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CADERNO DIREITO DO CONSUMIDOR 7

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DIREITO DO CONSUMIDORGabriela Cardoso Dilascio Campos Ramos 7º BM 
Prof. Ivana Bonesi| E-mail: ivanabonesi@hotmail.com
CONTEXTO HISTÓRICO: O século XX foi marcado pelo processo de industrialização do Brasil. Esse processo levou ao aparecimento da chamada “sociedade de consumo”, com as seguintes peculiaridades: 
· Produção em série de produtos. 
· Distribuição em massa de produtos e serviços, com o aparecimento de grandes centros comerciais. 
· Publicidade em grande escala. 
· Oferecimento generalizado de crédito ao consumidor. 
· Formalização das aquisições por contrato de adesão. 
Essas características da sociedade de consumo levaram à uma verdadeira desigualdade entre fornecedores e consumidores, fazendo-se necessário o surgimento de uma legislação em defesa do consumidor. 
POSITIVAÇÃO CONSTITUCIONAL A Constituição trata a defesa do consumidor como direito fundamental do cidadão (art. 5º, XXXII, CRFB) e como forma de gerar desenvolvimento econômico (art. 170, CRFB), tendo em vista que a saúde das relações de consumo é fundamental para manutenção do nosso sistema capitalista de produção.
[CF] Art. 5º, XXXII. O Estado promoverá na forma da lei a defesa do consumidor. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor.
CARACTERÍSTICAS DO CONSUMIDOR: VULNERABILIDADE E HIPOSSUFICIÊNCIA
A vulnerabilidade é o requisito fundamental para a constituição e reconhecimento de uma relação de consumo, dessa forma, TODO consumidor inevitavelmente será vulnerável. Por essa razão a necessidade da elaboração de uma legislação protetiva. 
VULNERABILIDADE x HIPOSSUFICIÊNCIA A vulnerabilidade é princípio norteador do CDC e define a figura do consumidor. A hipossuficiência é fática, observada dentro de uma relação de consumo já constituída. A vulnerabilidade sempre existirá, a hipossuficiência nem sempre. 
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
Art. 6º, VIII do CDC menciona a hipossuficiência como requisito que autoriza a inversão do ônus da prova. A inversão do ônus da prova é ope judicis, depende do entendimento do juiz acerca da hipossuficiência do consumidor no caso concreto e do seu deferimento/concessão. Essa decisão é dada no momento de saneamento do feito. 
Todas as questões são de ordem pública ou interesse social, e o juiz não precisa de impulso do jurisdicionado para que ele se manifeste acerca das violações das normas do CDC, podendo fazê-lo de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Existe um interesse que vai além daquele consumidor que está ali pleiteando alguma coisa, pode ser uma prática que recorrente e que afeta a outros consumidores. A relação contratual deve ser enxergada como uma célula de um organismo maior que é o mercado.
Do gênero fornecedor fazem parte as seguintes espécies:
1) fabricante; 
2) produtor; 
3) construtor; 
4) importador; 
5) comerciante. 
É muito importante enxergarmos a defesa do consumidor como direito fundamental, para entendermos que não consumimos só por desejo, mas também e principalmente por necessidade, razão pela qual precisa de uma legislação específica, pois a relação de consumo por si só nos coloca em posição de vulnerabilidade. 
PRECEITOS NORTEADORES DO DIREITO DO CONSUMIDOR
Toda política traz preceitos norteadores, que vão orientar uma ação conjunta de entidades oficiais e civis com objetivo de promover a saúde do mercado de consumo como um todo, esses objetivos estão discriminados a seguir:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
O objetivo é alcançar um ponto de equilíbrio harmônico nas relações de consumo, que só será alcançado se conseguirmos cumprir o disposto no caput do art. 4º do CDC. 
I. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR: É a espinha dorsal da proteção ao consumidor. Há um reconhecimento universal de que o consumidor é a parte mais fraca das relações de consumo, já que não dispõe de controle sobre os bens de produção.
II. PRINCÍPIO DA AÇÃO GOVERNAMENTAL: é decorrente do princípio da vulnerabilidade do consumidor, pois, se há reconhecimento de fragilidade de uma parte em relação a outra, resta claro que o Estado deve ser chamado para proteger a parte mais fraca.
a. Por iniciativa direta: Mediante a instituição de órgãos públicos de proteção ou defesa do
consumidor (ex. PROCON).
b. Por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas.
c. Pela presença do Estado no mercado de consumo: Cabe ao Estado propiciar o livre mercado e a livre concorrência. No entanto, também deve intervir nos casos de abuso de poder econômico ou para suprir lacunas da iniciativa privada.
d. Pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho: Preocupação do CDC com a qualidade, produtividade e competitividade.
III. PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES DOS PARTICIPANTES DAS RELAÇÕES DE CONSUMO: A harmonização dessa relação não pode proteger demais o consumidor de modo a atrapalhar o desenvolvimento tecnológico e econômico. Conquanto, esse desenvolvimento deve ser seguro e eficiente, devendo, o consumidor, ser sempre informado do “risco-benefício”.
IV. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DE FORNECEDORES E CONSUMIDORES: Somente a conscientização das partes acerca dos seus direitos e deveres levará ao verdadeiro equilíbrio das relações de consumo.
V. PRINCÍPIO DO INCENTIVO À CRIAÇÃO, PELOS FORNECEDORES, DE MEIOS DE CONTROLE: Embora o Estado atue como mediador nas relações de consumo, não deve deixar de incentivar que tais providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores, mediante a utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custeados. O autocontrole dos fornecedores pode ocorrer de 03 maneiras diversas: 
a. Eficiente controle de qualidadee segurança de produtos defeituosos.
b. Pela prática do recall, que consiste na convocação dos consumidores de bens produzidos em série e que contenham defeitos de fabricação, a fim de sanar o problema, sem prejuízo para o consumidor.
c. Pela criação de centros de atendimento ao consumidor, resolvendo o fornecedor, diretamente, a reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou serviço.
VI. PRINCÍPIO DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DOS ABUSOS PRATICADOS NO MERCADO DE CONSUMO: Deve ser garantida não só a repressão aos atos abusivos, mas também a atuação preventiva, tendente a evitar a ocorrência de novas práticas prejudiciais aos consumidores como a concorrência desleal e a utilização indevida de inventos e criações industriais.
VII. PRINCÍPIO DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIAS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 22, CDC): A área pública, assim como a área privada, deve ter o compromisso de prestar serviços públicos seguros e eficientes. Diante da precariedade dos serviços públicos, a exemplo dos de saúde e transportes, recomenda-se a sua melhoria.
ASSOCIAÇÃO DE CONSUMIDORES (Art. 5°, CDC): Almeja-se que o poder público promova a criação de associações consumeristas para alcançar a harmonia nas relações de consumo. Com a criação dessas associações, garante-se ao consumidor uma “voz”, na medida em que passa a ser uma associação forte falando com um fornecedor forte, e não um consumidor fraco falando com um fornecedor forte - a relação se torna menos verticalizada.
Dessa forma, às associações de proteção ao consumidor cabe a relevante função de, além de ajuizar ações individuais para beneficiar seus associados (assistência jurídica), propor demandas coletivas na sistemática do Título III do CDC. 
São, também, fóruns de debate e atuam de forma significativa na negociação com fornecedores. O número de associações atuantes no Brasil é reduzido (apesar de estar aumentando progressivamente), isso, pois, o elo que une os consumidores não é sólido (diferente do elo que une os trabalhadores) devido à uma difusão muito grande de interesses.
O elo que une os trabalhadores é mais sólido porque trabalham no mesmo segmento. Já os consumidores têm uma difusão muito maior de interesses, de modo que sua identificação como classe é mais difícil, mais esparso. 
Logicamente há exceções, por exemplo, após um acidente aéreo pode ser criada uma associação de amparo aos parentes daqueles acidentados – nessa hipótese o elo é bem forte, pois têm o mesmo interesse, diferente do que ocorre com uma associação de proteção aos beneficiados de um plano de saúde, que tem interesses diversos, por exemplo. 
