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Aula 05 - Responsabilidade Civil - Parte 1

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Campanha Nacional das Escolas da Comunidade – CNEC 
Faculdade CNEC Santo Ângelo 
Curso de Graduação em Direito 
Direito do Consumidor 
Prof. Dr. Doglas Cesar Lucas 
 
AULA 04 
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC – PARTE 11 
 
CONTEÚDO DE HOJE: CAPÍTULO IV – Da qualidade dos produtos e serviços, da prevenção e da reparação de 
danos – PARTE 1. 
 
A responsabilidade civil pode ser classificada em responsabilidade OBJETIVA OU SUBJETIVA. Por um longo 
período na história, a responsabilidade civil caminhou lado a lado com a culpa. Falar em responsabilidade 
civil, era falar em culpa. Portanto, somente a violação culposa de um dever jurídico era capaz de caracterizar 
a responsabilidade civil. No Código Civil, inclusive, em regra, a demonstração de culpa na conduta do 
causador do dano é essencial para que surja o dever de indenizar: é a chamada responsabilidade subjetiva. 
 
Porém, em relações jurídicas específicas, se percebeu que a vítima enfrenta inúmeras dificuldades para 
provar a culpa do causador do dano, por isso, o sistema jurídico avançou e passou a admitir as chamadas 
“presunções de culpa”, por meio das quais aquele que causa dano é presumidamente culpado, cabendo a 
ele provar que não agiu com culpa, fundada na teoria do risco da atividade. Podemos sintetizar o itinerário 
histórico da culpa na responsabilidade civil da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
1 Este material foi elaborado pelo Professor Doglas Cesar Lucas, com base nas doutrinas mencionadas ao final deste arquivo, 
constituindo, inclusive, por diversas vezes, literal reprodução destas fontes, de modo que não deve ser compartilhado como se fosse 
de minha autoria. 
Responsabilidade subjetiva 
(com culpa ou culpa clássica)
Responsabilidade subjetiva 
(por culpa presumida)
Responsabilidade civil 
objetiva
1. Da proteção da saúde e da segurança: 
 
CAPÍTULO IV 
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos 
SEÇÃO I 
Da Proteção à Saúde e Segurança 
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou 
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza 
e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e 
adequadas a seu respeito. 
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este 
artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. (Redação dada pela Lei nº 
13.486, de 2017) 
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou 
serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando 
for o caso, sobre o risco de contaminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de 2017) → O projeto de lei 
justificando a inclusão desse parágrafo está relacionada ao fato de que pesquisas mostram que 
equipamentos como carrinhos de supermercados e mouses usados em computadores de cybercafés são os 
objetos usados no dia a dia mais contaminados por bactérias. 
 
 
 
Esses riscos permitidos são classificados como normais e previsíveis, por exemplo, bebidas alcoólicas, 
remédios, agrotóxicos, fogos de artifício. Uma faca de cozinha, por exemplo, se quiser ser eficiente (afiada), 
será naturalmente perigosa. No entanto, o fato de uma bebida alcoólica apresentar-se, inerentemente, como 
algo perigoso, não justifica os danos causados pela Cervejaria Backer, por exemplo. 
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Bruna
Destacar
 
 
O Ministro Herman Benjamin, do STJ, propõe, com base em doutrina estrangeira, uma divisão em 3 grupos 
no que se refere à segurança de produtos e serviços: a) periculosidade inerente (ou latente); b) 
periculosidade adquirida (em razão de defeito); e c) periculosidade exagerada. 
 
1. Periculosidade inerente: o cigarro, por exemplo, é produto de periculosidade inerente, e por isso o 
STJ não concedeu indenização a ex-fumantes que processaram as empresas fabricantes de cigarro 
pelos malefícios que ele causa. Isso porque se trata de produto de periculosidade inerente, e não há 
defeito. 
2. Periculosidade adquirida: os produtos ou serviços tornam-se perigosos em virtude da existência de 
defeito que apresentam. Caso fosse sanado o defeito, o produto ou serviço não apresentaria risco 
superior àquele legitimamente esperado pelo consumidor. 
3. Periculosidade exagerada: se enquadra como espécie de bens de consumo de periculosidade 
inerente, de modo que, em regra, não possuem defeito, mas a informação aos consumidores não 
serve para mitigar os riscos. São defeituosos por ficção. É o caso de um brinquedo que apresenta 
grande possibilidade de sufocação. A informação, em tais casos, é de pouca valia em decorrência dos 
riscos excessivos do produto ou serviço. 
 
Periculosidade inerente Periculosidade adquirida Periculosidade exagerada 
Não é defeituoso, pois está 
dentro da expectativa da 
normalidade e da previsibilidade 
do consumidor. 
É defeituoso, pois tem defeito de 
fabricação ou comercialização. 
É defeituoso por ficção. Tem 
grande potencial de causar danos 
ao consumidor, apesar da 
informação adequada. 
Cigarro Celular que explode. 
Brinquedo com grande potencial 
de sufocação. 
 
