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PSICO SÓCIO INTERACIONISTA 
 
Anotações aula 1- 19/08/20 
 
Fundamentos epistemológicos e gnosiológicos do pensamento de vygotsky e wallon: 
- Ambos autores tem como base filosófica o materialismo histórico dialético criado por karl 
marx 
- “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário é o seu ser 
social que determina a sua consciência.” 
- Não são ideias humanas que movem a história, mas as condições históricas que produzem 
as ideias em cada época. 
- A consciência humana não pode ser a solução do problema, porque não foi ela que o 
criou. As representações que constituem nossa consciência são a expressão , no âmbito 
das ideias das relações que estabelecemos entre nós para produzir socialmente nossa 
existência. ( lasi, 2014, 100) 
- A realidade determina e somos determinados. 
 
Materialismo histórico dialético: 
- Materialismo é toda concepção filosófica que aponta a matéria como substância primeira e 
última de qualquer ser. 
- O materialismo contrapõe-se ao idealismo, cujo elemento primordial é a ideia, o 
pensamento ou espírito. 
- Para marx, o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, 
política e espiritual. 
 
Marx constrói uma dialética (do grego dois logos) materialista, em oposição à dialética idealista 
hegeliana. 
 
Os princípios fundamentais do materialismo dialético são quatro: 
 
1) a história da filosofia, que aparece como uma sucessão de doutrinas filosóficas 
contraditórias, dissimula um processo em que se enfrentam o princípio idealista e o 
princípio materialista; 
2) o ser determina a consciência e não inversamente; 
Segundo Karl Marx (1818-1883), “​não​ é a ​consciência​ dos homens que ​determina​ o seu 
ser​; é o seu ​ser​ social que, ​inversamente​, ​determina​ a sua ​consciência​”. 
- Somos determinados pela sociedade, eu não sou o que eu penso mas sim o que a 
sociedade me rotulou. Exemplo: identidade de gênero. 
 
3) toda a matéria é essencialmente dialética, e o contrário da dialética é a metafísica, que 
entende a matéria como estática e anistórica; (contrario a historia) 
4) a dialética é o estudo da contradição na essência mesma das coisas. 
 
- O materialismo dialético pretende ser, ao mesmo tempo, o fim da filosofia e o início de uma 
nova filosofia, que não se limita a pensar o mundo, mas pretende transformá-lo. 
 
- O homem marxiano se recusa como um ser apenas determinado na/pela história, mas 
como transformador da história, sendo a ​práxis,​ a forma por excelência desta relação. 
- PRÁXIS:​ Quando não separamos as idéias da realidade, teoria e práticas juntas. Exemplo: 
quando assistimos jornal a maioria das pessoas comungam da mesma opiniao, cabe a 
mim pensar de forma diferente, utilizando a praxis. 
 
O QUE É DIALÉTICA? 
Dialética, grosso modo, é a percepção de que a realidade não é constituída de uma essência 
imutável. Ela parte da premissa que há um constante movimento que transforma a realidade a 
partir das suas contradições. (Konder, 1988) 
Tese – Antítese (s) – Síntese 
A síntese supera a tese e a antítese (portanto, é algo de natureza diferente), ao mesmo tempo em 
que conserva elementos das duas. 
 
SUPERAÇÃO DIALÉTICA (SUSPENDER) 
NEGAR 
DEIXAR SUSPENSO (NO ALTO) 
ELEVAR-SE A UM PONTO SUPERIOR 
LEIS DO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO 
 
“Os homens produzem mercadorias, daí produzem ideias (categorias), ou seja, expressão 
abstrata das relações materiais, ou melhor: os homens produzem mercadorias, daí produzem 
ideias que são as categorias abstratas das relações sociais. As categorias são produtos históricos 
e transitórios.” (Alves, 2010, P.6) 
 
(Exemplo do carro moderno que criado gera uma propaganda e ao mesmo tempo novas relações 
sociais (de inveja, orgulho, desejos, etc) 
 
 
1) TRABALHO 
O que os homens são coincide com a sua produção, tanto com o que produzem quanto também 
com o como produzem. 
 
2) TRABALHO CONCRETO E ABSTRATO 
O trabalho concreto e o trabalho abstrato não são atividades diferentes, mas sim a mesma 
atividade considerada em seus aspectos diferentes. 
 
3) TRABALHO ALIENADO 
A alienação pode ser identificada em várias questões 
 
a) pelo modo que o trabalhador se relaciona com o produto do seu trabalho como um objeto 
alheio... Ele não é o que é o produto do seu trabalho. Portanto, quão maior este produto, tanto 
menos ele mesmo é; 
 
b) no ato da produção, dentro da atividade produtiva mesma, pois o trabalho é exterior ao 
trabalhador, não pertence à sua essência, meio para satisfazer necessidades externas. 
 
c) O trabalho alienado faz do homem um ser alheio a ele, um meio da sua existência individual. 
 
“A sua alienação (do trabalho) emerge com pureza no fato de que, tão logo não exista coerção 
física ou outra qualquer, se foge do trabalho como de uma peste. O trabalho exterior, o trabalho 
no qual o homem se exterioriza, é um trabalho de auto-sacrifício, de mortificação. Finalmente a 
exterioridade do trabalho aparece para o trabalhador no fato de que o trabalho não é seu próprio, 
mas sim de um outro, que não lhe pertence, que nele não pertence a si mesmo, mas a um outro. 
É a perda de si mesmo.” 
 
4 – PRÁXIS 
Atividade livre, universal, criativa e auto - criativa, por meio da qual o homem cria (faz, produz), e 
transforma (conforma) seu mundo humano e histórico e a si mesmo; atividade específica do 
homem que o torna basicamente diferente de todos os outros seres. 
 
5 – IDEOLOGIA 
Ideologia como falsa consciência. É um conceito negativo porque compreende uma distorção, 
uma representação errônea das contradições e restrito porque não abrange todos os tipos de 
erros e distorções. 
 
6 –REAL IMEDIATO E CONCRETO PENSADO 
A) apreensão do real imediato (a representação inicial do todo) que convertido em objeto de 
análise por meio de processos de abstração resulta numa apreensão de tipo superior, 
expressa no 
 
B) concreto pensado. As estruturas analíticas constitutivas do concreto pensado serão 
contrapostas em face do objeto inicial, agora apreendido não mais em sua imediatez, mas 
em sua 
 
C) Totalidade concreta 
 
empírico - mediações abstratas - concreto pensado 
 
MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO E A PSICOLOGIA 
Além de Vigotski alguns outros nomes da Psicologia marxista são: 
 
Wallon, seu colaborador Zazzo, Lucién Sève, Leontiev. No Brasil, Silvia Lane com a Psicologia 
Social e Gonzalez Rey que se preocupou em desenvolver uma metodologia de cunho qualitativo. 
 
Vigotski adota assim, da dialética de Marx, dois princípios para a construção do conhecimento 
científico em psicologia: a abstração e a análise da forma mais desenvolvida. 
 
“Toda a dificuldade da análise científica radica no fato da essência dos objetos, isto é, sua 
autêntica e verdadeira correlação não coincidir diretamente com a forma de suas manifestações 
externas e por isso é 
preciso analisar os processos; é preciso descobrir por esse meio a verdadeira relação que subjaz 
nesses processos por detrás da forma exterior de suas manifestações. Desvelar essas relações é 
a missão que há de cumprir a análise. A autêntica análise científica na psicologia se diferencia 
radicalmente da análise subjetiva, introspectiva, que por sua própria natureza não é capaz de 
superar os limites da descrição pura. A partir de nosso ponto de vista, somente é possível a 
análise de caráter objetivo já́ que não se trata de revelar o que nos parece o fenômeno 
observado, mas sim o que ele é na realidade.” (Vygotsky 1995, p. 104) 
 
Três momentos na construção da pesquisa na perspectiva vigotskiana: 
 
1- Análise do Processo ao Invés do Objeto/Produto, 
 
2- Análise Genotípica ao Invés de Fenotípica, 
 
3- A Contraposição das Tarefas Descritivas e Explicativas de Análise. 
 
Por fim, em substituição ao método da análise dos elementos, Vigotski propunha o emprego do 
método da análise das unidades. 
Cabe ressaltar o conceito de signo napsicologia de base marxista, por ser a análise desta 
unidade o instrumento de mediação entre as funções intra e interpsicológicas. 
Vygotsky corretamente postulou que o​ signo​ adota uma posição mediadora na atividade humana, 
alterando a sua estrutura e curso de desenvolvimento. 
 
