspende o procedimento 
principal (suspensão imprópria), mas a continuidade dessa suspensão até o julgamento 
da arguição depende de decisão a ser proferida pelo relator do incidente no tribunal. Nos 
termos do art. 146, § 2º, do Novo CPC, o relator poderá receber o incidente sem efeito 
suspensivo, de forma que o processo retomará o seu andamento, ou com efeito 
suspensivo, quando a suspensão será prorrogada até o julgamento do incidente. 
No tocante aos pedidos de tutela de urgência, serão dirigidos ao substituto legal do juiz 
acusado de parcial enquanto não for declarado o efeito em que o incidente é recebido 
ou quando ele for recebido com efeito suspensivo. Se o relator receber o incidente sem 
efeito suspensivo, o pedido será dirigido ao próprio juiz acusado de suspeito ou impedido. 
13.2.11. Admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas 
O inciso IV do art. 313 do Novo CPC, além de repetitivo, diz menos do que deveria. 
A suspensão do processo em razão da admissão do incidente de resolução de demandas 
repetitivas já está prevista no art. 982, I, do Novo CPC, que prevê que sendo o incidente 
admitido pelo relator no tribunal de 
segundo grau caberá a ele suspender os processos pendentes, individuais ou coletivos, 
que tramitam no Estado ou na região de competência do tribunal. 
Por outro lado, teria sido mais adequado o dispositivo prever a suspensão na admissão 
do julgamento de casos repetitivos, já que além da admissão do incidente de resolução 
de demandas repetitivas (art. 982, I, Novo CPC), também no julgamento de recursos 
especiais e extraordinários repetitivos haverá suspensão do processo, nos termos do art. 
1.037, II, Novo CPC. De qualquer forma, essa hipótese de suspensão está contemplada 
no inciso VIII do art. 313 do Novo CPC. 
No caso da suspensão em razão da admissão de incidente de resolução de demandas 
repetitivas, o art. 980, caput, do Novo CPCprevê o prazo máximo de um ano de 
suspensão, que poderá ser prorrogado por decisão fundamentada do relator (art. 980, 
parágrafo único, Novo CPC). 
13.2.12. Prejudicialidade 
Nos termos do art. 313, V, “a”, do Novo CPC o processo será suspenso quando a sentença 
depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência 
de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente. Nesse 
caso, não se tratando de suspensão obrigatória, ela depende de decisão judicial expressa 
do juiz no sentido da suspensão do processo. 
Nas precisas lições da melhor doutrina, as questões prejudicais são aquelas que, além de 
constituírem premissas lógicas da sentença, reúnem condições suficientes para ser 
objeto de ação autônoma. Para se decidir um pedido de resolução contratual, o juiz deve 
necessariamente decidir se o contrato é válido ou nulo (questão prejudicial). Para se 
decidir um pedido de condenação a pagamento de alimentos, o juiz deve 
necessariamente decidir se o réu é ou não o pai do autor (questão prejudicial). 
As questões prejudiciais podem ser internas (endógenas) ou externas (exógenas). As 
primeiras são aquelas que surgem dentro do próprio processo e com a supressão do 
sistema da ação declaratória incidental não geram suspensão do processo. O próprio art. 
313, V, “a”, do Novo CPC, prevê expressamente que a suspensão depende de outro 
processo pendente. 
As questões prejudiciais externas são aquelas que constituem objeto de outros 
processos, podendo ser homogêneas (objeto de outro processo da jurisdição civil) ou 
heterogêneas (objeto de outro processo da jurisdição criminal), sendo que o dispositivo 
ora comentado versa sobre a questão prejudicial externa homogênea. Na Jurisdição civil 
inclui-se a suspensão de processo em trâmite em diferentes Justiças, como Federal e 
Estadual. 
Por uma questão de lógica, havendo suspensão entre dois processos em razão da 
prejudicialidade externa, é natural que seja suspenso o processo prejudicado à espera do 
julgamento do processo prejudicial. Havendo tal espécie de prejudicialidade, suspende-
se o processo no qual a relação jurídica controvertida é discutida incidentalmente 
enquanto o processo no qual a mesma relação jurídica é discutida de forma principal não 
é decidido. 
Para parcela doutrinária é irrelevante a ordem cronológica de propositura da ação 
prejudicada e da ação prejudicial. Nesse caso, desconsiderando-se a questão temporal, 
todo e qualquer processo, independentemente do momento de sua propositura, poderá 
ser suspenso à espera da solução da relação jurídica no processo que a decidirá de forma 
principal. 
