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Motricidade e desenvolvimento motor na educação infantil

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
CONCEPÇÕES DO DESENVOLVIMENTO 
E DA APRENDIZAGEM 
 
• Área: Educação 
• Curso: Motricidade e desenvolvimento motor na educação infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 – CONCEPÇÕESDO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM 
• INTRODUÇÃO.....................................................................................................................09 
➢ CAPÍTULO 1 –CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO ....................................................... 11 
➢ CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA ............................................................... 23 
• PIAGET, VYGOTSKY, WALLON, FREUD E A APRENDIZAGEM 
 
• JEAN PIAGET 
❖ OS PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA TEORIA DE JEAN PIAGET 
❖ ESTÁGIOS REFERENTES À PRÁTICA E A CONSCIÊNCIA DAS REGRAS 
 
• VYGOTSKY 
❖ DESENVOLVIMENTO REAL E DESENVOLVIMENTO POTENCIAL 
• HENRI WALLON 
• SIGMUND FREUD 
➢ CAPÍTULO 3 – AS TEORIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO CAMPO DA 
EDUCAÇÃO....................................................................................................................... 46 
• PIAGET 
• WALLON 
• VYGOTSKY 
➢ CAPÍTULO 4 – O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, MOTRICIDADE E COGNIÇÃO..........63 
➢ CAPÍTULO 5 – A CONSTITUIÇÃO DO CONCEITO DE INFÂNCIA..............................................80 
➢ CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO.................................................................................................92 
• TEXTO INTEGRADOR – AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 96 
• SUGESTÕES DE ESTUDO COMPLEMENTAR...........................................................................101 
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................102 
 
 
 
 3 
ÍCONES 
 
Apresentamos inicialmente ícones que tem como função pedagógica e objetivam 
chamar a atenção do(a) aluno(a) para os conteúdos ou ações que o(a) mesmo(a) deverá 
desenvolver durante seus estudos, através desse material didático. 
 
Provocação 
Apresentamos através desse ícon, textos que levam o(a) aluno(a) 
a fazer reflexões sobre determinado assunto antes mesmo de 
iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o 
autor/conteudista. 
 
 
Para refletir 
Questões e tópicos inseridos no decorrer do estudo, que tem por 
objetivos propiciar ao aluno(a) momentos de pausa e reflexão 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu 
raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, 
suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de 
partida para a construção de suas conclusões. 
 
Sugestão de estudo complementar 
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para 
aprofundamento do estudo. 
 
Praticando 
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo 
didático de fortalecer o processo de aprendizagem do/a aluno/a. 
 
 
 4 
 
Atenção 
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que 
contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 
 
Saiba mais 
Informações complementares que contribuem na construção das 
sínteses/conclusões sobre os conteúdos abordados. 
 
Sintetizando 
Texto que busca resumir informações relevantes do conteúdo, 
facilitando o entendimento pelo(a) aluno(a) sobre trechos mais 
complexos. 
 
Exercício de fixação 
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos 
períodos e conteúdos que o autor/conteudista achar mais relevante 
em relação a aprendizagem de seu módulo. 
 
Avaliação 
Questionário com 05 questões objetivas e/ou subjetivas, baseadas 
nos objetivos do curso e nos objetivos da disciplina, que 
oportunizam a verificação da aprendizagem dos capítulos e das 
unidades desse material didático. 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para não finalizar 
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o(a) aluno(a) a 
continuar a aprendizagem ou estimula ponderações 
complementares sobre o módulo estudado. 
 
 
 6 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), 
Bem-vindo à disciplina Concepções do Desenvolvimento e Aprendizagem. 
Este caderno de estudos, material elaborado com o objetivo de contribuir para a 
realização e o desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus 
conhecimentos no tocante ao ensino do conteúdo MOTRICIDADE E 
DESENVOLVIMENTO MOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL. 
Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em 
capítulos de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas; 
indicamos também fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares. 
Desejo a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesse caderno 
de estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
OBJETIVOS 
- Conhecer as idéias dos principais teóricos que trabalharam com os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem das crianças: Freud, Piaget, Vygotsky e Wallon e suas 
contribuições no campo da educação. 
- Conhecimento dos processos de desenvolvimento que permite ao educador reconhecer 
as características comuns de cada faixa etária e planejar ações pedagógicas, que, entre 
outras coisas, podem potencializar as capacidades humanas. 
- Apresentar as principais características das diferentes fases do desenvolvimento 
humano em suas dimensões físico-motora, cognitiva, afetiva-emocional e sócio-moral, 
focando nossa atenção no ser humano integral. 
EMENTA 
 
Desenvolvimento infantil na perspectiva Sociointeracionista. Fundamentos da 
Psicologia. Conceitos de infância. Concepções Inatista, Ambientalista, Interacionista e 
Sócio-histórica. 
 
 
 
 
 
 8 
 
 INTRODUÇÃO /PROVOCAÇÃO 
 
O desenvolvimento humano, assim como a aprendizagem, é um processo que se 
inicia com o nascimento e permanece durante toda a vida. Nossa proposta é apresentar 
características desse desenvolvimento e relacioná-las aos processos de aprendizagem. 
A diversidade humana contribui para a melhoria da qualidade da educação, uma 
vez que enriquece os processos de aprendizagem e convivência. 
Conhecer um pouco mais sobre o desenvolvimento humano permitirá ao 
educador basear sua concepção de educação na heterogeneidade, considerando as 
especificidades, não apenas das fases ou períodos de desenvolvimento, mas de cada 
sujeito, possuidor de uma história pessoal e situado social e historicamente. 
 
Os estudos sobre o desenvolvimento humano remontam à Antiguidade Clássica, 
quando os filósofos cuidavam da compreensão dos fenômenos humanos. Inicialmente 
questionavam sobre a diferença entre os animais e os seres humanos e foram 
aprofundando seus estudos até chegarem às primeiras idéias sobre o processo de 
transformação desses seres. 
No século XIX, com o advento da ciência como principal tipo de conhecimento, o 
desenvolvimento humano passou a ser objeto de estudo da ciência psicológica, que se 
dedicava a entender como as pessoas se transformavam e como construíam suas 
características. 
No primeiro capítulo trataremos sobre as concepções do desenvolvimento 
humano – INATISMO, AMBIENTALISMO, INTERACIONISMO E SÓCIO-HISTÓRICA -
traçando ao final um quadro comparativo entre essas diversas concepções, para um 
melhor entendimento. 
 
 
 9 
No segundo e terçeiro capítulos, abordaremos os Fundamentos da Psicologia, 
comum a exposição das teorias de Jean Piaget, Henri Wallon, Lev Semenovich Vygotsky 
e Sigmund Freud e suas Contribuições no campo da Educação. 
No quarto capítulo veremos como acontece o desenvolvimento da linguagem, da 
motricidade e da cognição, considerando a interação social como elemento mais 
importante para promover oportunidades de aprendizagem. 
No quinto capítulo, um estudo sobre a constituição do conceito de infância, visto 
que, ao educador que atua com crianças, é imprescindível apreendero significado da 
infância, o que exige a investigação das diferentes conceituações a ela atribuída em 
distintos momentos e lugares da história humana. 
No sexto capítulo, uma breve conclusão acerca das teorias e concepções, e suas 
implicações orientando as questões pedagógicas em espaços de educação infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
CAPÍTULO 1 – CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO 
 
Durante a evolução histórica da ciência foram adotadas diferentes concepções 
sobre o desenvolvimento humano que apresentam visões diversas sobre a “natureza” 
humana, o modo de aquisição e apropriação dosconhecimentos. Foram diferentes 
formas de pensar como o ser humano sedesenvolve. Vejamos quais as principais: 
 
 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
Inatismo 
 
Uma das primeiras concepções sobre o desenvolvimento humano foi a inatista, 
na qual é salientada a importância dos fatores endógenos ou hereditários, ou seja, 
aqueles aspectos que jánascem com a pessoa. Segundo essa concepção, os seres 
humanos já nascem com todas as suas características prontas e vão desenvolvendo-as 
durante toda a sua vida. 
 
 
 11 
 
Os inatistas acreditam num mapa dedesenvolvimento pré-programado, sendo que 
oseventos que acontecem após o nascimento não são essenciais para que o serhumano 
se desenvolva, pois sua personalidade, suas crenças, suas posiçõesmorais, sua 
capacidade intelectual e afetiva, suas habilidades sociais já seencontram praticamente 
prontas por ocasião do nascimento, como sehouvesse algo pronto para florescer dentro 
de cada pessoa e, para tanto, sóbastaria o tempo. O que resta ao ambiente é interferir o 
mínimo possível paranão “desvirtuar” essas características pré-definidas geneticamente. 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
 
 
A concepção inatista afirma que nascemos trazendo em nossainteligência não só 
os princípios racionais, mas também algumas idéiasverdadeiras que, por isso, são idéias 
inatas. Como exemplos de filósofosinatistas que influenciaram e, ainda influenciam, os 
estudos sobre odesenvolvimento humano, podemos citar Platão (IV a.C.), Descartes 
(séculoXVII) e Rousseau (Século XVIII). 
 