Aula 2 - 26/08/20 : 
 
Fundamentos epistemológicos e 
gnosiológicos do pensamento de Lev. Vygotsky 
 
Vygotsky: Vida e Obra 
● Viveu na Rússia pós-revolução. 
● Tentou reunir em um mesmo modelo explicativo mecanismos cerebrais , o 
desenvolvimento individual e da espécie humana. 
● Seus trabalhos não eram conhecidos no ocidente até 1962, quando foi publicado nos EUA 
seu livro Pensamento e Linguagem. 
● Isso deveu-se pelo isolamento imposto elas condições das relações exteriores, bem como 
por mecanismos internos à Rússia de censura às obras do autor. 
● Relação entre Vygotsky e Piaget. LER (Oliveira, 1997, p.15) 
Nascido em Orsha, capital da Bielarus em 17 de novembro de 1896. 
● Viveu com sua família grande parte de sua vida em Gomel, na mesma região de Bielarus. 
● Membro de uma família judia, sendo o segundo de 8 irmãos. Pai chefe de departamento 
em um banco e sua mãe professora formada, mas não exercia a profissão. 
● Sua família tinha uma situação de vida bem confortável, moravam em um amplo 
apartamento e podiam oferecer oportunidades educacionais de alta qualidade aos filhos. 
● A família era tida como das mais cultas da cidade, a casa tinha uma atmosfera 
intelectualizada, onde pais e filhos debatiam os mais diversos assuntos. 
● Neste clima de grande estimulação Vigotski interessou-se pelo estudo e pela reflexão 
sobre várias áreas do conhecimento, tais como literatura, poesia, teatro e outras línguas. 
● Formação realizada por tutores, Formou-se em Direito, onde estudou Também psicologia, 
filosofia e literatura. Anos depois estudou também Medicina. 
● Também teve uma atividade profissional diversificada, sendo professor e pesquisador nas 
áreas de psicologia, pedagogia, filosofia, literatura, deficiência física e mental, atuando em 
diversas instituições de ensino e pesquisa, ao mesmo tempo em que lia, escrevia e dava 
conferências. 
 
● PEDOLOGIA – seria a “ciência da criança, que integra os aspectos biológicos, psicológicos 
e antropológicos”, seria a ciência básica do desenvolvimento humano, uma síntese das 
diferentes disciplinas que estudam a criança. (Oliveira, 1997, p.20) 
● Recusa em diminuir a complexidade psicológica a seus elementos constitutivos é o centro 
da Pedologia. 
 
continuação nos slides - 
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1y4ANJqlnOPtvbqwKZErKUyBVEWVyoAW6 
 
 
Aula 3 - 02/09/20 : 
A Mediação Simbólica 
- Vygotski dedicou-se ao estudo das chamadas funções psicológicas superiores ou 
processos mentais superiores. 
- Tais funções envolvem o controle consciente do comportamento, a ação intencional e a 
liberdade do indivíduo em relação às características do momento e do espaço presentes. 
- Se diferenciam de ações reflexas, chamadas elementares. Exemplo do animal que 
aprende a acender a luz, mas não aprende quando deve ou não acendê-la. 
- Conceito central na teoria histórico-cultural: mediação. 
- Exemplo da chama da vela. 
- As funções psicológicas superiores são fruto de um processo de desenvolvimento que 
envolve interação do organismo individual com o meio físico e social em que vive. A 
aquisição da linguagem definirá um salto qualitativo no desenvolvimento do ser humano. 
 
“um processo simples estímulo-resposta é substituído por um ato 
complexo, mediado, que representamos da seguinte forma:” 
 
S = Estímulo R = Resposta S = Elemento mediador 
 
- A presença de elementos mediadores introduz um elo a mais nas relações organismo/meio 
tornando-as mais complexas. 
- A relação homem/mundo não é uma relação direta, mas, fundamentalmente, uma relação 
mediada. 
- Vigotski diferenciou dois tipos de elementos mediadores: o instrumento e o signo. 
A Mediação Simbólica - O uso de instrumentos 
No trabalho desenvolvem-se por um lado a atividade coletiva e, 
portanto, as relações sociais, e, por outro lado, a criação e utilização de 
instrumentos. 
 Postulados marxistas incorporados por Vigotski: 
 
- o modo de produção da vida material condiciona a vida social e espiritual do homem 
 - o Homem é um ser histórico que se constrói através de suas relações com o mundo natural 
e social. 
 - A sociedade humana é uma totalidade em constante transformação. 
- As transformações qualitativas ocorrem por meio da chamada “síntese dialética”. 
 
 
● O instrumento é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, 
ampliando as possibilidades de transformação da natureza. 
● É objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o mundo. 
● Animais também utilizam instrumentos de forma rudimentar. Estes não produzem 
instrumentos de forma específica, não guardam para uso futuro e não preservam sua 
função como conquista para ser transmitida para outros membros do grupo social. 
Portanto, não o fazem em um ​processo histórico-cultural. 
 
A Mediação Simbólica - O uso de Signos 
 
O QUE SÃO SIGNOS? 
Signos podem ser definidos como elementos que representam ou expressam 
outros objetos, eventos, situações. A palavra mesa, por exemplo, é um signo 
que representa o objeto mesa; o símbolo 3 é um signo para a quantidade 3; o 
desenho de uma cartola na porta de um sanitário é um signo que indica ‘aqui é 
o sanitário masculino’. 
 
● A invenção e o uso de signos como meios auxiliares para solucionar um 
dado problema psicológico (lembrar, comparar, relatar, escolher), é análoga à intervenção 
e uso de instrumentos, só que agora no campo psicológico. O ​signo age como instrumento 
da atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um instrumento de trabalho”​. 
● Os signos, ou “instrumentos psicológicos” são orientados para o próprio 
sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de ações 
psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. 
● “Na sua forma mais elementar o signo é uma marca externa, que auxilia o 
homem em tarefas que exigem memória ou atenção.” 
● Os signos, ou “instrumentos psicológicos” são orientados para o próprio 
sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do 
próprio indivíduo, seja de outras pessoas. 
 
● “Na sua forma mais elementar o signo é uma marca externa, que auxilia o 
homem em tarefas que exigem memória ou atenção.” 
Exemplos: ​uso de varetas ou pedras para contagem. 
● As varetas representam a quantidade (de gado, por exemplo) e permitem 
armazenar informações sobre quantidades superior ao que poderia 
guardar na memória. 
● As varetas são SIGNOS. 
● “​A memória mediada por signos é mais poderosa que a memória não mediada. 
● Experimento das teclas. Para verificar a relação entre a percepção e a 
ação motora em crianças de 4 e 5 anos, conjunto de figuras e para cada 
figura uma tecla correspondente. Ao ver a figura a criança deveria 
pressionar a tecla correspondente. As crianças vacilavam em seus 
movimentos. No entanto, com a introdução de marcas nas teclas (por 
exemplo, um trenó para lembrar cavalo), levou as crianças a selecionarem 
a tecla mais firmemente. 
 
 
 
Leontiev realizou outro experimento para compreensão do papel dos 
signos mediadores na atenção voluntária e na memória. 
 
Utilizou um jogo tradicional infantil na Europa como base para situação experimental. 
 
● Neste jogo uma pessoa faz perguntas a outra, que deve responder sem 
usar determinadas “palavras proibidas”. O jogo seria sobre cores, sem 
utilizar o nome de duas cores previamente definidas como proibidas. 
“Na primeira fase do experimento o pesquisador formulava as perguntas 
oralmente e a criança simplesmente as respondia, como no jogo original. 
Sua resposta era considerada errada se falasse o nome dascores 
proibidas. Numa segunda fase, a mesma brincadeira de 
pergunta-resposta, mas a criança recebia cartões coloridos que podia 
utilizar como quisesse. 
● As crianças que utilizaram os cartões como marcas externas para a 
regulação de sua atividade psicológica cometeram muito menos erros 
nessa segunda fase do que na primeira (sem os cartões). 
● Os cartões são os “instrumentos psicológicos”. 
● O uso de mediadores aumentou a capacidade de atenção e de memória, 
permitindo maior controle voluntário do sujeito sobre sua atividade. 
 
“A mediação é um processo essencial para tornar possível atividades 
psicológicas voluntárias, intencionais, controladas pelo próprio indivíduo. 
 
“...é só a partir de oito anos, aproximadamente, que a criança vai começar 
a beneficiar-se dos cartões utilizando-os como auxiliares psicológicos”. 
 
Os sistemas simbólicos e o processo de internalização 
● Analogia entre o papel dos instrumentos de trabalho na transformação da 
natureza e o papel dos ​signos enquanto instrumentos psicológicos, 
ferramentas auxiliares no controle da atividade psicológica. 
● Os signos aparecem como marcas externas, que fornecem um suporte 
concreto para a ação do homem no mundo. 
 
O que seria Processo de Internalização? 
 
Processos internos de mediação produzidos a partir da criação de signos externos. 
São também desenvolvidos sistemas simbólicos, que organizam os signos em estruturas 
complexas e articuladas. 
No jogo das “palavras proibidas” os adultos se saíram de forma parecida com e sem o uso 
dos cartões. Por que será? 
 
Esse resultado não significa uma regressão dos adultos a uma atividade psicológica não 
mediada, mas que a mediação ocorre de forma internalizada. 
 
Signos internos ​ou ​representações mentais​ substituem os objetos do mundo real. 
 
Dessa forma, temos conteúdos mentais que tomam o lugar dos objetos, das situações e 
dos eventos do mundo real. (Conseguem ver o materialismo nessa teoria?) 
 
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, 
e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com
a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que
distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é
que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de 
construí-lo na cera. No fim do processo de trabalho 
obtém-se um resultado que já no início deste já existiu na 
imaginação do trabalhador e, portanto, idealmente.
(Marx, 1985, p.149-150) 
 
O processo de internalização é que possibilita ao homem imaginar, fazer planos, ter intenções. 
Liberta o homem da necessidade de interação concreta com os objetos de seu pensamento. 
 
 
● Signos compartilhados 
Exemplo: ​palavra cavalo 
 
O grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar o 
real, as quais vão constituir os instrumentos psicológicos que fazem a mediação entre o indivíduo e 
o mundo. 
 
