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RESENHA - DEBATENDO A EXPROPRIAÇÃO DO PETRÓLEO DO MÉXICO - ANA P ZANTUT

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – EAD
Pós Graduação – Direito Público: Constitucional, Administrativo e Tributário
Disciplina: Intervenções estaduais na propriedade e no domínio econômico (NPG1074)
Tutora: Marcia Aparecida A De M De Figueiredo
Aluna: Ana Paula Zantut de Oliveira
Matrícula: 202002327324
Resenha: Debatendo a expropriação do petróleo mexicano
Uberlândia, 21 de abril de 2020.
Geoffrey Jo Nes e R. Daniel Wadhwani dissertaram em 2005 sobre a expropriação do petróleo mexicano, no artigo: “Debatendo a expropriação do petróleo mexicano”, o artigo conta o ocorrido em 18 de março de 1938, ato político histórico liderado pelo presidente da época, Lázaro Cárdenas, que agindo para defender a soberania da nação mexicana, expropriou 17 empresas petrolíferas estrangeiras que atuavam no território do México.
O artigo além de narrar o evento, traz trechos publicados em jornais da época, relatando o ponto de vista tanto do governo quanto das empresas expropriadas, de forma a deixar claro ambas as histórias das partes envolvidas, e é notório a grande desavença entre empresa-estado ocorridas na época, tendo sida iniciadas por questões trabalhistas entre as empresas petrolíferas e os trabalhadores do petróleo e a recusa das empresas em acatar a decisão do governo local e do Supremo Tribunal Mexicano.
Com a ascensão da Constituição Mexicana de 1917, sendo esta a primeira a incluir os chamados direitos sociais, iniciou-se os conflitos entre as empresas petrolíferas e o Estado sobre o controle do solo e dos minerais ali encontrados, haja vista que o artigo 27 da referida Constituição previa que era propriedade da Nação as terras e águas, bem como a possibilidade de desapropriação de terras de particulares por utilidade pública, mediante indenização justa, embora os conflitos tenham começado em 1917 o antigo presidente Porfírio Diaz, conseguia manter a harmonia e havia também a pressão diplomática dos outros países envolvidos, o que trazia os resultados amenos para os conflitos.
Como a nova Constituição era voltada para os direitos sociais, por óbvio assegurava mais direitos aos trabalhadores, logo, em 1920 desencadearam-se a abertura de novos sindicatos, sendo que nos anos 30 surgiu um único sindicato nacional de trabalhadores do petróleo, onde somente 3mil trabalhadores não faziam parte, nesta época surgiram muitas greves e ameaças de greve por parte dos trabalhadores, prejudicando a economia do México que dependia da produção do petróleo. Em decorrência da criação deste sindicato, houve várias reclamações por parte dos trabalhadores visando a melhoria dos contratos trabalhistas nas empresas estrangeiras de petróleo, que até então haviam vários benefícios e regalias autorizadas pelo antigo presidente, Diaz.
Tais melhorias foram negadas pelas empresas, ocasionando greves e as ameaças, momento em que o presidente Cárdenas interferiu e passou o litígio para o Supremo Tribunal Mexicano deliberar, este por fim, fez um acordo que beneficiava tanto os trabalhadores quanto os empregadores, mas estes se negaram a acatar este acordo da suprema corte nacional, causando um colapso econômico e político, vez que os estrangeiros não estavam cumprindo as ordens nacionais e respeitando o atual governo.
Neste cenário, Cárdenas exerceu seus poderes previstos no artigo 27 da Constituição Mexicana, qual seja, expropriar a propriedade privada em prol da utilidade pública, vez que a economia do país dependia da produção do petróleo e estava sendo afetada. Consequentemente houve apelos por parte das empresas petrolíferas, tantos apelos públicos através dos meios de comunicações locais quanto apelos diplomáticos aos presidentes dos países envolvidos, em suma, Estados Unidos e Inglaterra.
Com a Inglaterra houve sanção oficial e gerou uma tensa relação entre os países México e Inglaterra, já com os Estados Unidos não houve interferência, pois o presidente da época, Rooselvet, estava praticando a chamada “política da boa vizinhança”, prometendo a não interferência em países latinos-americanos, além das políticas previstas devido a aproximação de uma futura guerra, no caso, a segunda guerra mundial. Incontestavelmente, houve ataques publicados das empresas e do governo local, visando a desonra da parte contrária do conflito. 
Os mexicanos encaram o ato do presidente Lázaro Cárdenas como um feito heroico e que salvou a economia mexicana, já as empresas petrolíferas consideram que houve um confisco, ou seja, ato ilegal e que todo o cenário de confusão, com os trabalhadores e com o presidente, foi um ato político montado exatamente para que fosse realizada a expropriação. 
De fato o ato de Cárdenas foi memorável e mudou a história do México, foi o primeiro presidente a aceitar os riscos diplomáticos que tal conduta poderiam acarretar, houve bastante dificuldades com a tomada das propriedades dessas empresas, para gerir a exploração do petróleo, mas tais dificuldades foram sanadas e as empresas, hoje nacionalizadas, ainda estão atuantes, denominando-se atualmente como PEMEX.
Talvez houvesse uma forma mais branda de resolver o conflito entre empresa-estado, mas nota-se que as empresas estrangeiras não estavam de acordo com as leis locais e além de não estarem de acordo, desrespeitavam o governo atual da época, prova disso é a recusa aberta em acatar a decisão do Supremo Tribunal Mexicano e o ato de Cárdenas foi um ato legal previsto pela lei maior do México, embora seja um feito invasivo, não deixa de ser legal.

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