 
*O risco inerente ao medicamento impõe ao fabricante um dever de informar qualificado (art. 9º do CDC), 
cuja violação está prevista no § 1º, II, do art. 12 do CDC como hipótese de defeito do produto, que enseja a 
responsabilidade objetiva do fornecedor pelo evento danoso dele decorrente. O ordenamento jurídico não 
exige que os medicamentos sejam fabricados com garantia de segurança absoluta, até porque se trata de 
uma atividade de risco permitido, mas exige que garantam a segurança legitimamente esperável, tolerando 
os riscos considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, desde que o 
consumidor receba as informações necessárias e adequadas a seu respeito (art. 8º do CDC). O fato de o uso 
de um medicamento causar efeitos colaterais ou reações adversas, por si só, não configura defeito do 
produto se o usuário foi prévia e devidamente informado e advertido sobre tais riscos inerentes, de modo a 
poder decidir, de forma livre, refletida e consciente, sobre o tratamento que lhe é prescrito, além de ter a 
possibilidade de mitigar eventuais danos que venham a ocorrer em função dele. O risco do desenvolvimento, 
entendido como aquele que não podia ser conhecido ou evitado no momento em que o medicamento foi 
colocado em circulação, constitui defeito existente desde o momento da concepção do produto, embora não 
perceptível a priori, caracterizando, pois, hipótese de fortuito interno. STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.372-RS, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671). 
 
Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança 
deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem 
prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 
 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria 
saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. → Deveria saber = 
podemos aqui relacionar com o “dolo eventual” do Direito Penal. 
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, 
tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às 
autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e 
televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. → Os anúncios não serão gratuitos. Eles serão 
custeados pelo fornecedor.§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos 
consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. → 
Trata-se da aplicação do princípio da informação também no que se refere aos entes políticos. Mas a 
atribuição primeira é dos fornecedores. 
 
O art. 10, caput, trata da adoção da teoria do risco do negócio (da atividade). Existe inclusive dever pós-
contratual, já que o fornecedor deve comunicar aos consumidores e autoridades sobre produtos perigosos 
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eventualmente introduzidos no mercado mediante anúncios publicitários. Trata-se do chamado recall. O 
recall se presta a consertar o vício e/ou ressarcir o consumidor por eventuais danos. 
 
O recall não exclui a responsabilidade do fornecedor. O fato de o fornecedor alertar os consumidores, 
através de anúncios publicitários ou comunicar o ato imediatamente às autoridades competentes, não o 
exime da responsabilidade objetiva sobre os danos provenientes dos vícios e defeitos de tais produtos e 
serviços, devendo responder nos exatos termos do art. 12 e seguintes do CDC. Ademais, o fato de o 
consumidor não ter atendido ao recall não configura culpa concorrente. 
 
2. Da responsabilidade pelo fato do produto ou serviço: 
 
SEÇÃO II 
Da Responsabilidade pelo FATO do Produto e do Serviço → ACIDENTE DE CONSUMO = DEFEITO = VÍCIO DE 
QUALIDADE POR INSEGURANÇA 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa (RESPONSABILIDADE OBJETIVA), pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. → Observe que o art. 12 não se valeu da expressão 
“fornecedor”, porque está querendo diferenciar a responsabilidade de alguém que, neste caso, é o 
comerciante. O Código faz isso, portanto, para não abordar a responsabilidade do comerciante, que aqui, no 
art. 12, é diferenciada. A responsabilidade do comerciante, como veremos, está no art. 13. 
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: → FATO/ACIDENTE/DEFEITO + EXTRA 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no 
mercado. 
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: → 
Excludentes da responsabilidade. 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
 
Primeiramente, é preciso compreender os modelos de responsabilidade adotados pelo Código. Assim, o CDC 
disciplina em sua Seção II (arts. 12-17) a responsabilidade por vícios de segurança (sob o título 
“RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO”), em que a utilização do produto ou serviço é 
capaz de gerar riscos à segurança do consumidor ou de terceiros, podendo ocasionar um evento danoso, 
denominado ACIDENTE DE CONSUMO. Por outro lado, a Seção III (arts. 18-25) se ocupa dos vícios de 
adequação (sob o título “RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO”), em que os produtos 
ou serviços não correspondem às expectativas geradas pelo consumidor quando da utilização ou fruição, 
tornando-os inadequados. 
 
 
 
Por exemplo, se eu vou a uma loja de eletrodomésticos e compro um aparelho de som em que uma das 
caixas de som não funciona, há vício de adequação do produto, gerando responsabilidade por vícios (arts.18-
25). O bem está tão somente em desconformidade com o esperado. Entretanto, se esse mesmo aparelho, 
em decorrência de curto-circuito, pega fogo e causa danos às pessoas, tem-se um acidente de consumo, 
gerando responsabilidade por fato (arts. 12-13). Nesse último caso, há uma inadequação que gera danos 
para além do produto. 
 
FATO = ACIDENTE DE CONSUMO VÍCIO 
Arts. 12 a 14 Arts. 18 a 20 
A utilização do produto ou serviço pode gerar 
acidentes de consumo. 
Os produtos ou serviços não correspondem às 
expectativas geradas pelo consumidor. 
O prejuízo é extrínseco: não há uma limitação da 
inadequação do produto em si, mas uma 
inadequação que gera danos além do produto. 
O prejuízo é intrínseco: o bem só está em 
desconformidade com o fim a que se destina. 
Exemplo: curto-circuito no aparelho de som, que 
pega fogo. 
Exemplo: a caixa de um aparelho de som não 
funciona. 
Garantia da INCOLUMIDADE FÍSICO-PSÍQUICA do 
consumidor, protegendo sua SAÚDE E SEGURANÇA. 
Garantia da INCOLUMIDADE ECONÔMICA do 
consumidor. 
O produto tem um DEFEITO, que é um vício acrescido 
de um problema extra: gera um dano ao consumidor. 
DEFEITO = VÍCIO + PROBLEMA EXTRA 
O produto tem um VÍCIO que o torna inadequado. 
Teoria da qualidade
Qualidade-segurança
Vícios de qualidade por 
insegurança (arts. 12-17)
Qualidade-adequação
Vícios de qualidade por 
inadequação (arts. 18-25)
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Bruna
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PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. 
No fato do produto, a responsabilidade do 
comerciante é diferenciada (art. 13). 
Comerciante tem responsabilidade solidária (o art. 
14 fala em “fornecedores”). 
No fato do serviço, a responsabilidade dos 
profissionais liberais é subjetiva. 
A responsabilidade é objetiva, não havendo 
diferenciação. 
Qualidade-segurança. Qualidade-adequação. 
 