- exemplo:​ o cachorro pra nós é um animal aqui no brasil, porém na china ele é um alimento. 
 
● Signos compartilhados​ organizam a percepção. 
 
 ​Exemplo:​ palavra avião. 
 
O grupo cultural em que as crianças nascem e se desenvolvem funcionam no sentido de produzir 
adultos que operam de uma maneira particular, de acordo com 
modos culturalmente construídos de ordenar o real. 
 
 
● Quando falamos em desenvolvimento histórico-cultural, não é apenas sobre a cultura 
ampla tais como cultura do país, nível socioeconômico ou profissão dos pais, mas do 
grupo cultural carregado de significado. 
 
● São diversos níveis – 
1 - A história da espécie (Filogênese), 
2 – A história do grupo cultural, a história do organismo 
individual (Ontogênese), 
3 – a sequência singular de processos e experiências 
vividas por cada indivíduo. 
● “O processo de desenvolvimento do ser humano, marcado por sua inserção em 
determinado grupo cultural, se dá “de fora para dentro”. Isto é, primeiramente o indivíduo 
realiza ações externas, que interpretadas pelas pessoas no meio social e o indivíduo 
atribui significações às suas próprias ações, considerando os códigos compartilhados.” 
(Oliveira, 1997, p.39) 
 
Exemplo​ do gesto do bebê. 
 
● “As origens das funções psicológicas superiores devem ser buscadas, assim, nas relações 
sociais entre o indivíduo e os outros homens: ara Vygotsky o fundamento do 
funcionamento psicológico tipicamente humano é social e, portanto, histórico.” (Oliveira, 
1997, p.40) 
 
SIGNO X INSTRUMENTO:​ ​Mas, a mediação por ​signo​ e ​instrumento​ são ​de​ natureza diversa, 
enquanto o ​signo​ constitui uma atividade interna dirigida para o controle ​do​ próprio sujeito, o 
instrumento​ é orientado externamente, para o controle ​da​ natureza. 
 
AULA 4: 
PENSAMENTO E LINGUAGEM 
 
Funções da Linguagem 
 
● Intercâmbio Social 
1º Momento – transmite desconforto e prazer. 
● Pensamento Generalizante 
 
A linguagem ordena o real, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos, 
eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. 
 
Iguala e ao mesmo tempo diferencia. 
Cachorro ≠ de girafa, mesa, caminhão. 
 
Estudos realizados com primatas, chimpanzés​. 
 
Buscando encontrar formas precursoras do pensamento e linguagem humanos. 
Animais são capazes de utilizar instrumentos como mediadores entre eles e o ambiente Estudos 
realizados com primatas, chimpanzés. 
Buscando encontrar formas precursoras do pensamento e linguagem humanos. 
 
Animais são capazes de utilizar instrumentos como mediadores entre eles e o ambiente para 
resolver determinados problemas. 
Encontra a ​inteligência prática​ que independe da linguagem. 
- Inteligência Prática​ está ligada à constituição de uma ação ou de um uso repetido que 
resulta em um conhecimento ou em uma práxis. ... É o poder de ​conquistar aprendizado 
com as vivências​, construindo aptidões funcionais. 
Pensamento pré-verbal! 
 
Buscando encontrar formas precursoras do pensamento e linguagem humanos. 
Emitem sons e utilizam gestos e expressões faciais. 
Expressão emocional, comunicação difusa. 
 
Linguagem pré intelectual 
 
“Na ausência de um sistema de signos, linguísticos ou não, somente o tipo de comunicação mais 
primitivo e limitado torna-se possível. A comunicação por meio de movimentos expressivos, 
observada principalmente entre os animais, é mais uma efusão afetiva do que comunicação. Um 
ganso amedrontado, ressentindo subitamente algum perigo, ao alertar o bando inteiro com seus 
gritos, não está informando aos outros aquilo que viu, mas antes, contagiando-os com seu medo”. 
(Vygotsky, 2011, p.411) 
 
pensamento 
 
linguagem 
 
O pensamento e a linguagem inicialmente têm origens diferentes desenvolvem-se segundo 
trajetórias diferentes, antes que ocorra estreita ligação entre os dois fenômenos. 
A associação entre pensamento e linguagem é atribuída à necessidade de intercâmbio dos 
indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. 
 
Processo histórico- Trabalho- Relações sociais- Mediação simbólica- Pensamento e linguagem. 
 
O trabalho exige: 
 
1 – a utilização de instrumentos para transformação da natureza 
 
2- organização coletiva, planejamento, comunicação social 
 
Para tanto foi criado um sistema de comunicação que permitisse troca de informações 
específicas. 
 
Fase Pré-linguística do Pensamento 
Utilização de instrumentos/inteligência prática ​- ANIMAIS 
 
Fase Pré-Intelectual da linguagem 
Alívio emocional/função social - TERAPIA 
Pensamento verbal e linguagem racional 
Transformação do biológico em sócio-histórico 
 
 
O surgimento do pensamento verbal e da linguagem como sistema de signos é um momento 
crucial no desenvolvimento da espécie humana, momento em que o biológico transforma-se no 
sócio histórico. 
(Evolução filogenética) 
 
Na evolução do indivíduo, observada desde seu nascimento, ocorre um processo 
semelhante àquele descrito na história da espécie. 
Exemplo do bebê -semelhante a fase sensório-motora de Piaget 
(Evolução ontogenética) 
 
No bebê em determinado momento as trajetórias se encontram, surgindo a fala intelectual com 
função simbólica e o pensamento se torna verbal, mediado por significados dados pela 
linguagem. 
 
A interação com membros mais maduros da cultura, que já dispõem de uma linguagem 
estruturada, é que vai provocar o salto qualitativo para o pensamento verbal. 
 
O SIGNIFICADO DA PALAVRA 
 
 ​significado é um componente essencial da fala ou um componente do pensamento? 
 
No significado da palavra é que o pensamento e a fala se unem em 
pensamento verbal. 
 
“O significado é um componente essencial da palavra e é, ao mesmo tempo, um ato de 
pensamento, pois o significado de uma palavra já é em si uma generalização.​” 
 
pensamento significado linguagem 
 
É NO SIGNIFICADO QUE SE ENCONRA A UNIDADE DAS DUAS FUNÇÕES BÁSICAS DA 
LINGUAGEM: O INTERCÂMBIO SOCIAL E O 
PENSAMENTO GENERALIZANTE. 
 
“O significado de uma palavra representa um amálgama tão estreito do pensamento e da 
linguagem, que fica difícil dizer se se trata de um fenômeno da fala ou de um fenômeno do 
pensamento. 
Uma palavra sem significado é um som vazio, o significado, portanto, é o critério da palavra, seu 
componente indispensável. 
Pareceria então que o significado poderia ser visto como um fenômeno da fala. Mas, do ponto de 
vista da psicologia, o significado de cada palavra é uma generalização ou um conceito. E como as 
generalizações e os conceitos são inegavelmente atos de pensamento, podemos considerar o 
significado como um fenômeno do pensamento.” 
 
 
Vermelho​ ​- Antigamente, como ninguém conhecia urucum nem pau-brasil na Europa, o único jeito 
de fazer tinta vermelha era usar um inseto - hoje chamado de cochonilha - que, esmagado, virava 
um vermelhão. O nome dessa cor vem do latim vermiculum, vermezinho 
 
Amarelo ​- do Baixo-Latim hispânico amarellus, diminutivo do Latim amarus, “amargo”. E o que é 
que uma cor tem a ver com um sabor, além da rima? É que o amarelo-dourado é a cor da bilis 
(fluído produzido pelo fígado) antes de se oxidar e ficar esverdeada. E o seu gosto é muito 
amargo. 
 
Boêmio ​– designava o habitante da Boêmia; como os ciganos vinham da Boêmia, essa palavra 
passou a significar “errante, nômade, desregrado”. 
 
 
O DISCURSO INTERIOR E A FALA EGOCÊNTRICA 
 
Desenvolvimento do “discurso interior”, uma forma interna de linguagem dirigida ao próprio 
sujeito. 
É específico, fragmentado, abreviado, contendo quase só núcleos de significado e não todas as 
palavras usadas num diálogo com outros. 
(Vídeo Bruno Berg) 
 
Vigotski postula para o processo de desenvolvimento do pensamento e da linguagem a mesma 
trajetória das outras funções psicológicas. 
O percurso é da atividade social, ​interpsíquica​ para a atividade individualizada,​ intrapsíquica. 
Fala egocêntrica​ é um fenômeno relevante para compreensão da transição do discurso 
socializado para o discurso interior. 
 
INTERPSÍQUICA:​ processo de socialização com o outro quanto ao desenvolvimento cognitivo. 
INTRAPSÍQUICA:​ São as ideias ou pensamentos que ficam guardadas na mente do indivíduo a 
partir dessa socialização com o outro. 
 
1ª Função da linguagem- comunicação oral 
2º - Fala egocêntrica, processo pelo qual a criança passará a ser capaz de utilizar a linguagem 
como instrumento (interno, intrapsíquico) de pensamento. 
3º - Linguagem como comunicação oral externa e interna. 
Ponto principal de divergência entre Vigotski e Piaget. 
 
 
“...a relação entre o pensamento e a palavra não é uma coisa, mas um processo, um movimento 
contínuo de vaivém do pensamento para a palavra e vive versa. Nesse processo a relação entre 
o pensamento e a palavra passa por transformações que, em si mesmas, podem ser 
consideradas um desenvolvimento no sentido funcional. 
 
