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SUINOCULTURA E 
AVICULTURA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Simone Fernanda Nedel Pertile 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em momento anterior, vimos o cenário econômico da produção de suínos 
no Brasil, o melhoramento genético de suínos, os sistemas de produção e as 
edificações utilizadas nas granjas produtoras de suínos. Nesta etapa, veremos 
os principais equipamentos utilizados na suinocultura, bem como os principais 
manejos nas fases de maternidade, creche, crescimento, terminação e abate. 
Assim, nossa missão é entender a importância de se fornecer condições 
ambientais adequadas para os suínos, além de aprender quais são os principais 
manejos entre o nascimento e o abate dos suínos, como e quando estes devem 
ser realizados. Dessa forma, serão abordados aspectos gerais e práticos sobre 
o assunto. 
TEMA 1 – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM SUINOCULTURA 
1.1 Bem-estar animal 
É fundamental relembramos o conceito de bem-estar animal antes de 
conhecermos os principais equipamentos e manejos utilizados em suinocultura, 
pois para cada fase de produção as necessidades ambientais dos animais 
devem ser atendidas, a fim de termos excelentes resultados de desempenho dos 
animais e para proporcionar um ambiente de conforto a estes. Além disso, há 
muita discussão em relação à criação de animais em ambientes fechados e 
restritivos, como é o caso das gaiolas de gestação e maternidade. Dessa forma, 
conforme descrito por Rohr, Dalla Costa e Dalla Costa (2016), para considerar 
que os animais estão em uma situação de bem-estar, devem ser atendidas as 
seguintes liberdades: 
1. livres fome e sede – a alimentação e a água devem ser em quantidade 
e qualidade ideais para cada espécie. A competitividade durante a 
alimentação deverá ser minimizada pela oferta de espaço suficiente em 
comedouros e bebedouros; 
2. livres de desconforto – o ambiente deve ser projetado considerando-se 
as necessidades dos suínos, de forma que ocorra a prevenção de 
estresse físicos e térmicos, incluindo um abrigo e uma confortável área de 
descanso; 
 
 
3 
3. livres de dor, injúria e doenças – deve ser feita a prevenção das 
doenças, e quando necessário, o diagnóstico e tratamento devem ser 
rápidos; 
4. livres de medo e angústia – o manejo dos suínos deve feito de forma 
que minimize o estresse dos animais; 
5. livres para expressar seu comportamento normal – deve ser oferecido 
espaço suficiente, instalações apropriadas e companhia de animais da 
mesma espécie. 
Os suínos são animais homeotérmicos, ou seja, são capazes de regular 
a temperatura corporal. Apesar disso, os suínos recém-nascidos têm dificuldade 
de regular a temperatura corporal e, por isso, precisam de temperaturas 
ambientais mais altas, o que é minimizado conforme vão crescendo. Assim, cada 
fase tem uma temperatura ambiente ideal (Tabela 1). 
Apesar do intervalo de temperatura considerado como ideal para cada 
fase, quando a temperatura ambiente excede esses limites, os animais 
conseguem regular a temperatura corporal pelos mecanismos de homeostase, 
os quais são eficientes somente quando a temperatura ambiente está dentro dos 
limites críticos para cada fase. Nesse sentido, a escolha do local em que serão 
construídos os galpões e as características destes, conforme vimos 
anteriormente, são muito importantes. Além disso, podem ser utilizados diversos 
equipamentos para a manutenção da temperatura e unidade relativa do ar dentro 
dos galpões com o objetivo de proporcionar um ambiente de conforto para os 
animais, de modo a possibilitar que estes estejam em bem-estar e tenham bons 
índices produtivos (Fávero, 2003). É importante destacar que os suínos não são 
eficientes na perda de calor pela sudorese, utilizando principalmente o aumento 
da taxa respiratória e as mudanças comportamentais quando a temperatura 
ambiente está fora da zona de conforto térmico de cada fase (Oliveira, 2015). 
 
 
 
4 
Tabela 1 – Zona de conforto térmico, temperaturas críticas inferior e superior de 
suínos em diferentes fases e estados fisiológicos 
 
 
Temperatura (°C) 
Categoria Conforto Crítica inferior Crítica superior 
 Recém-nascidos 32-34 – – 
Leitões Até a desmama 29-31 21 36 
Desmamados 22-26 17 27 
 Crescimento 18-20 15 26 
 Terminação 12-21 12 26 
Gestantes 16-19 10 24 
Fêmeas Lactação 15-18 7 23 
 Vazia 17-21 10 25 
 Machos 17-21 10 25 
Fonte: Elaborada por Pertile, 2022 com base em Perdomo et al., 1985. 
1.2 Sistemas de resfriamento 
Os sistemas para resfriamento e aquecimento dos galpões de suínos são 
indispensáveis para que as condições ideais de temperatura e umidade sejam 
atendidas para esses animais. Além disso, a ventilação é fundamental para que 
sejam retirados das instalações gases que podem ser nocivos a eles. No Brasil, 
os galpões de suínos têm aberturas nas laterais, o que possibilita o 
aproveitamento da ventilação natural, conforme vimos em momento anterior. 
 A ventilação é um meio eficiente para proporcionar conforto térmico aos 
animais, pois auxilia na perda de calor por convecção, o que é muito importante 
para suínos em crescimento e adultos, para os quais a temperatura ambiente 
deve estar entre 12 e 21 °C, sendo indesejável para animais recém-nascidos 
(Piffer; Perdomo; Sobestiansky, 2008). A ventilação natural é devida ao 
movimento normal do ar, ocorrendo por diferenças de pressão causadas pela 
ação do vento ou por diferenças de temperatura (Abreu, 2003). 
A ventilação artificial é feita com o uso de equipamentos como 
ventiladores e exaustores, e deve ser utilizada sempre que as condições naturais 
de ventilação não proporcionarem movimentação adequada do ar ou quando a 
temperatura no interior do galpão está acima da zona de conforto dos suínos 
(Tolon; Nääs, 2005). Os sistemas de ventilação artificial que podem ser utilizados 
são a pressão negativa ou exaustão, e a pressão positiva ou pressurização. 
No sistema de pressão negativa ou exaustão, o ar é forçado por meio de 
dentro para fora do galpão por exaustores, criando um vácuo parcial dentro da 
 
