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seção 2- Contestação Trabalhista

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AO EXCELENTÍSSIMO JUIZO DA 2ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE GOIANIA-GO
Processo Nº 0010001-10.2017.518.0002
MARIA JOSÉ PEREIRA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído apresentar.
CONTESTAÇÃO TRABALHISTA
Em face da Reclamação Trabalhista movida por ALBANO MACHADO, igualmente qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir disposto. 
DA SÍNTESE DOS FATOS
O reclamante prestava serviço de modo rotineiro por está cuidado do esposo da reclamada, serviço este que requeria cuidados especiais em decorrência da necessidade que o serviço exigiu, qual seja, e com isso tinha um serviço pessoal e oneroso no âmbito familiar e de forma contínua. Durante os dois primeiros anos que trabalhou recebia a quantia de 120,00 e logo depois veio a receber 150,00 até o dia 06/02/2017, ano que foi demitido sem aviso prévio sendo justificado justa causa. 
DA IMPUGNAÇÃO AO MÉRITO:
1- JORNADA DE TRABALHO
O reclamante que trabalhava em regime de revezamento no sistema de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso (popularmente conhecimento como “regime 12x36”), sempre de 07h00min às 19h00min. Aduz que autorização legal para esta jornada de trabalho somente ocorreu com a publicação da Lei Complementar n. 150/15, cuja vigência se iniciou em 02/06/2015, razão pela qual postula o pagamento de horas extras excedentes à 8ª iária, desde sua contratação até a mencionada data.
Não resta dúvida de que somente com o advento da Lei Complementar n.150/15 é que passou a existir no ordenamento jurídico previsão legal para o trabalhador doméstico, como era o caso de Albano, poder adotar jornada de trabalho no sistema 12x36, isto é, ultrapassando a jornada máxima de 08 (oito) horas prevista no art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988.
Entretanto, o reclamante não faz jus a alegação, pois conforme a jurisprudência, casos em que pode prevalecer a mera pactuação bilateral escrita entre as partes:
. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. JORNADA ESPECIAL DE PLANTÃO (12X36 HORAS). PREVISÃO EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA TRABALHISTA PARA A GENERALIDADE DOS EMPREGADOS (SÚMULA 444, TST), SALVO OS EMPREGADOS DOMÉSTICOS QUE SEJAM CUIDADORES DE IDOSOS OU DOENTES DA FAMÍLIA EMPREGADORA, RECENTEMENTE ABRANGIDOS PELA EC Nº 72, PUBLICADA EM 03.04.2013,CASOS EM QUE PODE PREVALECER A MERA PACTUAÇÃO BILATERAL ESCRITA ENTRE AS PARTES, REALIZADA ANTES OU DESDE A EC Nº 72/2013. 
Nesse sentido, percebe-se que a norma trabalhista, como norma cogente, deve ser observada de forma interpretativa na boa-fé. E nisso posto, é motivo de impugnação do pedido de pagamento de hora extra ao reclamante. 
2- TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS:
O reclamante alega que houve labor em domingos e feriados, sem que houvesse folga compensatória ou remuneração diferenciada pelo trabalho desenvolvido nestes dias, nos termos da Lei n. 605/49, razão pela qual requer o pagamento em dobro dos domingos e feriados trabalhados durante todo o contrato de trabalho.
A referida lei dispõe em seu art. 1º, que “todo o trabalhador empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local” 
Entretanto conforme alude o processo 000359- 40.2010.5.12.0001 do Tribunal Superior do Trabalho em Acórdão da 6ª Turma, é demostrado a jurisprudencial de forma contrária ao exposto pelo reclamante:
RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. REGIME DE 12X36. DOMINGO LABORADOS.
jurisprudência desta Corte está pacificada no sentido de que a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, prevista em lei ou ajustada mediante negociação coletiva, não contempla a folga correspondente aos feriados e, por isso, assegura-se a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. Não é devido, todavia, o pagamento em dobro dos domingos trabalhados. Isso porque no regime 12X36 é observado o repouso semanal de 24 horas, sem prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas. Recurso de revista não conhecido.
Diante o exposto, requer improcedência ao pedido formulado pelo reclamado. 
3- INTERVALO INTRAJORNADA:
o reclamante restringe o pedido ao pagamento de horas extras decorrentes da não observância do intervalo intrajornada somente no período após a publicação da Lei Complementar n. 150/15. Isto porque antes de sua vigência não havia previsão legal acerca deste direito para o trabalhador doméstico, contudo, o sr. Albano sempre detinha do direito desse intervalo quando o enfermo dormia, assim como no momento assistia televisão, mesmo contra a vontade da reclamada, fato esse que era bastante corriqueiro.
Nesse sentido demostra que o Sr. Albano sempre tinha o seu horário de descanso, e diante desse fato é motivo para improcedência do pedido. 
4- JUSTA CAUSA:
O reclamante alega que foi indevidamente dispensado por justa causa, pois não foi sequer advertido ou suspenso antes desta medida extrema. Afirma que a rescisão do contrato de trabalho se deu pelo fato de ele permitir que o marido da Sra. Maria José assistisse televisão, assim como em razão de dar banho no enfermo após o almoço e não pela manhã.
Contudo, Excelência a dispensa por motivo de justa causa foi cometido por falta grave praticada pelo obreiro, pois além da insistência do obreiro de assistir televisão insistentemente e da não observância de não dar o banho pela manhã. Tem o motivo relevante que ensejou da dispensa do Sr. Albano; quando o mesmo chegou a trabalhar completamente embriagado, sendo obrigado a dispensar seus serviços, com isso a conduta praticada pelo reclamante está em conformidade ao art. 482, “f” da CLT.
Assim, não resta dúvida acerca da justa causa ser aplicado pela reclamada, pois não existe possibilidade de cuidados essenciais para que cuide de um idoso de 80 anos, sendo inclusive ser altamente perigo trabalhar no estado de embriaguez.
Conforme o exposto peço pela impugnação do reclamante pelo pedido de reversão e pagamento das verbas rescisórias. 
5- INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS:
O Sr. Albano sustenta a tese de pagamento de indenização por danos morais, em decorrência do registro em sua CTPS pela forma como foi dispensado, contudo o a própria norma trabalhista em seu art. 29,§ 2º CLT, regula a prática, e nesse sentido o fato da reclamada expor o que diz a norma pátria, não demostra que ouve descumprimento e exposição do reclamado.
E conforme elenca o Código Civil nos art. 186 e 927, é necessário que ocorra a presença de dano, nexo de causalidade e culpa, o que não demostrado pelo reclamante. 
Com isso, mostra insustentável o pedido, e motivo de ser impugnado o pedido.
 