O CONSUMIDOR
[CDC] Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
VULNERABILIDADE – Todos os consumidores são vulneráveis (presunção absoluta), desse modo, é possível que a vulnerabilidade seja: 
1) TÉCNICA: O consumidor não possui conhecimentos específicos sobre o objeto que está adquirindo, tanto no que diz respeito às características do produto, quanto à sua utilização (ex. ignorância sobre o funcionamento de equipamentos eletrônicos).
2) ECONÔMICA: o fornecedor possui maior poder econômico, encontrando-se em posição de supremacia, enquanto o consumidor está em uma posição de desvantagem.
3) JURÍDICA: quando o consumidor não dispõe de conhecimento sobre as consequências jurídicas de uma decisão na relação de consumo.
4) INFORMACIONAL: O consumidor não possui a informação necessária sobre o comércio em geral, ficando em posição de desvantagem.
ASPECTOS DA CONCEITUAÇÃO: A mera interpretação gramatical do caput do art. 2º não é suficiente para solucionar todos os problemas decorrentes da conceituação de consumidor e para o enquadramento de uma determinada relação como sendo de consumo. Veja-se: 
1) O consumidor é toda pessoa física ou jurídica. Entretanto, a norma não faz distinção quanto ao tipo de pessoa jurídica, podendo ser tanto uma microempresa, quanto uma multinacional. 
2) A lei utiliza o verbo "adquirir", que deve ser interpretado no sentido de “obter”, seja a título oneroso ou gratuito. Porém, não se trata apenas da obtenção, mas também da utilização do produto ou do serviço, mesmo quando quem o utiliza não o tenha adquirido (ex. usar a cadeira da faculdade; ex2. beber um suco comprado por outra pessoa; ex3. fornecimento de um produto como “amostra grátis”). 
3) A norma caracteriza o consumidor como o destinatário final do produto ou serviço. Tratando-se de pessoa física esse conceito não enseja grandes questionamentos, mas, tratando-se de pessoa jurídica, a concepção do que vem a ser destinatário final gera grandes controvérsias.
PESSOA JURÍDICA COMO DESTINATÁRIA FINAL 
A pessoa jurídica apenas será considerada consumidora quando for a destinatária final do produto ou serviços. Há divergência acerca da abrangência do sentido de destinatária final, existindo 3 teorias: 
TEORIA MAXIMALISTA o nome já diz, ela maximaliza o conceito de destinatário final, a ponto de compreender a possibilidade de aplicação do CDC a todas as relações, como quando há uma relação entre empresas. Se uma das empresas for a destinatária final fática daquele produto, ou seja, se a empresa comprou e detém o domínio daquele bem, independente do seu uso, isso é suficiente para preencher o requisito do art. 2º do CDC. 
Ex.: a Vale do rio doce é destinatária final fática dos maquinários que ela compra. A FDV é destinatária final das cadeiras que compra para os alunos. 
Ex.2: um produtor de laranjas vende sua produção para uma empresa que fabrica sucos que vende sua produção para um restaurante que vende sua produção para o consumidor final. Segundo a teoria maximalista, a empresa que fabrica os sucos, enquanto tiver as laranjas com ela será considerada destinatária final e poderá utilizar o CDC. Assim, pelos olhos desta teoria, é possível aplicar o CDC a todas as relações dessa cadeia de consumo desde que a empresa tenha o domínio fático do bem de consumo no momento. 
TEORIA FINALISTA Esta teoria está no extremo oposto da teoria maximalista. Restringe a aplicação do CDC àquele destinatário final que paga o preço desse produto e usufrui desse produto em benefício próprio. 
Ex.: o consumidor do suco vendido no restaurante, pessoa física, está arcando com o custo de toda essa produção, então ele seria o único destinatário final do bem, pois usufrui dele (suco) em benefício próprio. Pois até chegar nele as laranjas não “pararam” nas mãos de ninguém, ficaram circulando. 
Todos aqueles que contribuem para a ocorrência do dano respondem solidariamente segundo o CDC. Mas, por exemplo, se um restaurante vende um suco Del Valle lacrado e eu, consumidora, tenho uma intoxicação alimentar, quem será responsabilizado será o fabricante do produto. Por outro lado, se eu compro um suco natural, e tenho uma intoxicação, eu não sei quem é o produtor das laranjas, não conheço a cadeia de produção, então eu entro com a ação contra o restaurante (se eu conhecer a cadeia de produção, posso inclui-los no polo passivo), e depois o restaurante entrará com ação regressiva para cobrar do seu fornecedor. O CDC não permite a denunciação da lide para não dificultar o processo. Os fornecedores que se entendam depois, o objetivo principal é resolver o problema do consumidor. 
Essa teoria então entende que para ser consumidora a PJ tem que ser a destinatária final real daquele produto, a beneficiária pessoal daquele produto ou serviço. A consequência disso é que praticamente inviabiliza a aplicação do CDC a pessoas jurídicas, pois dificilmente o faz com o objetivo de benefício próprio. O comum é usar o produto ou serviço como insumo. Tem uma visão absoluta do conceito de destinatário final econômico. 
TEORIA FINALISTA MITIGADA O STJ depois de aplicar as duas teorias chegou à conclusão de que era necessário adotar um posicionamento intermediário. Assim, entendeu-seque se a pessoa jurídica for vulnerável ela poderá ser considerada como destinatária final e será protegida pelo CDC. 
Essa teoria parte dos pressupostos da teoria finalista, ou seja, em regra as pessoas jurídicas precisam ser destinatárias finais econômicas do bem para poderem se valer do CDC. No entanto, para essa teoria, em situações excepcionais, quando a PJ for vulnerável na relação de consumo, ela se comportará, em tese, como uma pessoa física, terá hipossuficiência técnica, e o CDC irá reger essa relação.
· Destinatário final fático é aquela PJ que detém aquele produto por um determinado momento. 
· Destinatário final econômico é aquela PJ que utiliza um produto ou serviço em benefício próprio.
Em regra, a PJ tem que em alguma medida utilizar aquele produto ou serviço em benefício próprio, tem que ser destinatária final econômica do bem, mas essa teoria relativiza o conceito de destinatário final econômico com a inserção do elemento vulnerabilidade. 
Ex.: A professora tem uma microempresa de educação infantil, que tem um baixo faturamento, vai ao atacadão São Paulo comprar as coisas que as crianças usam na aula. Lá tem duas filas, uma para Pessoa Física e uma para Pessoa Jurídica. Se o produto que eu comprei causar algum problema, por exemplo, uma alergia em uma criança, a pessoa se comporta igual a uma pessoa física, pois não tem o conhecimento técnico suficiente, ou seja, é vulnerável nessa relação. 
Ex.2: Imagine que a Vale do Rio Doce ao final de uma visita escolar faz um lanche para os alunos, e encomenda um café da manhã na padaria, e todos eles contraem intoxicação alimentar. Nesse caso, a Vale foi à padaria, pagou o mesmo valor que outros consumidores, era tão vulnerável e hipossuficiente quanto qualquer outra pessoa física, e por isso, de acordo com a teoria finalista mitigada o CDC irá reger essa relação de consumo entre a Vale e a padaria.
Ou seja, não é só o porte da empresa que vai determinar se ela é hipossuficiente e vulnerável. Existe todo um contexto fático envolvido. 
Não há necessidade dessa relação se dar a título oneroso. A aquisição do bem ou serviço pode ou não ser onerosa, pois o art. 2º do CDC usa o termo “adquirir ou utilizar”. 
Ex.1: Se eu ganho um computador de presente, eu não adquiri ele, eu o utilizo. 
Ex.2: Se eu ganho uma amostra grátis de um biscoito na porta da faculdade e quando eu abro eu vejo que ele está mofado, eu o utilizo.