 
5 
instalação. Assim, a diferença de pressão do ar criada entre o lado de dentro e 
do lado de fora faz com que o ar do lado externo entre no galpão. Já no sistema 
de pressão positiva ou pressurização, o ar é forçado, por meio de ventiladores, 
de fora para dentro do galpão pelas aberturas laterais do galpão. Assim, o 
gradiente de pressão do ar é de fora para dentro da instalação (Abreu, 2003). 
Para aumentar a umidade relativa do ar, principalmente se está abaixo da 
zona de conforto dos animais, são recomendados o uso de sistemas como 
nebulização ou painéis evaporativos. Esses sistemas são mais eficientes quando 
menor for a umidade relativa do ar. No sistema de nebulização, podem ser 
instaladas linhas de bicos de aspersores instalados no forro do galpão, os quais 
são utilizados em associação com os ventiladores ou exaustores. Outro sistema 
é o resfriamento evaporativo do ar, em que são utilizadas placas evaporativas, 
conhecidas também por padcooling, as quais possibilitam um maior resfriamento 
do ambiente e um aumento da umidade relativa do ar (Oliveira, 2015). 
1.3 Sistemas de aquecimento 
O aquecimento dos galpões de suínos é fundamental nas fases iniciais, 
mas é indispensável para todas as fases quando a temperatura ambiente está 
abaixo da zona de conforto térmico dos animais. Dessa forma, os equipamentos 
utilizados para a elevação e manutenção da temperatura de dentro dos galpões 
são as cortinas, os forros e os aquecedores (Associação Brasileira de Criadores 
de Suínos – ABCS, 2011). 
Os forros são utilizados tanto para o frio quanto para o calor. Nos dias 
mais quentes, sua função é diminuir o calor irradiado do telhado para o interior 
do galpão, formando um bolsão de ar entre o forro e o telhado. Apesar disso, o 
forro também auxilia nos dias mais frios, favorecendo o aquecimento dentro dos 
galpões (ABCS, 2011).As cortinas são utilizadas em todas as fases, mas principalmente na 
maternidade e creche, e tem como função proteger os animais na incidência 
direta do vento e do sol, sendo o fechamento de baixo para cima. Além disso, a 
regulagem das cortinas deve ser constante e dinâmica, buscando as condições 
de conforto térmico dos animais (ABCS, 2011). 
O aquecimento é fundamental para leitões nas fases de maternidade e 
creche, sendo utilizados para isso equipamentos como lâmpadas, lenha, biogás, 
gás, tapetes e pisos aquecidos. Nesse caso, a fase maternidade é a mais crítica, 
 
 
6 
em razão da diferença de temperatura de conformo das fêmeas em lactação e 
dos leitões. Assim, pode-se fazer uso de baias de maternidade com um local 
específico para os leitões, o qual recebe o nome de “escamoteador”, no qual os 
leitões recebem uma fonte de calor. Mesmo nas baias em que não há um 
escamoteador, pode ser utilizada uma fonte de calor em um local da baia em 
que somente os leitões têm acesso (Figura 1). Ainda, a fonte de calor utilizada 
pode ser uma campânula, um tapete térmico ou um piso térmico (Bierhals; 
Magnabosco, 2014; ABCS, 2011). 
Figura 1 – Leitões com fonte de calor e bebedouro tipo concha 
 
Crédito: Oleksandr/Adobe Stock. 
Na fase de creche, o aquecimento pode ser realizado pela circulação de 
ar aquecido ou pela utilização de campânulas à base de energia elétrica ou gás, 
com lâmpadas infravermelhas ou resistências (ABCS, 2011). 
1.4 Bebedouros e comedouros 
A água deve ser fornecida à vontade, em temperatura entre 12 e 18°C, 
tratada e livre de patógenos. O fornecimento de água para os suínos é feito 
principalmente por bebedouros automáticos do tipo chupeta, que pode ser fixo 
(Figura 2 e 3) ou pendular, podendo ser feito também por bebedouro tipo taça 
 
 
7 
ou concha (Figura 4). A altura dos bebedouros deve ser regulada conforme o 
tamanho dos suínos, sendo recomendado que os bebedouros fixos na parede 
estejam um pouco acima do dorso dos animais e o pendular na altura da boca 
dos suínos. Para leitões, os bebedouros do tipo chupeta devem ser instalados 
entre cinco e sete centímetros acima do dorso desses animais. A recomendação 
para os bebedouros do tipo concha ou taça é que seja realizada sua limpeza 
várias vezes ao dia, pois os suínos podem urinar ou defecar dentro deles, além 
de poder acumular outras sujidades nos bebedouros, levando à diminuição no 
consumo de água pelos animais (ABCS, 2011). 
Figura 2 – Bebedouro para suínos tipo chupeta fixa 
 
Crédito: Krumanop/Adobe Stock. 
https://stock.adobe.com/br/contributor/206905290/krumanop?load_type=author&prev_url=detail
 
 
8 
Figura 3 – Bebedouro para suínos tipo chupeta fixa com duas alturas 
 
Crédito: Kadmy /Adobe Stock. 
Figura 4 – Bebedouro para suínos tipo concha ou taça 
 
Crédito: Nattaro/Adobe Stock. 
Os tipos de comedouros utilizados para suínos dependem da fase de 
produção, do sistema de produção, do nível de tecnologia da granja e de como 
 
 
9 
a ração é fornecida aos animais. Os tipos de comedouros de suínos podem ser 
manuais ou automáticos. Nos comedouros automáticos (Figura 5), a ração pode 
ficar disponível o dia todo, o que é recomendado para suínos com peso até 
80 kg. Os comedouros manuais utilizados para suínos são o linear (Figura 6 e 
7), e o comedouro específico para leitões (Figura 8), o qual pode ser utilizado 
ainda na sala de maternidade, para estimular o consumo de ração (ABCS, 2011). 
Além dos diversos tipos de comedouros, a ração também pode ser 
fornecida de diferentes formas, como peletizada ou misturada com água. 
Quando a ração é misturada com água, podem ser obtidas as formas líquida e 
pastosa, sendo a proporção de água e alimento de 2:1 e 1:1, respectivamente. 
Independentemente de como a ração é fornecida aos animais, é ainda 
indispensável o fornecimento de água por meio dos bebedouros (Penz Júnior; 
Viola, 2008). 
Figura 5 – Comedouro automático para suínos 
 
Crédito: Tatty/Adobe Stock. 
https://stock.adobe.com/br/contributor/200780954/tatty?load_type=author&prev_url=detail
 
 
10 
Figura 6 – Comedouro linear fixo para suínos 
 
Crédito: Vladimir Mucibabic/Adobe Stock. 
Figura 7 – Comedouro linear automático para suínos 
 
Crédito: Markobe/Adobe Stock. 
https://stock.adobe.com/br/contributor/57328/vladimir-mucibabic?load_type=author&prev_url=detail
https://stock.adobe.com/br/contributor/204762588/markobe?load_type=author&prev_url=detail
 
 
11 
Figura 8 – Comedouro manual para leitões 
 
Crédito: Xiaoliangge/Adobe Stock. 
TEMA 2 – FASE DE MATERNIDADE 
2.1 Baias de parição e manejo das matrizes na maternidade 
As baias de parição podem ser convencionais, cujo tamanho médio é de 
6 m²; ou celas parideiras, que tem um tamanho menor, por volta de 3,96 m². As 
baias de parição devem ser equipadas com estruturas para evitar o 
esmagamento dos leitões, como barras de ferro, além de equipamentos de 
conforto térmico para os animais, como uma fonte de calor para os leitões, que 
pode feito pelo uso no escamoteador com uma fonte de aquecimento, ou apenas 
uma fonte de aquecimento fornecida aos leitões; e até mesmo equipamentos de 
resfriamento para as matrizes (Fávero, 2003). O uso do escamoteador leva a 
uma maior proteção dos leitões, por evitar o esmagamento destes, e 
adicionalmente, é um ambiente com fonte de calor e luz, e que deve ser mantido 
limpo e seco, para melhor aceitação dos leitões (ABCS, 2011). 
A fase de maternidade tem grande importância por fornecer aos leitões 
condições adequadas para que estes tenham um desempenho satisfatório nas 
fases de crescimento e terminação. Além disso, é indispensável ter cuidados 
https://stock.adobe.com/br/contributor/201031416/xiaoliangge?load_type=author&prev_url=detail
 
