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CONTROLE DE INFECÇÃO EM ODONTOLOGIA

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CONTROLE DE INFECÇÃO EM ODONTOLOGIA 
Diferenças Conceituais 
Os antimicrobianos são substâncias 
naturais (antibióticos) ou sintéticas 
(quimioterápicos) que agem sobre 
MICRORGANISMOS, inibindo o seu crescimento 
ou causando a sua destruição. 
 
Antimicrobianos X Antibacterianos 
Os antimicrobianos envolvem a classe dos: 
1) Antibacterianos 
2) Antifúngicos 
3) Antivirais 
4) Antiparasitários 
Assim, todo antibacteriano será um 
antimicrobiano (seja antibiótico ou 
quimioterápico), mas nem todo antimicrobiano 
obrigatoriamente é um antibacteriano. 
 
Antibacterianos 
 
Ação Biológica 
• Bactericidas = quando são capazes de, nas 
concentrações habitualmente atingidas no 
sangue, determinar a morte dos microrganismos 
sensíveis 
• Bacteriostáticos = inibem o crescimento e a 
multiplicação dos microrganismos sensíveis, sem, 
todavia, destruí-los. CI para pacientes 
imunocomprometidos 
 
O antibacteriano ideal deve reunir as seguintes 
condições: 
A) Ação antimicrobiana seletiva e potente, 
preferencialmente de amplo espectro, porém 
sem agir contra a microbiota residente; 
 B) Ser bactericida; 
C) Deve exercer sua ação mesmo em presença 
de líquidos orgânicos, e não ser destruído por 
enzimas tissulares; 
D) Não deve interferir nas defesas do organismo, 
nem atacar os leucócitos, nem lesionar os tecidos 
do hospedeiro; 
E) Não deve produzir fenômenos alérgicos. 
F) Não deve provocar o desenvolvimento de 
resistência. 
G) Deve ser efetivo por todas as vias de 
administração. 
 H) Deve possuir conveniente índice terapêutico 
nas doses necessárias e durantes períodos 
prolongados. 
 I) Não deve produzir efeitos adversos relevantes. 
J) Ter baixo custo. 
 
Razões para usar ATB bactericida 
• Não há dependência exclusiva do sistema 
imunológico para erradicação da infecção 
• Menor tempo para tratamento da infecção 
• Podem produzir efeitos mais prolongados que o 
tempo de exposição à droga (efeito pós-ATB) 
 OBS: Em condições graves não há outra opção. 
Ex: tto de endocardite bacteriana, septicemia ou 
infecções em imunocomprometidos 
São geralmente mais eficazes contra grupos 
específicos 
• Menos alteração na flora normal, com menor 
incidência de superinfecção (bactérias e fungos 
que não eram patogênicos, agora o são por 
supressão da competição com a flora residente) 
 
Mecanismo de Ação dos ATB 
 
1) Inibição da formação da parede celular: 
penicilinas e cefalosporinas 
2) Inibição da síntese de proteínas (subunidades 
30S ou 50S): tetraciclinas, lincosaminas, 
macrolídeos e aminoglicosídeos 
3) Inibição da síntese dos ácidos nucleicos: 
quinolonas, metronidazol 
4) Antimetabólitos: sulfonamidas 
 
QUANDO USAR ATB? 
 
• Com exceção dos casos onde a profilaxia 
esteja prevista, o melhor critério para essa 
decisão é a presença ou não de sinais de 
disseminação e manifestações sistêmicas da 
infecção, a saber: edema pronunciado (celulite), 
trismo mandibular, linfadenite, febre, taquicardia, 
falta de apetite, disfagia, ou mal-estar geral. 
• O uso de ATB tem por objetivo auxiliar o 
hospedeiro a controlar ou eliminar os 
microrganismos que suplantaram, 
temporariamente, seus mecanismos de proteção 
• Na prática, isso quer dizer que na presença de 
um processo infeccioso bacteriano localizado, 
delimitado, sem sinais locais de disseminação ou 
manifestações sistêmicas NÃO é necessário ATB. 
 
 
 
 
Resistência Bacteriana 
 
• Quando a bactéria sobrevive a concentrações 
de ATB superiores (ou muito superiores) àquelas 
atingidas nos tecidos ou no sangue. 
• Uma bactéria resistente não é afetada por um 
aumento da dose ou por um maior tempo de 
tratamento 
• O uso indiscriminado e errôneo de ATB ao longo 
dos anos é apontado como um dos maiores 
agentes de pressão seletiva sobre os 
microrganismos. 
 
Causas de resistência bacteriana 
• Mutação nos genes de resistência bacteriana; 
• Transferência de informações através da 
partilha de material genético entre bactérias; 
• Os ATB fazem pressão seletiva nos 
microrganismos. 
 
Fatores potencias que influenciam a 
manutenção e disseminação de clones 
resistentes 
 
 Uso de Antibacterianos: - Tratamento com 
antibacterianos recentes (<2 meses) 
 Dose subótima; 
 Longa ou curta duração da dosagem. 
 