 
 
 12 
As idéias de Jean-Jacques Rousseau causaram grande impacto naeducação e 
inspiraram reformas políticas e educacionais. O pensamentocentral desse filósofo 
inatista, foi a idéia ou teoria do “bom selvagem”. Rousseau acreditava que o homem 
nascia bom (crença na bondade natural), mas era corrompido pela sociedade. Defendia 
que os pais e professores deviam estimular o desenvolvimento das potencialidades 
naturais da criança, afastando-a dos males sociais. Se na época de Rousseau a crença 
inatista era bastante forte, nos dias atuais ela já quase não existe, salvo alguns poucos 
adeptos. 
Mesmo o avanço da neurociência, com o mapeamento do cérebro e a escoberta 
de áreas cerebrais responsáveis por vários comportamentos eações, não defende a 
teoria inatista. Os neurocientistas afirmam que o queexiste são predisposições genéticas, 
mas que, na maioria dos casos, nãopassam apenas de predisposições. 
 
Apesar de toda a evolução do conhecimento humano e a superaçãoda visão 
inatista, aspectos desse pensamento aparecem ainda hoje nasescolas, camuflados, por 
exemplo, sob o disfarce das aptidões, da prontidão edos testes de Q.I. que rotulam 
crianças e castram suas possibilidades de sucesso. 
 
 
Ambientalismo 
 
A concepção ambientalista confere importância ao ambiente no que se refere ao 
desenvolvimento humano. O homem é concebidocomo um ser dinâmico, que desenvolve 
suascaracterísticas em função das condiçõespresentes no meio em que se encontra. Na 
Psicologia é chamada de Teoria da Aprendizagem. Para Bandura (1989), um dos 
adeptos desta abordagem, “A natureza humana é caracterizada por uma grande 
potencialidade quepode ser modelada, por experiências diretas e substitutivas, em uma 
variedadede formas, dentro dos limites biológicos”. 
 
 
 
 
 13 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
 
Essa teoria não nega as bases genéticas, mas considera que o comportamento 
das pessoas é moldado por processos de aprendizagem previsíveis, especialmente por 
imitação, ouseja, as pessoas ao verem outras pessoas se comportando, aprenderiam 
novos comportamentos. 
 
Outro autor também preocupado com a influência da aprendizagem para o 
desenvolvimento foi Skinner, o qual, em seus experimentos e em suateoria decorrente 
destes, descreveu um processo de aprendizagem que indica que as consequências que 
ocorrem após o comportamento podem fortalecer ou diminuir a ocorrência deste, o qual 
foi denominado de condicionamento operante: qualquer comportamento, cuja 
conseqüência tenha papel reforçador, apresenta maior probabilidade de voltar a ocorrer, 
na mesma situação ou emsituação semelhante. Por exemplo, se uma criança é elogiada 
logo após fazer um favor a uma outra criança, é provável que esse comportamento 
apareça novamente no relacionar-se com outras crianças. 
 
Situações agradáveis que seguem um comportamento aumentando, então, a 
possibilidade de ocorrência dele no futuro, são chamadas de reforços positivos. Podem 
 
 
 14 
ser conseqüências agradáveis: elogios, sorrisos, abraços, atenção, alimentos, possíveis 
de ocorrer na relação entre pessoas. 
 
Um outro tipo de conseqüência, a punição, é aquela que tende a diminuir ou 
eliminar a ocorrência de comportamentos. Em geral envolve a retirada de privilégios ou 
a apresentação de castigos. Todavia, tais punições nem sempre têm o efeito que o 
aplicador gostaria, uma vez que não suprimem o comportamento indesejado. Às vezes, 
uma conseqüência aparentemente negativa aos olhos de quem aplica, não o é para 
quem recebe. 
 
Logo, os educadores precisam aprender novas formas de lidar com conflitos por 
dois motivos, primeiro para serem modelos de comportamentos alternativos e, em 
segundo lugar por, sistematicamente, ensinar novos comportamentos, dando atenção e 
elogiando, por exemplo, quando os alunos comportarem-se nesta direção. 
 
Assim, dentro da concepção ambientalista, o homem é visto como se fosse uma 
folha em branco, que vai se desenvolvendo passivamente em função do meio. Sua ação 
é em função das aprendizagens que realizou ao longo da vida, em contato com estímulos 
que reforçaram ou puniram seus comportamentos anteriores 
 
Interacionismo 
 
Os defensores da concepção interacionista acreditam que a criança constrói o 
seu conhecimento pela sua interação com o meio. Nessa interação, fatores internos e 
externos se inter-relacionam continuamente, formando uma combinação de influências. 
 
 
 
 15 
 
FONTE: https://www.google.com.br/search?q=interacionismo&source 
 
A concepção interacionista de desenvolvimento está embasada, portanto, na idéia 
de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um 
processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao 
nascer, nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio. 
Para os interacionistas nada se perde, tudo se transforma. 
 
Experiências anteriores servem de bases para novas construções que dependem, 
todavia, também da relação que o indivíduo estabelece com oambiente numa situação 
determinada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
 
ATENÇÃO!! 
 
 
 
O ser humano é concebido como um ser ativo que, ao interagir com o mundo, o 
reconstrói, desenvolvendo novas estruturas cognitivas. 
Algumas possibilidades a criança já apresenta em função do seu 
nascimentocomo, por exemplo, os reflexos e a capacidade de movimentar-se e, 
outras serão construídas pela interação da criança com o meio. 
 
O Interacionismo defende que o desenvolvimento humano é resultado de umainteração de fatores biológicos e ambientais, entendendo por ambiente os espaços 
sociais, históricos e culturais. Dessa forma, somos sujeitos ativos, capazes de construir 
nossas próprias características, de acordo com o meio físico, social e cultural. 
Nessa concepção, o desenvolvimento produz aprendizagem ao mesmo tempo em que a 
aprendizagem produz o desenvolvimento. 
São exemplos de autores interacionistas: Jean Piaget, EmíliaFerreiro, Henry 
Wallon, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
Sócio-Histórica 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
 
A concepção sócio-histórica é embasada, sobretudo, nos estudos do russo Lev 
Seminovich Vygotsky (1896-1934). Vygotsky, em parceria com Luria e Leontiev, foi o 
fundador da Psicologia Sóciohistórica, que questionou os pressupostos da Psicologia 
enquanto ciência natural (positivista) que entendia o fenômeno psicológico como a-
histórico. 
 
Para esse autor o fenômeno psicológico não pertence à natureza humana e 
tãopouco é pré-existente ao homem. Dessa forma, o fenômeno psicológico reflete 
acondição social, econômica e cultural em que vivem os homens. 
 
Os pilares básicos do pensamento Vygotskyano são os seguintes: 
- as funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos daatividade 
cerebral; 
 
 
 18 
 - o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre os 
indivíduos e o mundo exterior, que se desenvolvem num processo histórico e cultural; 
- a relação homem-mundo não é uma relação direta, mas mediada por sistemas 
simbólicos, sendo a linguagem o mais importante. 
 
 
 
 PARA REFLETIR!! 
 
 
Dessa forma, o desenvolvimento na perspectiva sócio-histórica é entendido como 
algo que se torna possível, porque o homem está imerso em uma sociedade na 
qual atividades instrumentais e relações sociais direcionam o desenvolvimento 
humano. A cultura torna-se parte da natureza humana e o homem se desenvolve à 
sua própria imagem e semelhança. 
 
 
Vygotsky conclui, então, que a relação dos seres humanos como o meio é sempre 
mediada por instrumentos ou símbolos, porque o uso de instrumentos e símbolos 
potencializa a capacidade de o ser humano atuar no mundo, pela ação ou pelo 
pensamento. 
 
Ele afirma que a relação dos indivíduos com o mundo não é direta, mas mediada 
por sistemas simbólicos, em que a linguagem ocupa um papel central, pois além de 
possibilitar o intercâmbio entre os indivíduos, é através dela que o sujeito consegue 
abstrair e generalizar o pensamento. Ou seja, ¨ a linguagem simplifica e generaliza a 
experiência, ordenando as instâncias do mundo real, agrupando todas as ocorrências de 
uma mesma classe de objetos, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual 
cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem¨ (Oliveira, 1993, p.27). 
 
 
 
 19 
O uso da linguagem como instrumento do pensamento supões um processo de 
internalização da linguagem, que ocorre de forma gradual, completando-se em fases 
mais avançadas da sua aquisição. Para Vygostsky, primeiro a criança utiliza a fala 
socializada, para se comunicar. Só mais tarde é que ela passará a usá-la como 
instrumento de pensamento, com a função de adaptação social. 
 
 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 
SINTETIZANDO!! 
 
 
 
CONCEPÇÃO 
INATISTA 
CONCEPÇÃO 
AMBIENTALISTA 
CONCEPÇÃO 
INTERCIONISTA 
CONCEPÇÃO 
SÓCIO-
HISTÓRICA 
As capacidades 
humanas já nascem 
prontas e quase não 
mudam ao longo da 
vida. 
 