6- MULTA
o reclamante salienta o pedido de multa do art. 477,§8º da CLT, mas não é aplicado ao caso, em atenção ao princípio da eventualidade, pois conforme o caso o pagamento é aplicado em decorrência de atraso no pagamento, entretanto não sendo o caso ocorrido. Ademais a Constituição no art. 5,II prevê que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. E conforme jurisprudência de Acórdão n. 0000163-90.2015.502.0351 do TRT da 2ª Região; A MULTA DOS ART. 467 E 477 DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA está em conformidade a Súmula 33 do TRT nesse sentido ser indevida ao caso. 
7- ASSISÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA:
A reclamante é idosa, sem condições financeiras para custear o processo, que nesse caso está de acordo com a Lei n.1.060/50 e art. 790 da CLT razão pela qual pede assistência judiciária gratuita. 
8- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:
Conforme art. 791-A assim como a ADI n. 5766, que se encontra em divergência no Supremo, requer que seja concedido a justiça gratuita a reclamada.
9- PEDIDO
Diante do exposto, a reclamada vem requer a improcedência de todos os pedidos do reclamante conforme fato exposto.
Termos em que,
Pede o deferimento. 
Goiânia-GO 31-08-2017
Assinado eletronicamente
Advogado 
OAB/GOXXXXX

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