Terapia “Empírica”XAntibiograma 
Tempo de uso??? 
 
Indicações de Cultura e Teste de Sensibilidade 
Antibiótica 
• Infecções de rápida progressão 
• Infecção pós-operatória 
• Infecções refratárias à terapia empírica 
• Infecção recidivante 
• Osteomielite 
• Actinomicose 
 
ANTIBACTERIANOS EMPREGADOS EM ODONTOLOGIA 
 
PENICILINAS 
 
Características Gerais das Penicilinas 
 
• Fazem parte do grupo dos ATB betalactâmicos 
(penicilinas, cefalosporinas) 
• TODAS as penicilinas são BACTERICIDAS 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese da 
parede celular bacteriana; 
• Espectro de ação: pequeno ou ampliado (e 
não amplo), adequado 
• Concentram-se nos líquidos orgânicos, inclusive 
no líquor (meningite) 
• Metabolização no fígado e excreção renal 
• Baixo Custo 
• Ativas contra microrganismos da infecção 
odontogênica (cocos aeróbios e anaeróbios G+ 
e bacilos anaeróbios G-) 
• Praticamente desprovidas de reações 
adversas: 5 a 10% tem reações alérgicas; 
náuseas, vômitos e diarreias 
• Algumas pesquisas relatam diminuição da 
eficácia do anticoncepcional 
 
• As penicilinas são primeira opção como 
coadjuvantes no tratamento das infecções 
odontogênicas leves ou moderadamente 
severas, em alguns casos associadas ao 
metronidazol ou aos inibidores das beta-
lactamases!!! 
 
Penicilinas Naturais / G / Benzilpenicilinas 
• São compostos naturais, sintetizados a partir de 
cultura do fungo do gênero Penicillium 
 
1) Penicilina G potássica (benzilpenicilina 
potássica) 
2) Penicilina G procaína (benzilpenicilina 
procaína) 
3) Penicilina G benzatina (benzilpenicilina 
benzatina) 
• Não agem contra espécies bacterianas 
produtoras de beta-lactamases (penicilinases) 
 
Penicilina G Potássica Cristalina 
 
• Inativada no suco gástrico 
• Uso parenteral IV / IM por gotejamento 
contínuo (meia-vida de 20 min) 
• Uso inviável 
 
Penicilina G Procaína 
 
• Adição de procaína (sal éster insolúvel) 
• O sal torna a absorção mais lenta 
• Níveis plasmáticos são mantidos por 12 a 24 h 
•Uso IM a cada 24 h 
 
 
 
Penicilina G Benzatina 
 
• Adição de benzatina (sal altamente insolúvel) 
• Ação prolongada 
• Manutenção de níveis sanguíneos durante 
algumas semanas 
• Contra-indicada na infecção odontogênica 
• Indicações: profilaxia da febre reumática, 
tratamento da sífilis, faringite estreptocócica 
POSOLOGIA: PGB IM 1,2 a 2,4 MU em dose única 
 
Penicilina V / Fenoximetilpenicilina 
 
• “Penicilina G que pode ser usada por via oral” 
• Biossintética: ácido fenoxiacético é 
acrescentado ao meio de cultura 
• Estável em meio ácido (uso oral) 
• Não agem contra espécies bacterianas 
produtoras de beta-lactamases (penicilinases) 
Posologia: 500.000 UI - 6/6h 
 
Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) 
C.1) 
 
 Semissintéticas de Pequeno Espectro 
 
• São as penicilinas penicilinases resistentes 
• Usadas contra estafilococos produtores de 
beta-lactamase e inativas contra estreptococos 
(comuns na boca) 
• Por isso, NÃO são usadas na infecção 
odontogênica 
• Oxacilina, meticilina, nafcilina 
 
Penicilinas de 2ª Geração (Semissintéticas) 
C.1) 
 
Semissintéticas de Espectro Ampliado 
 
• Grupo 1 (2ª geração): ampicilina e amoxicilina 
 
• Grupo 2 (3ª e 4ª geração): carbenicilina, 
ticarcilina, piperacilina e mezlocilina – específicos 
para Pseudomonas spp) 
• Não são resistentes a penicilinases 
• Associadas ao clavulanato de potássio para 
inibir as penicilinases 
• Pode ser usado na gravidez 
• Amoxicilina tem absorção de 95% no TGI (uso 
oral)• Ampicilina tem menor absorção no TGI – 40% 
(uso EV preferencialmente) 
• Indicações: infecção odontogênica leve e 
moderada 
- profilaxia ATB 
 
C.1) Semissintéticas de Espectro Ampliado 
 
Posologias: 
• Amoxicilina 500 mg 8/8h via oral 
dose para criança 40 mg/Kg/dia/3doses 
(suspensão 125 mg/ 5 ml) 
• Amoxicilina 500 mg + clavulanato de K 125 mg 
8/8h via oral 
• Ampicilina 500 mg 6/6h via EV 
 
