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FEB - Chegada dos portugueses à Colônia até o início dos anos 1960, quando a economia brasileira deixou de estar sustentada nas atividades primárias, tornando-se uma economia industrial. AULA 1: Formação Econômica do Brasil Colonial • Países menos desenvolvidos: Dependentes das atividades primárias (recursos naturais). Ex: Agricultura. • Países mais desenvolvidos: se sustentam mais nas atividades secundárias (indústria) e terciárias (serviços). Empresa (Colonial) Agrícola: Modelo econômico de colonização adotado por países europeus nos séculos XV e XVI. - Colônia era produtora de especiarias (açúcar, cacau, canela - que não podiam ser obtidas na Europa) e toda a produção se destinava à metrópole, que a comprava a baixos preços e a revendia na Europa, acumulando os lucros desta transação. Idade média - Período Feudal (396-1453): • Poder descentralizado, economia agropastoril e trabalho de servos. • Isolamento econômico. • Organização social: Clero, nobreza e servos. Expansão comercial européia: No fim da Idade Média o mar Mediterrâneo tornou-se a mais importante rota de comércio. • Os turcos tomaram Constantinopla (atualmente Istambul, Turquia) e passaram a controlar o comércio e a rota (impedindo o acesso de portugueses), desestruturando o comércio de longa distância. • Os Portugueses aprimoraram a tecnologia de construção de navios e exploraram a rota do oceano Atlântico para alcançar os fornecedores de especiarias nas Índias. Grandes Navegações - Início da Era Moderna (1453-1789): Expansão marítima que ampliou as rotas comerciais, unindo a Europa à África e Ásia. • Consequências das grandes navegações: - Conquista do Oceano Atlântico (expansão comercial e colonial europeia). - Descoberta e ocupação do continente americano ("Novo Mundo") - Descobrimento do Brasil - Mediterrâneo perdeu a centralidade no comércio mundial Portugal era uma Monarquia Absolutista: - Concentração do poder nas mãos do Rei (Poder local fraco), grande importância da Igreja, crescimento do nacionalismo e a unificação territorial. - Estrutura política que favorecia aos interesses da burguesia (mercantilismo) que ascendia no cenário econômico. - As grandes navegações foram financiadas pelo governo absolutista (Visando o mercantilismo) • Burguesia: Aliada aos reis, ajudou a diminuir a influência do clero e da nobreza na sociedade. • Mercantilismo: Modelo de comércio exterior protecionista -> Conquista de outros territórios para acumular capital (ouro, prata, outros metais e pedras preciosas), protecionismo alfandegário (reis absolutistas criavam barreiras alfandegárias, aumentando os impostos de importação.) e manter sua balança comercial favorável (forçando o monopólio e mantendo taxas elevadas de comércio para suas colônias). Ocupação do Brasil no período colonial (1500-1822): Pacto Colonial: Conjunto de relações econômicas e políticas que subordinavam a colônia (territórios conquistados) à metrópole. -> Exclusividade comercial imposta pela metrópole. • Objetivo da colonização brasileira: - Produzir especiarias e produtos tropicais para comercialização na Europa (Empresa Colonial Agrícola / Mercantilismo) - Introdução do cultivo de cana-de-açúcar (não tinham encontrado metais). A garantia do lucro se deu pelo monopólio comercial da metrópole sob o cultivo. Características da Colonização Portuguesa no Brasil: Lucratividade da empresa colonial agrícola: Desenvolvimento de uma atividade agrícola que seria explorada para proporcionar o máximo de lucratividade possível aos portugueses (custos baixos) • Cultivavam apenas produtos tropicais de modo a não competir com as produtos de clima temperado existentes na Europa. Os produtos seriam tropicais porque a produção colonial deveria ser complementar, e nunca competitiva, à produção européia. • Latifúndio: Grandes áreas para uso extensivo da terra. Permitia aumentar a producão pela simples incorporação de territórios, em vez de tornar mais eficiente o uso dos recursos. As terras atraíam colonos portugueses com a possibilidade de enriquecimento. • Monocultura: Única produção em larga escala. Era mais econômico mobilizar recursos para o produto a ser exportado do que diversificar a produção considerando o mercado interno (praticamente nulo, baixa circulação de dinheiro na economia colonial) • Trabalho escravo: Dificuldade de acesso à mão-de-obra barata diante da necessidade de conter custos de produção levou à Introdução da escravidão na colônia. - O recurso à escravidão decorria de: a. Inexistência de excedentes populacionais em Portugal; b. insuficiência de trabalhadores indígenas; c. ambiente desfavorável na Colônia, fazendo com que os salários necessários para atrair trabalhadores europeus fossem elevados demais, o que comprometeria a lucratividade do empreendimento; d. uma experiência lucrativa do tráfico de escravos oriundos das colônias africanas, o que levou à utilização dessa espécie de mão de obra como relação básica de produção na empresa colonial agrícola. Economia Canavieira (Cana-de-açúcar): - Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a cultura de cana-de-açúcar. Especiaria cultivada em clima tropical que contava com grande mercado consumidor na Europa. Rota comercial de navegação: As correntes marítimas favoreciam a navegação entre o Nordeste Brasileiro e a Costa Africana. Essa rota comercial estimulou um novo fluxo comercial da colônia visando o exportação da cana e a importação de escravos da África. Portugal X Holanda: • Negociavam o açúcar em conjunto. Os Holandeses financiavam a atividade (implantação do engenho e adquirir escravos), recolhiam o produto em Lisboa, refinavam e o distribuíam pela Europa. Os gastos operacionais eram baixos visto que as fazendas de cana-de-açúcar eram quase auto-suficientes. • Parceria com a Holanda terminou com a anexação de Portugal pela Espanha. Lutando contra a Espanha, que não reconhecia sua independência, a Holanda resistiu à perda do negócio do açúcar e invadiu o Brasil em 1630, estabelecendo-se no Nordeste. - A expulsão dos holandeses, em 1654, trouxe consequências econômicas graves e duradouras. Com os conhecimentos adquiridos na cultura da cana, eles se tornaram uma concorrência, acabando com o monopólio da oferta brasileira (levando ao declínio do preço da cana pelo aumento da oferta). - A lucratividade do negócio estava na comercialização, e não na produção da cana. O comércio (e o transporte) da cana era controlado por comerciantes portugueses, associados aos holandeses. A crise canavieira: Como a economia canavieira era a principal fonte de renda de exportações, a Colônia enfrentou uma crise, enfraquecendo também a economia da metrópole. A dificuldade de superar a crise estava associada à forma de circulação da renda gerada pela atividade (centrada na esfera comercial e não na produtiva). • Para manter a fazenda de cana o custo era baixo, era uma atividade com alta resistência a crises. Era mantido um regime de subsistência e adquirido apenas animais e madeira no mercado interno. • A crise só foi superada com a descoberta de ouro e diamante em Minas Gerais. AULA 2: Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior Tratado de Tordesilhas: Em 1494, determinou que o recém-descoberto continente americano fosse dividido entre Portugal e Espanha. As ilhas e terras firmes já descobertas ou que viessem a descobrir-se no hemisfério oriental (direita) pertenceriam a Portugal; as do hemisfério ocidental (esquerda) caberiam à Espanha. • Não respeitamento do tratado: - As potências européias excluídas daquela divisão nunca deixaram de lutar pela conquista de territórios. - As fronteiras entre a América portuguesa e a espanhola foram modificadas devido ao movimento de Bandeiras. Bandeirantismo / Bandeira: Expedição armada que desbravava os sertões a fim de escravizar indígenas ou descobrir ouro, o que intensificou a ocupação do interior do continente sul-americano. Foram os principais agentes de ocupaçãono interior do país. • Integrantes eram compostos de diversas etnias, podiam ser formadas por milhares de homens, duravam de meses a anos para explorar uma região, verificando a existência de ouro, prata ou pedras preciosas, ou para preparar o ataque às tribos indígenas. • Principal ponto de partida dessas expedições era a Capitania de São Vicente (SP), ponto da costa mais avançado na direção do interior. • Descobriram metais preciosos. • Conquistaram mais territórios para o país, como a atual Região Centro-Oeste. • Auxiliaram na expansão da fronteira da América portuguesa em direção à América espanhola, rompendo o Tratado de Tordesilhas. Ocupação do Sudeste: Produção da cana-de-açúcar não era favorável. O solo era menos fértil (produtividade baixa), custos de transporte mais elevados (maior distância até os mercados europeus). • Os colonos logo perceberam que a existência de índios em grande número poderia gerar outra atividade econômica: a escravização do trabalhador indígena. - Os jesuítas também se fixaram no interior, porém estavam mais interessados em catequizar os índios. Ocupação do Vale Amazônico: • Espanhóis temiam uma invasão na região amazônica pelo grande número de rios e afluentes que facilitavam invadir a região. Além de espanhóis, holandeses e ingleses conseguiram se estabelecer no norte do continente. • Desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da floresta - como as madeiras e o urucum utilizado para tingir tecidos - e o pescado. • Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos tradicionais inimigos do império espanhol. Os portugueses conseguiram expulsar franceses, ingleses e holandeses das margens do rio Amazonas e fundaram, com objetivos de defesa, a cidade portuária de Belém e construíram o forte do Presépio localizado estrategicamente para dificultar invasões e proteger a cidade. - Portugal tentou fazer de Belém do Pará a base para a reconstituição do comércio de especiarias, perdido