Ex.3: Se eu vou numa festa paga, consumo um alimento deteriorado e sofro intoxicação alimentar, eu adquiri o ingresso e paguei o valor indiretamente, então, poderei acionar o dono da festa. 
Ex.4: Se eu vou numa festa de aniversário, como um alimento deteriorado e sofro intoxicação alimentar eu posso acionar o fornecedor do bolo, pois ele que está fornecendo um produto, e não o dono da festa, que não estava me fornecendo um produto ou serviço e não tinha atividade lucrativa. 
O CDC não traz apenas esse conceito de consumidor, pois não abrange todas as situações, assim, há outros conceitos espalhados pelo código.
CONSUMIDOR EQUIPARADO 
O acidente de consumo gera efeitos colaterais. Para efeito de responsabilização, por ter sido vítima do mesmo acidente de consumo, aplica-se o princípio da igualdade e essa vítima é considerada um consumidor equiparado. 
Ex.1: acidente da TAM que o avião não conseguiu parar e bateu no prédio da própria TAM. Morreram diversos passageiros, pessoas que passavam em volta, e pessoas que estavam no prédio. Foi criada uma associação de amparo às vítimas e aos seus parentes, que ingressou na justiça e obteve uma sentença coletiva. Cada vítima, ou familiar da vítima falecida, pode executar essa sentença transitada em julgado. A família daquela pessoa que estava passando pela rua e foi vitimada pelo acidente pode se utilizar dessa sentença, ou seja, ela se equipara a um consumidor? Sim, vejamos:
[CDC] Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Se uma pessoa é atropelada na RODOSOL ela tem legitimidade para ajuizar uma ação com base no CDC? Considerando que a RODOSOL presta um serviço público, é preciso fazer algumas ponderações. Os serviços públicos se dividem em próprios e impróprios.
Os serviços públicos próprios são aqueles que o Estado reserva a prestação para si por meio da arrecadação tributária (ensino, saúde, segurança, etc.). Majoritariamente a doutrina entende que para esses serviços próprios não se aplica o CDC, pois se enxerga uma relação de usuário e órgão público (possível aplicar uma responsabilidade objetiva).
Temos também os serviços públicos impróprios, prestados por concessionarias, delegadas, empresas públicas, etc., e neste caso é possível aplicar o CDC (ex.: Excelsa, RODOSOL, Correios, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, etc.). Pois existe uma remuneração direta desses consumidores a essas entidades. Vejamos: 
[CDC] Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
A RODOSOL presta um serviço público, então tem uma relação de consumo com aqueles que se utilizam dos seus serviços, por exemplo, se tiver um buraco na pista será responsabilizada. Até mesmo o pedestre, pois ele não deixa de estar se utilizando do serviço apesar de não pagar o pedágio (*lembrar que o artigo fala em adquirir ou utilizar*). A remuneração não precisa ser direta, e a aquisição não precisa ser a título oneroso. Neste caso o pedestre será um consumidor do art. 2º, não será equiparado. 
Ex.1: Um pedestre é atropelado caminhando na RODOSOL, que presta um serviço público. Neste caso, ele é considerado consumidor em função do art. 2º que se “utiliza” do serviço prestado.
Ex.2: Acontece um acidente da RODOSOL e um carro roda para fora da pista, atingindo uma casa na beira da estrada. Neste caso, a proprietária da casa é considerada consumidora por equiparação, em função do art. 17 do CDC. 
COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES esse dispositivo é importante pois permite a tutela do consumidor no âmbito dos interesses transindividuais. Enxerga que essa classe de consumidores é sujeita de direitos que por vezes são indivisíveis. 
[CDC] Art. 2º. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Há interesses consumeristas que podem ser: 1) difusos; 2) coletivos; 3) ou individuais homogêneos. 
DIFUSOS os titulares são indetermináveis, é a difusão mais profunda em termos de titularidade, não tenho como precisar quem é afetado. Ex.: desastres ambientais; publicidade enganosa, etc. 
O bem/interesse tutelado também é indivisível. Ou seja, a lesão de um é a lesão de todos, o benefício de um, é o benefício de todos. Aqui eu tenho um menor grau de determinação possível.
Ex.: Uma propaganda enganosa e ofensiva é colocada no ar, sobre a comercialização de um produto branqueador de pele para negros. Eu me sinto ofendida pela propaganda, mas não comprei o produto, mas entendo que é abusiva, enganosa, discriminatória e quero a retirada dela do ar. Assim, toda a coletividade de pessoas que seriam enganadas ou se sentiriam ofendidas serão beneficiadas – aqui estamos tratando de um interesse difuso. 
COLETIVOS continuam sendo interesses indivisíveis, mas é possível determinar os interessados. Ex.: todos nós celebramos o mesmo contrato de prestação de serviços com a FDV, usuários da UNIMED, etc. 
Ex.: Aumento de mensalidade no Darwin de 50% de um ano para o outro. A associação de pais procura o MP, que intervém na ação e diz proDarwin “abaixe a mensalidade e aplique o índice correto de atualização”. Todos os pais vão se beneficiar. 
INIDIVIDUAIS HOMOGENEOS aqui existem indivíduos individualmente lesados. Podem exercer seu direito de ação individualmente, mas podem ajuizar coletivamente também. Tem usuários determináveis. São interesses individuais, mas homogêneos, existe a origem comum do dano (a mesma conduta ilícita causadora do dano). Ex.: uma família perdeu um pai que era quem provia o sustento da família, a quantificação do dano é diferente. 
Ex.: Uma propaganda enganosa e ofensiva é colocada no ar, sobre a comercialização de um produto branqueador de pele para negros. Eu sou negra, compro o produto, e ele não surte efeito. Então eu entro na justiça com um processo coletivo para ter o meu dinheiro de volta. É um interesse individual homogêneo, a mesma conduta ilícita mas que gera danos diferentes aos consumidores que serão posteriormente determinados – aqui estamos tratando de um interesse individual homogêneo. 
Ex.: A Honda coloca no mercado carros com defeitos no airbag. O MP procura a Honda para fazer um TAC, termo de ajustamento de conduta. Esse TAC pode servir aos três interesses: difusos, coletivos e individuais homogêneos. 
Interesse divisível
Titulares Indetermináveis
DIFUSOS
COLETIVOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
Interesse Indivisível 
Titulares determináveis
	
 
Equipara-se a consumidor toda pessoa exposta às práticas comerciais. Ex.1: se estou no shopping e sou vítima de alguma ação publicitária abusiva isso me torna consumidora. Ex.2: quem assiste uma propaganda abusiva não está comprando nem utilizando nenhum tipo de serviço, mas está exposta ao comercio daquele produto, sendo equiparada a consumidor. Vejamos: 
[CDC] Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
+
Art. 2º. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
+
 Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
= torna possível a tutela coletiva contra as práticas e contratos abusivos. 
Considerando o art. 29, art. 2º, § único e art. 81 torna-se possível a tutela coletiva contra práticas e contratos abusivos.
OBS.: Revender ou utilizar como insumo o bem afasta cada vez mais o fornecedor do conceito de destinatário final econômico, mas isso pode ser relativizado com a vulnerabilidade.
FORNECEDORES
[CDC] Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
QUEM SÃO? Pessoa Física ou Jurídica, Pública ou Privada, Nacional ou Estrangeira, e Entes Despersonalizados que desenvolvam atividades que visam lucro.
O rol de atividades constante no art. 3º do CDC é exemplificativo. 
PESSOAS FÍSICAS As pessoas físicas podem ser fornecedoras, mas é uma situação extraordinária, não tão comum. Serão assim consideradas quando desenvolverem alguma das atividades elencadas no rol exemplificativo do art. 3º, sendo que tal atividade não precisa ser habitual. 
LUCRO O elemento fundamental para caracterizar a relação de consumo e o fornecedor é o lucro, logo, a atividade pode até ser esporádica, mas deve existir o desejo de lucrar (tanto para pessoas físicas como jurídicas). 