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO (DEFEITO + PROBLEMA EXTRA = ACIDENTE) 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem 
(observe que menciona todos, menos o 
comerciante, porque a responsabilidade dele 
relativamente aos produtos é diferenciada; vide art. 
13 abaixo), independentemente da existência de 
culpa (responsabilidade objetiva fundada na teoria 
do risco da atividade), pela reparação dos danos 
causados aos consumidores por defeitos 
decorrentes de projeto, fabricação, construção, 
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação 
ou acondicionamento de seus produtos, bem como 
por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua utilização e riscos. → Em resumo, a 
responsabilidade do comerciante é diferenciada. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa 
(responsabilidade objetiva), pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos 
relativos à prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. 
§1º O produto é defeituoso quando não oferece a 
SEGURANÇA que dele legitimamente se espera, 
levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais: 
I – sua apresentação; 
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se 
esperam; 
III – a época em que foi colocado em circulação. 
§1º O serviço é defeituoso quando não fornece a 
SEGURANÇA que o consumidor dele pode esperar, 
levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais: 
I – o modo de seu fornecimento; 
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele 
se esperam; 
III – a época em que foi fornecido. 
§2º O produto não é considerado defeituoso pelo 
fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado 
no mercado. 
§2º O serviço não é considerado defeituoso pela 
adoção de novas técnicas. 
§3º O fabricante, o construtor, o produtor ou 
importador só não será responsabilizado quando 
provar: 
I – que não colocou o produto no mercado; 
II – que,embora haja colocado o produto no 
mercado, o defeito inexiste; 
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
§3º O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: 
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
ATENÇÃO! Não há responsabilidade diferenciada 
para profissional liberal no que diz respeito ao fato 
do produto. 
§4º A responsabilidade pessoal dos profissionais 
liberais será apurada mediante a verificação de 
culpa. → Responsabilidade subjetiva. 
Art. 13. O COMERCIANTE É IGUALMENTE 
RESPONSÁVEL, nos termos do artigo anterior, 
quando: → Existe uma preferência, nesses casos de 
fato do produto, de responsabilizar, em primeiro 
lugar, o fabricante, o construtor, o produtor ou o 
importador. Somente em último caso o CDC recorre 
à responsabilização do comerciante. 
I – O fabricante, o construtor, o produtor ou o 
importador não puderem ser identificados; 
II – O produto for fornecido sem identificação clara 
do seu fabricante, produtor, construtor ou 
importador; 
III – Não conservar adequadamente os produtos 
perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento 
ao prejudicado poderá exercer o direito de 
regresso contra os demais responsáveis, segundo 
sua participação na causação do evento danoso. 
No caso da responsabilidade pelo fato do serviço, 
INEXISTE DIFERENCIAÇÃO EM RELAÇÃO AO 
COMERCIANTE, pois o art. 14 fala em fornecedor, o 
que inclui o comerciante e todos os outros 
envolvidos na cadeia de consumo. 
 
2.1. Vício vs. defeito: diferenças fundamentais 
 
O vício pertence ao produto ou serviço, tornando-o inadequado, mas não atinge o consumidor ou outras 
pessoas. Por exemplo, televisão adquirida que funciona mal. Já o defeito é um vício acrescido a um problema 
extra. O defeito gera não somente uma inadequação do produto ou serviço, mas um dano ao consumidor ou 
a outras pessoas. Nesse sentido, há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício. Os defeitos geram 
acidentes de consumo, disciplinados nos arts. 12-14 e os vícios são tratados nos arts. 18-25. 
 
2014 | MPE-SC | Promotor de Justiça Substituto 
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, as imperfeições dos produtos dividem-se em duas 
categorias: defeitos e vícios. Os primeiros possuem natureza mais grave, pois são capazes de causar danos à 
saúde ou à segurança do consumidor, enquanto os segundos têm como consequência apenas a 
inservibilidade ou a diminuição do valor do produto. Assertiva correta. 
 
ATENÇÃO! Para o direito consumerista, não importa a distinção entre responsabilidade contratual e 
extracontratual (aquiliana). Vige a teoria unitária da responsabilidade. Isso porque há uma mistura, se 
formos analisar mais profundamente, entre a responsabilidade extracontratual e a contratual. Há, em último 
caso, por exemplo, um contrato de compra e venda de um aparelho de som, ao qual se soma uma eventual 
responsabilidade extracontratual em havendo danos ou vícios neste aparelho. Mas o fato é que essa divisão 
que existe entre responsabilidade contratual e extracontratual não é tão clara no Direito do Consumidor e, 
justamente por isso, ela vem sendo questionada pela doutrina contemporânea em contraposição aos 
clássicos. 
 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação 
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos. → Independentemente da existência de culpa = temos aqui a responsabilidade objetiva 
fundada na teoria do risco da atividade (é suficiente que o consumidor demonstre o dano ocorrido (acidente 
de consumo) e a relação de causalidade entre o dano e o produto (nexo causal). 
 