pelos portugueses na Ásia (com a tomada de Constantinopla). • Durante o governo do Marquês de Pombal, foi constituída uma companhia de navegação para explorar as riquezas da região amazônica. O extrativismo seria, assim, estimulado, e contribuiu fortemente para o avanço das fronteiras coloniais brasileiras. As especiarias - cravo, canela, castanha e salsaparrilha - assim como o cacau, a madeira e a pesca sustentaram uma exploração econômica que tinha como base o trabalho indígena. Sul - As missões Jesuíticas: Favoreceram a exploração no interior do país. • Em regiões de difícil acesso, mas com forte presença indígena, eles estabeleceram as missões jesuíticas, visando à catequese de guaranis e demais tribos. • As missões jesuíticas eram núcleos de povoação indígena que visavam a defender os índios do aprisionamento pelos colonizadores brancos. • Sua presença era maior em regiões de menor interesse dos colonos, o que, entretanto, não significou a inexistência de conflitos entre religiosos e colonos, resultando na expulsão dos jesuítas pela Coroa portuguesa em 1759, durante o governo do Marquês de Pombal. • Diferentemente dos holandeses e ingleses, os portugueses justificavam a colonização não somente como instrumento de expansão comercial, mas também de disseminação da fé cristã. Sertão da pecuária - Criação de gado: Por ser uma atividade móvel pela própria natureza, a pecuária contribuiu para a ocupação do território. • Auxiliou na ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, por atender às necessidades das fazendas produtoras de monocultura visando ao mercado externo. • No consumo interno, a carne era destinada à alimentação, e o couro, à fabricação de selas, casacos, calçados, correias e cantis. • No início, era utilizado somente como força motriz dos engenhos, instrumento de tração de carretas que transportavam lenha e açúcar nas fazendas de cana-de-açúcar. • Mais tarde, a criação de gado tornou-se independente, ocupando terras cada vez mais para o interior, pois o desenvolvimento dos rebanhos requeria grandes extensões de terras para as pastagens. Mão de obra: Constituída por trabalhadores livres que, sem acesso às terras mais férteis do litoral, buscavam o trabalho como vaqueiros ou condutores de rebanho. Criadores de gado X Proprietários de engenho: A expansão da cana-de-açúcar gerou conflitos com criadores de gado na disputa de terras. • O conflito cresceu quando surgiu a economia mineira, aumentando a demanda por couro e animais para corte e tração. Com o aumento da procura, os preços dessas mercadorias logo subiram, provocando protesto dos senhores de engenho do Nordeste. Atividades econômicas no Brasil no século XVII Produção canavieira: Voltada para o mercado externo, com objetivo de produzir lucros mercantis, rebaixar o máximo possível o custo de produção (trabalho escravo). Pecuária: Voltada para o mercado interno, objetivo de complementar ou ser alternativa à agroexportação, sendo muitas vezes uma atividade de subsistência, em que não se justificava o “investimento”em manutenção de escravos, tendo mão de obra livre. A Mineração: • A crise da economia açucareira levou os colonos portugueses a intensificar a busca por metais preciosos até que as bandeiras os encontraram em Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso. • Iniciaram fluxos emigratórios de Portugal para a colônia. As demais atividades econômicas entraram em declínio, ocorrendo o empobrecimento e o despovoamento das regiões onde se localizavam. • Houve surgimento de muitas cidades devido ao dinamismo econômico da mineração. - Surgimento de cidades para o abastecimento da população do interior, desenvolvendo melhores condições para as atividades comerciais internas. - Formação regiões econômicas distintas, em função da necessidade de abastecimento de sua população com animais e alimentos. Atraiu fornecedores do sertão nordestino e do sul do país, viabilizando a expansão de atividades. • A descoberta do ouro permitiu que o Tratado de Methuen, entre Inglaterra e Portugal, pudesse ser cumprido, visto que o tratado era financeiramente prejudicial a Portugal. Porém, graças ao tratado, Portugal conseguiu apoio militar e político da Inglaterra para manter o que restava do seu império colonial. - Tratado de Methuen: Estabelecia que Portugal passava a importar os produtos têxteis ingleses, com taxas privilegiadas, enquanto a Inglaterra se comprometia a importar vinhos portugueses taxando-os apenas em 2/3 dos tributos de importação. Além da ampliação descontrolada da cultura de vinhos aos demais cultivos, o Tratado de Methuen provocou a ruína da indústria têxtil de Portugal. Regiões Norte e Centro-Oeste: quase 65% do território brasileiro e as menos povoadas: • Distantes do litoral, difícil acesso para povoamento. A atividade agroexportadora se localizava na costa (o sentido da colonização) e o transporte interno era feito por tração animal. • Exceções: - Vale Amazônico: Ocupação ocorreu pela necessidade da construção de fortificações para proteger a região de invasões estrangeiras. - Minas Gerais, apesar de situada no interior, foi invadida com a descoberta de ouro. Mudança da capital colonial de Salvador para o Rio de Janeiro (transferência do centro econômico da região nordeste para o centro-sul): • A mineração foi a causa do deslocamento do centro econômico colonial. • A necessidade da metrópole de controlar a produção e a exportação do metal levou à mudança da capital colonial para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da região mineira (situada no interior do país, longe da costa, em regiões de difícil acesso). • O Brasil começava a ser percebido como uma entidade com unidade política, favorecendo sua independência de Portugal. Declínio da mineração: Após atingir o auge na década de 1750, houve um rápido declínio na produção do ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da economia colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de aluvião e não de mina, o que dificultavaa estimativa de suas reservas. Ocupação no interior do país: Resultado da pecuária extensiva (gado), do aprisionamento do índio (bandeiras), das missões jesuíticas e da mineração. AULA 3: A Crise da economia colonial no Brasil (pelo pacto colonial; auxiliou a independência) O sentido da crise: O pacto colonial (monopólio comercial e produtivo) era uma barreira para o capital industrial e para a produção em grande escala. • Aspecto interno: Com o aumento da produção e o crescimento do mercado interno (sobretudo após o início do ciclo do ouro), os interesses particulares da colônia foram aumentando de maneira significativa. O pacto colonial passou a ser um empecilho à expansão dos negócios e, portanto, ao potencial de ganhos dos colonos. • Aspecto externo: Eram cada vez mais visíveis os efeitos da Revolução Industrial na Europa. O processo industrial com novas técnicas produtivas que ampliavam seu crescimento. - A revolução industrial em conjunto com o Liberalismo (livre iniciativa e concorrência), Iluminismo (política econômica mais livre) e Revolução Francesa (liberdade e igualdade), ofereciam uma nova visão de mundo onde ocorria um processo de acumulação de capital rápido com a produção em larga escala e existia a defesa da livre iniciativa, livre concorrência, da liberdade, da igualdade e da democracia. Assim, a necessidade de busca e incorporação de novos mercados pelas unidades industriais em formação tornou-se um traço típico da dinâmica capitalista. Mudanças na metrópole e consequências para o Brasil: • No final do século XVIII houveram muitas contradições de interesses entre colônia/ metrópole. - Portugal continuava absolutista. No Brasil, o período foi marcado por dificuldades econômicas graves, resultantes da queda das exportações. • Dona Maria "A louca" assumiu o trono e redefiniu as estruturas do exclusivo comercial. Essas mudanças refletiam a crescente dependência econômica de Portugal pela colônia. A exploração da colônia era essencial para o desenvolvimento de Portugal, portanto era vantajoso, para a metrópole, fazer concessões. a) Acabar com as companhias de comércio, dando maior liberdade aos comerciantes; b) Combate ao contrabando; c) Permissão para o comércio intercolonial com a África e o Oriente; d) Liberação do comércio e exploração do sal e da pesca da baleia, terminando o monopólio metropolitano nesse setor; e) Proibição da manufatura têxtil no Brasil. Revoltas da população brasileira (exemplos da insatisfação da elite interna com os limites do exclusivo comercial): Apesar da flexibilização, o exclusivo comercial continuava. A população começou a se revoltar. Porém as revoltas eram sufocadas na origem, implicando severas punições aos rebeldes. • Inconfidência Mineira: Queriam a liberdade do Brasil e instaurar a República (queriam continuar com a escravidão). Pretendiam incentivar as manufaturas, proibidas desde 1785, e fundar uma universidade em Vila Rica, atual Ouro Preto. - Derrama: Momento escolhido para a eclosão da revolta é o da cobrança da derrama, imposto adotado por Portugal no período de declínio da mineração do ouro. A Coroa fixa um teto mínimo de 100 arrobas para o valor do quinto. Se ele não é atingido, os mineradores ficam em dívida com o fisco. Na derrama, a população das minas é obrigada a entregar seus bens para integralizar o valor da dívida. - Devassa: Processo para estabelecer a culpa dos conspiradores, que dura três anos. O movimento é denunciado por devedores de grandes somas ao tesouro real, eles entregam os parceiros em troca do perdão de suas dívidas. • Conjuração baiana (Revolta dos Alfaiates): Inspira-se nas ideias da revolução francesa e da inconfidência mineira. Propõe a independência, a igualdade racial, o fim da escravidão e o livre comércio entre os povos. Conflitos de interesse e o processo de independência: Vinda da corte portuguesa para o Brasil: No início do século XIX, teve um declínio nas relações