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73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 73º SEMANA DO FAZENDEIRO DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA MANEJO E NUTRIÇÃO DA FÊMEA SUÍNA Responsáveis pelo curso: ALOÍZIO SOARES FERREIRA KEDSON RAUL DE SOUZA LIMA VIÇOSA-MG JULHO 2002 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 2 MANEJO E NUTRIÇÃO DA FÊMEA SUÍNA 1. A moderna fêmea suína As fêmeas suínas de hoje não se comparam às fêmeas de décadas atrás, principalmente no que diz respeito à composição de gordura e proteína. Hoje os animais estão voltados para uma alta produção de músculo (carne) e uma menor produção de gordura. Esta diminuição na produção de gordura juntamente com a idade de cobertura cada vez menor, exige uma atenção especial na nutrição destes animais, assim como na quantidade de alimento ingerido durante as fases de gestação e lactação. Pois, se negligenciarmos esta atenção, estaremos comprometendo a vida útil da fêmea e conseqüentemente aumentando o custo de produção. Esta atenção especial estará voltada para uma estratégia alimentar e nutricional baseada em características como: score corporal, espessura de toucinho, retorno ao cio pós desmame e ganho de peso a cada ciclo reprodutivo. Atrelado a tudo isto está o manejo da fêmea na gestação e na lactação, assim como o manejo dos leitões a serem produzidos, que é o principal objetivo dentro de uma produção suinícola. 2. Alguns aspectos sobre o manejo da fêmea suína Manejo é um conjunto de práticas racionais que se deve realizar com os animais durante as diversas fases de suas vidas, visando dar aos mesmos as condições de máxima produtividade. 2.2. Manejo antes e durante a puberdade (Matrizes de reposição - marrãs) A puberdade na espécie suína ocorre entre 5 a 6 meses de idade; para realizarmos um manejo adequado dos animais devemos separá-los, formando lotes do mesmo sexo, aos quatro meses de idade. Os suinocultores que realizam a reposição de suas matrizes (consideradas velhas, com mais de seis partos ou impróprias á reprodução) com marrãs retiradas do próprio rebanho, devem proceder a reposição mediante a seleção e escolha das marrãs que se situarem nos 25% das melhores e maiores leitegadas produzidas na granja. O manejo das marrãs adquiridas na fase inicial ou fase de recebimento das mesmas na granja, deve ser acompanhado de alguns cuidados especiais devido as marrãs recém adquiridas não estarem adaptadas à sua "nova casa", ou seja, ao novo ambiente com o qual irá conviver. Para adquirir imunidade ou resistência aos microorganismos presentes no novo ambiente alguns cuidados deverão ser tomados, como: Ao serem adquiridas as marrãs deverão ser colocadas em baias coletivas (no máximo seis marrãs por baia). Baias que já deverão estar limpas e desinfetadas. Não misturar as marrãs recém adquiridas numa mesma baia com animais já existentes na granja. Procurar adquirir animais de uma única fonte visando evitar a presença de diferentes agentes patogênicos. Colocar um cachaço ou varrão ao lado das baias onde ficarão as marrãs recém adquiridas, visando uma melhor manifestação do cio das mesmas. Caso não seja possível, fazer o varrão caminhar pelo corredor de passagem pela manhã e à tarde. È importante estimular o cio das marrãs quando pensamos em melhorar a produtividade. Ao chegar à granja, as marrãs adquiridas deverão receber nas próximas 48 horas 1,800 kg de "ração de recria" por marrã por dia (ração seca). Dar metade da ração pela manhã e metade à tarde. Não deve ser aproveitado o cio transporte. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 3 A partir do terceiro dia, após a chegada das marrãs à granja, deve-se aumentar a quantidade de "ração de recria" (ração seca) para 3,000 kg a 3,200 kg por dia, por marrã. Para fêmeas selecionadas na própria granja: Observar o "estado de carne" das marrãs, procurando oferecer uma maior quantidade de "ração de recria" (ração seca) para aquelas menos desenvolvidas. Fornecer 3,000 kg a 3,200 kg de "ração de recria" por dia, por marrã até a manifestação do segundo cio, quando a mesma, atingindo a idade e peso necessário, será coberta por um varrão de linhagem racial e peso adequado. O primeiro cio da marrã não deve ser aproveitado. As marrãs deverão ser cobertas no segundo cio com peso em torno de 110 kg de peso vivo e com aproximadamente 210 dias de idade – pode variar de linhagem, sendo estes dados o mínimo. Para a primeira cobertura, utilizar um varrão já "experiente" em cobertura, porém mais jovem e de menor peso. A manifestação do cio deve ser verificada duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. 2.2. A cobertura Nas granjas de menor nível tecnológico, em que as marrãs não são manejadas adequadamente, é melhor que a cobertura seja feita por ocasião do terceiro cio (125 a 135 kg de peso vivo), pois neste caso há uma influência significativa da taxa de ovulação (taxa de ovulação aumenta do primeiro ao terceiro cio) apesar da marrã receber a alimentação durante dois ciclos não produtivos – salvo outra situação no segundo cio (110 120 kg). Como manejo geral da cobertura recomenda-se: Fazer a cobertura das porcas e/ou marrãs nas horas mais fresca do dia. Assistir e auxiliar o varrão a fazer a cobertura corretamente; antes da cobertura procurar eliminar os restos de urina e secreções que ficam retidos nos divertículos prepuciais do macho; para isto basta comprimir manualmente a região prepucial do macho antes da cobertura. A cobertura da matriz deve ser feita levando a mesma à baia do varrão. Quando da cobertura, sempre que possível, cobrir a matriz com reprodutores diferentes e mais descansados. Em casos de cobertura com reprodutores de tamanho e peso muito diferentes, deve-se utilizar um "tronco" para facilitar a monta. Após a cobertura levar a matriz de volta à sua baia coletiva e/ou à gaiola de gestação. É importante que a matriz, após a cobertura, fique em ambiente tranqüilo por aproximadamente duas horas. Não deixar porca e varrão juntos após a cobertura; esta prática evita cobertura desnecessária e desgaste do varrão. As matrizes, quando na fase de gestação em gaiolas, devem receber sua ração umedecida. O número de coberturas será em função principalmente das observações do cio. Quando uma observação bem feita (duas vezes por dia) faz-se no geral duas coberturas com intervalo de 24 horas. Faz-se a primeira 12 horas após a detecção e a segunda 24 horas depois. Quando não, recomenda-se três coberturas com intervalos de 12 horas. Proceder a limpeza das instalações, diariamente, pela manhã e à tarde, após o fornecimento de ração para as matrizes ( a "vassoura" ainda é o grande "executivo" da granja). 