 
 
 
 
O desenvolvimento 
acontece de forma 
espontânea. 
 
O sujeito vai se 
desenvolvendo 
passivamente devido 
aos estímulos que 
reforçaram ou 
puniram seus 
comportamentos 
anteriores. 
 
 
O desenvolvimento 
acontece por normas 
e padrões. 
O ser humano se 
constitui ativamente 
nas interações com o 
meio, com os objetos 
e, principalmente, 
com as outras 
pessoas. 
 
 
 
O desenvolvimento 
acontece através da 
influência e 
interações com os 
grupos sociais. 
O ser humano nasce 
com várias 
habilidades mentais. 
 
 
 
 
 
 
 
O desenvolvimento 
acontece através das 
mediações por 
instrumentos ou 
símbolos. 
 
 
 
 
 
 
 21 
PRATIQUE!! 
 
A prática docente está sempre embasada por uma concepção de desenvolvimento e 
aprendizagem, ainda que o professor não tenha consciência dela. 
Procure identificar qual das concepções apresentadas orienta, prioritariamente, sua 
prática docente. 
 
______________________________________________________________________
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 22 
CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA 
 
Dentro da Psicologia da Apendizagem encontramos várias teorias que nos ajudam 
em detreminadas situações. São vários os teóricos que estudaram o desenvolvimento 
humano, mas cada um enfatizou determinado aspecto: Piaget deu ênfase ao 
desenvolvimento da inteligência; Vygotsky, às relações sociais e aos fenômenos 
mentais; Wallon, ao desenvolvimento motor e afetivo e Freud, ao sexual. 
 
PIAGET, VYGOTSKY, WALLON, FREUD E A APRENDIZAGEM 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=pilares+básicos+do+pensamento+Vygotskyano+imagens&source 
 
O suíço Jean Piaget (1896-1980) deu uma enorme contribuição à embora não 
fosse seu objetivo ser um pedagogo. Piaget em sua epistemologia, rejeita a teoria de 
idéias defendidas no passado por filósofos como Platão, Descartes, Leibniz, etc., 
afirmando que todo o conhecimento deriva da experiência, transformando o sujeito em 
simples produto do meio. Mas se a mente é um órgão vivo e ativo, ela elabora o 
conhecimento a partir de esquemas inatos e não de idéias inatas. 
 
 
 23 
Todo o organismo ou ser vivo precisa de estrutura para funcionar, para se 
reproduzir. Do mesmo modo, nossa vida psicológica posui também suas estruturas para 
poder viver e se adaptar à realidade. Esta relação entre estrutura e meio é o que 
denominamos de conhecimento – assimilação e acomodação – que é um processo 
permanente de auto-regulação feita pelo sujeito, ao longo de seu desenvolvimento. 
 
 
PARA REFLETIR!! 
 
 
Para Piaget a criança não é um adulto em miniatura, mas sim alguém que pensa 
qualitativamente diferente do adulto. Assim sendo, seu pensamento não é inferior, mas 
diferente do pensamento do adulto, com características próprias que Piaget busca 
detalhar em sua teoria. 
 
Piaget defendeu que a inteligência não é apenas um traço hereditário ou resultado 
de condicionamentos ambientais, mas que é construída através da interação entre o 
sujeito e o meio. Dessa forma, quanto mais rico em estímulos -físicos e sociais - for o 
ambiente, mais a criança poderá atuar sobre ele e desenvolver-se. 
 
Para Piaget, a base biológica tem grande importância no desenvolvimento 
cognitivo, porém, ela abre as possibilidades para o desenvolvimento infantil, ela não o 
determina.A maturação biológica, no entanto, nunca aparece independente de certo 
“exercício funcional”. Ou seja, não é possível que haja maturação, se não houver 
estimulação do ambiente (Piaget, 1987). 
 
 
 
 24 
Segundo Piaget, a interação física é diferente da interação social. A interação 
física é aquela que se estabelece com os objetos físicos, as coisas materiais. A interação 
social é aquela que se estabelece entre as pessoas. 
Quanto mais a criança estiver em contato com objetos físicos mais estará se 
desenvolvendo uma vez que a interação física estará propiciando a abstração e 
promovendo a construção de novos conhecimentos. 
 
A interação social também é um fator de grande importância para o 
desenvolvimento cognitivo, porque permite a consolidação de algumas estruturas 
cognitivas, como a linguagem por exemplo. 
O desenvolvimento cognitivo é um processo contínuo que passa por estágios que 
marcam diferenças qualitativas de um nível de pensamento e conduta para o outro. 
Piaget divide em quatro estágios: sensório-motor (0-2 anos); pré-operatório (2-7 
anos); operatório-concreto (7-12 anos) e operatório-formal (12 anos em diante). Cada 
estágio envolve um período de gênese e um de consolidação. 
 
Conhecer e refletir sobre as características de cada período é uma tarefa 
primordial para que o professor possa propor estratégias de aprendizagem significativa. 
 
Os Períodos do Desenvolvimento Cognitivo na Teoria de Jean Piaget 
 
Período Sensório Motor (0-2 anos) 
 
Nesse período, a criança baseia-se em percepções sensoriais (por meiodos 
órgãos do sentido) e esquemas motores para resolver seus problemas que sãopráticos: 
ela percebe o mundo pelas sensações e responde com movimentos: sente 
fome, balança as pernas e chora por exemplo. 
 
A criança está presa ao aqui e agora das situações. Não entende o amanhã, o 
depois, o mais tarde... Se tem necessidades, demonstra com movimentos ou choro, que 
precisa ser atendido naquele exato momento 
 
 
 25 
 
À medida que cresce começa a construção da noção de “eu”, quesignifica se 
perceber-se como alguém individualizado, separado de sua mãe. Entende que outras 
pessoas podem atendê-lo, que não a mãe e que pode brincar sozinho. 
Uma outra observação que confirma que a criança começa a se ver comoalguém 
separado da mãe, é quando demonstra que perceber a noção da permanênciado objeto. 
Isso ocorre por volta dos oito meses. Ele sabe que a mamadeira existe, mesmo que não 
esteja perto dela, sob seus olhos. Nesta fase, se escondemos um objeto que estava à 
vista já o procura. 
As noções de tempo e espaço começam a ser construídas e ela é capaz de 
antecipar acontecimentos pela observação dos sinais do ambiente. Por exemplo, chora 
quando a mãe pega a bolsa. Ela já sabe que a mãe vai sair. 
Neste estágio é importante que a criança tenha contato com muitos objetos para 
experimentar o meio e construir estruturas mentais. É importante oferecer à criança 
materiais diversos como bolas de diferentes tamanhos e texturas, potes que se 
encaixem, blocos grandes, objetos coloridos, etc. 
O final do período é marcado pelo aparecimento da função simbólica. Écapaz de 
representar eventos mentalmente, quando nina a boneca, empurra ocarrinho. Constrói, 
neste período, duas habilidades importantes: a marcha e a fala. 
 
Período pré-operatório (2-7 anos) 
 
Este período é caracterizado pelo pensamento egocêntrico. Seregocêntrico 
significa colocar-se no centro do mundo. Nesse período a criança não tem consciência 
do próprio ponto de vista e muito menos do ponto de vista alheio. É capaz de identificar 
suas necessidades, mas tem dificuldade em se colocar no lugar dos outros. Pensa o 
mundo a partir de seu ponto de vista. Esse comportamento éobservado facilmente em 
situações onde a criança, ao necessitar de um objeto da criança que está ao seu lado, 
simplesmente o pega, como se fosse seu. É pouco sensível ao comportamento do outro 
que chora. Ainda não entende a reação do outro como uma resposta à sua. 
 
 
 
 26 
O trabalho em grupo tem características específicas e a criança não brinca “com” 
as outras, mas “ao lado” de outras crianças. Por exemplo: se propusermos que um grupo 
de crianças, nesse período, montem um quebra-cabeça juntas, o comportamento inicial 
de cada uma será o de separar algumas peças para si, sem levar em conta que a peça 
que precisa pode estar com a outra e que a ação exige um trabalho coletivo. 
É a fase do concreto. Ainda não é capaz de abstrair (daí a dificuldade de entender 
o outro) e de realizar operações mentais. É a fase da exploração do meio ambiente. 
Explorando-o aprende sobre o ambiente. Para contar, por exemplo, precisa de materiais 
concretos. O número é entendido pela criança como algo concreto. 
Como ainda não aprende por regra, não tem noção de perigo, precisando de 
supervisão de adultos significativos. Por isso, nesta etapa exercita sua coordenação 
motora global e equilíbrio. Brincadeiras ao ar livre devem ser incentivadas. 
Porém, ainda que não apreenda totalmente o sentido das regras deve ser exposto 
a elas. Assim, aprende seu limite e respeita o outro, entende, enfim, os limites de cada 
ambiente. 
 