diplomáticas entre França e Inglaterra (Portugal era aliada). As tropas francesas (Napoleão) invadiram Portugal, impondo uma transferência às pressas da corte portuguesa para o Brasil, sua principal colônia. Esse processo determinou um aprofundamento ainda maior dos laços políticos e econômicos de Portugal e Inglaterra. Primeiras medidas tomadas com a chegada da corte ao Brasil: a) abertura dos portos (1808), já que Portugal estava ocupado e não poderia exercer a função de entreposto comercial para as mercadorias brasileiras. b) fomento à agricultura e fundação do Horto Real (Jardim Botânico) no Rio de Janeiro; c) incentivo ao desenvolvimento das manufaturas, concedendo isenção de impostos a matérias-primas importadas; d) permissão de acesso de estrangeiros às sesmarias, com o objetivo de garantir as fronteiras com a expansão do povoamento; e) criação do Banco do Brasil, com objetivo primordial de financiar os gastos da coroa. Tratados com a Inglaterra: No intuito de garantir vantagens sobre outros países nas relações econômicas a partir do Brasil, a Inglaterra impôs a assinatura de tratados que lhe afiançaram uma posição favorável nas relações econômicas, em troca de proteção e apoio na estratégia expansionista. Para a Inglaterra, essa era uma questão fundamental, pois o Bloqueio Continental (fechamento dos portos europeus para a Inglaterra) lhe impunha a necessidade de buscar novos mercados. • Principais tratados (Os acordos com a Inglaterra garantiram a esta uma relação comercial claramente privilegiada com o Brasil): 1. Tratado de Aliança e Amizade: Defesa mútua e apoio ao ataque português à Guiana Francesa. Em contrapartida, acordou-se o comprometimento de Portugal com redução do tráfico de escravos abaixo da linha do equador. 2. Tratado de Comércio e Navegação: Vantagens tarifárias para a Inglaterra, até mesmo sobre Portugal, no comércio com o Brasil. A tarifa alfandegária aplicada sobre os produtos Ingleses seria de 15%, contra 16% para os portugueses e 24% para os demais países. Além disso, os cidadãos de origem inglesa no Brasil obtiveram o privilégio da extraterritorialidade, de maneira que os atos cometidos por ingleses no país seriam julgados por juízes da Inglaterra. Elementos que levaram a intensificação do processo de independência: • Rompimento definitivo do pacto colonial: Pela vinda da corte portuguesa e a maior dependência da tutela inglesa (tratados assinados). • Portugal, um entreposto desnecessário e caro: Manutenção estrutural do pacto colonial e suas medidas associadas eram cada vez mais repelidas, sendo um entrave à expansão da economia doméstica. - Proibição do comércio entre as províncias. - Monopólio de portugueses nos cargos públicos. - Impostos abusivos cobrados pela Coroa. • A abertura dos portos levou a liberalização da economia e a dinamização do comércio criou um mercado interno mais significativo (formação de uma elite econômica cujos interesses estavam mais focados na colônia). • O processo de independência não era marcado por um forte sentimento nacionalista. Os movimentos de revolta sempre foram localizados regionalmente, prevalecia, portanto, uma espécie de "antiportuguesismo" caricaturado. Independência do Brasil: - Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil em relação a Portugal, tornando-se nosso primeiro imperador (Autonomia política conquistada). - Portugal exigiu 2 milhões de libras para reconhecer a independência do Brasil. Como o recém-formado império não dispunha de capital suficiente, D. Pedro decidiu pedir um empréstimo à Inglaterra (Autonomia econômica não conquistada). Independência do Brasil - um pacto de elite: o poder passou da Coroa Portuguesa para a aristocracia criada por ela no Brasil. • Cenário interno não mudou. A estrutura agrária permaneceu inalterada, com base na escravidão, na monocultura e no latifúndio, e a distribuição de renda continuava desigual, beneficiando, principalmente, a elite agrária. • Povo foi ausente. Não houve uma guerra de independência.O processo não se rompeu. A escravidão não acabou, o Brasil continuou dependente de Londres e tecnologicamente atrasado. AULA 4: Economia cafeeira escravista Estagnação da economia após a Independência: • Brasil obrigado a pagar indenização a Portugal para ter independência reconhecida. • Vantagens comerciais dadas a Inglaterra e outros países. - Queda das receitas alfandegárias pela adoção do Livre Cambismo (Liberação do comércio internacional). Estendeu a outros países as vantagens comerciais concedidas à Inglaterra quando da assinatura dos tratados comerciais. • Culturas da cana-de-açúcar e algodão (principais fontes de exportação) sofriam crescente concorrência no mercado internacional. - Grande aumento da produção de algodão na Flórida fez despencar os preços internacionais e reduzir drasticamente a receita de exportação brasileira do produto. • Criação de um déficit público pelo aumento das despesas militares para prevenir conflitos regionais e disputas territoriais que vinham se multiplicando Cafeicultura para Exportação no Brasil: Estímulo da produção do Café: Houve um rápido crescimento de sua cultura no país, superando as receitas das culturas tradicionais de açúcar e algodão. • O café já era cultivado mas era de subsistência. E a elevação dos preços internacionais do produto (pelo colapso da produção haitiana) levou ao incentivo da sua produção para exportação. • A decadência de culturas tradicionais, avanço da indústria e da urbanização. • Capital era praticamente nulo e mão-de-obra escassa (pouca receita reduzia a capacidade de aquisição de escravos). - Pouco investimento necessário para produção do café (bem mais reduzida que na economia açucareira). • Muita terra disponível e ociosa (Único recurso abundante) Produção: Início da produção se deu no Vale do Paraíba. Região de condições climáticas propícias para o cultivo desse produto, com terras abundantes para o plantio. • Vale do Paraíba já vinha sendo ocupado, por ser caminho natural da área de mineração para o Rio de Janeiro, que era a capital e principal porto de escoamento das exportações. Desta forma, havia um claro interesse na ocupação e plantio dessa área para abastecer a capital, principalmente após a vinda da corte portuguesa para o país em 1808. • A localização facilitava também o transporte da produção para a exportação. • Quando a produção de café começou a ganhar peso e importância, elevando substancialmente a capacidade de geração de renda e lucros no setor, os grandes fazendeiros expulsaram os pequenos proprietários (sobretudo por meio da falsificação dos registros das Sesmarias). Isso obrigava os minifundiários a migrar para as cidades ou a partir para regiões periféricas, formando cordões agregados aos grandes latifúndios. Características da produção de café • Cultivado extensivamente em latifúndios monocultores de base escravista, utilizando técnicas absolutamente precárias para a plantação. • "Preparo" da terra para o plantio: Derrubada e queimada da Mata Atlântica que cobria a região, utilizando o método vertical de plantação nas encostas. • Não havia qualquer cuidado adicional com a terra, já bastante desgastada pelas queimadas e exposta à ação erosiva das chuvas. • Essa forma de utilização da terra impôs uma produção que ocupava áreas cada vez mais extensas, pois a deterioração do solo tornava-se acelerada. • Havia escravos ociosos da mineração e outros foram trazidos de outras regiões. Mas o tráfico negreiro vinha sendo cada vez mais combatido, o que determinava uma elevação substancial dos preços dos escravos. Transporte: O café era transportado por mulas, em estradas precárias, causando perdas importantes de café e de escravos. Transporte possível pela proximidade entre as áreas iniciais de plantio no Vale e o porto do Rio de Janeiro. • Estrada de Ferro de D. Pedro II: À medida que a produção se expandia, e considerando sua natureza extensiva, outra forma de transporte tornava-se necessária. O declínio da produção de Café no Vale do Paraíba: • A decadência da cultura do café no Vale é explicada diretamente pela má utilização das terras e à mão-de-obra escrava insistentemente empregada ao longo da segunda metade do século XIX, quando sua oferta tornou-se definitivamente escassa. • Redução da disponibilidade de crédito para a produção: A decadência da cafeicultura implicou a inadimplência crescente dos produtores junto aos comissários, levando-os também a uma situação financeira complicada. • Como resultado, a produção de café passou a se concentrar na região conhecida como Oeste Paulista. Onde tinham grandes terras que ainda não tinham sido tão devastadas por serem mais afastadas da capital. AULA 5: Economia cafeeira com trabalho livre • O principal obstáculo para a continuidade do sucesso do processo produtivo estava na mão-de-obra (escrava). A falta de integração entre as regiões do país dificultava o trânsito dos escravos e a reduzida capacidade de adaptação dos escravos aos métodos e à disciplina exigidos pela lavoura agrícola -> Levou a utilização da mão-de- obra imigrante. • A lavoura paulista do café inaugurou a inserção do imigrante na monocultura de exportação, permitindo a continuidade do forte ritmo de crescimento da cafeicultura no Brasil. O Café e o Oeste Paulista: Passagem da produção de café do Vale da Paraíba para o Oeste Paulista: • Solos de melhor qualidade. • Possibilidade de utilizar técnicas mais modernas e adequadas para o plantio e o beneficiamento do café (processo que o café é colhido, seco, armazenado e embalado). • Aumento das restrições da mão-de-obra escrava (Ex: Conjuração baiana). • Investimentos britânicos na construção de ferrovias (que reduziria os custos de transporte dos produtos para exportação). - Forma eficiente de escoamento da produção cafeeira (malha ferroviária) para zonas portuárias. • Aumento da exportação de café para a América do Norte (aumento da população norte- americana pela grande