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 4 Procurar manter o ambiente das instalações com uma temperatura entre dezoito a vinte graus nível de arejamento. As práticas de manejo devem ter uma rotina sistemática, com horários e dias predeterminados visando um aperfeiçoamento das práticas executadas pelo tratador, bem como, impor um reflexo condicionado aos animais diminuindo-lhes o "stress" causado pelas ações diárias da administração da granja. As matrizes em gestação deverão ser transferidas para as gaiolas maternidade 5 a 7 dias antes do parto previsto, sendo antes lavadas com água e sabão neutro (sabão de coco) e, após banhadas com solução desinfetante a base de "iodophor" (40 ml em 10 litros de água) com auxílio de um regador. Para receber as matrizes gestantes, as gaiolas de maternidade já deverão estar limpas e desinfetadas. É importante observar o vazio sanitário, pelo menos, durante dez dias.2.3. Programa de vacinação e manejo sanitário para a fêmea gestante Vacinar contra rinite atrófica, as matrizes gestantes, aos 100 dias de gestação, de 6 em 6 meses. Vacinar contra peste suína clássica, as matrizes gestantes, aos 85 dias de gestação, nas gestações ímpares. Vacinar contra erisipela dos suínos, as matrizes gestantes, aos 100 dias de gestação, de 6 em 6 meses. Vacinar contra parvovirose e leptospirose, as matrizes gestantes, 10 dias após o parto, de 6 em 6 meses. Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos. Mediante constatação de sarna nos animais proceder o combate de 15 em 15 dias, através do uso de lança-chamas e sarnicidas (Produtos a base: diazinon; cipermetrina; triclorfon). Quando houver lesões nos cascos das matrizes, cuidar das mesmas usando uma solução de formol a 10% (100 ml de formol em 0,9 litro de água) utilizando para isto um pedilúvio, onde as matrizes serão submetidas a uma série de dez passagens, ao longo de um período de trinta dias. Outra medida auxiliar, seria aumentar os níveis de biotina na ração. Vermifugar as porcas gestantes 14 dias antes do parto, utilizando produtos a base de "fenbendazole; mebendazole; ivermectin". Anotar sistematicamente em fichas próprias, as coberturas, abortos e outras ocorrências que houver com as matrizes. Sem um controle zootécnico das matrizes, não há como estabelecer um bom sistema de manejo dentro de uma granja suinícola. 2.4. Manejo durante a gestação Dois terços da vida útil de uma porca ou matriz são passados em períodos de gestação, demonstrando assim, a importância do manejo nesta fase quando visamos aumentar a produtividade. A gestação em baias deve ser feita com grupos, de no máximo seis porcas, visando com isto diminuir a competição e brigas entre elas e, inclusive a visualização do retorno ou não ao cio. 1. - ALGUMAS PRÁTICAS DE MANEJO QUE DEVEM SER OBSERVADAS QUANDO NO PERÍODO DE GESTAÇÃO 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 5 As matrizes devem ser mantidas em ambiente calmo e livres de qualquer "stress" (calor em excesso, animais estranhos, barulhos, mudança de local, etc). Nas gestações em gaiolas individuais ou mesmo em baias coletivas, as matrizes devem ser agrupadas de acordo com a data de cobertura, visando empregar o sistema "Todos - Dentro, Todos Foras" ou sistema "All-in, All-out", o qual, permite preencher cada compartimento da instalação de uma só vez e depois esvaziar da mesma forma. Levantar as porcas que estão nas gaiolas individuais de gestação no mínimo três vezes ao dia (pela manhã, ao meio dia e à tarde). Se houver problema de infecção no aparelho urinário, é recomendável a utilização do diurético, cloreto de amônio, na base de 2,500 kg por tonelada de ração, durante sete dias, a cada três meses. As matrizes desmamadas, oriundas das gaiolas individuais da maternidade, deverão passar para as baias coletivas ou gaiolas individuais de gestação em bom estado de carne, caso contrário haverá um atraso na manifestação do cio, provocando sérios prejuízos ao produtor. Verificar as manifestações de cio nas matrizes em cobrição e em gestação duas vezes ao dia; pela manhã e à tarde. As matrizes que apresentarem corrimento vaginal contendo pus durante o período de cio, não deverão ser cobertas. Deverão ser separadas e submetidas a tratamento específico. 2.4.1. Manejo alimentar na fase de gestação Para as matrizes subalimentadas ou que sofreram perdas significativas durante a fase de lactação proceder o "flushing" o qual é o fornecimento de uma quantidade de ração a mais do que a matriz vinha recebendo, por um período de 7 a 10 dias antes da data prevista do cio, com a finalidade de aumentar a taxa de ovulação. O "flushing" deve ser suspenso quando 50% das matrizes submetidas a esta prática forem cobertas. As matrizes que estão em baias coletivas poderão, também, receber sua ração umedecida (para umedecer adequadamente, um quilo de ração seca, gasta-se um quilo e seiscentas gramas de água). Sempre que usarmos rações umedecidas devemos ter o cuidado para que as sobras, quando do consumo da ração pelas matrizes, não venham fermentar, causando problemas intestinais nos animais. Da desmama até a cobertura oferecer para as matrizes "ração de lactação" à vontade. Dar metade do trato pela manhã e metade à tarde. Assim que realizar a cobertura passar a usar a "ração de gestação", fornecendo 1,800 kg a 2,000 kg de ração por matriz, por dia, até 35 dias de gestação. Fornecer metade da ração pela manhã e metade à tarde. De 36 a 90 dias de gestação continuar usando a ração de gestação, fornecendo 2,300 kg a 2,600 kg de ração por matriz, por dia. Fornecer metade da ração pela manhã e metade à tarde. De 91 a 109 dias de gestação passar a usar "ração de lactação", oferecendo de 3,000 kg a 3,500 kg de ração por matriz, por dia. Dar metade do trato pela manhã e metade à tarde. De 109 a 113 dias da gestação fornecer 1,800 kg a 2,000 kg de "ração de lactação" por matriz por dia. Neste período, 5 a 7 dias antes do parto, as porcas deverão receber somente uma refeição por dia (pela manhã). 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 6 Três dias antes do parto e três dias após o parto, observando que as fezes das matrizes estão ressecadas, fornecer as mesmas 10 gramas de sulfato de sódio (sal de Glauber) por dia, por matriz, juntamente com a ração. No dia do parto não oferecer ração à matriz. Oferecer somente água. Após o trato das matrizes em gestação retirar dos cochos as sobras de ração umedecida e fornecê-las aos cevados na terminação ( não podemos desperdiçar rações). 2.5. Manejo da fêmea na maternidade Dentro das edificações necessárias à suinocultura, a maternidade apresenta-se como uma instalação básica, de grande importância, exigindo uma atenção e permanência, quase constante, do tratador e/ou gerente da granja. A instalação possui um equipamento, relativamente, mais complexo do que de outras instalações utilizadas dentro da atividade. 2.5.1. Período de permanência da fêmea na lactação Inicia-se quando a mesma, em gestação, é transferida (5 a 7 dias antes do parto previsto) para a gaiola maternidade e finaliza-se quando os leitões nascidos, são desmamados. Esta fase em que a matriz encontra-se na maternidade, por sua importância, dentro do sistema produtivo, deve merecer todos os cuidados do responsável pelo manejo, o qual, deve estar sempre em alerta buscando diminuir as perdas que ocorrem nesta fase. Estima-se que durante o parto a mortalidade dos leitões, seja de 7% a 10%, podendo alcançar índices bem superiores devido as deficiências de manejo. O período de permanência da fêmea na lactação está em função da idade de desmame, que pode ser de 7, 14, 21 e 35 dias, dependendo das condições sanitárias da granja e do objetivo da produção. É muito comum o desmame precoce aos 21 dias, no entanto na Europa foi proibido desmame de leitões antes de 35 dias, com o intuito de promover um melhor ambiente para o leitão (bem estar). 