A redação do art. 313, IV, “a”, do Novo CPC permite tal conclusão, ao prever que a 
suspensão depende “de outro processo pendente”, não exigindo que tal processo já 
esteja pendente quando da propositura da ação prejudicial. Basta, portanto, que o 
processo prejudicado esteja pendente para que possa ser suspenso pela aplicação do 
dispositivo legal mencionado. 
O Superior Tribunal de Justiça, embora não tenha tratado dessa matéria de forma 
principal, já permitiu 
incidentalmente que mesmo tendo sido proposta a ação prejudicial quando já em trâmite 
a causa prejudicada, essa segunda fosse suspensa até o julgamento da primeira. Nesse 
sentido, determinou a suspensão de um processo de busca e apreensão em razão de 
processo revisional de contrato, ainda que esse segundo tenha sido proposto depois do 
primeiro. 
Há, entretanto, corrente doutrinária que entende que a suspensão depende de uma 
determinada ordem temporal de propositura dos processos. Para essa corrente 
doutrinária, só haverá suspensão se o processo prejudicial já estiver em trâmite quando 
da propositura do processo prejudicado. 
A reunião com fundamento na causa ora analisada tem como fundamento a 
harmonização dos julgados e a economia processual, mesmos objetivos perseguidos pela 
reunião de processos perante o mesmo juízo. Diante dessa realidade, a doutrina entende 
que a suspensão só se justifica se não for possível a reunião dos processos perante o 
mesmo juízo para julgamento conjunto dos processos. 
13.2.13. Necessidade de verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, 
requisitada para outro juízo 
O art. 313, V, “b”, do Novo CPC prevê a suspensão do processo quando a prolação de 
sentença de mérito depender da verificação de determinado fato ou de produção de 
certa prova requisitada para outro juízo. Até para se distinguir da hipótese prevista no 
art. 313, V, “a”, do Novo CPC, a suspensão ora analisada não trata de questão prejudicial, 
mas de questão preliminar ao julgamento de mérito, aqui compreendida como fato ou 
prova que deve ser verificada ou produzida anteriormente à prolação de decisão de 
mérito. 
A produção de prova requerida a outro juízo se dá por meio da expedição de carta 
precatória, rogatória ou de ordem. Sempre tive dificuldade de aceitar a literalidade do 
art. 377 do Novo CPC, que prevê que a suspensão do processo em razão da expedição de 
carta só ocorre se o pedido de produção de prova for elaborado antes da decisão de 
saneamento e quando a prova for imprescindível à formação do convencimento do juiz. 
Entendo que se a prova foi deferida, independentemente do momento procedimental, 
ela é imprescindível à formação do convencimento do juiz, porque, do contrário, será 
caso de indeferimento do pedido nos termos do art. 370, parágrafo único, do Novo CPC. 
Por tal razão, entendo que, sempre que haja prova pendente de produção por meio de 
carta de auxílio, o juízo da causa não poderá sentenciar o processo. Trata-se, 
naturalmente, de suspensão imprópria, porque todos os demais atos, salvo os debates 
orais (memoriais escritos) e sentença, podem ser normalmente praticados durante o 
cumprimento da carta. 
13.2.14. Força maior 
Havendo motivo de força maior o processo será suspenso, nos termos do art. 313, VI, do 
Novo CPC, entendendo-se como força maior qualquer causa representada por evento 
insuperável, alheio à vontade dos sujeitos processuais e que os impeça de praticar atos 
processuais, tais como no caso de epidemia, calamidade pública, inundação, fechamento 
do fórum por determinação da Defesa Civil, incêndio etc. Há doutrina, inclusive, que inclui 
na força maior obstáculo oposto pela parte contrária e até mesmo a superveniência de 
férias coletivas. 
O processo deve ser considerado suspenso desde o momento em que ocorreu a força 
maior que motiva sua suspensão, sendo irrelevante para fins de fixação do termo inicial 
da suspensão o momento em que o juiz toma conhecimento da força maior ou em que 
profere a decisão de suspensão do processo. A suspensão fica condicionada à 
manutenção da força maior, de forma que encerrado o evento inevitável e irresistível que 
deu causa à suspensão o procedimento retoma seu andamento regular. 
13.2.15. Acidentes e fatos da navegação de competência do tribunal marítimo 
Será suspenso o processo, nos termos do art. 313, VII, do Novo CPC, quando se discutir 
em juízo questão 
decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo. Não 
parece adequada a interpretação literal da norma, porque se assim for o processo judicial 
deverá ser suspenso pelo simples fato de versar sobre acidentes e fatos da navegação, 
independentemente de já existir processo instaurado perante o Tribunal Marítimo. A 
única interpretação possível é a de que, já estando em trâmite processo perante esse 
tribunal administrativo, e sendo a questão lá discutida repetida no processo judicial, 
caberá a suspensão do processo judicial. 