O ambiente deve proporcionar possibilidades de experimentar, de fazer muitas 
coisas. Atividades ligadas a conteúdos como de língua portuguesa, matemática, ciências 
devem ser repletas de situações concretas e funcionais. Para aprender o conteúdo, 
enquanto concreto, tem de fazer sentido para a criança. Ela precisa ver, pegar, sentir 
para compreender. Um passeio em um parque, por exemplo, pode ser uma ótima 
oportunidade para aprender questões relacionadas às estações do ano, ao clima, aos 
pequenos animais, etc. Desafios devem ser apresentados e o erro permitido, jamais 
ridicularizado. A criatividade deve ser incentivada. Trabalhos em grupo devem ser 
intensificados. 
 
O final do período é marcado pelo declínio do egocentrismo e pela capacidade de 
conservar quantidades. Já é capaz de entender que há a mesma quantidade de água 
em dois copos, por exemplo, mesmo que um copo seja mais alto e o outro mais largo. 
Tal possibilidade de pensamento é fundamental para o aprendizado da Matemática. 
 
 
 
 27 
Período operatório-concreto (7-12 anos) 
 
No período operatório concreto a criança já pode realizar operações mentais que, 
no entanto, precisam de referências concretas internalizadas para que aconteçam. Para 
fazer as operações matemáticas (somar, subtrair, multiplicar, dividir) precisa inicialmente 
de realizá-las com uma referência concreta, em situações que fazem sentido para ela. 
Tão importante quanto realizar operações é saber quando utilizá-las. Entender 
problemas é uma aprendizagem muito importante, tanto quanto solucioná-los. Por isso 
os problemas devem contemplar situações do cotidiano e serem passíveis de relação 
com situações concretas. Por exemplo: se o problema se refere a operações com objetos 
ou pessoas, desenhá-los ou representar as quantidades graficamente auxilia a criança 
na resolução da tarefa. 
 
Diferentes formas de resolver problemas podem aparecer. É importante que o 
professor tente entender o raciocínio da criança. Ao invés de exigir que ele pense como 
você, socialize as diferentes formas de solucionar problemas que aparecer. 
Nesse período a criança já conserva quantidades. Uma criança de 7 anos entende que 
a metade de um chiclete não terá mais que a outra metade se eu esticá-la. Diferenças 
perceptivas não são mais o bastante para confundir seu raciocínio. 
 
Nesta fase começa a entender o ponto de vista do outro. Todavia, o ambiente 
deve oportunizar situações para que isso aconteça. Participação em jogos cooperativos 
é mais aconselhável do que jogos altamente competitivos. Gosta dos jogos com regras 
e considera importante o respeito a elas. É curiosa em relação ao mundo (e essa 
curiosidade deve ser incentivada!). 
Busca entendê-lo assim como aspessoas. É capaz de estabelecer relações de 
amizade duradouras. Gosta de conversar e presta atenção nas outras pessoas. 
É capaz de pensamento reversível, de entender e verbalizar a situação contrária: “se eu 
não estudar, não vou conseguir tirar boa nota. Então,” vou estudar e, assim, me dar bem!” 
Entende que a adição é o contrário da subtração por exemplo. Consegue partir de um 
raciocínio e voltar a ele sem perder “o fio da meada”. 
 
 
 28 
 
O ambiente escolar, neste período, deve ser desafiador e propiciar ocontato com 
as novidades que possibilitarão à criança agir em busca de respostas. 
O professor deve mostrar ao aluno o que ele sabe e aonde pode chegar, 
planejando com ele. Esse movimento dá segurança e melhora a auto-estima. A 
comparação entre os pares deve ser feita com cuidado. 
Entender o período em que a criança se encontra auxilia o educador aorganizar o 
ambiente que proporcione diversas interações e o seu desenvolvimento. 
 
 
Período operatório-formal (12 anos em diante) 
 
Nesta etapa o raciocínio hipotético-dedutivo é construído. O raciocínio hipotético-
dedutivo é aquele que trabalha com hipóteses e faz deduções. O adolescente é capaz 
de formular essas hipóteses e pensar sobre elas sem a ajuda da referência concreta. 
Faz planos e os executa, sendo capaz de avaliar os resultados e replanejar. Na 
matemática, por exemplo, é capaz de trabalhar com equações e outras operações que 
não têm relação direta com algo que possa ser representado concretamente. 
 
Antecipa conseqüências e as analisa e seu pensamento torna-se livre das 
limitações da realidade concreta. 
É capaz de abstrair conceitos, entender doutrinas filosóficas, teorias científicas e 
dogmas religiosos. Consegue entender a religião, por exemplo, sem precisar ver e sentir 
nada. Tudo agora é possível em seu pensamento. Esse é o raciocínio que temos quando 
adultos. 
 
 
 29 
 
 
 
 
 
 
PRATICANDO!! 
 
 
Exercício: Observe seus alunos. Proponha um problema do cotidiano da sala 
e analise com eles formas de resolvê-los. Observe como eles se comportam diante de 
desafios. Depois descreva: 
- Problema escolhido: _________________________________________ 
- Possíveis soluções apontadas por eles: __________________________ 
- Facilidade de consenso? ( ) SIM Porque: ______________________ 
 
 
 
 
 
 
 30 
Em relação ao desenvolvimento sócio-moral, Piaget acredita que 
 
“a moral infantil esclarece, de certo modo, a do adulto. Portanto, nada é mais útil 
para formar os homens do que conhecer essas leis de formação” (Piaget, 1932/94, 
p. 22). 
 
Para esse autor, os jogos infantis são “admiráveis instituições sociais” que 
possibilitam o contato com um código complexo de regras e com toda uma jurisprudência 
e, exatamente por isso, apóia sua pesquisa na análise, principalmente, do jogo de 
bolinhas de gude. 
 
Piaget define a moral como “um sistema de regras” e afirma que a essência de 
toda moralidade está no respeito que os indivíduos adquirem por essas regras. A 
pergunta da pesquisa piagetiana não é por que, mas como a consciência chega a 
adquirir esse respeito. Em sua pesquisa, Piaget descobriu que a relação do sujeito com 
as regras do jogo se divide em dois fenômenos: a prática das regras e a consciência das 
regras. A consciência das regras está quase sempre atrasada em relação à prática das 
regras. Primeiro a criança age, para depois compreender as razões de suas ações. Para 
Piaget, primeiro a criança pratica a construção das regras, aplica-as, testa-as e as muda 
no grupo. Cria novas regras para, só depois, descobrir que elas não são sagradas, 
imutáveis e eternas. Por isso crianças pequenas têm dificuldades para emprestar coisas 
para outras crianças, pois,” se é meu, É MEU! E não tenho que emprestar.” 
 
 
Os estágios referentes à prática e à consciência das regras: 
 
Anomia (0-5 anos): a criança não tem consciência das regras e o seu agir é 
direcionado para a satisfação de impulsos motores ou de suas fantasias, estando 
ausente a preocupação com regras coletivas e com as atividades em grupo. Quando 
joga, seu jogo é voltado para sua satisfação motora como, por exemplo, colocar 
 
 
 31 
bolinhas de gude nos buraquinhos do sofá ou colocar potes menores dentro de potes 
menores. 
 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
 
Heteronomia (6-9 anos): a criança já percebe a existência de regras e aparece o 
interesse em participar de atividades coletivas. As regras, no entanto, são vistas pela 
criança como algo sagrado e imutável, dadas por uma entidade divina ou pela tradição 
e nunca como produto de um contrato. Piaget chama a heteronomia de “moral do dever”, 
pois aqui as crianças obedecem às regras por dever a um adulto ou a algo superior, mas 
não porque têm consciência do que elas significam. A prática das regras é imitativa, ou 
seja, a criança obedece determinadas regras seguindo os modelos oferecidos pelos 
adultos ou companheiros mais velhos, porém as adaptam segundo o seu egocentrismo. 
Nessa fase as crianças apresentam-se como juízes rígidos e absolutos em seus 
julgamentos, sugerindo punições graves para aqueles que cometeram alguma falta com 
grande prejuízo material, sem considerar a intenção dos envolvidos. 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 32 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
 
Autonomia (10/11 anos em diante): apresenta características exatamente 
opostas à da heteronomia. A criança percebe-se como legisladora e entende que as 
regras derivam de um acordo mútuo entre as pessoas. Essa fase corresponde à visão 
do adulto (como possibilidade e não como fato). Nela, o sujeito sabe que há regras para 
se viver em sociedade, mas essas regras e o respeito a elas partem do seu interior; o 
sujeito autônomo é aquele que, olhando para si, enxerga também o outro, ou seja, 
descartam-se ideais egocêntricos e triunfam leis universais. A partir daqui, as crianças 
mais velhas adquirem a possibilidade de julgar os atos alheios por responsabilidade 
subjetiva, ou seja, de levar em conta as intenções de quem cometeu algum delito. Agora, 
o pedido de desculpas por algo cometido começa a fazer sentido. 
Realmente, as crianças conseguem, colocam-se umas no lugar das outras e percebem 
que algo pode ter acontecido “sem querer”. 
 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 33 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO!! 
 
 
Apresente um jogo aos seus alunos, mesmo que eles já o conheçam. Proponha 
que criem novas regras, pelo menos mais uma. Solicite que pensem em 
conseqüências para quem não cumpri-las. Depois relate aqui como se deu esse 
processo. 
 