2.5.2. Manejo antes do parto AÇÕES QUE DEVEM SER OBSERVADAS NA MATERNIDADE ANTES DO PARTO Lavar criteriosamente as baias ou gaiolas que irão receber as matrizes ou marrãs, oriundas de gestação, utilizando escova, vassoura, água e sabão ou detergente. Após lavar a baia ou gaiola maternidade aguardar até que a mesma fique enxuta e posteriormente, pulverizá-la com desinfetante (solução a base de iodophor - usar 80 ml em 20 litros de água), procedendo após, a caiação de toda a baia com água de cal hidratada e creolina (creolina - usar 200 ml em 10 litros de água). Feita a desinfecção da instalação ou gaiolas maternidade, deixar as mesmas sem animais por um período de 7 dias,cujo período denominamos de vazio sanitário que é importante na profilaxia das doenças. A cada dois meses mudar os desinfetantes quando da pulverização das gaiolas maternidade; alterar os produtos utilizando uma solução de formol a 10% e 0,5% de creolina (em 17,9 litros de água, acrescentar dois litros de formol e cem centímetros cúbicos de creolina). Ao levar as matrizes em gestação para as gaiolas maternidade, recomenda-se agrupá-las de acordo com a data de cobertura, visando empregar o sistema de manejo "Todos- Dentro, Todos-Fora" ou sistema "All-in, All-out” No abrigo escamoteador dos leitões, também chamado de "creep", observar e testar se a fonte de aquecimento dos leitões está em funcionamento. Os leitões recém-nascidos 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 7 precisam de uma temperatura de 30 a 32 graus centígrados nos 5 a 6 primeiros dias de idade. Após uma semana de idade, a fonte de calor deve ser ligada sempre que a temperatura cair de 25 graus centígrados. O aquecimento dos leitões, geralmente, é efetuado por: a. sistema elétrico incorporado ao piso do abrigo; b. por lâmpadas infravermelho; c. por resistências revestidas de louça ou metal. Observar e testar se o sistema de ventilação e/ou arejamento da maternidade está funcionando (cortinas, janelões e ventilação forçada). Com mais conforto as porcas produzirão mais leite para os leitões e estes desenvolverão mais rapidamente. Colocar e manter dentro da maternidade um "termômetro" de máxima e mínima, para medir a temperatura ambiente, visando um melhor controle dos janelões e/ou cortinas, proporcionando uma temperatura mais adequada aos animais. Observar periodicamente o comportamento da matriz, quando na maternidade; uma semana antes do parto as matrizes apresentam sinais mais evidentes da aproximação do mesmo. Normalmente observa-se a congestão e o aumento da sensibilidade das glândulas mamarias e edema da vulva, edema este que evolui de forma gradativa até o dia do parto. A observação destes sinais é importante para assistirmos adequadamente as matrizes gestantes, quando da realização dos partos. Todos os partos devem ser assistidos pelo tratador ou responsável pela granja a qualquer hora do dia ou da noite. A umidade relativa do ar dentro da maternidade, deve ser mantida em aproximadamente 70%. A iluminação dentro da maternidade não deve ser intensa; as matrizes e leitões ficam mais tranqüilos quando diminuímos a iluminação do ambiente. Nas multíparas, o nascimento entre um leitão e outro tem um intervalo de tempo médio de 10 a 20 minutos e a duração normal do parto é de 3 a 6 horas. Nas primíparas esta duração é menor, talvez devido ao maior tônus muscular observado nos referidos animais. Na espécie suína, a placenta pode sair imediatamente e/ou até uma hora após o nascimento do último leitão. Após este período considera-se como indicativo de anormalidade. A interferência (toque vaginal) no parto deve ser evitada e só deve ser feita quando o intervalo entre o nascimento dos leitões for muito demorado (acima de cinqüenta minutos). A primeira medida para procedermos uma interferência no parto é realizar o toque vaginal para verificar a presença ou posicionamento do feto dentro do aparelho reprodutor e, inclusive retirá-lo quando possível. Certificando-se que não existe obstáculo à saída do feto (após o toque vaginal) recomenda-se a aplicação de ocitocina pela via intramuscular (1 a 3 ml) e aguardar por um período de mais ou menos 20 minutos, quando os estímulos das contrações uterinas deverão ocorrer proporcionando a expulsão dos fetos. A interferência no parto da matriz suína (toque vaginal) deve ser realizada observando as seguintes recomendações básicas: - Primeiramente lavar a parte posterior da matriz utilizando água, escova e sabão. - lavar as mãos e braços com água e sabão. - Calçar luva própria para realização do toque vaginal. - Passar sobre a luva uma pequena quantidade lubrificante (óleo nujol ou vaselina líquida). 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 8 - Com calma e cuidado, lentamente introduzir a mão no aparelho reprodutor da matriz procurando observar se há algum obstáculo à saída do feto ou se é possível retirá-lo. Preparar a ficha zootécnica que deverá acompanhar a matriz em toda sua vida produtiva. É importante que esta ficha seja preenchida sistematicamente. MANEJO NA MATERNIDADE DURANTE O PRIMEIRO DIA DE VIDA DOS LEITÕES Com proximidade do parto a matriz gestante torna-se mais inquieta exigindo mais atenção por parte do tratador ou responsável pela maternidade, o qual, dentro das condições normais, somente deve assistir ao parto, não interferindo no mesmo. Grande parte do sucesso de uma suinocultura deve-se ao manejo desenvolvido nas fases de nascimento e lactação, fases em que os cuidados higiênicos, a alimentação da porca, a temperatura do abrigo escamoteador dos leitões, a temperatura do ambiente na maternidade, o fornecimento e qualidade de água e o conforto das instalações e equipamentos oferecidos aos animais são fundamentais para se evitar as perdas que ocorrem nesta fase. Alguns estudos demonstram que 25 a 30% dos leitões nascidos vivos morrem até a oitava semana de idade e que 69% das perdas ocorrem durante a primeira semana e acima de 80% no primeiro dia de vida dos leitões. Várias são as causas destas perdas, entretanto, o esmagamento dos leitões pelas porcas é apontado como a principal causa, atingido 50% das mortes totais, o que nos leva a concluir que o acompanhamento do parto, a qualquer hora do dia ou da noite, deve ser realizado pelo tratador, visando diminuir a mortalidade que ocorre nesta fase. CUIDADOS COM OS LEITÕES RECÉM-NASCIDOS Deve-se remover as membranas fetais e muco que envolvem o leitão recém-nascido, principalmente das narinas. Amarrar e cortar com auxílio de uma tesoura, o umbigo dos leitões, dois dedos (3 a 4 cm) abaixo do ponto de inserção deste e, imediatamente após, mergulhar o umbigo numa solução de iodo a 10%. Orientar o leitão recém-nascido para a primeira mamada, imediatamente após as operações descritas acima. O leitão nasce praticamente sem proteção contra os germes patogênicos; é através da ingestão do colostro que os leitões recebem a proteção contra determinadas doenças, principalmente nas primeiras semanas de vida. A capacidade de absorção de anticorpos, existentes no colostro, pelo leitão tem um tempo limitado, verificando-se uma diminuição logo após o nascimento; observa-se que 24 a 36 horas após o nascimento dos leitões, encerra-se a absorção dos anticorpos devido as células do epitélio intestinal dos mesmos, tornarem-se impermeáveis às imunoglobulinas ou anticorpos encontrados no colostro. O colostro além de estimular a imunidade dos leitões, tem função nutritiva e laxativa para os leitões. Ligar e manter a fonte de aquecimento dos leitões em funcionamento PROBLEMAS