O Tribunal Marítimo é vinculado ao Ministério da Marinha, não integrando, portanto, o 
Poder Judiciário. Segundo o art. 18 da Lei 2.180/1954, as decisões do Tribunal Marítimo 
quanto à matéria técnica referente aos acidentes e fatos da navegação têm valor 
probatório e se presumem certos, sendo,porém, suscetíveis de reexame pelo Poder 
Judiciário. O Superior Tribunal de Justiça, ao se manifestar sobre o tema, teve a 
oportunidade de decidir que as conclusões estabelecidas pelo Tribunal Marítimo são 
suscetíveis de reexame pelo Poder Judiciário, ainda que a decisão proferida pelo órgão 
administrativo, no que se refere à matéria técnica sobre acidentes e fatos da navegação, 
tenha valor probatório. 
Essa força probatória das decisões proferidas pelo Tribunal Marítimo quanto à matéria 
técnica referente aos acidentes e fatos da navegação, no processo judicial, recomendam 
a suspensão do processo enquanto não proferida tal decisão, ainda que a independência 
da instância judiciária da marítima tenha levado parcela da doutrina a criticar essa causa 
de suspensão. 
13.2.16. Demais casos regulados pelo novo código de processo civil 
O inciso VIII do art. 313 do Novo CPC torna o rol de causas para a suspensão do processo 
previsto no dispositivo meramente exemplificativo ao prever que também será suspenso 
o processo em outros casos regulados pelo Novo Código de Processo Civil. 
Pode ser mencionada como exemplo a suspensão em razão da instauração do incidente 
de desconsideração da personalidade jurídica (art. 134, § 3º, do Novo CPC); em razão da 
impugnação ao cumprimento de sentença ou embargos à execução (arts. 525, § 5º, e 
919, § 1º, do Novo CPC); em razão da oposição (art. 685, parágrafo único, do Novo CPC); 
em razão da não localização de bens na execução de pagar quantia certa (art. 921, III, do 
Novo CPC); em razão de prazo concedido pelo exequente para que o executado cumpra 
sua obrigação (art. 922 do Novo CPC); em razão de julgamento de recurso especial e 
extraordinário repetitivos (art. 1.037, II, do Novo CPC). 
13.2.17. Prazo de suspensão 
O § 4º do art. 313 do Novo CPC prevê que no caso de suspensão convencionada pelas 
partes o prazo máximo de suspensão é de 6 meses, e nos casos previstos no inciso V, o 
prazo máximo é de um ano. O dispositivo faz claramente uma opção pela celeridade 
processual em detrimento da segurança jurídica, preferindo correr o risco da prolação de 
decisões contraditórias a postergar indefinidamente o andamento do processo. 
Dessa forma, a suspensão seria no máximo pelo prazo de um ano, devendo o processo 
prejudicado retomar seu andamento mesmo sem a solução do processo prejudicial. O 
Superior Tribunal de Justiça tem decisões recentes adotando a interpretação literal do 
art. 313, § 4º, do Novo CPC, limitando o período de suspensão ao tempo previsto no 
dispositivo legal. 
O tema, entretanto, não está pacificado, mesmo no Superior Tribunal de Justiça, que 
também já se manifestou recentemente admitindo estender a suspensão do processo 
por período superior a um ano, por meio da renovação desse prazo por um novo período 
de um ano334 ou determinando que a suspensão dure até o trânsito em julgado do 
processo prejudicial. Parece razoável o entendimento, levando-se em conta que a 
reconhecida morosidade do processo não é compatível com o exíguo prazo de um ano 
de suspensão do processo. 
13.2.18. Vedação à prática de atos processuais durante a suspensão do processo 
O art. 314 do Novo CPC é suficientemente claro ao prever a vedação à prática de qualquer 
ato processual durante o período de suspensão do processo, com exceção dos atos 
urgentes a fim de evitar dano irreparável. Dessa forma, não resta dúvida de que o ato 
não urgente praticado durante a suspensão do processo é viciado, já que praticado em 
desconformidade com a regra legal. Situar esse ato viciado no plano da existência, 
validade ou eficácia é matéria que sempre dividiu a doutrina. 