 
12 
adequados com as matrizes, para que estas forneçam a quantidade adequada 
de leite para os leitões, e para que estejam preparadas para a próxima gestação. 
Esses cuidados também são fundamentais para que as matrizes tenham um bom 
desempenho reprodutivo ao longo da vida. O período de gestação dos suínos, 
em média, é de 114 dias, podendo ocorrer variações, como a antecipação de 
partos nas fêmeas primíparas, ou atrasos nas fêmeas multíparas (ABCS, 2011). 
O manejo da fase de maternidade começa com a transferência das 
fêmeas para a sala de maternidade. Assim, quando as fêmeas estiverem com 
aproximadamente 107 dias de gestação, ou seja, uma semana antes do parto, 
estas devem ser transferidas para a sala de maternidade, para se adaptarem ao 
ambiente. Antes da transferência, é importante preparar essa sala; as baias de 
maternidade devem ser limpas e desinfectadas antes da entrada das fêmeas. 
Além disso, os cuidados na transferência devem incluir um banho utilizando 
detergente neutro e água abundante, a fim de retirar todos os resíduos de 
estercos presentes nos tetos, membros, patas e vulva. Nesse momento, também 
pode ser feita a administração de medicamentos antiparasitários, caso seja 
necessário. Outras recomendações incluem a realização da transferência de 
modo que evite o estresse dos animais, priorizando as horas mais frescas do dia 
e fazendo os procedimentos com calma. Esses cuidados têm relação direta com 
os índices de nascimento dos leitões, pois erros na transferência das fêmeas 
podem levar à ocorrência de abortos, partos prematuros, mortalidade de fêmeas 
e leitões natimortos (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Em relação a cuidados com a alimentação das fêmeas antes do parto, na 
sala de maternidade estas devem receber uma ração tipo “lactação”. Além disso, 
nos três dias que antecedem o parto, é recomendado que seja diminuída 
quantidade de ração fornecida para as fêmeas, pois isso levará à redução do 
volume de fezes, o que consequentemente vai proporcionar uma diminuição da 
contaminação nas baias de maternidade. Outro cuidado com a alimentação deve 
ocorrer no dia do parto, no qual as fêmeas nãodevem ser alimentadas, 
recebendo apenas água à vontade (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Além dos cuidados antes do parto, é fundamental conhecer os sinais de 
que o parto está próximo a acontecer e se está ocorrendo dentro do esperado, 
para que seja realizada uma intervenção, se necessário. O parto deve ocorrer 
em um ambiente limpo, calmo e com temperatura adequada, para evitar o 
estresse das fêmeas. Em 80% dos casos, os partos acontecem à noite, com 
 
 
13 
intervalo entre o nascimento dos leitões de 15 minutos, e duração em média de 
duas a quatro horas, variando até 12 horas (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 
2011). 
Os sinais de que o parto está próximo incluem edema vulvar, que ocorre 
quatro dias antes do parto; complexo mamário ingurgitado, que ocorre de 48 a 
24 horas antes do parto; secreção leitosa em gotas nos tetos, que ocorre em 
70% dos casos e 12 horas antes do parto; secreção leitosa dos tetos em jatos, 
que ocorre em 94% dos casos a seis horas antes do parto. Outros sinais do parto 
são a eliminação de uma secreção com consistência semelhante à urina, a qual 
indica a abertura da cérvix, e os movimentos da fêmea, visto que, em decorrência 
das contrações, ela se movimentará de forma a esticar e encolher os membros 
posteriores em direção ao abdômen, o que vai auxiliar na expulsão do feto 
(ABCS, 2011). 
O parto acontece com as fêmeas na posição de decúbito lateral. O 
nascimento dos leitões se inicia pela cabeça ou patas traseiras destes, podendo 
ocorrer expulsão de partes da placenta na parte intermediária do parto. Apesar 
disso, a maior parte da placenta é expulsa no final do parto, sendo este um sinal 
de que o parto está terminando. Entre os leitões que nascem sem vida, tem-se 
os natimortos, ou seja, que morreram pouco tempo antes do parto; e os 
mumificados, os quais morreram durante a gestação, e nascem com coloração 
escura, desidratados e com tamanho reduzido (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 
2011). 
2.2 Manejo inicial dos leitões 
Imediatamente após o nascimento de cada leitão, deve ser feito o manejo 
inicial. O primeiro manejo a ser realizado nos leitões é a retirada de líquido 
placentário, pois este pode estar obstruindo as vias respiratórias dos leitões, 
além da realização da reanimação destes com massagens torácicas, sempre 
que necessário. Nesse momento, também deve ser feita a secagem da cabeça 
do leitão com papel toalha, seguido da secagem do corpo, que pode ser 
realizado com papel toalha, pó secante (Figura 9) ou maravalha (Silva Júnior; 
Leite, 2020; ABCS, 2011). 
 
 
14 
Figura 9 – Método de secagem do leitão utilizando pó secante 
 
Crédito: Cesar Machado/Adobe Stock. 
O segundo procedimento realizado é o corte e desinfecção do cordão 
umbilical. Para isso, deve ser utilizado um barbante de algodão esterilizado em 
iodo a 10% para amarrar o cordão umbilical, a uma distância de mais ou menos 
3 a 4 cm da barriga do leitão. Para o corte, deve ser utilizada uma tesoura 
desinfetada, e o corte do umbigo deve ser feito logo abaixo da amarração, 
ficando o coto umbilical em torno de 4 a 5 cm. O próximo passo é a desinfecção 
do umbigo, a qual é realizada por intermédio da imersão deste em solução de 
iodo por cinco segundos, em um frasco com abertura suficiente para a imersão 
total do umbigo até a sua base (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Após isso, o leitão deve realizar a primeira mamada, a qual deve ser 
acompanhada e auxiliada (Figura 10), quando necessário. A necessidade desse 
manejo acontecer o mais próximo possível do nascimento porque, nas primeiras 
24 horas após o parto, o leite produzido recebe o nome de “colostro”, tem alta 
digestibilidade e os nutrientes e anticorpos necessários para os leitões. 
Os leitões nascem praticamente sem imunidade, em razão da estrutura 
tecidual da placenta suína não possibilitar a transferência de anticorpos da matriz 
para os leitões, além destes nascerem com o sistema imune não desenvolvido. 
Assim, os leitões devem ingerir a máxima quantidade de colostro até seis ou oito 
https://stock.adobe.com/br/contributor/207052087/cesar-machado?load_type=author&prev_url=detail
 
 
15 
horas após o parto, pois no período até seis horas após o parto há uma maior 
concentração de imunoglobulinas no colostro. Além disso, o epitélio intestinal 
dos leitões diminui a capacidade de absorção das imunoglobulinas 24 a 36 horas 
após o nascimento (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Caso a fêmea não produza colostro suficiente, é necessário transferi-los 
para o outra fêmea recém-parida ou utilizar o colostro artificial. É recomendado 
nas leitegadas grandes marcar os leitões após a mamada do colostro, e no caso 
de ter escamoteador na baia, é possível fechar os leitões que nasceram primeiro 
nesse local, logo após a primeira mamada. Assim, eles vão se acostumar a usar 
o escamoteador e isso facilitará o manejo dos leitões que nascerem na parte 
final do parto (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Figura 10 – Auxílio aos leitões que estão com dificuldade de mamar 
 