O CDC NÃO ADOTOU A TEORIA DO RISCO INTEGRAL. Isso porque o fornecedor poderá, de acordo com o § 
3º, levantar em sua defesa que não colocou o produto no mercado, que colocou mas que o defeito inexiste 
ou que o dano foi causado por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. São excludentes de 
responsabilidade, afastando-se a teoria do risco integral. 
 
Art. 12, § 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando 
provar: → Excludentes de responsabilidade. 
I - que não colocou o produto no mercado; 
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II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; → Nesse caso, o consumidor 
somente terá que demonstrar o dano ocorrido e o nexo causal (por exemplo, a televisão explodiu e causou 
queimaduras). Não será necessário, pois, demonstrar a ocorrência do defeito (que, por exemplo, existia um 
fio desencapado na televisão que permitiu a explosão). A incumbência é do fornecedor, por conhecer, melhor 
do que ninguém, o seu produto, tendo melhores condições de realizar a prova. → Inversão do ônus da prova 
ope legis, conforme vimos na aula anterior. 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
Além disso, a culpa concorrente da vítima permite a redução da condenação imposta ao fornecedor com 
base na aplicação do art. 945, CC. 
 
2.2. Fortuito interno e externo: 
 
FORTUITO INTERNO FORTUITO EXTERNO 
É fato imprevisível e inevitável, que se liga à 
organização da empresa, relacionando-se com os 
riscos da atividade desenvolvida pelo fornecedor. 
É fato imprevisível e inevitável, mas estranho à 
organização do negócio, não guardando nenhuma 
ligação com a atividade do fornecedor. 
NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE EXCLUI A RESPONSABILIDADE 
Exemplos: estouro do pneu do ônibus, incêndio no 
veículo, mal súbito do motorista, porque embora 
imprevisíveis, estão ligados à organização do negócio 
que o fornecedor explora. 
Exemplos: roubo de mercadoria transportada, 
explosão de bomba em estação ferroviária, bala 
perdida, arremesso de pedra que atinge 
passageiro, assalto em posto. Quanto a este 
último, o dever de segurança de posto de 
combustível frente aos seus consumidores diz 
respeito à qualidade do produto, ao correto 
abastecimento e à adequação das instalações. O 
assalto configura fortuito externo (exclusão da 
responsabilidade objetiva). A prevenção de delitos 
é, em última análise, da autoridade pública 
competente. É dever do Estado a proteção da 
sociedade (art. 144 da CF). 
 
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Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente (e, 
portanto, independentemente da existência de culpa) pelos danos gerados por 
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de 
operações bancárias. 
 
Uma grande divergência tem surgido no âmbito do STJ quanto ao assédio sexual 
de passageiros: 
 
*Maria estava voltando para casa, por volta das 18h, em um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens 
Metropolitanos), na cidade de São Paulo/SP. Ela estava em pé dentro do vagão e, de repente, “foi 
importunada por um homem que se postou atrás da mesma, esfregando-se na região de suas nádegas”, 
sendo que, ao se queixar com o agressor, verificou que ele “estava com o órgão genital ereto”. Vale ressaltar 
que, na parada seguinte, Maria informou o fato à equipe da CPTM, que localizou e conduziu o agressor à 
delegacia. A vítima ficou muito abalada emocionalmente com o episódio e ingressou com ação de 
indenização por danos morais contra a CPTM, empresa concessionária do transporte ferroviário, alegando 
que não foi oferecida a devida segurança a ela enquanto passageira. 
 
A concessionária de transporte ferroviário deve pagar indenização à passageira que sofreu assédio sexual 
praticado por outro usuário no interior do trem? O STJ está dividido sobre o tema: 
3ª Turma do STJ: SIM: A concessionária de transporteferroviário pode responder por dano moral sofrido por 
passageira, vítima de assédio sexual, praticado por outro usuário no interior do trem. STJ. 3ª Turma. REsp 
1.662.551-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 628). 
4ª Turma do STJ: NÃO. A concessionária de transporte ferroviário não responde por ato ilícito cometido por 
terceiro e estranho ao contrato de transporte. STJ. 4ª Turma. REsp 1.748.295-SP, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, julgado em 13/12/2018 (Info 642). 
 
2.3. Teoria do risco de desenvolvimento: 
 
É o risco que não pode ser identificado quando da colocação do produto no mercado, mas em função de 
avanços científicos e técnicos, é descoberto posteriormente, geralmente depois de algum tempo de uso do 
produto. Prevalece que NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE, porque o fornecedor é sempre responsável pelos 
efeitos nefastos de seu produto, ainda que este apresente inteira conformidade com as exigências da 
tecnologia e da ciência da época da fabricação. 
Temos, a exemplo, o caso do medicamento conhecido como Talidomida, usado por mulheres para alívio do 
enjoo durante a gravidez. Trata-se de um medicamento desenvolvido na Alemanha, em 1954, inicialmente 
como sedativo. Contudo, a partir de sua comercialização, em 1957, gerou milhares de casos de Focomelia, 
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que é uma síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto 
- tornando-os semelhantes aos de uma foca - devido a ultrapassar a barreira placentária e interferir na sua 
formação. Utilizado durante a gravidez também pode provocar graves defeitos visuais, auditivos, da coluna 
vertebral e, em casos mais raros, do tubo digestivo e problemas cardíacos. A ingestão de um único 
comprimido nos três primeiros meses de gestação ocasiona a Focomelia, efeito descoberto em 1961, que 
provocou a sua retirada imediata do mercado mundial. 
 