Ex.: loja de roupas tem um computador velho, e bota para vender na loja, pode ser aplicado CDC? Não. Pois não tem especialidade técnica, só está repassando algo, se desfazendo de um produto que não lhe satisfaz mais, está se desfazendo de um ativo e não está visando lucrar. 
Ex.2: pessoa que na época da Páscoa faz ovos de páscoa artesanais recheados, aplica CDC? Sim, pois mesmo que esporadicamente, o fornecedor tem toda a técnica de produção, visa o lucro, e o consumidor é vulnerável.
O que torna a relação regulada pelo CDC é o fato de o fornecedor desenvolver a atividade de consumo no mercado para o consumidor visando lucro e o colocando numa vulnerabilidade através do discurso negocial. 
 Lucro = fornecedor
 +
 Vulnerabilidades = consumidor
 =
 Produto ou serviço = relação de consumo 
PESSOA JURÍDICA PÚBLICA Art. 22 do CDC[footnoteRef:1] - regula os serviços públicos impróprios que são prestados através ser empresas públicas, concessionárias, etc. (os próprios não porque não contam com contribuição direta do cidadão). [1:   Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
] 
Ex.: serviço de transporte que exploram esse serviço sob regulação do estado, e o cidadão usuário consumidor paga um valor para esse serviço que utiliza.
PESSOA JURÍDICA NACIONAL OU ESTRANGEIRA Não há diferenciação entre elas, pois as pessoas jurídicas estrangeiras fornecedoras também se submetem ao CDC. 
Ex.: companhia de ballet russa que vem ao Brasil fazer uma apresentação, se submete ao CDC. Talvez a parte mais complicada relacionada à PJ estrangeira é o comércio eletrônico. Para acionar uma PJ estrangeira que não tem sede no Brasil tem que ser acionada por carta rogatória. 
ENTES DESPERSONALIZADOS: Pessoas que se reúnem sem formalização jurídica. Ex.: massa falida, camelôs, etc.
*A inserção da massa falida é de suma importância tendo em vista que o prazo prescricional de acidente de consumo é de 05 anos, e que se nesse intervalo a empresa causadora do acidente de consumo falir, é possível o consumidor ajuizar a ação contra essa massa falida que restou da PJ que foi desconstituída. 
*Já os camelôs, são entes despersonalizados que estão entre a pessoa física e a pessoa jurídica fornecedora e realizam um comércio fático reconhecido pelo CDC.
ATENÇÃO! INSTITUIÇÃO FINANCEIRA – O STJ pacificou o entendimento de que há relação de consumo nos contratos bancários e que as instituições financeiras são consideradas fornecedoras. 
Súmula 297 – “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.
PRODUTO
[CDC] Art. 3° § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
BEM MÓVEL (art. 82, CC) Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
BEM IMÓVEL (art. 79, CC) Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Produto pode ser um bem material ou imaterial, móvel ou imóvel, durável ou não durável.
BEM MATERIAL: Tem existência corpórea.
BEM IMATERIAL: Não possui existência corpórea (ex. e-books; programa antivírus). Energia elétrica é considerado produto imaterial para crime de furto de energia, apesar de em verdade ser uma prestação de serviço.
OBS: os semoventes (ex. animais) também são considerados produtos.
BEM DURÁVEIS ou NÃO DURÁVEIS Importante a classificação em produtos duráveis ou não duráveis, pois se é durável tenho 90 dias para reclamar o vício, se é não durável, tenho apenas 30 (art. 26, I e II, CDC).
[CDC] Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
 
Os produtos DURÁVEIS mantêm a existência física mesmo após o uso (não precisa ser produto eterno, todo produto tem um desgaste natural ao longo do uso). 
ATENÇÃO! Os produtos descartáveis estão incluídos nos bens duráveis.
NÃO DURÁVEIS vão perdendo a existência física a medida que vão sendo usados, ex.: produtos cosméticos, shampoo, condicionador, desodorante, sabonete, borracha, etc.
QUESTÃO! As AMOSTRAS GRÁTIS, de acordo com o art. 39, p.ú. do CDC são consideradas produtos dos quais se dispensa o pagamento, de toda forma, quem recebe produto ou serviço por amostra grátis terá direito a todas as garantias. 
São consideradas estratégias de marketing e, apesar de não haver uma remuneração direta, surte uma remuneração indireta por aquelas pessoas que são influenciadas e levadas a consumir em função dessa amostra.
Art. 39. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
OBS: A garantia acompanha o produto e se renova com o produto novo entregue (ex. Carol compra uma televisão e ela dá defeito. O fornecedor entrega para Carol uma nova televisão e, automaticamente, se reinicia o prazo de garantia. Se essa nova televisão dá defeito, Carol indiretamente pagou por ela, então ela ainda é consumidora desse produto).
SERVIÇOS (art. 3º, §2º do CDC)
Art. 3º, § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
São as atividades remuneradas, incluem-se aqui inclusive as atividades financeiras, bancárias, de crédito, e securitárias, excluídas as atividades trabalhistas.
ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO: São aquelas que envolvem oferta ao público, produção em série ou grande possibilidade de publicidade (ex. encomenda a um pintor famoso; prestação de serviço especializado de uma grande montadora de automóveis). 
PRESTADO MEDIANTE REMUNERAÇÃO: É necessário ter remuneração. Serviços puramente gratuitos, como os serviços prestados por uma entidade assistencial, não são considerados serviços para a aplicação do CDC. 
ATENÇÃO - onerosidade indireta: Ocorre, por exemplo, quando um mercado cria um estacionamento grátis em frente ao seu estabelecimento. Nesse caso, configura-se uma onerosidade indireta, visto que o mercado ganha com as pessoas que estacionam para comprar os produtos/serviços ofertados. Mesmo que o indivíduo lá estacione, e nada compre, há uma remuneração indireta pela coletividade que se utiliza daquele estacionamento e consome os produtos/serviços. 
NÃO SER DECORRENTE DE RELAÇÃO TRABALHISTA: Os serviços decorrentes de relação trabalhista são regidos pela CLT (não pelo CDC).
Ex.1: ganhei uma lavagem grátis do meu carro no posto de gasolina por ter abastecido o tanque completo. Essa remuneração é considerada indireta, então será regulada pelo CDC – serviço. 
Ex.2: eu vou ao supermercado, o estacionamento é grátis, mas não achei nada para comprar e vou embora. Não houve remuneração direta, mas há uma remuneração indireta pela coletividade que se utiliza daquele estacionamento e consome os produtos/serviços ofertados pelo supermercado – serviço.
Ex.3: Se eu contrato um jardineiro para ir à minha casa 1x por semana, ele é um prestador de serviços. 
Ex.4: Se eu contrato esse mesmo jardineiro para ir à minha casa 3x por semana, não aplica o CDC, e sim a CLT, pois caracteriza uma relação empregatícia. 
Ex.5: Advogado não é prestador de serviços, pois são profissionais liberais, autônomos, e então não aplica o CDC, é regulado pelo código de ética da advocacia.
Ex.6: Médicos, dentistas, etc. se aplica o CDC.
Os serviços também são classificados em duráveis e não duráveis, sendo submetidos a aplicação do art. 26, incisos I e II:
DURÁVEIS: São aqueles que perduram no tempo, em razão de uma estipulação contratual. Há uma continuidade na sua prestação (ex. planos de saúde, ensino, etc.).
NÃO DURÁVEIS: São aqueles que se extinguem com a prestação (atividade) (ex. transporte, lavanderia, diversões em geral, etc.).
RESPONSABILIDADE CIVIL 
*RESPONSABILIDADE OBJETIVA e/ou SUBJETIVA: Primeiramente, é necessário lembrar a diferença entre responsabilidade objetiva da subjetiva. Para provar a responsabilidade objetiva precisamos da conduta, do nexo causal e do dano. Já nos casos de responsabilidade subjetiva, acrescenta-se, à esses requisitos, a análise da culpa.