Crédito: Cesar Machado/Adobe Stock. 
O fornecimento de uma fonte de calor para os leitões, seja dentro do 
escamoteador ou na própria baia de maternidade (Figura 11), quando não há o 
escamoteador, é fundamental para os leitões, em razão da temperatura de 
conforto destes ser maior do que da matriz, para a qual a temperatura de conforto 
varia entre 15 e 18°C. A temperatura de conforto dos leitões é em torno de 34°C 
quando estes são recém-nascidos, e esta vai reduzindo gradativamente até 28°C 
na terceira semana de vida, quando geralmente é feito o desmame. Em 
https://stock.adobe.com/br/contributor/207052087/cesar-machado?load_type=author&prev_url=detail
 
 
16 
decorrência da grande importância da temperatura ambiente para os leitões, é 
fundamental que esta seja verificada com frequência, tanto na baia de parição 
como no escamoteador. 
É importante sempre observar o comportamento dos animais em relação 
às condições ambientais, e no caso dos leitões, isso pode ser avaliado dentro do 
escamoteador, pois quando a fonte de calor está adequada, eles usam o 
escamoteador e ficam distribuídos dentro deste, sem amontoamentos, visto que 
os amontoamentos podem ser indicativos de que a fonte de calor não é 
suficiente; em contrapartida, o não uso do escamoteador pode ser indicativo de 
que está muito calor dentro deste. Assim, o treinamento dos leitões para usar o 
escamoteador, no qual estes são conduzidos para entrar no escamoteador, é 
fundamental (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Figura 11 – Baia de maternidade sem escamoteador e com fonte de calor em local 
seco para os leitões 
 
Crédito: LanaK/Adobe Stock. 
2.3 Manejo dos leitões na primeira semana 
Na primeira semana de vida dos leitões, podem ser realizados outros 
manejos como o corte da cauda, dos dentes e aplicação de ferro. O corte dos 
dentes deve ser realizado até 24 horas após o nascimento, sendo esse tempo 
https://stock.adobe.com/br/contributor/200652219/lanak?load_type=author&prev_url=detail
 
 
17 
recomendando para garantir que o leitão ingira uma boa quantidade de colostro 
antes do procedimento. O corte dos dentes pode ser feito por meio de um alicate 
ou do desgaste dos dentes, e tem por objetivo diminuir o número de lesões no 
aparelho mamário da fêmea, sendo que é muito importante evitar possíveis 
machucados nas gengivas e língua dos leitões. O desgaste dos dentes é um 
procedimento com menor risco de quebra de dentes, sendo importante evitar de 
deixar pontas, como pode ocorrer com maior frequência pelo uso do alicate para 
o corte (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
O corte da cauda é realizado pela retirada do último terço desta, devendo 
ser realizado no primeiro dia de vida com um equipamento que possibilite o corte 
e a cauterização dessa cauda ao mesmo tempo. Esse procedimento é realizado 
principalmente paraevitar o canibalismo nas fases de crescimento. Tanto o corte 
da cauda como dos dentes são procedimentos realizados para evitar 
comportamentos dos suínos que são associados à ausência de bem-estar. 
Dessa forma, é importante salientar que, em sistemas de produção baseados 
nas premissas de bem-estar animal, não são recomendados o corte dos dentes 
e da cauda, devendo ser utilizados manejos e instalações que diminuam o 
estresse dos animais (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Além disso, a legislação brasileira em vigor não recomenda o corte da 
cauda e dos dentes; apenas em algumas situações em especial é que esses 
manejos são recomendados. A Instrução Normativa n. 113 é o documento no 
qual estão descritas essas orientações, com as recomendações de que o corte 
da cauda deve ser evitado, podendo ser realizado, quando houver mutilação, 
apenas o terço final da cauda. Ainda, deve ser recomendado por médico 
veterinário e realizado por operadores capacitados, devem ser utilizados 
equipamentos de corte com devida manutenção e higienizados, seguido de 
cauterização, bem como deve ser realizado de modo que minimize qualquer dor 
e complicações posteriores para o animal, e, após três dias de idade dos 
animais, somente deve ser realizado com uso de anestesia e analgésicos para 
controle da dor. Além disso, por essa mesma normativa, é proibido o corte de 
dentes, sendo permitido o desgaste de presas dos cachaços somente quando 
necessário, desde que seja realizado por profissional capacitado e com 
anestesia e analgesia para controle da dor (Brasil, 2020). 
Em relação ao fornecimento de ferro, para leitões criados em 
confinamento, a anemia ferropriva é um problema, pois o leite materno fornece 
 
 
18 
apenas 10 a 20% das necessidades de diárias de ferro dos leitões. A anemia 
causa redução na taxa de crescimento, dificuldade respiratória e maior 
predisposição ao aparecimento de doenças. Assim, os leitões devem receber 
uma fonte de ferro, que pode ser injetável ou via oral, sendo o mais utilizado o 
ferro dextrano via intramuscular (no pescoço), no 2.º ou 3.º dia de vida (Silva 
Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Além desses manejos, é importante fazer a pesagem dos leitões na 
primeira semana de vida. Por meio da pesagem, é possível fazer a uniformização 
das leitegadas, que é importante principalmente para as leitegadas com maior 
número de leitões, e assim proporcionar a todos os leitões melhores condições 
para o desenvolvimento, diminuindo a competição entre leitões de tamanhos 
diferentes. A uniformização das leitegadas deve ser feita após a ingestão de 
colostro, preferencialmente até 24 horas após o nascimento (Silva Júnior; Leite, 
2020). 
Outro procedimento que deve ser realizado nos primeiros dias de vida dos 
leitões é a castração, um procedimento realizado para diminuir a presença de 
odor e sabor desagradáveis na carcaça dos suínos, os quais ocorrem em razão 
dos hormônios sexuais dos machos. Apesar de ser um procedimento que causa 
estresse aos animais quando é feito de forma cirúrgica, a castração melhora o 
bem-estar dos animais por diminuir a agressividade nos machos, diminuindo a 
chance de ocorrerem brigas nas baias de crescimento e terminação. Assim, a 
castração inibe o desenvolvimento sexual e a produção dos hormônios sexuais, 
evitando assim a deposição de substâncias (escatol e androsterona) que 
causam o sabor e odor desagradáveis na carne dos suínos (Silva Júnior; Leite, 
2020; ABCS, 2011). 
As formas de castração utilizadas nos suínos são cirúrgica, química ou 
imunológica. A castração cirúrgica deve ser feita, preferencialmente, em leitões 
entre 7 e 10 dias de idade. Para esse procedimento, deve ser realizada uma 
higienização da região escrotal com solução de iodo a 2%, seguido de um corte 
do saco escrotal na parte mais ventral, o que possibilitará a drenagem de líquidos 
de se acumulam após a castração. Após o procedimento, deve ser aplicada uma 
solução cicatrizante no corte cirúrgico (Silva Júnior; Leite, 2020). A castração 
cirúrgica de animais mais velhos deve ser feita somente com anestesia. 
Em relação à alimentação dos leitões nessa fase, pode ser feito o 
fornecimento de ração pré-inicial a partir do sexto dia de vida. Esse manejo é 
 