CAUSADOS PELA PERDA DE CALOR NOS LEITÕES RECÉM- NASCIDOS a. - AUMENTO DO METABOLISMO b. - MENOR RESISTÊNCIA À DETERMINADAS INFECÇÕES c. - HIPOGLICEMIA d. - MORTE DOS LEITÕES 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 9 Uma queda de temperatura brusca e severa pode, através do "stress" provocado nos leitões, causar a morte dos mesmos, nas primeiras horas de vida. Procurar manter a temperatura para os leitões de acordo com a faixa etária, nos seguintes níveis: 30 a 32 o C - para leitões de 1 a 7 dias de idade 28 o C - para leitões de 8 a 14 dias de idade 24 o C - para leitões de 15 a 21 dias de idade A fonte de aquecimento dos leitões (lâmpadas infravermelho de 250 watts ou resistência revestida de louça ou metal) deve situar-se em um canto da baia maternidade ou, preferencialmente,adaptado e junto à tampa ou abertura do "creep". Cortar "presas" (dentes) dos leitões recém-nascidos, rente às gengivas, visando proteger as tetas da porca, usando alicate próprio e previamente desinfetado com solução de iodo a 10%. O leitão nasce com oito dentes (chamados de "dente de leite") sendo, quatro caninos e quatro premolares. A dentição permanente completa-se aos 18 meses de idade. Ao cortar os dentes, deve-se ter o cuidado para não cortar a gengiva e/ou língua do leitão. Procurar não deixar que as presas cortadas fiquem pontiagudas ou com bordos cortantes podendo causar ferimentos nas tetas da porca, quando da mamada dos leitões. Recomenda-se que os dentes só devem ser cortados após os leitões terem mamado o colostro. Proceder a caudectomia ou corte da cauda dos leitões recém-nascidos visando diminuir o canibalismo entre os mesmos, quando numa idade mais avançada. Proceder a marcação dos leitões recém-nascidos, visando a identificação dos mesmos. A marcação pode ser efetuada através de tatuagem, brincos e piques na orelha. Entre os diversos sistemas de piques na orelha, o mais comum e utilizado nas granjas de nosso estado é o Sistema Australiano que pode marcar até 1599 leitões sem repetição; os piques na orelha são feitos com auxílio de um alicate especial e com um perfurador circular. O sistema Australiano de Marcação é o método oficial adotado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Os piques nas orelhas, estabelecidos pelo método australiano de marcação, são também chamados de "mossas". Estas, representando os números 100, 200, 400 e 800 só podem ser usadas uma vez. As "mossas" 1 e 10 podem ser usadas duas vezes e as que representam 3 e 30 podem ser usadas até três vezes. Proceder a pesagem dos leitões recém-nascidos através de amostragens (10%). O peso médio dos leitões ao nascer deve ser igual ou superior a 1,200 kg. Leitões com peso abaixo de 0,700 kg tem pouca possibilidade de sobrevivência e deve ser eliminado. Manter a baia maternidade, inclusive o abrigo escamoteador dos leitões sempre limpos e secos. A cal hidratada deve ser utilizada para diminuir a umidade, geralmente, observada na baia e "creep" sempre que necessário. Todas as práticas de manejo, realizadas nesta fase (corte dos dentes, marcação dos leitões, corte de cauda, etc) devem ser feitos com o máximo cuidado seguindo todos os proceitos básicos de higiene. MANEJO NA MATERNIDADE Do segundo dia de vida dos leitões até a desmama 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 10 O manejo na maternidade do segundo dia de vida dos leitões até a desmama deve, também, buscar eliminar os fatores que limitam a produção de leitões, visando a máxima eficiência reprodutiva. Manter a fonte de aquecimento dos leitões em funcionamento, observando a temperatura adequada para cada faixa etária. Manter a maternidade sempre limpa; evitar a umidade; evitar que as fezes fiquem acumuladas nas gaiolas maternidades (trazeiras das porcas). Sempre que a baia da porca ou abrigo dos leitões estiverem molhados (urina, fezes amolecidas ou água) deve-se proceder a limpeza dos mesmos e secá-los com auxílio de panos (sacos) e/ou cal hidratada. Procurar uniformizar os lotes de leitões pelo peso, sempre que possível. Para proceder a transferência dos leitões deve ser observado se os leitões ingeriram colostro. Para misturar leitões de lotes diferentes, deve-se "salpicá-los" com solução de creolina (5 gotas/litro) ou, se possível, esfregar sobre o dorso dos leitões, restos de placenta da porca que receberá os leitões transferidos (mãe adotiva). A transferência dos leitões deve ser efetuada no máximo, três dias após o parto da matriz adotiva, pois as glândulas mamárias excedentes e/ou não utilizadas, geralmente, entram em involução. Observar se os leitões estão amamentando normalmente. Sempre que alguns leitões não apresentam o mesmo desenvolvimento médio da leitegada deve-se procurar a causa, que pode estar relacionada com sub-alimentação (problema em uma ou mais tetas), enfermidades do aparelho digestivo respiratório, etc. Procurar colocar os leitões mais fracos, antes de três dias de idade, a mamarem, nas tetas anteriores. Esta prática deve ser realizada colocando os leitões mais desenvolvidos dentro do "creep" e somente soltá-los, após os leitões mais fracos terem mamado. Para estabelecer melhor algumas normas de manejo, é importante observar que as glândulas mamárias peitorais apresentam, em relação as glândulas mamárias abdominais e inguinais, as seguintes características: a. Produzem leite mais gorduroso e com maior teor de açúcar. b. Produzem maior volume de leite. c. A descida do leite é mais rápida, após os estímulos provocados pelos leitões. d. As tetas são mais compridas e macias, facilitando a sucção feita pelos leitões. e. Com a matriz deitada, a fileira de tetas junto ao piso, demonstra que as tetas peitorais ficam mais expostas e disponíveis aos leitões. É importante, também, observar que durante a lactação, os leitões, nos três primeiros dias após o parto, "escolhem" e determinam "suas" mamas ou tetas. Normalmente, se não interferimos, os leitões mais fortes ficam com as tetas peitorais, que conforme demonstramos, possuem algumas vantagens sobre as demais, causando desta maneira uma desuniformização da leitegada. Mediante uma avaliação funcional e econômica, proceder o aleitamento artificial dos leitões órfãos ou leitões que estão passando por falta de leite (agalaxia na porca) e que não puderam, por algum motivo, serem transferidos para as mães adotivas. O sucesso desta prática depende, em muito, se os leitões receberam ou não o colostro. Esta prática de manejo é muito trabalhosa e exige que o aleitamento artificial seja semelhante ao aleitamento natural. O leitão mama em torno de 20 vezes ao dia; o intervalo entre mamadas é de 60 a 70 minutos e cada mamada demora 20 a 30 segundos, nas quais o leitão mama de 20 a 60 gramas de leite. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 11 Sete dias após estar fornecendo o substituto do leite da porca, deve-se diminuir a freqüência dos fornecimentos e passar, também, a oferecer aos leitões pequenas quantidades de ração "pre-inicial". A quantidade de ração a ser oferecida deve ser aumentada, gradativamente, conforme o consumo apresentado pelos leitões. A partir de vinte e um dias, dependendo do desenvolvimento dos leitões e consumo de ração, os mesmos poderão ser desmamados. Aplicar nos leitões, três dias após o nascimento, 100 mg de "ferro injetável" por leitão no músculo do pescoço. De 7 a 10 dias após o parto, colocar em torno de 100 gramas de ração por dia ("ração pré-inicial") para a leitegada de cada porca. A ração, se possível deve ser colocada em cocho ou sobre o piso do abrigo escamoteador. Proceder a castração dos leitões machos aos 10 a 15 dias de idade observando todos os preceitos de higiene. No dia da castração é importante que nenhuma outra prática de manejo (desmama, mudança de baia, etc) seja executada com os leitões, pois o excesso de "stress" poderia predispor os animais às doenças. No dia do desmame a porca deve ser conduzida se possível, para uma baia de pré- gestação e os leitões deverão permanecer na baia maternidade de um até sete dias visando minimizar o "stress" e proporcionar uma melhor adaptação à alimentação após a desmama. No dia da desmama não fornecer ração para os leitões; deve ser fornecido somente água de boa qualidade. No dia seguinte, após a desmama, fornecer 50 gramas de "ração pré-inicial" pela manhã e 50 gramas de "ração pré-inicial" à tarde. A ração deve ser oferecida seca. No terceiro e quarto dia após a desmama, a quantidade de ração a ser oferecida aos leitões, deve ser aumentadagradativamente, para que a partir do quinto dia os leitões já possam receber ração (‘pré-inicial") à vontade. Observar o fornecimento e qualidade água para os leitões e matrizes. Observar e proceder corretamente a alimentação das matrizes após o parto. É muito importante que as matrizes durante o período de lactação (período de grande desgaste) sejam bem nutridas e que se mantenham num bom estado de carne. Na maternidade, após o parto, alimentar as matrizes da seguinte forma; a. No primeiro dia após o parto, oferecer 2,000 kg de ração umedecida ("ração de lactação") por dia e por matriz. Dar metade da ração pela manhã e metade à tarde. Deve-se observar que no dia do parto, geralmente, não é oferecido nenhuma ração à matriz; é oferecido somente água. b. No segundo dia após o parto, oferecer 2,500 kg a 3,000 kg de ração umedecida por dia e por matriz. Oferecer a ração sempre de forma parcelada (metade pela manhã e metade à tarde). c. No terceiro dia após o parto, oferecer 3,500 kg a 4,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz. d. No quarto dia após o parto, oferecer 4,500 kg a 5,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz. e. No quinto dia após o parto, oferecer 5,500 kg a 6,000 kg de ração umedecida, por dia e por matriz. f. A partir do sexto dia após o parto, fornecer ração umedecida à vontade para as matrizes. Procurar fornecer para as matrizes em lactação, a partir do sexto dia após o parto, uma terceira refeição que deve ser oferecida à noite, mais ou menos, às 19:00 ou 20:00 horas. A ração ("ração de lactação") deve ser oferecida seca numa quantidade inicial de 1,000 kg por matriz. Esta quantidade deverá ser aumentada gradativamente, conforme o consumo da matriz. Combater sistematicamente as moscas e ratos através de medidas e produtos específicos. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 12 Observar e anotar em fichas próprias todas as ocorrências que houver com as matrizes e suas leitegadas. O controle zootécnico e contábil são indispensáveis. Vacinar os leitões contra "rinite atrófica" aos 7 dias de idade e revacinar à desmama. Vacinar os leitões e matrizes contra a "parvovirose" e "leptospirose", devendo vacinar os leitões à desmama e três semanas após. As matrizes devem ser vacinadas 10 dias após o parto. Vacinar os leitões contra a "erisipela suína" ao desmame e três semanas após. COMO AVALIAR UM PROGRAMA NUTRICIONAL PARA FÊMEAS SUÍNAS Um dos sistemas mais conhecidos é o da Universidade de Nottinghan e do Rowett Research Institute da Inglaterra, que avalia a variação de peso corporal das porcas entre os partos. Este sistema mostra que as fêmeas devem ganhar de 10 a 15 kg de peso corporal entre um parto e o seguinte, até a 4º ou 5º leitegada. Após o 5º parto a porca atinge o seu peso máximo e ganhos adicionais não são desejados. Este sistema leva em consideração que a fêmea normal muda constantemente de peso durante sua vida reprodutiva: ganha peso durante a gestação, perde repentinamente durante o parto ( devido aos fetos e placenta ), perde gradativamente durante a lactação por mobilizar suas reservas corporais para a produção de leite e volta a ganhar peso no período que precede sua próxima gestação. Deseja-se um ganho de peso de 10 a 15 kg entre as primeiras quatro gestações, pois nesse período estamos trabalhando com um animal em fase de crescimento. O esqueleto cresce continuamente e as necessidade nutricionais para que isso ocorra devem ser atendidas. Se uma porca não ganhar o peso acima recomendado entre as gestações ficará progressivamente com mais esqueleto, com menos massa muscular e menos reserva de gordura. Em contrapartida, se ela estiver ganhando muito mais do que 10 a 15 kg, ficará gorda em demasia, não beneficiando com isso o seu processo produtivo. As fêmeas são apresentadas de costas e com números de 1 a 5, crescentes de acordo com seu estado corporal. Porcas com condições aceitáveis estão por volta dos números 3 e 4. Depois de uma lactação pode-se esperar que cheguem até o número 2. Se as fêmeas estiverem abaixo de 2 é sinal de que precisamos aumentar a quantidade de ração administrada diariamente ou melhorar os níveis nutricionais da mesma, para evitar o aparecimento de problemas reprodutivos. Se as fêmeas estiverem acima de 4, estarão muito gordas e a alimentação deverá ser reduzida ou reformulada, pois o excesso também ocasiona problemas de reprodução. Atualmente com a evolução da genética, os sistemas de avaliação dos programas nutricionais tiveram que ser revistos. As modernas fêmeas F1 híbridas foram selecionadas para uma maior produção ( de leite e leitões ) e para uma menor porcentagem de gordura. Por serem mais produtivas e por possuírem menos reservas corporais de gordura, as modernas fêmeas F1 híbridas perdem peso mais rapidamente e estão mais próximas de atingir o nível mínimo de 10% de gordura corporal. A medida da gordura corporal é feita no chamado ponto P2, que fica entre a última e a penúltima costela, a uma distância de 6,5 cm da coluna vertebral. Para medir a espessura de toucinho no ponto P2 necessitamos de um medidor ultra-sônico de gordura. As medidas deverão ser efetuados por ocasião das coberturas, dos partos e ao final de cada lactação. Com isso poderemos traçar o perfil de cada fêmea e ter uma idéia das condições físicas do plantel. Experimentos sugerem que por ocasião da primeira cobertura, as marrãs devem possuir de 18 a 20 mm de espessura de toucinho no ponto P2. A primeira lactação exige muito da fêmea e ela chega a perder de 5 a 6 mm de espessura de toucinho, mesmo quando bem alimentada. Nos partos seguintes, o normal será perder 4 mm durante a lactação e ganhar 3 mm na gestação, devendo sempre ficar acima do nível crítico de 10 mm. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 13 Resumindo o que vimos até o momento, podemos dizer que existem 3 sistemas na atualidade para avaliar o desempenho de um programa nutricional de uma granja: O da variação do peso corporal, o da aparência visual das condições físicas da porca e o da variação na gordura corporal. Todos estes sistemas são importantes e o ideal é usá-los em conjunto. Não é aconselhável usar apenas um em separado, pois poderemos cometer um erro na avaliação. Principais causas da maior duração intervalo desmame – cobertura (IDC) 1. Perda de peso durante a lactação Sempre que uma porca primípara perde mais de 7,5% de seu peso durante a lactação, haverá um aumento no IDC. Porcas mais velhas são menos afetadas. 