O Código de Defesa do Consumidor – CDC, em regra adota a responsabilidade objetiva que exclui a análise da culpa, e adota a teoria do risco da atividade ou risco do negócio, segundo a qual, onde estão os bônus, também estão os ônus. Se a atividade desenvolvida para uma empresa é lucrativa, mas em troca dessa atividade a empresa oferece algum risco para a sociedade, a empresa deve arcar com o risco. 
No entanto, excepcionalmente, em se tratando da apuração da responsabilidade de profissionais liberais (pessoas físicas fornecedoras) nas relações de consumo, o art. 14, §4º, do CDC determina que se adote a responsabilidade subjetiva. Assim, um médico, um dentista, eletricista, quando atuarem de forma autônoma, responderão apenas se atuarem com dolo ou culpa.
Art. 14, § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO: Os profissionais liberais que realizarem atividades de risco ou obrigação de resultado responderão com uma responsabilidade subjetiva com presunção relativa de culpa – não é responsabilidade objetiva. A presunção de culpa, nessas situações, é relativa, passível de prova em contrário – presunção juris tantum.
O Código Civil, por sua vez, adota como regra a responsabilidade subjetiva, e a objetiva é por exceção, nos casos em que a lei impõe que ela seja subjetiva, como é o caso do CDC. 
Ex.: cigarro é considerado um produto potencialmente lesivo, de lesividade inerente. A empresa que o explora sabe que o consumo dele gera risco, mas ainda sim escolhe empreender este ramo. 
O que exclui o nexo causal: 
1) fato de terceiro; 
2) fato da vítima; 
3) caso fortuito; 
4) força maior.
Conduta ilícita é uma conduta contrária à lei. 
*RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA: Todos aqueles que contribuem para a ocorrência do dano respondem solidariamente, segundo o CDC. O consumidor pode, deste modo, colocar no polo passivo todos aqueles que contribuíram para o dano (só que isso, às vezes, pode ser pior, pois mais pessoas irão se defender e o processo será mais lento)
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR
O código faz duas exigências aos fornecedores sobre os produtos de serviço colocados no mercado de consumo, quais sejam, que eles devem ser seguros e de qualidade. 
Falhas de segurança podem ocasionar acidentes, ensejando uma responsabilidade pelo fato (art. 12 -17, CDC). 
Falhas na qualidade (incluindo a falha na quantidade) podem ocasionar um mal funcionamento, levando a responsabilidade pelo vício (art. 18 a 20, CDC). 
Caso, porém, a falha na qualidade ocasione uma falha de segurança, aplica-se a responsabilidade pelo fato. 
OBJETIVO redução dos riscos e que seja assegurado o dever de garantia. 
1) DEVER DE SEGURANÇA x PRODUTOS DE RISCOS NORMAIS E PREVÍSIVEIS
[CDC] Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Determinados produtos não devem ser colocados no mercado se oferecerem risco à saúde e à segurança dos consumidores, a não ser que sejam considerados normais e previsíveis. 
São produtos ordinários, que podem ser colocados no mercado, mas não eximem do fornecedor a necessidade de informarquais são seus riscos e a forma de utilizá-los corretamente. 
A violação do dever de segurança acarreta responsabilidade pelo fato e gera o dever de indenizar pelo acidente de consumo.
Ex.: um lápis é considerado um produto potencialmente lesivo? Não. Mas usar um lápis pode ser arriscado se estiver na mão de uma criança.
2) PRODUTOS POTENCIALMENTE LESIVOS (Art. 9, CDC)
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Tratam-se de produtos que, mesmo causando mal à saúde e riscos à segurança, são colocados no mercado de consumo. 
O risco se extrai do uso regular daquele produto ou serviço - riscos inerentes, potencialmente lesivos (ex. cigarros, remédios, venenos, agrotóxicos, bebidas alcoólicas, armas de fogo, etc.). 
Porém, terem um risco além do ordinário, possuem deveres mais rigorosos do que os demais produtos, devendo, o fornecedor, informar todos os riscos que o consumo desse produto pode causar de forma ostensiva e adequada, sob pena de ser responsabilizado na esfera criminal administrativa. 
IMPORTANTE! Existem determinadas situações que excluem o nexo causal para a configuração da responsabilidade objetiva do fornecedor, quais sejam: 1) fato de terceiro; 2) fato da vítima; 3) caso fortuito; 4) força maior.
FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA: Caso ocorra um dano pelo fato do consumidor utilizar o produto de forma diferente da forma indicada, o fornecedor que informou corretamente o risco do uso não poderá ser responsabilizado (tanto se for um produto ordinário quanto se for um produto potencialmente lesivo).
3) RISCOS EXTRAORDINÁRIOS (Art. 10, CDC)
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
Esse dispositivo trata dos produtos tem quem um ALTO grau de periculosidade, um grau incompatível com aquilo que é esperado daquele produto. Nem é um produto que tem periculosidade inerente, nem que é previsível, os riscos e periculosidade vão ALÉM dos riscos inerentes à um produto perigoso. É um bem/produto que comporta riscos extraordinários e que extrapola o previsível. 
Sendo assim, o fornecedor tem que informar aos consumidores posteriormente que aquele produto comporta aqueles riscos extraordinários. Ex.1: uma arma de fogo que começa a disparar sozinha, por um defeito no gatilho. Ex.2: comprei uma garrafa de vodca que depois que eu comprei fiquei sabendo que era álcool etílico.
RECALL (§1°, art. 10): No caso dos produtos a que se refere o art. 10, o fornecedor deve comunicar imediatamente a sociedade de consumo que esse produto fornece um risco que não havia sido previsto/alertado anteriormente, pedindo, ainda, o retorno urgente do produto (chama-se recall). 
O Recall, desse modo, é a obrigação do fornecedor de informar aos consumidores o risco do produto e pedir o reenvio do mesmo para que sejam feitos os reparos necessários ou sua troca. O ideal é que o contato seja feito pessoalmente, porém, quando não for possível, o fornecedor tem que publicar nos meios de comunicação de grande circulação para que alcance um maior número de consumidores.
Ex.: A FORD liga pra Ana para dizer que ela precisa ir à concessionaria para que sejam feitos os reparos no carro dela. Ela não vai. A FORD entra em contato de novo, e Ana diz que não tem interesse no momento. Ana sofre um acidente com aquele carro. O fornecedor, no caso a FORD, terá responsabilidade sobre o produto da mesma forma?
De acordo com o art. 12 do CDC, ainda que o fornecedor faça o Recall, informe o consumidor, e entre em contato pessoalmente, ele será responsabilizado, pois não tem como eliminar os elementos constitutivos do dano.
No entanto, há uma das excludentes de responsabilidade que é o fato exclusivo da vítima. Mas neste caso, não podemos dizer que houve um fato exclusivo da vítima, na melhor das hipóteses, poderá ser alegada uma culpa concorrente para mitigar a responsabilização do fornecedor. 
[CDC] Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Se houve o contato pessoal e o consumidor não quis ajustar, ele sabe do risco, e não faz nada para evitar o próprio risco, ele concorreu para o evento danoso. 
A responsabilidade do fornecedor, mesmo em caso de Recall, é que independente de qualquer coisa, foi ele que colocou o produto lesivo com riscos extraordinários no mercado. É dever do fornecedor se antecipar e fazer todos os testes possíveis para garantir as boas condições do produto/bem ou serviço. 
DIFERENÇAS ENTRE OS ARTS. 8º, 9º e 10º:
· Art. 8º - produtos que oferecem riscos normais e previsíveis (boa parte dos bens no mercado de consumo).
· Art. 9º - produtos que oferecem um grau de periculosidade que vai além do ordinário, que o risco se extrai do uso regular daquele bem/produto ou serviço.