O pensamento não é simplesmente expresso em palavras; é por meio delas que ele passa a 
existir.” (Vygotski, 1989, p.104) 
 
 
ESTUDO DE CASO 
 
A HISTÓRIA DE VINICIUS 
No inicio de 2006, quando estava na 2ª série, 8 anos, Vinicius iniciou o 
acompanhamento com um médico neurologista que diagnosticou hiperatividade, pres crevendo 
medicação. 
A queixa principal era dificuldades na alfabetização, a mãe relata que “todas as crianças 
lembravam as letras já na pré escola, mas Vinicius não”. 
 
No final do mesmo ano, a família procurou uma ​associação de dislexia ​para identificar as 
causas de suas dificuldades escolares. O diagnóstico foi realizado por duas profissionais: uma 
psicóloga e uma fonoaudióloga. 
CONCLUSÃO: Risco para dislexia e TDA 
 
 
 
O LAUDO 
 
O laudo foi produzido a partir de entrevista com a mãe e realização de testes padronizados. 
Portanto, o laudo diagnóstico foi produzido ao largo da escola o que evidencia uma certa 
concepção de desenvolvimento humano. 
Qual seria a concepção de desenvolvimento adotada pelos profissionais que realizaram o laudo? 
Qual seria o encaminhamento dado ao caso a partir de uma perspectiva sócio-interacionista? 
 
O laudo foi produzido a partir de entrevista com a mãe e realização de testes padronizados. 
Portanto, o laudo diagnóstico foi produzido ao largo da escola o que evidencia uma certa 
concepção de desenvolvimento humano. 
Qual seria a concepção de desenvolvimento adotada pelos profissionais que realizaram o laudo? 
Qual seria o encaminhamento dado ao caso a partir de uma perspectiva sócio-interacionista 
(histórico-cultural)? 
Aplicação de testes padronizados. 
 
HTP, Wisc, Bender, Raven 
 
Aplicação de testes que medem a dificuldade previamente conhecida. 
 
Laudo inconclusivo 
 
Única orientação: atenção diferenciada 
 
AULA 5 E 6: 
Aprendizagem e Desenvolvimento 
▪ Gênese 
▪ “A expressão “genética” nesse caso, não se refere a genes, não tendo relação nenhuma com o 
ramo da biologia que estuda a transmissão dos caracteres hereditários. Refere-se à gênese – 
origem e processo de formação a partir dessa origem, constituição, geração de um ser ou de um 
fenômeno.” 
 
▪ Desenvolvimento Genético 
▪ “A expressão “genética” nesse caso, não se refere a genes, não tendo 
relação nenhuma com o ramo da biologia que estuda a transmissão dos 
caracteres hereditários. Refere-se à gênese – origem e processo de 
formação a partir dessa origem, constituição, geração de um ser ou de um fenômeno.” 
▪Estão relacionados desde o início!!! 
 
▪Dependem do meio social – exemplo dos meninos lobo. 
▪É processo de aquisição de informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir do contato 
com o meio e com outras pessoas. 
▪Diferente de fatores inatos (digestão), fatores maturacionais (maturação sexual, p.ex.) 
▪ OBUCHENIE – processo de ensino- aprendizagem. 
▪ Importância do papel do outro social no desenvolvimento dos indivíduos cristaliza-se na 
formulação de um conceito específico de sua teoria. 
 
Zona de Desenvolvimento Próximo 
▪ Normalmente, no dia-a-dia, escolas ou pesquisas avalia-se o que a criança já sabe. 
▪ Esta é a zona de desenvolvimento real. 
▪ Capacidade de realizar tarefas de maneira independente. 
▪ Devemos também considerar o nível de desenvolvimento potencial ou próximo. 
▪ Capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes. 
▪ Não é qualquer indivíduo que pode, a partir da ajuda de outro, realizar qualquer tarefa. 
▪ Exemplos: andar, falar, ler, escrever. 
▪A zona de desenvolvimento proximal está em constante transformação. 
▪ O aprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão tornar-se parte 
das funções psicológicas consolidadas do indivíduo. 
 
O papel da Intervenção Pedagógica 
▪ Se o aprendizado impulsiona desenvolvimento então a educação escolar tem um papel 
essencial na construção do ser psicológico adulto. 
▪ Escola deve pensar a ZDP, em direção a etapas ainda não alcançadas pela criança. 
▪ Não cair em uma visão intervencionista.▪ A constante recriação da cultura por parte de cada um dos seus membros é a base do processo 
histórico, sempre em transformação, das sociedades humanas. 
▪ IMITAÇÃO 
▪ Reconstrução individual daquilo que é observado nos outros. Criação de algo novo a partir do 
que observa no outro, a partir de suas possibilidades. 
▪ Não é mecânica, ações além do próprio desenvolvimento. 
▪ Ocorre dentro do nível de desenvolvimento atual do sujeito. 
▪ Colabora para movimento do INTERPSÍQUICO para o INTRAPSÍQUICO. 
▪ A importância da relação com os pares. Estratégias coletivas de aprendizagem. 
▪PESQUISA 
▪ ​O modelo de pesquisa de Vigotski contempla o pesquisador como elemento que faz parte da 
situação que está sendo estudada, buscando captar as transformações que ocorrem no processo 
ensino- aprendizagem. 
 
AULA 7 - 21/09/20: 
Brinquedo e Desenvolvimento 
▪ Além da escola, o brincar é fundamental para o aprendizado e desenvolvimento 
Também cria uma ZDP. 
(exemplo: brincar de corrida controla o comportamento, deve-se esperar a contagem 1,2,3 e já) 
▪ Brincadeira de faz de conta, que corresponde ao “Jogo Simbólico” de Piaget. 
▪ Processo do jogo de manipulação, para jogo de fantasia e jogos de regras. 
▪ Objetos servem de representação de uma realidade ausente e ajudam a criança a separar 
objeto e significado. 
▪ Constitui um passo importante no percurso que a levará a ser capaz de, como no pensamento 
adulto, desvincular-se totalmente das situações concretas. 
 
 
As Regras 
▪ Não são aceitos qualquer comportamento no jogo de fantasia (exemplo das irmãs). 
▪ São justamente as regras que fazem com que a criança se comporte de uma maneira mais 
avançada ara sua idade. 
▪ Ao brincar a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e 
também aprende a separar objeto e significado. 
 
A Evolução da Escrita na criança 
▪ De acordo com Vigotski, o processo de escrita se inicia muito antes da entrada da criança na 
escola, hoje chamado Letramento (guarda semelhanças com teoria de Emília Ferreiro) 
▪ Ele chamou de “Pré-História da língua escrita”. 
▪ Deve entender que a língua escrita é um sistema de signos que não têm significado em si. 
 
 
 
A criança inicia tentativas de utilizar o recurso da escrita como ferramenta mnemônica. 
Sem sucesso, o tipo de grafismo utilizado não ajudava a criança em seu processo de 
memorização. 
Imitação da escrita do adulto. 
 
 
Na realidade, “em si mesmo, nenhum rabisco significava coisa alguma, mas a sua posição, 
situação e relação com outros rabiscos conferia-lhe a função de 
auxiliar técnico para a memória”. (Luria, 1988, p.157) 
Exemplo: Há no céu 1000 estrelas. 
 
 
Nesse caso, as características do que queriam lembrar estavam claramente presentes na escrita 
por imagens e, por isso, essas escritas possibilitavam a lembrança dos significados anotados. 
 
Simbolismos de primeira ordem e segunda ordem 
1a Ordem​ – desenhos, que representam diretamente os objetos. 
2a Ordem​ – letras que representam sons das palavras, que por sua vez 
representam os objetos​. 
 
A criança pode bem cedo aprender a diferença entre desenhar e escrever e não aceitar a 
representação pictográfica como escrita. 
 
“desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita 
nas crianças... Se quiséssemos resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma 
forma unificada, poderíamos dizer que o que se deve fazer é ensinar às crianças a linguagem 
escrita e não apenas a escrita das letras”. (p.72) 
 
AULA 8 - 28/09/20: 
 
HENRI WALLON 
Vida e Obra 
 
◦ Autor que se interessou muito pela educação. 
◦ Teoria que facilita compreender a totalidade do indivíduo, que indica as relações que deram 
origem à esta totalidade, mostrando uma visão integrada da pessoa do aluno. 
◦ Desenvolvimento concomitante cognitivo-afetivo-motor. 
◦ Henri Wallon nasceu e viveu na França entre 1879 e 1962. 
 
◦ Período de duas grandes guerras. 
◦ Participou da primeira (1914-1918) como médico, observando lesões orgânicas e seus efeitos 
psíquicos. 
 
◦ Na segunda (1939-1945) participou do movimento de Resistência contra os nazistas, o que 
reforçou ainda mais sua posição de que a escola deve assumir valores de solidariedade, justiça 
social, antirracismo como condições para a reconstrução de uma sociedade justa e democrática. 
◦ Trajetória acadêmica de sólida formação em filosofia, medicina, psiquiatria, áreas 
que configuram seu interesse pela psicologia. 
 
◦ Projeto Langevin-Wallon – proposta para reforma completa do ensino francês após 
a Segunda Guerra. 
 
◦ Dedicou-se primeiro à psicopatologia. Em 1914 registrou 214 minuciosas observações de 
crianças de 2 a 15 anos (delinquência, impulsividade, instabilidade, etc.) 
 