imigração que teve). Abolição da Escravatura (13/05/1888): - Em 1810: Dom João VI promete à Inglaterra acabar com o comércio de escravos. - 1850: Tráfico de negros é extinto para o Brasil - 1871: Promulgada a Lei do Ventre Livre - 1885: Lei dos Sexagenários (Libertava todos os escravos com mais de 60 anos) • As consequências econômicas deste ato logo afetaram a economia e política nacional. • Embora não mais escravizados, nenhuma estrutura garantiu a ascensão social ou a cidadania dos negros. Permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades (não possuíam instrução educacional ou a especialização profissional). Escravidão e Imigração no Brasil: • Pressionado pela Inglaterra, a mão-de-obra assalariada se tornou a solução para evitar uma crise econômica nas lavouras. - No contexto da Revolução Industrial, o mundo precisava de mercados consumidores então a produção só crescia em decorrência da qualidade do solo para o plantio. • A Europa passava por uma série de crises. Foi neste contexto que o Brasil passou a estimular a vinda de estrangeiros, para que trabalhassem nos grandes latifúndios cafeeiros. Utilização de mão-de-obra imigrante (crucial para o sucesso da produção cafeeira no oeste paulista): Propiciou aos fazendeiros da região uma solução viável para o problema da escassez de mão-de-obra. 1) Sistema de parceria (Oeste velho paulista): Momento inicial de inserção dos imigrantes (1845) na fazenda Ibicaba, do Senador Nicolau Vergueiro. Recrutamento dos imigrantes na Europa: Senador Vergueiro contratou agentes para divulgar sua proposta de parceria prometendo o sonho de uma vida melhor. • Visava contratar trabalhadores dispostos ao serviço na lavoura, que receberiam em troca lotes de pés de café adultos (preparados para a produção); • Metade do valor da colheita (cotas de pagamento) seria dos imigrantes (Após a dedução dos custos de transporte, impostos e comissões); • Ao trabalhador caberia ainda a exploração de lotes de subsistência (Os excedentestambém repartidos com o proprietário). Condições desfavoráveis para os imigrantes (insustentáveis a longo prazo): • Péssimo traslado: Muitos imigrantes morreram antes de chegar ao Brasil, devido à falta de higiene, que proporcionava o desenvolvimento de uma série de doenças. • Obrigação de pagamento de todo o custo de seu transporte, além do pagamento de juros de 6% ao ano pelo adiantamento oferecido para a manutenção dos trabalhadores durante o primeiro ano de sua chegada. • Não encontraram, ao chegar, nada do que lhes havia sido prometido como, por exemplo, terras para próprio cultivo, e sim muito trabalho na lavoura do fazendeiro. • Família imigrante era a responsável legal por cada um de seus membros, de maneira que, se algum morresse, os outros deveriam arcar com o pagamento de sua dívida. • Utilizavam má-fé nos contratos, altamente desvantajosos para os imigrantes. Eram obrigados a permanecer pelo menos quatro anos na fazenda, sob rigoroso controle e supervisão dos fazendeiros (função dos capatazes na escravidão). • Direitos do colono eram suprimidos: Proibição de sair da fazenda e receber visitas. A moradia dos imigrantes era uma "adaptação" das antigas instalações das senzalas. • Dívidas só aumentavam e o trabalho passava a ser um regime de semi-escravidão. • Os imigrantes precisavam fazer compras no armazém da fazenda, onde os produtos tinham preços a sabor da vontade do latifundiário. • Todo o processo de comercialização e contabilidade ficava a cargo do proprietário (Apesar do conceito de parceria). Ocorrendo um endividamento eterno dos imigrantes (manipulação desonesta dos livros de contabilidade da fazenda, práticas de subfaturamento da produção e até aumento indiscriminado da dívida registrada). Importação de mão-de-obra em larga escala: • As safras foram abundantes. • Considerando sua baixa produtividade média dos imigrantes que, em grande parte, não tinham experiência prévia com a lavoura. 2) Sistema de colonato (Oeste novo paulista): • A falta de mão-de-obra para a expansão da lavoura agrícola cafeeira persistia. • A imagem do Brasil como um possível espaço para a realização de homens pobres europeus vinha sendo desfeita a passos largos (Divulgação dos maus-tratos) Novo formato do sistema de parceria: • Mudanças significativas para garantir os fluxos de imigração para a cafeicultura. Favoreceu fortemente o aumento do fluxo de imigrantes para o país. • A industrialização brasileira é fortemente associada ao colonato. Com o aumento da acumulação de capital no âmbito do café e a introdução do colonato como sistema de imigração (pagamento de salários), o mercado interno cresceu e isso acarretou no início da industrialização e aparecimento de fábricas. • Sistema de Remuneração Misto: Pagamento direto ao colono. Recebiam uma parte do pagamento sobre participação na venda do café e outra parte em salário fixo anual. • Fazendeiro obrigado a arcar com despesas de viagens e do primeiro ano de trabalho (utilização do governo da província de São Paulo para custear o transporte para o Brasil, além da instalação dos estrangeiros). • Concedida ao imigrante uma fatia de terra para o plantio de artigos para subsistência. • Devido ao violento processo de unificação da Itália, o contingente mais importante da imigração era de italianos (cerca de 510.000, entre 1884 e 1893). Cerca de 800 mil imigrantes entraram no Brasil para a produção de café, garantindo definitivamente as condições básicas do crescimento de sua produção. Fatores de expulsão na Europa: Contribuíram para o processo de imigração para o Brasil. • Violento processo de unificação na Itália e na Alemanha. • Crise econômica que se iniciou nos Estados Unidos a partir de 1893. Parceria X Colonato: • Ao contrário do sistema de parceria, o colonato não impunha condições de vida tão degradantes aos imigrantes. • No sistema de parceria, o imigrante arcava com todos os custos da viagem e estadia, acumulando uma dívida praticamente impagável, e sofria com condições de vida extremamente precárias, o que determinou um fim muito rápido para sua utilização. • No colonato, com a participação do Estado no financiamento do fluxo migratório, aliada a um processo mais geral de imigração européia para o resto do mundo, a imigração encontrou condições bem mais favoráveis para deslanchar. OBS: Desde que o Brasil foi descoberto, parte expressiva de seus recursos foi gerada a partir da exportação de produtos do setor primário. Houve exploração do pau-brasil, cana- de-açúcar, ouro, café. - O esgotamento de um determinado produto levava à busca de um novo que rendesse o sustento da economia (metropolitana ou nacional). - A impossibilidade de produzir o café por falta de mão-de-obra numa época em que esta mercadoria era tão valorizada no mercado internacional decerto promoveria uma alteração muito grande nas trilhas seguidas pela nossa economia. AULA 6: Políticas de sustentação da renda da cafeicultura na República Velha Taxa de câmbio: Valor da moeda nacional em relação a moeda estrangeira. • Desvalorização da taxa de câmbio: Aumento do preço da moeda estrangeira, encarecendo a importação e aumentando receitas de exportações em moeda nacional. • Valorização cambial: Reduz o preço da moeda estrangeira e o preço pago por produtos importados. Também diminui as receitas de exportações em moeda nacional. Mercado de câmbio: "Ambiente virtual" onde é determinada a taxa de câmbio, pelas transações de compra e venda de moeda estrangeira. Os agentes envolvidos neste mercado são demandantes e ofertantes de moeda estrangeira. Fontes de demanda por moeda estrangeira: • Gastos com importações e bens e serviços. • Pagamentos de dívidas contraídas anteriormente com outros países. • Remessas de lucros para matriz de empresa multinacional. • Aplicações financeiras no exterior. Fontes de oferta de moeda estrangeira: • Receitas de exportação de bens e serviços. • Dívidas contraídas. • Rendas recebidas. • Aplicações financeiras de estrangeiros no Brasil Banco Central: Gestor da política cambial, aumenta ou diminui a oferta de moeda estrangeira, podendo controlar as taxas de câmbio. • Principais atribuições no mercado de câmbio são: - A regulamentação do mercado cambial. - A aplicação de medidas relativas ao regime cambial (Fixo ou flutuante) definidas pela política governamental. Balanço de pagamentos: Onde são registradas todas as operações realizadas entre empresas ou pessoas residentes em um país e aquelas não residentes. - É uma razão entre as operações de bens e serviços (transações correntes) e as de natureza financeira (conta de capital e conta financeira). - Tem importância fundamental para a organização das transações de um país com o resto do mundo, permitindo a análise da situação externa do país e um controle maior dessas transações. República Velha / Primeira República (1889-1930): Começou com a proclamação da República e teve fim na Revolução de 1930. Mudanças expressivas: • O povo passou a escolher os governantes, ainda que sujeito a grandes restrições. • A Igreja foi legalmente separada do Estado, por meio de uma nova Constituição. Política econômica da República Velha: 1° momento) Recorrente desvalorização da taxa de câmbio, o que garantia aos si cafeicultores a manutenção de sua renda em moeda nacional. Isso implicava a ti continuidade da expansão das lavouras e da oferta de café no mercado internacional, determinando uma grande queda dos preços do produto. 