· Art. 10º - pode se aplicar aos dois casos, tanto aos produtos que oferecem riscos normais e previsíveis, tanto aos que oferecem certo grau de periculosidade, e que após a inserção do produto no mercado o fornecedor percebe que aquele produto oferece um grau tão alto de periculosidade, um padrão de risco tão extraordinário, que além de informar aos consumidores, precisa retirar o produto o serviço de circulação.
 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO (art. 12, CDC)
[CDC] Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Quem pode ser responsabilizado:
· Fabricante
· Produtor
· Construtor
· importador
Com exceção do comerciante, ou seja, ele não é um responsável em primeiro grau pelo fato do produto. Entende-se que ele não tem como interferir na qualidade ou no nível de segurança com o qual o produto ou serviço é colocado no mercado, ele está na ponta da cadeia, sua atividade-fim é apenas vender o produto.
No entanto, há situações em que o comerciante responde pelo produto, são as hipóteses do art. 13 e regra geral de responsabilidade do p.ú. do art. 7º ou §1º do art. 25, todos que contribuírem para a ocorrência do dano deverão por ele se responsabilizar.
O comerciante só responderá nessas hipóteses específicas: 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Art. 7º Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todosresponderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 25. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
O importador, apesar de também ser apenas um comerciante do produto, é colocado nesse rol de responsáveis porque é muito difícil para o consumidor acionar uma empresa estrangeira, então o importador se responsabiliza e depois é ressarcido pela fabricante do produto. É uma estratégia legislativa para facilitação da defesa dos interesses do consumidor.
FATO DO PRODUTO: É a manifestação danosa de defeitos juridicamente relevantes, que podem ser de concepção (criação); produção; ou informação.
Ex.: Problema no freio de um veículo que causa um acidente com vítima.
DEFEITO x VÍCIO: O defeito é o causador do dano, sendo composto pelo vício + dano gerado. Existem produtos viciados, com falha na sua qualidade, mas que não iram gerar um dano (é um problema no funcionamento do produto, mas que não gera um acidente de consumo). 
O vício gera o dever de garantia, dever legal, e/ou contratual, mas não causa dano, é um defeito de funcionamento. 
Ex.1: Dois compradores do mesmo carro saem da FIAT. Um deles sai da concessionaria e logo na primeira curva percebe que o carro não está funcionando direito, consegue parar devagarzinho e puxa o freio de mão, liga para concessionaria e eles mandam reboque. Aqui temos um vício de funcionamento que NÃO causou um dano. As consequências desse vicio são o descumprimento contratual, no qual o fornecedor vendeu um veículo que não atende aos padrões de qualidade, diante disso, o fornecedor responde pelo vício de qualidade e tem que substituir as partes viciadas do produto.
Ex.2: O outro comprador pega a estrada, está a mais de 100k/h e se acidenta, porque não consegue frear. Esse vício que causou um dano será terminologicamente chamado de defeito, sendo que este defeito provocou um acidente de consumo, que foi o acidente de carro por não ter conseguido frear na curva. 
· O defeito pressupõe o dano. 
Responder objetivamente pelos defeitos significa que tenho o dano, nexo causal e a conduta.
CONDUTA desconformidade com os padrões de qualidade, segurança, regulamentação, etc., é a ilicitude.
DANO resultado do acidente de consumo/defeito
NEXO CAUSAL relação de consumo que liga o consumidor, a conduta defeituosa ou viciada e o dano. 
	VÍCIO
	DEFEITO
	
É a mera inadequação do produto ou do serviço para os fins a que se destina (ex. o consumidor comprou uma televisão que não funciona).
	
Diz respeito à insegurança do produto ou do serviço (ex. a televisão comprada explode e causa danos à integridade do consumidor).
DEFEITO DO PRODUTO:
Art. 12. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
Aqui temos uma tentativa do legislador de conceituar o que é um produto defeituoso. Podemos chegar à conclusão de que o fabricante da coca cola anistiado porque não pode ser considerado defeituoso em razão da época em que o produto foi colocado em circulação, pois à época não tinha conhecimento suficiente para isso. 
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE A responsabilidade pode ser mitigada por algumas razões. 
[CDC] Art. 12 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O fornecedor não será responsabilizado desde que prove que: 
1) não foi ele quem colocou o produto no mercado, ou seja, que o produto é: 
1) falsificado – a doutrina é pacífica nesse ponto; 
2) ou foi furtado/roubado – há divergência na doutrina acerca desse ponto. Rizzatto, por exemplo, afirma que se foi aquele fornecedor que produziu o produto e ele seria posto no mercado, ele será responsável. No entanto, Zelmo Denari, um dos autores do anteprojeto do CDC ao comentar esse dispositivo defende justamente a hipótese de o produto de crime excluir a responsabilidade. Ambas hipóteses devem ser alegadas como prejudicial de mérito.
Ex.1: um tênis da Nike falsificado posto no mercado (xingling); 
Ex.2: um carregamento de sabor novo da Coca-Cola em teste que foi roubado e posto no mercado.
2) embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste. Segundo Rizzatto, não seria uma verdadeira excludente, já que a responsabilidade nunca existiu, uma vez que, se não há defeito, não há ilicitude (não se tem conduta lesiva). Esse inciso caracteriza a ausência de fato constitutivo. Ao alegar que o defeito não existe não incide sobre o nexo causal, e sim sobre a conduta (i)lícita. 
 
OBS.: Importa ressaltar que a excludente de responsabilidade se deve ato fato da inexistência do nexo causal, de modo que se demonstra que o dano não foi causado pelo fornecedor.
3) a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, essa hipótese é verdadeiramente uma hipótese de excludente de responsabilidade, pois exclui o nexo causal. Observe-se que o CDC fala em culpa, mas é mais adequado falar em “fato” exclusivo do consumidor ou de terceiro. Apenas quando a conduta é EXCLUSIVA.
O CDC não fala nada sobre concorrência de condutas ou mitigação da responsabilidade pela concorrência da conduta de terceiro, mas a jurisprudência e a doutrina têm admitido a possibilidade dessa mitigação por conduta concorrente da vítima ou de terceiro, usando como base o CC. Reconhecer essa possibilidade é aplicar o CC em desfavor da relação de consumo, e é uma reflexão que parte da doutrina faz. Essa lacuna no CDC quanto à culpa concorrente deixa dúvidas quanto a real intenção do legislador. 
O legislador do CDC não falou em caso fortuito e força maior eximindo a responsabilidade, mas utiliza-se o mesmo entendimento da culpa concorrente, podendo ser aplicados através de uma construção doutrinária. 
O CDC não parte da teoria do risco integral para configurar sua responsabilidade objetiva. A teoria adotada pelo CDC é do risco da atividade – quem tem o bônus, tem o ônus. 
FORTUITO Completamente imprevisível, porque normalmente decorre de conduta, de ação.
FORÇA MAIOR Normalmente se tratam de eventos na natureza que são mais previsíveis por conta da nossa tecnologia. Não há como evitar que aconteça o evento, mas há como prever e evitar os danos. 
Distinguir quando é interno e externo é mais difícil, uma das formas é trabalhar com estatísticas, por exemplo, existia 70% de chance de o avião cair se passasse no Furacão, e mesmo assim a companhia aérea não cancelou o voo. 
RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE (art. 13, CDC)
O comerciante não está no rol do art. 12, vez que não tem poder de interferir positivamente no processo de fabricação e produção do produto. Entretanto, o consumidor poderá ser responsabilizado, tendo em vista as regras gerais de solidariedade presentes no art. 7º, p.ú e no art. 25, §1º, CDC, estipulando que todos os concorrentes à ocorrência do dano deverão por ele se responsabilizar. Ademais, o art. 13 traz situações específicas em que o comerciante será responsabilizado pelo fato do produto. 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
A expressão “Igualmenteresponsável” que consta no caput nos traz a ideia de uma responsabilidade que seria solidária, mas, pelos incisos, observa-se que apenas o inciso III trata de responsabilidade solidária. Os incisos I e II tratam da hipótese de solidariedade subsidiária. Vejamos: 
Não consigo identificar quem é a pessoa, seja porque ela já se perdeu ao longo da cadeia de produção ou porque o produto foi fornecido sem essa informação, de modo que o consumidor não consegue saber quem é o fornecedor originário. Dessa forma, como o consumidor não pode ficar sem indenização pelo dano que ele sofreu, o comerciante responderá no lugar. Essa responsabilidade é subsidiária, pois só sobrevém ao comerciante se o Fabricante, Produtor, construtor, ou importador não puderem ser identificados. 