 
 
*O risco inerente ao medicamento impõe ao fabricante um dever de informar qualificado (art. 9º do CDC), 
cuja violação está prevista no § 1º, II, do art. 12 do CDC como hipótese de defeito do produto, que enseja a 
responsabilidade objetiva do fornecedor pelo evento danoso dele decorrente. O ordenamento jurídico não 
exige que os medicamentos sejam fabricados com garantia de segurança absoluta, até porque se trata de 
uma atividade de risco permitido, mas exige que garantam a segurança legitimamente esperável, tolerando 
os riscos considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, desde que o 
consumidor receba as informações necessárias e adequadas a seu respeito (art. 8º do CDC). O fato de o uso 
de um medicamento causar efeitos colaterais ou reações adversas, por si só, não configura defeito do 
produto se o usuário foi prévia e devidamente informado e advertido sobre tais riscos inerentes, de modo a 
poder decidir, de forma livre, refletida e consciente, sobre o tratamento que lhe é prescrito, além de ter a 
possibilidade de mitigar eventuais danos que venham a ocorrer em função dele. O risco do desenvolvimento, 
entendido como aquele que não podia ser conhecido ou evitado no momento em que o medicamento foi 
colocado em circulação, constitui defeito existente desde o momento da concepção do produto, embora não 
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perceptível a priori, caracterizando, pois, hipótese de fortuito interno. STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.372-RS, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: O laboratório farmacêutico Boheringer fabrica e comercializa o 
medicamento Sifrol, indicado para tratamento da doença de Parkson. Maria fez uso do medicamento e, 
segundo alega, isso lhe causou, como efeito colateral, um transtorno mental chamado “jogo patológico” 
(F63.0), mais popularmente conhecido como “vício em jogar”. Essa compulsão desenvolvida resultou na 
dilapidação de seu patrimônio. Diante disso, ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra 
o fabricante. Vale ressaltar que existem diversos estudos científicos que demonstram a possível relação do 
uso deste medicamento e o desenvolvimento do transtorno de “jogo patológico”. Há, inclusive, um alerta da 
ANVISA a esse respeito. Essa circunstância gerou a condenação da empresa ao pagamento de indenização 
em favor do consumidor. 
 
 
 
2.4. Teoria da perda de uma chance: 
 
Pela teoria da perda de uma chance, adotada em responsabilidade civil, considera-se que aquele que, 
intencionalmente ou não, retira de outra pessoa a oportunidade de um dado benefício, responde por esse 
fato. A jurisprudência sempre lembrada nesse sentido é a do caso do “Show do Milhão”. 
 
*Uma participante do Show do Milhão, originária do Estado da Bahia, chegou à última pergunta, a “pergunta 
do milhão”, que, se respondida corretamente, geraria o prêmio de um milhão de reais. A pergunta então 
formulada foi a seguinte: “A Constituição reconhece direitos dos índios de quanto do território brasileiro? 1) 
22%; 2) 2%; 3) 4% ou 4) 10%”. A participante não soube responder à pergunta, levando R$ 500 mil para casa. 
Mas, na verdade, a Constituição Federal não consagra tal reserva, tendo a participante constatado que a 
pergunta formulada estava totalmente errada. Foi então a juízo requerendo os outros R$ 500 mil, tendo 
obtido êxito em primeira e segunda instância, ação que teve curso no Tribunal de Justiça da Bahia. O STJ 
confirmou em parte as decisões anteriores, reduzindo o valor para R$ 125 mil, ou seja, os R$ 500 mil divididos 
pelas quatro assertivas, sendo essa a sua real chance de acerto. STJ, REsp 788.459/BA, 4.ª Turma, Rel. Min. 
Fernando Gonçalves, j. 08/11/2005, DJ 13/03/2006. 
 
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*Tem direito a ser indenizada, com base na teoria da perda de uma chance, a criança que, em razão da 
ausência do preposto da empresa contratada por seus pais para coletar o material no momento do parto, 
não teve recolhidas as células-tronco embrionárias. STJ. 3ª Turma. REsp 1.291.247-RJ, Rel. Min. Paulo de 
Tarso Sanseverino, julgado em 19/8/2014 (Info 549). 
 
 
 
2010 | CESPE | ABIN | Oficial Técnico de Inteligência - Área de Direito 
A teoria da perda da chance é adotada em tema de responsabilidade civil, sendo aplicada quando o dano é 
real, atual e certo, com base em juízo de probabilidade, e NÃO DE MERA POSSIBILIDADE. Assertiva correta. 
 
3. Da responsabilidade do comerciante pelo fato: enquadramento diferenciado 
 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: → Vejam que ainda 
estamos falando do FATO do produto, caso em que, como vimos, a responsabilidade do comerciante é 
diferenciada em relação aos demais integrantes da cadeia de consumo. 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; → Exemplos de 
produtos que muitas vezes podem aparecer como anônimos: venda de hortifrutigranjeiros em feiras e 
supermercados, produtos artesanais sem rótulo etc. 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso 
contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. → Se o comerciante 
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ressarciu os prejuízos causados a algum consumidor por não estar identificado claramente o fabricante no 
produto, ele poderá exercer o direito de regresso contra o responsável posteriormente. 
 
 
Em resumo, no FATO DO PRODUTO, A RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE É DIFERENCIADA (art. 13). Já 
no FATO DO SERVIÇO, não há essa distinção, pois o art. 14 fala em “FORNECEDOR”, o que inclui o 
COMERCIANTE. 
 