Para determinada corrente doutrinária, o ato praticado durante o período de suspensão 
do processo é juridicamente inexistente em razão da inexistência do pressuposto da 
pendência da causa. Para outra corrente doutrinária o ato existe, mas é inválido. Por fim, 
há os que entendem tratar-se de ato ineficaz. 
O Superior Tribunal de Justiça entende que os atos não urgentes praticados durante a 
suspensão do processo são nulos, aplicando o princípio da instrumentalidade das formas, 
de modo que a nulidade só será reconhecida se restar comprovado o prejuízo. 
13.2.19. Arguição de suspeição e impedimento do juiz 
Sendo arguida a suspeição ou impedimento do juiz o procedimento principal será 
suspenso – suspensão imprópria – nos termos do art. 313, III, do Novo CPC. Essa 
suspensão poderá ser prorrogada pelo relator do incidente até o seu julgamento. Nesse 
caso, o art. 314 do Novo CPC veda ao juiz proferir qualquer decisão, inclusive os atos 
urgentes necessários para evitar dano irreparável. Trata-se de medida de salvaguarda das 
partes diante de um juiz que, potencialmente parcial, poderá por meio de decisão sobre 
tutela de urgência gerar indevidamente sério sacrifício a uma das partes. 
Havendo a necessidade de prática de ato urgente, a parte que dela necessita não ficará 
sem respaldo jurisdicional, cabendo ao substituto legal do juiz acusado de parcial a 
prática de tal espécie de ato, ainda que o procedimento principal esteja suspenso (art. 
146, § 3º, do Novo CPC). 
Registre-se que, não sendo o incidente recebido no efeito suspensivo pelo relator, o 
processo não estará suspenso, de forma que qualquer ato, urgente ou não, será praticado 
normalmente pelo juiz acusado de suspeição ou de impedimento. 
13.2.20. Verificação da existência de fato delituoso pela justiça criminal 
O art. 315 do Novo CPC regulamenta a chamada “prejudicialidade externa” entre a ação 
civil e a ação criminal, facultando-se ao juiz da ação civil sua suspensão até que se resolva 
o processo penal. O que importa para o sobrestamento da ação civil é a existência de 
questões que serão resolvidas na motivação da sentença penal (por exemplo, 
materialidade e autoria do crime, presença de excludentes de ilicitude) e que poderão 
influenciar a formação do convencimento do juiz na esfera cível. A depender da 
classificação, a prejudicialidade ora analisada será heterogênea (jurisdicional ou perfeita), 
porque envolve ações de competência de diferentes seções especializadas do Poder 
Judiciário. 
Existe divergência doutrinária a respeito da obrigatoriedade ou facultatividade dessa 
suspensão. Enquanto doutrinadores entendem ser uma faculdade do juiz cível, outros 
defendem a obrigatoriedade sempre que presentes as hipóteses de vinculação do juízo 
civil à sentença penal. O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de decidir 
que nos casos em que possa ser comprovado, na esfera criminal, a inexistência de 
materialidade ou da autoria do crime, tornando impossível a pretensão ressarcitória cível, 
será obrigatória a paralisação da ação civil. 
De qualquer forma, tendo sido suspenso o processo na esfera cível, as partes serão 
intimadas dessa decisão, contando-se a partir do primeiro dia útil subsequente um prazo 
de 3 meses para a propositura da ação penal, sem o que cessará a suspensão, cabendo 
ao juiz cível examinar incidentalmente a questão prévia. 
Diante da omissão do art. 110 do CPC/1973, criou-se notável divergência doutrinária a 
respeito do tempo de duração do sobrestamento: para uns, o juiz cível, diante de demora 
irrazoável de definição na esfera penal, poderia cessar o sobrestamento, enquanto para 
outros, o sobrestamento deveria durar até o trânsito em julgado da ação penal. A 
divergência foi resolvida pelo § 2º do art. 315 do Novo CPC ao prever que o prazo máximo 
de suspensão nesse caso é de um ano, a exemplo do que ocorre com a prejudicialidade 
externa com outro processo na esfera cível (art. 313, § 4º, do Novo CPC). 
13.3. Extinção do processo 
13.3.1. Extinção do processo 
Nos termos do art. 316 do Novo CPC, a extinção do processo dar-se-á por meio de 
sentença. Na realidade, o dispositivo desconsiderou os processos de competência 
originária dos tribunais, que serão extintos por decisão monocrática do relatorou por 
acórdão. Sentença, afinal, é ato processual privativo do primeiro grau, e nem todo 
processo é competência do primeiro grau. 