2° momento) Início do Governo Campos Sales: Mudança na economia definida pela necessidade de renegociação da dívida externa levando a estabilização monetária da economia brasileira. Cafeicultura: • Brasil continuou a ser o país do café e dos grandes latifúndios. - Ampliação das terras disponíveis para o cultivo, decorrente da importante expansão da malha ferroviária no espaço paulista. E a grande entrada de mão-de-obra imigrante permitiram um relevante aumento da capacidade produtiva do café. - Mão-de-obra aceitava saláriosmais baixos pela grande número de trabalhadores disponíveis. A cafeicultura experimentou grande aumento na acumulação de capital, persistindo o aumento sistemático da produção. • Os donos destas propriedades, chamados coronéis, impunham seu poder sobre os ir empregados, submetendo-os ao voto de cabresto. Isto fazia com que o poder político da região também estivesse sob seu domínio. - Período conhecido como República do Café-com-leite, pois o poder político se concentrou nas mãos das oligarquias paulista (responsável por produzir o café) e mineira (responsável pela produção de leite). 1889/1898 - Desvalorização cambial e sustentação da renda da cafeicultura A desvalorização cambial e aumento da receita interna da cafeicultura fui fator chave para a decadência da produção de café no vale do Paraíba. • A produção brasileira representava 3/4 da oferta total de exportações de café no mundo. Então, qualquer mudança no patamar produtivo brasileiro afetava substancialmente a oferta internacional do produto. • Pela prolongada crise econômica que assolou a economia note-americana, o Brasil produzia mais café do que era exportado. O preço do café caiu, determinando uma redução da receita de exportações. • Início de um ciclo de desvalorização da taxa de câmbio: Em decorrência da queda de preços do café, o Balanço de Pagamentos sofreu um impacto importante, promovendo mudanças na condução da política econômica do Brasil. Círculo vicioso da desvalorização cambial e suas consequências: Desvalorização cambial ocorreu pela: 1. Redução da entrada de moeda estrangeira, pela queda do preço internacional do café. 2. Pressão política exercida pelos cafeicultores, visando preservar seus ganhos em moeda nacional. Complicações do período: • Sofreu efeitos de uma seca prolongada nas principais culturas agrícolas do país. • Sofreu uma forte estagnação econômica, dada a desorganização da produção de culturas tradicionais (como a açucareira e a do algodão) em decorrência da abolição da escravatura, em 1888. • O uso do imigrante substituindo o trabalho escravo estava cristalizado apenas na produção de café, de maneira que as demais atividades produtivas necessitavam de recursos para sua recuperação. Encilhamento: Política financeira de estímulo à indústria (de emissão monetária). • Para conter a onda de falências que aconteceria caso essa queda fosse repassada para os cafeicultores, o governo brasileiro adotou uma política de desvalorização cambial (Encilhamento). - Isso significou reduzir o valor da nossa moeda em relação à libra, a fim de manter elevada a renda dos cafeicultores em moeda local. - O resultado foi uma espiral inflacionária e de falências, causando uma profunda desordem financeira na economia brasileira. • O ciclo: 1) Queda dos preços do café e desvalorização cambial (Aumento do preço do café em moeda nacional): O encilhamento teve efeitos diretos sobre a taxa de câmbio e contribuiu fortemente para uma desvalorização cambial mais intensa. - Enquanto os preços internacionais do café caíam expressivamente, a desvalorização do câmbio fazia os preços do café aumentarem em moeda nacional (mil-réis). - Os cafeicultores recebiam uma remuneração maior (em mil-réis) pela venda do produto, mesmo com a redução do preço no mercado internacional. Isso os estimulava a aumentar ainda mais a produção. - Isso elevava a oferta nacional que reduzia o preço internacional do café novamente, aumentava os preços internos do café e por aí vai num ciclo vicioso diminuindo cada vez a receita de exportações, a oferta de moeda estrangeira e desvalorizando a taxa cambial. 2) Perda do poder de compra de produtos importados com moeda nacional: A desvalorização cambial determinava uma elevação dos preços dos produtos importados, base da cesta de consumo brasileira, uma vez que pouco era produzido para o mercado interno. 3) Necessidade de aumento dos salários: A subsistência tornava-se mais cara em moeda nacional, forçando o aumento dos salários, base dos custos de produção da cultura cafeeira. 4) Aumento nos custos da produção de café e redução dos lucros dos cafeicultores: O aumento dos custos (salários, etc) seria responsável pela redução da margem de lucro da cafeicultura, reduzindo seu espaço para acumulação de capital em longo prazo. • Desvalorização cambial afetando as finanças públicas: A redução nas importações diminuía a receita do governo nas arrecadações de impostos sobre os produtos importados. - Fim da Tarifa-Ouro: Era o imposto cobrado pelo governo em ouro sobre as importações. Este procedimento evitava que o governo perdesse dinheiro na troca de moeda, aumentando as reservas do Estado. - Fonte de financiamento público: Endividamento externo (empréstimos), cujo pagamento é efetivado em moeda estrangeira. A possibilidade de obter novos empréstimos externos reduzia-se à medida que as receitas de exportações caíam. Quanto menor a entrada de moeda estrangeira no país, maior o risco de não pagar as dívidas e, obviamente, menor a oferta de novos empréstimos. A desvalorização cambial implicava, portanto, aumento das necessidades de gasto do governo. O governo Campos Sales (1898-1902) e o "Saneamento monetário" de Joaquim Murtinho: Presidente Campos Sales: Substituiu Prudente de Moraes. Era representante da oligarquia cafeeira paulista. • Apoiada em um discurso de base liberal, que valorizava o papel do mercado e os efeitos negativos da intervenção governamental; • A política econômica do governo Campos Sales citava a ineficiência produtiva no Brasil (tanto no campo quanto na indústria nascente) como justificativa para uma mudança radical nos rumos do país; • A meta primordial do presidente era a obtenção de novos recursos externos para resolver o problema de solvência das finanças públicas. Logo ao tomar posse foi à Europa em busca desses recursos. • A desvalorização do café no cenário Internacional exigiu uma desvalorização cambial, a fim de manter alta a renda dos cafeicultores em moeda nacional. Por causa dessa medida econômica, o poder de compra de produtos importados ficou prejudicado, gerando uma crise econômica. II Funding Loan: Na tentativa de resolver a dívida o presidente Campos Sales assinou o Funding Loan, um empréstimo feito com credores internacionais com novas condições (mais favoráveis) de pagamento. • Objetivo da nova política econômica: Definir uma trajetória de saneamento monetário capaz de impor uma inversão dos movimentos da taxa cambial, permitindo a valorização da moeda nacional. Por trás disso estava o firme propósito de garantir condições para o pagamento da dívida externa consolidada no início do governo. • Ações para estabilizar as taxas de câmbio - Aumentou as tarifas sobre os produtos importados com o objetivo de aumentar a receita do governo em moeda estrangeira e arcar com os custos da dívida externa e dos juros gerados por ela (Tarifa-Ouro). - A política de saneamento monetário implementada por Joaquim Murtinho no governo Campos Sales implicou em forte valorização do mil-réis e um rápido processo de deflação no país. - Retirou moeda nacional de circulação, com o intuito de cumprir os termos do pacto assinado com credores internacionais. Pânico Bancário no Rio de Janeiro em 1900: - A forte retração da oferta de moeda e crédito de circulação em conjunto com a Deflação (Queda do índice geral de preços de um país) levou a uma pesada diminuição do nível de atividade econômica. Foi bastante sentido pela população e acabou afetando os negócios em geral e, particularmente, os cafeicultores, que pressionavam para uma mudança nos rumos da política adotada. - O Funding Loan solicitava que parte da dívida fosse depositada em bancos Internacionais como garantia. A retirada de dinheiro de circulação causou uma enorme crise econômica. Diante da impossibilidade de uma nova política de emissão (considerando a perturbação econômica gerada pelo Encilhamento), o governo resolveu utilizar o dinheiro doprincipal banco brasileiro dessa época, o Banco Republicano Brasileiro (BRB). Este fato gerou muita preocupação na sociedade. O BRB foi liquidado e reestruturado, agora sob controle do governo, que se responsabilizou pelas dívidas e gerou títulos que poderiam ser resgatados no futuro. Isso, de certa forma, apaziguou a eminente crise da sociedade. O convênio de Taubaté (1906): A nova forma de valorização do Café (autonomia das províncias sobre o governo central). Resposta à queda dos preços do café no mercado internacional, para manter o preço internacional e evitar o aumento da oferta internacional. • Formalizou uma nova prática de proteção da renda da cafeicultura. - O novo cenário de política econômica desfavorecia a receita de exportações dos produtores de café. - Os produtores pressionaram o governo a implementar medidas protecionistas para garantir o lucro. • O aumento da população urbana e a necessidade de investimentos em infraestrutura (saneamento, urbanização, portos e estradas de ferro) garantiram uma oferta importante retomada do nível de atividade da economia brasileira. • A estabilidade monetária e a constante pressão para valorização cambial deixavam insatisfeitos os cafeicultores, que viam suas receitas recorrentemente reduzidas ou ameaçadas. - Em 1906, a safra de café passava de 20 milhões de sacas para uma demanda internacional de aproximadamente 16 milhões. - Ameaçando mais uma crise de superprodução: A previsão de uma grande safra de café e a consequente expectativa de queda significativa dos preços internacionais, em um cenário de câmbio estável, fariam despencar os rendimentos da atividade cafeeira. - A manutenção das taxas de câmbio estáveis, parte do processo chamado de saneamento financeiro de Campos Sales, preocupava os cafeicultores, pois, naquele momento de nossa economia, nada asseguraria a renda que os grandes senhores do café estavam acostumados a manter. Convênio de Taubaté: Conter a oferta internacional do café para diminuir