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Resumo - Institutional Development and Colonial Heritage within Brazil - Felipe Moreti Bolini e Lucas Silva Soares da Costa

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Institutional Development and Colonial Heritage within Brazil
	O artigo busca replicar outros dois estudos, que analisam a relação entre os diferentes arranjos institucionais de acordo com diferentes colonizações, para a realidade brasileira, de tal forma que ele analisa determinantes de instituições brasileiras, evidenciando o fato de que a qualidade das instituições e a distribuição de terras atuais são uma herança colonial. As consequências desse elo entre a colônia e o período atual se revelam nas “macro-instituições”, ou seja, as instituições político-jurídicas. Além disso, se evidencia o fato de que episódios coloniais se relacionam diretamente com a falta de provisão de bens públicos.
	A realidade brasileira se mostra desafiadora por várias questões: (I) o fator latitude se mostra mais influente que em outros países; (II) o país foi colonizado por um único colono, possuindo, assim, um sistema centralizado, com “macro-instituições” muito similares por todos o Brasil; (III) a qualidade das instituições e a distribuição de terras, entre outros fatores, por outro lado, se mostram diferentes ao longo do território, possivelmente pela diferença na organização das instituições de facto. Assim, o artigo busca compreender quais foram as diferenças dessas instituições durante os ciclos coloniais do açúcar e do ouro.
 	Trazendo um arcabouço histórico, se evidência o fato de ambos os ciclos, do açúcar e do café, serem atividades iniciais em suas respectivas regiões, de tal forma que não sofreram nenhuma herança. Além disso, também é posto como fator limitante para a efetividade de auxílios governamentais o fato de Portugal estar distante do Brasil.
	Tratando-se do ciclo açucareiro, temos a realidade de latifúndios de cana-de-açúcar e mão-de-obra escrava, que acaba por resultar em uma sociedade desigual, política e economicamente. Isso se deve ao fato de que a barreira de entrada para a produção do açúcar era altíssima, posta pela construção das estruturas necessárias e pelos impostos e esforços da elite que garantiam seu “monopólio” político-econômico.
	Por outro lado, no ciclo aurífero, a barreira de entrada era baixíssima, sendo uma possibilidade de alavancagem social. Contudo, havia uma severa regulamentação metropolitana, com densos impostos. Essas regiões são uma evidência do fato de que um Estado que apenas extrai recursos econômicos leva a região a uma situação negativa, de tal forma que hodiernamente as regiões que em certo momento foram ricas regiões auríferas, hoje se revelam com um péssimo governo.
	Assim, para a realização do estudo, consideram-se variáveis para determinar o ciclo a que uma região pertenceu (variável histórica - açúcar ou ouro – Figuras 1A e 1B). Além disso, utiliza-se uma dummy para verificar o efeito indireto dos ciclos com variáveis de proximidade de certas regiões (menos de 200 quilômetros – função ) que passaram por um dos ciclos. Outra variável de localização utilizada é em relação à proximidade com Portugal, que tanto relaciona os ciclos quanto evidencia a influência da região no desenvolvimento econômico, sendo uma medida do “tempo administrativo”.
	Também utiliza-se variáveis institucionais: distribuição de terras, índice de práticas de governança/qualidade administrativa e uma medida de acesso à justiça.
	Os testes verificam que quando pensamos em distribuição de terras, acesso à justiça e educação, as áreas açucareiras e auríferas são, em média, piores que o restante, sendo que as regiões açucareiras também estão piores quando pensamos em governança e salário (Tabela 1). A partir disso, realiza-se uma estimação empírica, sendo as variáveis institucionais as dependentes e as demais, os parâmetros. 
	São feitos dois grupos de regressões, um considerando as interações cruzadas entre os parâmetros (Colunas 4 a 6 da Tabela 2), e outro sem considerar tais cruzamentos (Colunas de 1 a 3 na Tabela 2). As diferenças entre os grupos são notórias, haja vista que os valores modulares das estimativas com os parâmetros cruzados são maiores, chegando a quadruplicar, por exemplo, a estimativa do efeito da concentração de terras na região açucareira, o que evidencia o fato de que o controle administrativo combinado com a estrutura açucareira impactam as instituições. De maneira similar, quando realizamos a estimativa de governança e acesso à justiça cruzando informações de distância da cidade, há um aumento. Os mesmos resultados se mantém quando controlamos por tamanho populacional, idade da cidade e regiões (Colunas 7 a 9 da Tabela 2).
	Um terceiro grupo de estimativas é realizado adicionando-se a variável “região do café”, buscando tornar o resultado dos modelos mais robustos, havendo possibilidade de este terceiro grande ciclo brasileiro ter influenciado (não objetivam compreender o efeito do ciclo cafeeiro). O ciclo do café se difere dos outros dois (açúcar e outro) tendo em vista que esta surgiu em meio a uma estrutura prévia, após a independência do país e possuía uma característica muito mais empreendedora do que extrativa. Mesmo utilizando-se a variável do ciclo cafeeiro, encontramos os mesmos resultados de antes, sendo que o ciclo do café que utilizou de mão-de-obra escrava (até 1886) teve um efeito semelhante ao colonial, enquanto o de mão-de-obra imigrante (até 1935), não (Tabela 3).
	A última análise considera o efeito da provisão de bens públicos (como indicadores de desenvolvimento institucional e político). O resultado encontrado é similar aos anteriores, ou seja, as regiões açucareiras e auríferas dispõem de menos bens públicos (Tabela 4).
	Assim, o estudo mostra que os municípios com origens em regiões açucareiras apresentam mais desigualdade na distribuição de terras, enquanto municípios com origens em regiões auríferas apresentam piores práticas de governança e menos acesso à justiça. O boom do café logo após a independência, segue o mesmo padrão que o boom açucareiro, mas se considerarmos um período pós-colonial mais longo, não encontramos qualquer efeito sobre as instituições locais. As atividades extrativas coloniais estão relacionadas com uma disposição inferior de bens públicos, além de uma parte significativa da correlação entre a geografia e o desenvolvimento no Brasil estar relacionada com a história colonial de diferentes áreas do país.

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