Superado esse equívoco, é preciso dizer que o dispositivo está correto, não existindo 
outra forma de se extinguir o processo que não por meio de sentença, mas também é 
preciso dizer que nem toda sentença extingue o processo, já que naquelas que 
dependem de atos subsequentes para a satisfação do direito nelas reconhecidos 
(condenatória, executiva e mandamental), a sentença não extingue o processo, mas 
apenas a fase procedimental de conhecimento. 
13.3.2. Impropriedade do termo “extinção parcial do processo” 
Apesar de rotineiramente utilizada na praxe forense, a expressão “extinção parcial do 
processo” é inadequada, tratando um conceito jurídico absoluto de forma equivocada. 
Falar em extinção parcial do processo é o mesmo que afirmar que uma mulher pode estar 
meio grávida ou que um funcionário público é meio honesto. A mulher está ou não 
grávida, o funcionário público é ou não honesto, o processo é ou não extinto. 
O que pode ocorrer é a diminuição objetiva ou subjetiva do processo, como ocorre, por 
exemplo, na exclusão de pedido para o qual o juízo é absolutamente incompetente e na 
exclusão de litisconsorte do processo por ilegitimidade de parte. Nesse caso, o processo 
é diminuído em termos objetivos ou subjetivos, e justamente por isso as decisões são 
interlocutórias e não sentenças. Se realmente houvesse extinção parcial do processo, 
teríamos que admitir sentenças também parciais, o que é refutado pelo Novo Código de 
Processo Civil. 
A distinção entre diminuição objetiva ou subjetiva de demanda e a incorreta expressão 
“extinção parcial do processo” é importante porque evita qualquer dúvida a respeito da 
natureza da decisão e, por consequência, quanto ao recurso cabível. 
13.3.3. Princípio da cooperação e extinção do processo por sentença terminativa 
O processo (ou fase) de conhecimento foi projetado pelo legislador para resultar em um 
julgamento de mérito. Por essa razão, essa espécie de julgamento é considerada o fim 
normal dessa espécie de processo ou fase procedimental. Naturalmente nem sempre isso 
é possível no caso concreto, devendo o sistema conviver com o fim anômalo do processo 
ou fase de conhecimento, que se dá por meio da sentença terminativa (art. 485 do Novo 
CPC). Esse fim anômalo, portanto, deve ser evitado sempre que possível. 
Por outro lado, o princípio da cooperação consagrado no art. 6º do Novo CPC cria um 
dever de prevenção ao juiz, apontando às partes eventuais deficiências e permitindo suas 
devidas correções, evitando-se assim a declaração de nulidade, dando-se ênfase ao 
processo como genuíno mecanismo técnico de proteção de direito material. 
Na conjugação do interesse no julgamento do mérito e no princípio da cooperação é 
criado o art. 317 do Novo CPC, ao prever que antes de proferir sentença terminativa cabe 
ao juiz conceder à parte oportunidade, sempre que possível, de corrigir o vício. Como se 
pode notar da própria leitura do dispositivo, sendo o vício insanável, de nada adiantará 
dar oportunidade ao autor para saneá-lo, sendo nesse caso necessária, embora não 
desejada, a prolação da sentença terminativa (art. 485 do Novo CPC). 
13.3.4. Reconhecimento jurídico do pedido 
Essa espécie de resposta do réu é bastante rara na praxe forense, consubstanciando-se 
na expressa declaração do réu de concordância com a pretensão do autor. É ato de total 
disposição de direito, pelo qual o réu concorda tanto com os aspectos fáticos como com 
os aspectos jurídicos narrados pelo autor em sua petição inicial. A consequência de um 
reconhecimento jurídico do pedido é a extinção do processo por meio de sentença 
homologatória de mérito (art. 487, III, “a”, do Novo CPC), desde que abranja toda a 
pretensão do autor ou, ainda, o julgamento antecipado parcial de mérito (art. 356 do 
Novo CPC). 
Não se confunda confissão com reconhecimento jurídico do pedido, porque a confissão 
atinge somente os fatos que em regra serão dados como verdadeiros pelo juiz; ainda que 
a confissão não seja prova plena, é comum que baste para a formação do convencimento 
do juiz. Mesmo convencido dos fatos, a aplicação do direito poderá ser contrária ao 
favorecido pela confissão, sendo incorreto imaginar que a confissão é apta, por si só, a 
produzir a vitória da parte beneficiada por ela. Por outro lado, o reconhecimento jurídico 
do pedido abrange tanto as questões de fato quanto as questões de direito, em integral 
submissão do réu à pretensão do autor. Nesse caso, independentemente de qualquer 
outra análise, o juiz homologa a manifestação de vontade do réu, sendo certa a vitória 
do autor.

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