a pressão da queda do preço internacional. Convênio de Taubaté: Os cafeicultores, exercendo sua enorme capacidade de interferência no poder, conseguiram negociar uma vantajosa solução para o problema. Firmada em 1906 pelos presidentes das 3 províncias produtoras de café (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). • O Convênio de Taubaté determinou a prática de controle de estoques para regular o preço internacional, artifício permitido pela enorme parcela do mercado internacional ocupada pela produção brasileira. • A oferta de café seria reduzida no mercado internacional, mantendo o preço constante. • Foi estabelecido que: a) Haveria a compra de excedentes de produção pelos governos estaduais envolvidos; b) A compra seria viabilizada por meio de um financiamento de 15 milhões de libras esterlinas; c) O gasto com a compra do excedente de café seria coberto pela criação de um imposto em ouro aplicado a cada saca exportada de café; d) Um fundo seria criado para estabilizar a taxa de câmbio, impedindo constante valorização. - Funcionaria na forma de uma Caixa de Conversão -> Utilizada para a estabilização da taxa cambial. Foi criada no governo Campos Sales exatamente para impedir uma maior valorização do mil-réis. e) Seriam tomadas medidas para desencorajar a expansão das lavouras no longo prazo, como a definição de taxas proibitivas. • Apesar do sucesso alcançado na estabilização dos preços internacionais, a prática acabou induzindo uma forte concentração na atividade cafeeira. - Os maiores lucros acabaram direcionados para os operadores do mercado financeiro, com destaque para os banqueiros internacionais e as casas comissárias, que compravam o produto na baixa e vendiam na alta (passaram a dominar o comércio do café). - A manutenção de altos preços e da receita de exportação inviabilizava qualquer tentativa de desestimular o crescimento das lavouras, tornando o problema insolúvel no longo prazo. AULA 7: Desequilíbrios regionais no Brasil - Uma marca da economia brasileira: • Países desenvolvidos: Possuem equilíbrio econômico entre as regiões. • Países subdesenvolvidos: Possuem desequilíbrios internos e discrepância no desenvolvimento dos estados. A economia brasileira é espacialmente muito desequilibrada. São Paulo é onde se concentra a maior parcela do PIB nacional. - Outros estados e regiões experimentaram dinamismo em alguma etapa do desenvolvimento de atividades agroexportadoras, mas não conseguiram superar as crises que surgiram. A economia cafeeira, com base na mão-de-obra livre, foi a única que conseguiu transformar-se, fazendo surgir atividades mais dinâmicas: a indústria. Indicadores de desequilíbrios regionais: • Peso econômico de um estado muito superior aos demais. • Distribuição da população no território. • Distribuição do PIB por regiões. - Produto Interno Bruto: É o valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro de um país. É uma medida da riqueza do país em um período de tempo determinado. Raízes históricas dos desequilíbrios regionais no Brasil: Até meados do século XIX, as regiões eram caracterizadas como ilhas regionais, sem guardar relações econômicas entre si. De 1850 a 1930, a expansão cafeeira e a industrialização romperam este isolamento regional, fazendo surgir uma economia centrada em São Paulo. Isso tornou as demais regiões dependentes do dinamismo paulista. Nordeste: Do auge açucareiro à estagnação • Onde se desenvolveu a primeira atividade econômica importante do País: a agroexportação canavieira. Além da pecuária e cultura do algodão (cotonicultura). - Porém, nenhuma dessa atividades trouxe as condições para a superação da crise. - Até que o Nordeste atravessou um processo secular de estagnação, tornando-se uma área de emigração. • O IDH Nordestino é o mais baixo entre todas as regiões, refletindo a incapacidade da região para superar a crise na economia canavieira e encontrar alternativas economicamente mais dinâmicas para a sua economia. - O alto percentual de pessoas com renda inferior a meio salário mínimo é um indicador da fraca circulação de renda na região, dificultando o surgimento de novas atividades econômicas. • Região contribuiu para formação de "reservatório de mão-de-obra". - Mesmo com a economia nordestina estagnada, a região participava com 40% da população brasileira, tendo se tornado, depois, a maior região de emigração. Economia canavieira: • Ocupação extensiva da terra • Utilização da mão-de-obra escrava • Visava mercado consumidor europeu • O engenho de açúcar tinha elevado grau de auto-subsistência, implicando na baixa circulação interna de dinheiro, tornando a economia local pouco afetada pelas oscilações na renda das exportações da cana-de-açúcar. • No meio do século XVII, a renda das exportações caiu devido ao declínio dos preços internacionais do açúcar. Levando a uma crise que impediu o seu desenvolvimento. Pecuária: • Pouca contribuição à economia colonial • Importante para a ocupação do território interior do país • Serviu como "amortecedor" das crises da cana-de-açúcar, ao abrigar trabalhadores que se tornaram desnecessários para a economia canavieira, durante a crise. • Atividade resistente a crises: Não demandava investimento inicial elevado e gastos operacionais (Diferente das demais atividades voltadas para o mercado externo). Algodão (cotonicultura): Uma alternativa para a cana-de-açúcar • Considerada como uma alternativa à crise da economia canavieira, pela identificação da Revolução Industrial com a indústria têxtil. • O algodão nordestino se sobressaiu apenas quando os produtores tradicionais entraram em crise (Como na Guerra Civil norte-americana). • Com o tempo, a cotonicultura paulista, tecnologicamente mais moderna, limitou o crescimento dessa atividade e seu dinamismo como fonte de renda da economia nordestina. A região de Minas: A ilusão do ouro • A descoberta de ouro na região gerou um grande movimento migratório para o interior, inclusivede portugueses. • Por ser uma atividade que não dependia da propriedade de terras, o garimpo atraiu todo tipo de trabalhadores, até mesmo os ex-escravos. • A grande concentração da população nas cidades mineiras em conjunto com a inexistência da agricultura nas áreas de garimpo, impulsionou a economia do interior da Colônia. O abastecimento da população garimpeira gerou um comércio de longa distância (desde os produtores primários do Sul do país até os criadores do Nordeste). • O Sul: Latifúndio e Indústria Regional • A ocupação do Sul se deu com o imigrante europeu estabelecendo-se como pequeno proprietário sem trabalhadores escravos. • A principal atividade econômica era a pecuária (que exerceu papel fundamental no abastecimento da região mineira na época do ouro) além da produção agrícola, voltadas para o mercado interno. • No Rio Grande do Sul, o território foi dividido segundo a utilização em distintas atividades. - Ao sul, predominava a pecuária, baseada no latifúndio e empregando poucos trabalhadores (o que levou a atividade a não se desenvolver). - Ao norte, predominava a agricultura, com base no trabalho extensivo que a imigração européia propiciou (devido à agricultura, produziu-se um amplo mercado consumidor, ainda que de baixa renda). • Assim, surgiram cidades que geravam mercado para a agricultura mercantil, cuja renda estimulava as atividades manufatureiras urbanas. Criou-se assim, um círculo virtuoso que sustentou o dinamismo da economia local, articulando agricultura, pecuária e indústria (Alcance apenas na região do extremo-sul). • A economia do extremo sul encontrou seu desenvolvimento no mercado interno (Diferente do café e açúcar). Inseriu-se na economia brasileira pela oferta de alimentos, tornando-se o primeiro celeiro do país (grande produtor de alimentos). Amazônia: O "Ciclo"da borracha (1870 - 1920): • Exportações de látex atingiram enormes proporções. - A riqueza gerada permitiu a construção do monumental Teatro Amazonas (Patrimônio Histórico). • Houve expansão da indústria que demandava borracha • Atividade de regime extrativista, somente encontrada na Amazônia. - Atividade nômade, fixava pouco o trabalhador à terra. - Trabalhador era contratado sob o esquema do aviamento, recebendo em espécie, com pequena parcela em dinheiro, e levado a adentrar o território em busca de novas seringueiras, árvores de onde o látex era extraído. - Pouca circulação de dinheiro, não favorecendo o surgimento de cidades (exceto as portuárias, para onde a borracha era transportada para ser exportada). • Transporte: Não houve investimento em malha ferroviária (limitando o ciclo econômico da borracha). Infra-estrutura de transportes era constituída por rios e canais fluviais, abundantes na Região Norte. 