◦ Estabeleceu com este trabalho relações entre lesões neurológicas e efeitos no 
psiquismo. 
 
◦ “A criança normal se descobre na criança patológica. Mas sob a condição de 
não tentar entre elas uma comparação, uma assimilação imediata (Wallon, 
1984: 308). 
 
◦ Para Wallon, comparar não é assimilar, visa tanto às semelhanças como às diferenças. 
 
◦ O Conhecimento busca o mesmo e o diferente. 
 
◦ Dedicou-se em seguida ao desenvolvimento da criança, se debruçando sobre a questão 
fundamental que é o estudo da consciência e que o melhor caminho 
para entende-la é buscar sua gênese, sua origem. 
 
Principais Conceitos 
 
◦ Motor, afetivo e cognitivo se desenvolve em conjunto. 
 
◦ A interação dessas dimensões(M-A-C) estão em constante movimento. 
 
◦ A cada configuração resultante, temos uma totalidade responsável pelos comportamento 
daquela pessoa, naquele momento,naquelas circunstâncias. 
 
◦ “Cada configuração cria novas possibilidades, novos recursos motores, afetivos, cognitivos que 
se revelam em atividades que, ao mesmo tempo que convivem com as atividades adquiridas 
anteriormente, preparam a mudança para o estágio seguinte.”(Mahoney, 2000, p.12) 
 
Estágios 
 
◦ Duas ordens de fatores irão constituir as condições em que emergem as atividades de cada 
estágio: 
 
FATORES ORGÂNICOS - origem biológica. 
 
FATORES SOCIAIS 
 
A interação entre esses fatores define as possibilidades e os limites dessas características. 
 
A sequências dos estágios proposta por Wallon é a seguinte: 
 
◦ Impulsivo Emocional (0 a 1 ano) 
 
◦ Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos) 
 
◦ Personalismo (3 a 6 anos) 
 
◦ Categorial (6 a 11 anos) 
 
◦ Puberdade e Adolescência (11 anos em diante). 
 
As idades indicadas foram propostas por Wallon para as crianças de sua época e sua cultura. 
 
Precisam ser revistas para a nossa cultura nos dias de hoje. 
 
Mais que limites etários é preciso observar quais interesses e atividades predominam em cada 
período. 
 
Os estágios adquirem sentido nessa sucessão temporal, estão inter- relacionados. 
 
Leis Reguladoras da Sequência dos Estágios 
 
LEI DA ALTERNÂNCIA FUNCIONAL 
HÁ ALTERNÂNCIA DE PREDOMÍNIO DE CONJUNTOS FUNCIONAIS A CADA 
ESTÁGIO 
O movimento predominante ou é pra dentro (conhecimento de si – Impulsivo-Emocional, 
Personalismo, Puberdade e Adolescência) ou é para 
fora, conhecimento do mundo exterior (Sensório-Motor e Projetivo, Categorial). 
 
LEI DA SUCESSÃO DE PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL 
 
Alternância de predomínio de conjuntos funcionais a cada estágio: a configuração das relações 
entre eles mostra qual deles fica em evidência ou é o motor (Impulsivo Emocional) ou o afetivo 
(Personalismo, Puberdade, Categorial) ou o cognitivo (Sensório-Motor e Projetivo, Categorial). 
 
Quando a direção é para si mesmo – centrípeta – o predomínio é do afetivo 
 
Quando a direção é para o mundo – centrífuga – predomina o cognitivo. 
 
O afetivo e o cognitivo tem sempre como suporte a atividade motora, ou em seus deslocamentos 
no espaço ou em sua expressão plástica (postura tônica). 
 
LEI DA INTEGRAÇÃO FUNCIONAL 
 
CONJUNTOSFUNCIONAIS HIERARQUIZADOS. 
 
Os primeiros estágios são conjuntos mais simples, com atividades mais primitivas que vão sendo 
dominadas, integradas aos conjuntos mais complexos dos estágios seguintes, conforme as 
possibilidades do sistema nervoso e do meio ambiente. 
 
Do Sincretismo à Diferenciação. 
Desenvolver-se é ser capaz de responder com reações cada vez mais 
específicas a situações cada vez mais variadas. 
 
(as possibilidades do/no mundo se expandem) 
 
O motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa. 
 
A separação é somente por questões de explicação do processo. 
 
São interdependentes. 
 
A PESSOA ao mesmo tempo garante a integração afetivo-cognitivo-motor e é resultado dela. 
 
O Método de Análise de Wallon 
Psicologia Genética – origem e transformações 
 
Análise Genética Comparativa Multifuncional 
 
Comparações para esclarecer cada vez mais o processo de desenvolvimento. 
 
A pessoa está continuamente em processo. 
 
Movimento contínuo de mudanças, de transformações desde o início da vida até seu término. 
Dependem de experiências, cultura, oportunidades. 
 
Em cada instante desse processo a pessoa é uma totalidade, um conjunto resultante da 
integração dos conjuntos motor, afetivo e cognitivo. 
 
“É contra a natureza tratar a criança de forma fragmentária. Em cada idade 
constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades é 
um único e mesmo ser em contínua metamorfose” (Wallon, 1981:233). 
 
É de uma rede de relações entre os conjuntos – motor, afetivo, cognitivo – e entre eles e seus 
fatores determinantes – orgânicos e sociais – que emerge a pessoa. Impossível entendê-la fora 
dessa rede de relações. 
 
A essência do educar é respeitar a integração e movimento constante da pessoa completa. 
 
AULA 9: 
Henri Wallon 
 
Estágio Impulsivo Emocional: 
 
◦ Do nascimento até 1 ano de idade 
◦ Dividido em - IMPULSIVIDADE MOTORA e EMOCIONAL 
◦ Bebê – necessita do meio para interpretar, dar significado e trazer respostas às suas 
necessidades de sobrevivência. 
◦ Manifestações motoras geram respostas dos adultos – COMUNICAÇÃO RECÍPROCA. 
◦ Modelação do eu pelo meio, da consciência individual pelo ambiente coletivo. (Wallon, 1957, 
p.152) 
◦ Criança está voltada para a construção do eu. 
◦ Fase de preponderância afetiva, centrípeta, de acúmulo de energia. 
◦ Imersão social 
◦ Estágio nebuloso, indiferenciado, sem delimitação entre o eu e o outro. 
◦ A criança é global, indiscernível e social. 
◦ Interação, constrói seu próprio eu: nos momentos de autor em relação ao outro e objeto por 
parte do outro. 
◦ De forma dialética, o eu e outro são parceiros internalizados permanentes no eu da vida 
psíquica. 
◦ Relação complementar e antagônica. 
◦ “O homem se faz vivendo dois papéis: o de autor da ação, constituindo o meio, e o de objeto da 
ação sendo constituído pelo meio”. (p.20) 
 
◦ Modelação do eu pelo meio, da consciência individual pelo ambiente coletivo. (Wallon, 1957, 
p.152) 
 
◦ Criança está voltada para a construção do eu. 
 
◦ Fase de preponderância afetiva, centrípeta, de acúmulo de energia. 
 
1º MOMENTO: IMPULSIVIDADE MOTORA 
 
ATÉ 3 MESES 
 
Organismo reflexo e com movimentos impulsivos. 
 
Necessidades primárias fisiológicas: tônico-postural, alimentar ou de sono. 
 
Desconforto – descargas motoras que são movimentos reflexos, impulsivos, descontínuos, não 
intencionais, com objetivo de diminuir a tensão. 
 
Como resultado das ações motoras para diminuição de tensão o bebê consegue que suas 
necessidades sejam satisfeitas. 
 
Inicia-se assim um processo de comunicação, com conexões e associações entre as 
manifestações espontâneas e as respostas desejáveis. 
 
Sensibilidade intero, próprio e exteroceptiva 
 
Interoceptiva​ – Órgãos. Sensações de fome, referentes aos movimentos de digestão e aos 
processos respiratórios. 
 
Proprioceptiva​ – Aparelho muscular. Movimento e equilíbrio do corpo no espaço. 
 
Exteroceptiva​ – conhecimento do mundo exterior. 
 
Simbiose fisiológica e simbiose afetiva 
 
Simbiose FISIOLÓGICA​ – indiferenciação entre as necessidades fisiológicas e as formas de 
satisfazê-las. 
Simbiose AFETIVA​ – caracteriza o período inicial do psiquismo. 
 
MOVIMENTO 
 
O movimento ocupa lugar de destaque na teoria Walloniana. 
 
Grande possibilidade de comunicação da vida psíquica com o ambiente externo. 
 
1º MOMENTO: IMPULSIVIDADE MOTORA 
 
3 FORMAS DE MOVIMENTO 
 
1 – Movimentos de Equilíbrio – posturas, pontos de apoio, sentar, engatinhar, andar. 
 
2 - Movimentos de preensão e de locomoção – trarão outras concepções de si e do espaço. 
 
3 – Reações posturais 
 
A INFLUÊNCIA RECÍPROCA ENTRE O BEBÊ E O MEIO TRANSFORMARÃO OS 
MOVIMENTOS EM MEIOS DE EXPRESSÃO E FORMAS DE COMUNICAÇÃO MAS 
ELABORADOS. 
 
2º MOMENTO: EMOCIONAL 
 
A IMPULSIVIDADE se traduz em sinais que estabelecem entre a criança e o adulto um circuito de 
trocas que acabam por condicionar e construir reciprocamente as reações do bebê 
a seu meio e vice-versa. 
 