 
19 
muito importante para a adaptação dos leitões à alimentação que estes 
receberão após o desmame, auxiliando também no desenvolvimento do trato 
gastrointestinal. A ração pode ser fornecida de forma seca ou pastosa nessa fase 
(ABCS, 2011). 
TEMA 3 – FASE DE CRECHE 
3.1 Baias e manejos na fase de creche 
O desmame pode ser realizado entre 21 e 35 dias, sendo as idades mais 
recomendadas entre 21 e 28 dias. A escolha de quando desmamar os leitões 
está relacionada com a maximização do número de partos obtidos por fêmea no 
ano, de forma que não se tenha diminuição no número e peso de leitões 
desmamados (Mores et al., 2008). A fase da desmama é um período de grande 
estresse para os leitões, em razão de diversos fatores como a separação da mãe 
e de parte dos irmãos, troca de ambiente e de alimento, bem como problemas 
sociais em decorrência do agrupamento de diferentes leitegadas. Além disso, 
por conta da relação direta entre o desenvolvimento dos leitões nessa fase e nas 
fases seguintes, de crescimento e terminação, é fundamental que o que o leitão 
se adapte à creche o mais rápido possível, pois isso leva a uma diminuição no 
estresse e, consequentemente, redução do surgimento de doenças, levando a 
melhores índices de desempenho dos animais (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 
2011). 
Assim, antes da transferência dos leitões para a creche, é importante 
preparar a sala de creche, que deve estar limpa e higienizada, sendo importante 
regular os comedouros e bebedouros, além de verificar e fazer os ajustes 
necessários de temperatura e umidade (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
A uniformização dos animais por peso, tamanho e sexo deve ser feita no 
momento do desmame, para evitar brigas. 
Após a transferência dos animais, é muito importar verificar a alimentação 
dos animais e o consumo de água, pois estão diretamente relacionados com a 
adaptação dos animais nessa fase. Na fase de amamentação, o leitão ingere 
água pelo consumo do leite, por isso o estímulo para beber água na fase de 
creche é muito importante. Deve-se utilizar uma proporção de, no máximo, 10 
animais por bebedouro, e a altura deve estar ajustada para 3 a 5 cm acima do 
dorso dos leitões (ABCS, 2011). 
 
 
20 
O fornecimento de ração deve ser em pequenas porções, de seis a oito 
vezes por dia, a fim de estimular o consumo. Inicialmente, deve ser fornecida a 
mesma ração utilizada durante a amamentação, sendo recomendado o 
fornecimento na forma papinha (1:1 de proporção água e ração), o que melhora 
o consumo, a digestão e a absorção de nutrientes. Adicionalmente, podem ser 
utilizados cochos complementares para estimular o consumo, sendo 
fundamental que todos os animais consigam se alimentar ao mesmo tempo 
(Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Para a fase de creche, é recomendado o uso de baias coletivas com piso 
ripado ou parcialmente ripado, com 1/3 de piso compacto e 2/3 de piso ripado. 
No caso do piso parcialmente ripado, nesse local devem ser colocados os 
bebedouros, para que não ocorra o acúmulo de água nas baias, além de ser 
nesse local com piso ripado que os animais vão urinar e defecar. 
A declividade do piso recomendada é de 5%. A área mínima recomendada 
é de 0,30 a 0,35 m²/leitão. Lembrando que deve ser feito o uso das cortinas e 
sistemas de aquecimento para garantir o bem-estar dos leitões e evitar o 
acúmulo de gases nocivos no galpão, conforme vimos no início desta etapa 
(Fávero, 2003). 
Outro ponto crítico da fase de creche é a ambiência, sendo fundamental 
utilizar a ventilação, que está relacionada com a temperatura interna e com 
controle de gases (amônia) e da poeira, os quaispodem levar a irritações do 
trato gastrointestinal dos suínos. O manejo das cortinas oportuniza a renovação 
do ar quando estão totalmente ou parcialmente abertas, e quando fechadas 
evitam a entrada de correntes de ar frio, podendo ser utilizadas duas camadas 
de cortinas em regiões mais frias. Para o controle da temperatura, é importante 
utilizar equipamentos como termômetros, além de observar o comportamento 
dos animais, pois amontoamentos podem ser indicativos de que os animais 
estando sofrendo estresse pelo frio, enquanto leitões espalhados e ofegantes 
são indicativos de que os animais podem estar sofrendo estresse por calor (Silva 
Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Em decorrência do estresse dessa fase, é muito importante fornecer 
espaço adequado para os leitões, a fim de evitar brigas. Além disso, para 
diminuir o estresse dos animais nessa fase, também podem ser utilizados 
materiais para o enriquecimento ambiental, como correntes com tamanho 
compatível com os animais (Figura 12). Além disso, é recomendado que a 
 
 
21 
temperatura ambiente seja mantida em 26°C durante os primeiros 14 dias e 
próxima dos 24°C até a saída dos leitões da creche. Os leitões devem ser 
transferidos para a sala de crescimento com idade em torno de 63 a 65 dias, 
sempre considerando o peso destes (Silva Júnior; Leite, 2020; ABCS, 2011). 
Figura 12 – Enriquecimento ambiental com correntes para a fase de creche 
 
Crédito: Budimir Jevtic/Shutterstock. 
TEMA 4 – CRESCIMENTO, TERMINAÇÃO E MANEJO PRÉ-ABATE 
4.1 Manejo na fase de crescimento e terminação 
Após a saída da creche, os leitões são encaminhados para os locais em 
que permanecerão durante as fases de crescimento e terminação. A fase de 
crescimento, também chamada de “recria”, é definida pelo período desde a saída 
da creche, na qual os animais têm em torno de 18 a 25 kg de peso vivo, até que 
os animais atinjam metade do peso esperado para o abate, ou seja, em torno de 
50 a 60 kg de peso vivo. A terminação é o período seguinte, que se estende até 
que os animais atinjam o peso ao abate, que varia de 100 a 120 kg de peso vivo 
(ABCS, 2011). 
Da mesma forma que acontece para as outras fases, antes da entrada 
dos animais nas salas de crescimento e terminação é muito importante preparar 
 