*Explosão em loja de fogos de artifício: fato do produto, responsabilidade imputada ao comerciante. A 
explosãoresultou, além de danos materiais, na lesão corporal e na morte de diversas pessoas que, em razão 
de sofrerem os danos, são equiparadas a consumidores. Note-se que a possível responsabilidade civil decorre 
de fato de produto na modalidade de vício de qualidade por insegurança (art. 12), que pode ser imputada ao 
comerciante. STJ. REsp 181.580/SP, 2003 (Info 195). 
 
 
4. Da responsabilidade pelo fato do serviço: 
 
Agora, vamos analisar a responsabilidade pelo FATO do SERVIÇO. Sempre tomar cuidado com essas 
expressões: FATO-VÍCIO e PRODUTO-SERVIÇO, porque dependendo da situação, as nuanças da 
responsabilidade civil alteram-se significativamente. 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços (o que inclui o comerciante) responde, independentemente da existência 
de culpa (responsabilidade objetiva), pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos (= 
FATO) relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. 
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: → DEFEITO + PROBLEMA EXTRA. 
I - o modo de seu fornecimento; 
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi fornecido. 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: → Como já falamos, o CDC não 
adotou a teoria do risco integral, pois existem excludentes da responsabilidade objetiva. O risco integral é 
adotado no Brasil para os casos de acidentes nucleares, por exemplo. 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; → Hipótese de inversão do ônus da prova ope legis, isto 
é, por força de lei. 
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II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. → Ainda, para o STJ, a culpa concorrente da vítima 
(consumidor) permite a redução da condenação imposta ao fornecedor. 
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. → 
Subjetiva. 
 
Aqui, o CDC tratou do fornecedor. Sendo assim NÃO HÁ RESPONSABILIDADE DIFERENCIADA PARA O 
COMERCIANTE. A responsabilidade é de todos os agentes (fornecedores) de modo solidário. A expressão 
“independentemente da existência de culpa” implica a responsabilidade objetiva fundada na teoria do risco 
da atividade. É suficiente que o consumidor demonstre o dano ocorrido. 
 
Em resumo, para não esquecer, no fato do produto a responsabilidade do comerciante é diferenciada. No 
fato do serviço, não. 
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU SERVIÇO 
Responsabilidade pelo 
FATO 
Do produto 
Do fabricante, produtos, construtor e importador (NÃO 
INCLUI O CONSUMIDOR) = art. 12 
Do comerciante = art. 13 
Do serviço Do fornecedor = art. 14 (COM CONSUMIDOR) 
 
No que se refere à responsabilidade dos profissionais liberais, é preciso diferenciar obrigação de meio de 
obrigação de resultado. O serviço prestado por um advogado em uma causa judicial é obrigação de meio. 
Uma cirurgia estética, por outro lado, é obrigação de resultado. Portanto, somente quando a obrigação for 
de meio é que haverá responsabilidade subjetiva. 
 
Parte da doutrina discorda dessa diferenciação. Sustentam que não houve por parte do legislador a intenção 
de criar regime especial para os profissionais liberais no tocante à responsabilidade de meio e de resultado. 
O que o legislador fez foi excepcionar a regra da responsabilidade objetiva, imputando aos profissionais 
liberais a responsabilidade subjetiva (com culpa). Assim, não haveria como imputar a responsabilidade 
objetiva aos profissionais liberais, mesmo na obrigação de resultado, eis que a norma não autorizaria tal 
interpretação. 
 
Em julgados recentes, o STJ vem aplicando a responsabilidade subjetiva do cirurgião, mesmo nas hipóteses 
de obrigação de resultado, importando somente em presunção de culpa (inversão do ônus da prova). 
 
Quando houver dano decorrente de cirurgia estética e reparadora ao mesmo tempo, deve ser analisada de 
forma fracionada a responsabilidade do médico. 
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Súmula 130-STJ: A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos 
em seu estacionamento. 
 
*A Súmula 130 do STJ prevê o seguinte: a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de DANO ou 
FURTO de veículo ocorridos em seu estacionamento. Em casos de roubo, o STJ tem admitido a interpretação 
extensiva da Súmula 130 do STJ, para entender que há o dever do fornecedor de serviços de indenizar, 
mesmo que o prejuízo tenha sido causado por roubo, se este foi praticado no estacionamento de empresas 
destinadas à exploração econômica direta da referida atividade (empresas de estacionamento pago) ou 
quando o estacionamento era de um grande shopping center ou de uma rede de hipermercado. Por outro 
lado, não se aplica a Súmula 130 do STJ em caso de roubo de cliente de lanchonete fast-food, se o fato 
ocorreu no estacionamento externo e gratuito por ela oferecido. Nesta situação, tem-se hipótese de caso 
fortuito (ou motivo de força maior), que afasta do estabelecimento comercial proprietário da mencionada 
área o dever de indenizar. Logo, a incidência do disposto na Súmula 130 do STJ não alcança as hipóteses de 
crime de roubo a cliente de lanchonete praticado mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo 
ocorrido no estacionamento externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento comercial. STJ. 3ª Turma. 
REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado 
em 15/08/2017 (Info 613). STJ. 2ª Seção. EREsp 1.431.606/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 
27/03/2019 (Info 648). 
 
Arts. 15 e 16. VETADOS. 
 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
 
As vítimas de um acidente de consumo são equiparadas a consumidores, ainda que não adquiram ou utilizem 
produtos ou serviços como destinatários finais. São chamados pela doutrina americana de bystanders 
(espectadores). Em queda de avião, por exemplo, as vítimas são equiparadas a consumidores (STJ, REsp 
540235/TO). 
 