O inciso I e II são muito parecidos, por isso é preciso diferenciá-los:
I. FABRICANTE, O CONSTRUTOR, O PRODUTOR OU O IMPORTADOR NÃO PUDEREM SER IDENTIFICADOS O comerciante conhece a origem do produto, sabe quem o produziu, fabricou, etc., mas por alguma razão escolhe não passar essa informação para o seu consumidor, sendo que ao não informar o produtor/fabricante, o comerciante atrai para si a responsabilidade. 
II. PRODUTO FORNECIDO SEM IDENTIFICAÇÃO CLARA DO SEU FABRICANTE, PRODUTOR, CONSTRUTOR OU IMPORTADOR O produto já é fornecido sem a informação de quem o fabricou, ex.: produtos falsificados. O comerciante que vende esse produto nem mesmo faz ideia de quem é o fabricante, ou vende um produto que não tem na embalagem a identificação do fabricante.
Assim, no I a informação existe, mas não chega ao consumidor, o comerciante sabe quem é o produtor. Na II essa informação não existe nem mesmo para o comerciante. 
III. NÃO CONSERVAR ADEQUADAMENTE OS PRODUTOS PERECÍVEIS a responsabilidade pela má conservação de produtos perecíveis é solidária.
Sendo assim:
· Má conservação de perecíveis responsabilidade solidária (inciso III)
· Produto fornecido sem identificação clara responsabilidade subsidiária (inciso I)
· Fabricante, Produtor, Construtor, ou Importador não puderem ser identificados responsabilidade subsidiária (inciso II)
O parágrafo único do art. 13 do CDC, em conjunto com o art. 88 dizem respeito à ação de regresso que é cabível ao comerciante, e veda a denunciação à lide. 
Art. 13. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO (art. 14, CDC)
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Os fornecedores de serviço respondem objetivamente, ou seja, independente da existência de culpa, por defeitos da prestação de serviço, inclusive de informação.
Mesmas observações que fizemos com relação ao art. 12. A diferença é que no caput do art. 12 temos a figura do Fabricante, Produtor, Construtor, ou Importador responsável pelo PRODUTO e no art. 14 temos o gênero fornecedor de SERVIÇOS. Isso confere ao intérprete um cuidado maior, para saber qual a atividade desenvolvida pelo fornecedor e onde está o dano.
ATENÇÃO! Esse art. 14 diz respeito a todos os fornecedores que prestam algum tipo de serviço, no entanto, é preciso analisar a atividade de prestação e onde o fornecedor se situa nessa relação, principalmente as atividades de intermediação desenvolvidas.
Por exemplo: o caput do art. 14, não pode acarretar, por exemplo, na responsabilização de uma agência de turismo pela queda de um avião. O comerciante não pode interferir na segurança do produto que ele vende, por essa razão não pode ser responsabilizado. A agencia de turismo não realiza o transporte aéreo, apenas faz a venda da passagem, então não é razoável que ela responda pelo acidente de consumo.
Por outro lado, há fornecedores de serviço que estão indiretamente envolvidas, mas que não estão ligadas à atividade-fim, o serviço de transporte aéreo, o serviço de hospedagem, etc.
HIPÓTESES DE EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE (art. 14, §3º):
· Não existe defeito na prestação de serviço
· Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro
Não há como falar em “não colocação do serviço no mercado”, pois é uma prestação pessoal.
De acordo com o §4º do art. 14 do CDC, e como já dito anteriormente, o profissional liberal responde subjetivamente, sendo uma exceção à regra da responsabilidade objetiva. 
O conceito padrão de profissional liberal é aquele que possui um órgão regulador de suas atividades (médicos, engenheiros, advogados, etc.). Isso pode gerar no interprete a ideia equivocada de que os profissionais liberais autônomos, que não têm suas atividades reguladas, não poderão se aproveitar da responsabilidade subjetiva. 
No entanto, TODOS os profissionais liberais, regulamentados ou não, poderão se valer dessa responsabilidade que será apurada mediante a verificação de culpa.
 Os serviços prestados por pessoas físicas autônomas geralmente são adequados à demanda do cliente. Dessa forma, a vulnerabilidade do consumidor não é tão marcante quanto se observa nos consumidores em geral (consumidores de serviços e produtos fornecidos em massa). 
Esses contratos são pessoalizados, não massificados, razão pela qual o legislador entendeu não precisar se utilizar da responsabilidade objetiva para “forçar” um maior controle de qualidade por parte do fornecedor. 
Portanto, a responsabilidade do profissional liberal é contratual subjetiva. Sendo que esse profissional pode assumir os dois tipos de obrigação: de meio e de resultado, veja-se:
OBRIGAÇÕES DE MEIO O profissional liberal não se compromete com o resultado específico, mas apenas em empregar a técnica adequada - considera a habilidade do profissional médio (razoavelmente esperado de um profissional para o desempenho daquela atividade).
OBRIGAÇÕES DE RESULTADO Nessas obrigações, assume-se contratualmente a obrigação de alcançar um resultado específico.
A responsabilidade SEMPRE será subjetiva, porque está na lei. Eu não posso dizer que o profissional liberal que assume uma responsabilidade de resultado será objetiva (independente de culpa), porque a lei diz que será subjetiva (mediante apuração de culpa). 
As obrigações de resultado, em regra, comportam a presunção da culpa, pois se o profissional se obrigou a entregar um resultado e na prática não dá cumprimento à essa obrigação ele descumpre a obrigação assumida, e se presume que agiu com dolo ou com culpa (imperícia, negligencia, imprudência). Mas não neste caso dos profissionais liberais, razão pela qual a responsabilidade é relativa. 
A responsabilidade objetiva parte de uma presunção absoluta de culpa, mas pode ser provado que não agiu com culpa. 
Se o profissional não for médico do hospital, há quem diga que não haverá responsabilização do hospital, pois não seria má prestação de serviço do hospital, mas do médico que aluga uma sala no hospital para fazer uma cirurgia, por exemplo. 
Profissional liberalsempre responde com apuração de culpa (subjetivamente), e em casos de:
Obrigação de meio Subjetiva pura
Obrigação de resultado Subjetiva com presunção relativa da culpa
OBS - CONSIDERAÇÕES SOBRE ERRO MÉDICO: 
a. Se o médico for contratado pelo hospital, desde que apurada seja a sua responsabilidade subjetiva, o hospital responde objetivamente. 
b. No caso de o médico não ter vínculo com o hospital, mas apenas utilizá-lo para o desempenho de suas atividades, devido às contratações distintas, não há responsabilidade do hospital. 
c. Caso o hospital saiba que o médico sempre comete aquele erro e nada faz, optando pelo lucro, também será responsabilizado. 
d. Se o defeito estiver na prestação de serviço do hospital (como uma infecção hospitalar), como o nexo causal não está na conduta do médico, mas sim na do hospital, esse segundo responderá. 
STJ: O entendimento é que os médicos da área estética assumem obrigações de resultado, enquanto os médicos de pronto-socorro ou de outras especialidades assumem obrigações de meio.
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE DO PRODUTO (art. 18, CDC)
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
 § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
SOLIDARIEDADE: Todos os fornecedores respondem solidariamente na existência de vício, podendo o consumidor escolher contra quem irá reclamar a satisfação do seu direito. Não cabe ao fornecedor alegar benefício de ordem. 
Como o comerciante é o fornecedor mais próximo, é comum que seja sempre o primeiro a ser demandado, podendo, posteriormente, pedir uma compensação ao fabricante. 