2. Perda de gordura durante a lactação As fêmeas perdem de 3 a 4 mm de espessura de toucinho, mesmo comendo 5 a 6 kg de ração nesta fase. Fêmeas primíparas são mais sensíveis a maiores perdas de gordura corporal, pois possuem maiores necessidades de nutrientes devido a estarem em crescimento e por possuírem uma menor capacidade estomacal. Por isso, em temperaturas normais, chegam a perder de 6 a 7 mm de espessura de toucinho. Em períodos de calor acima de 30OC, tanto as porcas primíparas como as de maior número de partos, comem menos ração e passam a ter sérias perdas de gordura corporal. 3. Tipo de instalação Fêmeas criadas em grupos apresentam um maior IDC do que fêmeas criadas isoladamente. Este efeito deve-se ao stress crônico provocado pelo convívio em grupo, onde o estabelecimento da ordem social é determinado pelas fêmeas mais fortes. 4. Quantidade de leitões desmamados Quanto maior o número de leitões desmamados pelas fêmeas principais, maior é o IDC. A causa está relacionada com o maior desgaste físico, devido à maior produção de leite. 5. Cobrir ou não as fêmeas no primeiro cio após o desmame O benefício desta técnica é que a recuperação das reservas corporais permite a obtenção de mais leitões no segundo parto. A tabela 26 a seguir, mostra a diferençado número total dos leitões nascidos, em fêmeas de primeiro e segundo parto, quando cobertas no primeiro e segundo cio após o desmame. Para adotar esta técnica, o criador deve levar em consideração o que é mais economicamente interessante: perder 21 dias da vida da fêmea (e a ração correspondente) ou ter mais leitões no parto seguinte. Na prática esta técnica é fortemente recomendada para fêmeas de primeiro parto que desmamam muito fracas e que possuem espessura de toucinho abaixo de 15 mm no ponto P2. NUTRIÇÃO DA MARRÃ E DA PORCA DURANTE A GESTAÇÃO Após a cobertura a fêmea consome ração de gestação, que servirá para: 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 14 O crescimento dos fetos. O desenvolvimento das glândulas mamárias. Crescimento corporal (nas marrãs). Restabelecimento das reservas gastas no ciclo anterior (no caso de porcas). Nos dois primeiros terços da gestação as necessidades nutricionais são ligeiramente superiores ás de manutenção, pois nesse período os fetos alcançaram apenas 8% do peso que terão ao nascer. No último terço, após os 90 dias, as necessidades aumentam grandemente, pois é nessa fase que ocorre 70% do crescimento dos fetos. O aumento da retenção no organismo dos teores de proteínas, energia, minerais e água, durante o último terço da gestação, acima dos níveis normalmente verificados, denomina-se anabolismo gravídico. Durante a fase de anabolismo de prenhez, a porca consegue armazenar energia, proteína, vitaminas e minerais para a fase de lactação. Estas reservas acumuladas fazem com que a porca ganhe peso durante a gestação. Durante a lactação, estas reservas serão consumidas e a perda de peso será mais ou menos pronunciada de acordo com o ganho que teve durante a gestação. Estas afirmações levariam a supor de que a porca deveria ser super alimentada nessa fase para que pudesse suportar melhor a lactação. Porém, existe nesta suposição alguns problemas importantíssimos, que devem ser considerados: Porcas prenhes em estado de nutrição excessivo apresentam fraqueza uterina durante o parto, aumentando o número de natimortos. São mais desajeitas e esmagam facilmente os recém-nascidos. Possuem um menor apetite durante a lactação Desenvolvimento das glândulas mamárias Trabalhos recentes demonstraram, que não devemos engordar em demasia as fêmeas, dos 50 aos 90 dias de gestação, pois é neste período que é determinado o número de células produtoras de leite. O excesso de ração, e consequentemente de energia, causa uma maior deposição de gordura na glândula mamária, limitando a produção das células produtoras de leite. Este é mais um motivo pelo qual devemos manter a quantidade de ração de gestação restrita a 2 kg nas porcas e a 2,5 kg nas leitoas, até 25-30 dias antes do parto. A influência da nutrição na gestação sobre o peso ao nascer A taxa de sobrevivência dos leitões melhora a medida que aumenta o seu peso ao nascer. O efeito de nutrição durante a fase de gestação e sua relação com o peso ao nascer dos leitões é continuamente relatado pelos pesquisadores, que apresentam resultados contraditórios. Atualmente, a tendência tem sido de aumentar a quantidade de ração no terço final de gestação, ou passar a usar uma ração com mais nutrientes, como a de Lactação ou Pré Parto, nos últimos 30 dias de gestação. Influência da nutrição na gestação sobre a taxa de sobrevivência dos leitões após o parto Cerca de 70% das mortes dos leitões na primeira semana de vida, ocorrem nos 3 primeiros dias. O leitão nasce com pequenas reservas de energia. Apresenta apenas 1% de gordura corporal ( Mount, 1962 ; Mersman, 1974 ) e reserva de glicogênio no fígado para apenas 24 http://www.megaagro.com.br/suinos/art_gestacao.asp#top http://www.megaagro.com.br/suinos/art_gestacao.asp#top 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 15 horas ( Morril, 1952 ). Depende portanto do colostro para obter a gordura necessária ao seu desenvolvimento. O leitão recém nascido não tem capacidade para regular a sua temperatura corporal ( Newland et al ), devido ao baixo teor de gordura subcutânea, pêlos muitos esparsos e grande superfície corporal por unidade de peso ( Mount, 1962 ), que o predispõe ao esmagamento devido a friagem. O leitão ao nascer não possui um sistema imunitário desenvolvido, estando sujeito aos microrganismos patogênicos. No início, os resultados sobre o uso de gordura no terço final da gestação eram contraditórios e somente após o trabalho de Pettigrew ( 1981 ) que resumiu e interpretou inúmeros trabalhos realizados, é que o assunto ficou bem esclarecido. De sua revisão concluiu- se que: A gordura suplementar nas rações de porcas em gestação não aumenta as reservas de carboidratos no organismo dos leitões, mas aumenta as reservas de gordura corporal. A gordura suplementar durante a fase de gestação aumenta a produção de leite e o conteúdo de gordura do colostro e do leite, com um consequente aumento na taxa de sobrevivência dos leitões, principalmente nas granjas que apresentam taxas inferiores a 80%. A taxa de sobrevivência é maior ( 17,1% ) nos leitões que nascem com peso inferior a 1 - 1,1 kg, do que em leitões com maior peso ( 2,7% ). Outro fator positivo em relação ao aumento da energia na última fase da gestação, é que as alterações enzimáticas na glândula mamária para prepará-la para a futura lactação, começam nos últimos 30 dias antes do parto. A atividade de cada célula produtora de leite pode ser melhorada através de maiores níveis de energia na ração, ocasionando uma maior produção de leite. Manejo nutricional na fase de gestação Com base nos conhecimentos atuais, recomenda-se que a ração de gestação seja administrada da cobertura até 30 dias antes do parto. Esta ração deverá ter as seguintes características nutricionais, quando formulada à base de Milho e Soja: Proteína bruta 14 a 15 % Lisina 0,65 a 0,70 % ( mínimo ) Energia Metabolizável 2800 a 2850 kcal Cálcio 0,8 a 0,9 % ( máximo ) Fósforo Disponível 0,4 % ( mínimo ) Fibra 4 % ( mínimo ) Durante os dois primeiros terços da gestação, as porcas deverão receber 1,8 a 2,0 kg de ração, de acordo com seu estado físico, ao dia ( em uma ou duas refeições ). Fêmeas magras poderão receber quantidades superiores a estas para recuperar seu estado físico normal. Como as marrãs possuem uma necessidade adicional de crescimento, deverão receber de 2 a 2,5 kg de ração de gestação, nesse mesmo período, adaptando-se a quantidade ao estado físico do animal. O ideal é que a marrã ganhe de 3 a 5 mm de espessura de toucinho, durante sua primeira gestação, passando de 18 - 20 mm ( por ocasião da cobertura ) a 23 mm ( por ocasião 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 16 do primeiro parto ). É importante saber que são necessários 0,220 kg de ração de gestação a mais por dia, para aumentar 1 mm de gordura no ponto P2. No terço final da gestação, ou seja, nos últimos 30 dias antes do parto, podemos optar por três formas de manejo alimentar : Aumentar a quantidade de ração de gestação ( 3 kg / dia nas porcas e 3,5 kg / dia nas marrãs ). O inconveniente desta prática, é que pesquisam demonstram que o aumento no consumo na fase de gestação, diminui o consumo na fase de lactação. Passar a administrar a ração de Lactação, na proporção de 2,0 kg / dia nas porcas e 2,5 kg / dia nas marrãs. Estas quantidades podem ser alteradas de acordo com o estado físico dos animais. O inconveniente desta prática é que o uso por tempo prolongado da ração de lactação antes do parto, pode aumentar a incidência de falta de leite nas porcas após o parto. Este fato não é observado em todas as granjas, porém em algumas pode afetar até 10% das fêmeasparidas. A causa parece estar relacionada a uma produção precoce de leite, devido ao maior teor de proteína da ração de Lactação. Passar a usar ração Pré Parto, na proporção de 2,5 kg/dia nas porcas e 3,0 kg/dia nas marrãs. Trata-se de uma ração com níveis nutricionais intermediários entre as de Gestação e Lactação, o que parece resolver na prática os inconvenientes anteriormente citados. As características nutricionais desta ração são : Proteína Bruta 16 a 16,5 % Lisina 0,85 ( mínimo ) Energia Metabolizável 3100 kcal Cálcio 0,8 a 0,9 % ( máximo ) Fósforo Disponível 0,40 a 0,45 ( mínimo ) Fibra 3 % ( mínimo ) Outros fatores que afetam os resultados reprodutivos Micotoxinas : concentrações de Zearalenona superiores a 30 ppm, nos primeiros 21 dias de gestação, podem causar mortalidade embrionária. Temperatura : temperaturas acima de 30 graus celcius, acompanhadas de pouca ventilação, podem aumentar a morte de embriões nos primeiros 25 dias de gestação. Este fator é responsável pelas chamadas infertilidades estacionais, que são mais evidentes no final do verão e começo do outono. Período de lactação : períodos de lactação inferiores a 10 dias estão relacionados com uma maior mortalidade embrionária, devido ao pouco tempo para a recuperação do útero após o parto. Doenças : qualquer doença que cause elevação da temperatura corporal, pode causar mortalidade embrionária, nos primeiros 30 dias de gestação. A NUTRIÇÃO DAS MARRÃS E DAS PORCAS DURANTE A LACTAÇÃO 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 17 Os objetivos de um programa nutricional para fêmeas modernas durante a fase de lactação são de não perder peso corporal em demasia, permitir um rápido retorno ao cio e possibilitar uma boa performance no próximo parto. O grande problema das fêmeas modernas é que elas não conseguem comer as quantidades de ração suficientes para não perder peso corporal e poder alimentar suficientemente seus leitões. Para se ter uma idéia, uma fêmea moderna que pare de 10 a 12 leitões, produz em média 10 litros de leite diários, dos 7 aos 20 dias de lactação. Para atender a esta produção, uma fêmea deveria consumir aproximadamente 8 kg de ração por dia. Como os consumos convencionais, sob condições normais, variam de 5 a 6 kg por dia, as fêmeas completam a diferença usando suas reservas corporais. As fêmeas modernas possuam um menor apetite e uma menor capacidade estomacal, o que dificulta a ingestão de ração, mesmo em condições normais de temperatura ambiental. Quanto menor é a ingestão de ração, maior é a perda de peso corporal. A perda progressiva de peso corporal afeta a reprodução das fêmeas. Podemos verificar que tanto maior é a perda de peso, menor é o número de fêmeas que entram no cio nos primeiros 7 dias após o desmame. Este fato está relacionado a uma atrofia progressiva do ovário e à diminuição do colesterol na corrente sangüínea, que é um nutriente fundamental para a síntese dos hormônios esteróides. Estas perdas de peso e gordura corporal são principalmente importantes nas fêmeas primiparas, pois além de comerem quantidades de ração menores que as porcas, ainda possuem a agravante de estar em fase de crescimento ( até 1,5 a 2 anos de idade ) e de terem portanto, necessidades adicionais de alimento. As conseqüências da má alimentação de uma leitoa na primeira gestação e lactação, são mostradas na figura 8. Como sabemos, o número de leitões produzidos é crescente de um parto para outro, até o sexto / oitavo parto. Porém, em muitas propriedades, o número de leitões produzidos no segundo parto é menor do que no primeiro. O manejo da alimentação de fêmeas em lactação O “primeiro passo” é conhecer o estado nutricional das porcas da granja, para saber qual medida tomaremos a seguir. Esta avaliação pode ser feita visualmente, de acordo com a figura 2, ou através do auxílio de um aparelho que meça a espessura de toucinho. Em ambos os casos temos que determinar o percentual de fêmeas magras ou demasiadamente gordas na propriedades. O ideal é chegar a 0% em ambos os casos, o que é perfeitamente possível com uma nutrição adequada. Determinado o estado nutricional das fêmeas, o “segundo passo” é medir o Consumo Médio Diário das fêmeas em lactação. É importante saber se elas estão consumindo 4,5 ou 6 kg de ração por dia, pois a quantidade consumida é a base de nossas decisões futuras. Um método simples para saber o consumo médio, é ver quanto foi gasto de ração de lactação numa determinada sala de parto e dividir pelo número de fêmeas existentes. A experiência de campo mostra que não devemos confiar nos números fornecidos pelos funcionários e que devemos fazer pessoalmente esta medição. O “terceiro passo” é o de determinar quais os fatores que afetam o consumo voluntário de ração numa propriedade. Cada granja pode ter um problema diferente dos demais, o que torna necessário o levantamento específico de cada propriedade. Os principais fatores são os seguintes: RAÇA TAMANHO DA LEITEGADA: Quanto maior é a leitegada, maior é a produção de leite e maior é o consumo de ração. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 18 ORDEM DO PARTO: A medida que a fêmea fica mais velha, a tendência é que aumente o seu consumo de ração, conforme podemos verificar pelo trabalho de Lima et al ( 1990 ), na tabela 16. SEMANA DE LACTAÇÃO: A medida que progride a lactação, a tendência é a de um maior consumo de ração TEMPERATURA AMBIENTAL: É sem dúvida um dos fatores mais importantes que causam a redução no consumo de ração. Como sabemos, a temperatura ideal para as porcas é de 18 a 20ºC. Temperaturas acima desta faixa ideal ocasionam drásticas quedas no consumo de ração, com as consequentes quedas na produção do leite e no peso corporal. CONSUMO DE ÁGUA: Quanto menor o consumo de água, menor é o consumo de ração. Libbrandt ( 1989 ) estudou os efeitos da redução da vazão em bebedouros de porcas, sobre o consumo de ração nas 3 primeiras semanas de lactação. Os bebedouros foram calibrados para apresentar uma vazão de 70 ou 700 ml por minuto. A redução na vazão causou uma queda no consumo de ração na ordem de 13,0 ; 14,7 e 16,6% respectivamente, nas 3 primeiras semanas de lactação. Como consequência as porcas sob restrição de água, perderam 3 vezes mais peso ao longo dos 21 dias de lactação. Sugestões para melhorar o consumo de ração, durante a fase de lactação, durante a fase de lactação, durante os períodos de calor excessivo Usar escamoteadores para leitões ao invés de lâmpadas de aquecimento na baia. A temperatura ideal para os leitões deve ser de 34 a 37ºC na primeira semana e diminuir de 1 a 2ºC nas semanas seguintes. Esta temperatura, porém, é muito alta para as porcas. Por este motivo, as lâmpadas de aquecimento devem estar localizadas dentro do escamoteador e não soltas na baia, aumentando a temperatura da porca. Fornecer ração molhada e aumentar a frequência da alimentação. As porcas consomem 12% mais ração sob a forma de molhada, do que ração seca ( O´Grady e Lynch, 1981 ). O aumento da frequência para 4 vezes ao dia, também estimula o consumo. Usar comedouros semi-automáticos. O uso destes comedouros permite um acesso a vontade a ração, estimulando o consumo noturno, quando as temperaturas são mais amenas. Uso de gotejadores de água, em casos de calor extremo. Este uso é limitado a casos de temperatura excessiva, caso contrário, molham e aumentam a umidade da maternidade, favorecendo o aparecimento de diarréia nos leitões. Outras maneiras de diminuir a temperatura interna dos galpões são as de usar aspersores de água sobre o telhado,pintar os telhados com tinta branca reflexiva, usar ventiladores e plantar grama em volta aos prédios para evitar a reflexão do sol. Ter disponibilidade constante de água fresca em quantidades e qualidade, pois as porcas perdem calor através da respiração e por convecção, já que não possuem glândulas sudoríparas. A ingestão de água é um dos meios mais eficientes para diminuir sua temperatura corporal. Uma das principais técnicas que dispomos para permitir um adequado consumo de água, é o sistema de bebedouros em cochos, abastecidos automaticamente por gravidade pelo princípio dos Vasos Comunicantes. Este sistema evita a preocupação com o entupimento ou problemas de pressão, tão comuns nos bebedouros tipo chupeta ou taça. Caso os bebedouros da granja forem de tipo chupeta ou taça, o criador deve dar toda atenção ao fluxo de água que sai dos mesmos. O fluxo correto para porcas em lactação é de 2 a 3 litros por minuto. 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 19 Aumentar a densidade calórica da ração de lactação. O aumento da densidade calórica possui ainda as vantagens de reduzir as possibilidades das exigências não serem atendidas devido a diminuição do consumo, de alterar a composição do leite ( mais gordura ) e de melhorar o desempenho dos leitões. Necessidades nutricionais de uma porca em lactação As necessidades nutricionais de uma porca em lactação são duas a 3 vezes maiores do que durante a gestação. É que uma porca de alta produção de leite, pode atingir de 9 a 10 litros de leite por dia, no seu pico de lactação. Este leite é composto por 81,2% de água, 6,8% de gordura, 5,0% de proteína, 5,5% de lactose e 1% de cinzas ( Larson et al, 1985 ). Isso quer dizer, que numa fase de alta produção esta porca pode produzir 570g de gordura e 440g de proteína, por dia. Estas quantidades devem ser repostas diariamente pela alimentação, caso contrário, a porca retira esses nutrientes de seu próprio organismo. EXIGÊNCIAS DE PROTEÍNA DURANTE A LACTAÇÃO Uma porca em lactação secreta de 400 a 500 g de proteína diáriamente através de seu leite. Isto quer dizer que em 8 a 10 dias de lactação ela secreta a mesma quantidade de proteína que ela deposita para desenvolver os leitões em todos os 114 dias de sua gestação. O consumo de quantidade insuficientes de Proteína durante a lactação afeta adversamente a reprodução das porcas. Mullan and Willians ( 1988 ) demostraram que um baixo consumo de proteína na lactação, pode causar uma diminuição no número de porcas que entram no cio nos primeiros sete dias após o desmame. Stahly et al ( 1990 ) mostrou que o melhor nível de Lisina para porcas modernas de alta capacidade leiteira é de 0,92%. O teor de Proteína da ração de Lactação, porém, não poderá ser excessivo (acima de 18 %), principalmente no verão, para não produzir um excesso de calor metábolico durante a digestão. EXIGÊNCIAS DE ENERGIA DURANTE A LACTAÇÃO As exigências de energia de uma porca durante a lactação dependem das suas reservas corporais, de seu peso, do número de leitões lactantes, da sua capacidade leiteira e do seu consumo de ração. As fêmeas modernas conseguem manter a sua produção de leite, apesar do consumo insuficiente de ração, devido à capacidade de utilizar as suas reservas corporais de gordura. Características nutricionais da ração de lactação Brendemuhl et al ( 1987 ) mostrou em seu trabalho que os melhores resultados de uma ração de lactação foram obtidos quando se usaram altos níveis de proteína e energia, como podemos verificar na Figura 12. Atualmente recomendam-se os seguintes níveis nutricionais para uma ração de Lactação, para um consumo mínimo de 5 kg / dia, elaborada a base de Milho e Soja: Proteína bruta 17,5 % Lisina 0,9 a 1,1 % ( mínimo ) Energia Metabolizável Suínos 3250 a 3300 kcal http://www.megaagro.com.br/suinos/art_lactacao.asp#top http://www.megaagro.com.br/suinos/art_lactacao.asp#top 73º Semana do Fazendeiro – UFV Curso: Manejo e nutrição da fêmea suína 20 Cálcio 0,8 a 0,9 % ( máximo ) Fósforo Disponível 0,45 % Fibra 3 % ( mínimo) A quantidade de ração de lactação a ser fornecida diariamente é a maior possível, ou seja, dar à vontade, certificando-se de que seja no mínimo 5 kg por dia. Bibliografia consultada HAWTON, J. D., MEADE, R. J. 1971 Influence of quantity and quality of protein fed the gravid female on reproductive performance and development of offspring in swine. J. Anim. Sci., 32(1):88 - 91 HOLDEN, P. J., LUCAS, E. W., SPEER, V. C. et al. 1968. Effect of protein level during pregnancy and lactation on reproductive performance in swine. J. Anim. Sci., 27(6):1587— 1590 MAHAN, D. C. 1998. Relationship of gestation protein and feed intake level over a five-parity period using a high-producing 50W genotype. J. Anim. Sci., 76(2): 533 —541 MAHAN, D. C. 1977. Effect of feeding various gestation and lactation dietary protein sequences on long-term reproductive performance in swine. J. Anim. Sci.,45(5): 1061 — 1072 UFV - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. 2000. S.A.E.G. (Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas). Viçosa, MG (Versão 8.0) IRGANG, R.; NICOLAIEWSKY, S. 1977. Determinação do desempenho reprodutivo de fêmeas da raça Large White, puras de origem, registradas no Pig Book brasileiro. II - Produtividade das fêmeas. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 6(2):238-251.
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