 
Vygotsky (1896-1934) é um interacionista, assim como Piaget. Contudo, 
enquanto este enfatiza o desenvolvimento das estruturas cognitivas como os requisitos 
funfamentais para a aprendizagem, Vygotsky destaca a influência do meio ambiente, da 
história, da cultura e da sociedade como elementos mediadores por meio dos quais 
ocorre sua aprendizagem. 
 
Foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura 
torna-se parte da natureza de cada pessoa ao insistir que as funções psicológicas são 
um produto de atividade cerebral. Conseguiu explicar a transformação dos processos 
psicológicos elementares em processos complexos dentro da história. 
 
Vygotsky enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no 
desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela 
interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire 
conhecimentos a partir de relações intra einterpessoais e de troca com o meio, a partir 
de um processo denominado mediação. 
 
 
 34 
 
Para Vygotsky, a medida que o indivíduo se relaciona com o ambiente é que ele 
vai aprendendo, modificando seu comportamento e orientando o desenvolvimento do 
pensamento. 
 
Este processo leva a transformação das funções psicológicas elementares 
superiores através da linguagem, que desde o nascimento reflete como a criança 
percebe o mundo, permite a comunicação, organiza a conduta, expressa o pensamento 
e ressalta a importância dos fatores culturais nas relações sociais. 
 
Em Vygotsky, ao contrário de Piaget, o desenvolvimento – principalmente o 
psicológico/mental (que é promovido pela convivência social, pelo processo de 
socialização, além das maturações orgânicas) – depende da aprendizagem na medida 
em que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela 
aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar. 
. 
Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie 
para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas 
que propiciem esta aprendizagem. Não podemos pensar que a criança vai se 
desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer 
sozinha o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens 
mediante as experiências a que foi exposta. 
 
 Neste modelo, o sujeito – no caso, a criança – é reconhecida como ser pensante, 
capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura, sendo 
a escola um espaço e um tempo onde este processo é vivenciado, onde o processo de 
ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos. 
 
 
 
 
 
 
 35 
PARA REFLETIR!! 
 
Vigotsky fala que juntos, pensamento e linguagem, criam 
condições para o desenvolvimento do pensamento 
lingüístico e da fala intelectual. Por isso é necessário que 
a criança tenha contato com pessoas mais experientes para adquirir e 
ampliar a linguagem e possibilitar que ela interprete situações ou fatos a 
partir da sua própria existência. Fazendo esse caminho, o sujeito aprende a 
resolver seus conflitos. 
Se o desenvolvimento depende do social, só podemos concluir que na teoria 
Histórico-Cultural de Vygotsky, a aprendizagem é promotora do 
desenvolvimento, porque o social é o espaço da aprendizagem. 
Desenvolvimento Real e Desenvolvimento Potencial 
Vygotsky observa que a criança apresenta em seu processo de desenvolvimento 
um nível que ele chamou de real e outro de potencial. O nível de desenvolvimento real 
refere-se a etapas já alcançadas pela criança, isto é, as coisas que ela já consegue fazer 
sozinha, sem ajuda de outras pessoas. Já o nível de desenvolvimento potencial diz 
respeito à capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de outros. Há atividades que 
a criança não é capaz de realizar sozinha, mas poderá conseguir caso alguém lhe dê 
explicações, demonstrando como fazer. 
Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência 
da outra é fundamental em Vygotsky. Para ele, a zona de desenvolvimento proximal ou 
potencial, consiste na distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de 
desenvolvimento potencial. Cabe à escola ou a unidade de educação infantil, fazer a 
criança avançar na sua compreensão do mundo a partir do desenvolvimento já 
consolidado, tendo como metas posteriores, ainda não alcançadas, provocando avanços 
que não ocorreriam espontaneamente. 
 
 
 36 
É assim que as crianças, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a 
ajuda de parceiros mais habilitados (mediadores) até que tais habilidades passem de 
parciais a totais. Temos que trabalhar, portanto, com a estimativa das potencialidades 
da criança, potencialidades estas que, para tornarem-se desenvolvimento efetivo, 
exigem que o processo de aprendizagem, os mediadores e as ferramentas estejam 
distribuídas em um ambiente adequado (Vasconcellos e Valsiner, 1995). 
Temos portanto uma interação entre desenvolvimento e aprendizagem, que se dá 
da seguinte maneira: em um contexto cultural, com aparato biológico básico interagir, o 
indivíduo se desenvolve movido por mecanismos de aprendizagem provocados por 
mediadores. 
Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica 
prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela 
está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que 
tal ou qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que 
é ministrado, mas para além dele. 
É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As 
implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no 
fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no 
que já aprendeu. Vygotksy firma está hipótese no seu conceito de zona de 
desenvolvimento proximal (ZDP) 
 
 
 
 37 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
 
Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo e da brincadeira de faz-de-conta 
para o desenvolvimento infantil. Por exemplo, quando a criança coloca várias cadeiras 
uma atrás da outra dizendo tratar-se de um trem, percebe-se que ela já é capaz de 
simbolizar, pois as cadeiras enfileiradas representam uma realidade ausente, ajudando 
a criança a separar ¨objeto¨ de ¨significado¨. Tal capacidade representa um passo 
importante para o desenvolvimento do pensamento, pois faz com que a criança se 
desvincule das situações concretas e imediatas sendo capaz de abstrair. 
 
 
PRATICANDO!! 
 
 
Na perspectiva de que é através das interações que o ser humano se desenvolve, 
registre como as interações adulto/criança criam condições para a criança 
desenvolver-se. E, como atuariam as interações criança/criança no mesmo 
processo? 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 38 
Henri Wallon (1879-1962), médico francês, desenvolveu vários estudos na área 
da neurologia, enfatizando a plasticidade do cérebro. Wallon propôs o estudo integrado 
do desenvolvimento infantil, contemplando os aspectos da afetividade, da motricidade e 
da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências 
oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido, os 
aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os 
conhecimentos presentes cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de 
desenvolvimento. 
Wallon assinala que o desenvolvimento se dá de forma descontínua, sendo 
marcado por rupturas e retrocessos, onde existe uma reformulação nos estágios 
anteriores. Assim sendo, ele conseguiu definir cinco estágios de desenvolvimento, 
afirmando que a pessoa se desenvolve num processo de constante transformação. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 39 
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO 
 
Estágio impulsivo-emocional (1º ano de vida): nesta fase predominam nas 
crianças as relações emocionais com o ambiente. Nesta fase vão se desenvolvendo as 
condições sensório-motores, a construção do sujeito. 
Estágio sensório-motor (1 a 3 anos): ocorre nesse período uma intensa 
exploração do mundo físico, a criança desenvolve a inteligência prática e a capacidade 
de simbolizar. 
Personalismo (3 a 6 anos): nesta fase ocorre a construção da consciência de si, 
através das interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as pessoas, 
predominando as relações afetivas. 
Estágio categorial (6 a 12 anos): a criança dirige seu interesse para o 
conhecimento e a conquista do mundo exterior, em função do progresso intelectual queconseguiu conquistar. 
Predominância funcional (12 anos em diante): esta fase da adolescência 
apresenta predomínio da afetividade, os hormônios provocam mudanças no esquema 
corporal, levando a uma mudança na percepção de si mesmo. 
 
ATENÇÃO!! 
 
Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá 
linearmente, por ampliação, mas por reformulação, instalando-se, no momento da 
passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança. 
 
 
 
 40 
O estudo dos estágios em Wallon permite apontar que a criança extrai suas 
vivências principalmente do contato com outras pessoas, adultos ou crianças. Se os que 
a rodeiam a tratam com carinho, reconhecem seus direitos e se mostram atenciosos, a 
criança experimenta um bem-estar emocional, um sentimento de segurança, de estar 
protegida. 
Assim, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro 
do ambiente social, é necessário que haja um estabelecimento de relações interpessoais 
positivas, como aceitação e apoio, possibilitando o sucesso dos objetivos educativos. 
Obviamente, isso não significa fazer “vistas grossas” com relação aos erros da criança, 
pois a advertência segura e equilibrada é justamente uma manifestação importante da 
afetividade. 
Wallon também acredita que a construção do “EU” é essencialmente dialética, o 
que explica que ela continua em movimentos constantes e contraditórios, durante toda a 
existência humana, pois a criança é diferente, cognitiva e afetivamente falando, em cada 
fase do seu desenvolvimento. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 41 
 
PRATICANDO!! 
 
Indique em que estágio de desenvolvimento está o seu grupo de crianças.As 
características desse estágio correspondem ás características das crianças? 
 