Gestos, atitudes, vocalizações e mímicas adquirem nuance cada vez mais diversificada de dor, 
tristeza, alegria, cólera. 
 
É a linguagem primitiva constituída de emotividade pura. É a primeira forma de sociabilidade. 
 
“Os movimentos corporais, posturais, o choro, o sorriso atuam sobre o entorno de forma 
contagiante, estabelecendo um campo de comunicação e um vínculo entre criança e 
envolventes, suprindo a insuficiência cognitiva do início da vida.”(p.25) 
 
“É dessa osmose afetiva entre a criança e seus envolventes que surge o início da vida psíquica, a 
consciência subjetiva, na qual vão se formando as primeiras imagens mentais e nas quais se 
imprimirão as primeiras marcas de sua individualidade.”(p.25) 
 
● Bebê estabelece associações e apreende as interpretações.” 
● Aguça sua atenção e antecipa situações. 
● Primeiros sinais da cognição. 
● Afetividade e inteligência ainda estão sincreticamente misturados. 
 
Emoção e Tônus 
Tônus para Wallon é fonte de emoção. 
A emoção é regulada por ele e ao mesmo tempo a regula. 
O tônus é capaz de comunicar ao meio que tipo de emoção o sujeito está vivendo. 
Podemos dizer que a função tônica dá suporte à manifestação da emoção. 
 
 
Atividades circulares 
 
Segunda metade do primeiro ano – 6 a 12 meses. 
 
● Atividades repetitivas 
● Investiga a conexão entre seus movimentos e seus efeitos. 
● Levam a criança a conhecer cada vez mais a si própria e aos objetos, e acontece em 
função do prazer pela repetição. 
● Manipulação = associação entre os campos sensoriais e musculares, possível apenas com 
a maturação do córtex cerebral. 
 
“A criança mediante atividade circular, entrega-se repetitivamente à manipulação dos objetos, 
apalpando-os de diversas formas, colocando-os na boca, esfregando-os no corpo, atirando-os 
insistentemente no chão. Diverte-se com o barulho feito ao amassar o papel, ao rasga-lo em 
pedaços e ao espalhar o que restou dele. Percebe assim seus próprios gestos e os resultados 
das suas ações.”(p.28). 
Vocalizações – linguagem é desenvolvida pelo ajustamento dos 
campos auditivos e vocal. 
 
Produz sons inicialmente casuais e por meio das atividades circulares passa a repeti-los, 
afiná-los, modifica-los e acaba por desenvolver fonemas presentes em todas as línguas, até 
selecionar aqueles que fazem parte de sua língua materna. 
 
PASSAGEM PARA O ESTÁGIO SENSÓRIO MOTOR E PROJETIVO 
 
● Evolução da criança é descontínua, cheia de conflitos, antagonismos e oposições. 
● Do caráter afetivo e voltado para a pessoa para um período cognitivo voltado para a 
construção do real. 
Estágio Sensório-Motor e Projetivo 
+ ou – de 1 a 3 anos de idade 
Investigação e exploração da realidade exterior. 
 
Aquisição da aptidão simbólica e início da representação. 
 
Atividade de exploração, de manipulação, que coloca a 
criança em contato com o mundo físico. 
 
Inteligênciadedica-se à construção da realidade. 
 
SENSÓRIO MOTOR 
Repetição de movimento em cadeia circular permite-lhe vivenciar diversas reações que seu ato 
produz. 
Coordenação mútua dos campos sensoriais e motores. 
Refina processos de preensão, da percepção e da linguagem. 
Andar possibilita melhor investigação e exploração do espaço. 
 
Com a marcha a criança mesma pode medir as distâncias, variar as direções, estabelecer a 
continuidade dos passos, buscar e transportar um objeto. 
 
Neste momento desenvolve a inteligência prática. 
 
Linguagem intelectual prática – permite agrupamentos, comparação, diferenciação. 
 
“Com a linguagem aparece a possibilidade de objetivação dos desejo. A permanência e a 
objetividade da palavra permitem à criança separar-se de suas motivações momentâneas, 
prolongar na lembrança uma experiência, antecipar, combinar, calcular imaginar, sonhar”. 
(Wallon, 1980, p.144) 
 
Andar e falar são atividades primordiais para o ingresso no mundo dos símbolos. 
E a criança que não anda ou não fala? 
 
PROJETIVO 
O gesto precede a palavra: a criança não é capaz de imaginar sem 
representar. 
 
A criança utiliza gestos para expressar seus pensamentos. 
 
Exemplo: ao falar do presente que ganhou, a criança abre bem os braços para mostrar o tamanho 
da bola. 
Nova relação com o espaço, com os objetos e com seu corpo. 
 
Dois movimentos projetivos contribuirão para a expressão dessa atividade mental: 
IMITAÇÃO 
SIMULACRO 
 
IMITAÇÃO 
 
Não é de início representação, mas um recurso simbólico que a prepara. 
 
Período de incubação – pode durar horas, dias, semanas 
 
Imitação é participação e desdobramento. 
 
PARTICIPAÇÃO – porque reflete a fusão com o meio físico e humano em que a criança realiza o 
movimento de imitação espontânea. 
 
DESDOBRAMENTO – porque se sobrepõe a essa ação imediata, tirando a criança do 
imediatismo vivido e possibilitando-lhe, pela mediação da representação realizar o 
desdobramento, a diferenciação do eu, tomar consciência de si e do outro. 
 
SIMULACRO 
 
Surge durante a atividade exploradora e projetiva e caracteriza-se pelo exercício ideo-motor, isto 
é, pensamento apoiado em gestos. 
“O gesto é capaz de tornar presente o objeto e substituí-lo, ou seja, pelos gestos a criança simula 
uma situação de utilização do objeto sem tê-lo de fato. 
O desenvolvimento da realidade só será possível quando houver subordinação da atividade 
sensório-motora à representação. 
 
A linguagem é o instrumento que vai elaborar a expressividade da criança no mundo das imagens 
e dos símbolos. 
 
PROJETIVO 
Função simbólica permite outras possibilidades de lidar com o real. 
 
Função simbólica de desdobramento e de substituição é condição para o nascimento do 
pensamento e da pessoa. 
 
O processo de experimentação acontece também em relação ao próprio corpo. 
 
Necessária diferenciação entre o espaço Exteroceptivo do Interoceptivo e Proprioceptivo, isto é, 
do que pertence ao mundo exterior daquilo que pertence ao próprio corpo. 
 
A integração mútua dos espaços exterior e interior só é possível a partir das experiências da 
criança tanto com o seu próprio corpo quanto com o corpo dos outros e com os objetos. 
 
Período animista – a criança dá vida independente a alguma parte do próprio corpo. 
 
Para que ocorra identificação e apropriação do seu EU corporal também é necessária a relação 
entre a pessoa e sua IMAGEM. 
 
Até 1 ano 
 
Período Instrumental –, interesse no espelho e não na imagem. 
 
Período animista – brinca com a própria imagem, beija-a, atribui vida própria. 
 
Por volta dos 2 anos atribui a si mesma sua própria imagem refletida no espelho. 
 
Mesmo com o aumento de recursos a criança permanece fechada em determinadas 
circunstâncias, isto é, ligada a determinado objeto ou mesmo ao ponto de vista de quem lhe fala. 
 
Aula 10: 
ESTÁGIO DO PERSONALISMO 
 
+ ou – 3 a 6 anos 
 
Construção da Personalidade 
 
Consciência corporal + capacidade simbólica são a base para este estágio. 
 
“Entra num período em que sua necessidade de afirmar, de conquistar 
sua autonomia vai lhe causar, em primeiro lugar, uma série de conflitos”. (Wallon, 1981:217). 
 
As condições para a evolução da inteligência têm raízes no desenvolvimento da afetividade e 
vice-versa. 
 
Afetividade emerge neste estágio, orientando o processo de constituição da pessoa. 
 
“A alternância provoca sempre um novo estado, que se torna o ponto de partida de um novo ciclo. 
Assim evolui o desenvolvimento da criança através de formas que se modificam de idade para 
idade”. (Wallon, 1981: 135) 
Constituição permeada por conquistas e conflitos, contradições, crises, 
que aparecem e reaparecem ao longo do desenvolvimento. 
 
Uso frequente do pronome pessoal na primeira pessoa: “mim”, “eu”. 
 
E também o possessivo “meu”. 
 
Evolução na linguagem e na consciência de si. 
 
3 FASES 
 
1ª - Oposição 
 
2º - Sedução 
 
3º - Imitação 
 
1ª - Oposição – por volta dos 3 anos 
 
Crise de oposição ao outro, muitas vezes sem motivo aparente. 
 
Essa oposição precisa se compreendida como a busca de afirmação de si, de uma pessoa se 
constituindo. 
 
A criança sente prazer em contradizer e confrontar-se com as pessoas de seu ambiente. 
 
Fase da recusa e reivindicação. 
 
Confronto e negatividade para tornar seu ponto de vista dominante. 
Distinção eu-outro inicialmente é percebida em relação aos objetos. 
 
“Meu”e “teu”. 
 
Propriedade e ao mesmo tempo afirmação de si. 
 
“Esta primeiro desejo de propriedade baseia-se num sentimento de competição. Trata-se de 
apropriar do que é reconhecido como pertencendo aos outros. (Wallon, 1975: 156). 
Começa a perceber que pode negociar objetos. 
 