Cefalosporinas 
 
• Cefalexina 
• Fazem parte do grupo dos ATB beta-lactâmicos 
(penicilinas, cefalosporinas) 
• Menos sensíveis à ação das enzimas 
betalactamases 
• Utilização limitada 
• TODAS as cefalosporinas são BACTERICIDAS 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese da 
parede celular bacteriana 
• Reações adversas: nefrotóxicas (se uso 
prolongado e por altas doses); hipersensibilidade; 
reação alérgica cruzada com as penicilinas em 
10 a 15% dos pacientes alérgicos a penicilina; 
náusea; vômito; diarreia 
• Indicações: feridas cutâneas infectadas no 
trauma 
- profilaxia em portadores de prótese ortopédica 
quando indicado no antibiograma 
• Espectro de ação maior do que as penicilinas, 
mas não coincide com as bactérias 
odontogênicas 
• Não constituem primeira escolha em 
odontologia 
• São utilizadas as de primeira geração, mais 
ativas contra germes da cavidade bucal. 
• Pode ser usado na gravidez. 
Posologia: cefalexina 500 mg 6/6h 
 
Macrolídeos 
 
• Eritromicina, espiramicina, claritromicina, 
roxitromicina, “azitromicina (azalídeo)” 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese 
proteica bacteriana (subunidade 50S) 
• Ação bacteriostática (bacterida dose-
dependente) 
• Espectro de ação: similar ao da penicilina; 
eficaz contra bactérias G+, ineficaz contra G-, 
pouco eficaz contra anaeróbios 
• Grande parte da excreção através da bile 
(bom uso para pacientes com insuficiência renal) 
• Baixa toxicidade 
• Efeitos adversos: hepatotoxicidade 
(especialmente sob a forma de estolato de 
eritromicina) , distúrbios GI (náuseas, vômitos e 
diarreia) 
• Indicação: infecções odontogênicas leves (mo 
G+) em pacientes alérgicos a penicilina 
Posologia: estearato de eritromicina 500 mg 6/6h 
azitromicina 500 mg 24/24h por 3 d 
 
Lincosaminas 
 
• Lincomicina (não muito usada) e clindamicina 
(derivado da lincomicina) 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese 
proteica bacteriana (subunidade 50S) 
• Ação bacteriostática (bactericida dose-
dependente) 
• Espectro de ação: semelhante ao das 
penicilinas, com a diferença que atingem o 
Staphylococcus aureus e outras bactérias 
produtoras de penicilinases, e também atuam 
sobre bacilos anaeróbios G- 
• Excelente absorção no TGI (uso oral) 
• Atinge boas concentrações ósseas 
• Porém causam significativas alterações na flora 
intestinal 
• Reações adversas: diarreia (2 a 20%), colite 
pseudomembranosa 
• Opção à penicilina (amoxicilina) em pacientes 
alérgicos!!! 
Indicações: infecções moderadas e severas 
profilaxia em alérgicos a penicilina 
osteomielite 
Posologia: Clindamicina 300 mg 8/8h 
 
Metronidazol 
 
• Derivado do nitroimidazol 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese dos 
ácidos nucleicos (DNA) 
• Ação bactericida 
• Espectro de ação: ativo contra praticamente 
todos os bacilos anaeróbios G- 
• Reações adversas: intolerância ao álcool 
(efeito antabuze/dissulfiram), pode potencializar 
efeito de anticoagulantes, gosto metálico, língua 
saburrosa negra, náuseas, neuropatia periférica 
(se uso prolongado) 
Indicações: infecção por anaeróbios 
associado a amoxicilina em infecções 
odontogênicas graves 
Posologia: metronidazol 250 mg 8/8h 
 
Tetraciclinas 
 
• Tetraciclina, oxitetraciclina, doxiciclina, 
minociclina 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese 
proteica bacteriana (subunidade 30S) 
• Ação bacteriostática 
• Espectro de ação: amplo espectro – ativa 
contra muitas bactérias G+ e G- aeróbias e 
anaeróbias 
• Absorção prejudicada por alimentos, leite e 
antiácidos 
• Reações adversas: irritação GI 
- hepato e nefrotoxicidade 
- ATB + causam superinfecção 
- Prolongam o TC 
- Diminui a eficácia do anticoncepcional 
• Deposita-se nos ossos e dentes 
Indicações: periodontite infanto-juvenil / 
agressiva 
Posologia: tetraciclina 500 mg 6/6 horas 
 
Aminoglicosídeos 
 
• Gentamicina e amicacina 
• Mecanismo de ação: inibição da síntese 
proteica bacteriana (subunidade 30S) 
• Ação bactericida 
• Espectro de ação: bactérias G+ e G-, incluindo 
Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e 
bactérias produtoras de penicilinases 
 
Uso limitado em Odontologia 
• Tratamento de infecções graves, por via 
parenteral, em hospitais (associado a penicilina) 
• Efeito pós-ATB prolongado 
• Reações adversas: Todos os compostos do 
grupo são ototóxicos e nefrotóxicos, em maior ou 
menor grau 
Indicações: infecções severas com risco de vida 
(penicilina + aminoglicosídeos) 
Posologia: Gentamicina (primeira escolha dos 
aminoglicosídeos)

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