Sigmund Freud( 1856-1939) formou-se em medicina, especializando-se em 
neurologia, o que o levou a pesquisar a psique humana,culminando na criação da 
psicanálise. 
Uma das grandesdescobertas realizadas por Freud foi a do INCONSCIENTE. O 
ser humano édeterminado por processos que desconhece e, esses processos, fazem 
parte doinconsciente. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
Freud deu ênfase ao desenvolvimento sexual infanti. Para ele, a sexualidade é 
central no processo de transformação do ser humano. É por meio da vivência do prazer 
e do desprazer e da curiosidade sexual, que vamos nos constituindo como pessoas. 
 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 42 
 
 
Para ele, a transformação da sexualidade acontece em cinco fases: 
 
 
1º ano - Fase Oral: Prazer derivado dos lábios e da boca: sugar, comer, chupar 
odedo. Mais tarde, com a erupção dos dentes, prazer de morder. 
 
2º ano - Fase Anal: Prazer derivado da retenção e expulsão das fezes e também 
do controle muscular. Treino dos esfíncteres. 
 
3º - 5º anos - Fase Fálica: Prazer derivado da estimulação genital e fantasia 
associadas.Complexo de Édipo: interesse sexual do menino pela mãe e da 
menina pelo pai.Identificação com o pai do mesmo sexo. 
 
6º - 12º anos - Fase de Latência: Com a repressão temporária dos interesses 
sexuais, o prazer derivado mundo externo, da curiosidade, do conhecimento, 
como gratificações substitutas.Desenvolvimento dos mecanismos de defesa. 
 
12º até Idade adulta - Fase Genital: Prazer derivado das relações sexuais. 
Maturidade sexual, intimidade. 
 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 43 
Conhecer como a libido se desenvolve auxilia o professor a entender e lidar com 
as manifestações da sexualidade de seus alunos nos espaços educativos, evitando 
preconceitos e estigmas. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
Apesar de Freud defender que educar é uma tarefa impossível, autores como 
Kupfer(1992), Almeida(2006) e Lajonquiere(2006), defendem que é possível estabelecer 
uma ligação entre educação e psicanálise. Segundo esses autores, Freud defende que 
a única educação possível é aquela em que o professor deseja o aprendizado dos 
alunos. Sem desejo, não há educação. Portanto os professores devem trabalhar para 
que os alunos desejem o conhecimento. 
 
 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 44 
CAPÍTULO 3 – AS TEORIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO 
CAMPO DA EDUCAÇÃO 
 
Piaget, Vygotsky e Wallon tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e 
aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. As teorias 
sociointeracionistas concebem, portanto, o desenvolvimento infantil como um processo 
dinâmico, pois as crianças não são passivas, meras receptoras das informações à sua 
volta. Através do contato com seu próprio corpo, com o ambiente, bem como através da 
interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade 
afetiva, a sensibilidade, a auto-estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. 
A articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e 
cognitivo) não se dá de forma isolada, mas sim de forma simultânea e integrada. 
Embora nem sempre concordantes em seus aspectos, os estudos destes teóricos 
tem possibilitado uma nova compreensão do desenvolvimento infantil e influenciado as 
ações educativas nos espaços infantis. 
No entanto é preciso ter claro que a compreensão de criança e desenvolvimento 
que se tinha no final do século passado, obteve inúmeras transformações com o avanço 
das áreas da Medicina, Biologia e Psicologia, bem como a Sociologia e a Pedagogia, 
produzindo importantes modificações na forma de pensar e agir em relação à criança 
pequena. 
Para Piaget, o desenvolvimento da inteligência acontece não apenas pelo 
acúmulo de informações, mas principalmente por uma reorganização da inteligência, que 
se dá pela ação, que poderá ser mental ou efeitva. 
 
 
 
 
 
 45 
Essa reorganização se dá por meio dos processos de Adaptação e Equilibração: 
• Adaptação siginica evolução e ocorre por meio dos processos: 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
❖ Assimilação: é o processo de se apropriar de um conhecimento mediante 
esquemas já existentes, ou seja, o sujeito interpreta o mundo e retira 
informações sobre o objeto de conhecimento que consegue compreender. 
 
❖ Acomodação: é o processo de se modificar um esquema como resultado da 
aquisição de novas informações, ocorrendo assim a mudança na organização 
mental. 
 
❖ Equilibração: este processo é o resultado dos processos de assimilação e 
acomodação, é o conhecimento organizado. Estar em equilíbrio significa 
construir um conhecimento que faça sentido, assim a criança constrói as 
teorias sobre o mundo que a cerca. 
 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 46 
 
SAIBA MAIS 
 
 
O conceito de equilibração na sala de aula 
 
Apesar de não ter sido concebido num ambiente escolar, o conceito de equilibração ecoa diretamente 
na sala de aula. Juan Delval, aluno de Piaget e atualmente professor da Universidade Autônoma de Madri, 
na Espanha, explica que a ideia reforça a diferença entre ensino e aprendizagem: aquilo que cada 
estudante aprenderá não é exatamente o que o professor verbaliza em sala de aula, nem mesmo o que 
ele espera que seja assimilado. "A aprendizagem depende dos conhecimentos anteriores de cada um e 
de suas experiências. Para ampliá-la, além de propor situações que desestabilizem os conhecimentos 
estabelecidos, é preciso que eles se sintam motivados a realizar um esforço cognitivo para superar o 
problema", diz. 
 
O conceitode equilibração também provoca reflexões sobre as formas de ensino mais efetivas, que 
possibilitem a todos avançar. Dificilmente um aluno compreenderá que a Terra é redonda, apenas porque 
ouviu a professora falar que o planeta se parece como uma laranja (na verdade, se divulgada 
isoladamente, a informação pode até entrar em conflito com a experiência intuitiva de que o planeta é 
plano, ou levantar questionamentos sobre por que as pessoas na parte de baixo do globo não caem). Ele 
pode até decorar a informação, mas ela não será significativa. Para que todos possam avançar, a 
pesquisadora argentina Delia Lerner defende situações-problema que os levem a investigar, discutir, 
refletir, levantar questões e formular hipóteses, assumindo uma postura ativa em seu desenvolvimento. 
 
Esse reconhecimento, porém, não reduz a importância do professor. "Aceitar que as crianças são 
intelectualmente ativas não significa supor que o educador é passivo. Pelo contrário, significa assumir 
modalidades de trabalho que levem em consideração os mecanismos de construção do conhecimento", 
diz Delia no livro Piaget - Vygostky, Novas Contribuições para o Debate. 
 
Trecho de livro 
 
"Em uma perspectiva da equilibração, deve-se procurar nos desequilíbrios uma das fontes de progresso 
no desenvolvimento dos conhecimentos, pois só os desequilíbrios obrigam um sujeito a ultrapassar seu 
estado atual e procurar seja o que for em direções novas." 
Jean Piaget, no livro O Desenvolvimento do Pensamento. 
 
 
Comentário 
 
De acordo com o ponto de vista de Piaget, as situações que colocam em xeque aquilo que o indivíduo já 
sabe são as fontes da evolução das estruturas cognitivas. Sem elas, não haveria o processo de equilibração 
("fontes de progresso no desenvolvimento dos conhecimentos"). Entretanto, é importante ressaltar que, 
ainda que as situações desestabilizadoras possuam um papel desencadeador (levando a pessoa a refletir 
sobre o desafio), para que haja aprendizado, é necessário que o sujeito tenha um papel ativo, tomando 
o problema para si e realizando um esforço cognitivo para superá-lo. 
 
FONTE: http://musicalizabrasil.blogspot.com.br/2012/01/pensadores-da-educacao-5-adaptacao-e.html 
 
 
 
 47 
 
LITERATURA SUGERIDA: 
Piaget - Vygotsky, Novas Contribuiçõespara o Debate, José Antonio Castorina, Emilia Ferreiro, Delia 
Lerner e Marta Kohl de Oliveira, 175 págs., Ed. Ática, tel. 0800-11-5152, 44,90 reais 
Psicologia e EpistemologiaGenética de Jean Piaget, ZéliaRamozzi-Chiarottino, 104 págs., Ed. 
Pedagógica e Universitária, tel. (11) 3168-6077, 47 reais. 
Link Original: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/adaptacao-
equilibracao-626714.shtml?page=0 
 
Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem 
Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das 
atividades do aluno. Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas 
como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural. 
• A aprendizagem é um processo construído internamente. 
• A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito. 
• A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva. 
• Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. 
• A interação social favorece a aprendizagem. 
• As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a 
privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na 
busca conjunta do conhecimento. 
 
Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar, mas permite 
compreender como a criança e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para 
a identificação das possibilidades e limitações de crianças e adolescentes. Desta 
maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno 
e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais para poder trabalhar 
melhor com elas. 
 