Capaz de mentir, usar a força ou recusar-se a emprestar um brinquedo por ciúmes. 
 
Diverte-se com sua livre fantasia a respeito das coisas e com a credulidade cúmplice que às 
vezes encontra no adulto (Wallon, 1981). 
 
2ª - Sedução 
● Idade da Graça 
● Necessidade de se sentir admirada 
● Exuberância motora – “olha o que eu sei fazer” 
● Ela se torna o centro de atenção. 
● Reconhece que pode ter sucesso ou fracasso ao se exibir. 
 
Tal fato gera inquietação, conflitos e decepções. 
 
“O ciúme é muito específico nessa idade, porque apresenta um estado ainda mal diferenciado da 
sensibilidade (...) é uma causa de ansiedade frequente nessa etapa da vida afetiva” (Wallon, 
1975: 211) 
 
Com o nascimento de um irmão, por exemplo, a criança pode não querer renunciar ao lugar de 
caçula ou de filho único. 
 
Ver outra criança sendo o centro de cuidados e atenção até então reservados a ela causa 
sofrimentos, cuja gravidade deve ser reconhecida pelo adulto e precisa ser objeto de atenção 
especial. 
 
“O período dos 3 aos 5 anos é aquele em que se constituem o que se chamou “complexos”(...) no 
sentido em que, encontrando-se todo o seu ser na situação que o ofende ou o 
exalta, a criança sofre essa influência sem o contrapeso e terá muito maior dificuldade em dela se 
desembaraçar em sua evolução ulterior” (Wallon, 1975: 210). 
 
Personagens são criados a partir de pessoas que a criança admira. 
 
Incorporação do outro. 
 
“Já não se trata de reivindicação, mas de um esforço de substituição pessoal por imitação. Em 
vez de ser simples gestos, a imitação passará a ser de um papel, de uma personagem, de um ser 
preferido e muitas vezes desejado” (Wallon, 1975: 137) 
 
3ª - Imitação 
 
Incorporação por movimento de interiorização e exteriorização que torna possível copiar e 
assimilar as qualidades e méritos da pessoa-modelo. 
 
Criatividade e aprendizagem podem se apoiar eficazmente. 
 
SOBRE A IMITAÇAO 
 
Para Wallon a imitação apresenta graus de evolução. 
 
1º - Estágio Sensório-Motor – imediata e fragmentária 
 
2º - Estágio Personalismo – período de incubação – dias depois reproduz 
 
● Implica neste momento atitude para constelarconjuntos perceptivo-motores. 
● Ao mesmo tempo que se sente muito ligada à família, está buscando intensamente sua 
independência. 
● Devido a esse conflito suas relações com o meio são marcadas por atitudes de oposição e 
de constante afirmação de si perante os outros. 
● Intenso trabalho afetivo e moral. 
 
Sabem quando tem sentimentos que poderiam ser desaprovados pelos adultos. 
 
A relação com irmãos vai depender de como os pais compreender o papel e o lugar 
que ocupa na família. 
 
A criança deve fazer ajustamentos de sua personalidade de acordo com o lugar que 
lhe é designado na constelação familiar. 
 
Além da família o meio escolar é fundamental para o desenvolvimento. 
 
As relações na pré-escola são fundamentais e o professor deve manter uma relação de ordem 
pessoa, direta e quase maternal. 
 
Por isso, Wallon prefere o uso do termo “Escola Maternal” em vez de 
“Jardim de Infância”. 
 
Privilégio de brincadeiras em grupo 
 
A criança faz então a distinção eu-outro, de afirmação de identidade e ao mesmo tempo 
escolhendo o que deixar de fora dessa identidade. 
 
EU - OUTRO - Diferenciação, oposição e complementariedade recíprocas. 
 
SOCIUS 
 
“Com a consciência de si, há uma bipartição íntima entre o eu e o outro, que vai se configurar 
como um outro eu, um outro interior, denominado socius, como se fosse um eu duplicado que o 
acompanha e mantém com ele uma íntima união. 
 
O socius é o suporte da discussão interior, da objeção às determinações ainda duvidosas. 
 
● SOCIUS 
● O OUTRO interior. 
● Companheiro permanente do EU 
● O confidente, o conselheiro, o censor e muitas vezes o espião. 
 
“No personalismo, o pensamento infantil caracteriza-se ainda por um sincretismo de caráter 
global, confuso e contraditório, em que se encontram misturados os vários planos do 
conhecimento: critérios afetivos prevalecem sobre os objetivos e lógicos na seleção dos 
temas de sua atividade mental”. 
(Mahoney, 2000 p. 47). 
 
“Pensar a pessoa na perspectiva da psicogenética walloniana implica compreendê-la em seu 
contexto sociocultural, biológico, e integrada pelas funções da afetividade, da inteligência e do ato 
motor. Também requer uma perspectiva de inacabamento, de movimento, de ruptura, de 
transformações, que necessita ser constantemente superada para possibilitar a própria evolução 
humana.” 
(Mahoney, 2000 p. 48). 
 
AULA 11: 
ESTÁGIO CATEGORIAL 
No ​PERSONALISMO​, a afetividade é o fio condutor do desenvolvimento, e a construção psíquica 
do eu adquire importância crescente sobre o dado objetivo. É a etapa que marca a diferenciação 
entre o eu e o mundo exterior. 
 
Compreensão dos fenômenos diretamente relacionada a suas experiências emocionais. 
 
Considerando a ​Lei de alternância e Lei da predominância das funções​, quais serão as 
características do estágio Categorial? 
 
ENTRE 6 E 11 ANOS 
 
● Estabilidade relativa 
● Desenvolvimento motor e afetivo se mantém, mas as características do comportamento 
são determinadas principalmente pelo desenvolvimento intelectual. 
 
Grandes saltos cognitivos 
Conhecimento mais completo e concreto de si mesma. 
 
O desenvolvimento depende da influência conjunta do biológico e social. 
 
Emergência da uma capacidade nova: a de autodisciplina mental – atenção. 
 
Maturação dos centros nervosos de discriminação e inibição, que tornam possível acomodação 
perceptiva e mental e a inibição da atividade motora. 
 
Gestos mais precisos e localizados. 
 
Pode planejar mentalmente o movimento e prever etapas e consequências do deslocamento. 
 
“o meio não é outra coisa senão o conjunto mais ou menos duradouro de circunstâncias em que 
se desenrolam existências individuais. Ele comporta evidentemente condições físicas e naturais 
que, porém, são transformadas pela técnica e pelos costumes do grupo correspondente.” (Wallon, 
1975, p.165-166), 
 
Escola tem um papel fundamental neste estágio. 
 
Possibilita o exercício de diferentes papeis, o que leva a uma crescente individuação. 
 
Neste período uma nova estrutura mental se organiza em duas etapas: 
 
1ª - Até por volta dos 9 anos, Pensamento Pré-Categorial 
 
2º A partir dos 9/10 anos, Pensamento Categorial. 
 
Ambos virão a caracterizar a inteligência discursiva. 
 
COMO SE ORGANIZA O PENSAMENTO DISCURSIVO? 
 
PENSAMENTO POR PARES: ​um objeto só existe em relação a outro que 
lhe dê identidade. “todo termo identificável pelo pensamento, pensável, exige um termo 
complementar, com relação ao qual ele seja diferenciado e ao qual possa ser oposto”. 
 
A criança aproxima lua de cabeça, o sol é uma lua, trovão e frio, relações que podem parecer 
desconexas. 
 
“B... 6 anos, atribui o vento ao movimento das folhas: - Tem vento no mar? – Não tem folhas 
no mar quando tem vento – O que o vento faz no mar? – Ele faz as folhas caírem – No mar? – 
É – De onde vêm essas folhas? – Das árvores – Há árvores no mar? – Há. 
 
Exemplo: slide 8,9. 
 
O PENSAMENTO CATEGORIAL: 
 
- Transformações no pensamento e no comportamento assinalam redução do sincretismo. 
- Pensamento categorial leva a sistema de relações. 
- A ultrapassagem do par exige novo poder de discriminação. 
- Diferenciação do que pertence à realidade, ao mito, à religião. 
- Estabelece hierarquias nas operações mentais – nomear, agrupar, comparar. 
- Após os 9/10 anos, a formação de categorias intelectuais possibilita à criança a 
identificação, a análise, a definição e a classificação dos objetos ou das situações. 
- Pensamento capaz de determinar as condições de existência das coisas ou de explicá-las 
por meio das relações de tempo, espaço e causalidade, a criança vai tomando consciência 
dos papéis que ocupa o outro com relação a si e ela mesma com relação ao outro. 
- Para Wallon é impossível dissociar na pessoa qualquer um dos conjuntos funcionais – 
inteligência, afetividade ou ato motor – de forma que é a criança como um todo que 
continua a se desenvolver. Uma etapa constitui sempre um sistema mais amplo que a 
idade biológica. 
- Portanto, a matéria do pensamento não se forma unicamente pelo desenvolvimento do 
sistema nervoso, mas pela pessoa em sua totalidade, em sua relação com o meio, no qual 
a criança se íntegra de acordo com suas possibilidades. 
- Wallon destaca a importância da escola neste estágio. 
- Atividades como: participação em novos grupos, divisão de tarefas, trabalho em equipe, 
competição temporária entre equipes num ambiente em que se sinta aceita. 
- É importante que o adulto leve em consideração essas necessidades infantis a fim de 
fortalecer a função afetiva que será preponderante na etapa seguinte de desenvolvimento. 
 