10 • Crise da borracha: Entrada de outros países produtores de borracha (declínio do preço da borracha) sem que o dinamismo tivesse se instalado em bases sustentáveis. A economia amazônica voltou a se isolar. - Apesar da riqueza que gerou, o ciclo da borracha não proporcionou o surgimento de outras atividades que poderiam superar a crise na produção. - A economia regional regrediu e, até os nossos dias, as condições de vida de parte significativa da população são consequências deste retrocesso. São Paulo - Do café à industrialização: A "locomotiva" do PIB brasileiro. • O café transformou a economia paulista e forneceu as bases para que sua crise fosse superada -> Investindo os recursos na atividade industrial • São Paulo foi a única região em que uma atividade agroexportadora teve sua crise superada pelo surgimento de uma atividade mais dinâmica: a indústria. • A partir de 1880, São Paulo se tornou o maior produtor de café do país pelas: - Técnicas de produção que sustentavam a fertilidade do solo por mais tempo do que no cultivo da província fluminense. - A disponibilidade de terras planas e de maior fertilidade. - Implantação da malha ferroviária: Aproveitando o território mais distante do litoral e tendo maior disponibilidade de recursos naturais. A ferrovia foi infra-estrutura de apoio à atividade industrial sucedeu a cultura do café. - Mão-de-obra livre: A proibição do tráfico negreiro elevou os preços dos escravos, o que estimulou a emigração de trabalhadores europeus, interessados em se tornar pequenos proprietários. A necessidade de poupar fez do emigrante um trabalhador muito mais produtivo do que o escravo. A cultura do café e o surgimento de cidades: • Por ser uma atividade muito dependente de mão-de-obra (agora livre), houve estímulo ao surgimento de muitas cidades. • Ao receber permissão para cultivar alimentos paralelamente ao café, os trabalhadores produziram uma agricultura mercantil que permitiu o abastecimento das cidades, contribuindo para sua consolidação, e conseqüente não-reversão. Crise de superprodução cafeeira (1894): Foi estabelecida uma política de sustentação da renda dos cafeicultores. • 1894: Se deu através das desvalorizações cambiais, que permitiam a manutenção da receita das exportações, sustentando-lhe a lucratividade e encarecendo as importações. Criando estímulo à industrialização substitutiva de importações. • 1906: A política de sustentação da renda da cafeicultura passou a ter como base a compra dos excedentes de produção, o que continuava a assegurar a renda do negócio e, portanto, o nível de emprego nessa atividade. • A manutenção do nível de emprego e o encarecimento das importações levaram à migração dos lucros da atividade cafeeira para financiar os empreendimentos industriais. Café criou as bases para a indústria (forte complementaridade entre o capital cafeeiro e o industrial). Superação da crise cafeeira pela indústria: Atividade mais dinâmica, geradora de maior produtividade, transformou não só a economia paulista, mas a do país. • As indústrias das demais regiões tornaram-se zonas de complementação da indústria paulista, especializando-se em fornecer insumos a serem processados por ela. - O mercado regional conseguiu ampliar seu alcance para o mercado nacional. Processo de industrialização no país (São Paulo x Rio de Janeiro): • Rio de Janeiro: Cafeicultura era realizada por trabalho escravo. • São Paulo: - Mão-de-obra livre (imigrantes europeus) o que melhorou sua produtividade. - Aumento do investimento em infra-estrutura de apoio (malha ferroviária). - Grande financiamento das atividades manufatureiras. Atraindo investimentos. industriais, ampliando o mercado e consolidando SP como o local preferencial da indústria no País. AULA 8: A Revolução de 1930: Marco político que separou os modelos de desenvolvimento econômico 1) Primário-exportador: Voltado "para fora", para o mercado externo. Enquanto a política econômica privilegiava a cafeicultura, a industrialização avançava no país. 2) De Industrialização substitutiva de importações (urbano-industrial): Voltado "para dentro", para o mercado interno. - Caracterizado pela intervenção do Estado na economia, visando diminuir a vulnerabilidade externa por meio da industrialização interna, disponibilizando recursos para a indústria nacional. - Objetivo de conquistar a auto-suficiência na produção de matérias-primas (ferro, petróleo) e produtos essenciais que tinham preços altos no mercado externo. - Iniciado a partir da década de 1930, teve seu auge com a indústria automobilística nos anos 1950. Os antecedentes da Revolução de 1930 • Interesses econômicos identificados com a cafeicultura (mercado externo) foram dominantes e prevaleceram junto ao poder público. • Grupos insatisfeitos que buscavam novos interesses a partir da urbanização e dos novos interesses econômicos. • Café não era mais um produto seguro economicamente e o governo já não podia mais subsidiar seus custos (Levando a insatisfação das elites cafeeiras, cujos interesses até aquele momento coincidiam com os do governo). • Formação da Aliança liberal: Acordo entre estados criado pelas elites que não estavam diretamente ligadasao café e que não participavam das decisões políticas como gostariam. Consequência de disputas regionais pela conquista do poder central. - Movimento viabilizou a ruptura institucional (queda do governo), potencializada pela crise social que se seguiu à depressão de 1929. • Depressão de 29 provocou: a) diminuição dos fluxos comercial nos mercados externos; b) redução dos preços internacionais dos produtos comercializados; c) paralisação dos fluxos financeiros internacionais utilizados no financiamento da compra dos estoques excedentes de café. - A impossibilidade de sustentar a defesa da cafeicultura tornou explícita a necessidade de mudança do papel do Estado e o apoio que ele dava à economia cafeeira. Transformações políticas e econômicas ocasionadas pela Revolução de 1930: • Liderado por Getúlio Vargas -> 1º governo de Getúlio Vargas. • Mudança do modelo de desenvolvimento de primário-exportador para Industrialização substitutiva de importações. • Estado se tornou um importante fator econômico nesse novo modelo (fortalecimento do poder central) Transformações políticas: • Governo Vargas (1930-1945): - 30 a 37: Governo Provisório (1930-34) e ao triênio seguinte, apesar de estar em vigor a Constituição de 1934, o país viveria em situação de exceção; - 37 a 45: Estabelecimento do Governo Autoritário, com nova Constituição, que instituiu o Estado Novo. • Estado Novo: Centralização do poder do governo central diante dos governos estaduais (que perderam muito de sua autonomia, por terem se tornado atores coadjuvantes do governo federal). Transformações demográficas e econômicas: • Transferência de capital e mão-de-obra da agroexportação cafeeira para a indústria manufatureira. • Alteração na composição do PIB. • Operariado: Nova classe que se organizou pelo aumento o fluxo migratório para as cidades que cresciam cada vez mais por conta do desenvolvimento da indústria. - A crescente concentração de trabalhadores nas cidades facilitou seu contato e propiciou a organização de sindicatos e partidos políticos. - Organizaram o Partido Comunista Brasileiro (PCB): Operários das fábricas passaram a organizar-se para reivindicar seus direitos ganhando importância, participação e força na sociedade brasileira, como por ex os militares e a classe média (Mudanças no modelo social). Governo Provisório 1930-1937: Marcado pela acomodação de novos interesses econômicos no interior das classes dominantes. • Politicamente: Caracterizou-se pela disputa entre o Tenentismo e os quadros políticos tradicionais. Ambos seriam derrotados pelo Governo Vargas. - Tenentismo: Movimento político desencadeado por jovens tenentes, em oposição ao governo e à alta oficialidade, que defendia os interesses da oligarquia. Reivindicavam maior centralização do governo (menor autonomia dos estados), uniformização da legislação e do sistema tributário e a implantação do voto secreto. • A crise econômica foi enfrentada mediante a declaração de moratória da dívida externa e a política de queima de parte da produção cafeeira • A crise evoluiu para Revolução Constitucionalista, contra o governo provisório e em defesa de um marco legal para o pais. - Revolução Constitucionalista: Revolta contra o presidente Getúlio Vargas, organizada por latifundiários e empresários em São Paulo. Reunidos em comício, os manifestantes pediam uma nova Constituição para o Brasil. O governo enviou tropas federais para conter essa rebelião, que durou três meses. • Ainda que militarmente derrotado, São Paulo teve suas principais demandas atendidas, como a criação de um órgão regulador da produção de café, o IBC, e convocar uma Assembléia Constituinte que elaborou a nova Constituição Federal de 1934. Novas leis trabalhistas: O principal destaque do Governo Provisório foi a adoção de uma legislação trabalhista e previdenciária que beneficiava um contingente crescente da classe trabalhadora urbana. • O objetivo do governo era um ajuste das relações entre patrões e empregados, na área do trabalho, que anulasse, no campo sindical, a velha influência anarquista e a influência comunista nascente, transformando os sindicatos em organismos oficializados. • A regulação nas relações capital-trabalho favoreceu o desenvolvimento de uma sociedade de base urbano-industrial; • Alguns dos direitos recém-adquiridos pelo proletariado e pelos trabalhadores no comércio: - Jornada de trabalho de 8 horas; - Férias remuneradas; - Estabilidade no emprego; - Indenização por dispensa sem justa causa; - Convenção coletiva de trabalho; - Regulamentação do trabalho das mulheres e de menores; - Institutos de aposentadoria e pensões, que garantiam assistência àqueles grupos. Estado Novo (1937 - 1945): Regime autoritário (ditadura). • Getúlio Vargas, líder do Governo Provisório, deu um golpe de Estado para manter-se na presidência (com o apoio de importantes lideranças políticas e militares). • Intentona Comunista: "Ameaça comunista". Tentativa de tomada do poder pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1935, logo dominada pelo governo Vargas. • Graças à instabilidade política e econômica em que se encontravam os grupos dominantes antes da Instituição do Estado Novo que o Estado pôde prevalecer, assumindo o papel de instrumento de realização de interesses diferenciados, mas sobretudo proporcionando condições de avanço industrial. Reelaboração das relações entre sociedade e Estado: • Criação de instrumentos para acelerar a transformação do eixo econômico do país rumo à industrialização. • Governo assumiu maior participação na economia e institucionalizou o autoritarismo do governo central. Sua criação deveu-se ao interesse do governo em agir sem os limites da lei, visando à realização de reformas administrativas, políticas e econômicas. • A ausência de uma ordem econômica internacional contribuiu muito para essa grande autonomia do Estado. • Poder público tomou a frente nos projetos de desenvolvimento econômico • Reestruturação interna do Estado, com os governos subnacionais