MAS ATENÇÃO! O bystander está relacionado somente à responsabilidade pelo FATO, e não ao VÍCIO. 
 
2016 | CESPE | TJ-DFT | Juiz de Direito Substituto 
Fortunato, empresário, proprietário de uma rede de supermercados nesta Capital, enquanto auxiliava seus 
funcionários na reposição de algumas garrafas de cerveja, colocando-as na prateleira de um de seus 
estabelecimentos comerciais, foi surpreendido pela explosão de um dos vasilhames, vindo a ser atingido 
pelos estilhaços da garrafa, que provocam graves e irreversíveis lesões em um de seus olhos. Inconformado, 
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propôs ação de reparação de danos, em face do fabricante do produto. De acordo com o CDC e o 
entendimento atual do STJ, assinale a opção correta. 
A) A inversão do ônus da prova, na situação em exame, poderá ser decretada (ope judicis), em favor de 
Fortunato, caso se convença o juiz, em decisão fundamentada, de que existe, no caso em julgamento, 
verossimilhança nas alegações ou situação de hipossuficiência por parte do autor. 
B) Fortunato, no evento em exame, deve ser legalmente equiparado a consumidor, razão pela qual a 
responsabilidade do fabricante, pelos danos causados ao empresário, será objetiva e apurada segundo os 
ditames do CDC. 
C) A explosão do vasilhame configura vício do produto, a atrair, por força de presunção legal, a 
responsabilidade do fabricante, obrigado a indenizar Fortunato, ainda que este não possa, à luz do CDC, ser 
considerado consumidor. 
D) Em razão de sua condição econômica de comerciante, caberá a Fortunato, que não se qualifica comohipossuficiente e nem como destinatário final do produto, comprovar a existência do defeito no vasilhame, 
para que se possa responsabilizar o fabricante do produto pelos danos causados. 
E) No caso em julgamento, para que se possa responsabilizar e submeter o fabricante às normas de proteção 
do CDC, deve ser aplicada, pelo juiz, a teoria finalista mitigada, a exigir a demonstração de vulnerabilidade, 
por parte de Fortunato. 
 
2019 | FGV | OAB | Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase 
Mara adquiriu, diretamente pelo site da fabricante, o creme depilatório Belle et Belle, da empresa Bela 
Cosméticos Ltda. Antes de iniciar o uso, Mara leu atentamente o rótulo e as instruções, essas unicamente 
voltadas para a forma de aplicação do produto. Assim que iniciou a aplicação, Mara sentiu queimação na 
pele e removeu imediatamente o produto, mas, ainda assim, sofreu lesões nos locais de aplicação. A 
adquirente entrou em contato com a central de atendimento da fornecedora, que lhe explicou ter sido a 
reação alérgica provocada por uma característica do organismo da consumidora, o que poderia acontecer 
pela própria natureza química do produto. Não se dando por satisfeita, Mara procurou você, como 
advogado(a), a fim de saber se é possível buscar a compensação pelos danos sofridos. 
Nesse caso de clara relação de consumo, assinale a opção que apresenta a orientação a ser dada a Mara. 
A) Poderá ser afastada a responsabilidade civil da fabricante, se esta comprovar que o dano decorreu 
exclusivamente de reação alérgica da consumidora, fator característico daquela destinatária final, não 
havendo, assim, qualquer ilícito praticado pela ré. 
B) Existe a hipótese de culpa exclusiva da vítima, na medida em que o CDC descreve que os produtos não 
colocarão em risco a saúde e a segurança do consumidor, excetuando aqueles de cuja natureza e fruição 
sejam extraídas a previsibilidade e a possibilidade de riscos perceptíveis pelo homem médio. 
C) O fornecedor está obrigado, necessariamente, a retirá-lo de circulação, por estar presente defeito no 
produto, sob pena de prática de crime contra o consumidor. 
D) Cuida-se da hipótese de violação ao dever de oferecer informações claras ao consumidor, na medida 
em que a periculosidade do uso de produto químico, quando composto por substâncias com potenciais 
alergênicos, deve ser apresentada em destaque ao consumidor. → Vejam como as questões não têm mais 
exigido, como outrora, a literalidade da lei. Principalmente a FGV, que costuma fazer questões em cujos 
enunciados apresenta situações hipotéticas e exige do candidato que ele faça uma verdadeira subsunção da 
norma aos fatos narrados. 
 
5. Da responsabilidade pelo vício do produto e do serviço: 
 
Agora, vamos conversar sobre o vício do produto e do serviço. Cuidado para não confundir com o fato, que 
acabamos de ver. 
 
SEÇÃO III 
Da Responsabilidade por VÍCIO do Produto e do Serviço → SÓ DEFEITO = EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR 
Art. 18. Os FORNECEDORES de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente 
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se 
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. → AQUI, A 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA É A REGRA E INEXISTE DIFERENCIAÇÃO QUANTO AO COMERCIANTE. 
§ 1º Não sendo o vício sanado (1ª opção) no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior (30 
dias), não podendo ser inferior a 7 nem superior a 180 dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo 
deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. 
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º (substituição, restituição ou 
abatimento) deste artigo (ou seja, não precisa esperar os 30 dias) sempre que, em razão da extensão do 
VÍCIO, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, 
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo (substituição do produto), e 
não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo 
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto 
nos incisos II e III do § 1º deste artigo. 
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor 
imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. 
§ 6º São impróprios ao uso e consumo: 
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos 
à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, 
distribuição ou apresentação; 
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. → Frustram a 
expectativa do consumidor = VÍCIO. 
 