 
22 
as instalações, principalmente considerando a variação de peso dos animais 
nessa fase. É nela que os animais são alojados principalmente em instalações 
fechadas, podendo estas serem equipadas como piso compacto, ripado ou 
parcialmente ripado, cama sobreposta e lâmina d’água (ABCS, 2011). 
Entre os pontos críticos nas fases de recria e terminação estão a 
temperatura ambiente, que deverá permanecer em torno de 22 a 23°C na 
entrada dos animais, e em 18°C quando os animais estiverem com peso 
adequado para o abate, e assim podem ser utilizados equipamentos como 
ventiladores, nebulizadores e cortinas. Outros pontos importantes são a limpeza 
das instalações, especialmente nas baias de piso compacto, que deve ser diária 
para diminuir o risco de doenças; o fornecimento de água de boa qualidade, à 
vontade e fresca e o correto manejo da alimentação (ABCS, 2011; Caramori 
Júnior, 2007). 
Na Tabela 2 a seguir, são apresentados níveis de nutrientes 
recomendados para as fases de crescimento e terminação. Nessas fases, os 
suínos recebem alimentação à vontade até atingirem entre 60 e 80 kg de peso 
vivo, e depois pode ser feito uma restrição alimentar, de acordo com o peso dos 
animais. Tanto os níveis de nutrientes quanto a quantidade de ração fornecida 
estão relacionados com as mudanças fisiológicas que acontecem nos animais 
nessas fases, assim como a obtenção de um peso ao abate mais uniforme. 
Assim, no início da fase de crescimento dos suínos ocorre uma grande 
deposição de tecido muscular, e a alimentação a vontade nessa fase tem por 
objetivo possibilitar que ocorra o máximo possível de deposição de carne. Após 
os suínos atingirem 70 kg de peso vivo, há uma diminuição na eficiência 
alimentar e uma maior deposição de gordura, e por isso, a partir dessa fase pode 
ser feita a restrição alimentar, a fim de evitar que os animais depositem muita 
gordura na carcaça, o que melhora a conversão alimentar, pois a deposição de 
gordura tem um alto custo metabólico para o animal. Dessa forma, a restrição 
alimentar oportuniza a obtenção de suínos com o mesmo peso ao abate com 
uma redução no consumo de ração de 15 a 20 kg durante a fase de terminação, 
ou seja, reduz os custos de produção e a quantidade de dejetos gerados (ABCS, 
2011; Caramori Júnior, 2007). 
 
 
23 
Tabela 2 – Níveis nutricionais recomendados nas fases de crescimento e 
terminação 
Nutrientes Crescimento Terminação 
Energia metabolizável (kcal/kg) 3.280,00 3.250,00 
Proteína bruta (%) 15,00 13,00 
Lisina (%) 0,85 0,72 
Metionina (%) 0,27 0,20 
Metionina + Cistina (%) 0,56 0,44 
Treonina (%) 0,60 0,46 
Triptofano (%) 0,16 0,13 
Cálcio (%) 0,72 0,50 
Fósforo total (%) 0,60 0,40 
Fósforo disponível (%) 0,28 0,19 
Sódio (%) 0,15 0,15 
Fonte: Elaborada por Pertile, 2022 com base em Fávero et al., 2003. 
Outro ponto importante nas fases de crescimento e terminação é separar 
os lotes por sexo, pois machos castrados depositam mais gordura na carcaça do 
que as fêmeas, e por isso precisam de restrição alimentar; pelo mesmo motivo, 
é recomendado formar lotes com o peso homogêneo. Além disso, é 
recomendado que sejam feitas pesagens dos animais para acompanhar o ganho 
de peso e identificar quando os animais atingirem o peso para a restrição 
alimentar (Caramori Júnior, 2007). 
Um manejo importante que pode ser realizado nessa fase é a castração. 
Conforme vimos nas seções anteriores, a castração tem por objetivo eliminar o 
odor e sabor desagradável da carne dos machos suínos inteiros, em razão do 
acúmulo de androsterona e de escatol na gordura dos suínos. Esse acúmulo 
ocorre por conta da ação de hormônios esteroides testiculares, os quais são 
secretados pelos machos sexualmente maduros. Assim, a castração é uma 
forma de inibir o desenvolvimento sexual, sendo que há basicamente três tipos 
de castração: a cirúrgica, a química e a imunocastração. Quando o método 
escolhido for a castração cirúrgica, a recomendação é que seja realizada na 
primeira semana de vida dos suínos, pois há um menor risco de infecções e 
hemorragias em razão da rápida cicatrização. Apesar disso, a castração é um 
processo bastante estressante para o animal, por isso surgiram novos métodos, 
como a castração imunológica (Teixeira; Tocchet, 2014; ABCS, 2011). 
A castração imunológica é feita pela aplicação de uma vacina anti-GnRF 
no macho suínos, com a qual são produzidos anticorpos GnRF, que neutralizam 
o GnRF (hormônio liberador de gonadotropinas) produzido pelos suínos. Com 
 
 
24 
isso, não ocorre a secreção dos hormônios esteroides testiculares, como o 
hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH), o que 
interrompe o crescimento testicular e cessa a produção de hormônios 
testiculares. O protocolo sugerido para essa vacina é composto por duas doses, 
sendo a primeira de oito a nove semanas antes do abate, e a segunda de quatro 
a cinco semanas após a primeira dose. Desse modo, quatro a cinco semanas 
após a segunda dose, o nível de odor de macho inteiro cai gradativamente a 
níveis mínimos, por isso é recomendado que os animais sejam abatidos nessa 
fase. Depois disso, o efeito da vacina diminui, e consequentemente a quantidade 
de odor de macho inteiro volta a subir. Em relação às características de carcaça, 
os animais castrados imunologicamente têm menores exigências nutricionais 
para ganhar a mesma quantidade de peso, menos gordura na carcaça e taxa de 
crescimento alta ao longo de toda a fase de crescimento. Assim, os animais 
imunologicamente castrados têm mais gordura na carcaça que os machos 
inteiros, e menos gordura do que os machos cirurgicamente castradosna 
primeira semana de vida (Teixeira; Tocchet, 2014). 
4.2 Manejo pré-abate 
O manejo pré-abate de suínos é composto por várias etapas, como o 
embarque dos animais, jejum, retirada dos animais das baias e condução destes 
até o caminhão, transporte, desembarque no abatedouro, período de descanso 
e condução até a insensibilização. O estresse dos animais nessa fase está 
diretamente relacionado com a qualidade da carne, assim, essas etapas devem 
ser conduzidas de acordo com um planejamento e de forma que minimize o 
estresse dos animais (Costa et al., 2014; ABCS, 2011). 
O jejum é caracterizado pela retirada dos alimentos sólidos (ração), 
mantendo o livre acesso à água. A realização do jejum está relacionada com o 
maior bem-estar dos animais, evitando vômitos e congestão durante o 
transporte; e com a menor ocorrência de contaminação das carcaças, em razão 
do extravasamento do líquido intestinal durante a evisceração. Além disso, 
facilita o processo de evisceração e uniformização da carne das carcaças, por 
conta das mudanças na concentração de glicogênio muscular no momento do 
abate. O período de jejum deve ser de 8 a 12 horas, não devendo ultrapassar 
um total de 24 horas, que inclui desde o início do período de jejum na granja até 
a insensibilização (Costa et al., 2014; ABCS, 2011; Ludke et al., 2010). 
 