submetendo-se às definições de políticas adotadas pelo governo central. • O fortalecimento do Estado Nacional Incluiu a criação de um corpo burocrático profissional estabelecido segundo critério meritocrático (Concurso público); • A Constituição de 1937 deu ao presidente plenos poderes, legislativos e executivos, permitindo-lhe consolidar definitivamente o poder do governo central, o que já vinha se manifestando desde a fase do governo provisório. - Apesar da evidente hipertrofia do Estado, a reforma administrativa contribuía para proporcionar condições ao poder público de superar o seu perfil patrimonialista e tornar-se um aparelho impessoal de administração pública. "Industrialização restringida": • Avanço industrial era limitado pela capacidade do país em importar os bens de capital que permitissem ampliar a capacidade produtiva interna. • A superação dessa limitação se deu pela maior participação dos interesses industriais no poder central, seja para receber financiamento para produzir internamente os bens de produção de que necessitava, seja para receber algum benefício fiscal ou cambial para importar esses bens. Governo lIberal da República Velha X Governo após revolução de 30: A Revolução de 1930 rompeu com a visão liberal do Estado. Inicialmente, Vargas enfrentou o estrangulamento externo, dando uma solução drástica para o acúmulo dos estoques excedentes de café e o aumento da dívida externa (em grande parte para financiar a política de manutenção dos estoques de café), mas também interveio na estrutura econômica do país, seja organizando as relações capital-trabalho (via legislação trabalhista), seja pela regulação das principais atividades agrícolas, por meio da criação do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Mudanças estruturais do Estado Novo: • Submissão dos estados à União: Perda da autonomia dos governos estaduais frente ao governo central (centralização do poder público)• Avanço da legislação trabalhista e previdenciária (criação da Justiça do Trabalho). • Ao mesmo tempo que criava ou ampliava direitos, o Estado Novo tratava de liquidar a autonomia da organização dos trabalhadores. O Estado Novo liquidaria de vez com a autonomia sindical em 1939, proibindo a existência das associações não integradas ao sistema oficial. Mudanças econômicas: • Abolição das taxas interestaduais de exportações, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do mercado interno. • Plano quinquenal: Previa a atuação direta do Estado na criação de empresas estatais. - Companhia Vale do Rio Doce: Formada por vários acordos internacionais, após o Brasil receber a Itabira Iron Company e a estrada de ferro que ligava as Minas à Vitória. - Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda: A estrada de ferro forneceu um novo investimento ao Estado no plano da infra-estrutura, garantindo o controle nacional de matéria-prima (ferro) para a indústria pesada. - Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc): instituição responsável pela regulação da oferta monetária no país. • Com a criação dessas grandes empresas estatais o Estado nacional brasileiro iria se transformar em um agente do desenvolvimento nacional superando a condição de subdesenvolvimento da economia brasileira. • O Brasil havia se transformado em um país de base urbano-industrial, para o qual foi necessária a intervenção do Estado no domínio econômico. Iniciativas intervencionistas do Estado no Governo Vargas: - Criação da superintendência de moeda e crédito: Função exclusiva de regulação econômica. - Legislação trabalhista: Apesar de regular as relações capital-trabalho, é considerada uma intervenção indevida, pois não protege adequadamente o trabalhador no mundo atual, onde prevalecem relações flexíveis de produção. Isto resultaria em crescente informalidade no mercado de trabalho. - Criação de empresas públicas: a criação de empresas estatais somente se justificaria em um contexto em que a iniciativa privada se mostrasse incapaz de empreender em setores necessários ao processo de desenvolvimento econômico, sendo o processo de privatizações uma evidência de que isso não acontece mais. AULA 9: Origens da indústria no Brasil • Industrialização de deu, à princípio, pelo declínio dos preços do café no cenário internacional e pela necessidade de obter produtos importados que estavam cada vez mais caros (devido à desvalorização de nossa moeda). - Assim, foram criadas as primeiras manufaturas para atender à demanda do mercado interno. Correntes interpretativas - Explicação da origem e desenvolvimento da indústria: 1) Teoria dos Choque Adversos: • Relação entre as crises internacionais e os surtos de industrialização em uma economia dependente das exportações. Brasil dependia diretamente do setor externo para crescer e acumular capital, sendo um país caracteristicamente agroexportador. • Ponto positivo: Qualquer crise externa levaria a um Desequilíbrio Externo, gerando um mercado interno propício para o desenvolvimento da indústria doméstica/Indústria de transformação (transforma matéria-prima em bens de consumo prontos para serem adquiridos) - Desequilíbrio Externo: Queda de receita pela diminuição das exportações. Encarecimento das Importações pela desvalorização da moeda nacional em relação às estrangeiras. • Ponto negativo: A crise externa e o aumento do preço das importações afetam a aquisição/investimento em Bens de capital (máquinas, instalações). • No Início o crescimento industrial foi induzido pela expansão da renda interna das exportações de café. Já na crise externa, o aumento da produção industrial se deu pelo uso mais intensivo da capacidade produtiva anteriormente instalada. - Embora as indústrias estivessem ganhando espaço, as exportações de café e de outros produtos primários continuaram a ser fundamentais para garantir a capacidade de importar bens de capital. 2) Industrialização liderada pela expansão das exportações • Defensores dessa teoria: Warren Dean (1976), Robert Nicol (1974) e Nataniel Leff (1982), importantes estudiosos da história da economia brasileira. • Relação direta entre o avanço da exportação de café e o surgimento da indústria (especialmente em São Paulo, onde se concentrava a atividade cafeeira). - A circulação de moeda na economia e o crescimento da renda interna criou um cenário favorável para o desenvolvimento industrial: oferta de mão-de-obra a assalariada disponível (imigração), geração de recursos e construção de um sistema de transporte distribuição de produtos manufaturados (estradas de ferro). • A indústria desenvolvia-se nos períodos de bom desempenho da atividade cafeeira, reduzindo sua capacidade de expansão nos momentos de crise da cafeicultura. 3) Capitalismo tardio: Conceito que envolve desindustrialização (ou industrialização incipiente), dívidas interna e externa e, por isso, adiamento de uma crise de recessão. • Defendida por Maria da Conceição Tavares (1974). • Assim como as duas teorias anteriores, diz que o setor cafeeiro foi o responsável pela criação das condições favoráveis ao surgimento do capital industrial. - Setor cafeeiro é identificado como a origem da industrialização, por possibilitar a acumulação prévia de capital, a emergência do mercado de trabalho livre e o aumento da capacidade de importação do Brasil. • Exportação de café como a origem do processo de industrialização que se a consolidaria somente na década de 1950, com a implantação da indústria pesada. • A consolidação do capital industrial no Brasil passou a ser mais dependente do crescimento da renda do setor industrial urbano (Com a crise do café e a Grande Depressão de 29). - Industrialização era restringida, pois, as exportações concentravam-se nos produtos primários (mais baratos do que os que contavam com tecnologia) tendo pouca diversificação dos produtores de bens de capital e insumos básicos. 4) Industrialização como resultado de políticas governamentais: • Processo de industrialização induzido por elementos de políticas governamentais. • Essas políticas intencionais se referem principalmente às políticas de proteção tarifária e à concessão de incentivos e subsídios. • Políticas de câmbio (moeda nacional) que alternam períodos de investimento com períodos de produção. - Desvalorização cambial: Produção doméstica era estimulada pelo encarecimento dos produtos importados. - Valorização cambial: Mais compra de bens de capital importados (barateados pela taxa cambial). • Apesar de serem observados episódios de aplicação de subsídios e/ou incentivos governamentais que acabaram favorecendo a industrialização, não foi percebida uma política sistemática do governo para incentivar o processo de industrialização. O processo de substituição de importações: Industrialização foi implantada para substituir importações (industrialização tardia). Estimulada pelo crescimento do mercado interno em um contexto de desvalorização cambial recorrente. • Industrialização tardia: Primeiras Indústrias são as que requerem menos capital e tecnologia, geralmente ligadas aos setores têxtil e de alimentos. • Os produtos fabricados aqui disputavam mercados com os importados, que tinham seus preços menos competitivos devido às variações da taxa de câmbio e às tarifas alfandegárias. Assim, a produção nacional começava a saciar parcela crescente da demanda interna, reduzindo a quantidade de importações. • Volume de importações: Embora diminuíssem em alguns setores, elevavam-se em setores mais complexos na medida em que a produção industrial avançava. Fase fácil da dinâmica do processo de substituição de importações • Principal característica da fase fácil: Caráter espontâneo da industrialização. - O crescimento do mercado interno se deu pela expansão do mercado interno (exportação do café) e desvalorização cambial (determinada pelo desequilíbrio externo). Indústria cresceu usando a capacidade produtiva já instalada,
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