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/adaptacao-equilibracao-626714.shtml?page=0
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/adaptacao-equilibracao-626714.shtml?page=0
 
 
 48 
Como afirma Kamii, seguidora de Piaget, 
 
"A essência da autonomia é queas crianças se tornam capazes de tomar decisões 
por elas mesmas. Autonomia não é a mesma coisa que liberdade completa. 
Autonomia significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir 
qual deve ser o melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade quando 
alguém considera somente o seu ponto de vista. Se também consideramos o 
ponto de vista das outras pessoas, veremos que não somos livres para mentir, 
quebrar promessas ou agir irrefletidamente"(1990, p.33) 
 
Pensar a criança e a educação infantil na atualidade, conforme afirma 
Oliveira(2007), passa necessariamente pelo reconhecimento histórico que a educação 
infantil está em processo de reconstrução. Muitos são os desafios e avanços 
conquistados. 
Reconhecer a criança, como sujeito de direitos requer rompimento com práticas 
adultocêntricas ainda presentes nas instituições de educação infantil. Neste sentido, 
Oliveira(2012), lança-nos alguns questionamentos: 
• Temos o hábito de ouvir as crianças? 
• Permitimos às crianças apropriar e produzir cultura? 
• Respeitamos a incompletude das crianças e entendemos que justamente 
essa incompletude que possibilita a capacidade de renovar e inventar o 
possível? 
• Emprestamos nossos olhos para que as crianças possam construir 
conhecimentos? 
Responder a esses questionamentos requer repensar as concepções de crianças 
e as teorias de desenvolvimento presentes em nosso cotidiano. O termo infância está 
carregado de sentidos e significados históricos. 
O conceito de infância não é recente, estudos do século XVIII já sinalizavam 
preocupação em compreendera criança de forma analítica. Foi a partir de estudos da 
psicologia e psicolingüística que a criança passou a ser reconhecida com uma nova 
identidade, como um membro ativo que interage com o outro e com o mundo a sua volta. 
 
 
 49 
Uma pessoa complexa que constrói sua identidade e cuja aprendizagem e 
desenvolvimento vinculam-se à dimensão social, cognitiva, motora, afetiva, estética e 
ética. 
Neste contexto, cabe às instituições de educação infantil garantir esses direitos, 
se constituindo como um espaço privilegiado para as crianças formarem grupos. 
Segundo Wallon, os grupos são contituídos a partir de objetivos comuns, 
temporários ou duradouros, podendo mudar de acordo com a idade, com aptidões 
físicas, intelectuais e sociais. Nessa perspectiva, é necessário que os espaços 
educativos favoreçam a formação desses grupos, onde possam interagir entre seus 
pares e também com os adultos. 
A teoria wallonianaressalta o grupo como um veículo ou iniciador das práticas 
sociais. Ao entrar em contato com grupos variados, as crianças vão tomando consciência 
de suas próprias capacidades, de seus sentimentos e dos outros, tornando-se indivíduos 
mais livres nas suas interações e ampliando suas formas de relacionar-se com o outro, 
suas aprendizagens e personalidade, ou seja, a interação social é a principal ferramenta 
que permite a aprendizagem. 
A escola ou os espaços de educação infantil devem trabalhar para a formação do 
sujeito completo, superando as dicotomias e entendendo que, a criança e o adolescente 
são pessoas completas. 
Pensando nisso, Wallon deixa claro que sua contribuição para a educação é a 
possibilidade de olhar e entender que a criança, precisa saber conteúdos, mas que 
também precisa do movimento e das emoções para aprender conteúdos. 
Partindo desse princípio, que a educação não deve se fixar apenas nos 
conteúdos, a maneira como esses conteúdos são trabalhados, também devem ser 
variados. É preciso que o espaço da sala de aula, ou das unidades de educação 
infantilsejam amplos, para que as crianças possam se movimentar. Os móveis devem 
estar organizadosde forma que elas possam interagir; os objetos ao alcance, utilizando 
diversas dinâmicas de trabalho, em grupos, duplas, etc.. Além disso, o tempo e a rotina 
 
 
 50 
devem ser organizados para que se tenha momentos de produção coletiva, mas também 
de produções individuais. 
Vygotsky estabele uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem, atribuindo-
lhe uma grande importância, pois, o jogo gera zona de desenvolvimento proximal, que 
ele define como a diferença entre o desenvolvimento atual da criança, ou seja, o que ela 
é capaz de realizar sozinha e o desenvolvimento potencial, onde ela consegue realizar 
com ajuda. Dessa forma, Vygotsky (1988), construiu uma teoria que defende que o 
aprendizado gera desenvolvimento, por isso os educadores não devem se ater apenas 
nas habilidades já conquistadas pelas crianças, mas devem trabalhar para que elas 
possam ir além do contexto atual. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
 
Segundo Pino (2005), para Vigotski, a originalidade do desenvolvimento da 
criança reside no fato de que as funções naturais, regidas por mecanismos biológicos, e 
as funções culturais, regidas por leis históricas, fundem-se entre si, constituindo um 
sistema mais complexo. De um lado, as funções biológicas transformam-se sob a ação 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 51 
das funções culturais e, de outro lado, as funções de natureza culturais têm nas funções 
biológicas o suporte de que precisam para constituir-se. 
Em condições normais de desenvolvimento biológico, as funções culturais vão se 
constituindo seguindo um ritmo até mesmo previsível.Desse modo, o desenvolvimento 
ocorre do social para o individual, em dois planos diferentes, embora intrinsecamente 
relacionados. Suas etapas passam a ser compreendidas levando em conta os aspectos 
histórico-sociais e o lugar singular onde as pessoas se encontram. Perceber o 
desenvolvimento dessa forma nos permite refletir sobre as diferenças referentes ao ritmo 
do desenvolvimento e da aprendizagem perante a diversidade so-cial, cultural e 
econômica dos sujeitos. O desenvolvimento orgânico é regido por forças naturais e o 
desenvolvimento cultural, que define a especificidade humana, emerge da progressiva 
inserção da criança nas práticas sociais do seu meio cultural com auxílio da mediação 
do outro (Pino, 2005). 
Considera-se, nessa perspectiva, que o sujeito, ao nascer, ainda não está “pronto” 
e que o mesmo será aquilo em que se transformará a partir de suas interações sociais 
nos mais diversos contextos. Assim, é possível compreender que a aprendizagem 
precede o desenvolvimento. 
Nesse aspecto, pontuamos o papel primordial do educador como mediador, uma 
vez que, ao interagir com o educando, o auxilia a internalizar, paulatinamente, o que vai 
sendo construído nessa relação. Essa perspectiva confere, portanto, grande importância 
ao papel da escola e da mediação do professor possibilitada pela linguagem. Assim, a 
aprendizagem é concebida como um processo de construção compartilhada, uma 
construção social, na qual o papel do professor é o de sempre atuar no desenvolvimento 
potencial do aluno para levá-lo por meio da aprendizagem a um desenvolvimento real. 
Com base em Vigotski, ressaltamos que só a boa aprendizagem promove o 
desenvolvimento e que o bom ensino é aquele que apresenta uma orientação 
prospectiva, ou seja, dirigida ao que o aluno ainda não é capaz de fazer sozinho, mas já 
é capaz de fazer com auxílio deum outro mais experiente. O bom ensino é o que 
relaciona os conceitos científicos (conceitos construídos em situação formal de 
 
 
 52 
aprendizagem) aos conceitos espontâneos (conceitos construídos em situações 
cotidianas, não-sistematizadas) e auxilia o educando a internalizar os conceitos 
científicos em um movimento espiralado, no qual vai aprendendo novos conceitos e, por 
conseguinte, se desenvolvendo. 
Vigotski (1991) apresenta o fato de que as crianças iniciam seu aprendizado antes 
mesmo de entrarem para a escola, justamente o aprendizado dos conceitos 
espontâneos. Sendo assim, qualquer situação de aprendizado apresenta uma história 
prévia e, consequentemente, as crianças já possuem suas primeiras hipóteses sobre os 
conteúdos a serem trabalhados, as quais só não podem ser percebidas pelos “psicólogos 
e professores míopes”. Dessa forma, para Vigotski, o aprendizado e o desenvolvimento 
estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida dos sujeitos. 
 
Vigotski anunciou em “Educational Psychology” que “o pré-requisito fundamental 
da pedagogia exige, inevitavelmente, um elemento de individualização, isto é, uma 
determinação consciente e rigorosa das metas individualizadas da educação para cada 
aluno” (Vygotsky, 1997b apud Daniels, 2003, p. 113), ponto que sugere a importância de 
uma atitude de responsividade frente à diversidade permeando as práticas pedagógicas, 
em vez da imposição da mesmice na aprendizagem e no desenvolvimento. 
 