Aqui, são sujeitos passivos todos os “FORNECEDORES”, coobrigados e solidariamente. Não há 
responsabilidade diferenciada para o comerciante. Por exemplo, no caso de carro com vício (problema no 
freio), há responsabilidade da concessionária e da fábrica. Aqui, ao contrário da responsabilidade pelo fato 
do produto, não há responsabilidade diferenciada para o comerciante. 
 
Os vícios do produto podem ser de QUALIDADE OU QUANTIDADE. 
 
 Torna o produto IMPRÓPRIO ou INADEQUADO ao consumo; 
VÍCIOS DE QUALIDADE DIMINUEM O VALOR DO PRODUTO; e 
 Produtos com FALHA NA INFORMAÇÃO. 
 
O que é produto impróprio? 
Art. 18, § 6º São impróprios ao uso e consumo: 
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos 
à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, 
distribuição ou apresentação; 
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. 
 
No vício de qualidade, o fornecedor tem o direito de consertar o vício em 30 dias. Trata-se de direito 
potestativo do fornecedor de consertar as partes viciadas. 
 
Quando o prazo máximo de 30 dias não for respeitado, o consumidor poderá exigir, alternativamente e à 
sua escolha, o seguinte: 
 
Art. 18, § 1º Não sendo o vício sanado (1ª opção) no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: → Direito potestativo do fornecedor de tentar sanar o vício no prazo 
máximo de 30 dias. 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
2015 | FMP | MPE-AM | Promotor de Justiça Substituto 
No caso do fornecimento de maçãs a granel pelo "Supermercado Vende Bem", identificadas nas gôndolas do 
estabelecimento como produzidas por "Irmãos Santos & Cia. Ltda.", CNPJ 123.444.555/0001-00, em que 
houve a constatação técnica, pelo órgão oficial de fiscalização, de utilização de agrotóxicos permitidos para 
a referida cultura, mas utilizados alémdo limite máximo permitido pela ANVISA, quanto à Responsabilidade 
por Vício do Produto e do Serviço, assinale a alternativa correta. 
A) A responsabilização perante o consumidor é solidária, podendo esta ser imputada tanto ao 
estabelecimento comercial quanto ao produtor. 
B) Na situação descrita é responsável perante o consumidor exclusivamente o "Supermercado Vende Bem". 
C) Como o estabelecimento comercial havia procedido à identificação na gôndola acerca do produtor de 
maçã, apenas "Irmãos Santos & Cia. Ltda." deve ser responsabilizado perante o consumidor. 
D) Como o pesticida utilizado era permitido para aplicação no produto maçã, nem o estabelecimento 
comercial nem o produtor são responsáveis perante o consumidor. 
E) Apenas os responsáveis técnicos do "Supermercado Vende Bem" e da empresa "Irmãos Santos & Cia. 
Ltda." devem responder perante o consumidor. 
 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de QUANTIDADE do PRODUTO sempre 
que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações 
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - o abatimento proporcional do preço; 
II - complementação do peso ou medida; 
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; 
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos. 
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior. → Caso o consumidor opte pela substituição 
do produto e não seja possível, poderá haver a substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, 
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço. 
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado 
não estiver aferido segundo os padrões oficiais. 
 
Aqui também há RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Exceção: responsabilidade exclusiva do fornecedor 
imediato ou comerciante quando fizer a pesagem ou a medição do produto e o instrumento utilizado não 
estiver aferido segundo os padrões oficiais (art. 19, § 2º). 
 
Art. 20. O fornecedor de SERVIÇOS responde pelos vícios de QUALIDADE que os tornem impróprios ao 
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações 
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua 
escolha: 
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e 
danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco 
do fornecedor. → Na reexecução dos serviços o consumidor não arcará com nenhum custo adicional. 
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se 
esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. 
 
Não há exceção quanto à responsabilidade objetiva para os profissionais liberais, nos moldes do art. 14, § 
4º. A exceção, portanto, somente se verifica para a responsabilidade por fato do serviço (acidente), e não 
para responsabilidade por vício. 
 
Relativamente ao vício de quantidade dos serviços, não há tratamento expresso pelo código. Todavia, não 
significa que o consumidor ficará sem a devida proteção. Nesses casos, a doutrina busca, por analogia, a 
aplicação das regras estipuladas para os vícios de quantidade dos produtos. 
 
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-
se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e 
novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, 
autorização em contrário do consumidor. → Constitui CRIME contra as relações de consumo a inobservância 
dos preceitos do art. 21. 
 
6. Referências: 
 
Doutrina-base 
ANDRADE, Adriano; MASSON, Cleber; ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e 
coletivos. v. 1. 10. ed. São Paulo, Método, 2020. 
BRAGA NETTO, Felipe. Manual de direito do consumidor à luz da jurisprudência 
do STJ. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. 
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do consumidor. 13. ed. rev. e ampl. 
Salvador: JusPodivm, 2019. 
MARQUES, Claudia Lima. Manual de direito do consumidor. 2. ed. rev., atual. e 
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. 
TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do 
consumidor: direito material e processual. 7. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de 
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. 9. ed. ref., rev. e atual. – 
Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
Dispositivos legais Arts. 8º a 28, CDC. 
Jurisprudências Dizer o Direito 
 
https://www.dizerodireito.com.br/

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