 
25 
O planejamento do embarque dos animais é fundamental para evitar 
lesões, estresse e a morte dos animais. Assim, quando os animais forem 
retirados das baias, os corredores que dão acesso ao embarcadouro devem 
estar limpos e sem obstáculos, para evitar que os animais parem para explorar 
o local ou até mesmo que escorreguem e caiam, evitando lesões e agilizando o 
embarque. O embarque dos animais deve ser iniciado pelas baias mais próximas 
do embarcadouro, e deve acontecer em grupos de três a quatro animais, 
podendo ser utilizadas tábuas de manejo e chocalhos para evitar que os animais 
parem no corredor. Também podem ser realizados estímulos com a mão na 
região do flanco dos animais para incentivar e agilizar sua movimentação. A 
tábua de manejo tem como finalidade limitar ou bloquear a visão do suíno; como 
resultado, este se movimenta apenas para a frente, em direção ao embarcadouro 
(Costa et al., 2014; ABCS, 2011; Ludke et al., 2010). 
A fim de facilitar o embarque, outra recomendação é realizá-lo no período 
da noite, de forma que seja reduzida a iluminação no interior do galpão e que 
seja colocada uma fonte de luz no embarcadouro, pois os suínos tendem a se 
mover de um local escuro para um claro. Além disso, é muito importante que a 
condução dos animais seja feita com calma, pois estes se cansam facilmente. A 
rampa de embarque deve ter um ângulo de subida de no máximo 20 graus e piso 
antiderrapante. O melhor período para realização do embarque é nas horas com 
temperatura mais amena do dia, sendo que, quando a temperatura ambiente for 
superior a 15°C e a umidade relativa do ar estiver baixa, é recomendado que 
seja feita a aspersão de água nos animais para diminuir o estresse térmico 
(Costa et al., 2014; ABCS, 2011; Ludke et al., 2010). 
O transporte é outra situação estressante para os animais, pois além do 
jejum, estes são submetidos a um ambiente diferente, com barulhos e cheiros 
diferentes, além da movimentação do caminhão. As recomendações para o 
transporte dos animais são: a. transportar apenas animais em boas condições 
físicas; b. utilizar veículos com manutenção adequada; c. a lotação animal 
(mínimo de 250 kg/m², variando de acordo com a temperatura ambiente) durante 
o transporte deve oportunizar que os animais se deitem, e deve favorecer a 
ventilação; d. a parte superior do caminhão deve ser coberta por sombrite e o 
caminhão deve ser boas condições de limpeza; e. devem ser evitadas paradas 
durante o transporte, e, se forem necessárias, o caminhão deve ser estacionado 
 
 
26 
em um local plano e com sombra (Ludke et al., 2014a; Ludke et al., 2010; ABCS, 
2011). 
Na chegada ao frigorífico, os animais devem ser desembarcados o mais 
rápido possível. O abatedouro deve ter um local próprio para os animais 
desembarcarem, e após o desembarque, estes devem ser encaminhados para 
as baias de descanso, nas quais devem receber água e condições favoráveis 
para o conforto térmico. Os animais devem permanecer nesse local por duas ou 
quatro horas, pois é o período suficiente para demonstrarem sinais de 
recuperação do transporte. Longos períodos nas baias de descanso podem 
comprometer o bem-estar animal, o rendimento de carcaça e a qualidade da 
carne, além de aumentar a ocorrência de lesões e a contaminação bacteriana 
(Ludke et al., 2014a; Ludke et al., 2010; ABCS, 2011). 
TEMA 5 – ABATE E QUALIDADE DA CARNE 
5.1 Abate dos suínos 
Após o período de descanso nas baias do abatedouro, os animais são 
conduzidos para o local do abate, no qual passam por um banho com água 
clorada para tirar as sujidades; depois, são insensibilizados. A insensibilização 
tem por finalidade deixar os animais em estado de inconsciência, o qual deve 
durar até o final da sangria, a fim de evitar o sofrimento do animal. Entre os 
métodos de insensibilização estão o mecânico, no qual é utilizada uma pistola 
com dardo que é posicionada de forma que o dardo penetre no córtex cerebral 
na região frontal; o método elétrico, no qual eletrodos são colocados em contato 
com a pele do animal e uma corrente elétrica atravessa o cérebro; e o método 
da exposição à atmosfera controlada, no qual é utilizado gás carbônico ou 
mistura de gás carbônico com outros gases (Brasil, 2000). 
A insensibilização elétrica é o método mais utilizado no Brasil, e pode ser 
realizada com dois ou três pontos de contato com a pele do animal. O método 
com dois pontos é chamado de “eletronarcose”, no qual é utilizada uma corrente 
mínima de 1,3 A por pelo menos três segundos, a qual passa pelo cérebro do 
animal por meio de dois eletrodos, os quais devem ser posicionados em ambos 
os lados da cabeça, próximo da inserção das orelhas e devem ser aderidos 
adequadamente. A insensibilização em três pontos é chamada de eletrocussão 
e é um método irreversível, pois provoca a morte do animal por fibrilação 
 
 
27 
ventricular, sendo que são utilizados dois eletrodos na cabeça, como no método 
anterior, e um terceiro na região do coração. Assim, inicialmente é feita a 
insensibilização de dois pontos (eletronarcose) e, depois disso, o terceiro 
eletrodo é colocado na região do coração, levando à fibrilação ventricular (Ludke 
et al., 2010). 
Após a insensibilização, os suínos passam para o estado de 
inconsciência, o qual é dividido em fases chamadas de “tônica” e “clônica”; o 
conhecimento destas é fundamental para garantir que os suínos estejam 
inconscientes no momento da sangria. A primeira fase é a tônica, que dura de 
10 a 20 segundos; nessa fase, ocorre a perda imediata da consciência e a 
contração da musculatura, com ausência de respiração rítmica na região do 
flanco e focinho, pupila dilatada, ausência de reflexo corneal e estímulos 
dolorosos. A segunda fase, chamada de clônica, dura de 15 a 45 segundos, 
sendo que nessa fase há ausência de respiração rítmica e de reflexo corneal; 
pode ocorrer pedaleios ou chutes involuntários, além de ocorrer um gradual 
relaxamento da musculatura. Após a clônica, caso não ocorra a sangria, o animal 
tende a voltar à consciência gradativamente. Quando a insensibilização não 
ocorreu de forma adequada, são observados sinais como respiração rítmica, 
movimentos oculares coordenados, vocalização e reflexo de endireitamento da 
cabeça para recuperar a postura (Ludke et al., 2010). 
Após a insensibilização, é realizada a sangria, a qual consiste no corte 
das artérias carótidas e das veias jugulares, para que ocorra o escoamento do 
sangue. Assim, para evitar o sofrimento do animal, a sangria deve ser realizada 
imediatamente após a insensibilização,preferencialmente no final da fase tônica, 
entre 10 e 15 segundos após a retirada dos eletrodos, e o tempo total da sangria 
deve ser em torno de três minutos (Ludke et al., 2010). 
Depois da sangria, as carcaças passam pelo processo de escaldagem, no 
qual é utilizado água com temperatura entre 62 e 72°C por dois a cinco minutos; 
em seguida, as carcaças são encaminhadas para a depilação. Esse 
equipamento é composto por um sistema rotativo com chicotes de borracha, que 
removem os pelos do animal de forma mecânica. O processo seguinte é o uso 
de uma chama na carcaça, para eliminar resíduos de pelos; na sequência, é a 
etapa de polimento e lavagem das carcaças (Cê, 2016; Brasil, 1995). 
Depois, as carcaças são encaminhadas para a área limpa, em que é feita 
a oclusão do reto para evitar o extravasamento do líquido intestinal, seguido da 
 