Podemos encontrar nos textos de VYGOTSKY a idéia de que existe um processo 
de maturação do organismo e tomando o funcionamento intelectual como 
essencialmente sócio-histórico, VYGOTSKY (1984) coloca a aprendizagem como "um 
aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções 
psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas". Isto é, existe, sim, 
um percurso de desenvolvimento intelectual, mas é a aprendizagem que possibilita o 
despertar de processos internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do 
indivíduo com um certo ambiente cultural, não ocorreriam. 
Desempenhos cognitivos que um indivíduo é capaz de ter, numa certa fase de 
seu desenvolvimento, quando tutorado ou instruído por alguém, não ocorreriam 
 
 
 53 
autonomamente. É como se o auxílio externo fosse um dos motores do desenvolvimento, 
provocando processos internos que ainda vão amadurecer em capacidade de 
desempenho independente. Essa concepção atrela o processo de desenvolvimento à 
relação do indivíduo com o ambiente sócio-cultural em que vive e com sua situação de 
organismo que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de 
sua espécie. 
 A implicação dessa proposta de VYGOTSKY para o ensino escolar é imediata. 
Se a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento, por um lado a escola tem um papel 
essencial na construção do intelecto adulto dos indivíduos que vivem em sociedades 
escolarizadas. Por outro lado, o desempenho desse papel só se dá adequadamente na 
medida em que, conhecendo a situação de desenvolvimento cognitivo dos alunos, a 
escola dirige o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para estágios 
de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando realmente como 
um motor de novas conquistas intelectuais. É nesse sentido que cabe a afirmação de 
que "o único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento". 
Os processos mentais superiores que caracterizam o pensamento tipicamente 
humano são processos mediados por sistemas simbólicos. Isto é, operamos 
mentalmente com representações dos objetos, eventos e situações do mundo real, 
sendo capazes de manipular as representações na ausência das coisas representadas. 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 54 
 
Essa capacidade de representação simbólica liberta o homem da necessidade de 
interação concreta com os objetos de seu pensamento, permitindo que ele pense sobre 
coisas passadas ou futuras, inexistentes ou ausentes do espaço onde ele se encontra, 
sobre planos, projetos e intenções. 
A partir de sua experiência com o mundo objetivo e do contato com as formas 
culturalmente determinadas de ordenação e designação das categorias da experiência, 
o indivíduo vai entãoconstruindo sua estrutura conceituai, seu universo de significados. 
Esse é um processo que ocorre ao longo do desenvolvimento intelectual da criança e do 
adolescente e persiste na vida adulta - o indivíduo está sempre adquirindo novos 
conceitos, incorporando novas nuançes de significado a eles e reordenando as relações 
entre os conceitos disponíveis. 
A cada momento da vida do indivíduo ele disporá, então, de uma certa estrutura 
conceitual, a qual é uma espécie de rede de conceitos interligados por relações de 
semelhança. Essa rede de conceitos representa, ao mesmo tempo, o conhecimento que 
ele acumulou sobre as coisas e o filtro através do qual ele é capaz de interpretar os fatos, 
eventos e situações com que se depara no mundo objetivo. 
A principal dedicação de Vygotsky foi o estudo das funções psicológicas 
superiores ou processos mentais superiores (pensar em objetos ausentes, imaginar 
eventos nunca vividos, planejar ações a serem realizadas em momentos posteriores, 
etc.). Vamos à eles: 
O uso de signos. 
A utilização de signos como auxiliares no tocante a solução de problemas 
psicológicos (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher etc.) pode ser comparada à 
utilização de instrumentos, só que no plano psicológico. O signo age como um 
instrumento da atividade da atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um 
instrumento no trabalho. Uma das grandes diferenças entre eles, no entanto, decorre do 
fato de que os instrumentos são elementos externos ao indivíduo e a sua função é 
 
 
 55 
modificar e controlar os processos da natureza, enquanto os signos são orientados para 
o próprio sujeito e tem por função o controle de ações psicológicas, seja do próprio 
indivíduo, seja de outras pessoas. 
Os sistemas simbólicos e o processo de internalização. 
 O uso de instrumentos sofre duas mudanças qualitativas fundamentais: por um 
lado, a utilização de marcas externas vai se transformar em processos internos de 
mediação; esse mecanismo é chamado, por Vygotsky, de processos de internalização; 
por outro lado, são desenvolvidos sistemas simbólicos, que organizam os signos em 
estruturas complexas e articuladas. Ao longo do processo de desenvolvimento, o 
indivíduo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto 
é, representações mentais que substituem os objetos do mundo real. 
Os signos ou instrumentos se constituem em elementos essenciais na formação e no 
funcionamento da consciência. Sobre o caráter do instrumento, escreve Leontiev (2004), 
 
O instrumento não é para o homem um simples objeto de forma exterior 
determinada e possuindo propriedades mecânicas definidas; ele manifesta-se-lhe 
como um objeto no qual se gravam modos de ação, operações de trabalho 
socialmente elaborados. Por tal motivo, a relação adequada do homem ao 
instrumento traduz-se antes de tudo, no fato do homem se aproximar, na prática 
ou em teoria, isto é, (apenas na sua significação) das operações fixadas no 
instrumento, desenvolvendo assim suas capacidades humanas. (p.180). 
 
Quando trabalhamos com os processos que caracterizam o funcionamento 
psicológico tipicamente humano, as representações mentais da realidade exterior são, 
na verdade, os principais mediadores a serem considerados na relação do homem com 
o mundo. 
Os sistemas de representação da realidade – e, a linguagem é o sistema simbólico 
básico de todos os grupos humanos – são socialmente dados. É o grupo cultural onde o 
indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar o real, as quais 
vão constituir os instrumentos psicológicos que fazem a mediação entre o indivíduo e o 
mundo. 
 
 
 56 
A vida humana, entretanto, está impregnada de significações e a influência do 
mundo social se dá por meio de processos que ocorrem em diversos níveis. A interação 
de indivíduos possibilita a interiorização das formas culturalmente estabelecidas de 
funcionamento psicológico. Por isso, o intercâmbio social fornece a matéria-prima para 
o desenvolvimento psicológico do indivíduo. 
As conclusões dos estudos da psicologia do desenvolvimento acerca da 
construção da inteligência, da linguagem e do conhecimento pelas crianças, observadas 
em idade cada vez mais precoce, tem sido assimiladas pelas instituições de educação 
infantil. Muitas destas estão preocupadas com a construção de uma proposta 
pedagógica, que julgam progressista, orientada primordialmente para o desenvolvimento 
cognitivo. Este, no entanto, é por elas entendido de modo muito restrito, igorando-se, por 
exemplo, a função do afeto nesse processo. Além disso, o desenvolvimento do raciocínio 
lógico e a construção de conceitos científicos são, muitas vezes, eleitos como metas de 
trabalho pedagógico com os pequenos, antecipando características do ensino 
fundamental tradicionalmente organizado. 
A instituição de educação infantil pode atuar como agente de transmissão de 
conhecimentos elaborados pelo conjunto das relações sociais presentes em 
determinado momento histórico. Porém, isso deve ser feito na vivência cotidiana com 
parceiros significativos, quando modos de expressar sentimentos em situações 
particulares, de recordar, de interpretar uma história, de compreender um fenômeno da 
natureza transmitem à criança novas maneiras de ler o mundo e a si mesma. Ela 
consegue assimilar esses conhecimentos porque eles fazem sentido para aqueles que 
com ela convivem e que, pelo uso que fazem dessas relações culturais. Tais 
aprendizagens promovem o desenvolvimento das funções psicológicas das crianças. 
 
 
 
 
 57 
 
SINTETIZANDO!! 
 
❖ No campo da psicologia, uma série de autores oferecia novas formas de 
compreender e promover o desenvolvimento das crianças pequenas. 
Vygotsky, na década de 20 e 30, atestava que a criança é introduzida na 
cultura por parceiros mais experientes. 
 
❖ Ainda na primeira metade do século XX, Wallon destacava o valor 
afetividade na diferenciação que cada criança aprende a fazer entre si 
mesma e os outros. Os psicanalistas reconheciam que o comportamento 
infantil deveria ser interpretado, e não meramente aceito em seus aspectos 
observáveis. 
 
❖ Finalmente, as pesquisas de Piaget e colaboradores que revolucionaram a 
idéia dominante sobre a criança. Essas concepções foram sendo 
gradadtivamente apropriadas pelas teorias pedagógicas e tornaram-se 
alvo de especial atenção na educação infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 58 
 
PRATICANDO!! 
 
De que forma as concepções de desenvolvimento podem auxiliar o educador na 
confecção de seu planejamento? 
E a nível de instituição de ensino, como podem colaborar para elaboração de um 
Projeto Político Pedagógico? 
 
 
 
 
 
 
 
 59 
CAPÍTULO 4 - O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, 
MOTRICIDADE E COGNIÇÃO 
 
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei 
O indivíduo vive imerso em um espaço em que tanto ele quanto os objetos que o 
rodeiam formam um conjunto de relações que se estruturam com grande complexidade; 
daí a necessidade de percebê-las, reconhecê-las e representá-las mentalmente. 
O desenvolvimento dele dar-se-á pela apropriação da linguagens e de formas 
cognitivas mais complexas existentes em seu entorno cultural, a qual ocorre nos 
inúmeros momentos em que ele estabelece e precebe relações com elementos de sua 
cultura. 
 
 
 
https://www.google.com.br/search?q=inatismo&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei
 
 
 60 
Pensamento e Linguagem 
 A principal função da linguagem, de acordo com Vygotsky, é a de intercâmbio 
social: é para se comunicar com seus semelhantes que o homem cria e utiliza os 
sistemas de linguagem. Tal intercâmbio necessita, para que seja possível uma 
comunicação mais sofisticada, da segunda função da linguagem: o pensamento 
generalizante. Este consiste nos signos, os quais simplificam e generalizam a 
experiência vivida, o que permite que ela seja

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