DEVER LEGAL DE GARANTIA: Através do caput do art. 18 o legislador estabeleceu o dever legal de garantia, incluindo a figura do comerciante.
A responsabilidade pela qualidade do produto fornecido decorre do dever legal de garantia. Não tem como o fornecedor se eximir do seu dever legal, independentemente de qualquer previsão contratual, visto que está previsto em lei.
PRAZO DECADENCIAL (Art. 26, CDC): O Código do Consumidor estabelece um prazo decadencial para o consumidor reclamar o seu direito violado, iniciando sua contagem a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.
I. Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis.
II. Noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
ATENÇÃO (§ 3°): Tratando-se de VÍCIO OCULTO, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 
Apesar da norma do art. 26, o CDC estipula, em seu art. 50, a possibilidade de o fornecedor estabelecer uma garantia contratual, devendo ser complementar à garantia legal e conferida mediante termo escrito (ou seja, o fornecedor não pode estabelecer uma garantia de apenas 45 dias para os produtos duráveis, pois estaria prejudicando o consumidor, uma vez que a lei garante a este um prazo de 90 dias).
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
§§§ 1º, 2º e 3º, art. 18, CDC: De acordo com o §1º do art. 18, o produto viciado tem um prazo de 30 dias para ser corrigido – substituição das partes viciadas (ex. assistência técnica). Caso isso não ocorra, o código prevê ao consumidor o direito de exigir, alternativamente, os seguintes direitos: 
I. A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso. 
II. A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
III. O abatimento proporcional do preço. 
OBS: O pedido de pagamento de perdas e danos pode ser cumulado com qualquer uma das três hipóteses acima. 
Cabe ressaltar, ainda, que o §2º do art. 18 determina a possibilidade de as partes pactuarem o prazo para saneamento do vício, desde que não seja inferior a 7 dias e nem superior a 180 dias (caso não pactuado, aplica-se o prazo de 30 dias do §1º). 
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
EM REGRA: O consumidor não pode pedir, de imediato, uma das 3 hipóteses do §1º. Antes, deve passar pela assistência técnica para, após, caso não resolvido o vício, partir para as hipóteses dos incisos. 
EXCEÇÃO (§3º, art. 18, CDC): 
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
O parágrafo terceiro estabelece as hipóteses em que o consumidor poderá, imediatamente, solicitar uma das três opções do §1º - substituição do produto, restituição ou abatimento proporcional do preço. Essas hipóteses acontecem quando o consumidor se encontra em uma situação de: 
· Vício extenso: compromete significativamente o produto como um todo. 
· Produto essencial: Não há um rol dos produtos essenciais, sendo uma hipótese subjetiva em que a análise será feita de acordo com o caso concreto (obs. a Jurisprudência fixou o entendimento de que celular é um produto essencial).
ATENÇÃO! É preciso nos atentarmos para o fato de que o consumidor não faz jus à troca de produto em perfeito estado, com exceção das compras feitas fora do estabelecimento comercial, por telefone, pelainternet, etc., pois o CDC estabelece um prazo de 07 dias para reflexão. 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Situações em que o consumidor terá direito ao exercício das alternativas dos incisos do §1º pelo consumidor:
1) Negativa de reparo por parte do fornecedor em função da ausência de peças;
2) Prazo do §1º excedido (30 ou 90 dias) – lembrando da exceção do §2º. 
Ex.: Se eu levo meu micro-ondas pra consertar e ele fica na assistência técnica por 40 dias, no 31º dia já posso pedir o recall do produto. 
3) Vício extenso (é tão extenso que ainda que se tente consertar, não ficará perfeito, do jeito como deveria). 
4) Produto essencial;
5) Se o produto volta da assistência técnica apresentando o mesmo vício – interpretação dos órgãos de defesa do consumidor, jurisprudência e doutrina, pois entende-se que o fornecedor só tem 01 oportunidade para consertar o produto.
Em caso de vício extenso e produto essencial (tópico 03 e 04) o consumidor tem o exercício imediato das alternativas do §1º.
DIFERENÇA A MAIOR OU A MENOR
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
Ex.: televisão é um produto essencial, vou a loja trocar e não tem a minha televisão, tem uma similar, pode acontecer a troca, mas se for mais cara, eu tenho que pagar a diferença, se for mais barata o fornecedor tem que restituir a diferença.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
A norma do §5º é possível de ser interpretada pela simples leitura.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
O art. 26 fala de um prazo de 30 dias para reclamar vicio de produto não durável, produto in natura é obviamente não durável, e pode se deteriorar muito antes desse prazo. 
- FIM DA MATÉRIA DO 1º BIM –
AULAS DOS DIA 06 E DO DIA 11/04 PEGR COM ALGUEM – OUVIR NO CEL
AULA DO DIA 06/04
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO SERVIÇO (ART. 20)
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Estabelece a responsabilidade dos fornecedores pelos vícios do serviço que respondem solidariamente pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo. O próprio dispositivo já traz as alternativas para o consumidor:
· REEXECUÇÃO
· RESTITUIÇÃO
· ABATIMENTO
Aqui também tem a possibilidade de cumulação com perdas e danos.
ATENÇÃO! O art. 20 não traz um prazo para o fornecedor responder pelo vício do serviço caso o consumidor opte por uma das alternativas, que devem ser feitas imediatamente, diferente do que ocorre no caso de vício do produto, hipótese na qual o fornecedor tem o prazo de 30 dias para exercer as alternativas, e apenas na hipótese de não ser sido cumprido o prazo ou se tratar de produto essencial que o consumidor terá possibilidade das alternativas do art. 18. No art. 20 não, o cumprimento dessas medidas dessa ser feito imediatamente.
	ART. 18 – VÍCIO PELO PRODUTO
	ART. 20 – VÍCIO PELO SERVIÇO
	Prazo de 30 dias para o fornecedor poder sanar vício
	Execução imediata das alternativas dos incisos
REEXECUÇÃO pode ser confiada a 3º desde que não haja qualquer despesa para o consumidor e que a natureza dessa contratação não seja pessoal, pois por obvio, se a obrigação for personalíssima, isso fugiria da natureza da obrigação.
Art. 20 § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.
SERVIÇOS IMPRÓPRIOS são aqueles que fogem dos padrões de qualidade e não seguem as normas de segurança.
Art. 20 § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA/ REPARAÇÃO O artigo 21 do CDC se conecta com o art. 18 e 20. Peças de reposição originais, adequadas e novos. A não ser que haja autorização expressa do consumidor acerca da possibilidade de usar peças usadas ou não originais no reparo do bem ou serviço. 
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do     consumidor.
SERVIÇOS PÚBLICOS estabelece uma abrangência/tutela do CDC sobre esses serviços, mas há limites, pois o CDC só incide e regula as relações entre cliente e prestadora de serviço publico e quando a prestação de serviço publico se der por meio de contratação, e não propriamente prestado pelo Estado, ou seja, deve ser um serviço público prestado de forma imprópria (art. 3º, §2º, CDC).
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
FATO DO FORNECEDOR DESCONHECER A EXISTÊNCIA DO VÍCIO (art. 23) não o exige da responsabilidade (artigos 8º, 9º e 10º, CDC). 
 Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
RESPONSABILIZAÇÃO (art. 25, CDC) regra da responsabilidade solidária, o consumidor pode escolher para quem quer voltar a pretensão dele, sendo que nunca poderá haver estipulação que exonere o fornecedor da sua obrigação de indenizar.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
Ex.: Marca X de pneus dos EUA tinha um vício de fabricação e começou a causar acidentes, pois os pneus explodiam ao alcançar determinada temperatura, que ocorria quando os consumidores dirigiam em alta velocidade, em estradas, por exemplo. Neste caso, o pneu da marca X é incorporado ao carro da marca Y, desse modo, são responsáveis solidários tanto o fabricante do pneu como a empresa automobilística da maca Y que realizou a incorporação do pneu ao carro.

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