 
28 
abertura do abdômen e evisceração, na qual ocorre a inspeção das vísceras. Por 
fim, é feita a lavagem final das carcaças, e estas são encaminhadas para o pré-
resfriamento, que consiste em uma redução rápida de sua temperatura, seguida 
do resfriamento por 24 horas em câmara fria a 4°C (Cê, 2016; Nery; Soares; 
Chiquieri, 2010; Brasil, 1995). 
5.2 Qualidade da carne 
As características de carcaça, como seu rendimento, estão diretamente 
relacionadas com a rentabilidade da atividade, assim como a qualidade da carne 
está relacionada com a aceitação do mercado consumidor. A qualidade da carne 
pode ser influenciada por diversos fatores como nutrição, genética, sanidade, 
ambiente, manejo, abate, processamento da carcaça após o abate e 
conservação da carne (Ludke et al., 2014b). Entre as variáveis utilizadas para 
avaliar a qualidade da carcaça e carne suína estão a capacidade de retenção de 
água, cor e pH, entre outras, conforme descrito na Tabela 3 a seguir. 
Tabela 3 – Variáveis relacionadas com a qualidade da carne 
Atributos Variáveis 
Rendimento e composição da carcaça Conformação da carcaça, percentual de carne 
magra, espessura de gordura 
Aparência e características 
tecnológicas da carne 
Cor, capacidade de retenção de água, textura, 
marmoreio e composição físico-química 
Palatabilidade da carne Maciez, suculência, sabor e odor 
Integridade do produto Qualidade nutricional, segurança química, física e 
biológica 
Fonte: Elaborada por Pertile, 2022 com base em Warriss, 2019. 
Além disso, há diversos estudos na literatura relacionando a presença de 
algumas variantes de genes (alelos) com a qualidade da carne dos suínos, como 
o halotano. Entre os manejos realizados na criação de suínos, aqueles que são 
realizados no período pré-abate estão diretamente relacionados com a qualidade 
da carne, assim como o processamento da carne após o abate, como a 
velocidade no resfriamento, maturação e o tipo de armazenamento (Ludke et al., 
2014b; Warriss, 2009). 
Quando é feito o abate do animal, ocorrem diversos eventos para que haja 
a transformação do músculo em carne. Por causa da sangria, o oxigênio e a 
glicose não chegam mais aos músculos, e na ausência de oxigênio, ocorre a 
transformação do glicogênio em ácido lático nos músculos, levando à queda no 
 
 
29 
pH. A taxa de conversão de glicogênio em ácido lático está relacionada com 
variáveis da qualidade da carne, como a capacidade de retenção de água e a 
cor da carne. A reserva de glicogênio muscular antes do abate é influenciada 
pelo jejum prolongado, pelo excesso de movimentação dos animais, tempo de 
descanso insuficiente, brigas e seu manejo agressivo. O pH da carne suína varia 
em torno de 7,0 a 7,2 no momento do abate, enquanto valores entre 5,3 e 5,8 
são esperados no período de seis a oito horas após o abate. Essa queda no pH 
é importante para retardar a proliferação de microrganismos, promover a maciez 
da carne e está relacionada com o sabor e odor da carne (Ludke et al., 2014b; 
Warriss, 2009). 
Porém, quando os suínos são submetidos a estresse de forma intensa e 
de curta duração antes do abate, pode ocorrer um gasto excessivo de glicogênio 
e deposição em alta concentração de ácido lático. Por conta disso, o pH do 
músculo pode chegar a abaixo de 6,0 em 45 minutos após a morte do animal; 
associando-a à alta temperatura, isso pode levar a desnaturação proteica 
durante o processo de conversão de músculo em carne. Logo, tem-se a carne 
do tipo PSE (do inglês pale, soft exsudative), ou seja, “pálida”, “mole” e 
“exsudativa”. A carne PSE ocorre em animais que foram submetidos ao estresse 
no período pré-abate, e ocorre também em animais susceptíveis ao estresse, 
como os portadores do gene halotano (Ludke et al., 2014b; Warriss, 2009). 
Outro tipo de carne suína de baixa qualidade é conhecida como DFD (do 
inglês dark, firm, dry), que significa “escura”, “firme” e “seca”, a qual ocorre como 
consequência de um manejo inadequado. Nesse caso, a queda no pH muscular 
é menor do que o esperado, assim, o pH final fica elevado (acima de 6,0). Esse 
processo ocorre quando há pouco glicogênio armazenado nos músculos em 
decorrência do estresse de longa duração, como ocorre quando há manejos 
estressantes na granja e durante o período pré-abate. A carne DFD é indicativa 
de alto risco de contaminação microbiológica, em razão de o pH ser alto e 
insuficiente para inibir a proliferação de microrganismos (Ludke et al., 2014b; 
Warriss, 2009). 
Assim, algumas variáveis de qualidade da carne podem ser mensuradas 
para avaliar o estresse dos animais no período pré-abate. Valores de pH 
menores que 5,8 mensurados 45 minutos após o abate podem indicar a carne 
PSE, enquanto valores de pH acima de 6,0 mensurados 24 horas após o abate 
podem indicar a carne DFD (Ludke et al., 2014b; Warriss, 2009). 
 
 
30 
Além do pH, a cor da carne também é um indicativo de carne PSE ou 
DFD. A cor da carne é determinada pelo pigmento proteico mioglobina, que pode 
variar de acordo com idade, sexo, tipo de músculo e estresse pré-abate. Entre 
as escalas disponíveis para avaliação da coloração da carne suína, a coloração 
normal é apresentada como um padrão intermediário de cor, que na escala 
japonesa varia da cor mais clara, que recebe a pontuação 1; padrão, que é 
observado na carne PSE; até a mais escura, que recebe a pontuação 5, sendo 
que na carne DFD é considerado um escore entre 4 e 5 (Ludke et al., 2014b; 
Warriss, 2009). 
 FINALIZANDO 
Nesta etapa, vimos os principais equipamentos utilizados na criação de 
suínos, os manejos na fase de maternidade, creche, crescimento, terminação, 
como deve ser feito o abate dos suínos e as implicações na qualidade da carne. 
Os equipamentos utilizados em suinocultura têm como principal finalidade 
atender às liberdades do bem-estar animal. Assim, os leitões precisam receber 
uma fonte de calor, seja dentro ou fora do escamoteador, enquanto para os 
animais adultos é fundamental manter uma temperatura ambiente mais baixa. 
Dessa forma, assim como os equipamentos de aquecimento, os de resfriamento 
também são essenciais, como os ventiladores e exaustores, e os equipamentos 
para umidificar o ambiente quando a umidade do ar está muito baixa, como os 
aspersores e os painéis evaporativos. A ventilação também é fundamental para 
retirar dos galpões gases que podem ser nocivos aos animais. 
Os manejos realizados após o nascimento dos leitões são fundamentais 
para sua sobrevivência, como a secagem dos leitões e limpeza das vias aéreas, 
corte e desinfecção do umbigo, orientação dos leitões na mamada do colostro e 
aplicação de ferro dextrano. A castração pode ser realizada de forma cirúrgica 
nos primeiros dias de vida, apesar de o método mais recomendado atualmente 
ser a castração imunológica. Além disso, os cuidados na transferência dos 
leitões para a fase de creche são fundamentais para evitar a ocorrência de 
doenças relacionadas ao estresse dessa fase, como as diarreias pós-desmame. 
O manejo pré-abate dos suínos é muito importante paraque os animais 
tenham o mínimo de estresse e, com isso, sejam evitados problemas de 
qualidade, como a carne PSE. Futuramente, veremos o manejo reprodutivo dos 
 
 
31 
suínos, manejo dos dejetos e as medidas de higiene e profilaxia utilizadas nas 
granjas de suínos. 
 
 
 
32 
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