 
AULA 12: 
WALLON E A EDUCAÇÃO 
 
WALLON: TEORIA PSICOGENÉTICA 
 
PSICOLOGIA E PEDAGOGIA SÃO INSEPARÁVEIS E HORIZONTAIS 
 
VALORIZA: INDIVÍDUO, A EDUCAÇÃO, O PROFESSOR, A CULTURA E AS RELAÇÕES 
SOCIAIS NA FORMAÇÃO DO ALUNO. 
 
VALORES MORAIS E COLETIVOS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA. 
 
REVELA A PRESENÇA DOS DOMÍNIOS AFETIVIDADE, COGNIÇÃO, ATO MOTOR E PESSOA, 
NO COTIDIANO DO PROFESSOR. 
 
PESSOA COMPLETA 
 
“Os domínios funcionais entre os quais se dividirá o estudo das etapas que a criança percorre 
serão, portanto, os da afetividade, do ato motor, do conhecimento e da pessoa. (WALLON, 1995, 
p. 135). 
 
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto 
indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso 
de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais 
susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 1995, p.215) 
 
Todos os aspectos do desenvolvimento são decorrentes da interação de fatores orgânicos e 
sociais, e é nessa interação que o indivíduo se constitui. 
 
O desenvolvimento é considerado por Wallon como um processo que está sempre em aberto, 
nunca acabado e, portanto, implicandomovimentos e constantes crises e conflitos. 
 
As condições orgânicas, em todo ser humano, colocam-no à disposição para interagir com o meio 
social e físico. Por outro lado, os meios social e físico impõem exigências a que o indivíduo 
necessita corresponder para garantir sua sobrevivência e sua adaptação a ele. 
 
EXEMPLOS:​ APRENDER A ANDAR, A COMER NA MESA, APRENDER A LER E ESCREVER, 
 
Estágios caracterizam-se por um conjunto de interesses, necessidades e comportamentos, e são 
sucessivos, numa determinada ordem: uma etapa a já vivida cria condições, preparando as 
mudanças para a próxima que se anuncia. 
 
Em alguns momentos o movimento do desenvolvimento se dá rumo ao conhecimento de si 
(centrípeto) e, em outros, para o conhecimento do mundo exterior (centrifugo). 
 
As atividades inauguradas a cada novo estágio não suprimem as anteriores, mas as integram, 
num permanente processo de diferenciação. 
 
● Trata-se aqui da “lei da integração funcional”: dá-se uma reorganização qualitativa dos 
conjuntos afetivo, cognitivo e motor que resultam em diferentes configurações que irão 
conferir à pessoa um jeito próprio de existir e atuar em cada etapa do desenvolvimento. 
● EXEMPLO: uma criança que desde a fase sensório motor e projetiva tenha contatos com 
livros; e esse contato seja com uma afetividade específica; tendo um determinado aparato 
biológico; passará de determinada forma pelos estágios seguintes; e terá um processo de 
alfabetização específico. Uma relação com a leitura e uma subjetividade daí advinda. 
 
 
O conceito de pessoa é utilizado por Wallon (1995) para se referir ao domínio funcional, que é 
resultado da integração dos outros três: afetividade, conhecimento e ato motor. Trata-se de um 
conceito genérico e abstrato, referente aquilo que a espécie humana tem de comum e 
que pode ser compreendido a partir da lei da integração funcional. 
 
WALLON: RELAÇÃO EU-OUTRO 
 
Na teoria Psicogenética de Wallon, a construção do 
Eu depende essencialmente do Outro. 
Acolhimento e Oposição 
 
Wallon (1986) chama de sincretismo, para designar as confusões e misturas a que a criança está 
submetida. O processo de diferenciação vai acontecendo ao longo do desenvolvimento, e o papel 
do Outro, nessa diferenciação, é fundamental e indispensável. 
 
Ao Outro internalizado Wallon dá o nome de “[...] sócius”, referindo-se ao outro íntimo, que 
mantém com o Eu, um diálogo interno, uma mediação com o mundo externo. Esse Outro 
interior que trazemos em nós pode ser considerado um duplo Eu ou um companheiro permanente 
do Eu que irá exercer o papel de intermediário entre o mundo interior e o exterior. 
 
O sócius traz em si o contexto cultural e simbólico presente no meio, e, sendo referência para o 
Eu, determina-lhe regras e imposições sociais. (BASTOS e DÉR, 2002). 
 
WALLON: O OUTRO NA CONSTITUIÇÃO DA PESSOA DO PROFESSOR 
 
Relações com o Outro é que se dá a aprendizagem, um processo contínuo que dura a vida inteira 
e que possibilita a constituição do meio físico e humano. Mahoney (2003) afirma que a 
aprendizagem ocorre quando nos transformamos ao nos relacionarmos com o outro. 
 
Dessa forma, é possível vislumbrar o quanto o professor é importante na formação de seu aluno e 
vice-versa, na transmissão dos valores e no desenvolvimento de sua humanização. 
 
Os conceitos de meio e grupo também estão presentes nessa dinâmica relacional Eu-Outro, 
complementos indispensáveis para a compreensão do ser humano. 
 
“Meios e grupos são noções conexas que podem, às vezes, coincidir, mas são distintas. O meio 
nada mais é do que o conjunto mais ou menos durável de circunstâncias nas quais se 
desenvolvem existências individuais”. (WALLON, 1986, p. 170) 
 
Os grupos possuem formas diversas e particulares de se organizarem. Para ele, a composição 
dos grupos é definida pelos objetivos, pela atribuição de tarefas inerentes a eles. Ao longo 
da vida, cada indivíduo participa de vários grupos, vivenciando papéis, correspondendo ou não às 
expectativas desses grupos, aprendendo a agir, conhecendo suas possibilidades e limitações. 
 
Por ser esta relação indivíduo-meio de fundamental importância para o desenvolvimento humano, 
Wallon (1986) declara que não se pode analisar ou conhecer o homem fora de seu contexto de 
existência. O meio constitui o indivíduo, fazendo dele um ser datado e contextualizado. 
O grupo de alunos revela ao professor quem ele é, como ele é, atendendo ou não as suas 
expectativas. O professor, por sua vez, orienta, dita o ritmo, se envolve com seus alunos e nessa 
mescla de domínios – cognitivos, afetivos, motores e de pessoas - são constituídos os indivíduos, 
as relações pedagógicas e interpessoais entre o Eu do aluno e o Outro professor, entre o Eu 
professor e o Outro aluno, entre os próprios alunos. 
 
● As classes diferentes entre si, exigem posturas específicas do professor que assume em 
cada uma delas, em que entra, a singularidade das relações, 
● São universos complexos e individualizados, que acabam por provocar na ação docente, 
tomadas de decisões circunstanciais, imprevisíveis, às vezes negociadas, outras vezes 
com a presença de conflitos. 
● Na sala de aula são inventadas e reinventadas as relações que ora exigem do professor 
domínio, ora cuidado, ora solidariedade, ora espírito de grupo, ora solidão. 
● Wallon sempre demonstrou muito interesse pela pedagogia. Escreveu vários textos sobre 
educação e presidiu a comissão que criou o projeto de reforma para o ensino do francês, 
denominado Plano Langevin-Wallon de Reforma de Ensino. (ALMEIDA, 2002) 
● O Plano Langevin-Wallon (1947) previa uma educação que contemplasse a todos, 
independente de etnia, religião ou posição social e desenvolvesse em cada um suas 
aptidões, oferecendo ao aluno condições para desenvolver-se intelectual e moralmente. 
(MAHONEY, 2002) 
 
Em relação à educação, a proposta humanista de Wallon, destaca três pontos imprescindíveis 
sobre a escola: 
 
1.​ A ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à pessoa inteira e deve converter-se 
em um instrumento para seu desenvolvimento: esse desenvolvimento pressupõe a integração 
entre as dimensões afetiva, cognitiva e motora; 
2.​ A eficácia da ação educativa se fundamenta no conhecimento 
da natureza da criança, de suas capacidades, necessidades, ou 
seja, no estudo psicológico da criança; 
 
3​. É no meio físico e social que a atividade infantil encontra as alternativas de sua realização; o 
saber escolar não pode se isolar desse meio, mas sim, nutrir-se das possibilidades que ele 
oferece. (ALMEIDA, 2002, p. 32) 
 
- São os sentimentos dos professores que impulsionam suas buscas, assim como a 
importância que atribuem aos alunos é que os move a buscar novas estratégias de ensino. 
- O professor deve dar o exemplo de corticalização, sensibilizar-se com o comportamento do 
seu aluno e, ao mesmo tempo, racionalizar as emoções em prol dos conteúdos a serem 
trabalhados. Ele (o professor) esforça-se para compreender ou deveria compreender seus 
alunos. 
- 
Mahoney (1993, p. 68) afirma que: 
 
[...] “a criança, ao se desenvolver psicologicamente, vai se nutrir principalmente das emoções e 
dos sentimentos disponíveis nos relacionamentos que vivencia. São esses relacionamentos que 
vão definir as possibilidades de a criança buscar no seu ambiente e nas alternativas que a cultura 
lhe oferece, a concretização de suas possibilidades, isto é, a possibilidade de estar sempre se 
projetando na busca daquilo que ela pode vir a ser.”

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